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2 POLÍTICA São Luís, 28 de agosto de 2017. Segunda-feira O Estado do Maranhão Caciques tucanos têm rejeição maior que a de Lula, diz pesquisa Ipsos levantou percepção dos brasileiros em relação a 27 figuras públicas e mostrou que Aécio Neves (MG), José Serra (SP), Fernando Henrique Cardoso (SP) e Geraldo Alckmin (SP) têm imagem mais desgastada que a do ex-presidente SÃO PAULO A pesquisa Ipsos sobre a percepção dos brasileiros em relação a 27 figuras públicas revela que qua- tro dos principais caciques do PSDB – Aécio Neves (MG), José Serra (SP), Fernando Henrique Cardoso (SP) e Geraldo Alckmin (SP) – têm hoje a imagem mais desgastada que a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Também tucano, o prefeito de São Paulo, João Doria, está em si- tuação mais confortável: é o que aparece mais bem colocado entre os políticos avaliados pela pesquisa. Ainda assim, sua taxa de desapro- vação (53%) é bem maior que a de aprovação (19%). Condenado em um processo e réu em outras cinco ações relacionados à Operação Lava Jato, Lula é desa- provado por dois terços da popula- ção, enquanto um terço o vê de forma favorável. Já a desaprovação aos ca- ciques tucanos varia entre 73% e 91%. Mais desgastado O maior desgaste é o de Aécio, que teve 48,4% dos votos na eleição pre- sidencial de 2014 e hoje tem seu de- sempenho desaprovado por nove em cada dez brasileiros – resultado que o coloca em situação de empate técnico com o presidente Michel Temer (93%) e o deputado cassado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (91%), que está preso desde outubro de 2016 e já foi condenado na Operação Lava Jato a 15 anos por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Logo a seguir aparece o senador e também ex-candidato a presi- dente José Serra, que foi ministro de Relações Exteriores no governo Temer durante nove meses. Serra é mal avaliado por 82% da população, segundo o Ipsos. FHC e Alckmin são desaprovados por 79% e 73%, res- pectivamente. Motivos A pesquisa não revela os motivos da rejeição aos políticos. Mas a desa- provação a Aécio teve um salto a partir de junho, quando ele foi acu- sado pela Procuradoria-Geral da Re- pública de receber recursos ilícitos do grupo JBS. Na época, o tucano chegou a ser afastado do mandato de senador por decisão liminar do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. Serra e Alckmin, cuja desaprova- ção também aumentou nos últimos meses, foram envolvidos em dela- ções na Operação Lava Jato. O pri- meiro é alvo de inquérito por suposto recebimento de recursos ilegais da Odebrecht, e também foi acusado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de receber doações da JBS via caixa dois. Já o atual go- vernador paulista foi citado por de- latores da Odebrecht como benefi- ciário de recursos ilícitos. Serra afirma que suas campanhas sem- pre foram feitas dentro da lei. Alck- min também nega irregularidades. Para o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, vice-presi- dente nacional do PSDB, a desa- provação aos líderes do partido se soma a uma “rejeição à classe polí- tica em geral”. Sobre o fato de Lula estar em situação um pouco me- lhor, Goldman disse que o ex-pre- sidente “tem ainda certa dose de mito, um grau de sentimento po- pular, e isso abranda a rejeição dele”. Para cientistas políticos ouvidos pelo Estado, a pesquisa Ipsos mos- tra o quão imprevisível está o qua- dro político para as eleições de 2018. “O imprevisto é o provável”, afirmou Cláudio Couto, da Fundação Getu- lio Vargas. “A situação está tão con- fusa e o desgaste de lideranças tra- dicionais é tão grande que fica muito difícil fazer qualquer tipo de previsão. Nesse contexto, abre-se espaço para aventureiros que, hoje, estão fora do radar eleitoral. Talvez o discurso antissistema se trans- forme em uma vantagem eleitoral.” Já a também cientista política Maria do Socorro Braga, da USP, re- laciona o baixo índice de aprovação dos políticos à Operação Lava Jato. “No começo, era algo que parecia apenas atingir o PT, mas depois, com o tempo, a sociedade enten- deu que os problemas estavam dis- seminados por outras legendas.” Para Marco Antônio Teixeira, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), até políticos que se apresentaram como novi- dade “acabaram se desgastando ra- pidamente, porque, pelo menos aparentemente, repetem hábitos da ‘política velha”. Já o professor de Di- reito Constitucional Oscar Vilhena (FGV) disse que “a bola está com o eleitor”. “A pesquisa mostra uma ne- cessidade de reconstrução e reno- vação, mas será que o cidadão está realmente pronto para ela?” Maior desgaste é o do senador Aécio Neves, que atualmente é desaprovado por nove em cada dez brasileiros “Vem pra Rua” e apoiadores de Dilma brigam Confronto ocorreu em Copacabana, na zona sul do Rio, em frente à casa da ex-presidente RIO DE JANEIRO Manifestantes do movimento “Vem Pra Rua” que fizeram protesto no domingo discutiram com apoia- dores de Dilma Rousseff, que es- tavam em frente à casa da ex-pre- sidente, em Copacabana, na zona sul do Rio. Um grupo de cerca de 20 pessoas com bandeiras espe- rava a manifestação do “Vem Pra Rua”, que é contrário do PT, passar no local. Policiais fizeram um cerco para separar os dois grupos e evitar con- fronto físico. Mesmo assim, houve muita discussão. Organizadores chegaram a acelerar o protesto e pediram calma aos participantes. "Vamos para a casa do Aécio agora, que nós não temos bandidos de es- timação", um dos manifestantes disse ao microfone. Mesmo assim, um grupo puxou o grito "A nossa bandeira jamais será vermelha". Os apoiadores de Dilma responderam que os mani- festantes "não gostavam de pobre". O momento foi um dos poucos em que se viu discussão na pas- seata, que recebeu o nome de "Cir- cuito dos Corruptos". Na maior parte do tempo, eles gritam "Fora, Gilmar", em referência ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Nas últimas semanas, Gilmar Men- des determinou a soltura de nove envolvidos na Lava Jato do Rio. Celeridade O “Vem Pra Rua” também pede mais celeridade da presidente do STF, Carmen Lucia, para julgar os pedidos de suspeição de Gilmar. Alguns também levam bonecos do juiz federal Sérgio Moro e levam fai- xas de apoio ao juiz federal do Rio Marcelo Bretas, que julga os pro- cessos da Lava Jato do Rik. O protesto também percorre a casa do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), no Leblon, e do ex- governador Sérgio Cabral (PMDB), no mesmo bairro. Dida Sampaio/Estadão Pesquisa não apontou motivos da desaprovação João Dória é o que aparece mais bem colocado Onda de rejeição alcança até ministros do Supremo Pesquisa Ipsos mostra que, entre julho e agosto deste ano, houve aumento significativo da desaprovação a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF); até o juiz Sérgio Moro enfrenta desgaste, diz levantamento SÃO PAULO A onda de rejeição a políticos e auto- ridades públicas já não se limita ao governo e ao Congresso e chegou com força ao Poder Judiciário e ao Ministério Público. Pesquisa Ipsos mostra que, entre julho e agosto, houve aumento significativo da de- saprovação a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Até o juiz Sér- gio Moro enfrenta desgaste: apesar de seu desempenho ainda ser majo- ritariamente aprovado pela popu- lação, sua taxa de rejeição está no nível mais alto em dois anos. A pesquisa avaliou a opinião dos brasileiros sobre 26 autoridades de distintas esferas de poder, além de uma celebridade televisiva, o apre- sentador de TV Luciano Huck. Quase todos estão no vermelho, ou seja, são mais desaprovados do que aprova- dos. As exceções são Huck, Moro e o ex-presidente do Supremo Joaquim Barbosa. Os dois últimos são res- ponsáveis pelos julgamentos dos dois maiores escândalos de corrupção do País: mensalão e Operação Lava Jato. Para Danilo Cersosimo, um dos responsáveis pela pesquisa, o au- mento do descontentamento com o Judiciário pode estar relacionado “à percepção de que a Lava Jato não trará os resultados esperados pelos brasileiros”. Outros levantamentos do Ipsos mostram que o apoio à ope- ração continua alto, mas vem caindo a expectativa de que a força-tarefa responsável por apurar desvios e cor- rupção na Petrobrás provoque efei- tos concretos e mude o País. “Há uma percepção de que a sangria foi es- tancada, de que a Lava Jato foi en- fraquecida”, disse Cersosimo. Supremo Na lista de avaliados pelo Ipsos estão três dos 11 atuais integrantes do Supremo: Cármen Lúcia, a pre- sidente; Edson Fachin, relator dos casos relacionados à Lava Jato; e Gilmar Mendes, principal interlo- cutor do presidente Michel Temer no Tribunal. Os três enfrentam de- terioração da imagem. Além de Moro e Fachin, há na lista outros dois nomes relaciona- dos à Lava Jato: o do procurador- geral da República, Rodrigo Janot, e o do procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da ope- ração em Curitiba. Eles também so- frem desgastes. No STF, a pior situação é a de Gil- mar: no último mês, sua taxa de de- saprovação subiu de 58% para 67%. Desde abril, o aumento foi ainda maior: 24 pontos porcentuais. O descontentamento com Gilmar cresceu ao mesmo tempo em que ele ficou mais conhecido: até maio, mais da metade da população (53%) não sabia dele o suficiente para opi- nar. Agora, esse índice caiu para 30%. Já a taxa de aprovação se manteve praticamente estável, oscilando em torno de 3%. A avaliação crítica é maior nas faixas mais escolarizadas: chega a 80% entre os brasileiros com curso superior, e é de 50% entre os sem instrução. Críticas Nos últimos meses, Gilmar, que tam- bém preside o Tribunal Superior Elei- toral (TSE), se notabilizou por cons- tantes e duras críticas ao que classifica como abusos na atuação do Ministério Público Federal em grandes investigações no País, in- cluindo a Lava Jato. O ministro pro- tagonizou embates com o procura- dor-geral da República e chegou a chamar Janot de “desqualificado”. Na pesquisa Ipsos, o chefe do Mi- nistério Público Federal – que vai deixar o cargo em breve – teve seu desempenho reprovado por 52% dos entrevistados. A avaliação favo- rável ficou em 22%. Evolução. Cármen Lúcia teve au- mento de 11 pontos porcentuais em sua taxa de desaprovação entre julho e agosto, de 36% para 47%. Já sua aprovação está em 31% – queda de cinco pontos porcentuais em um mês e de 20 pontos desde janeiro. A avaliação favorável de Fachin caiu, em um mês, de 45% para 38%, enquanto a desfavorável subiu de 41% para 51%. No último mês, a taxa de desaprovação do ministro do Supremo, Gilmar Mendes, subiu de 58% para 67% Rodrigo Janot também aparece na lista RÁPIDAS BRASÍLIA - A decisão do governo federal de privatizar a Eletrobrás faz parte de um movimento que começa a se espalhar pelo Brasil inteiro. Com arrecadação em baixa e despesas em alta, Esta- dos e Municípios têm enxergado na venda de ativos uma forma de reforçar o caixa e diminuir os efeitos da crise fiscal. Essa “nova onda” de privatização pode ren- der a esses governos quase R$ 80 bilhões, segundo levantamento feito pelo ‘Estado’ com base em informações de bancos, consul- torias e mercado. O valor inclui apenas a venda dos negócios de energia elétrica, gás natural, saneamento básico e iluminação pública. Na lista, estão ativos das empresas estaduais de energia elétrica, como a Cesp, distribuidoras de gás, empresas de saneamento básico e serviços de iluminação pública. Privatizações chegam a Estados e Municípios José Cruz/Agência Brasil

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2 POLÍTICA São Luís, 28 de agosto de 2017. Segunda-feira O Estado do Maranhão

Caciques tucanos têm rejeiçãomaior que a de Lula, diz pesquisaIpsos levantou percepção dos brasileiros em relação a 27 figuras públicas e mostrou que Aécio Neves (MG), José Serra(SP), Fernando Henrique Cardoso (SP) e Geraldo Alckmin (SP) têm imagem mais desgastada que a do ex-presidente

SÃO PAULO

Apesquisa Ipsos sobre apercepção dos brasileirosem relação a 27 figuraspúblicas revela que qua-

tro dos principais caciques do PSDB– Aécio Neves (MG), José Serra (SP),Fernando Henrique Cardoso (SP) eGeraldo Alckmin (SP) – têm hoje aimagem mais desgastada que a doex-presidente Luiz Inácio Lula daSilva (PT).

Também tucano, o prefeito deSão Paulo, João Doria, está em si-tuação mais confortável: é o queaparece mais bem colocado entreos políticos avaliados pela pesquisa.Ainda assim, sua taxa de desapro-vação (53%) é bem maior que a deaprovação (19%).

Condenado em um processo e réuem outras cinco ações relacionadosà Operação Lava Jato, Lula é desa-provado por dois terços da popula-ção, enquanto um terço o vê de formafavorável. Já a desaprovação aos ca-ciques tucanos varia entre 73% e 91%.

Mais desgastadoO maior desgaste é o de Aécio, queteve 48,4% dos votos na eleição pre-sidencial de 2014 e hoje tem seu de-sempenho desaprovado por noveem cada dez brasileiros – resultadoque o coloca em situação de empatetécnico com o presidente Michel

Temer (93%) e o deputado cassadoe ex-presidente da Câmara EduardoCunha (91%), que está preso desdeoutubro de 2016 e já foi condenadona Operação Lava Jato a 15 anos porcorrupção, lavagem de dinheiro eevasão de divisas.

Logo a seguir aparece o senadore também ex-candidato a presi-dente José Serra, que foi ministro de

Relações Exteriores no governoTemer durante nove meses. Serra émal avaliado por 82% da população,segundo o Ipsos. FHC e Alckmin sãodesaprovados por 79% e 73%, res-pectivamente.

MotivosA pesquisa não revela os motivos darejeição aos políticos. Mas a desa-

provação a Aécio teve um salto apartir de junho, quando ele foi acu-sado pela Procuradoria-Geral da Re-pública de receber recursos ilícitosdo grupo JBS. Na época, o tucanochegou a ser afastado do mandatode senador por decisão liminar doministro Edson Fachin, do SupremoTribunal Federal.

Serra e Alckmin, cuja desaprova-

ção também aumentou nos últimosmeses, foram envolvidos em dela-ções na Operação Lava Jato. O pri-meiro é alvo de inquérito por supostorecebimento de recursos ilegais daOdebrecht, e também foi acusadopelo procurador-geral da República,Rodrigo Janot, de receber doaçõesda JBS via caixa dois. Já o atual go-vernador paulista foi citado por de-

latores da Odebrecht como benefi-ciário de recursos ilícitos. Serraafirma que suas campanhas sem-pre foram feitas dentro da lei. Alck-min também nega irregularidades.

Para o ex-governador de SãoPaulo Alberto Goldman, vice-presi-dente nacional do PSDB, a desa-provação aos líderes do partido sesoma a uma “rejeição à classe polí-tica em geral”. Sobre o fato de Lulaestar em situação um pouco me-lhor, Goldman disse que o ex-pre-sidente “tem ainda certa dose demito, um grau de sentimento po-pular, e isso abranda a rejeição dele”.

Para cientistas políticos ouvidospelo Estado, a pesquisa Ipsos mos-tra o quão imprevisível está o qua-dro político para as eleições de 2018.“O imprevisto é o provável”, afirmouCláudio Couto, da Fundação Getu-lio Vargas. “A situação está tão con-fusa e o desgaste de lideranças tra-dicionais é tão grande que ficamuito difícil fazer qualquer tipo deprevisão. Nesse contexto, abre-seespaço para aventureiros que, hoje,estão fora do radar eleitoral. Talvezo discurso antissistema se trans-forme em uma vantagem eleitoral.”

Já a também cientista políticaMaria do Socorro Braga, da USP, re-laciona o baixo índice de aprovaçãodos políticos à Operação Lava Jato.“No começo, era algo que pareciaapenas atingir o PT, mas depois,com o tempo, a sociedade enten-deu que os problemas estavam dis-seminados por outras legendas.”

Para Marco Antônio Teixeira, daPontifícia Universidade Católica deSão Paulo (PUC-SP), até políticosque se apresentaram como novi-dade “acabaram se desgastando ra-pidamente, porque, pelo menosaparentemente, repetem hábitos da‘política velha”. Já o professor de Di-reito Constitucional Oscar Vilhena(FGV) disse que “a bola está com oeleitor”. “A pesquisa mostra uma ne-cessidade de reconstrução e reno-vação, mas será que o cidadão estárealmente pronto para ela?” �

Maior desgaste é o do senador Aécio Neves, que atualmente é desaprovado por nove em cada dez brasileiros

“Vem pra Rua”e apoiadores deDilma brigamConfronto ocorreu em Copacabana, na zonasul do Rio, em frente à casa da ex-presidente

RIO DE JANEIRO

Manifestantes do movimento “VemPra Rua” que fizeram protesto nodomingo discutiram com apoia-dores de Dilma Rousseff, que es-tavam em frente à casa da ex-pre-sidente, em Copacabana, na zonasul do Rio. Um grupo de cerca de20 pessoas com bandeiras espe-rava a manifestação do “Vem PraRua”, que é contrário do PT, passarno local.

Policiais fizeram um cerco paraseparar os dois grupos e evitar con-fronto físico. Mesmo assim, houvemuita discussão. Organizadoreschegaram a acelerar o protesto epediram calma aos participantes."Vamos para a casa do Aécio agora,que nós não temos bandidos de es-timação", um dos manifestantesdisse ao microfone.

Mesmo assim, um grupo puxouo grito "A nossa bandeira jamaisserá vermelha". Os apoiadores deDilma responderam que os mani-

festantes "não gostavam de pobre".O momento foi um dos poucos

em que se viu discussão na pas-seata, que recebeu o nome de "Cir-cuito dos Corruptos". Na maiorparte do tempo, eles gritam "Fora,Gilmar", em referência ao ministrodo Supremo Tribunal Federal (STF).Nas últimas semanas, Gilmar Men-des determinou a soltura de noveenvolvidos na Lava Jato do Rio.

CeleridadeO “Vem Pra Rua” também pedemais celeridade da presidente doSTF, Carmen Lucia, para julgar ospedidos de suspeição de Gilmar.Alguns também levam bonecos dojuiz federal Sérgio Moro e levam fai-xas de apoio ao juiz federal do RioMarcelo Bretas, que julga os pro-cessos da Lava Jato do Rik.

O protesto também percorre acasa do governador Luiz FernandoPezão (PMDB), no Leblon, e do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB),no mesmo bairro. �

Dida Sampaio/Estadão

Pesquisa nãoapontou motivosda desaprovação

João Dória é oque aparece mais

bem colocado

Onda de rejeição alcançaaté ministros do SupremoPesquisa Ipsos mostra que, entre julho e agosto deste ano, houve aumento significativo da desaprovaçãoa ministros do Supremo Tribunal Federal (STF); até o juiz Sérgio Moro enfrenta desgaste, diz levantamento

SÃO PAULO

A onda de rejeição a políticos e auto-ridades públicas já não se limita aogoverno e ao Congresso e chegoucom força ao Poder Judiciário e aoMinistério Público. Pesquisa Ipsosmostra que, entre julho e agosto,houve aumento significativo da de-saprovação a ministros do SupremoTribunal Federal (STF). Até o juiz Sér-gio Moro enfrenta desgaste: apesarde seu desempenho ainda ser majo-ritariamente aprovado pela popu-lação, sua taxa de rejeição está nonível mais alto em dois anos.

A pesquisa avaliou a opinião dosbrasileiros sobre 26 autoridades dedistintas esferas de poder, além deuma celebridade televisiva, o apre-sentador de TV Luciano Huck. Quasetodos estão no vermelho, ou seja, sãomais desaprovados do que aprova-dos. As exceções são Huck, Moro e oex-presidente do Supremo JoaquimBarbosa. Os dois últimos são res-ponsáveis pelos julgamentos dos doismaiores escândalos de corrupção doPaís: mensalão e Operação Lava Jato.

Para Danilo Cersosimo, um dosresponsáveis pela pesquisa, o au-mento do descontentamento com oJudiciário pode estar relacionado “àpercepção de que a Lava Jato nãotrará os resultados esperados pelosbrasileiros”. Outros levantamentosdo Ipsos mostram que o apoio à ope-ração continua alto, mas vem caindoa expectativa de que a força-tarefaresponsável por apurar desvios e cor-rupção na Petrobrás provoque efei-tos concretos e mude o País. “Há umapercepção de que a sangria foi es-tancada, de que a Lava Jato foi en-fraquecida”, disse Cersosimo.

SupremoNa lista de avaliados pelo Ipsosestão três dos 11 atuais integrantesdo Supremo: Cármen Lúcia, a pre-sidente; Edson Fachin, relator dos

casos relacionados à Lava Jato; eGilmar Mendes, principal interlo-cutor do presidente Michel Temer

no Tribunal. Os três enfrentam de-terioração da imagem.

Além de Moro e Fachin, há nalista outros dois nomes relaciona-dos à Lava Jato: o do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, eo do procurador Deltan Dallagnol,coordenador da força-tarefa da ope-ração em Curitiba. Eles também so-frem desgastes.

No STF, a pior situação é a de Gil-mar: no último mês, sua taxa de de-

saprovação subiu de 58% para 67%.Desde abril, o aumento foi aindamaior: 24 pontos porcentuais.

O descontentamento com Gilmarcresceu ao mesmo tempo em queele ficou mais conhecido: até maio,mais da metade da população (53%)não sabia dele o suficiente para opi-nar. Agora, esse índice caiu para 30%.Já a taxa de aprovação se mantevepraticamente estável, oscilando emtorno de 3%. A avaliação crítica émaior nas faixas mais escolarizadas:chega a 80% entre os brasileiros comcurso superior, e é de 50% entre ossem instrução.

CríticasNos últimos meses, Gilmar, que tam-bém preside o Tribunal Superior Elei-toral (TSE), se notabilizou por cons-tantes e duras críticas ao queclassifica como abusos na atuação

do Ministério Público Federal emgrandes investigações no País, in-cluindo a Lava Jato. O ministro pro-tagonizou embates com o procura-dor-geral da República e chegou achamar Janot de “desqualificado”.

Na pesquisa Ipsos, o chefe do Mi-nistério Público Federal – que vaideixar o cargo em breve – teve seudesempenho reprovado por 52%dos entrevistados. A avaliação favo-rável ficou em 22%.

Evolução. Cármen Lúcia teve au-mento de 11 pontos porcentuais emsua taxa de desaprovação entrejulho e agosto, de 36% para 47%. Jásua aprovação está em 31% – quedade cinco pontos porcentuais em ummês e de 20 pontos desde janeiro.A avaliação favorável de Fachincaiu, em um mês, de 45% para 38%,enquanto a desfavorável subiu de41% para 51%. �

No último mês, a taxa de desaprovação do ministro do Supremo, Gilmar Mendes, subiu de 58% para 67%

Rodrigo Janottambém aparece

na lista

RÁPIDAS

BRASÍLIA - A decisão do governofederal de privatizar a Eletrobrásfaz parte de um movimento quecomeça a se espalhar pelo Brasilinteiro. Com arrecadação embaixa e despesas em alta, Esta-dos e Municípios têm enxergadona venda de ativos uma forma dereforçar o caixa e diminuir osefeitos da crise fiscal. Essa “novaonda” de privatização pode ren-

der a esses governos quase R$ 80bilhões, segundo levantamentofeito pelo ‘Estado’ com base eminformações de bancos, consul-torias e mercado. O valor inclui apenas a vendados negócios de energiaelétrica, gás natural,saneamento básico eiluminação pública. Na lista,estão ativos das empresasestaduais de energia elétrica,como a Cesp, distribuidoras degás, empresas de saneamentobásico e serviços deiluminação pública.

Privatizaçõeschegam a Estadose Municípios

José Cruz/Agência Brasil