S.M. ECG- pr.tica 14-15/AULASPRATICAS... · 2014-10-19 · Existem 1500 quadradinhos de 1 mm num...

14
1 ELECTROCARDIOGRAMA O E.C.G. permite registar um certo número de deflecções positivas ou negativas em relação à linha de base isoeléctrica; tais deflecções estão associadas à onda de excitação que se espalha por todo o coração e é responsável pelo início das contracções cardíacas. Onda P - corresponde à despolarização atrial (contracção). Ondas do complexo QRS - correspondem à despolarização ventricular (contracção). Onda T - corresponde à repolarização ventricular (relaxamento). EFEITO DA DIRECÇÃO DA ONDA DE DESPOLARIZAÇÃO NAS DEFLECÇÕES DO E.C.G. A onda registada será positiva quando a onda de despolarização se dirige para o eléctrodo positivo. Uma deflecção negativa será registada quando a onda de despolarização se desloca no sentido oposto ao do eléctrodo positivo. A deflecção será isoeléctrica quando a despolarização é perpendicular a uma linha imaginária que une os 2 eléctrodos.

Transcript of S.M. ECG- pr.tica 14-15/AULASPRATICAS... · 2014-10-19 · Existem 1500 quadradinhos de 1 mm num...

Page 1: S.M. ECG- pr.tica 14-15/AULASPRATICAS... · 2014-10-19 · Existem 1500 quadradinhos de 1 mm num minuto à velocidade de 25 mm/seg (e, portanto 3000 quadradinhos à velocidade de

1

ELECTROCARDIOGRAMA

O E.C.G. permite registar um certo número de deflecções positivas ou

negativas em relação à linha de base isoeléctrica; tais deflecções estão associadas

à onda de excitação que se espalha por todo o coração e é responsável pelo início

das contracções cardíacas.

• Onda P - corresponde à despolarização atrial (contracção).

• Ondas do complexo QRS - correspondem à despolarização ventricular

(contracção).

• Onda T - corresponde à repolarização ventricular (relaxamento).

EFEITO DA DIRECÇÃO DA ONDA DE DESPOLARIZAÇÃO NAS

DEFLECÇÕES DO E.C.G.

A onda registada será positiva quando a onda de despolarização se dirige

para o eléctrodo positivo.

Uma deflecção negativa será registada quando a onda de despolarização se

desloca no sentido oposto ao do eléctrodo positivo.

A deflecção será isoeléctrica quando a despolarização é perpendicular a

uma linha imaginária que une os 2 eléctrodos.

Page 2: S.M. ECG- pr.tica 14-15/AULASPRATICAS... · 2014-10-19 · Existem 1500 quadradinhos de 1 mm num minuto à velocidade de 25 mm/seg (e, portanto 3000 quadradinhos à velocidade de

2

O E.C.G. é assim utilizado para avaliar a actividade eléctrica do coração de

diferentes ângulos. A cada ângulo diferente ou par de eléctrodos é chamado

DERIVAÇÃO.

Derivações dos membros (Sistema de Bailey):

Derivações BIPOLARES standard - medem diferença de potencial enter

dois eléctrodos:

• I - ant. dir.(-) comparando com ant. esq.(+)

Page 3: S.M. ECG- pr.tica 14-15/AULASPRATICAS... · 2014-10-19 · Existem 1500 quadradinhos de 1 mm num minuto à velocidade de 25 mm/seg (e, portanto 3000 quadradinhos à velocidade de

3

• II - ant. dir. (-) comparando com post. esq. (+)

• III - ant. esq. (-) comparando com post. esq. (+)

Derivações UNIPOLARES:

• aVR - ant. dir. (+) comparando com ant. esq. e post esq.(-)

• aVL - ant. esq. (+) comparando com ant.dir. e post esq. (-)

• aVF - post. esq (+) comparando com ant. dir. e ant. esq. (-)

Estas derivações são perpendiculares às derivações bipolares.

Derivações PRÉCORDIAIS.

Utilizam um eléctrodo positivo colocado em diferentes posições no tórax:

• CV5RL - 5º espaço intercostal dir. próximo ao bordo esternal

• CV6LL - 6º esp. intercostal esq. próximo ao bordo esternal

• CV6LU - 6º esp. intercostal esq. na união costocondral

• V10 - sobre a apófise espinhosa da 7ª vértebra torácica.

Page 4: S.M. ECG- pr.tica 14-15/AULASPRATICAS... · 2014-10-19 · Existem 1500 quadradinhos de 1 mm num minuto à velocidade de 25 mm/seg (e, portanto 3000 quadradinhos à velocidade de

4

CONDIÇÕES PARA REALIZAR UM E.C.G.

As cores dos cabos têm um código internacional:

VERMELHO anterior direito

AMARELO anterior esquerdo Objectivo

NEGRO posterior direito Tipo A

VERDE posterior esquerdo

A colocação dos electrodos deve fazer-se numa prega cutânea localizada:

• Membros anteriores - na zona caudal ao nível do olecrâneo.

• Membros posteriores - na zona cranial à rótula.

A posição do paciente deve ser relaxada e pela seguinte ordem de acordo com as

possibilidades e disponibilidade do mesmo: Objectivo Tipo A

1. Decúbito lateral direito

2. Decúbito esternal

3. Sentado

4. Em estação sobre a mesa e se não há outra alternativa no chão.

Page 5: S.M. ECG- pr.tica 14-15/AULASPRATICAS... · 2014-10-19 · Existem 1500 quadradinhos de 1 mm num minuto à velocidade de 25 mm/seg (e, portanto 3000 quadradinhos à velocidade de

5

Em caso de impossibilidade absoluta de realizar o E.C.G. poderemos

utilizar diversas drogas embora tenhamos de ter tal facto em consideração uma

vez que modificam discretamente o traçado electrocardiográfico.

De forma a recolher todos os dados, o E.C.G. deve incluir as derivações I,

II, III, aVR, aVL e aVF registando pelo menos 4 complexos em cada uma delas

e, finalmente, um traçado do E.C.G. com um mínimo de 5-6 seg. de duração

exclusivamente na derivação II. (Escrever no papel: (1) sempre que se mudar a

derivação; (2) a calibração no início e (3) as derivações) Objectivo Tipo A

NOTA: As derivações pré-cordiais são de uso rotineiro em medicina humana já

que permitem a localização dos enfartes do miocárdio assim como avaliar a sua

extensão. Contudo, dada a escassez desta patologia nos animais de companhia, o

seu uso diário apenas aumenta o tempo de elaboração do exame

electrocardiográfico.

A velocidade a que se faz o E.C.G. deve ser registada. Cada velocidade tem as

suas vantagens e os seus inconvenientes:

-A 50 mm/seg. é mais fácil identificar cada onda e realizar

correctamente as medições.

-A 25 mm/seg. é mais fácil observar alterações do ritmo e variações

devidas às fases respiratórias.

Page 6: S.M. ECG- pr.tica 14-15/AULASPRATICAS... · 2014-10-19 · Existem 1500 quadradinhos de 1 mm num minuto à velocidade de 25 mm/seg (e, portanto 3000 quadradinhos à velocidade de

6

Cada quadrado (1 mm)

Velocidade Largura (tempo)

25 mm/seg. 0.04 seg.

50 mm/seg. 0.02 seg.

Sensibilidade (por cm) Altura (amplitude)

1 mV 0.1 mV

2 mV 0.2 mV

0.5 mV 0.05 mV

Page 7: S.M. ECG- pr.tica 14-15/AULASPRATICAS... · 2014-10-19 · Existem 1500 quadradinhos de 1 mm num minuto à velocidade de 25 mm/seg (e, portanto 3000 quadradinhos à velocidade de

7

Cada E.C.G. deve ser sistematicamente examinado em, pelo menos, quatro

parâmetros:

1. Cálculo da frequência cardíaca

2. Avaliação do ritmo

3. Medição dos complexos e intervalos:

• Onda P

• Intervalo P-R

• Complexo QRS

• Segmento S-T

• Onda T

• Intervalo Q-T

4. Determinação do Eixo eléctrico

FREQUÊNCIA

Método 1

O método mais fácil para calcular a frequência, o qual é valido ainda que

estejamos em presença de arritmias, consiste em marcar 3 segundos no traçado

do E.C.G., contar nesse intervalo o nº de complexos QRS e multipicá-lo por 20.

Teremos assim a frequência por minuto.

Contudo, se houver possibilidade, contar num período de tempo mais longo

(6 segundos e multiplicar por 10) o cálculo obtido é mais exacto.

Page 8: S.M. ECG- pr.tica 14-15/AULASPRATICAS... · 2014-10-19 · Existem 1500 quadradinhos de 1 mm num minuto à velocidade de 25 mm/seg (e, portanto 3000 quadradinhos à velocidade de

8

Método 2

Existem 1500 quadradinhos de 1 mm num minuto à velocidade de 25

mm/seg (e, portanto 3000 quadradinhos à velocidade de 50 mm/seg).

Ao contar o nº de quadradinhos entre 2 ondas R sucessivas e dividir 1500

(ou 3000) por essa contagem, obtém-se assim a frequência cardíaca.

1500/10,5 = 142,85

1500/12,5 = 120

Método 3

Utilizando uma régua com uma graduação previamente marcada.

AVALIAÇÃO DO RITMO

Para avaliar o ritmo cardíaco, devemos analisar o E.C.G. de uma forma

sistemática:

1. Inspecção geral - revelará se o ritmo é um ritmo sinusal normal ou

se é característico de algum tipo de arritmia cardíaca.

2. Identificar as ondas P

3. Reconhecer os complexos QRS

4. Analisar a relação entre ondas P e complexos QRS

Método 2

Método 1

Método 1

Método 2

Page 9: S.M. ECG- pr.tica 14-15/AULASPRATICAS... · 2014-10-19 · Existem 1500 quadradinhos de 1 mm num minuto à velocidade de 25 mm/seg (e, portanto 3000 quadradinhos à velocidade de

9

No cão constata-se a ausência de uma regularidade absoluta no nódulo

sinusal e, deste modo, admite-se que o é ritmo é REGULAR sempre e quando as

diferenças entre os intervalos R-R não sejam maiores de 0,12 segundos (6

quadrados a 50 mm/seg e 3 quadrados a 25 mm/seg).

DIRECÇÕES PARA AS MEDIÇÕES DOS COMPLEXOS E INTERVALOS

Objectivo Tipo A

São feitas na derivação II.

A Amplitude das deflecções é registada em quadradinhos ou milivolts; a

Duração das ondas, complexos, intervalos e segmentos é medida em centésimos

de segundo.

Onda P

É o primeiro acidente eléctrico após uma pausa isoeléctrica.

Representa a despolarização dos átrios. É constituída pelo somatório da

despolarização da aurícula direita, que se contraí primeiro, e da despolarização da

aurícula esquerda, que se contraí de seguida.

A repolarização não aparece no traçado pois sobrepõem-se à

despolarização ventricular.

A Amplitude da onda P é medida do limite superior da linha de base até ao

topo. Máximo de 0,4 mV

A Largura é medida no interior, desde o início até ao fim da deflecção.

máximo de 0,04 seg..

A onda P é:

- positiva em II e aVF

- Nula ou positiva em I e III

- Negativa em aVR, aVL, CV5RL e V10

Intervalo P-R

Page 10: S.M. ECG- pr.tica 14-15/AULASPRATICAS... · 2014-10-19 · Existem 1500 quadradinhos de 1 mm num minuto à velocidade de 25 mm/seg (e, portanto 3000 quadradinhos à velocidade de

10

Representa o tempo necessário para que um impulso passe do nódulo S.A.

para o nódulo A-V.

É medido desde o início da onda P até ao início da onda Q (ou onda R se

não existir onda Q). O valor deve ser aproximadamente o mesmo de complexo

para complexo (se variar podemos estar na presença de um distúrbio da

condução). P-R = P-Q.

Varia com a freq. cardíaca:

- quanto > freq.<será o tempo de condução

O segmento P-R é a porção isoeléctrica situada entre o fim da onda P e o

início do ventriculograma. Corresponde ao abrandamento da onda de activação na

passagem do nódulo A-V para o feixe de His. Varia de acordo com a freq.; está

normalmente compreendido entre 0,08 a 0,13 seg..

Complexo QRS

Corresponde à despolarização ventricular.

Os vários componentes são definidos como:

Onda Q - é a primeira deflecção negativa que precede a

onda R nas derivações I, II, III e aVF (positiva nas

derivações aVR e aVL).

Representa a propagação do influxo no septo

ventricular.

Onda R - é a primeira deflecção positiva nas derivações I,

II, III e aVF e (negativa nas derivações aVR e aVL).

Representa a despolarização das paredes ventricu-

lares esq. e dir..

Onda S - é a primeira deflecção negativa que se segue à

onda R nas derivações I, II, III e aVF (positiva nas

derivações aVR e aVL)

Page 11: S.M. ECG- pr.tica 14-15/AULASPRATICAS... · 2014-10-19 · Existem 1500 quadradinhos de 1 mm num minuto à velocidade de 25 mm/seg (e, portanto 3000 quadradinhos à velocidade de

11

A largura do QRS é medida desde o início da primeira deflecção até ao fim

da última deflecção do complexo. A altura da onda R é medida a partir do limite

superior da linha de base até ao topo da onda R. A profundidade das ondas Q ou

S é medida a partir do limite inferior da linha de base até à parte mais baixa de Q

ou S, respectivamente.

A duração normal do QRS não deverá exceder os 0,05 seg. em cães de

raças pequenas e 0,06 em cães de raças grandes. O alongamento da duração

indica uma hipertrofia vent. esq.

A amplitude deverá ser inferior a 2,5 a 3 mV na derivação II. Uma

amplitude superior é característica de uma hipertrofia ventricular esq.. Uma baixa

voltagem será característica de um derrame pericárdico ou de um derrame

pleural.

Segmento S-T

Representa a fase lenta de repolarização ventricular.

Começa no fim do complexo QRS e termina no início da onda T.

é normalmente isoeléctrico, ligeiramente côncavo ou convexo.

Todas as desnivelções negativas maiores do que - 0,2 ou sobrelevações

superiores a 0,15 mV deverão ser consideradas patológicas (nomeadamente em

isquémia, hipóxia ou hipertrofia vent. esq.)

Onda T

Page 12: S.M. ECG- pr.tica 14-15/AULASPRATICAS... · 2014-10-19 · Existem 1500 quadradinhos de 1 mm num minuto à velocidade de 25 mm/seg (e, portanto 3000 quadradinhos à velocidade de

12

Representa a fase rápida da repolarização ventricular. Esta deflecção, que

se segue ao QRS termina como retorno à linha isoeléctrica.

Pode ser positiva, negativa ou difásica. Uma onda T > que 1/4 de R é sinal

de hipertrofia ventricular esq..

Intervalo Q-T

É medido desde o início da onda Q até ao fim da onda T. É a soma da

despolarização e da repolarização ventriculares e representa a sístole ventricular

Varia na forma inversa com a freq. cardíaca: quanto > freq. cardíaca < o

intervalo Q-T.

EIXO ELÉCTRICO

Corresponde a uma média de todas as forças eléctricas produzidas pela

despolarização ventricular a cada instante.

O eixo eléctrico normal do cão está compreendido entre +40º e +100º. No

gato o valor variará entre os valores compreendidos entre 0º e 160º.

O primeiro significado clínico do eixo eléctrico em cães e gatos é o de

estabelecer critérios para a dilatação ventricular direita e para vários defeitos de

condução interventriculares. Se o eixo é < que +40º chama-se desvio à esq.; se é

> que 100º chama-se desvio à direita. Se há hipertrofia dos dois ventriculos o eixo

eléctrico permanece normal.(se o E.C.G. indica só uma hipertrofia do vent esq.

mas o eixo está normal => considerar que os dois vent estão hipertrofiados).

A forma do tórax de várias raças de cães afecta o eixo eléctrico:

Cães de peito estreito: Collies; Caniches, P. Alemão - tem um

coração mais vertical.

Cães de peito largo: Cocker spaniel e Boxer tem um eixo mais

horizontal.

Page 13: S.M. ECG- pr.tica 14-15/AULASPRATICAS... · 2014-10-19 · Existem 1500 quadradinhos de 1 mm num minuto à velocidade de 25 mm/seg (e, portanto 3000 quadradinhos à velocidade de

13

MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO

Método 1

É necessário encontrar uma derivação isoeléctrica (a soma algébrica nula

das deflecções positivas e negativas do complexo QRS), depois observar no

sistema tri-axial duplo de Bailey qual é a derivação perpendicular a qual é

tomada como eixo eléctrico (o sinal é dado pelo valor - negativo ou positivo - da

maior deflecção dessa derivação).

Page 14: S.M. ECG- pr.tica 14-15/AULASPRATICAS... · 2014-10-19 · Existem 1500 quadradinhos de 1 mm num minuto à velocidade de 25 mm/seg (e, portanto 3000 quadradinhos à velocidade de

14

Método 2

Um método preciso para determinar o eixo envolve a medição absoluta das

amplitudes na derivação I e a medição absoluta das amplitudes da derivação III.

Depois recorrer às tabelas.