Sistematizacao de Terrenos Metodo Centroide

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  • 8/8/2019 Sistematizacao de Terrenos Metodo Centroide

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    UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

    INSTITUTO DE TECNOLOGIADEPARTAMENTO DE ENGENHARIA

    Prof. Jorge Luiz Pimenta Mello, DS

    Prof. Leonardo Duarte Batista da Silva, DS

    OUTUBRO-2006

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    SISTEMATIZAO DE TERRENOS PARA IRRIGAO 1

    1 INTRODUO

    Os sistemas superficiais de irrigao para serem bem conduzidos, necessitam

    que os terrenos tenham superfcies adequadas no tocante ao nivelamento. A eficincia dosdiferentes mtodos superficiais de aplicao de gua no solo dependente, em grande parte,

    da maneira pela qual a gua distribuda na superfcie do solo e, consequentemente, das

    condies oferecidas para a distribuio. Desta forma, podemos afirmar que para a

    implantao de um projeto de sistemas superficiais de irrigao imprescindvel e inevitvel a

    sistematizao do terreno, utilizando-se de um ou mais dos diferentes processos que sero

    apresentados adiante.

    Todo e qualquer trabalho de sistematizao de terrenos, seja para quefinalidade for, exige movimentao de terra. Com isso, o grau de sistematizao vai depender,

    em escala bastante acentuada, do tipo de trabalho a que se prestar. Como exemplo

    podemos citar alguns trabalhos de sistematizao que se prestam a objetivos diferentes,

    quais sejam: construo de uma rea esportiva, construo de uma estrada, construo de

    um aeroporto, implantao de um sistema de irrigao por superfcie, etc. Observa-se com

    clareza, que os padres econmicos para os diferentes objetivos citados so completamente

    distintos. A viabilidade econmica para a implantao de uma quadra esportiva subjetiva,

    pois pode atender a uma srie de interesses, tais que, o custo dos trabalhos desistematizao do terreno seja irrelevante, no importando o grau de movimentao de terra,

    pois os benefcios do projeto no so mensurveis. Situao bastante diferente ocorre em se

    tratando de um projeto de irrigao por superfcie, pois os altos custos que resultam dos

    trabalhos de movimentao de terra tm que ser minimizados ao extremo, o que, caso

    contrrio, poder inviabilizar totalmente o projeto pretendido, levando com isso a se optar por

    outros sistemas de irrigao que no necessitam de sistematizao do terreno.

    2 OBJETIVOS

    O objetivo bsico da sistematizao um terreno determinar um plano

    geomtrico - ou planos geomtricos - com declividade constante, de modo a eliminar todas as

    depresses e elevaes do terreno fazendo com que o movimento da gua aplicada seja o

    mais uniforme e eficiente possvel, permitindo assim um perfeito controle da quantidade de

    gua a ser aplicada para atender a demanda hdrica necessria. A declividade que o plano

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    geomtrico dever possuir dependente dos seguintes fatores: valor mdio da terra

    movimentada por hectare; adoo de uma declividade pr fixada para os tabuleiros (sistema

    por inundao) ou para os sulcos (sistema por sulcos de infiltrao) que melhor atenda ao

    "lay-out" do projeto; ajustamento da relao volume de corte por volume de aterro de toda aterra movimentada na sistematizao; viabilidade econmica, etc.

    3 CONDIES QUE LIMITAM OU IMPEDEM A SISTEMATIZAO DE UM

    TERRENO PARA IRRIGAO

    3.1 SOLO

    3.1.1 - Permeabilidade do solo

    Os solos ideais para serem trabalhados com sistemas superficiais de irrigao

    devem ser de textura mdia a pesada. Solos arenosos ou ricos em matria orgnica so

    imprprios, pois se tratando de mtodos que tm um grande consumo de gua, os solos com

    baixa permeabilidade so mais adaptados. No entanto, ocorrem situaes geomorfolgicas

    que permitem a implantao dos sistemas superficiais em solos com alta permeabilidade,

    sendo a principal, a ocorrncia de uma camada com baixa permeabilidade a pouca

    profundidade. Nesse caso, mesmo que tenhamos um terreno com solos superficiais com alta

    permeabilidade, vivel a adoo de sistemas superficiais de irrigao e, consequentemente,

    a sistematizao deste. De modo geral e como primeira avaliao, solos com taxa de

    infiltrao maior que 40 mm h-1 j se tornam, a princpio, inadequados para mtodos

    superficiais de irrigao.

    3.1.2 - Profundidade do solo

    Nos trabalhos iniciais de prospeco de um solo visando sistematiz-lo, de

    extrema importncia sua sondagem utilizando-se de um trado. Solos rasos no so

    apropriados para sistematizao pois nas reas que ocorrerem cortes fatalmente poder

    haver exposio do subsolo. Nesses casos a sistematizao no dever ser indicada,

    optando-se por irrigar o terreno usando-se mtodos superficiais sem sistematiz-lo ou optar

    por mtodos sob presso que no necessitam de terrenos sistematizados para a sua

    implantao.

    3.2 - RELEVO

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    evidente que quando se cogita sistematizar terrenos para a implantao de

    um sistema de irrigao por superfcie, eles se encontram em locais de baixada, ou seja,

    quase sempre reas planas que necessitam de que sua declividade seja ajustada euniformizada. Um terreno pode possuir uma baixa declividade mdia natural e ter necessidade

    de se movimentar um grande volume de terra para a sua sistematizao, o que certamente

    ocorrer se a topografia for bastante acidentada. Movimentao de terra maior que

    750 m3 ha-1 deve ser bem avaliada economicamente, sob o risco de se tornar um projeto de

    alto custo, o que no conveniente e nem correto. Um projeto bem elaborado e bem

    estudado deve ser tcnica e economicamente vivel. Sempre que possvel, deve-se manter a

    declividade natural do terreno na sistematizao, uma vez que alterando-a teremos

    certamente uma maior movimentao de terra, pois ocorrero maiores cortes e maioresaterros (Figuras 1 e 2).

    Figura 1 - Terreno sistematizado obedecendo declividade natural

    Figura 2 - Terreno sistematizado com declividade natural alterada

    Os pontos do terreno natural que se encontram abaixo do plano de

    sistematizao sero aqueles que sofrero aterros e os que esto acima do plano so os que

    sofrero cortes. V-se perfeitamente nas figuras anteriores que os cortes e aterros so muito

    maiores quando se altera a declividade natural do terreno. Acontece muitas vezes, por

    questes de adequao ao projeto de irrigao por superfcie a ser implantado, a necessidade

    de se alterar a declividade natural do terreno. Nesse caso, fundamental um estudo muito

    criterioso do projeto de sistematizao, sob o risco de oner-lo em demasia.

    4 TRABALHOS INICIAIS

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    Antes de se iniciar o projeto de sistematizao propriamente dito, os trabalhos a

    seguir devero ser executados.

    4.1 LIMPEZA DA REA

    O preparo da rea importante porque nos fornece uma viso geral de todo o

    conjunto, alm de facilitar aos preparativos para o levantamento topogrfico. A limpeza da

    rea consiste de retirada total da vegetao existente e, se houver pequenos arvoredos, um

    destocamento dever se fazer necessrio.

    4.2 LEVANTAMENTO TOPOGRFICO

    O levantamento topogrfico nada mais que o levantamento altimtrico do

    terreno (altimetria), por pontos eqidistantes. O terreno ser quadriculado, ou seja, ser

    subdividido em quadrculas com lados de 10, 20, 30 m ou mais. Comumente se utiliza

    quadrculas de 20 m de lado, mas dependendo da dimenso da rea, outros valores podero

    ser usados. Vale ressaltar que quanto menor o lado da quadrcula maior preciso ter o

    projeto de sistematizao. Em contrapartida, quadrculas menores induzem a custos maiores

    nos trabalhos de levantamento topogrfico, pela quantidade de pontos que tero que serlevantados.

    Inicialmente determina-se visualmente a maior dimenso do terreno que por

    onde passar a linha base do levantamento. Esta linha deve ser piqueteada para o contra

    nivelamento e ao lado de cada piquete dever ficar uma estaca (preferencialmente de bambu

    com 50 ou 60 centmetros de comprimento). importante salientar que a linha base deve ser

    "amarrada" a duas referncias de nvel (RN) que devem ser pontos fixos fora da rea de

    trabalho, para possveis relocaes. Aps a locao da linha base, o terreno ser todo

    quadriculado, ou seja, sero marcadas todas as linhas paralelas e perpendiculares base,

    no sendo necessrio piquetear os pontos e sim somente instalar uma estaca em cada um

    deles. Encerrado este trabalho, procede-se ao levantamento altimtrico.

    Um detalhe importante a identificao do ponto a ser levantado, podendo-se

    utilizar vrios processos. Um deles a de se utilizar a marcao de dupla numerao. Como

    exemplo vamos citar o seguinte: ponto 1.1 - o primeiro nmero significa a linha perpendicular

    que passa pelo primeiro ponto da linha base, e o segundo nmero, o primeiro da linha no

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    extremo esquerdo dela, ficando o observador de frente para a linha base. Uma vez executada

    a altimetria do terreno, os trabalhos seguintes sero de escritrio. Os pontos levantados com

    suas respectivas cotas sero transferidos para um papel milimetrado com a escala

    conveniente, obtendo-se assim o plano cotado. De posse do plano cotado, proceder-se- aconstruo das curvas de nvel, que tem como finalidade permitir um melhor entendimento da

    topografia do terreno. A principal vantagem das curvas de nvel marcadas no plano cotado

    de se subdividir o terreno em reas com caractersticas semelhantes, sistematizando-a

    individualmente, e com isso diminuindo acentuadamente o movimento de terra, minimizando

    os custos do projeto.

    Quanto as escalas a serem utilizadas no plano cotado podemos ter:

    reas at 20 ha: escala 1:1000;

    reas maiores que 20 ha: escalas de 1:2000 a 1:10000.

    As curvas de nvel devero ser desenhadas de acordo com os intervalos

    verticais apresentados no Quadro 1.

    Quadro 1 Intervalos de curvas de nvel em funo da declividade do terreno.

    Declividade do terreno(%)

    Intervalo(cm)

    0,0 a 0,5 100,5 a 1,0 201,0 a 2,0 252,0 a 5,0 50

    5,0 a 10,0 100

    5 - O PROJETO DE SISTEMATIZAO

    Dentre os vrios mtodos utilizados para sistematizao de terrenos para

    irrigao, vamos detalhar um mtodo bsico, o Mtodo do Centride ou dos perfis mdios. A

    seguir descreveremos o mtodo, ao mesmo tempo exemplificando-o numericamente.

    5.1 DETERMINAO DA COTA DO CENTRIDE (COTA MDIA DO TERRENO)

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    Vamos tomar a Figura 3 como referncia para todos os clculos que sero

    feitos.

    775 770

    770 765 755

    795 780 752 750

    800 800 765 755

    809 798 769 750

    810 805 790 775

    Figura 3 - rea a ser sistematizada

    A cota do centride (Hm), que a cota mdia de todos os pontos do plano

    cotado, determinada por meio da Equao 1.

    N

    ascotHm = (1)

    em que

    Distncia entre os pontos = 20 m

    Cotas em centmetros

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    Hm = cota do centride (cm); e,

    N = nmero de pontos do plano cotado.

    De acordo com a Figura 3, vamos ter:

    cm77821338.16

    Hm ==

    5.2 DETERMINAO DAS COORDENADAS DO CENTRIDE

    Aps a determinao da cota do centride, determinar-se- o seu

    posicionamento no plano cotado, em relao aos dois eixos referenciais.

    Da geometria, sabemos que a localizao do centro geomtrico de uma rea

    retangular nada mais que o encontro entre as duas diagonais do retngulo. Para reas no

    retangulares, a determinao das coordenadas do centride ser a razo entre o somatrio

    do nmero (ou posio) da linha ou coluna pelo nmero de pontos em cada linha ou coluna e

    o nmero total de pontos das linhas (Xm) ou das colunas (Ym).

    Observe que as linhas foram numeradas de 1 a 6 em relao ao eixo "X" que

    a linha 0 (zero). O mesmo aconteceu com as colunas que foram numeradas de 1 a 4 em

    relao ao eixo "Y" que a coluna 0 (zero). Multiplicou-se ento a posio de cada linha pelo

    nmero de pontos de cada uma delas obtendo-se o somatrio 80. O mesmo se fez com as

    colunas obtendo-se o somatrio 49. Basta agora determinar as coordenadas do centride em

    relao aos dois eixos (X e Y). Sendo assim, teremos:

    81,32180Ym33,22149Xm====

    Define-se assim a localizao do centride da Figura 3.

    No daestao

    No depontos

    Produto Soma dalinha

    Cotamdia

    1 2 2 1545 772,50

    2 3 6 2290 763,33

    O

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    775 770

    770 765 755

    795 780 752 750

    800 800 765 755

    809 798 769 750

    810 805 790 775

    5.3 DETERMINAO DAS DECLIVIDADES NATURAIS DA REA A SER

    SISTEMATIZADA

    Como visto anteriormente, um trabalho de sistematizao de terrenos consiste

    em uniformizarmos todos os declives e aclives do terreno. Se se desejar um terreno semnenhuma declividade, basta que todos os pontos tenham a cota do centride, sendo que

    todos os que tiverem cota inferior sero aterrados e todos que tiverem cota superior sero

    cortados. Em se tratando de sistematizao de terrenos para irrigao, isto no

    conveniente. importante que o terreno tenha um pequeno declive por vrias razes, sendo

    que a principal delas facilitar o escoamento da gua sobre a superfcie. Entretanto, a

    definio da declividade a ser dada ao terreno funo do sistema de irrigao a ser adotado,

    matria que ser objeto de detalhamento quando se estudar sistemas de irrigao por

    gravidade.

    No da estao 1 2 3 4 No de pontos 6 6 5 4 21Produto 6 12 15 16 49Soma dalinha

    4759 4718 3831 3030 16338

    Cota mdia 793,17 786,33 766,20 757,50 3103,20

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    A seguir determinaremos a declividade natural do terreno e, sempre que

    possvel, devemos adot-lo no projeto, pois esta condio determina o menor movimento de

    terra possvel na sistematizao. De acordo com o mtodo do centride, a declividade naturalou que melhor se adapta ao terreno dada pela equao 2.

    ( )

    ( )( )

    ==

    NS

    S

    NHS

    HSGG

    22

    WENS (2)

    em que

    GNS = declividade natural do terreno na direo norte-sul;

    GWE = declividade natural do terreno na direo oeste-leste;

    S = posio ou afastamento de cada linha ou coluna em relao aos eixos de

    referncia ou ao ponto origem "O";

    H = cota mdia de cada linha ou coluna;

    HS = produto da soma dos afastamentos em relao aos eixos de referncia,

    pela soma das cotas mdias das linhas ou colunas;

    HS = soma do produto do afastamento em relao aos eixos de referncia, pela

    cota mdia de cada linha ou coluna;

    N = nmero de linhas ou colunas;

    ( ) 2S = soma dos quadrados dos afastamentos em relao aos eixos de referncia,

    de cada linha ou coluna;

    ( )2S = quadrado da soma dos afastamentos em relao aos eixos de referncia,

    de cada linha ou coluna.

    As declividades da rea em estudo (Figura 3) sero calculadas como mostrado

    a seguir.

    5.3.1. Declividade no sentido norte-sul

    N

    S

    W E

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    HS = (1 x 772,50) + (2 x 763,33) + ( 3 x 769,25) + (4 x 780) + (5 x 781,50) + (6 x 795) = 16.404,41

    S = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 = 21

    ( )2

    S = 12

    + 22

    + 32

    + 42

    + 52

    + 62

    = 91

    H = 4.661,58

    N = 6

    ( )m20cadaemcm08,5

    621

    91

    658,661.4x21

    41,404.16G

    2NS=

    =

    Isto quer dizer que o terreno "sobe" de norte para sul 5,08 centmetros a cada

    20 metros. Em termos de percentagem, vamos ter que: GNS = 0,254 %.

    5.3.2. Declividade no sentido oeste-leste:

    HS = (1 x 793,17) + (2 x 786,33) + ( 3 x 766,20) + (4 x 757,50) = 7.694,43

    S = 1 + 2 + 3 + 4 = 10

    ( ) 2S = 12 + 22 + 32 + 42 = 30

    H = 3.103,20

    N = 4

    ( ) m20cadaemcm71,12

    410

    304

    20,103.3x1043,694.7

    G 2WE =

    =

    Isto quer dizer que o terreno "desce" de oeste para leste 12,71 cm a cada 20

    metros. Em termos de percentagem, vamos ter que: GWE = - 0,635 %.

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    Conclui-se assim que o terreno, caso no haja inconvenientes, em funo do

    sistema de irrigao a ser adotado, dever ser nivelado com aclive de norte para sul igual a

    0,254 % e com declive de oeste para leste de 0,635 %, causando com isso o menor

    movimento de terra possvel.

    5.4 DETERMINAO DAS COTAS DOS PLANOS DE SISTEMATIZAO

    De posse das declividades GNS e GWE e da cota do centride, determinaremos

    o plano de sistematizao, ou seja, o plano que melhor se adapta a superfcie,

    proporcionando o mnimo de cortes e aterros.

    Calcularemos inicialmente a cota do ponto origem "O" e com os valores das

    declividades, todos os outros pontos tero as suas cotas calculadas. A equao para o clculo

    da cota de "O" a seguinte:

    ( ) ( )XmGYmGHmO WENS = (3)

    ( ) ( ) cm26,78833,2x71,1281,3x08,5778O ==

    Como as cotas naturais do terreno esto expressas em nmero inteiro,

    aproximaremos as declividades para os valores:

    GNS = 5 cm / 20 m = 0,25 %

    GWE = -13 cm / 20 m = - 0,65 %

    Com esses valores retornamos a Equao 3 e determinamos "O" como sendo

    igual a 789 cm.

    A Tabela 1 apresenta todos os pontos da Figura 3 com suas respectivas cotas

    naturais e cotas calculadas, bem como, os indicativos de cortes e aterros de cada ponto.

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    Tabela 1 Cota natural, cota calculada e cortes e aterros de cada ponto do plano cotado emestudo

    Pontos Cota natural Cota calculada Corte (cm) Aterro (cm)

    1.1 775 781 -- 61.2 770 768 2 --2.1 770 786 -- 162.2 765 773 -- 82.3 755 760 -- 53.1 795 791 4 --3.2 780 778 2 --3.3 752 765 -- 133.4 750 752 -- 24.1 800 796 4 --4.2 800 783 17 --

    4.3 765 770 -- 54.4 755 757 -- 25.1 809 801 8 --5.2 798 788 10 --5.3 769 775 -- 65.4 750 762 -- 126.1 810 806 4 --6.2 805 793 12 --6.3 790 780 10 --6.4 775 767 8 -- 81 75

    5.5 AJUSTE DO VOLUME DE TERRA MOVIMENTADA

    No difcil compreender que ao se fazer aterros nos pontos que se faz

    necessrio aterrar em um terreno que sofreu nivelamento, a tendncia natural que nestes

    pontos haja uma acomodao do solo, principalmente aps o local receber gua.

    Em decorrncia disso, haver necessidade de se corrigir estes pontos com

    novos aterros. Com isso queremos dizer que necessrio gerar um volume de cortes superior

    ao volume de aterros para que toda a terra movimentada, por cortes, no nivelamento seja

    deslocada para os pontos de aterros, evitando-se ao mximo o uso de terras de terrenos que

    no o prprio, visando com isso minimizar as alteraes das caractersticas fsicas do solo da

    rea em questo com a sistematizao.

    Como regra geral, utiliza-se na maioria dos projetos a relao de 20 a 30 % de

    volume de cortes em relao ao volume de aterro, ou seja, a relao corte/aterro se situa

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    SISTEMATIZAO DE TERRENOS PARA IRRIGAO 13

    entre 1,2 a 1,3. Em alguns casos e principalmente em se tratando de solos com baixa

    capacidade de compactao, esta relao pode se situar em torno de 1,4.

    Para o problema em questo (Figura 3) e de acordo com a Tabela 1, teremosque a relao corte/aterro ser:

    08,17581

    A/C ==

    V-se que esta relao corte/aterro est muito baixa, concluindo-se que h

    necessidade de aumentar o volume de cortes. Isto ser feito rebaixando o plano de uma certa

    altura, com isso aumentando os cortes e consequentemente diminuindo os aterros.

    A equao 4 permite calcular o quanto dever ser ajustado para a relao

    corte/aterro desejada.

    CNANKCAK

    X+

    = (4)

    em queK = relao corte/aterro desejada

    A = somatrio de aterros

    C = somatrio de cortes

    NA = nmero de pontos que tiveram aterros

    NC = nmero de pontos que tiveram cortes

    No exemplo em questo, vamos ter:

    K = 1,3A = 75 cmC = 81NA = 10NC = 11

    Aplicando a equao 4, teremos:

    cm6875,01110x3,18175x3,1

    X =+

    =

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    SISTEMATIZAO DE TERRENOS PARA IRRIGAO 14

    Isto quer dizer que se rebaixarmos todo o plano calculado em 0,6875 cm,

    teremos uma relao corte/aterro igual a 1,3. Para efeito didtico isto vlido e o mais

    correto. Na prtica, e visando um calculo mais realista, vamos aproximar em nvel de

    centmetro inteiro. Assim o valor de "X" passar a ser igual a 1 cm.

    Rebaixando ento todo o plano em 1 cm, a nova cota de origem passar a ser

    788 cm.

    A Figura 4 apresenta o terreno devidamente pronto para nivelamento com suas

    cotas calculadas e os respectivos cortes e aterros em cada ponto. A anotao usada ser a

    seguinte:

    Cota natural Altura de corte

    Cota calculada Altura de aterro

    775 770 3780 5 767

    770 765 755785 15 772 7 759 4

    795 5 780 3 752 750790 777 764 12 751 1

    800 5 800 18 765 755795 782 769 4 756 1

    809 9 798 11 769 750800 787 774 5 761 11

    810 5 805 13 790 11 775 9805 792 779 766

    Figura 4 Cotas naturais, cotas calculadas e os respectivos cortes e aterros em cada ponto.

    A relao corte/aterro ajustada ser: 4,16592

    A/C ==

    que podemos aceitar como bastante satisfatria.

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    SISTEMATIZAO DE TERRENOS PARA IRRIGAO 15

    5.6 CLCULO DO VOLUME DE TERRA A SER MOVIMENTADA

    O volume total de terra movimentada nada mais que toda aquela gerada

    pelos cortes. Esta determinao de extrema importncia, uma vez que est diretamenterelacionada com o custo do projeto. Basicamente, dispomos de trs maneiras de se calcular o

    volume. Apresentaremos a seguir um detalhamento de dois desses processos.

    5.6.1. Determinao pelo mtodo do somatrio de cortes

    Esse mtodo extremamente simples, s que carece de preciso. Consiste

    unicamente em multiplicar a rea da quadrcula pelo somatrio de cortes. O volume de terramovimentada ser dado pela Equao 5.

    CxAVT q = (5)

    Para o exemplo em questo vamos ter:

    Sq = 20 m x 20 m = 400 m2

    C = 92 cm = 0,92 m

    3m36892,0x400VT ==

    5.6.2. Determinao pelo mtodo dos quatro pontos

    A determinao do volume total de terra movimentada feita para cada

    quadrcula independentemente, ou seja, o clculo feito para cada unidade de rea definida

    por cada quatro estacas. Alm disso, calcula-se o volume de aterros independente do volume

    de cortes. As Equaes 6 e 7 so as utilizadas para esses clculos.

    ( )AC

    C4A

    V2

    C+

    = (6)

    ( )CA

    A4A

    V2

    A+

    = (7)

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    SISTEMATIZAO DE TERRENOS PARA IRRIGAO 16

    Para o exemplo numrico que est sendo desenvolvido vamos ter:

    - Quadrcula 1:

    ( ) 32

    C m30,027,003,003,0

    4400

    V =+

    =

    ( ) 32

    A m3,2403,027,027,0

    4400

    V =+

    =

    - Quadrcula 2:

    ( ) 32

    C m13,222,008,008,0

    4400

    V =+

    =

    ( ) 32

    A m13,1608,022,022,0

    4400

    V =+

    =

    Continuando a determinao dos volumes de cada quadrcula teremos o

    somatrio final (volume total) igual a 323,94 m3 .

    Verifica-se que o mtodo do somatrio de cortes houve uma superestimativa do

    volume de terra movimentada

    5.7 CLCULO DO VOLUME DE TERRA MDIO A SER MOVIMENTADA POR HECTARE

    Foi comentado anteriormente que movimentao de terra maior que 750 m3 ha-1

    deveria ser bem avaliado sob pena do projeto ter um custo invivel. O volume mdio por

    hectare (Vm) para o presente caso ser:

    133

    Tham6,385

    ha84,0m94,323

    SVT

    Vm ===

    5 a 3 c

    15 a 7 a

    15 a 7 a

    5 c 3 c

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    SISTEMATIZAO DE TERRENOS PARA IRRIGAO 17

    Com este valor podemos afirmar que o volume mdio se encontra dentro de

    uma faixa considerada tima.

    6 IMPLANTAO DO PROJETO DE SISTEMATIZAO

    Aps encerrados os trabalhos de escritrio, retorna-se ao campo para os

    preparativos visando iniciar os trabalhos de sistematizao.

    6.1 MARCAO DOS CORTES E ATERROS

    De posse de todos os valores de cota calculada, cada estaca de cada ponto

    levantado no terreno ser marcado com a indicao de corte ou aterro. Um dos processos

    dentre outros que podem ser utilizados o seguinte:

    - marcao dos pontos de corte: pinta-se a estaca em cor vermelha da parte superior da

    estaca para baixo, a altura de corte no ponto.

    - marcao dos pontos deaterro: pinta-se a estaca na cor azul da parte inferior da estaca

    (nvel do terreno) para cima, a altura do aterro no ponto.

    O esquema abaixo ilustra a marcao.

    Corte Aterro

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    7 POCA A SER REALIZADA A SISTEMATIZAO

    No conveniente que a sistematizao seja realizada em poca chuvosa. H

    prejuzo de ordem econmica (menor eficincia das mquinas) e de ordem agronmica (maiorcompactao das camadas do solo) quando se procede aos trabalhos na poca das chuvas.

    Dessa forma, a sistematizao deve ser planejada para ser executada nos perodos de

    poucas chuvas durante o ano, poca em que o trabalho ser mais bem executado e com

    maior eficincia da maquinaria empregada.

    8 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA A SISTEMATIZAO

    Para as tarefas de cortes e aterros so usados tratores de esteiras e

    motoniveladoras (Patrol). O transporte da terra cortada para ser utilizada nos pontos que

    recebero aterros dever ser feito com scrapers tracionados por tratores de pneus, mas na

    maioria dos projetos, o transporte feito pelas mesmas mquinas utilizadas para o corte, fato

    este que, via de regra, encarece a execuo do projeto, uma vez que, apesar de terem um

    rendimento muito maior que o dos tratores de pneus, o custo horrio bem mais elevado.

    Motoniveladora (Patrol)

    Trator de Esteiras

    Trator de Pneus

    Scraper