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Anais da 49 a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia A produção animal no mundo em transformação Brasília DF, 23 a 26 de Julho de 2012 1 Sistemas orgânicos de produção animal: dimensões técnicas e econômicas Elsio Antônio Pereira de Figueiredo 1 e João Paulo Guimarães Soares 2 Resumo: Sistema orgânico de produção animal é todo aquele que mantém uma visão holística da propriedade integrando produção animal e vegetal. Não permite o uso de agrotóxicos, medicamentos químicos, hormônios sintéticos, transgênicos-ogm; restringe a utilização de adubos químicos; inclui ações de conservação dos recursos naturais; e considera aspectos éticos nas relações sociais internas da propriedade e no trato com os animais. No Brasil existem 90 mil produtores orgânicos, sendo 14 mil certificados que movimentam US$ 200 milhões com produtos de origem animal, vegetal e coprodutos, colocando o país na décima terceira posição em produção e o quinto em área (1,77 milhões ha) do mundo. Os principais produtos de origem animal produzidos anualmente no Brasil são a carne de frango (550 mil cabeças) e bovina (13,8 mil cabeças), ovos (720 mil dúzias) e leite (6,8 milhões de litros). A Embrapa obteve resultados importantes relacionados ao desenvolvimento de genótipos de galinhas para produção de carne e ovos mais adaptados a produção colonial/orgânica/agroecológica, pelas linhagens Embrapa 041 (2,5kg/84dias) e 051 (255 ovos/ave/ano). Identificou-se que o sistema SISCAL, apresentou desempenho satisfatório, com a utilização da raça Moura e seus cruzamentos indicando viabilidade na produção orgânica de carne suína, sobretudo para produtos com valor agregado. O balanço de MS, proteína bruta e energia do sistema orgânico de produção leite foi positivo utilizando-se pastagens de capim- tanzania em consórcio com calopogônio (9,9ton/MS/ano; 10,5% PB; 55,9% NDT) sob pastejo de vacas mestiças (¾ gir x ¼ holandês) com média de 8,9kg leite/vaca/dia e suplementadas com os volumosos: capim-elefante (20,1ton/MS/ano; 8,9% PB; 58,7% NDT), cana-de-açúcar (29,9ton/MS/ano; 7% PB; 43,6% NDT) consorciados com siratro e guandu respectivamente, além do concentrado de 18%PB (2kg/vaca/dia). Palavras-chave: Agroecologico, carne, leite, ovos, pastagens, sustentável. 1 -Pesquisador da Embrapa Suínos e Aves. Email: [email protected] 2-Pesquisador da Embrapa Cerrados. Email: [email protected]

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A produção animal no mundo em transformação

Brasília – DF, 23 a 26 de Julho de 2012

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Sistemas orgânicos de produção animal: dimensões técnicas e econômicas

Elsio Antônio Pereira de Figueiredo 1e João Paulo Guimarães Soares

2

Resumo: Sistema orgânico de produção animal é todo aquele que mantém uma

visão holística da propriedade integrando produção animal e vegetal. Não permite o uso

de agrotóxicos, medicamentos químicos, hormônios sintéticos, transgênicos-ogm;

restringe a utilização de adubos químicos; inclui ações de conservação dos recursos

naturais; e considera aspectos éticos nas relações sociais internas da propriedade e no

trato com os animais. No Brasil existem 90 mil produtores orgânicos, sendo 14 mil

certificados que movimentam US$ 200 milhões com produtos de origem animal,

vegetal e coprodutos, colocando o país na décima terceira posição em produção e o

quinto em área (1,77 milhões ha) do mundo. Os principais produtos de origem animal

produzidos anualmente no Brasil são a carne de frango (550 mil cabeças) e bovina (13,8

mil cabeças), ovos (720 mil dúzias) e leite (6,8 milhões de litros). A Embrapa obteve

resultados importantes relacionados ao desenvolvimento de genótipos de galinhas para

produção de carne e ovos mais adaptados a produção colonial/orgânica/agroecológica,

pelas linhagens Embrapa 041 (2,5kg/84dias) e 051 (255 ovos/ave/ano). Identificou-se

que o sistema SISCAL, apresentou desempenho satisfatório, com a utilização da raça

Moura e seus cruzamentos indicando viabilidade na produção orgânica de carne suína,

sobretudo para produtos com valor agregado. O balanço de MS, proteína bruta e energia

do sistema orgânico de produção leite foi positivo utilizando-se pastagens de capim-

tanzania em consórcio com calopogônio (9,9ton/MS/ano; 10,5% PB; 55,9% NDT) sob

pastejo de vacas mestiças (¾ gir x ¼ holandês) com média de 8,9kg leite/vaca/dia e

suplementadas com os volumosos: capim-elefante (20,1ton/MS/ano; 8,9% PB; 58,7%

NDT), cana-de-açúcar (29,9ton/MS/ano; 7% PB; 43,6% NDT) consorciados com siratro

e guandu respectivamente, além do concentrado de 18%PB (2kg/vaca/dia).

Palavras-chave: Agroecologico, carne, leite, ovos, pastagens, sustentável.

1 -Pesquisador da Embrapa Suínos e Aves. Email: [email protected]

2-Pesquisador da Embrapa Cerrados. Email: [email protected]

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Animal organic production systems: technical and economic dimensions

Abstract: Organic production systems works integrating all agricultural practices

for animal and vegetable production in the farm. It does not use pesticides, chemicals,

synthetic hormones, genetically modified organisms-gmo and restricts the use of

chemical fertilizers. It includes resources conservation and respects the ethics in the

internal social relationship of the farm and also towards animals. In Brazil there are

about 90 thousand organic producers, from which about 14 thousand are certified and

sell US$ 200 million in animal and vegetal products and co-products, placing Brazil as

the 13th country in production and the fifth in area (1.77 million ha) in the world. The

main animal products in Brazil are chicken meat (550 thousand head), beef (13.8

thousand head), eggs (720 thousand dozen) and milk (6.8 million litters). Embrapa has

published important results in chicken genotype development for meat and egg adapted

to organic production as the strains Embrapa 041 (2.5kg/84days), and 051 (255

eggs/hen housed/year). The outdoor pig production- SISCAL, presented good

performance using Moura breed and their crosses for organic pork and products. The

balance of dry mater-DM, crude protein-CP and total digestible nutrientes-TDN of the

organic milk production system has been positive using tanzania (Panicum maximum,

cv Tanzânia) grass and calopogonio (Calopogonium mucunoides (DC) Urb) mix

pasture (9.9ton/DM/year; 10.5% CP; 55.9% TDN) under grazing of crossbred cows (¾

Zebu x ¼ Holstein) averaging 8.9 kg milk/cow/day supplemented with elephant grass

(Pennisetum purpureum, cv Cameroon) (20.1 ton/DM/year; 8.9% CP, 58.7% TDN)

and sugar cane (Sacharum officinarum) (29.9ton/DM/year; 7% CP, 43.6% TDN)

fodder, mixed with legume siratro (Macropitilium atropupureum (DC) Urb) and

guandu beans (Cajanus cajan), respectively, added by 18% crude protein concentrate

(2kg/cow/day).

Key Words: Agroecological, eggs, meat, milk, pastures, sustainable

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Introdução

Os sistemas orgânicos de produção animal constituem a parte da produção

animal dentro dos sistemas produtivos orgânicos. Sistemas orgânicos enquadrados na

normativa oficial devem ser vistos como uma propriedade rural ou um espaço rural

onde tudo o que é produzido nele obedece aos princípios da produção orgânica.

Normalmente os sistemas produtivos orgânicos são constituídos por algumas atividades

agrícolas e pecuárias que se complementam entre si no uso e reposição dos recursos

naturais e nutrientes, dentro daquele espaço sob manejo orgânico.

Os sistemas orgânicos ganham força nos dias atuais (Sahota, 2010), pois existe

uma preocupação crescente com a sofisticação do consumidor, que mais preocupado

com o meio ambiente, está elevando a demanda para produtos “quimicamente limpos”,

aumentando a seleção pela origem dos produtos e o regionalismo com as compras

locais, preocupado com “pegadas do carbono” em cada produto, o que pressiona as

empresas a dar respostas a essas expectativas crescentes dos consumidores.

Entre as metas do Brasil até 2014, segundo o governo federal, está a ampliação

de 2% para 15% de produtos orgânicos comprados pelo governo e o investimento de R$

300 milhões para assistência técnica e extensão rural para as 200 mil famílias ligadas à

produção orgânica. Isto foi confirmado, com assinatura pelo governo do Plano nacional

de agroecologia e agricultura orgânica que ocorreu na conferência das nações unidas-

Rio +20.

No Brasil existem muitas iniciativas meritórias na produção orgânica, a maioria

delas na produção vegetal como para os produtos horti-fruti, o acúcar, o café, o mel,

mas na produção do leite, dos ovos e da carne essas iniciativas não têm sido eficientes

nem eficazes para colocar o produto orgânico à disposição do consumidor brasileiro,

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salvo algumas exceções (Schultz et al., 2000; Figueiredo, 2002; Ludke et al., 2004;

Buainain & Batalha, 2007; Arenales et al., 2009; Soares et al., 2010; Ávila & Soares,

2010; Soares et al., 2011).

Os produtos orgânicos de origem animal mais encontrados no mercado brasileiro

são a carne bovina, leite bovino e derivados, mel, ovos, carne de frango, carne suína e

outros em menores proporções que são outras aves, peixes e crustáceos e co-produtos

como composto orgânico, produzido a partir de resíduos das criações animais.

Existe, porém uma grande confusão mercadológica intencional e não intencional

entre produtos orgânicos e outros produtos tais como: produto verde, produto

agroecológico, produto caipira, produto colonial. Produto orgânico tem normatização

oficial do MAPA, os demais não, embora se encontre no caso específico para aves,

tentativas de criar selos diferenciados. Portanto, todo o produto ecológico, biodinâmico,

natural, regenerativo, biológico, agroecológico é denominado produto orgânico (Brasil,

2003) e têm seus processos de produção, industrialização, armazenamento, transporte e

comercialização regidos pela Lei 10831 (Brasil, 2003) e suas Instruções normativas,

sobretudo a IN 46 (Brasil, 2011). Neste contexto o presente documento visa esclarecer

nas dimensões técnicas e econômicas o estado da arte da produção orgânica animal no

Brasil e apresentar alguns dados experimentais em condições aplicáveis aos sistemas

orgânicos.

Análise de contexto econômico

Produtos orgânicos geraram cerca de 59 bilhões de dólares em compras no

mundo em 2010 (Sahota, 2010). Willer (2011) mostrou uma panorâmica da agricultura

orgânica mundial, indicando que 160 países apresentaram dados sobre agricultura

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orgânica em 2009, sendo que 37,2 milhões de hectares da área agricultável era orgânica

(incluindo áreas em conversão). Austrália (12), Argentina (4,4), EUA (1,95) China

(1,85) e Brasil (1,77 milhões de hectares) são os países com maior área de agricultura

orgânica no mundo.

No Brasil, país de grande potencial agropecuário e de grande tradição na

agricultura familiar, tal desenvolvimento é lento (Buainain & Batalha, 2007), pois

embora esteja em quinto lugar em área (ha) destinada à produção orgânica no mundo,

não existem produtos orgânicos de origem animal, como carne, leite e ovos de

qualidade mercadológica, em quantidades suficientes, a preços acessíveis para a

população brasileira. O Brasil produz apenas 300 mil toneladas de alimentos

movimentando cerca de US$ 200 milhões, com taxas de crescimento variando em 40 a

50%, colocando o país na décima terceira posição entre os países líderes em fazendas

orgânicas no mundo, porém 90% da produção orgânica brasileira é exportada (Willer,

2010). Para o IBGE (2006), no censo de 2006 existiam 90.500 estabelecimentos

orgânicos no Brasil, mas menos de 6% (5100) se declaravam certificados, estimando-se

que já sejam 14000 certificados, conforme estimativas de várias certificadoras (IBD,

2012; ANC, 2012).

Neste contexto, foi mensurado o volume de produção de alguns produtos

orgânicos de origem animal (Soares & Schmidt, 2003; Soares & Figueiredo, 2012). A

produção de leite orgânico no Brasil, por exemplo, até 2005 era de 0,01% (Aroeira et

al., 2005 ) e cresceu para 0,02% (6,8 milhões de litros em 2010) da produção total de

leite produzida no Brasil (28 bilhões de litros em 2010) (Soares et al., 2011). Na

comparação entre a produção orgânica e convencional de leite identificou-se que a

remuneração do capital da primeira foi de 5% ao ano, portanto, superior aos 2% obtidos

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na segunda. Mesmo ocorrendo redução de produtividade por vaca (-33%); da terra (-

63%); da mão-de-obra (-47%) e aumento do custo total por litro de leite em 50% na

produção orgânica, o valor agregado ao produto, dependendo da região, variou de 50 a

70% a mais do que o valor do leite convencional. Naquele estudo, para a produção

orgânica de leite ser economicamente viável era necessário preço ao produtor 70%

superior ao do leite convencional (Aroeira et al., 2006).

No caso da produção de frangos orgânicos certificados, esta ultrapassa 550.000

frangos orgânicos/ano na Korin Agropecuária (Korin, 2012). A produção estimada de

ovos orgânicos certificados ultrapassa 720.000 dúzias/ano (ANC, 2012; IBD, 2012;

Romeu Mattos Leite-Comunicação Pessoal) 2

. A produção orgânica de suínos

certificada iniciou na Fazenda Casa Branca, Santo Hipólito-MG, com 120 matrizes em

ciclo completo, mas atualmente já existe uma parceria tecnológica da Korin com o

Grupo JD de criação de gado orgânico formado pelas fazendas Labrunier e São

Marcelo-Tangará da Serra (MT), onde os suínos serão criados, com certificação de

Bem-Estar Animal-Ecocert (Korin, 2012).

Já a produção orgânica de carne bovina certificada, segundo a Associação

Brasileira Pantanal Orgânico-ABPO e a Associação Brasileira de Produtores de animais

Orgânicos-ASPRANOR, provém do abate de 13.800 cabeças/ano de bovinos orgânicos

oriundas de apenas 18 produtores certificados, os quais recebem em torno de 18% e

10% a mais, como prêmio pela produção orgânica de novilhas e bois, respectivamente,

em relação ao valor diário da arroba (CPEA) do dia do carregamento. Existe apenas

2 (Comunicação Pessoal-Romeu Mattos Leite-Fazenda Yamaguishi-Campinas-SP- ANC- 150.000 dúzias/ano; Grupo Pão

de Açúcar- Fazenda Toca- Rio claro-SP-IBD-Abílio Diniz-250.000 dúzias/ano; Fazenda SABOR E COR- Piracicaba-SP-IBD

SaoPaulo-120.000 dúzias/ano; Grupo Gralha Azul-Paraná-IBD- 200.000 dúzias/ano; Total no Brasil: 720.000 dúzias/ano).

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uma unidade de abate no Brasil, o Frigorífico da JBS FRIBOI, em Campo Grande-MS

(ABPO, 2012).

Os produtos orgânicos estão presentes nos diversos canais de comercialização

existentes (Kledal, 2009) também explorados pelos produtos convencionais. De acordo

com Fonseca (2009), em 2004, dos 611 canais de comercialização pesquisados pelo

SEBRAE, os supermercados, seguidos das lojas/distribuidoras, eram os mais

procurados na região Sudeste, enquanto na região Sul os mais procurados eram as feiras

e depois os supermercados. Observou-se que, nas regiões Centro-Oeste, Norte e

Nordeste, era pequena a comercialização de orgânicos em todos os canais,

representando somente 6% dos canais de venda de produtos orgânicos. Em 2008, a

venda de alimentos isentos de agrotóxicos pelo Grupo Pão de Açúcar representava

faturamento de R$ 40 milhões, com expectativa de que ultrapassasse os R$ 50 milhões

até o final de 2009 (Kiss, 2009).

A implantação, desde janeiro de 2011, do selo único de certificação brasileira

“Orgânicos Brasil” vem auxiliando a organizar os produtos ofertados, mostra

transparência ao sistema, constrói estatísticas e leva ao público informações sobre os

alimentos e produtos consumidos. Por outro lado, enquadrar a produção orgânica num

conjunto de instruções normativas e regulamentos tem sido um enorme desafio para os

produtores.

Análise de contexto técnico

Define-se como agricultura orgânica, a produção holística de um sistema de

manejo, que promove e estimula a saúde do agrossistema, incluindo a biodiversidade,

ciclos biológicos e a atividade biológica do solo (FAO, 1999). No sistema de produção

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orgânico também se recomenda, o uso de práticas de manejo em preferência ao uso de

insumos externos à propriedade, levando-se em conta a adaptação dos sistemas às

condições regionais. Soma-se a esse pressuposto o uso, sempre que possível, de práticas

agronômicas, métodos mecânicos e biológicos, em detrimento ao uso de materiais

sintéticos para realização das funções de um determinado sistema. O mercado a que se

destinam tais produtos deve ser um mercado justo.

É necessário utilizar práticas zootécnicas que maximizem o bem estar animal, a

qualidade do produto produzido e o retorno econômico, aliado a genótipos adaptados a

tais tipos de sistemas não intensivos, para que os mesmos produzam adequadamente

sem o uso de insumos externos à propriedade e sem prejuízo a saúde e ao bem estar dos

mesmos.

No meio científico existe confundimento entre sistemas orgânicos de produção e

Agroecologia. Altieri (2001) define agroecologia como ciência, que tem por objeto o

estudo holístico dos agrossistemas buscando o manejo de processos e recursos naturais

para condições específicas de propriedades, respondendo pelas necessidades dos

agricultores. Segundo o Marco de Agroecologia (Embrapa, 2006), agroecologia é a

ciência que disponibiliza os princípios gerais aplicáveis aos sistemas agropecuários

sustentáveis. O sistema orgânico se enquadra nesse contexto, sendo definido como

aquele que não permite: o uso de “agrotóxicos”, medicamentos químicos, hormônios

sintéticos e de produtos transgênicos; restringe a utilização de adubos químicos, inclui

ações de conservação dos recursos naturais, e considera aspectos éticos nas relações

sociais internas da propriedade e no trato com os animais (Khatounian, 2001). Portanto,

nos sistemas orgânicos todas as práticas e processos previstos pela ciência agroecologia

podem e devem ser aplicados.

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Neste contexto, o projeto componente de pesquisa e desenvolvimento da Rede

de Agricultura orgânica-MP1, “Sistemas orgânicos de produção animal”, conduzido na

Embrapa, de 2003 até 2012 (Soares & Schmidt, 2003; Soares & Figueiredo, 2012)

permitiu desenvolver, adaptar e validar tecnologias de pesquisa ligadas aos sistemas

orgânicos de produção de leite, carne e ovos e contribuiu para vários entendimentos

técnicos no uso de práticas e processos agroecológicos. Na evolução desta ação esta

sendo construído o Portfófio de Agricultura de Base Ecológica que reunirá todas as

ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação na Embrapa neste tema.

Normatização

A “Internacional Federation of Organic Agriculture Moviments” – IFOAM é a

entidade responsável por coordenar e reunir todos os processos da produção orgânica no

mundo, visando reduzir a assimetria de informações existentes, padronizando as normas

e credenciando as agências certificadoras, além de abrigar toda a normatização para o

comércio internacional de produtos da agricultura orgânica (IFOAM, 2003).

A estrutura organizacional brasileira é composta por um componente

governamental, que está no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-

MAPA, na Coordenação de Agroecologia–COAGRE (Brasil, 2003). Nessa coordenação

estão contidas as comissões de produção orgânica para cada estado brasileiro. São as

CPORGs- Comissões de Produção Orgânica dos respectivos estados da federação, as

quais desenvolvem, encaminham e discutem todos os assuntos relacionados á produção

orgânica nos respectivos estados.

A Lei dos Orgânicos (Lei 10.831/03) rege a agricultura orgânica brasileira,

sendo o produto orgânico, aquele que engloba todos os outros processos de produção

denominados como ecológico, biodinâmico, natural, regenerativo, biológico,

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agroecológico, permacultivado e outros (Darolt, 2002). A lei foi regulamentada pelo

Decreto no 6323 e suas Instruções Normativas-IN, com destaque para a IN 46 (Brasil

2011) que orientam as práticas e processos para a produção animal e vegetal no Brasil.

Sendo necessário relacionar os passos sobre conversão e certificação para adequação

aos sistemas orgânicos.

O período de conversão necessário para culturas anuais é de 12 meses em

manejo orgânico; para culturas perenes 18 meses e para pastagens perenes em manejo

orgânico ou em pousio 12 meses. Para animais e seus produtos esse período é de pelo

menos ¾ do período de vida para aves de corte; no mínimo de 75 dias para aves de

postura; no mínimo seis meses para bovinos de leite e no mínimo 12 meses para

bovinos para corte.

A certificação ou avaliação da conformidade orgânica tem por objetivo

diferenciar os produtos e fornecer incentivos tanto para os consumidores como para os

produtores. O uso do selo do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade

Orgânica (SBACO), em todos os produtos orgânicos passou a ser obrigatório após

autorização de uso concedida pelos OAC. Exceção ao uso do selo se faz aos produtores

da agricultura familiar que realizam venda direta ao consumidor e que são reconhecidos

como orgânicos através do seu vínculo a uma Organização de Controle Social–OCS

(Sanches & Soares, 2012).

Produção de ovos

Tecnicamente é possível produzir ovos em sistemas orgânicos utilizando-se

galinhas, codornas, patas e marrecas, galinha d´angola, peruas e outras fêmeas de

espécies avícolas. Na produção de ovos de galinha, os sistemas produtivos para o

comércio de ovos devem ser instalados em aviários com cama, bebedouros, comedouros

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e ninhos. As aves podem ser adquiridas com até 16 semanas de idade, já vacinadas

contra as doenças obrigatórias e as de ocorrência local (como por exemplo, Marek,

coccidiose, bouba, bronquite, doença de newcastle, gumboro, paratifo aviário). È

necessário estabelecer um programa de iluminação suplementar para uma boa curva de

produção de ovos, desde que seja respeitado o mínimo de 8 horas de escuro conforme a

legislação. A ração deve ser balanceada em energia metabolizável, proteína bruta, cálcio

e fósforo para as fases pré-postura (15 a 18 semanas), postura I (19 a 40 semanas) e

postura II (acima de 41 semanas), preparada com os ingredientes cultivados na

propriedade e oferecida no comedouro, na quantidade necessária para atender as

exigências das aves em cada fase (Tabela 1).

As galinhas devem efetuar a postura dentro do aviário, em ninhos higienizados.

Após esta, devem ser liberadas para áreas de pastagem (cercadas com tela 2”). A norma

permite que se mantenha um galo para cada 10 galinhas em cada lote e, portanto, que os

ovos para o consumo sejam férteis. Ao final do ciclo (80 semanas de idade) abater todo

o lote fazendo o vazio sanitário. As aves também produzem penas e plumas que podem

ser comercializadas, ou transformadas em composto orgânico juntamente com a cama

dos galinheiros.

Tabela 1. Níveis de energia, proteina, cálcio e fósforo recomendados por fase de criação das

poedeiras Embrapa 51 (a título de exemplo de linhagem de ovos para sistemas orgânicos)

extraído de Ludke et al., (2010).

Nutrientes Inicial Recria Produção I Produção II

0-6 Sem 7-18 Sem 19-45 Sem > 46 Sem

Energia Metabolizável (Kcal/kg) 2850-2900 2700-2750 2800-2850 2800-2850

Proteína (%) 20,0-20,5 14,0-14,5 15,5-16,0 15,0-15,5

Fibra (% máximo) 5,0 5,0 5,0 5,0

Cálcio (%) 0,75-0,80 0,85-0,90 3,4-3,6 3,7-3,8

Fósforo Disponível (%) 0,42 0,36 0,42 0,42

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Para suprir tais exigências é possível utilizar os alimentos mostrados na Tabela

2, observando-se os limites recomendados. As poedeiras das linhagens Embrapa 031 e

051 em dois sistemas de alojamento (confinado e semi-confinado) produziram,

respectivamente 248 e 255 ovos com as rações da Tabela 3 (Figueiredo et al., 2010).

Tabela 2. Ingredientes e níveis de inclusão (%) nas rações/fase e quantidade estimada para 100

poedeiras, conforme idade ou fase de produção (Ludke et al., 2010).

Ingrediente (fonte) Inclusão (%) p/idade ou fase* Meses Kg/ano/100

aves Até 6 sem De 7-18 sem Produção

Trigo germinado (E) 60 70 60 3 800

Aveia (E) 30 35 30 4 500

Cevada (E) 30 35 30 4 500

Triguilho (E) 20 25 20 6 550

Triticale (E) 30 35 30 6 770

Torta de canola (P) 21 18 18 6 440

Canola integral (IA) 15 20 20 3 220

Farelo de trigo (IB) 6 10 8 12 440

Ervilha (IB) 5 10 10 6 220

Milho amarelo comum** 60 70 60 12 3100

Sorgo (E)*** 60 70 60 8 2100

Milhetos (E) 45 50 45 6 1100

Arroz grão com casca (E) 30 35 30 6 660

Farelo de arroz (E) 8 12 10 6 270

Raiz mandioca seca (E) 35 40 35 9 1300

Torta de soja** 30 25 25 12 1300

Torta de algodão (P) 24 20 20 8 600

Feno folha mandioca (P) 5 10 10 3 100

Torta de girassol (P) 15 15 15 6 330

Feno de alfafa (IB) 5 5 5 8 150

Grão de soja tostado (IA) 15 20 20 3 220

Grão de girassol (IA) 15 20 20 6 440

* Parcialmente adaptado de Leeson e Summers (1997). ** Milho amarelo comum e torta de soja são, respectivamente, os padrões para fonte energética e fonte protéica. *** Fontes energéticas

(E), protéicas (P), intermediárias com alta concentração (IA) e, intermediárias com baixa

concentração (IB).

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Tabela 3. Exemplos de fórmulas de ração de poedeiras (ingredientes de inverno-E1 e de verão-

E2/fase (Ludke et al., 2010).

Ingredientes, % Fórmulas por fase de produção

0-6 sem 7–18 sem 19–45 sem >46 sem

E1 E2 E1 E2 E1 E2 E1 E2

Aveia, grão 12,13 - 30,00 - - - - -

Canola, semente int. tostada - - 15,16 - 18,00 - 25,00 -

Canola, far. extração mecânica 14,30 - - - 12,00 - - -

Trigo, grão 49,50 - - - - - 7,10 -

Cevada, grão - - 23,00 - - - 10,81 -

Trigo, farelo - - 11,00 - - - 5,00 -

Ervilha, grão partido - - 18,00 - - - 8,00 -

Triticale, grão - - - - 20,04 - - -

Gergelim, far. extr. mecânica - - - - - 5,00 4,40 6,00

Milho, grão - - - 35,43 27,00 34,78 18,00 36,78

Arroz, farelo integral - 12,00 - 7,50 - - - -

Sorgo, grão - 38,00 - - - - - -

Alfafa, feno - - - 7,50 - - - -

Mandioca, feno folhas - - - 10,00 - - - -

Milheto, grão - - - 12,00 - 10,00 - 9,50

Soja, semente tostada 21,50 - - - - 12,50 - 11,00

Soja, farelo extração mecânica - 27,25 - 8,00 7,00 6,24 4,00 6,35

Girassol, semente - 20,00 - 17,00 - 17,00 - 15,00

Urucum, semente - - - - 4,90 3,50 6,00 3,50

Fosfato bicálcico 1,40 1,35 0,85 1,25 1,62 1,60 1,45 1,65

Calcário calcítico 0,67 0,90 1,55 0,85 8,95 8,85 9,75 9,71

Sal comum 0,33 0,33 0,27 0,30 0,28 0,32 0,28 0,30

Premix vitamínico 0,12 0,12 0,12 0,12 0,15 0,15 0,15 0,15

Premix mineral 0,05 0,05 0,05 0,05 0,06 0,06 0,06 0,06

Total 100 100 100 100 100 100 100 100

Produção de carne

A produção orgânica de carne depende de espécies, raças e sistemas produtivos

adequados. Os frangos, suínos e bovinos de corte são criados exclusivamente para a

produção de carne e produtos processados.

Os sistemas produtivos para o comércio de carne de frangos, por exemplo,

devem ser instalados em aviários (fixos ou móveis) com cama, bebedouros e

comedouros. Os pintos podem ser adquiridos com até três dias de idade já vacinados

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(por exemplo, contra Doença de Marek, bouba e coccidiose) e criados até 28 ou mesmo

até 45 dias de idade (dependendo das condições climáticas) fechados em aviários e após

essa idade podem ser liberados para áreas de pastagem cercadas (tela malha 2”). Abater

os frangos com idade acima de 81 dias de idade. A ração deve ser balanceada em

energia metabolizável e proteína bruta para as fases de cria (1-28 dias), crescimento (29-

63 dias) e terminação (64 dias até o abate) e preparada com os ingredientes cultivados

na propriedade e oferecida em comedouros, na quantidade necessária para atender as

exigências das aves (Ávila & Soares, 2010; Ávila et al., 2005; Schmidt & Figueiredo,

2005). A utilização de linhagens industriais na produção diferenciada pode reduzir custo

de produção, pois frangos das linhagens Ross e Embrapa 041 mostraram desempenho

satisfatório abatidos aos 84 dias (Schmidt & Figueiredo 2005).

Na produção orgânica de suínos recomenda-se o sistema intensivo de suínos

criados ao ar livre-SISCAL para as porcas, criando-se os leitões da desmama (35-42

dias de idade) até o abate em creches (fixas ou móveis) com cama e solário ou piquete.

Nessas condições obtém-se desempenho próximo do sistema convencional e eliminam-

se as dificuldades da criação e engorda à solta. É um sistema utilizado em países

europeus. Os suínos terminados devem ser abatidos com no mínimo 85 kg de peso vivo.

A pesquisa da suinocultura orgânica na Embrapa Suínos e Aves sucederam as

pesquisas do SISCAL (Leite et. al., 2001) e buscou o desenvolvimento de dietas e de

genótipos animais mais adaptados ao sistema de produção orgânica. Promoveu-se o

estudo de várias dietas por fase da criação e também o estudo de cruzamentos da raça

Moura (raça rústica) com genótipos especializados para produção de carne, avaliando-se

a viabilidade para a produção em sistemas orgânicos e em transição. Existem evidências

de superioridade nos parâmetros de qualidade da carne, em especial aqueles exigidos

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para a produção de presuntos curados, com possibilidade de agregar valor (Fávero et al.

2007). Foi observado conteúdo de marmoreio mais elevado na carne de suínos de

genótipos que continham a raça Moura em diferentes proporções (Bertol et al., 2010).

Alimentando-se porcas em gestação e lactação com dietas alternativas

compostas por ingredientes obtidos na propriedade (Bertol et al., 2005), obteve

desempenho satisfatório, conforme Tabelas 4, 5 e 6. As dietas apresentaram custos

menores, ainda que associadas a pequena queda no desempenho (Ludke et al. 2004),

porém permitiram que vários alimentos fossem testados, visando avaliar o potencial de

utilização na formulação de rações de baixo custo e construir um programa de

formulação para dietas orgânicas (PROSUINOS) com base nas tabelas de exigência e

composição de alimentos (Ludke et al., 2010).

Uma ampla revisão sobre alimentos alternativos para a formulação de dietas é

apresentada por Ludke et.al. (2010). Atualmente, novos alimentos vêm sendo

investigados, entre eles a palma forrageira, grão de ervilha forrageira (Bertol et al.,

2005), farinha de varredura de mandioca, farelo de tomate, farelo de algodão e sorgo,

que será de grande utilidade na formulação de dietas de baixo custo, reduzindo a

competição com a alimentação humana, possibilitando maior viabilidade para a

produção orgânica de suínos.

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Tabela 4. Exemplo de dietas de gestação (convencional-T1, caldo de cana-T2 e mandioca-T3) e

lactação (T1, cereais de inverno-T4 e raspa de mandioca-T5) (Bertol et al., 2005).

Ingredientes, % Dietas para gestação Dietas para lactação

(T1) (T2) (T3) (T1) (T4) (T5)

Milho em grão 69,84 --- --- 68,77 --- ---

Farelo de soja 12,21 --- --- 27,54 8,00 14,29

Silagem de milho --- 20,00 20,00 --- 20,00 28,48

Caldo de cana --- 39,46 --- --- --- ---

Mandioca integral --- --- 46,06 --- --- ---

Triticale --- 24,15 19,15 --- --- ---

Trigo --- --- --- --- 19,70 ---

Cevada --- --- --- --- 25,00 --

Raspa de mandioca --- --- --- --- --- 30,00

Soja em grão tostada --- 13,57 12,11 --- 23,52 23,50

Farelo de trigo 14,21 --- --- --- --- ---

Premix vitamínico1 0,10 0,07 0,07 0,10 0,10 0,10

Premix mineral2 0,10 0,07 0,07 0,10 0,10 0,10

Calcário 1,67 0,84 0,78 1,31 1,35 1,05

Fosfato bicálcico 1,55 1,55 1,47 1,97 2,02 2,27

Sal 0,32 0,29 0,29 0,21 0,21 0,21

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Valores calculados/kg da dieta

Materia seca, % 87,93 56,43 58,84 88,09 83,98 82,12

EM, kcal 3100 2067 2067 3256 3012 2965

Proteína bruta, % 12,67 9,21 8,75 17,48 17,95 17,53

Fibra bruta, % 3,27 1,75 1,99 2,57 3,95 3,24

Cálcio,% 1,00 0,67 0,67 1,00 1,00 1,00

Fósforo total, % 0,72 0,48 0,48 0,72 0,72 0,72

Lisina, % 0,600 0,437 0,431 0,970 0,970 1,034

O comportamento, bem estar animal (Ludke et al., 2006), desempenho produtivo

e reprodutivo e qualidade de carcaça e da carne (Dalla Costa et al., 2001a; Dalla Costa

et al., 2001 b) e a segurança dos alimentos (Ludke et al., 2006), foram avaliados em

diferentes sistemas de produção.

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Tabela 5. Exemplo de dietas para leitões na fase de aleitamento (Bertol et al., 2005).

Ingredientes Convencional-T1 Leite fervido-T2 Ovos cozidos-T3

Milho em grão, seco 36,27 --- 9,34

Silagem de milho --- 25,00 25,00

Farelo de soja 19,94 20,00 20,00

Trigo --- 11,42 10,00

Soja em grão tostada --- 21,00 20,30

Soro de leite em pó 14,00 --- ---

Proteina texturizada de soja 14,00 --- ---

Lactose 8,00 --- ---

Oleo de soja 3,17 --- ---

Ovos cozidos --- --- 12,50

Leite integral fervido --- 20,00 ---

L-Lisina 0,10 --- ---

DL-Metionina 0,13 --- ---

Premix vitamínico1 0,20 0,20 0,20

Premix mineral 0,15 0,15 0,15

Calcário 0,86 0,89 0,99

Fosfato bicálcico 1,24 1,07 1,28

Sal 0,28 0,27 0,24

Premix de zinco 0,50 --- ---

Acido fumárico 1,00 --- ---

Oxitetraciclina 0,14 --- ---

Total 100,00 100,00 100,00

Valores calculados/kg da dieta

Matéria seca, % 91,06 67,01 74,42

EM, kcal 3400 2542 2864

Proteína bruta, % 20,86 20,29 21,46

Extrato etéreo, % 1,86 5,65 6,54

Fibra bruta, % 1,68 2,61 2,75

Cálcio,% 0,80 0,68 0,75

Fósforo total, % 0,65 0,55 0,61

Tripofano, % 0,260 0,274 0,277

Treonina, % 0,860 0,790 0,845

Lisina, % 1,350 1,186 1,271

Metionina+cistina, % 0,770 0,647 0,753

Sódio, % 0,20 0,20 0,20

A produção de carne orgânica utilizando-se espécies ruminantes como bovinos,

búfalos, ovinos e caprinos pode ser mais fácil do que utilizando espécies monogástricas,

em virtude da maior facilidade de obtenção dos ingredientes para as dietas dos

ruminantes.

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Atualmente, no Brasil, somente uma indústria tem comercializado carne

orgânica certificada, produzida por duas associações de produtores de carne orgânica

localizadas na Bacia Hidrográfica do Pantanal, a Associação Brasileira de Produtores de

Animais Orgânicos-ASPRANOR, no estado do Mato Grosso (ASPRANOR, 2012), e a

Associação Brasileira Pantanal Orgânico-ABPO, no estado do Mato Grosso do Sul

(ABPO, 2012), envolvendo 27 fazendas localizadas nas Sub-regiões da Nhecolândia e

Nabileque no Pantanal Sul-mato-grossense, ocupando uma área de mais de 110 mil

hectares, ambas com rebanho estimado em 85 mil cabeças. Reúne as fazendas

habilitadas e certificadas pelo IBD. A JBS FRIBOI fez um acordo de exclusividade de

fornecimento de gado com a ABPO e ASPRANOR, logo, somente a JBS trabalha com a

carne orgânica habilitada e certificada no Brasil (ABPO, 2012).

Na produção de ruminantes, há necessidade de planejar a divisão da área em

parcelas para uso de forma rotativa, em pastejo, alternando com cultivos, garantindo um

período vazio necessário para o rebrote e crescimento das espécies forrageiras e também

a descontaminação natural. Além disso, devem-se reservar algumas áreas para a

formação de capineiras, com uso de gramíneas para corte, fenação ou ensilagem. O

maior gargalo na produção orgânica dos ruminantes está no controle parasitológico,

tanto ecto quanto endoparasitas (Sanches & Soares, 2012; Soares et al., 2008). É

necessário proporcionar lotação adequada para evitar a proliferação de parasitas. A

idade ao desmame não deve ser inferior à 90 dias de idade para bovinos e bubalinos (o

ideal é 210 dias) e à 45 dias de idade (o ideal é 120 dias) para caprinos e ovinos (Soares

et al., 2010).

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Produção orgânica de leite

Vacas, búfalas, cabras e ovelhas, quando oriundas de raças leiteiras, são

utilizadas para a produção de leite, tanto para o consumo doméstico da propriedade,

como para o beneficiamento e envase de leite orgânico, para a industrialização

(fabricação de queijos, iogurtes, sorvetes), ou para venda do excedente às empresas e

cooperativas de laticínios.

A alimentação das vacas deve ser em pastagens, com suplementação em épocas

de escassez, com capineiras, silagem e feno. Outra questão crucial é o tratamento

sanitário, sobretudo das mamites, ecto e endoparasitos uma vez que o leite de vacas

medicadas deve ser descartado durante o período de carência do medicamento. Diante

disso, é necessário planejar o uso rotativo dos piquetes possibilitando o rebrote da

pastagem e também o período de vazio suficiente para eliminar ou reduzir a infestação

por carrapatos e outros parasitas, reduzindo a necessidade de tratamentos (Sanches &

Soares, 2012).

Normalmente se manejam as áreas de pastejo por dividi-las com cerca elétrica,

permitindo o pastejo de uma nova parcela a cada um ou dois dias no máximo. Observar

o fornecimento de mistura mineral completa à vontade para as vacas leiteiras. Os

bezerros devem receber o colostro por cerca de três dias e ser alimentados pela mãe ou

por fêmea substituta por até 90 dias (Sanches & Soares, 2012; Soares et al., 2008).

Em recentes levantamentos de sistemas de produção orgânica de leite nas

regiões sudeste, sul, nordeste, centro-oeste e norte, foram cadastrados 239 produtores

(Soares et. al., 2011), caracterizando-se as propriedades com produção orgânica de leite

por possuir em média 325ha de área total, sendo destas, 138ha dedicados à atividade

leiteira. O rebanho é em média constituído de 41 vacas em lactação, 35 vacas secas.

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Cerca de 60% dos animais são mestiços (Europeu x Zebu) e 40% Zebu. A média da

produção por vaca oscila em torno dos 9,2 kg/dia na época das chuvas, caindo para 8,2

kg/dia na seca (Aroeira et al., 2005).

Do bem-estar animal

Os sistemas orgânicos de produção animal devem ser planejados de maneira que

sejam produtivos e respeitem as necessidades de bem-estar dos animais, optando-se por

animais de raças adaptadas às condições climáticas e ao tipo de manejo empregado.

Devem ser respeitadas as necessidades de liberdade inerentes à cada espécie,

(nutricional, sanitária, de comportamento, psicológica e ambiental) por manter os

animais livres de fome, sede e desnutrição; livres de ferimentos e enfermidades; por

proporcionar manejo, ambiente e instalações apropriados ao comportamento natural da

espécie; por livrá-los da sensação de medo e de ansiedade; por proporcionar liberdade

de movimentos em instalações que sejam adequadas a sua espécie. As instalações

devem ser projetadas e todo o manejo deve ser realizado de forma a não gerar estresse

aos animais.

A ECOCERT BRASIL assinou acordo com a associação HFAC-Humane Farm

Animal Care, dos EUA, para atribuição do selo CERTIFIED HUMANE BRASIL,

seguindo as mesmas regras (com adaptações a realidade brasileira) aplicadas naquele

país (mais de 20 milhões de animais certificados, além de distribuidores e restaurantes).

Manejo de pastagens e balanço nutricional

Entre os experimentos relacionados ao cultivo de pastagens orgânicas, o capim-

tanzania (Panicum maximum Jacq cv. Tanzânia), em consórcio com o calopogônio

(Calopogonium mucunoides Desv.), mostra-se como alternativa viável para melhorar a

qualidade nutricional da gramínea, aumentando o rendimento de MS e teores de PB

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(Soares et al., 2011). Dados da avaliação de três anos de cultivo destas pastagens podem

ser observados na Figura 1 e Tabela 6.

Figura 1. Disponibilidade de Matéria Seca (MS) da pastagem de capim tanzânia solteiro (T) e

em consórcio com calopogônio (T+C), em Seropédica, no período de 2006 a 2008.

Na estação das águas, verificou-se grande disponibilidade de forragem, com

maior produção de massa no sistema consorciado. A associação do tanzânia com o

calopogônio favoreceu o acúmulo de biomassa nos períodos seco e chuvoso,

produzindo para o consórcio em torno de 9,9ton/MS/ano. As concentrações de FDN,

FDA da pastagem de capim tanzânia foram influenciadas pela associação com o

calopogônio apenas no terceiro ano de cultivo. Isto é, o consórcio tanzânia-calopogônio

constituiu importante alternativa pois melhorou a qualidade nutricional da forragem

para o rebanho leiteiro elevando a quantidade de PB disponível para os animais com o

consórcio (Tabela 6).

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Tabela 6. Teores % de Proteína bruta (PB) fibra em detergente neutro (FDN), fibra em

detergente ácido (FDA) na pastagem orgânica de capim tanzânia em monocultivo (T) e em

consórcio com calopogônio (T+C), nos anos de 2006, 2007 e 2008. Seropédica-RJ a.

Ano PB FDN FDA

T T+C T T+C T T+C

2006 3,96Bb 12,34Aa 72,06Aa 71,59Aa 38,78Ba 38,36Ba

2007 4,47Bb 9,27Ba 73,25Aa 72,10Aa 37,00Ba 36,12Ba

2008 6,53Ab 9,38Ba 64,94Ba 63,41Ba 46,02Ab 52,59Aa a Letras distintas, minúsculas/linha e maiúsculas/coluna indicam diferença (P<0,05) pelo teste

de Scott Knott.

O Capim-Elefante (Pennisetum purpureum Schum. Cv cameroon) em consórcio

com Siratro (Macroptilium atropurpureum (DC) Urb) e cana-de-açúcar em consórcio

com Feijão Guandu (Cajanus cajan), também melhoraram o valor protéico, a qualidade

e a produção da capineira. Para o capim-elefante em consórcio com o siratro observou-

se em média a produção de 20,1ton/ha/ano (Tabelas 7 e 8).

Tabela 7. Matéria seca (kg ha-1

) em capineira orgânica de capim elefante em monocultivo (E) e

em consórcio com siratro (E+S), nos anos de 2006, 2007 e 2008, em Seropédica-RJ a.

Ano E E+S

2006 12679 Aa 14275 Aa

2007 7511 Bb 14780 Aa

2008 3364 Cb 7760 Ba a Letras distintas, minúsculas/linha e maiúsculas/coluna indicam diferença (P<0,05)

pelo teste de Scott Knott.

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Tabela 8. Teores % de proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em

detergente ácido (FDA) da capineira orgânica de capim elefante em monocultivo (E) e em

consórcio com siratro (E+S), nos anos de 2006, 2007 e 2008, em Seropédica-RJ a.

Ano PB FDN FDA

E E+S E E+S E E+S

2006 9,77Ab 13,40Aa 71,55Aa 60,55Bb 41,67Aa 41,03Ba

2007 3,26Ba 5,18Ca 75,01Aa 78,22Aa 42,40Ab 46,35Aa

2008 4,32Bb 8,00Ba 70,85Aa 73,04Aa 34,69Ba 36,44Ca a Letras distintas, minúsculas/linha e maiúsculas/coluna, indicam diferença pelo teste de Scott

Knott (P<0,05).

Na avaliação da cana de açúcar (C) consorciada com o guandu (CG) do ano de

2008, foi obtida uma produção de 29,1ton/MS/ano do consórcio, não sendo observadas

diferenças significativas para os teores de FDN, hemicelulose e celulose, exceto para os

valores de FDA e lignina que foram diferentes (Tabela 9). Por outro lado, os teores de

PB encontrados no Guandu solteiro (10,34%) e para o consórcio (6,99%) foram

superiores aos de cana-de-açúcar solteira (3,58%), o que indica que a presença da

leguminosa (isolada ou consorciada) aumenta o valor protéico da dieta proporcionando

alimento de melhor qualidade nutricional para o animal.

Tabela 9. Porcentagem de Proteína bruta, fibra em detergente neutro e ácido (hemicelulose,

celulose e lignina) em cana-de-açúcar (C) solteira e consorciada com guandu (C+G) a.

Forrageiras PB FDN FDA Lignina Hemicelulose Celulose

C + G 6,99b 69,29a 45,95ab 14,24b 23,34a 29,28a

C 3,58c 68,22a 42,54b 10,47c 25,68a 28,52a

G 10,34a 70,92a 49,81a 18,24a 21,11a 30,31a a Letras distintas, na coluna, indicam diferença (P<0,05) pelo teste de Scott Knott.

A produção de leite observada e com base na utilização das pastagens e

volumosos consorciados, apresentou diferenças significativas, entre os períodos das

águas e seco de 2006 a 2008. Mesmo com o aumento da qualidade do volumoso com o

uso do consorcio com as leguminosas não foi suficiente para manter a qualidade da

dieta dos animais quando em pastejo reduzindo a produção de leite (Tabela 10). A

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média da produção por vaca oscilou entre 7,2 a 10,9kg/vaca/dia para o período seco e

das águas, respectivamente, nos três anos avaliados. Sendo semelhante aos encontrados

para produção de leite orgânico nos levantamentos realizados no Brasil de 9,2 kg/dia,

durante a época das chuvas e de 8,2 kg/dia na seca (Aroeira et al., 2005). Houve

diferenças também significativas entre o período das águas dos anos de 2006 e 2008

para a produção de leite das vacas na pastagem consorciada do capim-tanzânia em

consórcio com o calopogônio em comparação para a produção daqueles em pastejo nas

áreas com capim-tanzânia exclusiva (10,9 e 9,0 kg/vaca/dia) e (10,8 e 8,9 kg/vaca/dia)

respectivamente.

Tabela 10. Produção de leite (Kg/dia) de vacas em pastagem de capim Tanzânia solteiro (T) e

consorciado com Calopogônio (T+C), em Seropédica-RJ, de 2006 a 2008 a.

T T+TC

Estação/Ano 2006 2007 2008 2006 2007 2008

Águas 9,0 bA 9,3a A 8,9bA 10,9 a A 9,7 a A 10,8 a A

Seca 7,4 aB 7,6 aB 7,2aB 8,4 aB 8,0 aB 8,3 aB

Média 8,4 8,5 8,1 9,7 8,9 9,6 a

Letras distintas, minúsculas/linha e maiúsculas/coluna, indicam diferença (P<0,05) pelo teste

de Scott Knott.

As exigências de proteína bruta para mantença e produção de vacas produzindo

em torno de 9 Litros de leite/vaca/dia e pesando em média 505kg de peso vivo, não

foram atendidas exclusivamente com os volumosos suplementares no período seco e

com a pastagem no período de chuvas. Pelo balanço de matéria seca ingerida, proteína

bruta e energia do sistema de produção orgânica de leite, apenas atenderam-se as

necessidades de energia. Para atender as exigências de proteína em ambos os períodos

foram administrados concentrados protéicos com 18 e 20% de PB nos períodos das

águas e seco, respectivamente, na quantidade fixa de 2 kg/vaca/dia para atendimento a

legislação (Tabela 11).

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Tabela 11-Balanço de Matéria seca (MS) e proteína bruta (PB) do sistema de produção

orgânica de leite da fazendinha agroecológica KM 47.

Alimentos Consumo MS, kg Consumo PB, kg

Seca Águas Seca Águas

Cana-de-açúcar + guandu (CG)

7,00 0,00 0,48 0,0

Capim-elefante + siratro (CES) 5,00 0,00 0,67 0,0

Capim-tanzânia + calopogônio (TC) 0,00 12,65 0,00 1,10

Consumo total 12,00 12,65 1,15 (b) 1,10 (b)

Exigências em proteína dos animais, kg

Manutenção e produção 1,44 (a) 1,44 (a)

Déficit (a-b)

PB - 0,29 - 0,34

Concentrados

Concentrado protéico 0,32 0,36

Saldo + 0,03 + 0,02

Com a mensuração da produção de matéria seca e proteína bruta obtida através

do manejo de pastagens e forragens suplementares utilizadas na alimentação dos

animais foi possível identificar o nível de fornecimento destes nutrientes para a perfeita

alimentação animal, otimizando práticas e processos e reduzindo os custos de produção

principalmente de concentrado, assim como demonstrando que o manejo alternativo de

pastagens em sistemas orgânico é sustentável, pois consegue manter a produção animal

em nível aceitável, contribuindo para redução do uso de insumos externos à

propriedade, reduzindo o impacto ambiental e a contaminação dos alimentos.

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Considerações finais

Os sistemas orgânicos de produção animal são técnica e economicamente

viáveis. Existem várias possibilidades de arranjos produtivos, mas invariavelmente

todos eles estarão associados à área da propriedade, sua paisagem e recursos naturais,

pois necessariamente deverão ser ambientalmente equilibrados.

Para criações orgânicas de ruminantes é imprescindível áreas de produção de

forragem e para não ruminantes, além destas áreas, também é necessária área de

produção de grãos e cereais. Apenas 20% e 15% da MS ingerida/dia em ingredientes

podem ser adquiridas fora da unidade produtiva para monogástricos e ruminantes

respectivamente.

Os recursos para investimento e custeio são menores, do que no sistema

convencional, com exceção da mão-de-obra que é um limitante nestes sistemas.

A carne, o leite e ovos orgânicos tem maior valor agregado, sobretudo pela

diferenciação fornecida pela legislação, e em sendo processados, ainda podem alcançar

mercados mais distantes e rentáveis da rede de varejo global.

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