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Sistema Aquífero: Aluviões do Tejo (T7) 649

SISTEMA AQUÍFERO: ALUVIÕES DO TEJO (T7)

Figura T7.1 – Enquadramento litoestratigráfico do sistema aquífero

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Sistema Aquífero: Aluviões do Tejo (T7) 650

Identificação

Unidade Hidrogeológica: Bacia do Tejo-Sado

Bacia Hidrográfica: Tejo

Distritos: Lisboa e Santarém

Concelhos: Abrantes, Alenquer, Almeirim, Alpiarça, Azambuja, Benavente, Cartaxo,Chamusca, Constância, Coruche, Entroncamento, Golegã, Salvaterra de Magos, Santarém,Torres Novas, Vila Franca de Xira e Vila Nova da Barquinha

Enquadramento Cartográfico

Folhas 329, 330, 331, 341, 342, 353, 354, 364, 365, 376, 377, 378, 390, 391, 392, 404, 405,418 e 419 da Carta Topográfica na escala 1:25 000 do IGeoE

Folhas 27-C, 27-D, 30-D, 31-A, 31-B, 31-C, 34-B e 35-A do Mapa Corográfico de Portugalna escala 1:50 000 do IPCC

Folhas 27-C, 27-D, 30-D, 31-A, 31-B, 31-C, 34-B e 35-A da Carta Geológica de Portugal naescala 1:50 000 do IGM

Figura T7.2 - Enquadramento geográfico do sistema aquífero Aluviões do Tejo

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Sistema Aquífero: Aluviões do Tejo (T7) 651

Enquadramento Geológico

Estratigrafia e Litologia

Os materiais do sistema são de origem fluvial, aluviões modernas (Holocénico) e terraços(Plistocénico). Estas unidades são caracterizadas por grande irregularidade e complexidade naestratificação.

No vale do Tejo os depósitos aluvionares são, em geral, formados por areias e argilas,interestratificadas, com um depósito basal formado por areias, seixos e calhaus que pode atingir 40m de espessura. Frequentemente, predominam os seixos e calhaus. Estas camadas correspondemao máximo de regressão do Würm. A espessura dos depósitos aluvionares do Tejo aumenta demontante para jusante, atingindo um máximo de 70 m. A montante, a espessura dos lodos diminui,aparecem de forma mais descontínua, e em muitos locais a coluna geológica é constituídaexclusivamente por areias.

Os terraços são constituídos por depósitos basais com seixos e calhaus, seguidos por umcomplexo interglaciário formado por areias e argilas.

Na margem direita do Tejo, os terraços quaternários apresentam grande extensão perto doEntroncamento, Golegã, Azinhaga e Pombalinho. Para sul, a sua extensão decresce rapidamente,aparecendo em retalhos isolados entre Santarém e Lisboa.

Na margem esquerda do Tejo, os terraços podem assumir grande extensão, a sua largura atingevários quilómetros. Cobrem uma área desde Chamusca até ao estuário, onde se fundem comantigas praias. Na mesma margem, existem áreas importantes cobertas por depósitos superficiais deareias, que se estendem entre o rebordo dos terraços e a base das vertentes, atingindo, por vezes,os terraços mais elevados.

Tectónica

Do ponto de vista da tectónica interessa destacar que a zona vestibular do vale do Tejo écaracterizada por uma actividade sísmica importante, relacionada por estruturas profundas de que sedestaca a chamada falha do Tejo. Esta falha, com orientação provável N30E, é mal conhecida poisencontra-se coberta pelas aluviões e outros depósitos recentes (Cabral, 1995).

Hidrogeologia

Características Gerais

A maioria dos furos implantados no sistema capta as areias e cascalheiras da base dos depósitosaluvionares e terraços, que são as unidades mais transmissivas.

De modo geral, nas aluviões, a transmissividade aumenta das margens para a parte central.

Na parte terminal do sistema, a jusante de Valada, as areias e cascalheiras da base dos depósitosaluvionares apresentam-se mais ou menos semiconfinadas por espessas camadas de argilas e/ouareias argilosas. Nesta região, é possível considerar três unidades sobrepostas, do topo para a base:(1) areias com intercalações argilosas; (2) argilas; (3) areias e cascalheiras da base.

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Sistema Aquífero: Aluviões do Tejo (T7) 652

O rio Tejo é o grande eixo longitudinal de drenagem do sistema aquífero. O escoamentosubterrâneo dá-se em direcção ao rio Tejo e, ao longo da faixa das aluviões modernas, até aoestuário. Os vales dos afluentes do rio Tejo drenam escoamentos de trajecto mais reduzido.

A área do sistema é de cerca de 1113 km2, não incluindo as aluviões a jusante de Alverca, pois ajusante a mineralização das águas torna-as impróprias.

É provável que as aluviões do Tejo, incluindo a zona do estuário, sejam áreas de descarga dossistemas aquíferos subjacentes, pois existia artianismo repuxante, em muitas regiões do vale do Tejo,antes da entrada em exploração mais ou menos intensiva daqueles sistemas.

Parâmetros Hidráulicos e Produtividade

As produtividades das captações implantadas neste sistema podem ser caracterizadas pelasestatísticas que se apresentam no quadro T7.1. Como se pode observar, as captações implantadasnas aluviões são mais produtivas que as dos terraços.

Aquífero n Média DesvioPadrão

Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo

Aluviões 135 19,9 16,2 1,0 10,0 12,0 25,0 80,0Terraços 73 12,6 10,2 1,1 5,5 10 15,0 50,0

Quadro T7.1 - Principais estatísticas dos caudais (L/s)

Os valores de transmissividade, estimados a partir de ensaios de bombagem (Quadro T7.2)variam entre 6 m2/dia e 5794 m2/dia. O valor médio das transmissividades dos terraços é superiorao das aluviões. Esta contradição aparente, entre as médias das transmissividades e dos caudais dascaptações, pode ser devido ao facto de se ter usado um menor número de observações paracalcular as estatísticas da transmissividade.

Aquífero n Média DesvioPadrão

Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo

Aluviões 80 1585 1080 6 823 1493 2246 5575Terraços 28 2018 1442 92 924 1573 2899 5794

Quadro T7.2 - Principais estatísticas da transmissividade (m2/dia)

A gama de valores encontrada indica uma capacidade transmissiva elevada e grandeheterogeneidade. As áreas laterais são menos transmissivas que a parte central do aquífero.

O valor médio da condutividade hidráulica, estimado a partir da equação K = T/b, onde T =transmissividade, K = condutividade hidráulica e b = espessura do aquífero, é de 140 m/dia para osterraços e 136 m/dia, para os depósitos aluvionares. Com base nestes valores relativamenteelevados, o aquífero pode ser classificado como bom. Tal como acontece com a transmissividade, acondutividade hidráulica é mais elevada na parte central do aquífero.

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Sistema Aquífero: Aluviões do Tejo (T7) 653

Aquífero n Média DesvioPadrão

Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo

Aluviões 78 140 98 1,1 65 122 194 464Terraços 22 136 56 43 88 127 170 229

Quadro T7.3 - Principais estatísticas da condutividade hidráulica (m/dia)

A distribuição espacial do caudal específico mostra um padrão semelhante à da transmissividadee condutividade hidráulica, ou seja, valores mais elevados nas áreas centrais e situadas a montante.

Aquífero n Média DesvioPadrão

Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo

Aluviões 137 7,5 4,8 0,2 3,7 6,8 9,9 25Terraços 72 6,2 7,0 0,03 1,5 4,7 7,7 41

Quadro T7.4 - Principais estatísticas do caudal específico (L/s.m)

O coeficiente de armazenamento, calculado a partir de ensaios de bombagem, varia entre2,13×10-5 e 0,10, com média igual a 8,39×10-3. Esta gama de valores indica que o aquífero passalateralmente de livre a condições de confinamento ou semi-confinamento.

Análise Espaço-temporal da Piezometria

O potencial hidráulico, nas zonas altas ou de interflúvio, diminui com a profundidade; na zonacentral e baixa, das lezírias, e nos vales afluentes do rio Tejo, aumenta naquele sentido. Naquelaszonas predomina a recarga enquanto nas últimas se dá a descarga do sistema aquífero.

Nas camadas superficiais das zonas de interflúvio da margem esquerda do Tejo, o escoamentofaz-se para os vales que as limitam, dando origem a escoamentos locais de percurso reduzido.

A vala de Alpiarça e o rio Sorraia, na margem esquerda, e a vala de Azambuja, na margemdireita, constituem também estruturas drenantes das camadas superficiais, ao longo do vale do Tejo.

O escoamento nas camadas superficiais, dá-se com gradiente relativamente elevado, na árearecoberta pelos terraços, correspondendo às zonas de maior gradiente topográfico. Na zonaaluvionar, o gradiente é baixo, tomando valores que poderão ser da ordem de 10-5 a 10-4, cerca dalezíria de Vila Franca de Xira.

Nas camadas de cascalheira da base, o gradiente hidráulico é muito baixo. Na maior parte daárea o escoamento tem componente vertical ascendente, com drenância através da camada de lodosque recobre, de forma mais ou menos contínua, o aquífero de areias e areias com seixos e calhaus,da base das aluviões.

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Balanço Hídrico

O balanço hidrológico do sistema aquífero em regime permanente, calculado através de modelode fluxo em diferenças finitas (Mendonça, 1990), é sintetizado no quadro seguinte:

Entradas (m3/dia) Saídas (m3/dia)Infiltração 585 450 Estuário 17 341Barragem de Magos 420 Rios 508 072

Nascentes 42 008Total 585 870 Total 567 421

Erro 18449 Erro relativo 3 %

Quadro T7.5 - Balanço hidrológico calculado por Mendonça, 1990

Considerou-se uma recarga de 200 mm/ano, com excepção da zona da lezíria de Vila Franca deXira e campos de Valada, onde se tomou metade daquele valor. Aquele valor corresponde a 30%da média da precipitação na área do aquífero e foi assumido com fundamento em balançohidrológico a nível do solo e no balanço do ião cloreto (Mendonça, 1990 e 1991).

Do total da recarga considerada, 585 870 m3/dia, cerca de 87% são drenados pelos rios, 7%pelas nascentes e 3% pelo estuário. O rio Tejo e os seus afluentes da margem esquerdadescarregam cerca de 94% da água drenada pelos rios.

Para o ano de 1985, Mendonça (1990) propunha o balanço seguinte:

Entradas (m3/dia) Saídas (m3/dia)Infiltração 585 450 Estuário 14 307Rios 3 525 Rios 389 323Armazenamento 447 Nascentes 37 826Total 589 422 Total 565 685

Erro 23737 Erro relativo 4 %

Quadro T7.6 - Balanço hidrológico calculado por Mendonça (1990) para o ano de 1985

A contribuição das diferentes parcelas para o caudal bombeado seria a seguinte: rios com 95,6%, nascentes com 3,4 %, recarga induzida com 2,5 % e estuário com 3,5 % (erro de fecho: 3,5%).

Actualmente, presume-se que o caudal extraído seja significativamente inferior ao caudalbombeado em 1985, nomeadamente, por abandono ou diminuição de extracções nos campos decaptação da EPAL.

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Qualidade

Considerações Gerais

As análises respeitantes a este sistema foram efectuadas no período compreendido entre Maio eDezembro de 1996. Algumas das análises correspondem a diferentes colheitas feitas na mesmacaptação, correspondendo às águas baixas e águas altas.

As profundidades de amostragem variam entre os 6 e 73 m.

Figura T7.3 - Diagrama de Piper relativo às águas do sistema das Aluviões do Tejo

Na tabela seguinte apresentam-se as principais estatísticas relativas às águas deste sistema(Quadro T7.7).

n Média DesvioPadrão

Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo

Condutividade(µS/cm)

32 511 332 192 256 431 690 1800

pH 27 6,95 0,6 6,0 6,5 6,9 7,5 8,1Cloreto (mg/L) 9 48,3 26,4 31,3 34,8 38,2 48,7 115Potássio (mg/L) 8 3,3 1,8 1,7 2,5 2,6 3,4 7,5Nitrito (mg/L) 17 0,47 0,38 0 0,14 0,64 0,69 0,88Nitratos (mg/L) 27 34,6 27,7 0,5 11,4 30,2 51,95 109Alcalinidade 9 87,4 74,7 30,4 39,6 48,6 91,5 232Oxidabilidade 9 0,95 0,17 0,7 0,9 1 1 1,1Sulfato (mg/L) 9 32,8 30,1 5,2 10,7 23,5 31,2 83,9Dureza Total(mg/L CaCO3)

9 124 94 33 40 130 172 304

Sódio (mg/L) 8 37,6 19,1 25,4 26,3 30,5 38,8 82,2Cálcio (mg/L) 9 30,8 25,7 6,5 8,4 31,8 38,2 75,9Magnésio(mg/L)

9 11,5 8,1 3,3 5,3 9 13,5 28

Quadro T7.7 - Principais estatísticas das águas do sistema Aluviões do Tejo

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Com base num conjunto maior de análises antigas, realizadas em amostras colhidas nas aluviões,obtiveram-se as estatísticas que constam do quadro T7.8 (fig. T7.4).

Figura T7.4 - Diagrama de Piper relativo às águas do sistema das Aluviões do Tejo

n Média DesvioPadrão

Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo

Condutividade(µS/cm)

61 1117 738 167 531 993 1496 3191

pH 61 7,51 0,38 6,00 7,30 7,55 7,72 8,58Bicarbomato(mg/L)

63 297 151 54 12 299 377 1043

Cloreto (mg/L) 63 206 205 26 41 133 277 838Sulfato (mg/L) 63 50 34 0,5 19 46 72 133Nitrato (mg/L) 24 10 20 0,6 2 5 9 98Sódio (mg/L) 61 181 142 16 44 161 237 606Cálcio (mg/L) 63 50 33 4,4 24 42 70 130Magnésio (mg/L) 63 20 14 3,9 7,4 14 23 65,4

Quadro T7.8 - Principais estatísticas das águas do sistema Aluviões do Tejo (Aluviões)

A partir de um conjunto de análises antigas das águas dos terraços determinaram-se asestatísticas principais que constam do quadro T7.9 (figura T7.5).

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Sistema Aquífero: Aluviões do Tejo (T7) 657

n Média DesvioPadrão

Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo

Condutividade(µS/cm)

30 743 1082 140 252 316 608 4659

pH 34 6,4 0,4 5,9 6,1 6,4 6,7 7,3Bicarbonato(mg/L)

35 93 69 22 38 73 126 366

Cloreto (mg/L) 35 93 87 31 45 53 119 402Sulfato (mg/L) 34 118 294 4.3 14 27 40 1321Sódio (mg/L) 30 71 66 12 31 43 85 290Cálcio (mg/L) 35 48 76 7,6 12 17 43 342Magnésio (mg/L) 35 18 27 2,7 5,7 9,2 15 125

Quadro T7.9 - Principais estatísticas das águas do sistema Aluviões do Tejo (Terraços)

Figura T7.5 - Diagrama de Piper relativo às águas do sistema das Aluviões do Tejo

(Terraços)

A evolução da qualidade da água subterrânea pode ser apreciada através da comparação dosvalores obtidos no mesmo ponto de água, em diferentes épocas. A seguir faz-se uma síntese dosaspectos principais.

Nitrato - verifica-se um grande aumento nas concentrações, desde a década de 70 até 1996,nomeadamente nos seguintes pontos de água: 330/103 (de 0,47 para 11,5 mg/l); 330/147 (de 4,2para 48,2 mg/l); 330/e (de 16 para 54 mg/l); 342/22 (de 16 para 42,2 mg/l); 342/78 (de “nãoacusar” para 49,9 mg/l); 365/15 (de 0,7 para 23,9 mg/l); 377/b (de 0,6 para 8,7 mg/l) e 391/243(de 2 para 20,4 mg/l).

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O ponto 342/83 passa de um valor de 4,81 mg/l, registado em 6/54, para 109 mg/l, registado em11/96, sendo esta a maior diferença que se verifica.

Condutividade - de um modo geral, também se verifica o aumento dos valores medidos entre adécada de 70 e 1996. O ponto de água em destaque é o 342/78, onde se verificou que os valorespassaram de 230 µS/cm para 881 µS/cm.

Cloreto - quanto a este anião, existe um comportamento bastante heterogéneo. Assim, existemalguns pontos de água amostrados em que os teores diminuíram da década de 70 para 1996. Casodos pontos 330/103 e 377/b. Noutros pontos, os valores de cloreto medidos mantiveram-seconstantes: 330/e, 342/22, 365/15 e 391/243. Nos pontos de água 330/147 e 342/78, os teoresaumentaram bastante da década de 70 para 1996, com destaque para este último ponto.

Sulfato - em todos os pontos aumentou o teor neste anião, com destaque para o ponto 342/78,em que de 1972, com um valor de 7,4 mg/L passou para 83,9 mg/L, em 1996.

Dureza Total - também se verifica que em todos os pontos, os valores aumentaram, comdestaque, novamente, para o ponto 342/78, que passou de 29 para 304 mg/L CaCO3.

Cálcio - a maior parte dos pontos de água acusa um aumento no teor deste catião. Nalgunscasos, esse aumento é bastante elevado: 330/103 (de 25,9 mg/L para 63,4 mg/L); 342/78 (de 6,2para 75,9 mg/L).

Magnésio - também predomina o aumento, mas com subidas pouco significativas.

Em estudo que engloba a área do sistema aquífero Aluviões do Tejo, Cerejeira et al. (1999)apresentam uma síntese dos resultados da avaliação da contaminação de águas subterrâneas compesticidas. No período de 1991-1995 (o estudo incidiu sobre 87 furos, de que se desconhecem alocalização e as características), detectaram resíduos de atrazina em concentração superior a 0,1µg/L (VMA) na água de 27 dos furos. No período de 1996-1998, na água de 11 dos 40 furosconsiderados, detectaram-se a presença de resíduos concentração superior a 0,1 µg/L, de pelomenos um dos seguintes pesticidas: alacloro, atrazina, metolacloro, metribuzina e simazina.

Da análise dinâmica dos resíduos de pesticidas na água subterrânea, aqueles autores constataramque, de um modo geral, havia uma variação das concentrações doseadas ao longo da época dascolheitas.

A presença de concentrações elevadas de nitratos no sistema aquífero em concentrações queultrapassam os VMA é referido, por exemplo, por Cerejeira et al. (1995) e Batista et al. (1998).A área a montante de Santarém é referida como mais problemática.

Qualidade para Consumo Humano

Em relação aos nitratos, como se observa no Quadro T7.10, verifica-se que 26% apresentamvalores superiores ao VMA, com um valor máximo de 109 mg/L (obtido em colheita efectuada emDezembro de 1996).

Não se verifica qualquer correlação entre os valores de nitrato e a profundidade de amostragem.

Os valores de cloretos encontram-se todos entre o VMR e o valor de 200 mg/L, valor esteacima do qual, se considera poderem ocorrer efeitos nocivos.

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Em relação ao cálcio, magnésio, sódio e potássio, verifica-se que todos os valores estão abaixodo VMR, excepto para o sódio, que todos os teores estão entre os VMR e VMA.

Verifica-se uma amostra com um valor de condutividade igual a 1800 µS/cm e que foi recolhidaa uma profundidade de 6 m.

Anexo VI Anexo I -Categoria A1

Parâmetro <VMR >VMR >VMA <VMR >VMR >VMA

pH 100 0 0 100 0

Condutividade 47 53 97 3

Cloretos 0 100 100 0

Dureza total 0

Sulfatos 56 44 0 100 0 0

Cálcio 100 0

Magnésio 100 0 0

Sódio 0 100 0

Potássio 100 0 0

Nitratos 44 56 26 44 56 26

Nitritos 24

Oxidabilidade 100 0 0

Ferro - - 0 - - 0

Quadro T7.10 – Apreciação da qualidade face aos valores normativos

Uso Agrícola

As águas distribuem-se pelas classes C1S1 (37,5%), C2S1 (50%) e C3S1 (12,5%), pelo querepresentam um perigo de salinização dos solos baixo a alto e um perigo de alcalinização dos solosbaixo.

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Figura T7.6 - Diagrama de classificação da qualidade para uso agrícola

Bibliografia

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Sistema Aquífero: Aluviões do Tejo (T7) 661

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