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¹ Graduando do Curso de Geografia da Universidade Federal de Santa Catarina 2 Mestrado em Engenharia de Transporte e Gestão Territorial
³ Docente do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA DE APOIO AO
CONTROLE DE OCUPAÇÃO E USO DO SOLO NO MUNICÍPIO DE
SÃO JOSÉ
Derik König¹
Bruno Montibeller¹ Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Filosofia e Ciências Humanas
Departamento de Geociências [email protected]
Thiago Panchiniak² Universidade Federal de Santa Catarina
Centro Tecnológico Departamento de Engenharia Civil
Prof. Dr. Everton da Silva³
Prof. Dr. Joel Robert Georges Marcel Pellerin³ Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Filosofia e Ciências Humanas
Departamento de Geociências Curso de Geografia
Resumo:
O presente trabalho visa descrever a metodologia empregada para estruturar os dados oriundos do projeto
intitulado “Elaboração de cartas geotécnicas de aptidão à urbanização frente aos desastres naturais no Município
de São José” em um Sistema de Informação Geográfica. As etapas desenvolvidas neste processo envolveram a
elaboração de um diagrama de entidade e relacionamento das classes que formaram a base de dados, com a
descrição dos atributos de cada uma das classes, e a preparação dos dados para formarem a base de dados, onde
procedimentos de correção topológica foram aplicados para evitar erros nos processamentos dos dados. São
apresentados os elementos da visualização das camadas (classes) que possibilitam a geração de adequada
interface para os usuários e, por fim, demonstra-se a estratégia de disponibilização do Sistema de Informação
Geográfica para uso do município. Este trabalho foi realizado pelo Laboratório de Geoprocessamento do
Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina, em parceria com o Ministério das
Cidades.
Palavras chaves: Sistemas de Informação Geográfica, Desastres Naturais, Urbanização.
Abstract:
This present work aims to describe the methodology used for organizing the data from the project entitled
“Elaboration of Geotechnical charts for urbanization aptitude in the context of Natural Disasters in the
municipality of São José” in a Geographic Information System. The steps developed in this process
involved the elaboration of a diagram of entity and relationship of classes that formed the Data Base, with
the description of attributes of each one of the classes, and the preparation of data to constitute the Data
Base, where procedures of topological correction were applied to avoid errors in the processing of data.
The elements of visualization of layers (classes) that enable the generation of adequate interface for users
is presented and, by the end, the strategy for the presentation of the Geographic Information System for
use of the municipality is demonstrated. This work was realized by the Laboratório de Geoprocessamento
of the Universidade Federal de Santa Catarina, in partnership with the Ministério das Cidades.
Keywords: Geographic Information Systems, Natural Disasters, São José.
1. Introdução
A elaboração de uma base de dados para compor um Sistema de Informação
Geográfica é composta por diversas etapas, entre estas: a aquisição de dados, que podem
possuir entre si um maior ou menor grau de heterogeneidade de formatos em virtude da
multiplicidade de fontes a partir das quais podem ser adquiridos; a integração dos mesmos
através de um ou mais programas com a capacidade de lerem e/ou converterem dados
arquivados em diversos formatos; o manejo dos dados, tais como: edições gráficas e de
atributos requeridos para viabilizar a execução futura de operações de geoprocessamento; a
execução dessas mesmas operações para geração de Camadas constituintes da base de dados
em si e a disposição final dos dados, constituindo base de consultas e execução de operações
ou como recomendação de ordenação dos dados transmitidos.
A execução dessas etapas é influenciada por fatores diversos, tais como: as
necessidades do usuário final, que orientam a busca e a edição, organização e disposição de
dados; as fontes de dados disponíveis e passíveis de serem integradas ao sistema e o tempo
destinado à montagem do sistema de informação como um todo. Os Sistemas de Informação
Geográfica, juntamente com o geoprocessamento, dentre várias aplicações, podem ser
utilizados para averiguar as condições ambientais de áreas suscetíveis à processos que
desencadeiam prejuízos econômicos, danos humanos e materiais. Tais consistem em
condicionantes adicionais da execução de um banco de dados, que passa a se destinar a
identificar a aptidão das áreas de estudo, no caso do projeto descrito neste artigo, à
urbanização.
Em virtude dos objetivos do Projeto “Elaboração de cartas geotécnicas de aptidão à
urbanização frente aos desastres naturais no Município de São José, Estado de Santa
Catarina”, procedeu-se à formação, através de uma metodologia calcada nos princípios dos
Sistemas de Informação Geográfica, de uma Base de Dados Georreferenciada que integrasse
os resultados do Projeto de extensão.
2. Sistemas de Informação Geográfica: definições de amparo
O termo Sistema de Informação Geográfica (SIG) é aplicado para sistemas que
realizam o tratamento computacional de dados geográficos e armazenam a geometria e os
atributos dos dados que estão georreferenciados, isto é, localizados na superfície terrestre e
representados numa projeção cartográfica (Câmara et al., 2004).
De acordo com Longley et al. (2005) há seis partes componentes em um SIG: Pessoas,
Software, Hardware, Dados e Procedimentos interconectados por uma rede. Esta rede possui
relações crescentes com a internet, cuja rápida evolução nas últimas duas décadas permitiu a
acelerada transferência e divulgação de dados e atualmente favorece o geoprocessamento
acessível através do ‘Webmapping’.
Tantas são as concepções de SIG quantos são os contextos de sua utilização. A
definição sob a qual se ampara o presente trabalho parte da consideração de que o SIG é uma
ferramenta tecnológica computadorizada utilizada para performance de operações que seriam
de outra forma (analógica) tediosas, inacuradas e custosas e como tal serve para resolução de
problemas geográficos (LONGLEY et al., 2005). Dessa forma considera-se o Sistema de
Informação Geográfica um sistema de suporte para decisões com repercussões espaciais
(LONGLEY et al., 2005).
De maneira objetiva, Rosa e Brito (1996) afirmam que um SIG consiste de um
conjunto de ferramentas destinado à aquisição, armazenamento, manipulação, análise e
apresentação de dados referidos espacialmente na superfície terrestre. E, neste sentido, vê-se
como fundamental para a aplicação que se propõe no trabalho, uma vez que, conforme
Câmara et al.(2004), os SIG têm como característica básica e geral a capacidade de tratar as
relações espaciais entre os objetos geográficos.
Os SIG’s apresentam como característica comum a capacidade de tratar e armazenar
as relações topológicas entre objetos, permitindo sua apresentação em diferentes sistemas de
coordenadas e diferenciando-se, portanto, de um CAD. Isto é fundamental para materialização
de um mapa de aptidão à urbanização resultante da análise de diferentes variáveis que
caracterizam o meio ambiente. Denota-se por topologia a estrutura de relacionamentos
espaciais (vizinhança, proximidade, pertinência) que podem se estabelecer entre objetos
geográficos. Armazenar a topologia de um mapa é uma das características básicas que fazem
um SIG se distinguir de um sistema CAD.
Uma etapa importante da estruturação dos dados consistiu na possibilidade oferecida
pelos programas relacionados à SIG de agregação e desagregação de dados, conforme,
prioritariamente, a disposição temática em primitivas gráficas.
3. Localização da Área de Estudo
A bacia do Rio Forquilhas está localizada no município de São José, no estado de
Santa Catarina, Brasil (Figura 1), ocupando uma área de 54,2km² e perfazendo um perímetro
de 42,917km.
Fig. 1 - Localização da Área de Estudo
Fonte: CARDOZO, Francielle da Silva. Análise das áreas suscetíveis a inundações e
escorregamentos na bacia do rio Forquilhas, São José/SC. 2009. p.25
A área relativa à escala de Projeto ocupa uma superfície de 1,84km² e perfaz 27,5km
ao longo de sua linha de delimitação (Fig. 2).
Fig. 2 - Escala de Bacia Hidrográfica e Escala de Projeto
Compondo fração da vertente atlântica, o rio Forquilhas é afluente do rio Maruim pela
margem esquerda, desenvolvendo seus 12km de extensão no sentido geral Noroeste-Sudeste
(CARDOZO, 2009).
4. Materiais
4.1. Programas
- Microstation v. 8 (Licença Educacional)
O MicroStation é um programa CAD derivado do Intergraph Graphics Software (IGDS),
sendo empregado para desenhos bidimensionais (2D) e tridimensionais (3D), projeto,
visualização, análises, gerenciamento de dados, programação e modelamento. Este programa
foi desenvolvido pela Bentley Systems. (website: http://www.bentley.com/pt-
BR/products/microstation/).
- Kosmo 3.0
O Kosmo é um SIG de desktop que utiliza da linguagem de programação Java e conta com
funções avançadas, além do fato de ser livre. O Kosmo é utilizado para visualizar e processar
dados espaciais. Sua interface é de fácil entendimento e interativa, contando com uma série de
códigos livres. Trabalha com dado vetorial e raster. Atualmente está sendo desenvolvido pela
plataforma JUMP GIS (PAZOLINI et al, 2013).
- ArcGIS 10.0;
O ArcGIS 10.0 é um sistema de informação geográfico (SIG) criado para trabalhar com
mapas e informações geográficas. É um programa proprietário usado para criar e usar mapas,
compilar dados geográficos, analisar informações mapeadas e manejar informação geográfica
em um banco de dados. É um progrma licenciado em três níveis de funcionalidade: ArcView,
ArcEditor e ArcInfo, em ordem crescente de capacidade de manipulação de dados, edição e
análise.
- ArcReader (v. 10.2)
ArcReader é uma aplicação livre, de fácil uso que permite seus usuários visualizarem,
explorarem e imprimirem mapas. Qualquer um que utilize o ArcReader pode visualizar mapas
em alta qualidade criados no ArcGis para Desktop e publicados com a extensão ArcGis
Publisher. (website: http://www.esri.com/software/arcgis/arcreader)
4.2. Material Cartográfico
- Base Cartográfica Oficial do Município de São José na escala 1:2000, Sistema de Projeção
UTM e Datum SAD-69 Zona 22s.
- Base Cartográfica editada para composição de Mapas Temáticos impressos que incluem,
entre outros, feições de: hidrografia, altimetria (curvas de nível e pontos cotados), sistema
viário, edificações.
- Arquivos vetoriais oriundos de estudos de campo.
- Arquivos matriciais gerados mediante operações de geoprocessamento.
- Arquivos vetoriais e matriciais oriundos de estudos geotécnicos.
5. Metodologia
As camadas temáticas1 dos arquivos em formato Design (dgn
2) editados passaram por
um processo de desmembramento (em ambiente CAD Microstation V.8). Tal
desmembramento foi efetuado através da geração de novos arquivos vetoriais com tema
específico representado por uma só categoria de primitiva geográfica. Este processo de
fragmentação foi efetuado para fins de simplificação e redução de possíveis falhas na
1 (Inglês: level ou layer) Níveis passíveis de sobreposição, contendo informações georreferenciadas;
2 Formato de arquivo vetorial de Desenho, contendo feições geométricas vetoriais em ambiente CAD
(Microstation) (Inglês: Computer Aided Design) Desenho assistido por Computador;
realização de operações de conversão para o formato Shapefile3 (shp). Tais conversões foram
realizadas através da extensão ArcToolBox constante no programa ArcGIS 10.0, definindo-se
para os arquivos vetoriais (shp) gerados, consoante os arquivos oriundos do desmembramento
temático, o Sistema de Projeção e o Datum do Projeto (Sistema de Projeção UTM Datum
SAD 69 Zona 22S).
Foram realizadas edições nas tabelas de cada camada vetorial, eliminando-se os
campos resultantes da conversão desnecessários para fins de Projeto e criando-se campos
relativos aos dados de incorporação visada, como apresentado no excerto de planilha (Figuras
3 e 4), observando-se as restrições impostas pelo programa ArcGIS 10.0 (mínimo de três
campos de atributos: Identificador, Forma e Campo de Variável). Definiu-se uma simbologia
para cada camada vetorial, de modo a possibilitar uma adequada visualização aos dados
apresentados pelas mesmas.
Fig. 3 - Excerto das Planilhas de Inventário de camadas e operações a serem efetuadas para
fins de integração em Banco de Dados, Escala de Bacia Hidrográfica
3 (Abrev. de formato: shp) Formato de arquivo de formas ou feições geométricas vetoriais de programa SIG,
passíveis de incorporação de dados através de identificadores;
Fig. 4 - Excerto das Planilhas de Inventário de camadas e operações a serem efetuadas para
fins de integração em Banco de Dados, Escala de Projeto
Constituídos os arquivos vetoriais (shp) e camadas temáticas (lyr) relativos a cada área
e escala, procedeu-se à composição dos projetos (formato mxd) no programa ArcGIS 10.0. A
estruturação definida foi em um mesmo Quadro de Visualização4, realizando-se agrupamentos
de camadas (lyr), resultando em Grupos de Camadas Temáticas5, e identificando-se, desta
forma, a temática geral das camadas componentes.
De modo geral, as imagens incorporadas ao SIG em questão, resultantes de operações
de geoprocessamento e edição cartográfica digital6, foram importadas para ArcGIS 10.0 em
formato ‘tiff’. Para as imagens foi definido o Sistema de Projeção e o Datum do Projeto, e
permitiu-se a construção de pirâmides de visualização, que aceleram a performance de
visualização de frações de informação, ao recuperar apenas os dados com resolução requerida
para o display7, por default (Vizinho Mais Próximo, o método de reamostragem de dados
mais conservativo). Foi necessário o Georreferenciamento da maior parte das mesmas
(Tabela 1).
4 (Inglês: Data Frame) Quadro de Visualização de Dados;
5 (Inglês: Group Layers) Do inglês ‘Group’ grupo, conjunto de elementos com características comuns;
6 Objetiva-se aqui descrever o método geral de construção do SIG do Projeto. A descrição da geração do Modelo
Digital de Elevação e seus derivados (Mapas hipsométricos e de declividade) bem como a composição da Carta Geotécnica final (que materializa o método e o objetivo do Projeto de Extensão) constituem, por si sós, tema para trabalho a parte; 7 ESRI, 2012;
Tabela 1 - Erro Médio Quadrático alcançado no Georreferenciamento das Imagens
Escala Temática da Imagem RMS Pontos de
Controle
10000 Declividade 0,04 4
10000 Hipsometria 0,148 4
10000 Geotécnico Aptidão Urbana 0,157 4
25000 Declividade 0,246 4
25000 Hipsometria 0,306 4
25000 Suscetibilidade a deslizamentos 0,608 4
25000 Geotécnico Aptidão Urbana 0,241 4
Considerando-se todas as imagens georreferenciadas, 93% não superaram 1/10 (um
décimo) do erro permitido conforme a escala, obtido através da multiplicação do erro gráfico
pelo fator de escala. Para integração em banco de dados, optou-se pela compressão das
imagens através do algoritmo LZW. Quanto ao arquivamento das imagens em File
Geodatabase8 (Modalidade de Geodatabase com acesso de Sistema Operacional não
exclusivo, Nomenclatura ArcInfo), foi utilizado o algoritmo default de compressão LZ77. Já
para integração em Personal Geodatabase (Modalidade de Geodatabase que arquiva dados em
formato mdb, Nomenclatura ArcInfo) as imagens foram comprimidas em RLE9 (default).
No decurso da elaboração do Sistema de Informação Geográfica do Projeto (Figura 5),
foram necessárias operações de geoprocessamento para integração dos dados vetoriais,
principalmente em virtude da conversão efetuada a partir dos dados da Base Cartográfica
adquirida e editada em ambiente CAD. Precisou-se, de forma geral, aplicar, para cada arquivo
convertido, uma revisão para avaliar a integridade de transmissão de dados, e aplicar o
processo de edição de atributos constantes nas respectivas tabelas de atributos.
No caso das feições edificações, estas se encontravam conforme a base de dados
original, dissociadas em Níveis (‘Levels’) conforme o uso especificado. Após definido o
8 Bancos de Dados Georrenferenciados, Nomenclatura ArcInfo;
9 Algoritmos de compressão escolhidos pelo critério funcionalidade e por se enquadrarem na categoria de
compressão Loss Less, que não altera os valores das células de um arquivo ráster (ESRI, 2012). Dados matriciais tendem a ocupar mais memória, e com vistas à performance de exibição de dados busca se comprimi-los para que ocupem menos espaço em disco, sendo no entanto passíveis de serem restaurados para execução de análises;
sistema de projeção e Datum de todos os níveis convertidos em arquivo vetorial (Polilinha10
em formato shp), e estabelecida a equivalência de campos entre estes através do processo de
edição nas tabelas de atributos, procedeu-se à operação Merge11
, constante no ArcGIS 10.0,
reunindo-se todas a feições edificações em uma única camada e preservando-se, assim, os
atributos característicos à cada feição.
Fig. 5 - Fluxograma de Trabalho
Para aquisição da localização com acurácia dos pontos cotados com as cotas
correspondentes inseridas como campo em tabela de atributos procedeu-se da forma como se
segue: observado que a modalidade de desenho ‘Célula’12
no Microstation V.8 não é
reconhecida por ArcGIS 10.0, iniciou-se com a desagregação das mesmas nos arquivos
vetoriais (em formato dgn) desmembrados (Pontos Cotados). Importaram-se os novos
arquivos vetoriais, com o texto das cotas e as feições poligonais representativos dos pontos
cotados em ambiente CAD, como Polilinha e Polígono em ArcGIS 10.0. Através do programa
Kosmo 3.0, extraiu-se os centroides e eliminou-se a geometria duplicada através da extensão
Sextante, e realizou-se a operação Junção Espacial13
entre os arquivos vetoriais Pontos Únicos
e Texto das Cotas, que passaram a compor o campo ‘Elevação’ das feições correspondentes
10
Linhas compostas, com mais de dois vértices; 11
Adição, em uma mesma camada, de feições semelhantes presentes em diversas camadas; 12
Inglês: Cell; 13
União de atributos entre feições vetoriais distintas, conforme uma relação estabelecida;
na tabela de atributos. Procedeu-se desta forma para geração dos arquivos vetoriais Pontos
cotados do sub-banco Forquilhas 1:10000. Para integração ao sub-banco Forquilhas 1:25000,
realizou-se também a desagregação e extração de centroides das feições poligonais
representativas de pontos cotados da área de toda a bacia em ambiente CAD, mas preservou-
se o campo ‘Elevation’ no processo de edição da tabela de atributos, com as elevações (em
metros) das feições pontuais.
Estando os arquivos vetoriais (dgn) das Curvas de Nível da Base cartográfica na
equidistância de 1m, procedeu-se à conversão para Polilinhas (em formato shp) e processo de
edição de tabela de atributos em ArcGIS 10.0. Posteriormente efetuou-se uma operação para
extração das curvas de nível de 5m e equidistância de 10m relativo à Bacia de Forquilhas na
Escala 1:25000, em virtude da maior relevância destas na temática de inundações, para
avaliação da restrição espacial à urbanização.
Na tabela de atributos do arquivo vetorial de curvas de nível com equidistância
vertical original de 1m criou-se os campos complementares relativos às operações, aplicadas
sobre o campo Elevação, consecutivas de divisão de altimetria por 10, arredondamento do
valor da divisão, e subtração entre o segundo e o primeiro valor, para diferenciação entre
valores múltiplos de 10 e valores compreendidos entre múltiplos de 10. Dessa forma no
terceiro campo (resultante da subtração) as feições com altitude múltipla de 10m ficaram
caracterizadas com o atributo 0 (zero), passíveis, portanto, de serem selecionadas em conjunto
por uma definição de grade de busca e integrarem um novo arquivo vetorial.
As curvas de nível com altitude 5m foram selecionadas e salvas em arquivo vetorial
separado a partir do resultante da conversão das Curvas de Nível de equidistância 1m da Base
Cartográfica. Assim, procedeu-se à operação Merge do arquivo vetorial (shp) relativo às
curvas de nível de 5m e das curvas de nível de equidistância 10m (shp), formando-se o
arquivo vetorial de Curvas de Nível integrante do sub-banco Forquilhas 1:25000. As curvas
integradas ao sub-banco Forquilhas 1:10000 foram extraídas mediante a operação Clip14
, com
base no polígono da Área de Projeto, das curvas de nível do sub-banco Forquilhas 1:25000.
As feições relativas ao Sistema Viário, as quais no arquivo base encontravam-se
dissociadas em níveis diversos (Rodovia ou Logradouro e Trilha ou Caminho), foram
incluídas em um mesmo arquivo vetorial (formato dgn) para importação na modalidade de
feição Polilinha em ArcGIS 10.0. Tais passaram a integrar um mesmo arquivo vetorial
14
Recorte de feições segundo um limite espacial estabelecido;
(Sistema Viário), permanecendo sua distinção na tabela de atributos através de um campo
intitulado ‘Tipo’.
Para elaboração dos arquivos vetoriais APP Topo de Morro15
, não presentes na Base
Cartográfica adquirida, foram necessárias edições no programa ArcGIS 10.0. Extrairam-se
dos arquivos vetoriais Curvas de Nível do sub-banco Forquilhas 1:25000 as curvas de nível de
altitude 100m. Assegurando-se que as Polilinhas estivessem fechadas, através das curvas de
nível consigo mesmas ou do contato das mesmas com os limites de Bacia Hidrográfica na
mesma categoria gráfica, procedeu-se à construção de Polígonos através da extensão
ArcToolBox, e ao processo de edição das tabelas de atributos. Para obtenção das Áreas de
Preservação Permanente Topo de Morro no setor relativo à escala 1:10000, efetuou-se à
operação Clip com o arquivo vetorial poligonal relativo ao limite do setor de escala de
Projeto. Dessa forma tais arquivos vetoriais (em formato shp) foram integrados ao banco de
dados.
De modo geral, na arquitetura de disposição ou exibição dos dados, resultantes do
processo de constituição do SIG, foi procurado o estabelecimento de Grupos de Camadas
Temáticas com diferentes classes de feições que mantivessem entre si um relacionamento
temático Intra-Grupo e Inter-Grupo. Buscando o ordenamento, sob a forma de projeto
(formato mxd), os Grupos Temáticos foram ordenados entre si de forma que as informações
mais estruturais, basais e temporalmente mais distantes do visualizador ou usuário, estivessem
situados na parte inferior da coluna de conteúdos e as informações mais superficiais,
temporalmente recentes ou no porvir do visualizador ou usuário estivessem na parte mais
superior da coluna de conteúdos.
No interior dos Grupos Temáticos buscou-se um ordenamento semelhante à lógica do
Geodatabase, o qual ordena todas as feições de forma que todas elas se tornem visíveis ao
usuário. Dessa forma, a composição interna dos Grupos Temáticos foi determinada, de forma
geral, sob dois critérios: a memória física alocada para o elemento (Layer) e relacionado a
este, a dimensionalidade e densidade de feições encontradas em cada camada, em ordem
decrescente: Raster, Polígono, Polilinha e Ponto.
15
Delimitação de Áreas de Preservação Permanente, modalidade Topo de Morro;
Todos os arquivos vetoriais convertidos e editados foram arquivados conforme
relevância temática, em Feature Datasets16
e incorporados tanto a File Geodatabases quanto a
Personal Geodatabases. A disposição final com ordenamento específico intra e inter-
agrupamentos dos bancos relativos à composição em cada localidade e escala, armazenados
sob a forma de projetos (formatos mxd e mpk) e publicados em formato pmf17
sem restrições,
foram alocados nos diretórios associados aos dados com os quais mantém relacionamento.
16
Denominação ArcInfo para conjunto temático de arquivos geométricos georreferenciados, alocados em
Bancos de Dados (Geodatabases), que incorporam nos atributos alfa-numéricos resultados de mensuração das feições contidas; 17
Formato de arquivo de projeto com capacidade de exibição de dados no programa ArcReader;
Fig. 6 - OMT-G do Banco de Dados do Projeto
6. Resultados Dentro das possibilidades oferecidas pelos programas utilizados, efetuou-se um
desmembramento temático passível de conversão permitindo a integridade da transmissão de
dados e um reordenamento estruturado em pastas de diretórios dos dados disponíveis e
compostos, resultado da metodologia empregada.
As recomendações de disposição dos dados, com agregações temáticas e características
de simbologia, podem ser acessadas em programa ArcReader 10.2 (Figuras 7 e 8).
Fig. 7 - Exibição dos dados no Programa ArcReader 10.2, Escala de Bacia Hidrográfica
Fig. 8 - Exibição dos dados no Programa Livre ArcReader 10.2, Escala de Projeto
7. Considerações Finais
● Consolidou-se um Sistema de Informação Geográfica que possui ordenamento
propício para o gerenciamento optimizado de dados, associado à recomendação da
disposição dos dados na função de exibição de resultados em programa gratuito.
● A importância dos Sistemas de Informação Geográfica é comprovada pelas etapas de
sua própria construção, através da integração, revisão e atualização dos dados oriundos
de fontes diversas, analógicos ou digitais;
● Os dados incorporados organizados nesse tipo de sistema passam a ser alvo de
atualização e acréscimo facilitado em virtude da continuidade dos princípios de
ordenamento propiciada pela estrutura dos dados já alcançada;
● A incorporação e atualização de dados fornecem subsídios para execução de análises
atuais e cada vez mais profundas da realidade. Ressalta-se, portanto, o importante
papel que os Sistemas de Informação Geográfica desempenham para o avanço da
Ciência.
Agradecimentos
À Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão Universitária (FAPEU) e ao Ministério das
Cidades (MCidades), pelo financiamento do Projeto de Extensão;
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