Síntese Pedagogia Da Autonomia

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  • 7/23/2019 Sntese Pedagogia Da Autonomia

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    Universidade Federal de Santa Catarina

    Centro de Cincias Jurdicas

    Direito Diurno 2011.1

    Metodologia de Pesquisa em Direito

    Prof Orides Mezzaroba

    Sntese Pessoal do Livro Pedagogia da Autonomiade Paulo

    Freire

    Captulo 1No h docncia sem discncia

    O livro introduzido com a afirmao de que h saberes necessrios

    para qualquer tipo de educador, tanto os conservadores quanto os progressistas, e de que cabe

    ao leitor identificar se as prticas que sero citadas so referentes a um, outro, ou a ambos.

    Afirma, posteriormente, que a reflexo crtica sobre a prtica uma exigncia de sua relao

    com a teoria, e que sem essa relao, cada uma demasiada extrema. Define os saberes os

    quais descrever como fundamentais formao do docente. Ele explicita como primeirodesses saberes que ensinar no transferir conhecimento, mas sim criar caminhos para obt-

    lo. Mostra tambm a interdependncia de docente e discente, afirmando que um modifica o

    outro, pois h uma troca de conhecimentos. Por fim, diz que, ao aprender, o aprendiz pode

    deflagrar uma curiosidade, esta que o far questionar, repetir e pesquisar, isto com o intuito de

    alcanar o saber, superando, assim, os efeitos negativos do falso ensinar.

    1.1

    Ensinar exige rigorosidade metdicaO tpico iniciado com a reafirmao de que o educador democrtico

    deve estimular a capacidade crtica do educando. Aquele deve ensinar a estes o modo correto

    de se aproximar dos objetos a conhecer, modo este que estimular o aprendizado crtico.

    Sendo assim, o autor aponta para a impossibilidade de tornar-se um professor crtico se

    apenas conseguir memorizar e repetir. Este, diz o autor, apenas recita o conhecimento

    decorado, mas no o relaciona com o que acontece ao seu redor. Ao mesmo tempo,

    apresentado o ler criticamente no como ler muitos livros em pouco tempo, mas sim comocomprometer-se com o texto a que se l. Diz que s quem pensa certo, mesmo que

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    eventualmente o faa errado, pode ensinar a pensar certo, sendo uma das condies para faz-

    lo no estar certo das prprias certezas. Finalizando, apresenta os dois momentos do ciclo

    gnosiolgico: o ensinamento e aprendizado do conhecimento j existente e o trabalho para a

    construo de um novo.

    1.2Ensinar exige pesquisa

    O autor, ao iniciar este tpico, fala da interdependncia de ensino e

    pesquisa. Em seguida, afirma que o pensar certo uma condio imposta pelo ciclo

    gnosiolgico curiosidade. A curiosidade dividida pelo autor em duas. A curiosidade

    epistemolgica aquela que torna-se cada vez mais rigorosa. A curiosidade ingnua, de que

    certo saber se origina, a que caracteriza o senso comum, que o saber obtido atravs da

    experincia. Por fim, ele afirma que pensar certo, para o professor, implica tanto o respeito a

    esse senso comum quanto o estmulo capacidade criadora do educando.

    1.3Ensinar exige respeito aos saberes do educando

    Paulo Freire inicia o tpico citando o dever no s do professor, mas

    da escola, de, ao pensar certo, respeitar os saberes adquiridos pelos educandos na prtica

    comunitria e discutir a razo de ser desses saberes, em relao ao contedo estudado. Desta

    forma, poder-se- utilizar desses saberes para estudar situaes com as quais alguns

    educandos convivem diariamente. Ao finalizar ele critica a viso pragmtica de certos

    educadores que negam tal prtica alegando que no papel da escola realiz-la.

    1.4Ensinar exige criticidade

    afirmado neste tpico, novamente, que a curiosidade ingnua, ao

    criticizar-se, instigando o objeto a ser estudado de forma cada vez mais rigorosa, torna-se

    curiosidade epistemolgica. Ao faz-lo, ela muda de qualidade, mas no de essncia.

    Posteriormente l-se que a curiosidade faz parte da vida e origina a criatividade. Diz tambm

    o autor que a curiosidade humana vem sendo historicamente e socialmente construda e

    reconstruda, e que a promoo da ingenuidade para a criticidade se d de forma gradual,

    sendo um dos papis dos j citados educadores progressistas estimular esse acontecimento.

    Por fim, alega que a evoluo da curiosidade nos permite defender-nos dos dogmatismos

    existentes em nossa prpria sociedade.

    1.5Ensinar exige esttica e tica

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    O tpico diz que o ensino deve ser feito de forma tica e bela. Isto

    quer dizer que o ensino dos contedos aos educandos deve acontecer juntamente com sua

    formao moral. Devem ser ensinados, tambm, a persistir, no desistindo nos obstculos que

    certamente sero encontrados no caminho pelo qual a curiosidade leva ao conhecimento.

    Afirma que levar as crenas ao extremo uma forma de pensar errado por ser superficial,

    sendo o pensar certo muito mais profundo. O pensar certo, segundo o autor, permite a

    mudana de opinio, pois pode-se reavaliar o prprio conhecimento. Por fim, diz que como

    sob o ponto de vista tico no h uma maneira correta de pensar, o pensar certo exige que,

    quando h uma mudana de pensamento, ela seja assumida, pois ele radicalmente coerente.

    1.6

    Ensinar exige a corporeificao das palavras pelo exemploO autor inicia o tpico fazendo uma crtica famosa frase do faa o

    que eu digo e no faa o que eu fao, alegando que quem pensa certo faz certo. Ele critica

    esta frase, mais especificamente, quando dita por um professor, argumentando que o professor

    que pensa certo deve consider-la errada. Afirma, posteriormente, que o educador que age

    dessa forma mas acredita pensar certo no o faz, pois pensa certo quem busca segurana na

    argumentao, quem sabe discordar do outro sem assim fomentar uma raiva. Aqueles que,

    teoricamente, so progressistas, ao agir dessa forma comprovam que no o so.

    1.7 Ensinar exige risco, aceitao do novo e rejeio a qualquer forma de

    discriminao

    prprio do pensar certo, diz o autor, se disponibilizar ao risco,

    aceitar o novo. Diz tambm que o velho, atravs da preservao da sua validade ou da

    incorporao de outra tradio, continua novo. Segundo o autor, faz parte do pensar certo

    tambm a rejeio da discriminao. Atravs de diversos exemplos concludo que o pensar e

    o fazer errado so destitudos de toda a humanidade presente no pensar e no fazer certo. O

    autor se questiona, posteriormente, se haveria algum que acreditasse ser sua teoria divina,

    desumana, mas argumenta ser conhecedor da natureza humana e, desta forma, no poderia

    pensar diferente, pois estaria assim indo contra o seu prprio pensar certo. Aproveitando a

    oportunidade, ele finaliza o tpico retomando as caractersticas do pensar certo, estas j

    enunciadas em tpicos anteriores.

    1.8Ensinar exige reflexo crtica sobre a prtica

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    Este tpico inicia discorrendo sobre a prtica docente espontnea e a

    prtica docente crtica. Primeiramente, o autor diz que o pensar certo sabe no ser a partir dele

    que a prtica docente crtica se conforma, mas sabe tambm que sem ele tal prtica no se

    funda. A prtica docente espontnea, diz o autor, produz um saber ingnuo que carece de uma

    rigorosidade metdica, sendo este saber diferente daquele o qual o pensar certo procura.

    Sendo assim, indispensvel que o aprendiz a educador saiba que o pensar certo no nasce

    junto das pessoas. Elas devem, portanto, ser estimuladas a desenvolv-lo. Atenta tambm ao

    fato de a matriz do pensar ingnuo e do crtico ser a mesma: a curiosidade, sendo necessrio

    que, no pensar ingnuo, esta se volte sobre si mesma para, desta forma, tornar-se crtica.

    Prosseguindo, o autor afirma ser a partir da reflexo crtica sobre a prtica do passado ou do

    presente que se possibilita a melhora da prtica do futuro. Atravs do discurso sobremudanas, o autor chega mudana de si mesmo, afirmando que nossos conhecimentos a

    respeito de nossas prprias mudanas s se concretizam quando tomamos as medidas para

    realiz-las. Por fim, chega-se a falar da raiva, e o autor diz ser errada a educao que no

    reconhece na raiva justa um papel formador.

    1.9Ensinar exige o reconhecimento e a assuno da identidade cultural

    Para finalizar o captulo, o autor tenta explicar a assuno, brevementecitada no tpico anterior. Ele cita a assuno como instrumento de transformao e como

    forma da autoafirmao do eu. A assuno da identidade cultural, diz o autor, deve ser

    estimulada pelo docente, apesar desta prtica ser esquecida durante o processo de treinamento

    do professor. Diz tambm que o educador que se julgue superior s intrigas causadas por essa

    no-assuno apenas colabora na formao dos obstculos para faz-lo, contribuindo na

    construo de uma sociedade elitista. O tpico finalizado com a exemplificao da

    importncia do professor nessa assuno e sobre a reflexo a respeito do papel da escola naformao do ser humano. Conclui-se o captulo retomando a afirmao e que o corpo docente

    deve estimular o pensar certo, e novamente o autor o caracteriza.

    Captulo 2Ensinar no transferir conhecimento

    O segundo captulo introduzido com a constatao de que o saber at

    agora introduzido o de que ensinar no transferir conhecimento indispensvel

    formao docente. Aps discursar brevemente sobre a aceitao do outro, o autor afirma quepensar certo uma postura difcil, mas que deve ser assumida, sendo difcil no por ser

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    divina, mas por termos que nos viajar constantemente para no cometer erros. Finalizando,

    afirma que, apesar do pensar certo no possuir uma frmula pr-estabelecida, seria incoerente

    fingir que ele no possui uma rigorosidade metdica.

    2.1Ensinar exige conscincia do inacabamento

    Inicialmente o autor afirma que, por ser um docente crtico, deve se

    predispor a aceitar o diferente. Segue afirmando que o ser humano inacabado, pois todo ser

    vivo o . Porm, afirma o autor, o homem, por ser consciente de seu inacabamento, criou

    materiais que lhe completariam, consequentemente se tornando um ser cultural.

    Posteriormente afirma que o homem, por ter liberdade de escolha, torna-se um ser tico, no

    entanto, ao tornar-se tico, h a possibilidade do homem romper com a tica. Por fim, o autor

    afirma que ser homem poder optar.

    2.2Ensinar exige o reconhecimento do ser condicionado

    Retomando o discutido no tpico anterior, o autor afirma que o

    homem, por ter condio de seu inacabamento, um ser condicionado, e no determinado, ou

    seja, apesar de haver limites para suas aes, ele possui liberdade de escolha. Posteriormente,

    afirma que a curiosidade, estimulada pela inconcluso do homem, no s produz, mas

    tambm conhecimento. O autor retoma alguns dos pontos j discutidos anteriormente e, para

    finalizar, afirma que educadores e educandos, inconscientes de seu inacabamento, juntos,

    exercitam melhor sua capacidade de aprender.

    2.3Ensinar exige respeito autonomia do ser do educando

    Outro saber necessrio prtica educativa, inicia o autor, o respeito

    autonomia do ser educando, sendo este um imperativo tico, e no um favor que se faz ao

    outro. O professor que, por autoridade ou licenciosidade, desrespeita isso acaba por

    desestimular a curiosidade do aluno, privando-o, assim, da sua qualidade de reconhecer a

    prpria inconcluso. Afirma tambm que o professor que respeita esta autonomia estimula a

    eiticidade dos educandos. Por fim, diz ser necessrio que aquele que pratique qualquer

    discriminao a assuma.

    2.4Ensinar exige bom senso

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    No incio do tpico o autor explica atravs de exemplos a exigncia do

    bom senso que existe ao ensinar, concluindo por dizer que normalmente autoridade

    confundida com autoritarismo, e licena com liberdade, sendo necessria uma conciliao.

    Podemos tornar mais crtico nosso bom senso, diz o autor, ao indagar, comparar, duvidar, etc.

    O exerccio do bom senso vai superando sua caracterstica instintiva. Prosseguindo, o autor

    diz, atravs de exemplos, que o bom senso nos faz saber que no devemos esperar a mudana,

    e sim provoc-la. No campo da escola, o autor afirma que o bom senso faz o educador

    respeitar o educando e sua carga de conhecimento adquirida de forma alheia escola. Afirma

    tambm serem o respeito autonomia, dignidade e identidade do educando qualidades e

    virtudes construdas por ns. Por fim, o autor afirma que cada professor sempre deixa uma

    marca em seus alunos, da vendo-se a necessidade dele ser um exemplo. Afirma tambm serum desrespeito tanto a educadores quanto a educandos a falta de manuteno do espao onde

    ocorre essa interao.

    2.5 Ensinar exige humildade, tolerncia e luta em defesa dos direitos dos

    educadores

    O autor inicia o tpico afirmando que uma parte importante da prtica

    docente dos professores brasileiros a luta por melhores salrios e condies de trabalho.

    Afirma posteriormente que, se no gostar do que faz ou no tiver humildade para reconhecer

    seus erros e melhor-los, o educador no deve desrespeitar os educandos de forma a continuar

    a ensin-los de forma errada. Finalizando, o autor afirma que os professores devem ver a si

    mesmos como profissionais capazes, e devem repensar a forma de lutar por seus direitos, mas

    no devem cessar de faz-lo.

    2.6Ensinar exige apreenso da realidadeDiz o autor, ao iniciar o tpico, que o professor deve conhecer as

    diferentes formas de praticar o magistrio, para ento escolher aquela qual mais se adapta.

    Afirma posteriormente que a capacidade do homem de aprender vai alm da memorizao

    mecnica do perfil do objeto, sendo na realidade a capacidade de apreender a substantividade

    do objeto. Atravs dessa capacidade pode-se reconstruir o mal aprendizado, que aquele no

    qual houve apenas a transferncia de conhecimento.

    Usando argumentos apresentados no captulo anterior, o autor afirmaser o ensinar uma atividade poltica. Afirma tambm que o educador deve adequar seus meios

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    conforme o perfil dos educandos, havendo sempre o respeito a eles. Este respeito se d,

    segundo o autor, aceitando a opinio dos alunos, mas tambm permitindo-se manifestar sua

    prpria.

    2.7Ensinar exige alegria e esperana

    Neste tpico h a apresentao da esperana como parte da natureza

    humana. Esta esperana na atividade educativa, diz o autor, a esperana de que professor e

    aluno, juntos, possam aprender, ensinar, produzir e resistir aos obstculos alegria necessria

    atividade educativa. Tambm a esperana caracterizada pelo autor como um condimento

    indispensvel experincia histrica. Posteriormente o autor afirma acreditar que toda pessoa

    progressista esperanosa. Por fim, atravs de um exemplo, o autor afirma ser a esperana

    contrria ao domnio da determinao, sendo somente atravs dela possvel lutar para mudar a

    realidade.

    2.8Ensinar exige a convico de que a mudana possvel

    Primeiramente, o autor diz ser necessria a conscincia de que o

    futuro mutvel. Sendo assim, nosso papel no mundo no apenas o de quem presencia o

    que acontece, mas o de quem participa. A partir dessa ideia, o autor critica aqueles que

    estudam sem o intuito de modificar a realidade, sendo estas as pessoas que no participam da

    formao do futuro. J em relao queles que querem ser sujeitos da histria, diz o autor ser

    a rebeldia indispensvel, mas esta deve tornar-se revolucionria. Os que querem mudar o

    futuro devem lembrar-se de que mudar difcil, mas possvel. Para mudar, diz o autor, no

    deve-se estimular uma insurreio, mas sim a mudana do pensamento de todos, e a

    conscientizao de que o futuro moldvel. Prosseguindo, o autor diz que para mudar

    necessrio no apenas o saber anteriormente citadoo de que mudar possvel, mas difcil,mas tambm o saber referente quilo a que se quer mudar. Esta mudana, porm, deve-se

    saber, no originria de uma pessoa apenas, mas de todo um grupo social, sendo papel do

    educador progressista estimul-la.

    2.9Ensinar exige curiosidade

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    A nica maneira eficiente de ensino aquele que instiga o educando a

    utilizar a sua curiosidade. Assim, no impedimos que a nossa prpria curiosidade veja-se

    limitada pois a liberdade imposta curiosidade dos outros a liberdade imposta nossa

    prpriae possibilitamos o desenvolvimento de mentes crticas e uma melhor compreenso

    do mundo. Sem a curiosidade no o movimento do mundo.

    Mas deve haver um intermdio entre o autoritarismo e a licensiodade

    da curiosidade. Este meio-termo deve ser descoberto pelos prprios possuidores da mesma,

    com suas experincias, aprendizados e a, ento, formulao de uma moral baseada no

    respeito.

    Captulo 3Ensinar uma especificidade humana

    A autoridade docente democrtica deve impor-se como tal por meio

    de atitude seguras, sem que seja necessrio ficar-se autoafirmando como tal. por meio da

    segurana de si que nota-se a autoridade. Por meio de atos sbios.

    3.1Ensinar exige segurana, competncia profissional e generosidade

    Por mais que a segurana em si mesma ajude na garantia da

    autoridade, esta necessita de mais do que isso. necessria uma qualificao do profissional

    que a exerce sem esta, a autoridade perde parte de sua fora pela desconfiana dos

    educandos e a generosidade do mesmo a autoridade no se sustenta por meio da

    arrogncia, da falta de respeito com os demais e do puro mandonismo. preciso importar-se

    com as questes de liberdade, da autonomia do ser humano. Somente assim as relaes

    humanas podero alcanar melhorias, bem como o conhecimento humano.

    3.2Ensinar exige comprometimento

    Um professor no deixa de ser quem por ocupar o cargo. E

    justamente por estar nesse cargo, no centro das atenes dos alunos que deve se preocupar

    com quem . No deve mentir ou fingir algo, mas deve ter atitudes condizentes com a

    categoria em que se encontra, sendo capaz de respeitar as diferenas e ensinar o respeito.

    Deve ter noo de seus conhecimentos e ser sincero, instigando novos questionamentos e

    novas anlises. Deve, simplesmente, procurar ser tico.

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    3.3Ensinar exige compreender que a educao uma forma de interveno no

    mundo.

    A educao deveria ser feita de maneira neutra. Mas isto impossvel

    visto que somos seres humanos e, portanto, nem simplesmente determinados nem

    simplesmente livres de condicionamentos. No se deve ver no ensino somente uma forma de

    reproduo da sociedade ou desmascaramento desta; deve se ver os dois, a neutralidade.

    Para quem domina, no entanto, prefervel que a educao seja uma

    reproduo do sistema da sociedade, que aliene os educandos. Porm, papel do professor

    no transgredir a tica nem ser passivo em ralao s transgresses. Pois nada pode justificar

    a dominao de uns sobre outros. Um professor tem o dever de agir com decncia e ser

    coerente com suas atitudes e ensinamentos.

    3.4Ensinar exige liberdade e autoridade

    De tanto desejarmos a superao de um modelo autoritrio, acabamos

    por confundir liberdade com licensiodade, bem como os licenciosos enxergam a autoridade

    como autoritarismo. O que poucos compreendem quanto mais criticamente ela se aproxima

    de um limite, mais prxima est de agir com autoridade para continuar lutando. E s se chega

    a este ponto com a utilizao da autonomia, algo que no pode nos ser imposto por algum,

    algo que construdo por meio de nossas decises e experincias. Portanto, a pedagogia da

    autonomia no deve ser o ensino da autonomia em si, mas o estmulo prtica da tomada de

    decises.

    3.5Ensinar exige tomada consciente de decises

    A educao mostra-se como base a mentalidade humana, nica capaz

    de prover a percepo da possibilidade de mudanas, de que temos a possibilidade de

    decises. Mas, enquanto deveria ser neutra, no o consegue; pois os seres humanos so seres

    de uma natureza inacabada e conscientes disso, so seres que decidem, e podem ser a tica,

    mas tambm tm a possibilidade de transgredi-la. O que se sugere, pois, no a neutralidade

    de um professor; o respeito, porm.

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    3.6Ensinar exige saber escutar

    Aquele que no sabe escutar o outro costuma agir como se fosse

    superior, como se o seu conhecimento fosse a verdade universal. Ele perde, pois quem a

    prende a escutar, aprende tambm a falar nos momentos certos e a articular melhor o seu

    discurso. Ensinar exige escutar, pois o professor que no sabe escutar seus alunos age

    ignorando o sujeito de conhecimento existente nos mesmos. preciso escutar, conhecer a

    leitura de mundo do educando, compreend-lo e respeit-lo, e assim mostrar-lhe como

    conhecer, pois ningum pode conhecer por outro. necessrio, como j foi dito, instigar a

    curiosidade dos educandos. Mas, se apenas falamos, no conseguimos abrir esse caminho, por

    concebermo-los como inferiores. Somente escutando podemos obter conhecimento e respeitar

    os demais e suas diferenas.

    3.7Ensinar exige reconhecer que a educao ideolgica

    preciso que entender que a educao tambm constituda de

    ideologias. Mas necessria, tambm, a compreenso de que essas ideologias podem nos

    tornar cegos e dificultar a viso da realidade dos objetos. Por isso, torna-se imprescindvel a

    nossa abertura: a outras vises, outros conceitos, outras realidades. Sem que nos apeguemos a

    dogmas. As ideologias nos enganam com sua tica aparentemente universal; se soubermos

    escutar os demais, entretanto, conseguiremos fugir da cegueira que pode nos envolver.

    Lidando com nossos medos e preconceitos, e vendo o homem como construtor da histria,

    ns chegaremos ao conhecimento do nosso perfil.

    3.8Ensinar exige disponibilidade para o dilogo

    Para que se possa ensinar preciso estar aberto s diferenas, disposto

    a escutar, a conhecer o mundo externo, a sair dos nossos prprios pensamentos. Quem no

    consegue disponibilizar-se para o dilogo no est seguro. S quem tem segurana capaz de

    provar suas concepes e discuti-las. Mas, muitas vezes, to fcil simplesmente aceitar o

    que nos dito por algum como se fosse uma verdade universal. Somente com segurana

    daquilo que acreditamos podemos fazer diferente, podemos ser crticos.

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    3.9Ensinar exige querer bem aos educandos

    Ser um bom educador no significa ser extremamente rgido,

    arrogante, severo. Nada disso significa ter competncia para lidar com o conhecimento e a

    educao de seres humanos. Querer bem aos educandos significa trabalhar com alegria de

    viver e compreender que so seres humanos como quaisquer outros, que possuem

    necessidades e dificuldades. E isso no significa deixar de lado seu conhecimento cientfico;

    unir os dois lados. ter noo da realidade em que se encontra e buscar ajudar. ter afeto e

    demonstr-lo, mesmo que no seja igual para todos. Mas, mesmo assim, no deixar de ser

    tico em seu trabalho como educador.