SINOPSE DA SITUAÇÃO DA CULTURA DA PUPUNHA … · extrativismo descontrolado, e, agravado pela...

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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro de Pesquisa Agroflorestal de Rondônia Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento SINOPSE DA SITUAÇÃO DA CULTURA DA PUPUNHA PALMITEIRA NO ESTADO DE RONDÔNIA, BRASIL 1 Marilía Locatelli 2 & André Rostand Ramalho 3 RESUMO – A partir da coleta de informações dispersas em várias instituições governamentais, publicações e da revisão de literatura, avaliou-se nesta sinopse a evolução da cultura da pupunheira (Bactris gasipaes Kunth. var. gasipaes Henderson), Palmea), sua relação com a colonização do Estado, a exploração extrativista predatória do palmito, a ascensão e diminuição acentuada do setor agroindustrial de processamento do palmito em Rondônia. Comenta-se também, acerca das conseqüências da erosão genética das raças de pupunha primária (B. gasipaes Kunth. var. chichagui (H. Karsten) Henderson) e da introgressão da população de B. gasipaes var. gasipaes de Yurimáguas, Peru nas raças primitivas ou nativas ("landraces") da região Central e Norte de Rondônia. Além, das atividades de pesquisa, transferencia de tecnologia e produção de sementes de pupunheira palmiteira. Palavras-chaves: Bactris gasipaes, palmito cultivado, indústria palmiteira, pupunha- fruto. INTRODUÇÃO O objetivo deste trabalho é informar acerca da evolução da cultura da pupunheira ou bactricultura para produção de palmito em Rondônia, ressaltando as relações existentes entre essa atividade agrícola e a exploração dos recursos naturais e florestais. Provavelmente, devido à origem sul-sudeste e nordestina da maioria da população rondoniense, não há tradição de consumo de frutos da pupunheira. Apenas ao norte e noroeste do Estado, onde as populações rurais e ribeirinhas descendentes dos antigos “soldados da borracha”, ainda são numericamente expressiva, a pupunheira-fruto faz parte da culinária na época da safra (novembro a fevereiro). Mesmo nestas regiões, é inexpressiva a utilização de frutos da pupunheira para produção de farinha para consumo humano e ou para complementação do arraçoamento do gado bovino. Todavia, há um grande interesse na produção de palmito de pupunheira de alta qualidade para consumo (envasado ou in natura) 1 Preparado para a Reunião Técnica do Projeto do ProBio/MMA Pupunha – raças primitivas e parentes silvestres, Manaus, Amazonas, 22-24 de junho de 2005. 2 Engª. Florestal. PhD. Pesquisadora da Embrapa Rondônia. BR 364, Km 5,5, Setor Rural, Porto Velho, RO ([email protected]). 3 Engº Agrônomo. M. Sc. Pesquisador da Embrapa Rondônia ([email protected]).

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Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaCentro de Pesquisa Agroflorestal de RondôniaMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

SINOPSE DA SITUAÇÃO DA CULTURA DA PUPUNHA PALMITEIRA NOESTADO DE RONDÔNIA, BRASIL1

Marilía Locatelli2 & André Rostand Ramalho3

RESUMO – A partir da coleta de informações dispersas em várias instituiçõesgovernamentais, publicações e da revisão de literatura, avaliou-se nesta sinopse aevolução da cultura da pupunheira (Bactris gasipaes Kunth. var. gasipaes Henderson),Palmea), sua relação com a colonização do Estado, a exploração extrativistapredatória do palmito, a ascensão e diminuição acentuada do setor agroindustrial deprocessamento do palmito em Rondônia. Comenta-se também, acerca dasconseqüências da erosão genética das raças de pupunha primária (B. gasipaes Kunth.var. chichagui (H. Karsten) Henderson) e da introgressão da população de B. gasipaesvar. gasipaes de Yurimáguas, Peru nas raças primitivas ou nativas ("landraces") daregião Central e Norte de Rondônia. Além, das atividades de pesquisa, transferenciade tecnologia e produção de sementes de pupunheira palmiteira.

Palavras-chaves: Bactris gasipaes, palmito cultivado, indústria palmiteira, pupunha-fruto.

INTRODUÇÃOO objetivo deste trabalho é informar acerca da evolução da cultura da

pupunheira ou bactricultura para produção de palmito em Rondônia, ressaltando asrelações existentes entre essa atividade agrícola e a exploração dos recursos naturaise florestais.

Provavelmente, devido à origem sul-sudeste e nordestina da maioria dapopulação rondoniense, não há tradição de consumo de frutos da pupunheira. Apenasao norte e noroeste do Estado, onde as populações rurais e ribeirinhas descendentesdos antigos “soldados da borracha”, ainda são numericamente expressiva, apupunheira-fruto faz parte da culinária na época da safra (novembro a fevereiro).Mesmo nestas regiões, é inexpressiva a utilização de frutos da pupunheira paraprodução de farinha para consumo humano e ou para complementação doarraçoamento do gado bovino. Todavia, há um grande interesse na produção depalmito de pupunheira de alta qualidade para consumo (envasado ou in natura)

1 Preparado para a Reunião Técnica do Projeto do ProBio/MMA Pupunha – raças primitivas e parentessilvestres, Manaus, Amazonas, 22-24 de junho de 2005.2 Engª. Florestal. PhD. Pesquisadora da Embrapa Rondônia. BR 364, Km 5,5, Setor Rural, Porto Velho,

RO ([email protected]).3 Engº Agrônomo. M. Sc. Pesquisador da Embrapa Rondônia ([email protected]).

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estadual e, principalmente, exportação para outros estados brasileiros e países doMercado Comum Europeu.

1. RISCOS BIOCLIMÁTICOSEm Rondônia a exploração comercial da pupunha palmiteira caracteriza-se

como de médio a baixo risco climático. Durante o ciclo cultural, o volume pluviométricositua-se acima da demanda hídrica (diária ou total) exigida por esta cultura. Aprecipitação média anual varia de 1.800mm na região planaltina dos cerrados do sul a2.200mm no norte do Estado, espacialmente bem distribuídas. Em ambas regiões, nãohá ocorrência de estiagens prolongadas (veranico) durante o período chuvoso(setembro a maio). O período seco ocorre de junho a setembro.Não há limitações expressivas quanto às temperaturas (máximas, médias e mínimas)e luminosidade diária.

Embora com baixa probabilidade, poderá ocorrer ano agrícola com eventosclimatológicos atípicos (chuvas ou seca excessiva no preparo do solo e/ou plantio, outambém, excessos de precipitações na colheita). Nesses casos, o empreendimentoestará sujeito a eventos climáticos adversos e a conseqüente redução naprodutividade de palmito, e, provavelmente, qualidade intrínseca e extrínseca doproduto.

Ressalta-se que, a identificação das regiões de menores e maiores riscosclimáticos à cultura da pupunha-palmiteira, especialmente em condições derecuperação de áreas degradadas ou que apresentem limitações (químicas e oufísicas), deverá ser realizada futuramente pela ação conjunta entre os GovernosEstadual e Federal na elaboração do Zoneamento Agroflorestal e Pecuário deRondônia.

2. CLASSES DE SOLOS PARA PUPUNHEIRA COMERCIAL (PALMITO OUFRUTOS)

Foram considerados aptos três tipos de solo predominantes em Rondônia,cada qual, apresentando diferente capacidade de retenção hídrica, níveis de fertilidadenatural e requerendo diferentes práticas conservacionistas de solos. Assim sendo,solos tipificados como de areia quartzosa e os aluviais arenosos foram consideradosinapropriados para o cultivo da pupunheira, principalmente sob condições de baixatecnologia de produção.

Tipo Características Aptidão

1

Podzólicos Vermelho-amarelos, Podzólicos Vermelho-escuros,Latossolos Roxos, Latossolos Vermelho-Escuros com texturaargilosa (>35% de argila), Litólicos, Cambissolos, CambissolosEutróficos e os Solos Aluviais.

Aptos

2Latossolos Vermelho-escuros (<35% de argila) e LatossolosVermelho-amarelos. Aptos

3Areias Quartzosas e solos Aluviais arenosos.

Marginais

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3. ÉPOCAS DE PLANTIO DE PALMÁCEAS PARA PRODUÇÃO DE PALMITOPara produção comercial de palmito a partir de palmáceas como a pupunheira

(Bactris gasipaes Kunth. var. gasipaes Henderson), açaí de touceira (E. oleracea Mart)e outras, na agricultura empresarial ou tecnificada, recomenda-se intervalos maisrestritos de épocas de semeadura. Pois, apesar de ainda ter sido quantificada pelapesquisa local, a postergação da semeadura a partir de outubro, corresponde aexpressivos decréscimos mensais na produtividade do palmito com previsão decolheita 18 a 22 meses após o plantio do pupunhal.

Para a agricultura familiar da maioria das regiões de Rondônia, considera-secomo preferencial o período compreendido entre o princípio de outubro e o final dedezembro, e, como tolerada os plantios realizados até o final do mês de janeiro.

Região Tipificação Período de Semeadura Época

Norte, Leste e Sul Agricultura Tecnificada Outubro a dezembro PreferencialJaneiro Tolerada

Todo Estado Agricultura Familiar eRibeirinha

Outubro a dezembroPreferencial

Todo Estado Agricultura Familiar eRibeirinha

Janeiro Tolerada

4. AGROINDUSTRIALIZAÇÃO DO PALMITO EM RONDÔNIANa região norte do Brasil, a área plantada com pupunha destinada a produção

de palmito, ainda é considerada pouco expressiva (1.322 ha -dados do ano 2000)).Mas, considerando os dados das instituições locais dos estados do Acre, Amazonas eRondônia, o total no ano de 2000 foi 2.488 ha. Deste total, Rondônia representava46%, seguido do estado do Amazonas (20%). Em meados dos anos 90, a pupunheiracomeçou a ganhar importância como cultura agroindustrial. (MDIC ,2003)

Devido às características genéticas como a inermidade (60 a 80 % das plantassem espinhos, caráter dominante conforme Clement, 1997), produtividade e qualidadeintrínseca e extrínseca do palmito, os agricultores de Rondônia preferem o cultivo dapupunheira da população Yurimáguas, Peru. Em menor escala, também se exploracomercialmente para produção de palmito, o açaí de touceira (E. oleracea Mart), ajuçara (Euterpes edulis Mart.) e gariroba (Syagrus oleracea (Mart.) Becc.). Emalgumas regiões de Rondônia, o extrativismo predatório para produção de palmitotambém tem usado o açai-solteiro1 (Euterpes precatória Mart.), que por não perfilhar,tem sofrido reduções drásticas em suas populações naturais e consequentemente navariabilidade genética desta espécie.

Com a implantação de pequenas e médias indústrias de beneficiamento depalmito, até o princípio de 2000, havia em Rondônia, boas expectativas com o cultivoda pupunheira. Considerando o período agrícola 2001/02 a 2003/2004 (Anexo 1,Tabela 1), verifica-se que houve uma retração expressiva (12%) da área plantada e daprodução (25%), embora com tenha ocorrido um incremento de 27% da área colhida.Ou seja, entrada em produção das áreas plantadas em anos anteriores.

A produtividade média estadual de apenas 1,2 t/ha/ano de palmito, é resultanteda baixa tecnologia de produção empregada pela maioria dos novos pupunhicultores.Acreditando no mito da pupunheira como uma "cultura rústica", a maioria dospequenos agricultores e algumas empresas palmiteiras, implantou lavouras sem uma

1 sinônimas: açai-do-amazonas; açaí-de-terra-firme; açaí-solitário; yuyu chonta (Peru); palm del Rosário(Bolívia).

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adequada correção da acidez dos solos, adubação química, controle de pragas edoenças, além do uso generalizado de "sementes" sem procedência e genótipos comelevado (>35%) percentual de plantas com espinhos ("armadas"), dentre outros errostécnicos básicos.

Atualmente, os municípios mais expressivos tanto em área colhida são PortoVelho (24%), Itapuã do Oeste e Guajará-Mirim, ambos, em torno de 9% de um total de1.082 hectares, predominantemente oriundos de cultivos solteiros.

O preço médio anual de apenas R$ 0,50-0,70 por haste cortada pago aoprodutor no pupunhal, tem provocado o desinteresse destes em relação a conduçãoracional da exploração e ao incremento de novas área de cultivo. Alega-se tambémque, este valor pago por haste de palmito, além de não cobrir os custos de produção,estão muita aquém daqueles prometidos pelas beneficiadoras de palmito e pelogoverno estadual quando do incentivo à introdução da cultura na região.

Cerca de 14 indústrias de processamento de palmito estão instaladas noestado, de acordo com o cadastro da Secretaria de Saúde/Gerência de VigilânciaSanitária do Estado (Tabela 2). Todavia, é possível verificar que 50% delas estãoinativas por motivos diversos. Comparando a localização geográfica das indústrias depalmito, atualmente ativas, verifica-se a maioria são coincidentes com as regiões maisexpressivas em área plantada (Figura 1).

Tabela 2. Empresas processadoras de palmito (ativa e inativas) instaladas em Rondôniaaté 2005.

Empresa Município Situação

Agroindústria Três Corações Ltda. Pimenteiras do Oeste Ativa

Associação dos Pequenos Agricultores do Projeto- RECA

Porto Velho

(Distrito Nova Califórnia)

Ativa

Indústria e Comércio de Conservas Juçara Ltda Distrito Nova Califórnia – PortoVelho

Ativa

Associação dos Produtores Alternativos – APA Ouro Preto d’Oeste Ativa

Odilon Reis Agroindústria Comércio Importação eExportação

Costa Marques Ativa

Indústria e Comércio Distribuição Importação eExportação de Produtos Alimentícios – CAPEVI

Costa Marques Ativa

S/A Indústria e Comércio de Conservas Ltda. Mirante da Serra Ativa

Cooperativa dos Produtores da Amazônia Ltda -COOPERAMA

Itapuã do Oeste Inativa

Isaac Benesby Indústria e Comércio de ProdutosVegetais Importação e Exportação

Guajará-Mirim Inativa

J.C. Alves Indústria de Palmitos ME Porto Velho(Distrito de Vista A. do Abunã

Fechada

Kogake Agro-Industrial Ltda. Pimenta Bueno Inativa

M.V. Pinto – ME Pimenta Bueno Inativa

Orlando José Pereira Conservas – ME Ji- Paraná Inativa

Windecale Agroindustrial e Reflorestadora Ltda. Porto Velho (Distritode Extrema)

Inativa

Fonte: Secretaria de Estado da Saúde - Gerência de Vigilância Sanitária de Rondônia. Porto Velho (em10/06/2005).

Figura 1. Localização das indústrias de palmito em funcionamento e os principais municípios produtores de matéria-prima(palmito) em Rondônia, Brasil.

5. EROSÃO GENÉTICA EM PUPUNHEIRAS NATIVAS NO ESTADO DE RONDÔNIAA pupunheira é uma palmácea alógama, nativa da América Central e Amazônia,

domesticada pelos ameríndios. A propagação da pupunheira é predominantemente viaseminal, grupo recalcitrante.

Até meados da década de 80, a produção de palmito em Rondônia era incipiente ebaseada exclusivamente no extrativismo predatório de algumas palmáceas como apupunheira nativa ou selvagem (B. gasipaes) e o açai-solteiro (Euterpes precatoria),principalmente nas áreas de abertura (desmatamento). Nestas regiões do sudoeste, lestee norte do estado, as palmáceas produtoras de palmito, com boa aceitação no mercadolocal, regional e nacional, foram fortemente exploradas nas duas últimas décadas peloextrativismo descontrolado, e, agravado pela implantação de micro e pequenas industriasbeneficiadoras de palmito, e também, pela fiscalização ambiental insatisfatória.

Embora inexistam ou sejam escassas dados sobre a ocorrência e distribuiçãoespacial de populações nativas, raças primitivas e parentes silvestres da pupunheira nasáreas de floresta tropical úmida de Rondônia, é bastante plausível que nestas regiõescolonizadas nas décadas de 70, 80, 90 e princípio de 2000, as espécies produtoras depalmito, com destaque para a pupunheira nativa, tenham sido fortemente depredadas.Igualmente como ocorreu com algumas essências florestais madereiras nobres, taiscomo: mogno (Swietenia macrophylla King, Meliaceae), cerejeira (Amburana acreana),castanheira-do-brasil (Bertholletia excelsa Humb. & Bonpl., Lecythidaceae), virola (Virolamichelii, Myristicaceae), Ipês (Tabebuia spp., Bignoniaceae) e outras, fortementedemandadas nas últimas décadas pelos mercados do Sudeste, Centro-Oeste e Nordestebrasileiro.

Certamente, as populações ribeirinhas das margens dos rios Guaporé, Mamoré edo Madeira, inconscientemente também têm contribuído para o agravamento da erosãogenética nas populações e raças primárias de pupunheira. Motivada pela necessidade desobrevivência, pobreza extrema e novos costumes induzidos, comumente ainda seencontra nos mercados públicos da capital Porto Velho, RO, estipes de palmito "in natura"(não envasados) procedentes das comunidades ribeirinhas do rio Madeira, nas quais, ohábito de plantar pupunheiras sem espinhos (população Yurimáguas) para palmito,apesar de recente, é crescente.

5.1. DESCARACTERIZAÇÃO GENÉTICA RACIAL POR INTROGRESSÃO OUHIBRIDIZAÇÃO NATURAL

Sendo as pupunheiras alógamas (polinização cruzada), apesar de tipicamenteanemófilas, as raças amazônicas provavelmente podem introgredir umas as outras.Atualmente, a maioria das áreas consideradas como de produção de sementescomerciais (registradas ou não) de pupunheira da população Yurimáguas e ou BenjamimConstant (AM), Brasil, não possuem barreiras de isolamento espacial ou natural(vegetação nativa) de pólen entre si ou entre pupunhais nativos primários (geneticamentenão melhorados). Ocorrendo, portanto, a formação de híbridos naturais resultantes decruzamentos intraespecíficos ou interaciais de genótipos indefinidos e indesejáveisquando a pureza genética das sementes comerciais e também, quanto as introgressõesigualmente indesejáveis das raças peruanas em relação às raças amazônicas primárias,destinadas à produção de frutos para consumo pelas populações ribeirinhas e urbanas.

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6. PRODUÇÃO DE SEMENTES DE PUPUNHA E INTROGRESSÃO GENÉTICAEm Rondônia, similarmente as demais espécies florestais amazônicas, há uma

oferta anual muito reduzida de "sementes melhoradas” de pupunheira para palmito. Nãohá demanda por sementes de pupunheiras das raças Benjamim Constant e outras daAmazônia brasileira. Apesar da baixa pureza genética, qualidade fisiológica, tecnológica efitossanitária, a procura por sementes de pupunha para palmito concentra-se napopulação de Yurimáguas, visando atender a demanda do sudeste brasileiro e em cercade 10% a estadual.

Atualmente em Rondônia, há oficialmente apenas dois produtores cadastrados eautorizados pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) via aDelegacia Federal de Agricultura (DFA) para produção e comercialização de sementes depupunheira palmiteira. Mas, há um comércio marginal e paralelo de produção de“sementes” para os estados brasileiros em que a pupunha palmiteira esta em fase deexpansão. Com base nos valores declarados pelos produtores credenciados aoLaboratório de Sementes da Embrapa Rondônia, é possível estimar que anualmentecerca 10,0 a 12,0 toneladas de sementes de pupunha palmiteira sejam destinadas acomercialização em Rondônia e, principalmente, outros estados (por ordem, Paraná,Espírito Santo, Santa Catarina e São Paulo).

Em Rondônia, têm-se utilizado rotineiramente os testes de sanidade em sementesde pupunheira objetivando além do controle da qualidade, prospectar a condição sanitáriadas amostras, inferir acerca da qualidade dos lotes a serem comercializados, informarsobre a germinação e o valor cultural em laboratório, e, determinar a necessidade e aeficiência do tratamento químicos das sementes de pupunheira palmiteira para acertificação de qualidade fitossanitária. Estes serviços são prestados gratuitamente pelosLaboratórios de Sementes e de Fitopatologia da Embrapa Rondônia aos produtores ecompradores de sementes e demais interessados.

Devido ao baixo custo financeiro e da economia de mão-de-obra especializada,predominantemente, utiliza-se o método do papel-de-filtro ("blotter test") com desinfeçãosuperficial das sementes com solução de hipoclorito de sódio a 1,05% (imersão por 5 a 10minutos), visando controlar a incidência corriqueira de contaminantes das amostras porfungos saprófitas além de facilitar as leituras e a confiabilidade das análises laboratoriais.Pois, se tem constatado que por serem intolerantes ao armazenamento de longo prazo,requerer umidade e temperatura elevadas, condições típicas das sementes do grupoortodoxo, são freqüentes e altas a incidência de Aspergillus spp. e Penicillium spp.,ambos, identificados e contados como fungos de armazenagem por provocaremdeterioração física e fisiológica das sementes de pupunheira. Na Tabela 3 constam osprincipais fitopatógenos, contaminantes e/ou saprófitas detectados em testes de sanidadeem sementes de pupunheira produzidas no estado de Rondônia, e, os fungicidas comação de contato ou sistêmico, freqüentemente mais utilizados no tratamento dassementes.

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Tabela 3. Fitopatogênicos (ou saprófitas) detectados em testes de sanidade emlotes de sementes de pupunheira palmiteira e os principais fungicidaspara o tratamento (contato e sistêmicos) de sementes. EmbrapaRondônia. 2005.

Fungos Ocorrência Fungicidas AçãoAspergillus spp.2 +++Penicillium spp.1 +++Rhizoctonia spp.1 +++ Carbendazin

Carboxin + Thiram 200 SC3Sistêmica

Fusarium spp.1 ++Ceratocystis spp. ++ Captan 750 TS ContatoDrechslera spp2.(Helmithosporium)

+ Captan 750 TS+Benomyl PM

Graphium spp. + Chlorothalomil+Thiophanate-methyl3 -Nematóides1 +Bactérias1 ++++ (muito freqüente); ++ (medianamente freqüente); + (pouco freqüente)

1Patógenos causadores de doenças em B. gasipaes; 2Contaminantes e/ou saprófitas;3Misturas formuladas comercialmente e registradas no MAPA/DDIV/DAS para diversas culturas,

exceto pupunheira.

Para observação de sintoma (principalmente, Aspergillus spp. e Penicillium spp.) epercentual de plântulas que expressam inermidade (ausência de espinhos) empupunheira, também se têm usado o teste de emergência em bandejas com substrato devermiculita ou areia grossa lavada.

7. FALHAS NO PROCESSO DE PRODUÇÃO E BENEFICIAMENTO DE SEMENTES EMRONDÔNIA

A Comissão Estadual de Sementes e Mudas (CESM) de Rondônia ainda nãoadotou oficialmente os novos padrões mínimos para controle de qualidade genética efisiológica em sementes certificada de pupunheira, conforme preconiza o decreto N° 5.153de 23 de julho de 2004 que regulamentou a Lei N° 10.711 de 5/agosto/2003 que dispõesobre a reestruturação do Sistema Nacional de Sementes e Mudas – SNSM.Informalmente, os órgãos responsáveis pela fiscalização e análise de sementes noEstado, têm adotado como padrões mínimos para campo, laboratório e viveiros os queconstam no Anexo 1.

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Têm-se sugerido aos responsáveis técnicos (RT) e produtores de sementes depupunheira, algumas medidas genéticas e profiláticas na condução dos campos desementes. a) em médio prazo: formar campos isolados para produção de sementescertificadas -C1 em Área de Produção de Sementes (APS)2; e, b) em curto prazo:a) realizar correção do solo e adubação química (NPK+micronutrientes), mesmo que em

cobertura;b) eliminar do campo de produção de sementes (população Yurimáguas) todas as

plantas que expressem espinhos no estipe, e, plantas-matrizes pouco produtivas.Pois, como as sementes são de plantas de meios-irmãos, pelo menos, se garantiráque metade da base genética seja herdada de uma planta (mãe) superior, uma vezque a origem do pólen (progenitor masculino) é desconhecida.

c) controlar os fitopatogenos e saprófitas via duas aplicações de fungicidas em pré-colheita;

d) controlar rigorosamente a qualidade das sementes quanto as pragas (a partir de 2%do nível de infestação dos frutos em formação) e monitorar os níveis de infestaçãotanto na colheita tardia (março) quanto na safra temporão (junho-agosto);

e) formar lotes de até 500 kg de sementes por colheita seletiva e escalonada das plantasquanto as características genéticas de alta herdabilidade (inermidade, vigor,perfilhamento, sanidade) das matrizes, épocas de colheita e beneficiamento, visandoa padronização mínima dos lotes;

f) descartar lotes de sementes com mais de 5% de doenças (fúngicas, bacterianas e ounematóides);

g) expurgar, quando necessário, com produtos químicos as sementes em pós-colheita;h) desinfetar com produtos químicos as instalações de beneficiamento e

armazenamento temporário das sementes;i) manter a umidade de pós-colheita do endocarpo em 30-40%, a fim de aumentar a

longevidade das sementes quanto a germinação e vigor, desde que comercializadarapidamente;

j) adotar o uso de sacaria de plástico logotipada ou identificadas (produtor e padrõesmínimos de garantia das sementes);

Consta no Anexo 3, uma proposta que será submetida a CESM de Rondôniavisando a melhoria qualitativa da produção de sementes no estado e, a adequação aosnovos padrões de controle (qualidade genética, fisiológica e fitopatológica) em sementesde pupunheira, conforme e decreto N° 5.153 (23 de julho de 2004). Objetiva-se então,reduzir a comercialização de "sementes" de pupunheira palmiteira com elevadopercentual de introgressão genética ou híbridização entre as raças Yurimáguas xBenjamim Constant; "sementes" com elevado percentual de fungos (fitopatogênicos,contaminantes e ou saprófitas) e pragas; comercialização de sementes despadronizadas(germinação, inermidade, tamanho, etc.); venda de "lotes" sem expurgo e ou tratamentofúngico preventivo; reuso de sacarias contaminadas; "lotes" sem identificação da origemgenética; dentre outros.

8. PESQUISA E TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIAS EM PUPUNHA PALMITEIRA

2 Área de Produção de Sementes (APS): população vegetal, nativa ou exótica, natural ouplantada, selecionada, isolada contra pólen externo, onde são selecionadas matrizes, comdesbaste dos indivíduos indesejáveis e manejo intensivo para produção de sementes, devendo serinformado o critério de seleção individual.

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Na Embrapa Rondônia, a pesquisa com pupunheira para produção de palmito érecente. As primeiras atividades com esta cultura, visando a produção de frutos foramrealizadas por Locatelli e Souza (1987) com a implantação de consórcio de sistemasagroflorestais (pupunheira x cupuaçu x banana x castanheira-do-brasil) em Machadinhodo Oeste, região leste do Estado.

Em 1989, Costa, Souza e Sampaio avaliaram, preliminarmente, a influência doespaçamento de plantio e a época de corte do palmito em pupunheiras.

COSTA, R.S.C. da; SOUZA, V.F. de; SAMPAIO, N.F. Determinação da curva de produção depalmito de pupunha em Ariquemes. (EMBRAPA-UEPAE Porto Velho. Pesquisa em Andamento,122). 3p. 1990.

O experimento foi instalado em 1989, no Campo Experimental da Unidade de Pesquisa deÂmbito Estadual(UEPAE Porto Velho),da Embrapa, localizado em Ariquemes, RO. O solo foiclassificado como Latossolo Amarelo, textura argilosa, fase cascalhenta, com as seguintescaracterísticas químicas: pH-5,7; Al+++=0,0meq/100ml; Ca+++ Mg++ = 2,8meq/100ml; P = 0,0ppm e K= 62ppm. O ensaio foi instalado em DBC, fatorial 3x3 com três repetições (área de 0,6ha). Oprimeiro fator era o espaçamento (2,0m x 2,0m x 2,0m x 3,0m e 2,0m x 4,0m) e o segundo, aépoca de corte (dois, três e quatro anos). Utilizou-se mudas de 18 meses de idade provenientes deplantas matrizes inermes. O plantio foi feito em covas de 20cm x 20cm x 20cm, não sendorealizado correção do solo, nem adubação de formação e manutenção. Não se obteve diferençassignificativas (P>0,05) entre os tratamentos (espaçamento) nos referidos parâmetros. Todavia,obteve-se correlação significativa entre o número de folhas e altura (r2 = 0,72). A principal causa dobaixo índice de sobrevivência foi o ataque de roedores não identificados, que deceparam asplantas na região do coleto.

Somente a partir de janeiro de 2002, foram implementadas as primeiras ações deseleção recorrente intrapopulacional de pupunheira palmeira no estado por Locatelli eRamalho (2000)3, Nesse ano, no Campo Experimental da Embrapa em Machadinho doOeste (RO), estruturou-se uma coleção ativa de trabalho (COLATIVA) de pupunheira dapopulação Yurimáguas com 200 plantas (acessos) de meios-irmãs. As quais, foramselecionadas fenotípicamente (inermidade, perfilhamento, produção de frutos,vigorosidade, sanidade, outros) e tipificadas quanto as características dos frutos1.

Visando atender a demanda e incrementar o agronegócio do palmito estado eobjetivando a seleção de progênies de pupunha com boas características genética parapalmito, no período de novembro a janeiro/2003, foi realizada a fase de seleção massalem campo. Numa população sem seleção da raça Pampa Hermosa, procedênciaYurimáguas (5º45'S; 76º05"W, altitude de 182m), foram selecionados 30 acessosfenotípicamente superiores, numa área cultivada de 10 hectares da Fazenda Palmital depropriedade da COOPERAMA em Itapoã do Oeste (RO). Da coleção ativa de trabalho,estruturada no ano anterior, foram selecionadas 36 matrizes, com característicasfenotípicas superiores, e também, 40 acessos da raça Pampa Hermoza em pupunhais deprodutores no município de Ouro Preto do Oeste (RO).

Quatro experimentos em látice (totalizando 72 famílias de meios-irmãos) foramimplantados entre janeiro e fevereiro/2004, em Porto Velho e Machadinho do Oeste.Semestralmente, procedências e progênies estão sendo avaliadas quanto a altura daplanta (HP), diâmetro do estipe (DE), número de folhas (NF), número de perfilhos (NP),ocorrência de pragas e doenças. Com um índice de sobrevivência (%SOB) das plantas de99,6% e 99,3%, respectivamente, aos seis e 12 meses da implantação em Porto Velho e 3 LOCATELLI, M; RAMALHO. A.R. Melhoramento genético de progênies de pupunheira (Bactris

gasipaes Kunth) da população Yurimáguas para produção de palmito em Rondônia. (Código07.2002.002.04). Relatório final. (não publicado). Embrapa Rondônia. 2005. 15p.

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Machadinho do Oeste, verifica-se nas Tabela 4 e 5 que nos dois locais, os coeficientes devariação foram baixos para a maioria dos caracteres, proporcionando resultadosexpressivos e confiáveis. Com base nas estimativas genéticas obtidas, principalmentequanto a herdabilidade média em nível de família e razão CVg/CVe, preliminarmente,expressaram variabilidade genética e boas condição para seleção futura em ambos osambientes (Figuras 2 e 3). Para estimar a ocorrência e a magnitude da interação GxA, 13das progênies de cada experimento são comuns aos dois locais.

Tabela 4. Resultados preliminares da avaliação aos seis meses de pupunheiras(população Yurimáguas), seleção Machadinho do Oeste, RO. Local: PortoVelho, Rondônia.

F.V. GL QUADRADO MÉDIOHP (cm) DE (cm) NF (cm) NP (cm)

Repetição 4 83,6740 3,6388 0,5932 0,2087Famílias (não ajustado) 24 74,677** 3,466** 0,185** 0,143**Famílias (ajustado) * - - - -Erro (DBC) 96 23,7097 1,61252 0,1583 0,0569Erro (efetivo) 76 - - - -Média * 32,7054 3,3715 6,1002 1,1350C.Ve.(%) * 14,8882 11,9105 6,5212 21,0197Eficiência do látice * 157,44 110,07 112,00 104,99Parâmetros Genéticos HP (cm) DE (cm) NF (cm) NP (cm)Variância genotípica (média) 10,1934 0,3707 0,0053 0,0172Variância aditiva (média) 40,7738 1,4828 0,0212 0,0686Variância fenotípica (média) 14,9354 0,6932 0,0369 0,0285Variância ambiental (média) 4,7419 0,3225 0,0317 0,0114Variância Progênie x Local - - - -Herdabilidade média (família) 68,25% 53,48 14,32 60,12C.V. Genético (CVg%) 9,7620% 18,0588 1,1923 11,5406Razão(b)=CVg/CVe 0,6557 1,5162 0,1828 0,5490Ganho de seleção (GSm) 4,6290 0,7814 0,0483 0,1782

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Tabela 5. Resultados preliminares da avaliação aos 12 meses de pupunheiras(população Yurimáguas), seleção Machadinho do Oeste, RO. Local:Machadinho do Oeste, Rondônia.

F.V. GL QUADRADO MÉDIOHP (cm) DE (cm) NF (cm) NP (cm)

Repetição 4 131,1650 0,49566 4,0699 0,7959Famílias (não ajustado) 24 93,627** 0,932** 1,2487** 0,561**Famílias (ajustado) * - - - -Erro (DBC) 96 20,3534 0,19578 0,5374 0,069Erro (efetivo) 76 - - - -Média * 45,7637 4,2294 5,8982 1,5165C.Ve.(%) * 9,8582 10,4618 12,4286 17,3343Eficiência do látice * 100,16 100,0 102,54 100,0Parâmetros Genéticos HP (cm) DE (cm) NF (cm) NP (cm)Variância genotípica (média) 14,6549 0,1472 0,1423 0,0872Variância aditiva (média) 58,620 0,589 0,5690 0,349Variância fenotípica (média) 18,726 0,1863 0,2497 0,1010Variância ambiental (média) 4,0707 0,0392 0,1075 0,0138Variância Progênie x Local - - - -Herdabilidade média (família) 78,26 78,99 56,96 86,31C.V. Genético (CVg%) 8,365 9,0704 6,395 19,467Razão(b)=CVg/CVe 0,8485 0,8670 0,5145 1,1230Ganho de seleção (GSm) 5,9435 0,5984 0,4996 0,481

Figura 2. Aspectos vegetativos efitossanitários de progênies de pupunheira(população Yurimáguas) aos 16 meses paraprodução de palmito em área de pastagemdegradada. Latossolo amarelo, distrófico.Porto Velho, Rondônia, Brasil.

Figura 3. Vista parcial dos aspectosvegetativos e fitossanitários em progêniesde pupunheira (população Yurimáguas), aos16 meses pós-pantio, para palmito em áreade latossolo amarelo, distrófico.Machadinho do Oeste, Rondônia, Brasil.

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Como parte do projeto em rede nacional "Desenvolvimento de genótipossuperiores de pupunha (Bactris gasipaes Kunth) para produção de palmito em diferentesregiões brasileiras", liderado pelo Centro Nacional de Pesquisas de Florestas (EmbrapaFloresta), Paraná, um novo ensaio para avaliação em torno de 100 progênies depupunha, raça Benjamin Constant, para palmito será implantado em Porto Velho a partirde novembro/2005 em delineamento de blocos compactos ao acaso com umaplanta/parcela dentro de cada bloco (single tree plot), representado cada progênie demeios-irmãos, repetida de 40 a 60 vezes, aleatoriamente para minimização daendogamia.

9. LITERATURA CITADA

MDIC (2003). Projeto Potencialidades Regionais. Estudo de viabilidade econômica.Palmito de pupunheira. SUFRAMA, vol. 7, Manaus, 2003. disponível em <http://http://www.suframa.gov.br/publicacoes/proj_pot_regionais/palmito.pdf> Acesso em08/06/2005. 36 p.

Anexo 1Tabela 1. Evolução da área plantada, colhida e produção estimada de palmito de pupunha no estado de Rondônia nos anos

agrícolas de 2001 a 2004.

MunicípioÁrea plantada

(ha)Área colhida

(ha)Produção

(t)

2001/02 2002/03 2003/04 2001/02 2002/03 2003/04 2001/02 2002/03 2003/04Porto Velho 554 535 260 369 435 260 701 522 312Monte Negro 15 5 150 15 5 5 29 5 5Itapuã do Oeste 100 100 100 0 100 100 0 110 110Guajará-Mirim 99 99 99 0 99 99 0 99 99Ouro Preto d’Oeste 53 63 63 10 10 63 20 12 76Pimenteiras do Oeste 60 60 60 60 60 60 108 69 69São Miguel do Guaporé 70 45 45 0 45 45 0 50 50Castanheiras 50 50 15 50 25 7 95 25 7Outros municípios 455 481 487 346 432 443 669 474 499

Total 1.456 1.438 1.279 850 1.211 1.082 1.622 1.366 1.227

Fonte: Safra 2001/02 IBGE (SIDRA); 2002/03 a 2003/04 EMATER-RO, adaptados por Embrapa Rondônia.

Anexo 2Padrões mínimos de campo e laboratório para produção de sementes e mudas de pupunheira

(Bactris gasipaes Kunth)1. Padrões de campo:1. Ser oriunda de plantas vigorosas, produtivas e sadias, com espaçamento mínimo de 5 x 5m, ser pomar

registrado no MA, para produção de sementes;2. Quando se trata de material inteiramente sem espinho, ou com outra qualidade de grande interesse, manter o

campo isolado de outras populações, de preferência por barreiras naturais.3. Da colheita, beneficiamento, acondicionamento e transporte: 3.1 Maturação: Os racemos, para obtenção de sementes, podem ser coletados a partir do instante em que a

metade dos frutos apresenta mudança de cor, do verde para o amarelo/laranja/avermelhado, até quandoestiverem com a cor de um fruto maduro definido. Não incluir frutos excessivamente maduros, secos ouatacados por pragas e enfermidades.

3.2.Limpeza: Extraídas as sementes, descartar imediatamente aquelas que flutuam em água. As demaisseguem o processo de beneficiamento, podendo permanecer de molho por até três dias. Após esteprocesso de fermentação, esfregue as sementes com areia ou serragem ou uma mistura destas até assementes são limpas.

3.3.Tratamento Fitossanitário: Uma vez limpas, as sementes devem ser tratadas com hipoclorito de sódio0,5% durante 15 minutos. Depois, devem ser tratadas com um fungicida apropriado (Benomil, Thiran,Rhodiauran), seguido às instruções no rótulo da embalagem.

3.4.Secagem: As sementes devem ser secas somente até o instante em que a água livre que recobre oendocarpo evapora, com o endocarpo permanecendo escuro.

3.5.Acondicionamento: As sementes podem ser embaladas em sacos plásticos duplo e devidamenteidentificadas.

3.6.Documentação: O certificado fitossanitário de origem deverá identificar o tipo de fungicida e aconcentração usada, bem como as exigências regulamentares sobre origem.

2. Padrões de laboratório: (ver abaixo).Obs.: a) germinadas ( plântulas com até cinco centímetro de hipocótilo com ou sem radículas ). Tomar cuidadonas embalagens para comercialização, pois os hipocótilos são muito frágeis ao manuseio. b) plântulas (plântulas com “chifrinhos”) até duas laminas de folhas. Verificar sempre a sanidade das plântulasquanto às pragas foliares.

3. Padrões mínimos para a produção de mudas fiscalizadas de pupunheira:ART. 24º - Ficam obrigatoriamente estabelecidos, em todos os Estados da Região Norte, os seguintes

padrões mínimos de qualidade para produção, transporte e comercialização de mudas de pupunheira (Bactrisgasipaes Kunth).

a) As mudas devem ser originadas de sementes de qualidades genéticas e agronômicas confiáveis,provenientes de produtores credenciados, e apresentar altura uniforme e aspecto vigoroso;

b) As sementes tratadas e/ou pré-germinadas deverão ser acondicionadas em sacos de polietilenopreto, perfurados, com no mínimo, 18 cm de altura, 12 cm de largura e 0,015 mm de espessura;

c) Deverão possuir 4 a 6 folhas maduras funcionais, a folha central ainda fechada e não apresentarfolíolos separados;

d) Possuir de 4 a 8 meses de idade, a partir da repicagem, apresentarem folhas vigorosas e semsintomas de deficiências nutricionais;

e) Estar isentas de pragas (Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal).Parágrafo único – As mudas de pupunheira que estiverem fora dos padrões mínimos de qualidade estabelecidosno caput deste artigo são proibidas para comércio e transporte, estando sujeitas à apreensão de acordo com alegislação em vigor.CATEGORIA N.º SEMENTES (kg) PUREZA (%) GERMINAÇÃO (%) TEOR UMIDADESementes 250 a 600 90 60 40Plântulas - 95 a 100 95 a 100 (viabilidade) -

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Anexo 3

TABELA 2. Padrões de campo e de laboratório para produção de sementes de pupunheira(Bactris gasipaes Kunth var. gasipaes Henderson), classe não certificada,categorias “semente S1” e “semente S2” sem origem genética comprovada emÁrea de Coleta de Sementes – ACS4, enquanto não houver tecnologia disponívelpara produção de semente genética da respectiva espécie, raças, variedades5.

Fatores Tolerância

Padrão de campo1. Plantas permitidas ou toleradas por área- Plantas com espinhos no estipe ........................................ Zero- Pupunheira silvestres ou primárias1 ................................... Zero- Plantas doentes1 ............................................................ A critério do RT3. Isolamento espacial mínimo sem barreira natural .............. 500 m4. Isolamento espacial mínimo com barreira natural .............. 300 mPadrão de laboratório para sementes não certificadas- Tamanho máximo do lote amostrado ................................ 500 kg- Amostra média para análise de germinação e testes de sanidade 1.000 g- Índice de germinação mínima:- Prazo de validade de 60 dias ............................................ 70%- Prazo de validade de 60 a 120 dias ................................... 70 a 85%- Pureza mínima quanto a inermidade - População Yurimáguas (60 a 80% inermes) .... 90% - População Benjamin Costant (15-25% inermes) 35%- Umidade do tegumento .................................................... 30 a 40%- Sementes cultivas (nº máximo em 1.000g.) ....................... Zero Outras espécies ................................................ Zero Proibidas .......................................................... Zero- Sementes com ou atacadas por insetos (máximo) ............... 3%- Sementes doentes (máximo de infecção por patógenos ou saprófitas) 1%- Sementes com tegumento trincado e ou estéreis (máximo) .... 2,0%- Material inerte (máximo em 1.000g) ................................... 1%

1 Bactris gasipaes Kunth. var. chichagui (H. Karsten) Henderson.Fonte: Informações adaptadas e atualizadas pela Embrapa Rondônia, 2005.

4 Área Alterada de Coleta de Sementes (ACS-AS) refere-se a uma população vegetal, nativa ouexótica, natural antropizada ou plantada, onde são coletados sementes ou outros materiais depropagação, sem necessidade de marcação e registro individual de matrizes.5 2a. revisão dos padrões de campo, laboratório e viveiro, proposta pela Embrapa Rondônia aComissão Estadual de Sementes e Mudas de Rondônia (CESM-RO).