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HUGO GONÇALO GUEDES Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ensino de procedimentos minimamente invasivos: revisão sistemática e metanálise Tese apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Doutor em Ciências. Programa de Clínica Cirúrgica Orientador: Prof. Dr. Everson Luiz de Almeida Artifon SÃO PAULO 2018

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HUGO GONÇALO GUEDES

Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ensino de procedimentos minimamente invasivos: revisão sistemática e metanálise

Tese apresentada à Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo, para obtenção do

título de Doutor em Ciências.

Programa de Clínica Cirúrgica

Orientador: Prof. Dr. Everson Luiz de Almeida Artifon

SÃO PAULO 2018

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Preparada pela Biblioteca daFaculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

©reprodução autorizada pelo autor

Responsável: Erinalva da Conceição Batista, CRB-8 6755

Guedes, Hugo Gonçalo Simulador de realidade virtual versus caixapreta no ensino de procedimentos minimamenteinvasivos : revisão sistemática e metanálise / HugoGonçalo Guedes. -- São Paulo, 2018. Tese(doutorado)--Faculdade de Medicina daUniversidade de São Paulo. Programa de Clínica Cirúrgica. Orientador: Everson Luiz de Almeida Artifon.

Descritores: 1.Treinamento por simulação2.Laparoscopia 3.Procedimentos cirúrgicosminimamente invasivos 4.Educação 5.Cirurgia geral6.Estudantes

USP/FM/DBD-384/18

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Epígrafe

“You see things, and you say: Why? But I dream things that never were, and I say: Why not?”

George Bernard Shaw

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DEDICATÓRIA

A Deus, pela graça de acordar todos os dias abençoado com a dádiva de ajudar as pessoas.

Ao meu pai, Pedro Guedes Sobrinho, e à minha mãe, Maria Deneide Gonçalo Guedes, por minha vida, pelos ensinamentos sobre o significado de amor e respeito e pelos valores que me fizeram chegar até aqui. É pelo exemplo de vocês que me faço melhor a cada dia.

À minha amada esposa, Layra Ribeiro Leão Guedes, por ser minha fortaleza, meu escudo e minha pedra angular. Sem seu amor, carinho e compreensão, eu nada seria. Você me faz um homem cada dia melhor.

À minha amada filha Isabela, que, mesmo ainda no ventre da minha querida esposa, já é motivo de inspiração e dedicação para que consiga alcançar tudo que puder para oferecer e ensinar a ela.

À minha irmã, Vanessa Gonçalo Guedes, pelas brigas e pelo carinho e amor incondicional que levaremos para sempre. O tempo e a distância física vão passar, mas nosso companheirismo e amor nunca vão diminuir.

Aos meus avós paternos, Jorge Guedes do Rêgo (in memoriam) e Geralda Maria de Queiroz, e maternos, Manoel Gonçalo Sobrinho (in memoriam) e Amélia Gonçalo Silva, pelos preciosos momentos de felicidade infinita e pelas melhores histórias que já pude ouvir.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Everson Luiz de Almeida Artifon, pelos desafios

propostos e pelo apoio ao longo de toda essa jornada, os quais, com

certeza, não vão parar com o doutoramento em Medicina. Por compartilhar e

me ajudar a aperfeiçoar a avidez pelo conhecimento, o ímpeto de nunca

parar, o raciocínio lógico para estratificar as ideias, o desejo de querer

sempre mais e a vontade de dar um passo à frente. Obrigado pela amizade,

bem como pelos conselhos, apoios, estímulos, cobranças e

companheirismo. Que eu possa alcançar algum dia uma pequena fração de

sua importância para o mundo médico-científico.

À Profa. Dra. Edna Frasson de Souza Montero, pelo amor ao ensino

da Medicina, à pesquisa e à cirurgia. Serei sempre grato por me acolher e

acreditar em minha capacidade pessoal, profissional e científica. Seu

exemplo de vida e temor a Deus serão sempre um espelho para minha

caminhada.

Ao Prof. Dr. Eduardo Guimarães Hourneaux de Moura, diretor do

Serviço de Endoscopia Gastrointestinal do Hospital das Clínicas da

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Exemplo de pai,

honestidade, sobriedade, liderança, dedicação e trabalho. Professor,

obrigado por ensinar a arte da Endoscopia e da Pesquisa Científica.

Guardarei sempre em minha memória os momentos em que o senhor se

colocou como um segundo pai para mim e, também, quando mencionou a

frase: “mais importante que chegar a um posto de sucesso é ter a certeza de

ali ter chegado sem causar mal a ninguém”.

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Ao Prof. Dr. Paulo Sakai, por seus ensinamentos e sua humildade. Se

não fosse seu legado científico, muitos doentes ainda não teriam o

tratamento adequado. Por sua postura ética, sempre sorridente, pensando

na individualidade de cada pessoa. Não bastando ser o maior endoscopista

do Brasil e um dos maiores do mundo, o senhor ainda prova todo dia o

temor a Deus e o carinho pelos irmãos.

À Dra. Ana Luiza Cabrera Martimbianco, pela consultoria e orientação

durante a estruturação metodológica desta tese, pela paciência e pelo

incentivo.

Ao Prof. Dr. Wanderley Marques Bernardo, que me ensinou os

primórdios da revisão sistemática e metanálise, capacitando-me para a

execução desta tese.

A todos os meus professores da residência de Endoscopia do HC-

FMUSP, Edson Ide, Christiano Sakai, Carlos Furuya, Dalton Chaves, Elisa

Baba, Eunice Chiba, Gustavo Luz, Jeane Martins, Kendi Yamazaki, Marcos

Lera, Marcelo Magno, Nelson Miyajima, Renato Baracat, Robson Ichida,

Rogerio Kuga, Sebastião Dantonio, Sergio Marques, Sergio Matuguma,

Sonia Fylyk, Spencer Cheng, Thiago Ferreira, Tomazo Franzini e Toshiro

Tomishigue, que, com tanta paciência e sabedoria, me guiaram e me

ensinaram os fundamentos da Endoscopia Digestiva.

A todos os meus colegas de residência de Endoscopia Digestiva do

HC-FMUSP, Vitor Brunaldi, Ralph Duarte, Ossamu Okasaki, César Capel,

Fabio Ramalho, Áureo Delgado, Joaquim Cruz, Juan Pablo e Lara Coutinho,

que foram pacientes, companheiros e me deram força durante essa jornada.

Aos professores, amigos, funcionários e pacientes da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte e do Hospital Universitário Onofre Lopes,

instituições estas que foram minha segunda casa por longos anos e me

enchem de orgulho por conta da formação médica que pude ter.

Independentemente de onde estiver, serei sempre um filho da casa de Onofre.

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Ao Dr. Raimundo Fernandes de Araújo Júnior, professor associado

nível II do Departamento de Morfologia da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, que me abriu as portas para a pesquisa científica desde

cedo na Faculdade de Medicina e pôde me capacitar e me orientar o básico

para uma jornada que hoje se consolida com o doutoramento. Muito

obrigado, professor! Seus ensinamentos me possibilitaram recursos que uso

até os dias de hoje.

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Esta tese está de acordo com as seguintes normas, em vigor no momento desta publicação:

Referências: adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver).

Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Serviço de Biblioteca e Documentação.

Guia de apresentação de dissertações, teses e monografias.

Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Julia de A. L. Freddi, Maria F. Crestana,

Marinalva de Souza Aragão, Suely Campos Cardoso, Valéria Vilhena. 3a ed. São Paulo: Divisão

de Biblioteca e Documentações; 2011.

Abreviatura dos títulos dos periódicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus.

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SUMÁRIO

Lista de abreviaturas e siglas Lista de figuras Lista de gráficos Resumo Abstract 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1 1.1 Histórico ................................................................................................. 2 1.2 Revisão da Literatura ............................................................................. 7 1.3 Por Que a Revisão é Importante? ........................................................ 13 2 OBJETIVO .................................................................................................. 14 3 MÉTODOS ................................................................................................. 16 3.1 Desenho do Estudo .............................................................................. 17 3.2 Protocolo e Registro ............................................................................. 17 3.3 Critérios de Elegibilidade para Inclusão de Estudos............................. 18 3.3.1 Tipos de estudos .............................................................................. 18 3.3.2 Participantes .................................................................................... 18 3.3.3 Intervenção ...................................................................................... 19 3.3.4 Desfechos ........................................................................................ 19 3.3.4.1 Desfechos primários .................................................................... 19 3.3.4.2 Desfechos secundários ................................................................ 20 3.4 Métodos de Pesquisa para Identificação dos Estudos ......................... 21 3.4.1 Busca eletrônica ............................................................................... 21 3.4.2 Pesquisa em outras fontes ............................................................... 25 3.5 Seleção dos Estudos e Coleta de Dados ............................................. 25 3.5.1 Seleção dos estudos ........................................................................ 25 3.5.2 Coleta de dados ............................................................................... 26 3.6 Avaliação da Qualidade Metodológica e do Risco de Vieses

dos Estudos Incluídos .......................................................................... 26 3.7 Análise de Dados ................................................................................. 29 3.7.1 Síntese dos dados............................................................................ 29 3.7.2 Medidas de efeito do tratamento ...................................................... 29 3.7.3 Unidades de análise ......................................................................... 29 3.7.4 Dados incompletos ........................................................................... 30 3.7.5 Análise de heterogeneidade ............................................................. 30 3.7.6 Análise de subgrupo......................................................................... 32 3.7.7 Análise de sensibilidade ................................................................... 32 3.7.8 Análise do viés de publicação .......................................................... 32 3.7.9 Avaliação da qualidade da evidência ............................................... 33 3.8 Atualização da Revisão Sistemática ..................................................... 35 3.9 Conflitos de Interesse ........................................................................... 35

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4 RESULTADOS ............................................................................................. 36 4.1 Resultados da Busca ............................................................................ 37 4.2 Descrição dos Estudos Incluídos.......................................................... 39 4.2.1 Desenho do estudo, cenário, amostra e participantes ..................... 39 4.2.2 Intervenção e controle ...................................................................... 40 4.2.3 Desfechos avaliados ........................................................................ 45 4.3 Estudos Excluídos ................................................................................ 47 4.4 Estudos em Andamento ....................................................................... 47 4.5 Avaliação do Risco de Vieses dos Estudos Incluídos .......................... 47 4.5.1 Geração da sequência de alocação (viés de seleção) ..................... 48 4.5.2 Sigilo da alocação (viés de seleção) ................................................ 48 4.5.3 Mascaramento dos participantes e profissionais (viés de

performance) .................................................................................... 49 4.5.4 Mascaramento dos avaliadores dos desfechos (viés de

detecção) ......................................................................................... 49 4.5.5 Dados de desfechos incompletos (viés de atrito) ............................. 50 4.5.6 Viés seletivo de desfechos (viés de relato) ...................................... 50 4.5.7 Outras potenciais fontes de vieses .................................................. 50 4.6 Efeitos da Intervenção .......................................................................... 51 4.6.1 Comparação 1: SVR versus CP quanto ao tempo necessário

para realizar uma cirurgia minimamente invasiva ............................ 51 4.6.2 Comparação 2: SVR versus CP quanto ao escore de

desempenho ao realizar uma cirurgia minimamente invasiva .......... 52 4.6.3 Comparação 3: SVR versus CP quanto ao tempo de

execução das tarefas básicas, avançadas e no geral após o término do treinamento .................................................................... 52

4.6.4 Comparação 4: SVR versus CP quanto ao escore de desempenho ao realizar tarefas básicas .......................................... 56

4.6.5 Comparação 5: SVR versus CP quanto ao escore de desempenho ao realizar tarefas avançadas ..................................... 57

4.7 Análise de Subgrupo ............................................................................ 58 5 DISCUSSÃO ............................................................................................... 59 5.1 Implicações para pesquisa ................................................................... 75 6 CONCLUSÕES ............................................................................................ 76 7 ANEXOS .................................................................................................... 78 8 REFERÊNCIAS .......................................................................................... 102 APÊNDICES ................................................................................................... 115

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BVS - Biblioteca Virtual em Saúde CENTRAL - Cochrane Central Register of Controlled Trials CEPEC - Centro de Ensino e Pesquisa em Cirurgia Vick Safra Chi2 - qui-quadrado CINAHL - The Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature CP - Caixa-preta DM - Diferença de médias DMP - Diferença de médias padronizadas dVSSS - Sistema robótico do daVinci Si ECR - Ensaio Clínico Randomizado EMBASE - Excerpta Medica Database FLS - Fundamentals of Laparoscopic Surgery GOALS - Global Operatives Assessment of Laparoscopic Skills GRADE - Grading of Recommendations Assessment, Development

and Evaluation Working Group HC-FMUSP - Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo IML Instituto Médico Legal IC - Intervalo de confiança LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da

Saúde MEDLINE - Medical Literature Analysis and Retrieval System Online OSA-LS - Objetive Structured Assessment of Laparoscopic

Salpingectomy OSATS - Objective Structured Assessment of Technical Skill PMI - Procedimentos minimamente invasivos PRISMA - Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-

analyses PROPERO - International Prospective Register of Systematic Reviews RCP - Ressuscitação cardiopulmonar SAGES - Society of American Gastrointestinal Endoscopic Surgeons SCOPUS - Database via Elsevier SRV - Simulador de realidade virtual

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fotos do Centro de Ensino e Pesquisa em Cirurgia Vick Safra, da disciplina de Urologia do HC-FMUSP........................... 4

Figura 2 - Imagens ilustrativas das tarefas propostas pelo FLS ................... 6

Figura 3 - Diagrama de fluxo da seleção dos artigos encontrados pelas buscas nas diferentes bases literárias ............................. 38

Figura 4 - Imagens ilustrativas dos movimentos paradoxais externo-interno das pinças laparoscópicas no efeito fulcrum ....................................................................................... 61

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Forest plot comparando o treinamento em SVR versus o treinamento em CP em relação ao tempo necessário para a realização de uma cirurgia minimamente invasiva após o treinamento .................................................... 51

Gráfico 2 - Forest plot ilustrativo comparando o treinamento em SVR versus o treinamento em CP em relação ao escore de desempenho na realização de uma cirurgia minimamente invasiva após o treinamento .............................. 52

Gráfico 3 - Forest plot comparando o treinamento em SVR versus o treinamento em CP em relação ao tempo de realização de uma tarefa básica (transferência de pinos) após o treinamento ....................................................... 53

Gráfico 4 - Forest plot comparando o treinamento em SVR versus o treinamento em CP em relação ao tempo de realização de uma tarefa básica (passagem de laço em estrutura fixa) após o treinamento ........................................... 53

Gráfico 5 - Forest plot comparando o treinamento em SVR versus o treinamento em CP em relação ao tempo de realização de uma tarefa básica (movimentação da câmera laparoscópica) após o treinamento ............................. 54

Gráfico 6 - Forest plot comparando o treinamento em SVR versus o treinamento em CP em relação ao tempo de realização de todas as tarefas básicas propostas após o treinamento ........................................................................... 55

Gráfico 7 - Forest plot comparando o treinamento em SVR versus o treinamento em CP em relação ao tempo de realização de uma tarefa avançada (correr alça com pinça grasper laparoscópica) após o treinamento ................... 55

Gráfico 8 - Forest plot comparando o treinamento em SVR versus o treinamento em CP em relação ao tempo de realização de uma tarefa avançada (diérese e síntese) após o treinamento .................................................................. 56

Gráfico 9 - Forest plot comparando o treinamento em SVR versus o treinamento em CP em relação ao escore de desempenho na realização de todas as tarefas básicas ......... 57

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Gráfico 10 - Forest plot comparando o treinamento em SVR versus o treinamento em CP em relação ao escore de desempenho na realização de todas as tarefas avançadas ............................................................................... 57

Gráfico 11 - Forest plot ilustrativo comparando o treinamento em SVR versus o treinamento em CP em relação ao tempo de realização de uma tarefa avançada (navegação de câmera) após o treinamento para participantes com experiência em laparoscopia ................................................... 58

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RESUMO

Guedes HG. Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ensino de

procedimentos minimamente invasivos: revisão sistemática e metanálise.

[tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2018.

Introdução: a proficiência técnica é fundamental para o treinamento

cirúrgico. Em virtude da complexidade crescente das cirurgias minimamente

invasivas (CMI), o treinamento apenas em campo cirúrgico é insuficiente e

impraticável. Os simuladores de realidade são comprovadamente uma ponte

fundamental para esse aprendizado e para aplicação dessas técnicas em

campo cirúrgico. Objetivo: avaliar a efetividade do simulador de realidade

virtual comparado com a caixa-preta para o aprendizado dos participantes

em técnicas minimamente invasivas. Métodos: foi realizada uma revisão

sistemática da literatura nas bases CENTRAL, MEDLINE, EMBASE, Scopus,

CINAHL, LILACS e literatura cinzenta. Os desfechos primários avaliados

foram o tempo necessário para realizar uma cirurgia minimamente invasiva e

o escore de desempenho ao realizar uma cirurgia minimamente invasiva.

Após selecionados, os artigos foram submetidos a uma avaliação da

qualidade metodológica e do risco de vieses dos estudos incluídos.

Adicionalmente, foram extraídos os dados demográficos e contínuos

possíveis para realização da metanálise. Os resultados encontrados foram

submetidos à avaliação da qualidade da evidência. Resultados: 20 ensaios

clínicos randomizados foram incluídos na análise qualitativa e 14 foram

usados na metanálise. Ao todo, 350 participantes foram randomizados para

os simuladores de realidade virtual (SRV) e 345, para a caixa-preta (CP). A

maioria dos estudos treinou por 10 ou mais sessões cada habilidade.

Somente na execução da tarefa de transferência de pinos, o treinamento

com SRV foi mais eficiente que com CP (p < 0,00001; IC95%: -35,08 a -

25,01). Em análise descritiva, quanto ao escore de desempenho na

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realização de uma CMI, houve superioridade do grupo SRV em relação ao

grupo CP. Não houve diferença estatística na metanálise quanto ao tempo

para realizar uma cirurgia, tempo para execução e pontuação em escalas de

desempenho de outras tarefas básicas ou avançadas. Conclusões: na

pontuação em escores de desempenho ao realizar uma CMI e na execução

da tarefa básica de transferência de pinos, o treinamento com SRV é melhor

que o treinamento com CP. Nos demais desfechos, independentemente do

nível de experiência do aluno ou do tipo de atividade treinada, as duas

formas de treinamento são equivalentes. Registro PROSPERO:

CDR42016046840.

Descritores: treinamento por simulação; laparoscopia; procedimentos

minimamente invasivos; educação; cirurgia.

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ABSTRACT

Guedes HG. Virtual reality simulator versus black box to teach minimally

invasive procedures: systematic review and meta-analysis. [thesis]. São

Paulo: “Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo”; 2018.

Introduction: technical proficiency is fundamental to surgical training. Due to

the increasing complexity of minimally invasive surgeries (MIS), training in

the surgical field alone is insufficient and impractical. The simulator trainings

are proven to be a fundamental bridge for their application in the surgical

field. Objective: to evaluate the effectiveness of the virtual reality simulator

compared to the black box for the learning of participants in minimally

invasive techniques. Methods: a systematic review of the literature was

performed on the bases CENTRAL, MEDLINE, EMBASE, Scopus, CINAHL,

LILACS. The primary outcomes were time to perform a MIS and the

performance score in a MIS. After being selected, the articles were submitted

to an evaluation of the methodological quality and risk of bias. In addition, the

possible demographic and continuous data for the meta-analysis were

extracted. The results were submitted to an evaluation of the quality of the

evidence. Results: 20 randomized clinical trials were included in the

qualitative analysis and 14 were used in the meta-analysis. Three hundred

and fifty participants were randomized to virtual reality simulators (VRS) and

345 to the black box (BB). Most of the training included 10 or more sessions

for each skill. To time to complete Peg transfer task, VRS training was more

efficient than BB training (p < 0.00001, 95% CI: -35.08 to -25.01). In a

descriptive analysis, VRS training was better than BB training in the

performance score to perform a MIS. There was no statistical difference in

the meta-analysis to time to perform a surgery, time to complete basics or

advanced tasks and performance score for basic or advanced tasks.

Conclusions: VRS training was better than BB training to evaluate

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performance scores when performing a MIS and time to complete the basic

task of peg transfer. In all other outcomes, regardless of the student's level of

experience or type of activity, the two forms of training are equivalent.

PROSPERO Registry: CDR42016046840.

Descriptors: simulation training; laparoscopy; minimally invasive surgical

procedures; education; surgery.

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1 INTRODUÇÃO

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INTRODUÇÃO - 2

1.1 Histórico

O aprendizado médico contempla o ensino tradicional, seguido pelo

contato com o paciente. Desde o advento e a inserção da tecnologia médica

voltada ao ensino, o uso dos simuladores ganhou relevante espaço como

uma ponte entre o ensino teórico e o contato direto ao paciente.

A descrição do uso de simuladores ocorreu nos anos 1930, quando

simuladores de voo foram testados, mas ainda com uso e adaptação restrita.

Nos anos 1960, os simuladores médicos surgiram, sendo o primeiro deles

desenvolvido por Åsmund Laerdal1 e apelidado de “Resusci Anne”, um

simulador desenvolvido para o treinamento da respiração boca a boca

durante a ressuscitação cardiopulmonar (RCP). A aceitação e o aprendizado

foram tão avassaladores que até hoje o simulador persiste, recebendo

constantes avanços tecnológicos e, atualmente, prestando-se para o

treinamento da ressuscitação cardiopulmonar como um todo (Cooper e

Taqueti, 2008).

Acompanhando a evolução tecnológica e ainda nos anos 1960, Ivan

Sutherland criou o primeiro protótipo de interface homem-computador,

chamado “Sketchpad”, que logo foi direcionado também para o ensino

médico (Wysocki et al., 2003). 1 Laerdal Medical. CPR. Disponível em: <http://www.laerdal.com/us/nav/192/CPR>.

Acesso em 15 out 2017.

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INTRODUÇÃO - 3

Os avanços foram exponenciais, de forma que, em 1989, após a

disseminação dos computadores, o Dr. Joseph Rosen e o Prof. Scott Delp,

dois funcionários da NASA (agência espacial nacional americana),

apresentaram o que ficou conhecido como o primeiro simulador de realidade

virtual para o ensino médico, sendo esse modelo para a área da ortopedia

(Wysocki et al., 2003).

Já em 1993, Satava publicou um artigo descrevendo o primeiro

simulador de realidade virtual direcionado para as cirurgias abdominais,

especificamente para o treinamento de uma colecistectomia.

Historicamente, desde os anos 1990, no Brasil cresce o uso de

simuladores como ferramenta de ensino, principalmente com os cursos de

suporte avançado de vida e trauma. A disciplina de Urologia do Hospital das

Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-

FMUSP), inaugurou, em 2007, o Centro de Ensino e Pesquisa em Cirurgia

Vick Safra (CEPEC) para o treinamento de técnicas minimamente invasivas

em modelos animais vivos, caixas-pretas e simuladores de realidade virtual,

ampliando os horizontes do ensino cirúrgico e tornando disponível a

formação dos médicos residentes das diversas especialidades cirúrgicas

(Torricelli et al., 2011) (Figura 1).

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INTRODUÇÃO - 4

Figura 1 - Fotos do Centro de Ensino e Pesquisa em Cirurgia Vick Safra, da disciplina de Urologia do HC-FMUSP. Da esquerda para a direita e de cima para baixo: treinamento com simulador de realidade virtual; visão geral de um treinamento cirúrgico no CEPEC; visão geral do CEPEC; e treinamento com caixa-preta.

Além desse espaço, em 2009, o HC-FMUSP inaugurou um centro de

simulação realística e treinamento de habilidades compartilhado por diversas

disciplinas para sedimentar o aprendizado teórico antes do treinamento

prático com o paciente (Mariani e Pêgo-Fernandes, 2011).

Para que uma nova ferramenta de ensino seja inserida na prática

médica, é necessário seguir três princípios básicos: o primeiro é não infringir

questões éticas, princípio este perfeitamente respeitado com o uso dos

simuladores de realidade. O segundo abrange o fato de ser um método que

tenha fácil repetição, reprodutibilidade e idealmente baixo custo. Nesse

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INTRODUÇÃO - 5

aspecto, os simuladores são facilmente reprodutíveis, não necessariamente

de baixo custo, mas há diversos modelos. O terceiro e último princípio é o de

que, seja qual for a tarefa do simulador, esta deve sempre estar disponível

para treinamento e deve ser capaz de ser demonstrada a qualquer instante

(Karaliotas, 2012).

Sendo assim, após vencida a etapa de descoberta, confecção dos

simuladores e sua disponibilização no mercado do ensino, era necessário

padronizar as técnicas e habilidades a serem treinadas, bem como os

métodos de avaliações, a fim de garantir a reprodutibilidade universal dos

simuladores. Para isso, vários programas de treinamento em simuladores

cirúrgicos foram desenvolvidos, sendo o Programa de Fundamentos

Laparoscópicos (Fundamentals of Laparoscopic Surgery [FLS]) da

Universidade de Kentucky, no Reino Unido, o programa mais famoso e

reproduzido desde o início (Peters et al., 2004). Posteriormente, outros

programas foram desenvolvidos, como os fundamentos da endoscopia

cirúrgica e os fundamentos da cirurgia robótica.

O FLS é um dos mais bem-sucedidos programas na história da

simulação com base na tecnologia e foi inspirado nos princípios da Sociedade

Americana de Cirurgiões Endoscopistas Gastrointestinais (Society of American

Gastrointestinal Endoscopic Surgeons [SAGES]), surgindo como ótima

ferramenta para a padronização do ensino laparoscópico, tendo seu projeto

capitaneado por Dr. Soper e Dr. Swanstrom (Peters et al., 2004).

O treinamento proposto foca cinco procedimentos minimamente

invasivos (PMI), considerados de suma importância para um cirurgião iniciante

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INTRODUÇÃO - 6

possuir o domínio técnico e o passo a passo cirúrgico. São estes: (i)

colecistectomia laparoscópica com colangiografia intraoperatória, (ii)

hernioplastia inguinal videolaparoscópica, (iii) apendicectomia laparoscópica,

(iv) mobilização de alças intestinais e (v) sutura de alça intestinal e

esplenectomia laparoscópica. Inicialmente, o aluno deve ser treinado em

habilidades básicas que o capacitem para um treinamento mais complexo, a fim

de atingir o domínio técnico dos procedimentos descritos. As habilidades

básicas treinadas no FLS são cinco: a transferência de pinos, o corte de

precisão, a passagem de laço em estrutura fixa, a sutura com nó intracorpóreo

e a sutura com nó extracorpóreo (FLS, 2017), reportados na Figura 2.

Figura 2 - Imagens ilustrativas das tarefas propostas pelo FLS. Da esquerda para direita e de cima para baixo: transferência de pinos, corte de precisão, passagem de laço em estrutura fixa, sutura com nó extracorpóreo e sutura com nó intracorpóreo.

A descrição das habilidades básicas do FLS está contida no artigo

original que a descreve e no próprio site do grupo (Apêndice A). As

habilidades descritas são padronizadas para serem treinadas em caixa-

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INTRODUÇÃO - 7

preta, que, inclusive, tem modelo sugerido pelo FLS. Contudo, por conta da

praticidade das tarefas, sua reprodutibilidade em simuladores de realidade

virtual é plenamente factível, o que torna o FLS um método ideal para

treinamento e nivelamento em todos os tipos de simuladores.

1.2 Revisão da Literatura

Durante a última década, pôde-se observar um crescimento exponencial

de ferramentas para o ensino médico com base em realidade virtual e internet,

seja por meio de vídeos e imagens, seja por meio da criação de novas

plataformas, desempenhando um importante papel na formação do profissional

moderno (Dias-Silva et al., 2014).

Esses métodos são de interesse comum, visto que o treinamento inicial

no paciente, sem um embasamento prévio, gera a ele riscos desnecessários,

além de aumentar a duração dos procedimentos, os custos e a insatisfação

(Eversbusch e Grantcharov, 2004).

Acrescenta-se, ainda, as possibilidades de flexibilização das oportunidades

de aprender, praticar e de se atingir a proficiência em novas habilidades, sem a

responsabilidade do cuidado clínico (Nousiainen et al., 2008).

O ensino cirúrgico, classicamente, dá-se pelo treinamento prático do

médico na realização de cirurgia supervisionada por cirurgião experiente, que,

ao orientá-lo, diminui o risco de iatrogenias. Antes de intervir diretamente no

paciente, o médico residente ou o aluno de graduação médica pode lançar mão

de simuladores de realidade para treinamento adequado e, assim, reduzir

morbidade e desfechos cirúrgicos indesejáveis (Moorthy et al., 2004).

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INTRODUÇÃO - 8

Os métodos vigentes mais comuns são: treinamento com animais

vivos anestesiados, cadáveres humanos e animais, simuladores sintéticos

(como próteses e caixas-pretas) e simuladores de realidade virtual, seja

mediante observação e imersão videoassistida, seja mediante plataformas

de intervenção cirúrgica nos simuladores virtuais. Essa geralmente é uma

maneira mais ética de proporcionar o ensino cirúrgico, sem expor o paciente

aos potenciais malefícios da curva de aprendizado (Moorthy et al., 2004).

Os modelos animais vivos, peças animais e o modelo cadavérico

humano são pilares bem sedimentados e indissolúveis da atual proposta de

treinamento médico cirúrgico. Vantagens, como a aproximação com a

realidade cirúrgica, a resistência natural dos tecidos, a retração, o controle

de sangramentos e a aplicação de habilidades avançadas na sua efetiva

finalidade, proporcionam ao aluno em treinamento possivelmente sua última

etapa de ensino e aquisição de proficiência para, enfim, estar capacitado à

correta execução de uma cirurgia minimamente invasiva (Leblanc et al.,

2010; Palter e Grantcharov, 2012; Sharma e Horgan, 2012).

Mesmo com tantas vantagens, os modelos vivos ou cadavéricos

exigem uma logística ampliada, com laboratórios equipados com suporte

anestésico, insumos, equipe técnica de suporte, aquisição e acomodação

dos animais na forma de biotérios ou autorização de disponibilização de

institutos médicos legais (IML), de forma que os custos de instalação e

manutenção são um fator limitante às instituições de médio e pequeno porte,

impactando negativamente na difusão do uso desses modelos no

aprendizado cirúrgico. Isso sem mencionar as implicações éticas ao se

Page 27: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

INTRODUÇÃO - 9

adotar esses modelos, cada vez mais explícitos na atual sociedade, na qual

o sacrifício de um animal ou a utilização de um cadáver humano para fins de

ensino podem ser vistos como um ultraje moral. Diante disso e com a

crescente necessidade de difusão e universalização do ensino médico

cirúrgico, novos programas de ensino foram estimulados, e os simuladores

de realidade virtual e as caixas-pretas ganharam espaço.

Para a construção de um novo programa de ensino embasado em um

método minimamente invasivo, algumas recomendações são sugeridas,

como as plataformas com vídeos; o teste de conhecimentos aplicado antes

da introdução dos conceitos; o feedback personalizado, imediato e

qualitativo sobre o conhecimento básico do aluno, além da importância de

considerar rotineiramente novas alternativas motivacionais para cada aluno,

dependendo do nível de experiência (Dias-Silva et al., 2014).

Como exemplo, o estudo de Xeroulis et al. (2007) provou que o

ensino videoassistido é equivalente à aula técnica na faculdade quanto ao

ensino das habilidades básicas, poupando o tempo do ensino básico e

ampliando o tempo de dedicação às técnicas complexas.

O uso de simuladores de realidade virtual é interessante, visto que

possibilita o treinamento das habilidades intervencionistas. Um estudo

randomizado dinamarquês, com 20 estudantes de Medicina que nunca

realizaram uma colonoscopia, comparou as habilidades no simulador do

grupo que foi submetido a treinamento virtual com as do grupo controle.

Quem recebeu o treinamento psicomotor realizou a colonoscopia mais

rápido (Teste de Mann-Whitney, p < 0,001), apresentou grande evolução no

Page 28: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

INTRODUÇÃO - 10

percentual de mucosa examinada (p = 0,006), eficiência do exame (p =

0,005), tempo de visão nítida (p = 0,026), redução do tempo de exposição a

dor (p < 0,033), formação do loop (p < 0,001), tempo de loop (p < 0,005), e

excesso de pressão local (p = 0,002) (Eversbusch e Grantcharov, 2004).

Nagendran et al. (2013), em uma metanálise da Cochrane,

comprovaram que o treinamento em realidade virtual parece diminuir o

tempo operatório e melhorar a desempenho do cirurgião em treinamento

laparoscópico ao compararem com o treinamento com caixa-preta ou sem

nenhum treinamento prévio à cirurgia no paciente. Todavia, essa diminuição

do tempo operatório e a melhora técnica ainda não apresentam impactos

conhecidos sobre a saúde do paciente e a melhora dos desfechos ou

redução dos custos terapêuticos.

Diesen et al. (2011), em um trabalho duplo-cego, randomizado com 23

estudantes médicos submetidos a treinamento laparoscópico na caixa-preta e

em simuladores de realidade virtual, bem como a provas de habilidades

técnicas nos momentos 0, 2 e 6 meses, mostraram progressão laboral

constante em todos os grupos, mas sem diferença estatística entre os métodos

de ensino.

Comprova-se, assim, que a efetividade do treinamento não é

modificada pela fidelidade realística do modelo de ensino, alcançando o

mesmo resultado prático independentemente do meio. Contudo, a

aproximação de um layout real aumenta a satisfação do aprendiz e seu

entusiasmo para aprender em um simulador de realidade virtual (Grober et

al., 2004).

Page 29: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

INTRODUÇÃO - 11

A abrangência do método envolve diversas áreas cirúrgicas, como

cirurgia geral, gastrenterologia, angiologia, urologia, ortopedia,

otorrinolaringologia e ginecologia, e sua capacidade de aprendizado é

plenamente comprovada em todos os estudos. Valentin et al., 2016,

recentemente publicaram um trabalho, no qual 55 estudantes foram divididos

igualmente em grupos. Em um deles, havia os que fizeram treinamento com

simuladores de realidade virtual em habilidades simples. Para o outro (grupo

teste), havia os que fizeram treinamento em habilidades simples e

complexas – estas definidas por sutura laparoscópica. Os alunos foram

testados antes e após o treinamento com habilidades e com ambas as

mãos. O resultado foi uma evolução significativa na capacidade de execução

das tarefas, mas houve uma diferença mínima e lenta de aprendizado para

as manobras complexas.

Ao adotar novas plataformas de ensino, não basta apenas decidir qual

delas será a melhor a ser utilizada no aprendizado, mas também é

fundamental decidir qual a melhor forma de aplicá-las, a fim de obter o

rendimento máximo possível no processo de ensino com os simuladores.

Para isso, várias pesquisas se dedicam às variáveis de aplicabilidade do

método, sendo mais prevalente o simulador virtual. Por exemplo, Rivard et

al. (2015) realizaram uma pesquisa com 36 residentes de primeiro e

segundo anos de diversas especialidades cirúrgicas para testar qual a

melhor forma de adquirir habilidades: repetindo a esmo a habilidade

específica ou randomizando diversas atividades, com base no Programa de

Fundamentos Cirúrgicos Laparoscópicos (FLS). O resultado foi interessante,

Page 30: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

INTRODUÇÃO - 12

pois ambas as vias são capazes de gerar aquisição de habilidades e, no

resultado final, não há diferença estatística nessa pesquisa.

Não obstante, tanto para escolher o melhor método de ensino, como

para comprovar sua reprodutividade, há a necessidade de formas avaliativas

padronizadas que quantifiquem a avaliação subjetiva e possibilitem um

retorno preciso de desempenho dos avaliados. O Global Operatives

Assessment of Laparoscopic Skills (GOALS) (Vassiliou et al., 2005), e o

Objective Structured Assessment of Technical Skills (OSATS) (Martin et al.,

1997) são métodos que se prestam para tal finalidade.

O escore GOALS avalia seis competências: percepção de

profundidade, destreza bimanual, eficiência, manipulação de tecidos,

autonomia do avaliado e grau de dificuldade da tarefa determinadapor

Chang et al. (2007). Já o escore OSATS é amplamente padronizado para

avaliar habilidades cirúrgicas e considera sete itens: manuseabilidade do

tecido, tempo de movimento, manuseio do instrumento, conhecimento dos

instrumentos, andamento da cirurgia, uso de auxiliares e conhecimento do

procedimento.

Uma recente revisão sistemática irlandesa, com 52 artigos de

interesse estrito, prova que o escore OSATS é amplamente conhecido e

habilitado para a avaliação do desempenho cirúrgico laparoscópico

(Shaharan e Neary, 2014). Nos Apêndices B, C e D, encontram-se as

escalas dos escores OSATS e GOALS, bem como as variações usadas

neste estudo.

Page 31: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

INTRODUÇÃO - 13

1.3 Por Que a Revisão é Importante?

Depois de fazer uma revisão geral sobre a evidência que existe em

relação aos métodos de ensino videoassistido na cirurgia minimamente

invasiva, pode-se inferir que não existem revisões sistemáticas e

metanálises que suscitem uma resposta com evidência forte na comparação

dos diversos métodos de ensino.

A introdução de plataformas virtuais e vídeos para o ensino parece

estar relacionada às taxas equivalentes de aprendizado, à diminuição da

necessidade de profissional habilitado presencialmente, à diversificação do

local de ensino, a menores custos e à maior dedicação ao treinamento de

técnicas cirúrgicas complexas.

Page 32: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

2 OBJETIVO

Page 33: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

OBJETIVO - 15

Avaliar a efetividade do simulador de realidade virtual em comparação

à caixa-preta para o aprendizado dos participantes em técnicas

minimamente invasivas, em relação à execução de cirurgias minimamente

invasivas e em tarefas executadas nos simuladores, levando em

consideração o nível de experiência laparoscópica prévia dos estudantes e

médicos avaliados.

Page 34: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

3 MÉTODOS

Page 35: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

MÉTODOS - 17

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com o número

298/15 (Anexo A).

3.1 Desenho do Estudo

Foi realizada uma revisão sistemática da literatura médica em busca

de artigos que comparam o treinamento de simulação cirúrgica com os

simuladores de realidade virtual versus o treinamento com a caixa-preta,

sendo elaborados metanálises dos dados e desfechos disponíveis e

passíveis de comparação, realizando, assim, uma forma de análise

secundária, consistente, confiável e não tendenciosa, que visa resumir e

confrontar as evidências existentes na literatura sobre determinado assunto

para, por meio de metanálises, integrar os resultados dos diferentes estudos,

obtendo uma estimativa global de efeito.

3.2 Protocolo e Registro

Esta revisão sistemática da literatura foi realizada segundo a

metodologia do Cochrane Handbook for Systematic Reviews of Interventions

e da Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-analyses

Page 36: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

MÉTODOS - 18

(PRISMA) (Moher et al., 2009). O estudo foi registrado na base de dados

International Prospective Register of Systematic Reviews (PROPERO),

disponível em http://www.crd.york.ac.edu/prospero/, do Centro de Revisões

e Disseminação (Center for Reviews and Dissemination) da Universidade de

York (Inglaterra), sob o código CDR42016046840.

3.3 Critérios de Elegibilidade para Inclusão de Estudos

3.3.1 Tipos de estudos

Foram incluídos apenas estudos que tinham como desenho

metodológico o ensaio clínico randomizado (ECR) e prospectivo que

compararam o simulador de realidade virtual (SRV) com a caixa-preta (CP)

no ensino de técnicas cirúrgicas minimamente invasivas.

3.3.2 Participantes

Foram considerados estudantes de Medicina, médicos, médicos

residentes de especialidades cirúrgicas, cirurgiões formados, independentemente

da experiência com a técnica de videolaparoscopia ou de outras técnicas

minimamente invasivas.

Aqueles que tivessem treinamento prévio com simuladores cirúrgicos

seriam excluídos do escopo da pesquisa. Já, nos casos de o estudo

apresentar populações sem experiência em técnicas minimamente invasivas

(participantes não experientes) e participantes com o prévio domínio dessas

técnicas (participantes com experiência laparoscópica), os dados somente

seriam analisados se fossem apresentados separadamente.

Page 37: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

MÉTODOS - 19

3.3.3 Intervenção

Foram incluídos os ECRs que compararam qualquer tipo de SRV com

qualquer tipo de CP, independentemente do tempo total de treinamento,

bem como do número de sessões, tarefas e repetições dessas sessões,

contanto que não houvesse diferença nesses quesitos entre os simuladores

virtuais e físicos.

Estudos que apresentavam cruzamento de simuladores, de forma que

ambos os braços da pesquisa fariam treinamentos com SRV e CP, apenas

seriam considerados se houvessem resultados pós-treinamento em apenas

um desses, antes da troca de simuladores, podendo, assim, extrair

resultados sem a interferência do cruzamento destes. Os demais casos

seriam excluídos da pesquisa.

3.3.4 Desfechos

3.3.4.1 Desfechos primários

Foram considerados como desfechos primários os seguintes aspectos

diretamente relacionados à efetividade do aprendizado na realização de uma

cirurgia laparoscópica:

- Tempo necessário para realizar uma cirurgia minimamente invasiva:

tempo médio, aferido em segundos (s), para a realização de uma

cirurgia minimamente invasiva, após o treinamento completo nos

simuladores cirúrgicos.

- Desempenho ao realizar uma cirurgia minimamente invasiva: maior

pontuação atingida no escore de desempenho na realização de uma

Page 38: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

MÉTODOS - 20

determinada cirurgia, em escalas de desempenho com pontuação

positiva e crescente, como a escala de avaliação estruturada e

objetiva de habilidade técnica (OSATS), entre outras.

3.3.4.2 Desfechos secundários

Desfechos secundários são aqueles que poderiam expressar a

efetividade do aprendizado nos próprios simuladores cirúrgicos, pois a

avaliação final seria realizada nos simuladores e não em uma cirurgia

minimamente invasiva, como os seguintes:

- Tempo de execução das tarefas básicas, avançadas e no geral,

após o término do treinamento: é o tempo de execução pós-treino

para cada tarefa, medido em segundos, seja ela considerada básica,

seja ela avançada, assim como o tempo total para execução das

tarefas.

- Escore de desempenho ao executar as tarefas básicas, avançadas e

no geral, ao término do treinamento: maior pontuação atingida na

realização de uma determinada atividade, em escalas de

desempenho com pontuação positiva e crescente, como a escala de

avaliação estruturada e objetiva de habilidade técnica (OSATS),

entre outras, considerando a tarefa básica ou avançada e, também,

o desempenho estimado para realização de todas as atividades.

Page 39: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

MÉTODOS - 21

3.4 Métodos de Pesquisa para Identificação dos Estudos

Foi realizada uma extensa busca na literatura, nas bases de dados

eletrônicas reconhecidas e em outras fontes literárias. Não foi imposto

nenhum tipo de restrição nas buscas quanto à data de publicação, ao idioma

em que foi publicado e à situação da publicação (estudos publicados, não

publicados, publicados parcialmente ou estudos ainda em andamento).

3.4.1 Busca eletrônica

As bases de dados consultadas para identificação dos estudos foram

as seguintes:

- Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL), via Wiley

Cochrane Library (2017, Issue 10).

- Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE),

via OVID (incluindo MEDLINE In-Process & Other Non-Indexed

Citations, MEDLINE Daily e Epub Ahead of Print) (1946 a 20 de

novembro de 2018).

- Excerpta Medica Database (EMBASE), via OVID (1974 a 20 de

novembro de 2018).

- The Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature

(CINAHL) via EBSCOhost (1982 a 20 de novembro de 2018).

- Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde

(LILACS), via Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) (1986 a 20 de

novembro de 2018).

- SCOPUS Database via Elsevier (1982 até 20 de novembro de 2018).

Page 40: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

MÉTODOS - 22

As estratégias de busca que foram aplicadas nas bases de dados

tiveram filtros na intenção de ampliar a sensibilidade para identificar ensaios

clínicos randomizados (maximização da sensibilidade) (Lefebvre e

Manheimer, 2011). As estratégias de busca de acordo com as bases foram

as seguintes:

Cochrane Central Register of Controlled Trials

#1 MeSH descriptor: [Computer-Assisted Instruction] explode all trees

#2 MeSH descriptor: [Surgery, Computer-Assisted] explode all trees

#3 MeSH descriptor: [Simulation Training] explode all trees

#4 #1 or #2 or #3

#5 MeSH descriptor: [Laparoscopy] explode all trees

#6 MeSH descriptor: [Minimally Invasive Surgical Procedures] explode

all trees

#7 #5 or #6

#8 #5 and #7

MEDLINE (via PubMed)

#1 "Surgery, Computer-Assisted"[Mesh] OR "Computer-Assisted

Instruction"[Mesh] OR "Simulation Training"[Mesh] OR Computer-Assisted

Surgeries OR Surgeries, Computer-Assisted OR Surgery, Computer Assisted

OR Computer-Assisted Surgery OR Computer Assisted Surgery OR Computer-

Aided Surgery OR Computer Aided Surgery OR Computer-Aided Surgeries OR

Surgeries, Computer-Aided OR Surgery, Computer-Aided OR Surgery, Image-

Guided OR Image-Guided Surgeries OR Surgeries, Image- Guided OR

Page 41: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

MÉTODOS - 23

Surgery, Image Guided OR Image-Guided Surgery OR Image Guided Surgery

OR Computer Assisted Instruction OR Computer-Assisted Instructions OR

Instruction, Computer-Assisted OR Instructions, Computer- Assisted OR Self-

Instruction Programs, Computerized OR Computerized Self-Instruction Program

OR Computerized Self-Instruction Programs OR Program, Computerized Self-

Instruction OR Programs, Computerized Self- Instruction OR Self Instruction

Programs, Computerized OR Self-Instruction Program, Computerized OR

Programmed Instruction, Computerized OR Computerized Programmed

Instruction OR Instruction, Computerized Programmed OR Training, Simulation

OR Interactive Learning OR Learning, Interactive

#2 "Laparoscopy"[Mesh] OR "Minimally Invasive Surgical

Procedures"[Mesh] OR Laparoscopies OR Celioscopy OR Celioscopies OR

Peritoneoscopy OR Peritoneoscopies OR Surgical Procedures, Laparoscopic

OR Laparoscopic Surgical Procedure OR Procedure, Laparoscopic Surgical

OR Procedures, Laparoscopic Surgical OR Surgery, Laparoscopic OR

Laparoscopic Surgical Procedures OR Laparoscopic Surgery OR

Laparoscopic Surgeries OR Surgeries, Laparoscopic OR Laparoscopic

Assisted Surgery OR Laparoscopic Assisted Surgeries OR Surgeries,

Laparoscopic Assisted OR Surgery, Laparoscopic Assisted OR Surgical

Procedure, Laparoscopic OR Surgical Procedures, Minimal OR Surgical

Procedures, Minimal Access OR Surgical Procedures, Minimally Invasive OR

Minimal Access Surgical Procedures OR Minimal Surgical Procedure OR

Procedures, Minimally Invasive Surgical OR Minimally Invasive Surgery OR

Minimally Invasive Surgeries OR Surgeries, Minimally Invasive OR Surgery,

Page 42: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

MÉTODOS - 24

Minimally Invasive OR Procedure, Minimal Surgical OR Procedures, Minimal

Access Surgical OR Procedures, Minimal Surgical OR Surgical Procedure,

Minimal OR Minimal Surgical Procedures

#3 ((clinical[Title/Abstract] AND trial[Title/Abstract]) OR clinical trials as

topic[MeSH Terms] OR clinical trial[Publication Type] OR

random*[Title/Abstract] OR random allocation[MeSH Terms] OR therapeutic

use[MeSH Subheading])

#10 #1 AND #2 AND #9

EMBASE

(education OR vr OR virtual reality training OR simulation OR

instruction) AND (laparoscopy OR minimally invasive surgical procedures OR

endoscopy) AND random*

CINAHL

(MH "Surgery, Computer-Assisted") OR (MH "Therapy, Computer

Assisted") OR (MH "Computer Assisted Instruction") OR (MH "Virtual Reality

Exposure Therapy") AND (MH "Laparoscopy") OR (MH "Surgery,

Laparoscopic") OR (MH "Minimally Invasive Procedures")

LILACS

MH:(Cirurgia Assistida por Computador) OR MH:E02.950.875 OR

MH:E04.749 OR MH:L01.313.500.750.100.710.800 OR MH:(Treinamento

por Simulação) OR MH:I02.903.847 AND MH:Laparoscopia OR

MH:E01.370.388.250.520 OR MH:E04.502.250.520

Page 43: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

MÉTODOS - 25

SCOPUS

"Surgery, Computer-Assisted" OR "Therapy, Computer Assisted" OR

"Computer Assisted Instruction" OR "Virtual Reality Exposure Therapy" AND

"Laparoscopy" OR "Minimally Invasive Procedures"

3.4.2 Pesquisa em outras fontes

Foram verificadas as listas de resumos publicados em congressos

nacionais e internacionais nos últimos 10 anos, destacando-se os seguintes:

Semana Brasileira do Aparelho Digestivo (SBAD), Congresso Brasileiro de

Cirurgia, Digestive Disease Week (DDW), biblioteca de teses da USP, para

encontrar ensaios clínicos randomizados não identificados pelas buscas

eletrônicas, nos quais constasse o tema treinamento cirúrgico com

simuladores.

3.5 Seleção dos Estudos e Coleta de Dados

3.5.1 Seleção dos estudos

Os autores da revisão (Hugo Guedes e Everson Artifon) avaliaram,

independentemente, os títulos e resumos dos estudos extraídos por meio

das estratégias de busca. Em seguida, os estudos que atenderam aos

critérios de elegibilidade foram para uma análise aprofundada, por meio da

leitura por completo. Um terceiro pesquisador independente (Ana Luiza

Martimbianco) foi consultado no caso de discordância entre os revisores com

relação à inclusão de algum estudo.

Page 44: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

MÉTODOS - 26

3.5.2 Coleta de dados A extração dos dados dos artigos selecionados ocorreu após discussão

e comum acordo entre os pesquisadores sobre a decisão de incluir os artigos

na revisão sistemática. A coleta de dados foi feita de forma independente pelos

dois autores e computada em formulários padronizados e específicos para

coleta (Apêndice E). Foram incluídos dados referentes à identificação do

estudo, aos critérios de elegibilidade, aos aspectos metodológicos (desenho do

estudo, como foi realizada a randomização, cegamento da alocação,

mascaramento de avaliadores e participantes, risco de viés e tipo de análise e

local do estudo), aos participantes (tamanho da amostra, experiência ou não

com laparoscopia), às intervenções (tipo de simulador, parâmetros, tarefas

básicas, avançadas ou ambas), às comparações, aos desfechos analisados e

aos resultados relevantes. Seguindo a mesma lógica da seleção dos estudos,

um terceiro autor foi consultado no caso de discordância entre os revisores,

para estabelecer um consenso. Na ausência de dados disponíveis na

publicação, quando possível, o autor de cada estudo foi contactado para a

obtenção de informações adicionais.

3.6 Avaliação da Qualidade Metodológica e do Risco de Vieses dos Estudos Incluídos

Os revisores avaliaram, de forma independente, o risco de viés de

cada estudo selecionado para a revisão sistemática com base nas

recomendações da Colaboração Cochrane, utilizando a ferramenta

denominada Tabela de Risco de Viés (Risk of Bias, RoB tool), conforme

descrito no capítulo 8.5 do Cochrane Handbook for Systematic Reviews of

Interventions (Higgins e Green, 2011).

Page 45: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

MÉTODOS - 27

A colaboração Cochrane recomenda que sejam avaliados, nos ECRs,

os riscos de viés de seleção, viés de desempenho, viés de detecção, viés de

atrito, viés de relato e outros vieses. Assim, a tabela do risco de viés é

composta pela avaliação de sete domínios, conforme a seguir:

- Modo de confecção da sequência de alocação – avalia o modo

utilizado para gerar a sequência de alocação, julgando detalhes

suficientes para determinar se foram produzidos grupos

verdadeiramente comparáveis, isto é, se não houve parcialidade na

alocação dos participantes para as intervenções. A randomização

permite que a sequência de alocação não seja previsível.

- Cegamento da alocação – avalia o modo utilizado para ocultar a

sequência de alocação, em detalhes suficientes para julgar se as

alocações poderiam ter sido previstas antes ou durante o

recrutamento dos participantes. Os participantes e investigadores

não podem ter a capacidade de prever a distribuição dos

participantes.

- Mascaramento dos participantes e profissionais – avalia a descrição

da forma que foram mascarados os participantes e profissionais

envolvidos na aplicação ou no recebimento da intervenção. Sempre

que possível, o cegamento de todos os envolvidos no estudo deve

ser garantido. Exceção se faz quando o cegamento não é factível ou

quando é irrelevante para o resultado final dos desfechos.

- Mascaramento dos avaliadores dos desfechos – avalia o relato da

forma como foi o mascaramento dos avaliadores dos desfechos.

Page 46: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

MÉTODOS - 28

- Dados incompletos de desfechos – analisa se as descrições dos

desfechos estão completas, incluindo perdas de seguimento ou

exclusão dos pacientes nas análises estabelecidas, com os devidos

motivos para tal. Retoma a diferença do número de participantes

retirados em cada grupo (intervenção e controle) e como as perdas

foram consideradas nas análises dos dados.

- Relato seletivo dos desfechos – julga se os desfechos propostos

foram analisados e descritos nos resultados. Com base em um

estudo publicado, análises que apresentam diferenças significativas

entre os grupos tendem a ser mais relatadas que aquelas que não

apresentam diferenças significativas. Protocolos de estudos clínicos

contribuem para essa análise, bem como a descrição dos métodos

do estudo do que se pretendia analisar.

- Outras fontes de viés – analisa os potenciais riscos de vieses

decorrentes de outros fatores não citados previamente, por exemplo,

questões sobre financiamento de pesquisa, pesquisadores e

desequilíbrio entre os grupos no início do estudo.

Quanto ao risco de viés para os determinados campos analisados, a

avaliação envolve a classificação com base em três categorias: (a) “baixo

risco” de viés, quando o domínio descrito pelo estudo for considerado

adequado; (b) “alto risco” de viés, quando o campo descrito pelo estudo for

considerado inadequado; e (c) “risco incerto” de viés, quando o estudo

apresenta informações insuficientes para a aferição.

Page 47: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

MÉTODOS - 29

3.7 Análise de Dados

3.7.1 Síntese dos dados

Quando os estudos fossem homogêneos e seus dados estivessem

disponíveis, os resultados seriam agrupados e sumarizados na forma de

gráficos do tipo floresta (forest plot) (síntese quantitativa ou metanálise),

gerados pelo Review Manager versão 5.3 (Copenhagen: The Nordic

Cochrane Center, The Cochrane Collaboration, 2011). Para os desfechos

nos quais não foi possível realizar a análise quantitativa, os resultados dos

estudos individuais foram apresentados de forma narrativa (síntese

qualitativa).

3.7.2 Medidas de efeito do tratamento

Para os dados dos desfechos contínuos, foi calculada a diferença de

médias (DM) com intervalo de confiança (IC) de 95%. Se os dados de um

desfecho agrupado em metanálise utilizaram diferentes escalas de avaliação

ou escores, como no caso das escalas de desempenho, foi calculada a

diferença de médias padronizadas (DMP) com IC de 95%.

3.7.3 Unidades de análise

A unidade de análise considerada para estimar o efeito do tratamento

foi o estudante de Medicina ou o médico da mesma forma que a unidade de

randomização nos estudos incluídos.

Page 48: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

MÉTODOS - 30

3.7.4 Dados incompletos

Os autores, cujos dados dos estudos incluídos não estavam

completamente fornecidos ou que haviam sido apresentados de forma

inadequada, receberam mensagem via correio eletrônico, solicitando que os

dados e as informações não obtidos nos artigos publicados fossem

disponibilizados. Nos casos em que não foi possível obter essas

informações, os dados disponíveis foram apresentados de forma descritiva.

Quando possível, ou seja, quando os resultados apresentavam distribuição

gaussiana, os dados ausentes de desvio padrão foram calculados e

extraídos para os desfechos contínuos, a partir de valores exatos de p,

intervalo de confiança de 95%, intervalo interquartil ou erro padrão.

3.7.5 Análise de heterogeneidade

A existência de heterogeneidade, considerada como qualquer

variação entre os estudos incluídos na revisão, foi avaliada de acordo com:

a) heterogeneidade clínica, quando for resultado da variabilidade entre

características dos participantes da intervenção; b) heterogeneidade

metodológica, quando causada pela variação entre os desenhos dos

estudos ou diferentes vieses neles presentes; e c) heterogeneidade

estatística, quando os estudos combinados em uma metanálise

apresentavam variação entre as estimativas de efeito, apesar de

aparentemente não possuírem heterogeneidade clínica nem metodológica.

A presença de heterogeneidade estatística entre os estudos foi

realizada por meio do teste qui-quadrado (Chi2), com seu resultado

Page 49: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

MÉTODOS - 31

sumarizado no valor de p, no qual os valores menores que 0,05 comprovam

heterogeneidade estatística. Mesmo assim, é necessário cuidado na

interpretação do teste qui-quadrado, uma vez que tem baixo poder nas

situações de metanálises, cujos estudos têm tamanho de amostra pequeno

ou são poucos. Isso significa que, embora um resultado estatisticamente

significativo possa indicar um problema com a heterogeneidade, um

resultado não significativo não deve ser considerado como evidência de

nenhuma heterogeneidade. É também por isso que, às vezes, é utilizado um

valor p de 0,10, em vez do nível convencional de 0,05, para determinar a

significância estatística. Outro problema com o teste é que, quando há

muitos estudos em uma metanálise, o teste apresenta alto poder para

detectar uma pequena quantidade de heterogeneidade e, clinicamente, isso

pode não ter importância.

Somado ao fato de que as diversidades clínica e metodológica são

figuras constantes nas metanálises, o verdadeiro impacto da heterogeneidade é

avaliado pela variável estatística chamada inconsistência (I2) e, conforme

recomendado por Higgins e Green (2011), os valores de I2 superiores a 50%

foram considerados evidência de heterogeneidade significativa entre os

estudos. Os resultados de insconsistência, pelo que foi exposto, serão os

determinantes da avaliação da heterogeneidade em nosso estudo para todas

as análises realizadas, sendo todas elas concluídas por meio de modelos de

efeito randômico, e as diferenças clínicas e metodológicas entre os estudos,

juntamente com os resultados estatísticos, seriam usadas com o objetivo de

explicar os possíveis motivos para a heterogeneidade.

Page 50: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

MÉTODOS - 32

3.7.6 Análise de subgrupo

A seguinte análise de subgrupo foi planejada para verificar a

consistência dos resultados encontrados em diferentes subgrupos que

poderiam afetar o resultado do treinamento:

- Experiência de técnicas cirúrgicas minimamente invasivas

(participantes não experientes ou com experiência laparoscópica).

3.7.7 Análise de sensibilidade

As seguintes análises de sensibilidade foram planejadas com o

objetivo de comprovar a robustez dos resultados e os aspectos

metodológicos, excluindo-se, assim, da análise os estudos:

- com “alto risco” ou “risco incerto” de viés (principalmente o viés de

seleção, por falta de ocultação de alocação, e o de detecção, por

falta de mascaramento do avaliador dos desfechos);

- com dados ausentes; e os

- relatados apenas em forma de resumo.

3.7.8 Análise do viés de publicação

Foi planejada uma análise do possível viés de publicação entre os

estudos por meio do gráfico de funil (funnel plots), quando pelo menos 10

estudos fossem combinados em uma metanálise de um desfecho primário

(Higgins e Green, 2011).

Page 51: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

MÉTODOS - 33

3.7.9 Avaliação da qualidade da evidência

A qualidade do corpo da evidência dos desfechos relatados nesta

revisão sistemática foi analisada segundo o Grading of Recommendations

Assessment, Development and Evaluation Working Group (GRADE) (Guyatt

et al., 2008a; Higgins e Green, 2011), que classifica as evidências de acordo

com cinco domínios:

- Limitações metodológicas (risco de viés): implica limitação

metodológica e presença de viés como ausência de sigilo de alocação,

ausência ou perda do mascaramento, grande perda de

acompanhamento e estudos interrompidos precocemente em

decorrência de resultados positivos ou negativos (Guyatt et al., 2011a).

- Inconsistência: expressa heterogeneidade ou variabilidade inexplicada

entre os estudos. Ensaios clínicos com o objetivo de responder a uma

mesma questão de pesquisa podem apresentar diferenças clínicas e

metodológicas em sua execução (Guyatt et al., 2011b).

- Evidências indiretas (indirectness): situações em que

participantes, intervenções ou desfechos avaliados nos estudos são

diferentes daqueles considerados na questão de pesquisa da

revisão sistemática ou de situações em que não há comparações

diretas entre as intervenções (Guyatt et al., 2011c).

- Imprecisão: critério para julgar a precisão das estimativas é o

tamanho do IC de 95%. A presença de pequeno número de

pacientes ou eventos nos estudos incluídos gera grandes intervalos

de confiança ao redor da estimativa de efeito e, consequentemente,

incerteza nos resultados (Guyatt et al., 2011d).

Page 52: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

MÉTODOS - 34

- Viés de publicação: é a seleção de estudos a ser publicada, isto é,

escolher publicar ou não um estudo dependendo de seus resultados.

Em geral, estudos que apresentam diferenças em suas análises têm

maior probabilidade de serem publicados do que os estudos que não

demonstram diferenças significativas.

A análise dos cinco critérios acima foi feita para cada desfecho

primário, e as razões para rebaixamento da qualidade da evidência foram

apresentadas em detalhes. Evidências com base em estudos randomizados

são classificadas inicialmente como sendo de alta qualidade, mas podem ter

diminuição de sua qualidade em um, dois e até três níveis de acordo com a

avaliação do domínio anteriormente explicitado. Assim, ao final, a qualidade

do corpo da evidência para cada desfecho pode ser classificada como sendo

de alta, moderada, baixa ou muito baixa qualidade (Atkins et al., 2004;

Guyatt et al., 2008a e 2008b), da seguinte forma:

- Evidência de alta qualidade: significa que há confiança de que o

verdadeiro efeito está próximo à estimativa do efeito da intervenção.

- Evidência de moderada qualidade: significa que o verdadeiro

efeito está provavelmente próximo à estimativa do efeito da

intervenção, podendo, entretanto, haver alterações substanciais.

- Evidência de baixa qualidade: a confiança no efeito do tratamento

é limitada, podendo haver alterações substanciais nos resultados

entre o verdadeiro efeito da intervenção e a estimativa do efeito.

- Evidência de muito baixa qualidade: significa que há incerteza

sobre a estimativa do efeito.

Page 53: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

MÉTODOS - 35

3.8 Atualização da Revisão Sistemática

Os autores propuseram atualizações da busca da revisão sistemática

a cada seis meses, podendo ainda ocorrer a revisão da pergunta da revisão

ou a incorporação de novos métodos.

3.9 Conflitos de Interesse

Os autores declaram que não existiram conflitos de interesse,

financeiros ou não, relacionados à elaboração desta revisão sistemática.

Page 54: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

4 RESULTADOS

Page 55: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

RESULTADOS - 37

4.1 Resultados da Busca

A busca inicial localizou 4.759 artigos nas respectivas bases de

dados: 363 (CENTRAL), 3.854 (MEDLINE), 6 (LILACS), 102 (Scopus), 149

(CINAHL) e 1.095 (Embase). Não foram encontrados estudos elegíveis nas

outras fontes pesquisadas. Depois de remover 563 referências duplicadas,

foi realizada a leitura de títulos e resumos dos 4.196 artigos remanescentes,

dos quais 4.173 foram excluídos por serem inadequados para a inclusão.

As 23 referências restantes foram consideradas relevantes e

potencialmente elegíveis para a revisão. Após a leitura integral dos artigos,

três deles (Madan e Frantzides, 2007b; Rodriguez García et al., 2009; Nickel

et al., 2013) foram excluídos por razões metodológicas (desenho do estudo

não compatível com ensaio clínico randomizado). Dessa forma, 20 artigos

foram incluídos nesta revisão sistemática (Hamilton et al., 2002; Kothari et

al., 2002; Pearson et al., 2002; Lehmann et al., 2005; Madan e Frantzides,

2007a e 2007b; Kanumuri et al., 2008; Tanoue et al., 2008; Debes et al.,

2010; Hiemstra et al., 2011; Loukas et al., 2012; Borahay et al., 2013;

Akdemir et al., 2014a; Jensen et al., 2014; Hassan et al., 2015; Nickel et al.,

2015; Brinkmann et al., 2017; Orlando et al., 2017; Thomaier et al., 2017;

Yiasemidou et al., 2017). Dos artigos selecionados para a revisão

sistemática, 14 foram utilizados para a metanálise.

Page 56: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

RESULTADOS - 38

A seguir, dispomos o diagrama de fluxo da seleção dos artigos por

meio de buscas e critérios de elegibilidade.

Figura 3 - Diagrama de fluxo da seleção dos artigos encontrados pelas buscas nas diferentes bases literárias

Page 57: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

RESULTADOS - 39

4.2 Descrição dos Estudos Incluídos

4.2.1 Desenho do estudo, cenário, amostra e participantes

Foram incluídos 20 ensaios clínicos randomizados, envolvendo 695

participantes, sendo 350 randomizados para os SRVs e 345 para as CPs. O

tamanho da amostra variou entre 16 (Kanumuri et al., 2008; Borahay et al.,

2013; Yiasemidou et al., 2017) e 84 (Nickel et al., 2015) participantes por

estudo, enquanto o número de participantes por grupos de intervenção

oscilou entre sete (Yiasemidou et al., 2017) e 42 (Nickel et al., 2015).

Os estudos foram publicados entre 2002 e 2017 (Hamilton et al.,

2002; Kothari et al., 2002; Pearson et al., 2002; (Brinkmann et al., 2017;

Orlando et al., 2017; Yiasemidou et al., 2017), sendo conduzidos em nove

países diferentes: Grécia (1) (Loukas et al., 2012), Japão (1) (Tanoue et al.,

2008), Reino Unido (1) (Yiasemidou et al., 2017), Dinamarca (1) (Jensen et

al., 2014), Noruega (1) (Debes et al., 2010), Turquia (1) (Akdemir et al.,

2014a), Holanda (1) (Hiemstra et al., 2011), Alemanha (3) (Lehmann et al.,

2005; Nickel et al., 2015; Brinkmann et al., 2017), Estados Unidos da

América (10) (Hamilton et al., 2002; Kothari et al., 2002; Pearson et al., 2002;

Youngblood et al., 2005; Madan e Frantzides, 2007a e 2007b; Kanumuri et

al., 2008; Borahay et al., 2013; Hassan et al., 2015; Orlando et al., 2017).

Em todos os estudos, os participantes preencheram formulários sobre a

experiência em técnicas minimamente invasivas, para se ter certeza do correto

pareamento da amostra. Apenas um dos trabalhos avaliou participantes com

experiência em cirurgia laparoscópica (Lehmann et al., 2005). Todos os

trabalhos avaliaram participantes que não tinham nenhum domínio de técnicas

minimamente invasivas (participantes não experientes).

Page 58: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

RESULTADOS - 40

4.2.2 Intervenção e controle

Quantos aos módulos de simuladores de realidade virtual utilizados,

foram encontrados 10 tipos diferentes, sendo estes os seguintes: Sistema

robótico da Vinci Si (dVSSS) (Hassan et al., 2015), dV-Trainer (Mimic

Technologies, Inc, Seattle, WA, Estados Unidos da América (EUA)) (Borahay

et al., 2013; Orlando et al., 2017; Thomaier et al., 2017), Lap Mentor

(Simbionix, Beit, Golan, Israel) (Yiasemidou et al., 2017), Lap Mentor II

(Simbionix, Cleveland, OH, EUA) (Nickel et al., 2015; Brinkmann et al., 2017;

Yiasemidou et al., 2017), LapSim (Surgical-Science AB) (Youngblood et al.,

2005; Madan e Frantzides, 2007a; Akdemir et al., 2014a), LapVR (CAE

Healthcare, Montreal, QC, Canadá) (Loukas et al., 2012), MIST-VR (Mentice

AB, Gothenburg, Suécia) (Hamilton et al., 2002; Kothari et al., 2002; Pearson

et al., 2002; Madan e Frantzides, 2007a; Kanumuri et al., 2008; Debes et al.,

2010), Procedicus MIST (Mentice AB, Gothenburg, Suécia) (Tanoue et al.,

2008), SEP (SimSurgery) (Jensen et al., 2014), SIMEDO (Delltatech,

Rotterdam, Holanda) (Hiemstra et al., 2011), VEST (conjunto de

universidades alemãs) (Lehmann et al., 2005).

Já em relação às caixas-pretas, sete estudos não especificaram quais

empresas as produziram ou se estas foram de fabricação própria, sendo, no

máximo, descritas as empresas fabricantes dos seus componentes, como

óptica e trocartes laparoscópicos (Pearson et al., 2002; Lehmann et al.,

2005; Tanoue et al., 2008; Loukas et al., 2012; Hassan et al., 2015;

Brinkmann et al., 2017; Thomaier et al., 2017). Outros quatro estudos

descreveram os respectivos fabricantes, mas não especificaram o modelo

Page 59: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

RESULTADOS - 41

utilizado (Hiemstra et al., 2011; Nickel et al., 2015; Orlando et al., 2017;

Yiasemidou et al., 2017). Quanto aos modelos especificados, foram

encontrados seis deles: TRLCD05 (3-Dmed, Franklin, OH, EUA) (Borahay et

al., 2013), D-Box (SimSurgery) (Debes et al., 2010; Jensen et al., 2014),

SCMIS GEM (Karl Storz Endoscopy, Culver City, CA, EUA) (Hamilton et al.,

2002), ProMIS simulator (Haptica Ltd., Dublin, Irlanda) (Kanumuri et al.,

2008), LTS 2000 (Realsim Systems, LLC, Albuquerque, NM, EUA) (Madan e

Frantzides, 2007a e 2007b) e Tower Trainer (Simulabs) (Youngblood et al.,

2005).

A forma como foi realizado o treinamento também foi divergente em

vários aspectos. A principal padronização percebida foi o fato de que a

maioria dos estudos determinavam ao menos 10 repetições de cada tarefa

no período (Hamilton et al., 2002; Pearson et al., 2002; Youngblood et al.,

2005; Madan e Frantzides, 2007a e 2007b; Loukas et al., 2012; Orlando et

al., 2017; Thomaier et al., 2017; Yiasemidou et al., 2017). As tarefas

treinadas variaram entre atividades básicas, específicas ou ambas, havendo

desde o treinamento com apenas uma tarefa (Hiemstra et al., 2011) até um

conjunto de 10 delas (Tanoue et al., 2008). O intervalo de tempo do treino

também não foi uniforme, oscilando entre 20 minutos (Hiemstra et al., 2011)

e chegando até cinco semanas (Akdemir et al., 2014a).

Em relação às tarefas desenvolvidas ao longo dos treinamentos,

apenas dois dos estudos incluíram tanto atividades básicas quanto

avançadas no treinamento dos participantes (Youngblood et al., 2005;

Hiemstra et al., 2011). Nos demais trabalhos, 15 tiveram treinamentos com

Page 60: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

RESULTADOS - 42

tarefas básicas, aquelas que não constituem direta e isoladamente uma

técnica cirúrgica, e sete realizaram o treinamento com tarefas avançadas,

sendo essas atividades que, de alguma forma, reproduziam uma técnica

cirúrgica minimamente invasiva. Mais detalhes descritivos estão expostos no

Quadro 1.

O Quadro 1 ilustra a distribuição descritiva dos artigos selecionados.

Page 61: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

RESULTADOS - 43

Quadro 1 - Dados descritivos dos estudos selecionados

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RESULTADOS - 44

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Page 63: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

RESULTADOS - 45

4.2.3 Desfechos avaliados

Todos os estudos avaliaram pelo menos um desfecho após o

treinamento ao qual o participante foi submetido, e três estudos avaliaram o

desempenho dos participantes não experientes em uma cirurgia

minimamente invasiva efetivamente: uma lobectomia pulmonar (Jensen et

al., 2014), uma ligadura bilateral de tubas uterinas por laparoscopia (Akdemir

et al., 2014a) e, por fim, uma colecistectomia laparoscópica sem

colangiografia (Hamilton et al., 2002). Nos dois primeiros estudos, os tempos

de execução total do procedimento cirúrgico foi computado em segundos e,

no último deles, foi aplicada uma escala de desempenho na avaliação pós-

operatória (Hamilton et al., 2002).

Sete estudos (Hamilton et al., 2002; Youngblood et al., 2005; Akdemir

et al., 2014a; Nickel et al., 2015; Brinkmann et al., 2017; Orlando et al., 2017;

Thomaier et al., 2017) também aplicaram escalas de desempenho no

momento posterior ao fim do treino proposto, mas apenas três destes

também aplicaram as escalas previamente ao treinamento (Hamilton et al.,

2002; Orlando et al., 2017; Thomaier et al., 2017). Os escores utilizados

apresentavam as mesmas características de pontuações crescentes à

medida que o participante demonstrava maior desempenho, sendo o GOALS

(Hamilton et al., 2002; Youngblood et al., 2005; Brinkmann et al., 2017) o

mais frequentemente utilizado. Outros escores padronizados utilizados foram

o OSATS (Nickel et al., 2015) e o Objetive Structured Assessment of

Laparoscopic Salpingectomy (OSA-LS) (Akdemir et al., 2014a), sendo este

último derivado do OSATS. Além desses, foram utilizados dois escores

Page 64: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

RESULTADOS - 46

desenvolvidos nos próprios estudos e com escalas previamente

reconhecidas (Orlando et al., 2017; Thomaier et al., 2017).

Com relação ao tempo para execução das tarefas, foi possível extrair

resultados de 13 estudos, e dois destes, como o anteriormente descrito,

avaliaram o tempo de execução de uma cirurgia minimamente invasiva após

o treinamento (Akdemir et al., 2014a; Jensen et al., 2014). De todos os

trabalhos com resultados do tempo de execução de tarefas, apenas Jensen

et al. (2014) mensuraram o tempo em minutos, sendo todos os demais

aferidos em segundos. Para fim de padronização estatística, o resultado

expresso em minutos foi convertido em segundos. Entre esse total de

estudos com dados extraídos, 10 avaliaram a execução de tarefas básicas e,

em três deles, foi possível extrair uma média e o desvio padrão do tempo

total de execução de todas as tarefas básicas realizadas (Hamilton et al.,

2002; Kanumuri et al., 2008; Tanoue et al., 2008). As atividades básicas

avaliadas foram: transferências de pinos, corte, passagem de laço em

estrutura fixa, nó cirúrgico padrão, navegação com câmera e passagem de

fio pelos anéis fixos. Já as tarefas avançadas avaliadas foram: correr alça

com pinça grasper laparoscópica, inserir uma alça intestinal ressecada em

uma bolsa coletora de retirada, realização de uma biópsia hepática, diérese

e síntese.

Page 65: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

RESULTADOS - 47

4.3 Estudos Excluídos

Após análise das publicações na íntegra, três estudos foram

excluídos: os de Rodriguez García et al. (2009) e Madan e Frantzides

(2007b), por não compararem grupos com treinamentos exclusivos em SRV

ou CP, e o de Nickel et al. (2013), por ser um estudo prospectivo, porém

considerado caso controle e não ensaio clínico em razão de os critérios de

randomização não serem adequados.

4.4 Estudos em Andamento

Não foram identificados estudos em andamento que preenchessem

os critérios de elegibilidade para esta revisão sistemática durante o período

da busca.

4.5 Avaliação do Risco de Vieses dos Estudos Incluídos

O risco de vieses dos estudos incluídos foi avaliado de acordo com a

Tabela de Risco de Viés da Colaboração Cochrane, e os domínios foram

classificados como “baixo risco”, “alto risco” e “risco incerto” de viés (Higgins

e Green, 2011). Detalhes da avaliação do risco de vieses de cada estudo

incluído na revisão sistemática podem ser observados nos Anexos B, C e D.

Page 66: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

RESULTADOS - 48

4.5.1 Geração da sequência de alocação (viés de seleção)

O processo de randomização foi corretamente descrito em sete

estudos de tal forma que sete estudos utilizaram um programa de

computador para gerar a sequência de alocação (Hiemstra et al., 2011;

Borahay et al., 2013; Jensen et al., 2014; Nickel et al., 2015; Orlando et al.,

2017; Thomaier et al., 2017); um estudo (Madan e Frantzides, 2007a)

utilizou uma amostra de envelopes embaralhados e o próprio paciente

retirava um envelope com seu respectivo grupo. Assim, esses estudos foram

classificados como tendo “baixo risco” de viés. Os demais estudos não

forneceram informação suficiente para permitir o julgamento e foram

classificados como de “risco incerto” de viés de seleção.

4.5.2 Sigilo da alocação (viés de seleção)

Dois estudos descreveram métodos para ocultar a sequência de

alocação adequadamente, um citando o uso de envelopes opacos (Madan e

Frantzides, 2007a) e o outro usou listas de alocação vendadas aos

avaliadores e participantes, permanecendo a todo instante a um estudante

não relacionado à pesquisa (Jensen et al., 2014). Nickel et al. (2015) e

Kothari et al. (2002) descreveram que utilizaram envelopes selados, mas

não fazem referência se foram opacos ou não e, por causa disso, foram

classificados como de “risco incerto” de viés de seleção.

Page 67: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

RESULTADOS - 49

4.5.3 Mascaramento dos participantes e profissionais (viés de performance)

Todos os estudos compararam o SRV versus a CP, submetendo o

participante ao contato direto e prático com o simulador para o qual foi

randomizado durante todo o treinamento, assim como para o pesquisador

supervisor do treinamento realizado. Dessa forma, o mascaramento dos

participantes e profissionais nesse ponto dos estudos não foi possível.

Contudo, os autores desta revisão sistemática julgam que isso não interfere

no resultado dos estudos e, assim, arbitrariamente foram determinados que

os estudos selecionados têm “baixo” viés de performance.

4.5.4 Mascaramento dos avaliadores dos desfechos (viés de detecção)

Onze estudos descreveram adequadamente este domínio e foram

assim considerados de “baixo risco” de viés (Hamilton et al., 2002;

Youngblood et al., 2005; Madan e Frantzides, 2007a e 2007b; Kanumuri et

al., 2008; Tanoue et al., 2008; Borahay et al., 2013; Jensen et al., 2014;

Akdemir et al., 2014b; Nickel et al., 2015; Brinkmann et al., 2017; Thomaier

et al., 2017). Os nove restantes não reportaram claramente se os

avaliadores dos desfechos foram mascarados e foram, então, classificados

como de “risco incerto” de viés para esse domínio.

Page 68: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

RESULTADOS - 50

4.5.5 Dados de desfechos incompletos (viés de atrito)

Três estudos foram classificados como de “alto risco” de viés, pois

apresentaram taxa de abandono do estudo elevada (> 20%), não

descreveram os motivos das perdas ou quando as perdas acarretaram perda

da paridade entre os grupos de análise (Hassan et al., 2015; Orlando et al.,

2017; Yiasemidou et al., 2017). Os demais estudos foram classificados como

de “baixo risco” de viés, pois todos os participantes randomizados

inicialmente completaram o estudo.

4.5.6 Viés seletivo de desfechos (viés de relato)

Com base nos desenhos dos estudos propostos nos objetivos e

métodos, todos os trabalhos envolvidos nesta revisão descreveram seus

respectivos desfechos propostos e, por isso, receberam a classificação de

“baixo risco” de viés. Vale salientar que, como a intervenção proposta é a de

ensino em simuladores inertes e inanimados, não foram consideradas as

possibilidades de eventos adversos, não sendo, assim, analisados ou

pesquisados nesta revisão sistemática.

4.5.7 Outras potenciais fontes de vieses

Quatro estudos foram considerados como “alto risco” de viés pelo fato

de pelo menos um dos autores envolvidos na pesquisa ser fomentado, seja

de forma direta, seja indireta, por empresas que detinham as patentes dos

modelos de simuladores testados na pesquisa (Hamilton et al., 2002; Jensen

Page 69: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

RESULTADOS - 51

et al., 2014; Brinkmann et al., 2017; Youngblood et al., 2015). Os demais

estudos foram revisados e considerados de “baixo risco” de viés por não

terem sido identificadas outras possíveis fontes de bias.

4.6 Efeitos da intervenção

4.6.1 Comparação 1: SVR versus CP quanto ao tempo necessário para realizar uma cirurgia minimamente invasiva

Não houve diferença estatisticamente significativa entre o treinamento

com SRV e com CP quanto ao tempo para realizar uma cirurgia

minimamente invasiva após o período de treinamento proposto (DM =

148,83; IC 95%: -203,54 a 501,20; p = 0,41; I2 = 77%).

Gráfico 1 - Forest plot comparando o treinamento em SVR versus o treinamento em CP em relação ao tempo necessário para a realização de uma cirurgia minimamente invasiva após o treinamento

MD = diferença de médias; SD = desvio padrão; 95% IC = intervalo de confiança de 95%; IV = variância inversa; Chi² = teste de qui-quadrado; df = graus de liberdade; I² = teste estatístico para heterogeneidade

Page 70: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

RESULTADOS - 52

4.6.2 Comparação 2: SVR versus CP quanto ao escore de desempenho ao realizar uma cirurgia minimamente invasiva

Os participantes treinados no SRV foram capazes de obter melhor

escore de desempenho do que os treinados com CP, ao realizarem uma

cirurgia minimamente invasiva após o período de treinamento proposto, com

diferença estatisticamente significativa.

Gráfico 2 - Forest plot ilustrativo comparando o treinamento em SVR versus o treinamento em CP em relação ao escore de desempenho na realização de uma cirurgia minimamente invasiva após o treinamento

SMD = diferença de média padronizada; 95% IC = intervalo de confiança de 95%; IV = variância inversa; df = graus de liberdade

4.6.3 Comparação 3: SVR versus CP quanto ao tempo de execução das tarefas básicas, avançadas e no geral após o término do treinamento

Tarefas básicas

- Transferências de pinos

Os participantes treinados no SRV foram capazes de executar a tarefa

básica de transferência de pinos em menor tempo do que os treinados na CP

após o período de treinamento proposto, com diferença estatisticamente

significativa (DM = -35,08; IC 95%: -45,15 a -25,01; p < 0,00001; I2 = 34%).

Page 71: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

RESULTADOS - 53

Gráfico 3 - Forest plot comparando o treinamento em SVR versus o treinamento em CP em relação ao tempo de realização de uma tarefa básica (transferência de pinos) após o treinamento

SD = desvio padrão; 95% IC = intervalo de confiança de 95%; IV = variância inversa; Chi² = teste de qui-quadrado; df = graus de liberdade; I² = teste estatístico para heterogeneidade

- Passagem de laço em estrutura fixa

Não houve diferença estatisticamente significativa entre o treinamento

com SRV e com CP quanto ao tempo para executar a tarefa básica de

passagem de laço em estrutura fixa após o período de treinamento nos

simuladores (DM = 2,58; IC 95%: -7.27 a 12,43; p = 0,61; I2 = 0%).

Gráfico 4 - Forest plot comparando o treinamento em SVR versus o treinamento em CP em relação ao tempo de realização de uma tarefa básica (passagem de laço em estrutura fixa) após o treinamento

SD = desvio padrão; 95% IC = intervalo de confiança de 95%; IV = variância inversa; Chi² = teste de qui-quadrado; df = graus de liberdade; I² = teste estatístico para heterogeneidade

Page 72: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

RESULTADOS - 54

- Navegação da câmera laparoscópica

Não houve diferença estatisticamente significativa entre o treinamento

com SRV e com CP quanto ao tempo para executar a tarefa básica de

navegação com câmera laparoscópica após o período de treinamento

proposto (DM = -81,25; IC 95%: -272,45 a 109,94; p = 0,4; I2 = 99%).

Gráfico 5 - Forest plot comparando o treinamento em SVR versus o treinamento em CP em relação ao tempo de realização de uma tarefa básica (movimentação da câmera laparoscópica) após o treinamento

SD = desvio padrão; 95% IC = intervalo de confiança de 95%; IV = variância inversa; Chi² = teste de qui-quadrado; df = graus de liberdade; I² = teste estatístico para heterogeneidade

Tempo total de todas as tarefas básicas

Não houve diferença estatisticamente significativa entre o treinamento

com SRV e com a CP quanto ao tempo para executar uma série conjugada

de várias tarefas básicas após o período de treinamento nos simuladores

(SDM = 2,67; IC 95%: -0,36 a 5,69; p = 0,08; I2 = 96%).

Page 73: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

RESULTADOS - 55

Gráfico 6 - Forest plot comparando o treinamento em SVR versus o treinamento em CP em relação ao tempo de realização de todas as tarefas básicas propostas após o treinamento

SMD = diferença de médias padronizadas; SD = desvio padrão; 95% IC = intervalo de confiança de 95%; IV = variância inversa; Chi² = teste de qui-quadrado; df = graus de liberdade; I² = teste estatístico para heterogeneidade

Tarefas avançadas

- Correr alça com pinça grasper laparoscópica

Não houve diferença estatisticamente significativa entre o treinamento

com SRV e com CP quanto ao tempo para executar a tarefa avançada de

“correr alça” após o período de treinamento proposto (DM = -30,52; IC 95%:

-96,63 a 35,60; p = 0,37; I2 = 81%).

Gráfico 7 - Forest plot comparando o treinamento em SVR versus o treinamento em CP em relação ao tempo de realização de uma tarefa avançada (correr alça com pinça grasper laparoscópica) após o treinamento

SD = desvio padrão; 95% IC = intervalo de confiança de 95%; IV = variância inversa; Chi² = teste de qui-quadrado; df = graus de liberdade; I² = teste estatístico para heterogeneidade

Page 74: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

RESULTADOS - 56

- Diérese e síntese

Não houve diferença estatisticamente significativa entre o treinamento

com SRV e com CP quanto ao tempo para executar o conjunto de tarefas

avançadas de diérese e síntese após o tempo de treinamento proposto (DM

= -5,18; IC 95%: -20,81 a 10,45; p = 0,52; I2 = 0%).

Gráfico 8 - Forest plot comparando o treinamento em SVR versus o treinamento em CP em relação ao tempo de realização de uma tarefa avançada (diérese e síntese) após o treinamento

SD = desvio padrão; 95% IC = intervalo de confiança de 95%; IV = variância inversa; Chi² = teste de qui-quadrado; df = graus de liberdade; I² = teste estatístico para heterogeneidade

4.6.4 Comparação 4: SVR versus CP quanto ao escore de desempenho ao realizar tarefas básicas

Não houve diferença estatisticamente significativa entre o treinamento

com SRV e com CP quanto à pontuação obtida nos escores de desempenho

para a realização de tarefas básicas após o período de treinamento proposto

(SMD = 0,27; IC 95%: -0,18 a 0,71; p= 0,25; I2 = 48%).

Page 75: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

RESULTADOS - 57

Gráfico 9 - Forest plot comparando o treinamento em SVR versus o treinamento em CP em relação ao escore de desempenho na realização de todas as tarefas básicas

SMD = diferença média padronizada; 95% IC = intervalo de confiança de 95%; IV = variância inversa; df = graus de liberdade

4.6.5 Comparação 5: SVR versus CP quanto ao escore de desempenho ao realizar tarefas avançadas

Não houve diferença estatisticamente significativa entre o treinamento

com SRV e com CP quanto à pontuação obtida nos escores de desempenho

para a realização de tarefas avançadas após o período de treinamento

proposto (SMD -0,31; IC 95%: -0,96 a 0,34; p = 0,35, I2 = 63%).

Gráfico 10 - Forest plot comparando o treinamento em SVR versus o treinamento em CP em relação ao escore de desempenho na realização de todas as tarefas avançadas

SMD = diferença de médias padronizada; 95% IC = intervalo de confiança de 95%; IV = variância inversa; df = graus de liberdade

Page 76: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

RESULTADOS - 58

4.7 Análise de Subgrupo

Foi proposto para a análise de subgrupo estudar os resultados para

diferentes níveis de experiência em laparoscopia do participante. No entanto,

ao considerar apenas participantes com experiência laparoscópica, também

não houve diferença estatisticamente significativa quanto ao treinamento

com SRV e com CP quanto ao tempo para executar uma série conjugada de

várias tarefas básicas após o período de treinamento nos simuladores.

Gráfico 11 - Forest plot ilustrativo comparando o treinamento em SVR versus o treinamento em CP em relação ao tempo de realização de uma tarefa avançada (navegação de câmera) após o treinamento para participantes com experiência em laparoscopia

SD = desvio padrão; 95% IC = intervalo de confiança de 95%; IV = variância inversa; Chi² = teste de qui-quadrado; df = graus de liberdade; I² = teste estatístico para heterogeneidade

O sumário da análise da qualidade da evidência dos principais

resultados por desfechos encontrados apresenta-se na tabela gerada por meio

do sistema GRADE de qualidade de evidência, disponível no Anexo E.

Page 77: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

5 DISCUSSÃO

Page 78: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

DISCUSSÃO - 60

Os procedimentos minimamente invasivos são hoje o padrão-ouro no

tratamento da maioria das afecções cirúrgicas. Seja por meio de técnicas de

laparoscopia com múltiplos portais, seja por meio de portais únicos, cada

vez mais se prefere um tratamento com mesmo nível de complexidade, mas

com menor resposta endócrino-metabólica ao trauma cirúrgico. Os PMIs

permitem recuperação mais rápida, menor tempo de internação, retorno

mais rápido às atividades laborais, melhor aspecto estético cicatricial, mas

às custas de maior dificuldade técnica. Por isso, atualmente, o adequado

treinamento com o devido nível de entendimento, o desempenho e a

proficiência são primordiais na formação do cirurgião.

O aforismo “vê um, fazer um e ensinar um”, de fato, não pode ser

aplicado ao ensino da cirurgia minimamente invasiva, por conta de sua

complexidade e tempo excessivo para a proficiência (Akdemir et al., 2014a).

A ausência de um grupo de controle nos estudos revisados é

justificada pelo fato de o treinamento com simuladores já ter sua eficácia

comprovada em diversas oportunidades (Seymour et al., 2002; Hyltander et

al., 2002; Gala et al., 2013; Brinkmann et al., 2017). O fato de reunir todos

esses trabalhos em um único projeto estatístico e assim englobar a

variedade de simuladores utilizados nos diferentes estudos também não é

um problema, pois, já é comprovado que ambiente externo, dimensões,

Page 79: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

DISCUSSÃO - 61

portabilidade ou interface não interferem no rendimento do ensino, se a

proposta do treinamento for a mesma (Newmark et al., 2007).

No começo do treinamento laparoscópico, a primeira dificuldade

normalmente é o que se chama de efeito fulcrum, isto é, a inversão do

movimento entre as mãos do cirurgião e as pinças laparoscópicas dentro da

cavidade abdominal, por exemplo (Nisky et al., 2012). Para que o cirurgião

movimente a pinça para a esquerda, é necessário que ele movimente sua

mão no sentido oposto, para a direita. Apesar de aparentemente simples de

descrever, quando o foco da atenção está direcionado no campo de ação

cirúrgica, manobras aparentemente simples tornam-se mais difíceis de

serem executadas e podem comprometer tanto o tempo quanto o sucesso

cirúrgico. Treinar e simular a ponto de que o efeito fulcrum não seja mais um

fator limitante à cirurgia, seja no SVR, seja na CP, é fundamental para seguir

em frente no ensino cirúrgico.

Figura 4 - Imagens ilustrativas dos movimentos paradoxais externo-interno das pinças laparoscópicas no efeito fulcrum [Fonte: Nisky et al. (2012)]

As vantagens do treinamento com os SRVs incluem: armazenamento

de dados, plataformas variadas, possibilidade de treinamento personalizado,

facilidade da extração de dados, avaliação de economia de movimentos,

Page 80: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

DISCUSSÃO - 62

maior facilidade para gravar e treinar apenas uma mão, medidas mais

sofisticadas podem treinar a coordenação entre mãos e pés (no caso de

simuladores de cirurgia robótica). Já as desvantagens são: treinamento mais

caro que a convencional caixa-preta, dependência de um software e

impossibilidade de reproduzir a sensação da força da prensa e da

resistência dos materiais manipulados (Madan et al., 2005).

O treinamento com as CPs traz as seguintes qualidades:

relativamente barato, praticidade para mudança de instrumentais e tarefas,

número de exercícios ilimitado, transferência da tensão do material

manipulado para as mãos do cirurgião. Já as desvantagens incluem:

necessidades de maior instrução e de aferição manual dos parâmetros,

tornando a coleta mais difícil (Madan et al., 2005).

Esta revisão sistemática e metanálise sumariza os resultados de 20

ensaios clínicos randomizados e constata que, considerando todos os

desfechos com igual valor, ambos os treinamentos, seja com o simulador de

realidade virtual, seja com a caixa-preta, são capazes de melhorar o tempo

de realização das atividades propostas e o desempenho cirúrgico dos

participantes, sem haver uma diferença estatisticamente significante entre os

métodos, exceto para tarefa básica de transferência de pinos, na qual o

treinamento com SRV se mostrou superior ao com CP. E, considerando

apenas os desfechos primários propostos, em que o resultado do

treinamento é aferido em uma cirurgia real, o grupo treinado com

simuladores de realidade virtual obteve melhor escore de desempenho que

os treinados com caixa-preta, mas esse é apenas um resultado descritivo.

Page 81: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

DISCUSSÃO - 63

Não há, também, diferença em relação ao tempo para realização da cirurgia

após as duas formas de treinamento.

Em relação ao tempo necessário para realizar um PMI, dois estudos

(Jensen et al., 2014; Akdemir et al., 2014b) submeteram os participantes à

realização de uma cirurgia minimamente invasiva logo após o período de

treinamento em SRV e CP, sendo assim possível elaborar uma metanálise

dos dados extraídos. Em uma metanálise com 68 participantes não

experientes, nota-se uma tendência para um menor tempo de execução no

grupo treinado na CP, porém sem significância estatística, p = 0,41 e com

alta heterogeneidade entre os grupos (DM = 148,83; IC 95%: -203,54 a

501,20; I2 = 77%).

Quanto ao escore de desempenho ao realizar uma cirurgia

minimamente invasiva, apenas um único estudo (Hamilton et al., 2002)

reporta a pontuação em escala de desempenho dos participantes na

realização de uma cirurgia minimamente invasiva (colecistectomia

laparoscópica sem colangiografia), após o treinamento nos simuladores

cirúrgicos. O desfecho envolveu 19 participantes sem experiência

laparoscópica com diferença significativamente estatística para um maior

escore no grupo treinado com SRV em relação ao grupo com CP (p =

0,006). Como esse resultado existe em apenas um artigo, não é possível

uma análise estatística desse dado em uma metanálise, sendo esse artigo

apenas um resultado descritivo deste estudo.

Não foram encontrados, até o momento na literatura, revisão sistemática

e metanálise que comparem qual o melhor método de ensino entre SRV e CP.

Page 82: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

DISCUSSÃO - 64

Em 2013, Nagendran et al. publicaram uma revisão sistemática e metanálise

estudando a efetividade do simulador de realidade virtual no treinamento de

participantes não experientes em laparoscopia e, como subgrupo, compararam

o SRV e a CP em relação ao desempenho no escore cirúrgico.

O dado não pode ser utilizado para metanálise, pois apenas um

estudo foi encontrado, mas este segue a mesma tendência da conclusão

desta metanálise, na qual o grupo de SRV tem melhor escore de

desempenho em relação ao grupo treinado com CP. De forma concordante

ao resultado de desempenho encontrado, Reznick et al. (1997) submeteram

grupos treinados com SRV e CP à avaliação de desempenho em modelos

animais anestesiados, encontrando o resultado de que o grupo treinado com

SRV foi mais efetivo do que o grupo da CP.

Contrariando esses estudos prévios, Zendejas et al. (2013) publicaram

outra revisão sistemática e metanálise onde afirmam que o treinamento com a

CP obteve resultados superiores ao treinamento com SRV.

O fato de os simuladores de realidade virtuais terem a possibilidade

de utilizar uma interface mais realística não interfere no rendimento do

treinamento, visto que já foi comprovado que a fidelidade do simulador não

altera a capacidade de ensino do simulador (Grober et al., 2004). Em relação

ao melhor desempenho nos escores de proficiência dos SRV em

comparação aos da CP, um outro argumento a ser considerado é o viés de

aferição, no qual a facilidade de extração de dados do primeiro em relação à

segunda é notória, visto que, na maioria dos SRV, os softwares já são

habilitados para extrair dados enquanto que, na maioria das CPs, é

Page 83: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

DISCUSSÃO - 65

necessário um avaliador externo para aferir e computar as informações das

tarefas realizadas. No tocante à facilidade e aos dados extraídos, parte dos

SRVs afere também a quantidade de erros cometidos em cada tarefa,

fazendo com que os participantes tenham cada vez mais cuidado com a

realização do movimento técnico adequado, enquanto que, no treinamento

com as CPs, a maioria dos participantes está preocupada em completar a

tarefa proposta no menor tempo possível, sem diretamente observar os

erros técnicos que cometeram (Hamilton et al., 2002).

Diante dos resultados atuais e da revisão da literatura, é possível

sugerir que o treinamento com SRV ou com CP seja capaz de reduzir o

tempo cirúrgico e promover melhor desempenho cirúrgico. Porém, ainda não

se pode afirmar que o treinamento com simuladores seja capaz de melhorar

os desfechos cirúrgicos dos pacientes operados por médicos treinados

(Nagendran et al., 2013; Gurusamy et al., 2014; Matzke et al., 2017).

No entanto, o tempo cirúrgico e, de forma proporcional, os custos

envolvidos aumentam consideravelmente entre cirurgiões novatos e

experientes (Wilkiemeyer et al., 2005). Dessa forma, o treinamento cirúrgico

em simuladores até o cirurgião atingir bons níveis de desempenho e

familiaridade com a técnica minimamente invasiva já não parece mais

apenas uma questão de ensino, mas, sim, uma medida de saúde pública,

beneficiando diretamente o paciente e o sistema de saúde.

O grupo treinado com o SRV apresenta um menor tempo de execução

da tarefa básica de transferência de pinos em relação ao grupo treinado com a

CP. Foi possível extrair dados e realizar metanálise de seis estudos (Kothari et

Page 84: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

DISCUSSÃO - 66

al., 2002; Youngblood et al., 2005; Hassan et al., 2015; Brinkmann et al., 2017;

Orlando et al., 2017; Thomaier et al., 2017), envolvendo um total de 203

participantes não experientes, em que se nota um menor tempo final para

realização da tarefa no grupo treinado pelo SVR, com diferença

significativamente estatística (DM = -35,08; IC 95%: -45,15 a -25,01; p <

0,00001) e não houve heterogeneidade significativa entre os grupos (I2 = 34%).

O estudo de Hiemstra et al. (2011) e o de Loukas et al. (2012), apesar

de não disponibilizarem os dados adequadamente para metanálise,

avaliaram os grupos de SRV e CP quanto ao tempo para realizar a tarefa de

transferência de pinos e comprovaram diferença estatística entre os tempos

pré e pós-treinamento, mas não houve diferença entre os grupos treinados

com os diferentes simuladores.

Essa atividade executa um treinamento de coordenação bimanual,

destreza, movimentos de apreensão e pinça, além de coordenação visual e

noções de profundidade em três dimensões. Até então na literatura

encontrava-se uma equivalência de SRV comparada à das caixas-pretas

(Awtrey et al., 2015). Esta revisão sistemática apresenta, com moderada

qualidade de evidência, que o treino com o SRV é melhor para o

desenvolvimento dessa habilidade em relação ao treino com a CP. A

transferência de pinos é, entre as tarefas propostas pelo FLS, a mais

simples e propositadamente a primeira habilidade a ser treinada.

Provavelmente, é por esse motivo que o resultado favorável à realidade

virtual, nesse aspecto, não influencia o resultado final quando todas as

habilidades básicas conjugadas são ponderadas.

Page 85: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

DISCUSSÃO - 67

Não há diferença quanto ao tempo de realização da tarefa de

passagem de laço em estrutura fixa e navegação com câmera laparoscópica

quanto ao treinamento com SRV e CP.

Para o desfecho de passagem de laço em estrutura fixa, é possível

extrair e realizar uma metanálise dos dados de dois estudos (Kothari et al.,

2002; Brinkmann et al., 2017), envolvendo 60 participantes não experientes,

em que se percebe uma tendência para um menor tempo de realização da

tarefa para o grupo treinado na CP, mas, apesar de uma baixa

heterogeneidade (I2 = 0%), não há diferença significativamente estatística

para reforçar tal achado (DM = 2,58; IC 95%: -7.27 a 12,43; p = 0,61).

Quanto à navegação com câmera laparoscópica, dois estudos

reportam o tempo para realizar essa tarefa após o treinamento com os

simuladores (Lehmann et al., 2005; Brinkmann et al., 2017) com um total de

44 participantes, entre participantes não experientes e participantes com

experiência laparoscópica. O resultado final apresenta alta heterogeneidade

(I2 = 99%), com uma tendência para um menor tempo de execução da tarefa

para o grupo treinado com SVR, apresentando, porém, um largo intervalo de

confiança (DM = -81,25; IC 95%: -272,45 a 109,94; p = 0,4).

Com relação à habilidade de passagem de laço em estrutura fixa,

uma recente revisão sistemática sobre o tema faz duras críticas à tarefa,

sugerindo que essa tarefa não é capaz de treinar habilidades, além de ser a

mais dispendiosa do FLS, propondo que novos estudos com essa habilidade

sejam evitados (Zendejas et al., 2013). Soma-se a esse fato o resultado do

presente estudo não apresentar diferença no ensino quanto ao treinamento

Page 86: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

DISCUSSÃO - 68

dessa habilidade, seja no SRV, seja na CP, não servindo de contraponto aos

resultados anteriores na literatura.

O resultado referente à navegação da câmera laparoscópica é

consoante com a atual literatura que afirma que essa habilidade pode ser

adquirida com qualquer tipo de simulador (Stefanidis et al., 2007; Diesen et

al., 2011; Brinkmann et al., 2017).

Em relação ao tempo total de execução do somatório das tarefas

básicas propostas, três estudos (Hamilton et al., 2002; Kanumuri et al., 2008;

Tanoue et al., 2008) fornecem dados sobre o tempo total de execução de

todas as tarefas realizadas durante o treinamento, em teste logo após a

conclusão deste, para um total de 105 participantes não experientes. Como

os estudos utilizam diferentes conjuntos de habilidades na avaliação final,

opta-se pelo cálculo estatístico a partir da diferença de médias

padronizadas. O resultado, apesar do grupo treinado na caixa-preta ser

capaz de realizar as tarefas treinadas em menor tempo do que o grupo

treinado no simulador de realidade virtual, mostra que não há diferença

estatisticamente significante entre os métodos, o que os tornam equivalentes

nesse aspecto (DMP = 2,67; IC 95%: -0,36 a 5,69; p = 0,08). Nota-se ainda

que, considerando o efeito randômico, essa conclusão possui alta

heterogeneidade (I2 = 96%).

Os estudos de Borahay et al. (2013), Yiasemidou et al. (2017) e

Debes et al. (2010) avaliaram o desempenho pós-treino dos participantes ao

realizarem tarefas básicas nos simuladores e, apesar de não ser possível

extrair completamente os dados, impedindo, assim, de serem incluídos na

Page 87: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

DISCUSSÃO - 69

metanálise, constata-se que ambos os métodos de treinamento parecem ser

eficazes na redução do tempo para executar as tarefas, e o treino com o

SRV teve maior efetividade.

De forma análoga e ampliada, ao comparar os trabalhos que treinam

várias tarefas propostas pelo FLS que utilizam o tempo médio para

execução destas ao final do treinamento, sugere-se que, ainda assim, não

há diferença no treinamento com SRV em relação ao grupo treinado com

CP. Uma diferença que poderia ser encarada como vantagem à CP, já

mencionada anteriormente, é a sensação tátil (haptic feedback) da pressão

exercida no grasper laparoscópico transferida até o material manipulado.

Contudo, novos SRVs já incorporam ao seu software tecnologia suficiente

para reproduzir essa sensação.

O recurso de iniciar o treinamento com habilidades básicas é

interessante por ser de fácil compreensão e reprodutibilidade principalmente

para alunos ainda no começo da carreira acadêmica, servindo exatamente

de ponte e capacitação prévia para o domínio de técnicas mais avançadas e

procedimentos complexos.

Em relação ao treinamento com atividades avançadas, não há

diferença no tempo para executar a habilidade avançada de “correr alças”,

síntese e diérese após o treinamento com SRV e CP.

Para o desfecho de “correr alça” com pinça grasper laparoscópica é

possível compilar dados de dois estudos diferentes (Youngblood et al., 2005;

Madan e Frantzides, 2007a), somando 64 participantes não experientes, no

qual há um menor tempo de realização após treinamento no grupo de SRV

Page 88: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

DISCUSSÃO - 70

em relação ao grupo treinado com CP, porém sem significância estatística

(DM = -30,52; IC 95%: -96,63 a 35,60; p = 0,37) e com alta heterogeneidade

(I2 = 81%).

Os mesmos estudos utilizados para a primeira metanálise das tarefas

avançadas também são referenciados para os desfechos de diérese e

síntese (Youngblood et al., 2005; Madan e Frantzides, 2007a), com o total

semelhante para os 64 participantes não experientes, mostrando que o

grupo treinado em SRV realiza a tarefa em menor tempo que o grupo

treinado em CP, mas nesse caso, apesar de não haver grande

heterogeneidade (I2 = 0%), não há diferença significativamente estatística

entre os dois grupos (DM = -5,18; IC 95%: -20,81 a 10,45; p = 0,52).

Quanto aos escores de desempenho, seja para realização de tarefas

básicas, seja para avançadas, não há diferença na pontuação obtida após o

treinamento com o SRV ou com a CP.

Quatro estudos (Youngblood et al., 2005; Akdemir et al., 2014a;

Orlando et al., 2017; Thomaier et al., 2017) fornecem dados sobre os

escores de desempenho em uma avaliação final após o treinamento com

tarefas básicas, totalizando 153 participantes não experientes. O resultado

encontrado é que o grupo treinado na caixa-preta tem maior pontuação no

escore de desempenho, contudo, não há uma diferença significativamente

estatística (SMD = 0,27; IC 95%: -0,18 a 0,71; p = 0,25) e o resultado da

metanálise apresenta baixa heterogeneidade (I2 = 48%).

Já em relação ao escore de desempenho ao realizar tarefas

avançadas, dois estudos (Nickel et al., 2015; Brinkmann et al., 2017)

Page 89: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

DISCUSSÃO - 71

comparam pontuações nas escalas de desempenho para a realização de

tarefas avançadas entre os grupos, com um total de 120 participantes não

experientes. O resultado mostra que o grupo do SRV apresentou melhor

desempenho em relação ao grupo da CP, porém não há significância

estatística no resultado, além de possuir alta heterogeneidade (SMD -0,31;

IC 95%: -0,96 a 0,34; p = 0,35, I2 = 63%).

O estudo de Yiasemidou et al. (2017) compara as escalas de

desempenho no escore GOALS para os grupos treinados com SRV e CP em

relação às tarefas avançadas. Apesar de os dados não serem passíveis de

extração para metanálise, o estudo sugere que não há diferença

estatisticamente significante entre os grupos.

Quando se inicia um treinamento, com tarefas básicas, avançadas ou

com diferentes métodos de simulação, pequenas variações ocorrem nas

primeiras repetições, decorrentes do entendimento e da adaptação ao

método ou à atividade proposta (Hassan et al., 2015). Maniar et al. (2005)

fizeram uma comparação entre os treinamentos com SRV e CP, nos quais

foram analisadas as curvas de aprendizado para duas habilidades diferentes

(básica e avançada), comprovando que até a quinta repetição do exercício

existem progressos importantes tanto no tempo para execução quanto no

desempenho ao realizá-las, atingindo-se um nível de platô em torno da

oitava repetição para SRV e da décima repetição para CP. A partir desse

ponto, não houve mais diferença de tempo ou desempenho técnico entre os

métodos de treinamento. Provavelmente, por isso é que na análise logo

após o treinamento proposto, seja ele com tarefas básicas, seja com

Page 90: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

DISCUSSÃO - 72

avançadas, não há diferença significativamente estatística entre os

treinamentos com SRV e CP. Essa é mais uma informação que reforça a

capacidade de ambos proverem a devida proficiência técnica inicial,

independentemente do método ou da forma de treinamento utilizado.

A análise de subgrupo entre médicos com domínio prévio da cirurgia

laparoscópica e médicos inexperientes tem apenas um estudo e apresenta

resultados para participantes com experiência laparoscópica (Lehmann et

al., 2005), com um total de quatro indivíduos em cada braço e que

realizaram treinamento com tarefas básicas, sendo testados no tempo de

execução da tarefa de navegação de câmera. Todos os outros dados

coletados e desfechos analisados remetem apenas a participantes sem

experiência laparoscópica (participantes não experientes), sendo esse o

único resultado que analisa isoladamente participantes experientes.

Essa conclusão levanta a hipótese de que o treinamento em

simuladores pode ser benéfica a todos os indivíduos que pretendam aprimorar

suas qualidades técnicas, reafirmando a proposta da educação continuada e

permanente, de forma que não há limites nem há o momento ideal para a

realização de uma nova etapa de treinamento, pois, quando este é

disponibilizado ao aprimoramento de habilidades técnicas, sem trazer riscos a

pacientes ou a terceiros e com relativo baixo custo, esse treinamento pode ser

realizado a qualquer hora e, ainda, ser portátil, reforçando o estímulo ao

aprimoramento sempre que possível (Nakata et al., 2017).

Ainda no contexto das análises de subgrupo, não é objetivo desta

pesquisa comparar o nível de experiência laparoscópica, visto que uma

Page 91: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

DISCUSSÃO - 73

comparação entre participantes não experientes e aqueles quem detêm o

conhecimento técnico previamente é influenciada por diversos fatores, não

podendo ser implicada a causalidade nesse contexto e simplesmente não se

pode assumir que as diferenças entre especialistas e inexperientes sejam

resultados apenas do grau de habilidade laparoscópica. Além do mais,

comparações entre participantes experientes e não experientes sofrem de

viés de espectro, em que grupos criados artificialmente podem refletir os

extremos de desempenho com caráter certamente inflacionado (Lijmer et al.,

1999).

Em relação à qualidade da evidência encontrada nessa metanálise,

três desfechos são de qualidade moderada, enquanto os restantes são de

baixa qualidade. Apesar de não haver nenhum resultado de alta qualidade,

isso já é um avanço substancial nas conclusões sobre esse tema, visto que,

até a última revisão sistemática Cochrane, só havia conclusões com muita

baixa qualidade de evidência (Gurusamy et al., 2009; Nagendran et al.,

2013). A evidência de moderada qualidade corresponde ao fato de que o

verdadeiro efeito está provavelmente próximo à estimativa do efeito da

intervenção, podendo, entretanto, haver alterações substanciais (Guyatt et

al., 2008a). As limitações encontradas que impedem uma alta qualidade de

evidência, além da heterogeneidade inerente a alguns resultados, são as

restritas populações dos estudos e os largos intervalos de confiança dos

resultados. Essa é uma crítica que deve ser feita aos estudos de ensino

cirúrgico, nos quais, na maioria deles, o número de participantes é pequeno

e, mesmo com uma metanálise agregando as populações, ainda não se

Page 92: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

DISCUSSÃO - 74

obtém amostragem expressiva para prover alto poder de evidência ou

reduzir o intervalo de confiança do resultado. A constatação desses números

deve suscitar uma reflexão quanto à capacitação e ao interesse em pesquisa

nas áreas básicas da formação, seja ao nível da universidade, seja ao nível

do ensino básico da cirurgia, nos primeiros anos de residência.

Provavelmente, os baixos índices de participação refletem uma baixa

adesão aos simuladores no atual ensino da técnica cirúrgica e um discreto

incentivo à iniciação científica nas universidades, pois, com turmas de

aproximadamente 100 alunos todos os anos que necessitam do aprendizado

cirúrgico básico, é passível de crítica a adesão de apenas 20% a 30% dessa

amostra.

Os potenciais vieses e limitações desta revisão sistemática incluem o

fato de a seleção dos artigos ter sido realizada de forma não vendada e, na

tentativa de reduzir esse viés, foi realizada uma seleção independente por

dois revisores diferentes e, na dúvida entre os pares, um terceiro

pesquisador independente foi consultado. Na tentativa de reduzir os vieses

de publicação em todos os ECRs selecionados, o protocolo foi buscado no

clinicaltrials.gov, a fim de identificar os objetivos e as metodologias

previamente propostas. Em relação aos vieses por cegamento dos

participantes quanto à intervenção submetida, a revisão sistemática

realizada por Nagendran et al. (2013) a classificou como de “alto risco” de

viés. Contudo, o resultado desta tese foi de contraponto a essa opinião em

virtude de o livro-texto da Cochrane deixar claro que, em situações em que o

cegamento não tenha sido realizado, mas não há interferência direta na

Page 93: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

DISCUSSÃO - 75

avaliação dos desfechos, devem ser consideradas de “baixo risco” de viés

(Higgins e Green, 2011). Como o participante, seja do grupo intervenção,

seja do grupo CP, é submetido ao treinamento com simuladores nos quais a

concentração visual e o entendimento do método submetido são

fundamentais, o cegamento para esses grupos não é possível, tampouco

para os casos em que os pesquisadores acompanham a fase de

treinamento. Pelo fato já previamente descrito de que ambos os simuladores

são capazes de prover o devido treinamento e de que não há possibilidade

de cegamento, adota-se o “baixo risco” de viés nesse quesito.

Não é possível aplicar as análises de gráficos de funil, pois em

nenhum dos resultados foram compilados mais de dez estudos. Dessa

forma, quando uma alta heterogeneidade foi encontrada, esta foi assumida

como verdadeira, sendo fator redutor da qualidade da evidência do resultado

do desfecho em questão.

5.1 Implicações Para Pesquisa

Após revisão sistemática da literatura, pode-se sugerir e incentivar

novas pesquisas no âmbito do ensino cirúrgico com simuladores,

fundamentalmente do desenvolvimento de novos e bem desenhados ECRs

que sigam as diretrizes do CONSORT, a fim de melhorar a qualidade da

evidência atualmente vigente.

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6 CONCLUSÕES

Page 95: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

CONCLUSÕES - 77

Esta revisão sistemática e metanálise vêm esclarecer uma lacuna da

área da educação médica. Ao fim desta, pode-se concluir que há uma

discreta vantagem para o treinamento com SRV em relação à CP, com

diferença, porém, passível de questionamento quanto à sua implicação no

ensino das técnicas minimamente invasivas, visto que a grande maioria dos

resultados não apresenta diferença significativamente estatística e nenhum

resultado possui alta qualidade de evidência entre os treinamentos

realizados com SRV e CP.

Apesar de os médicos e estudantes treinados no SRV terem melhor

escore de desempenho ao realizar uma CMI e executarem uma das tarefas

básicas (transferência de pinos) em menor tempo do que os treinados na

CP, esses resultados padecem de melhor qualidade de evidência, o que não

parece justificar, até o momento, um maior investimento no treinamento com

SRVs.

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7 ANEXOS

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ANEXOS - 79

Anexo A - Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

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ANEXOS - 80

Anexo B - Resumo do risco de viés dos estudos selecionados para cada domínio, de acordo com os critérios dos autores desta revisão sistemática

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ANEXOS - 81

Anexo C - Representação gráfica do risco de viés dos estudos selecionados para cada domínio, de acordo com o julgamento dos autores desta revisão sistemática

Page 100: Simulador de realidade virtual versus caixa-preta no ...

ANEXOS - 82

Anexo D - Tabelas de risco de vieses dos estudos incluídos

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ANEXOS - 83

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ANEXOS - 84

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ANEXOS - 85

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ANEXOS - 86

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ANEXOS - 87

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ANEXOS - 88

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ANEXOS - 89

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ANEXOS - 90

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ANEXOS - 91

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ANEXOS - 92

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ANEXOS - 93

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ANEXOS - 94

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ANEXOS - 95

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ANEXOS - 96

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ANEXOS - 97

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ANEXOS - 98

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ANEXOS - 99

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ANEXOS - 100

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ANEXOS - 101

Anexo E - Classificação GRADE para qualidade da evidência

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8 REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

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Apêndice A - Descrição das atividades básicas propostas pelo FLS

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APÊNDICES - 117

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APÊNDICES - 118

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APÊNDICES - 119

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APÊNDICES - 120

Apêndice B - Objective Structured Assessment of Technical Skill (OSATS) scale:

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APÊNDICES - 121

Apêndice C - Global Operative Assessment of Laparoscopic Skills (GOALS)

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APÊNDICES - 122

Apêndice D - Objective Structured Assessment of a Laparoscopic Salpingectomy (OSA-LS)

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APÊNDICES - 123

Apêndice E - Tabela para extração de dados dos artigos selecionados pelos critérios de elegibilidade:

Autor Ano PMID País Desenho do estudo n SRV n CP Nível de experiência dos participantes Tipo de tarefas treinadas Descrição do treinamento Escore de desempenho utilizado Desfechos Tempo (média/desvio padrão) para realização de CMI

Tempo (média/desvio padrão) para realização de tarefas básicas

Tarefa básica 1 Tarefa básica 2 Tarefa básica 3

Tempo (média/desvio padrão) para realização de tarefas avançadas

Tarefa avançada 1 Tarefa avançada 2 Tarefa avançada 3

Escore de desempenho (média/desvio padrão) para realização de CMI

Escore de desempenho (média/desvio padrão) para realização de tarefas básicas

Tarefa básica 1 Tarefa básica 2 Tarefa básica 3

Escore de desempenho (média/desvio padrão) para realização de tarefas avançadas

Tarefa avançada 1 Tarefa avançada 2 Tarefa avançada 3