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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical SIMULAÇÃO DO CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DO ALGODOEIRO COM O PROGRAMA COTTON 2K, 1.0 RONALDO DE ASSIS MEDEIROS C U I A B Á - MT 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

SIMULAÇÃO DO CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DO

ALGODOEIRO COM O PROGRAMA COTTON 2K, 1.0

RONALDO DE ASSIS MEDEIROS

C U I A B Á - MT

2006

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1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

SIMULAÇÃO DO CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DO

ALGODOEIRO COM O PROGRAMA COTTON 2K, 1.0

RONALDO DE ASSIS MEDEIROS

Engenheiro Agrônomo

Orientador: Prof. Dr. JOSÉ HOLANDA CAMPELO JÚNIOR

Dissertação apresentada à Faculdade de

Agronomia e Medicina Veterinária da

Universidade Federal de Mato Grosso,

para obtenção do título de Mestre em

Agricultura Tropical.

C U I A B Á - MT

2006

2

FICHA CATALOGRÁFICA

M488s

Medeiros, Ronaldo de Assis

Simulação do crescimento e produção do algodoeiro com o programa Cotton 2k, 1.0 / Ronaldo de Assis Medeiros. – 2006.

78p. : il.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical, 2006.

“Orientação: Profº Drº José Holanda Campelo Júnior”.

CDU – 633.511(817.2)

Índice para Catálogo Sistemático

1.

Algodão – Cultura 2.

Algodoeiro – Produção – Santo Antônio do Leverger (MT)

3.

Algodão – Crescimento – Simulação 4.

Algodão – Produção – Programa Cotton 2k, 1.0

3

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

Título: SIMULAÇÃO DO CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DO

ALGODOEIRO COM O PROGRAMA COTTON 2K, 1.0

Autor: RONALDO DE ASSIS MEDEIROS

Orientador: Dr. JOSÉ HOLANDA CAMPELO JÚNIOR

Aprovado em 31 de Janeiro de 2006.

Comissão Examinadora:

_________________________________________

Prof. Dr. José Holanda Campelo Júnior (FAMEV/UFMT) (Orientador)

_________________________________________

Dra. Elisabeth Aparecida Furtado de Mendonça (FAMEV/UFMT)

_________________________________________

Dr. Gilson Alberto Rosa Lima (UNEMAT)

_________________________________________

Dr. Carlos Caneppele (FAMEV/UFMT)

4

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Antonio Medeiros de Araújo e Maria José Duarte Medeiros pelo apoio e carinho recebido, dedico.

5

AGRADECIMENTOS

A DEUS, pela vida, saúde, família, amigos, pelo privilégio de tornar-

me um Mestre.

Aos meus pais, Antonio Medeiros de Araújo e Maria José Duarte

Medeiros, pelo exemplo de vida, apoio, incentivo e carinho.

Aos meus irmãos, Leonardo Duarte Medeiros, Reginaldo Antonio

Medeiros, Alessander Duarte Medeiros, Ricardo César Medeiros, Leone

Duarte Medeiros, Leandro José Medeiros, Juliana Caroline Medeiros e

Renato Medeiros (em especial), pelo apoio e incentivo.

Aos sobrinhos Walter Vinícius, Luana e Leonardo, pelo carinho,

ingenuidade aos problemas e força de vontade.

Às cunhadas Elenice, Vanusa, Verônica e Claudiana, pela amizade e

companheirismo.

Aos meus Avós (in memorian): Leontina e Clarindo; Floriscena e José

Medeiros.

Aos meus demais familiares, pelo apoio e incentivo.

Ao Prof. Dr. José Holanda Campelo Júnior pela amizade, apoio,

atenção e na orientação deste trabalho.

A Walkiria Garcia pelo incentivo, carinho, atenção e compreensão nas

horas difíceis.

Em especial ao Engenheiro Agrônomo Daniel de Brito Goulart pela

amizade.

6

Aos Amigos Anderson Augusto e Patrícia Trentini pelo

companheirismo.

Aos amigos Engenheiros Agrônomos MSc. Luciano Roberto Brauwers

e Joaquim Alex Rodrigues Duram pelo apoio na condução do experimento e

coleta de dados.

A todos os colegas do Núcleo de Tecnologia em Armazenagem (NTA)

em especial a Márcia Partoski e Keila Vilela pela amizade e apoio na coleta

de dados.

A colega de Mestrado Eleusa Maria Almeida pela amizade e apoio na

coleta de dados.

Aos colegas de turma Jorge, Léo, Geovani, Rene, Renato, Luis

Carlos, Evandro, Eleusa, Fabiola pela amizade companheirismo.

Aos colegas do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso,

Djalma Rodrigues, José Carlos, Valto, Flavio, Marcelma, Cleusa, Alexander

e Lourival, pela amizade.

À Universidade Federal de Mato Grosso, em especial ao Programa de

Pós-graduação em Agricultura Tropical, pela oportunidade de conclusão

deste trabalho.

A todos os professores, técnicos do Programa de Pós-graduação em

Agricultura Tropical.

7

LISTA DE FIGURAS

Página

1 Imagem da tela inicial do modelo de simulação COTTON 2K..........

39

2 Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome

HAKB1.PRO..................................................................................... 40

3 Imagem do arquivo do modelo de simulação que são editadas

informações sobre o local e dados da cultura...................................

40

4 Imagem do arquivo do modelo de simulação em que estão os

arquivos de entrada que compõem a simulação..............................

41

5 Imagem do arquivo do modelo de simulação, em que é informada

a opção de saída dos arquivos......................................................... 41

6 Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome

HAZOR.INT, em que são fornecidos os dados da condição inicial

do solo............................................................................................... 42

7 Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome

HAZOR.HYD, em que são editados os dados sobre a hidrologia

do solo............................................................................................... 43

8 Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome

HAKB1.AGI, onde são editados os dados sobre o manejo da

cultura................................................................................................

44

9 Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome “Irrigation

Applications”, onde são informados os dados sobre a irrigação da

8

cultura................................................................................................

44

10 Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome

PLANT.ACT, onde são editados os dados climáticos diários...........

45

11 Imagem da tela inicial do modelo em que é dado o comando para

executar a simulação........................................................................ 46

12 Precipitação mensal em Santo Antonio do Leverger-MT, durante a

condução do experimento.................................................................

48

13 Insolação (h.dia-1) mensal média em Santo Antonio do Leverger-

MT durante a condução do experimento.......................................... 49

14 Radiação solar (MJ.m-2.dia-1) mensal média em Santo Antonio do

Leverger, durante a condução do experimento................................

49

15 Temperatura (oC) máxima (T MAX), mínima (TMIN) e média (T

MED) mensal em Santo Antonio do Leverger, durante a condução

do experimento................................................................................. 50

16 Índice de área foliar (IAF m2.m-2) medido e simulado no primeiro

(A), segundo (B), terceiro (C) e quarto ciclo de cultivo (D) da

cultivar de algodão ITA 90, em Santo Antonio do Leverger-MT.......

51

17 Altura das plantas (cm) medida e simulada no primeiro (A),

segundo (B), terceiro (C) e quarto ciclo de cultivo (D) da cultivar de

algodão ITA 90, em Santo Antonio do Leverger-MT.........................

54

18 Número de botões medidos e simulados no primeiro (A), segundo

(B), terceiro (C) e quarto ciclo de cultivo (D) da cultivar de algodão

ITA 90, em Santo Antonio do Leverger-MT...................................... 57

19 Número de maçãs medidas e simuladas no primeiro (A), segundo

(B), terceiro (C) e quarto ciclo de cultivo (D) da cultivar de algodão

ITA 90, em Santo Antonio do Leverger-MT...................................... 59

20 Número de capulhos medidos e simulados no primeiro (A),

segundo (B), terceiro (C) e quarto ciclo de cultivo (D) da cultivar de

algodão ITA 90, em Santo Antonio do Leverger-MT.........................

60

21 Produção medida e simulada (kg.ha-1) nos quatro ciclos de cultivo

em Santo Antonio do Leverger-MT...................................................

65

9

LISTA DE TABELAS

Página

1 Critério de interpretação do desempenho do modelo de

simulação pelo índice “c”................................................................

47

2 Precisão (r), exatidão (d) e confiança (c) entre os valores

simulados, de altura e IAF das plantas e valores medidos nos

diferentes ciclos de cultivo..............................................................

56

3 Precisão (r), exatidão (d) e confiança (c) obtidas entre os valores

de botões, maçãs, capulhos e a produção final simulados, e

valores medidos nos diferentes ciclos de cultivo............................

64

10

SUMÁRIO

Página

1 INTRODUÇÃO...............................................................................................

15

2 REVISÃO DE LITERATURA......................................................................

18

2.1. Fases Ontogênicas do Algodoeiro................................................... 26

2.1.1. Fase 1: fase vegetativa inicial, da emergência ao primeiro botão

floral......................................................................................................... 27

2.1.2. Fase 2: fase juvenil, do botão floral à primeira flor......................... 27

2.1.3. Fase 3: fase reprodutiva, do aparecimento da 1ª flor até o ponto

de corte....................................................................................................

29

2.1.4. Fase 4: fase de maturação, do ponto de corte à maturação.......... 30

2.2. A Cultivar...........................................................................................

30

2.3. Modelos e Simulações......................................................................

31

2.4. Modelagem em Sistemas Agrícolas..................................................

33

2.4.1. O modelo COTTON 2K..................................................................

36

3. MATERIAL E MÉTODOS....................................................................

37

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................

48

5. CONCLUSÕES....................................................................................

68

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................

69

11

SIMULAÇÃO DO CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DO ALGODOEIRO COM

O PROGRAMA COTTON 2K, 1.0

RESUMO – O objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho do programa

COTTON 2K, 1.0 na simulação do crescimento e produção do algodoeiro

(Gossypium hirsutum L. raça latifolium Hutch) em Santo Antônio do Leverger

MT. O trabalho foi desenvolvido na Fazenda Experimental da Universidade

Federal de Mato Grosso, localizada no Município de Santo Antônio do

Leverger - MT, com latitude de 15,8ºS, longitude 56,1ºW e altitude de 140 m.

No plantio em cada ciclo de cultivo foi realizado adubação de manutenção

com 50 kg de N, 150 kg de P2O5 e 50 kg de k20 por ha. No período de

setembro de 2003 a novembro de 2004 foram realizados quatro ciclo de

cultivos de algodoeiro, em diferentes épocas, com a cultivar ITA 90, sendo

cada parcela de 25 m2, com espaçamento de 1 m entre fileiras e 10 plantas

por metro. Em três plantas escolhidas aleatoriamente dentro de cada

parcela, foram medidas a altura, o maior comprimento e maior largura das

folhas e realizada a contagem do número de estruturas reprodutivas a cada

15 dias. Para as simulações foram utilizados os dados climatológicos obtidos

em estação convencional, instalada próximo ao local do experimento. No

período em que ocorreu a escassez de chuvas, a irrigação foi efetuada a

cada sete dias, quando era realizada a somatória da precipitação desse

período. Não havendo uma somatória superior a 50 mm a lâmina de água foi

completada com o fornecimento de irrigação para atingir esta quantidade.

Para comparação com os dados obtidos a campo foi realizada a simulação

dos dados, através do programa COTTON 2K, versão 1.0. Para avaliar o

desempenho do modelo foram correlacionados os valores simulados com os

medidos, pela regressão linear, sendo considerados os seguintes

indicadores estatísticos: precisão - coeficiente de correlação “r”; exatidão –

índice de Willmott “d”; e de confiança ou desempenho “c”. A validação do

modelo para os quatro ciclos de cultivo independentes pelo índice “d” variou

de acordo com as variáveis avaliadas. Para o índice de confiança ou

desempenho “c” o modelo apresentou desempenho diferenciado, sendo

12

“ótimo” para altura de plantas no primeiro e segundo ciclo, bom no terceiro e

sofrível no quarto ciclo de cultivo, e para o IAF o desempenho variou de

“bom” a “péssimo” entre os ciclos de cultivo. Para botões florais, o

desempenho foi considerado “péssimo”, para as maçãs o desempenho

variou de “mau” a “péssimo” entre os ciclos de cultivo, já para os capulhos o

modelo teve um desempenho variando de “mediano” a “péssimo”, entre os

ciclos de cultivo. Para a produção final a maior produção medida foi obtida

no quarto ciclo de cultivo com 2.842,8 kg.ha-1, já a produção simulada o

maior valor foi obtido no segundo ciclo de cultivo foi 1.321 kg.ha-1 de

algodão. O desempenho do modelo para a produção final foi “péssimo” para

os dois índices avaliados.

Palavras-chave: algodão, fenologia, modelo, índice de concordância “d”,

índice de confiança “c”.

13

SIMULATION OF THE COTTON PLANT GROWTH AND YIELD WITH THE

PROGRAM COTTON 2K, 1.0

ABSTRACT – This work aimed at evaluating the performance of the program

COTTON 2K, 1.0 in the simulation of the cotton plant growth and yield

(Gossypium hirsutum L. raça latifolium Hutch) in Santo Antônio do Leverger

MT. This work was carried out on the Experimental Farm of the Federal

University of Mato Grosso, in the district of Santo Antônio do Leverger - MT,

with 15,8ºS latitude, 56,1ºW longitude and height of 140 m. In the planting in

each growth stage, maintenance manuring with 50 kg of N, 150 kg of P2O5

and 50 kg of k20 per ha. From September 2003 to November 2004 four

stages of cotton plant crop were done in different periods, with the cultivar

ITA 90, being each plot of 25 m2, with intervals of 1 m among lines and 10

plants per meter. In three of the plants randomly chosen within each plot, the

height, the largest length and width of the leaves were measured and the

number of reproductive structures was counted every fortnight. For the

simulations the climatologic data obtained in a conventional station, built next

to the experiment site were used. During the dry season, the irrigation was

performed every seven days, when the total amount of the precipitation of

this period was performed. When the amount was less than 50 mm water

was added with the supply of irrigation to reach this quantity. For the

comparison with the data obtained in the field a simulation of data was

carried out, through the program COTTON 2K, version 1.0. To evaluate the

performance of the model the simulated values and the measured ones were

correlated, through linear regression, being considered the following statistic

indicators: accuracy – coefficient of correlation “r”; precision – rate of Willmott

“d”; and of reliability or performance “c”. The model validation for the four

stages of independent crop through the rate “d” varied according to the

assessed variables. For the rate of reliability or performance “c” the model

presented differentiated performance, being “optimum” for height of plants in

the first and second stages, good in the third and quite good in the fourth

stage of growth, and for the IAF the performance ranged from “good” to “very

14

bad” among the growth stages. For the floral buds, the performance was

considered “very bad”, for the apples the performance ranged from “bad” to

“very bad” among the growth stages, however for the cotton bolls the model

had a performance ranging from “median” to “very bad”, among the growth

stages. For the final yield the biggest production measured was obtained in

the fourth growth stage with 2.842,8 kg.ha-1, for the simulated production the

biggest value was obtained in the second growth stage with 1.321 kg.ha-1 of

cotton. The model performance for the final production was “very bad” for the

two rates assessed.

Key words: cotton, phenology, model, correspondence rate “d”, reliability

rate “c”.

15

1 INTRODUÇÃO

A cultura do algodoeiro produz a mais importante fibra têxtil do mundo

e é a segunda maior fonte de óleo vegetal. Ela presta uma significante

contribuição à economia brasileira, sendo cultivado em 16 Estados, cobrindo

uma área estimada de 670.000 ha, que movimentam o negócio de 30 mil

empresas, responsáveis por 1,45 milhões de empregos diretos e

faturamento anual de U$ 22 bilhões. A exportação da fibra foi retomada

depois de décadas e representou, na safra 2002 um acréscimo superior a

um bilhão de dólares na balança comercial brasileira, projetando-se ainda

um investimento de U$ 12 bilhões até 2008 (AMPA, 2003).

Estes números mostram claramente que os benefícios econômicos

gerados pela fibra de algodão e seus produtos são importantes para a

economia brasileira, sobretudo a agricultura.

Na safra 2003/04, a produção brasileira de algodão em pluma e de

caroço de algodão totalizou respectivamente, 1.271,5 e 2.038,7 mil

toneladas. Para a temporada 2004/05, a previsão de incremento, tanto de

pluma quanto de caroço de algodão, foi de 5%. Dessa forma, estima-se que

serão disponibilizados para o mercado consumidor, cerca de 1.335,3 mil

toneladas de pluma e 2.141,5 mil toneladas de caroço de algodão (CONAB,

2004).

A cultura do algodão em Mato Grosso é relativamente nova, sendo

que até 1983, tinha pouca importância, ocupando área de apenas 4.000 ha.

16

A partir de 1984, sofreu incrementos anuais, chegando a 414.4 mil ha na

safra (2003/2004), sendo responsável por 54% da produção nacional,

havendo uma ligeira redução na área, cerca de 2,0%, devendo passar dos

414,4 mil hectares para algo em torno de 406,1 mil hectares na safra

2004/2005 (CONAB, 2004).

Apesar das estatísticas serem bastante otimistas em relação à

expansão da cotonicultura em Mato Grosso, alguns aspectos deverão ser

considerados, para o aperfeiçoamento do sistema produtivo, sendo os

custos de produção uma das maiores preocupações dos agricultores.

O cultivo do algodão nos moldes como estava sendo conduzido nas

últimas décadas passou por mudanças fundamentais. A produção deixou de

ser uma atividade de pequenas propriedades para se tornar uma cultura de

grandes propriedades altamente tecnificadas. Os aumentos consideráveis na

produtividade são conseqüências da ação conjunta da expansão da área de

cultivo para diferentes regiões edafoclimáticas e do elevado nível tecnológico

da cultura.

Grande demanda por boas produções leva o produtor a fazer o uso de

elevadas quantidades de insumos, sem que haja certeza quanto ao

momento ideal para aplicação.

No geral, a grande dificuldade para tomada de decisão quanto à

aplicação de insumos é, na maioria das vezes, pela falta de informação

científica sobre o desenvolvimento da cultura.

Apesar do rendimento da cultura em Mato Grosso vir crescendo, ano

a ano, os custos de produção têm se tornado objeto de preocupação dos

agricultores. Uma das causas da elevação dos custos de produção é o uso

excessivo ou inadequado de insumos, motivado pela dificuldade de

acompanhamento da cultura, levando, muitas vezes, à aplicação de um

insumo num momento muito cedo ou muito tarde para que ele se torne

eficaz.

Desta forma, os modelos de simulação de rendimento são uma

ferramenta moderna de grande utilidade para o manejo das culturas, pois

podem identificar a evolução diária do crescimento da planta e as causas

17

das eventuais reduções nas taxas de crescimento, permitindo antecipar

informações que podem ser vitais no processo de tomada de decisão,

otimizando o uso dos insumos e reduzindo os custos de produção.

A agricultura, entre todas as atividades econômicas, é a que

apresenta maior dependência das condições meteorológicas: estas são as

principais responsáveis pelas oscilações e frustrações das safras agrícolas

em todo o Brasil. As relações entre os parâmetros climáticos e a produção

agrícola são bastante complexas, pois os fatores ambientais podem interferir

no crescimento e desenvolvimento das plantas sob diferentes formas, nas

diversas fases do ciclo da cultura. Os modelos agrometeorológicos

relacionados com crescimento, desenvolvimento e produtividade das

culturas fornecem dados que permitem ao setor agrícola tomar importantes

decisões, tais como: melhor planejamento do uso do solo, adaptação de

culturas, monitoramento e previsão de safras, controle de pragas e doenças,

estratégia de pesquisa e planejamento (Moraes et al., 1998).

O monitoramento constante do crescimento do algodoeiro fornecerá

informações diárias para serem utilizadas nestes modelos, visto que o

algodão é uma planta muito complexa e possuidora de hábito de

crescimento indeterminado. Em algumas situações de cultivo há

necessidade de se limitar o crescimento dos órgãos vegetativos, o que está

diretamente ligado às condições climáticas favoráveis como temperatura,

suprimento de água, radiação solar e também fertilidade do solo.

Os modelos de simulação de culturas apresentam potencial de uso

para responder questões em pesquisa, manejo de culturas e planejamento,

auxiliando no entendimento sobre as interações genéticas, fisiológicas e do

ambiente, e nas decisões de práticas culturais antes e durante o período da

cultura no campo.

O objetivo do presente trabalho foi avaliar o desempenho do

programa COTTON 2K, 1.0 na simulação do crescimento e produção do

algodoeiro em Santo Antonio do Leverger MT.

18

2 REVISÃO DE LITERATURA

O algodoeiro herbáceo (Gossypium hirsutum L. raça latifolium Hutch.)

é um dos fitossistemas de maior complexidade que a natureza criou, tendo

hábito de crescimento indeterminado (Oosterhuis, 1999), apresentando, pelo

menos, dois tipos de ramificação (monopodiais e simpodiais), dois tipos de

folhas verdadeiras (dos ramos e dos frutos) e pelo menos duas gemas

(axilar e extra-axilar), situadas na base de cada folha (Mauney, 1984), o que

junto com outros apanágios morfológicos, conferem à planta elevada

plasticidade fenotípica, ajustando-se aos mais diversos ambientes de clima e

solo, sendo atualmente cultivado em mais de 33 milhões de hectares.

Apresenta produtividade de mais de 575 kg de fibra/ha (Cotton, 2001) em

áreas com latitudes acima de 40º N e de 30º S, sendo que mais de 50% da

área plantada é sob regime de irrigação (Ortolani e Silva, 1965; Amorim Neto

e Beltrão, 1999).

Segundo Beltrão et al. (1999), o algodoeiro é uma planta de origem

tropical e subtropical, necessitando, para externar elevadas produtividades e

fibra de alta qualidade, de dias ensolarados, com menos de 30% de

nebulosidade, temperatura média do ar acima de 200C, umidade relativa do

ar média de 60%, e inexistência de inversão térmica e de precipitação pluvial

entre 500 a 1800 mm, sendo que as precipitações devem ser bem

distribuídas, sendo maiores no período de floração, crescimento e

desenvolvimento dos frutos e, insolação total e escassez hídrica na colheita,

19

pois a energia solar é um dos componentes principais para abertura dos

frutos.

É uma planta de metabolismo sintético C3 (ineficiente), tendo

elevadas taxas de fotorrespiração, apesar de ser heliófila, não se saturando

em condições de campo, mesmo com o máximo de radiação solar, tendo

estrutura do dossel planofoliar com elevado coeficiente de extinção de luz

(Beltrão e Souza, 2001).

Em estudo realizado por Souza et al. (1990), em casa de vegetação,

com algodoeiro herbáceo, sob intensidade luminosa de 100 watts m-2,

quando a folha do tronco do terceiro ramo frutífero foi sombreada com papel

alumínio, cessando assim, de ser ativa fotossinteticamente, a atividade da

enzima bifosfato carboxilase da primeira folha do mesmo ramo aumentou

rapidamente em seis horas, e ligeiramente até doze horas.

No algodoeiro herbáceo o crescimento é mais rápido até 60 dias. A

partir de 70 dias, o crescimento é mais lento e, dependendo do

comportamento genético e do genótipo, a primeira flor surge entre 45 e 55

dias, e nessa fase, grande parte dos assimilados usados no crescimento

vegetativo é transportada para o uso no crescimento dos órgãos florais que

são os “drenos” altamente competitivos. A área foliar da planta segue o

comportamento semelhante ao da altura da planta (Souza e Silva, 1992).

Monteiro et al. (2005) relata que a área foliar de uma planta depende

do número e tamanho das folhas, bem como seu tempo de permanência na

planta. Na avaliação do crescimento de comunidades vegetais emprega-se a

área de terreno disponível às plantas como base para expressar a área

foliar; assim, a área foliar por unidade de área do terreno define o índice de

área foliar (IAF), que representa sua capacidade em explorar o espaço

disponível.

A variação temporal da área foliar em uma cultura agrícola depende

das condições edafoclimáticas, da cultivar e da densidade populacional,

entre outros fatores. Geralmente, a área foliar aumenta até um máximo,

decrescendo após algum tempo, sobretudo em função de senescência das

folhas mais velhas. A fotossíntese, processo responsável pelo fornecimento

20

da energia necessária ao crescimento e desenvolvimento da planta,

depende do IAF. Assim, quanto mais rápido a cultura atingir o ótimo IAF e

quanto mais tempo a área foliar permanecer ativa, maior será sua

produtividade biológica (Monteiro et al., 2005).

Segundo Magalhães (1985), o crescimento vegetal é decisivamente

influenciado pelo tempo em que a planta mantém ativa a sua superfície

foliar.

De acordo com Silva et al. (1998), o índice de área foliar (IAF m2.m-2 )

permite avaliar o potencial de rendimento de uma cultura, com base no

aproveitamento da radiação fotossinteticamente ativa. O IAF e a área foliar

são numericamente diferentes, porém, ambos refletem a eficiência no

aproveitamento da luz e ou dos nutrientes do solo.

O IAF é a relação funcional existente entre a área foliar e a área do

terreno ocupada pela cultura, e a importância da área foliar é amplamente

conhecida por ser um parâmetro indicativo de produtividade, pois o processo

fotossintético depende da interceptação da energia luminosa e sua

conversão em energia química (Favarin et al., 2002).

O algodoeiro possui crescimento seqüencial e bem definido, onde os

intervalos de crescimento e florescimento vertical e horizontal são estimados

em três e seis dias respectivamente, isto é, a cada três dias haverá emissão

de um novo ramo frutífero ou simpodial, e a cada seis dias haverá emissão

de nova estrutura frutífera (botão floral) nesse mesmo ramo (Soares et al.,

1999). Portanto, as folhas da haste principal são responsáveis pela produção

e desenvolvimento vegetativo da planta de algodão.

A temperatura tem influência no crescimento da raiz, entretanto,

temperaturas elevadas, principalmente nas primeiras semanas, prejudicam

esse crescimento. A disponibilidade de água no solo é o principal fator de

influência na distribuição e na taxa de crescimento da raiz. A redução da

umidade do solo, em geral durante as primeiras semanas, provoca maior

crescimento do sistema radicular em relação à parte vegetativa (Souza,

1977).

21

O algodoeiro apresenta desenvolvimento e crescimento estrutural

complexos. O seu hábito de crescimento é indeterminado e a existência de

dois tipos de ramo, frutífero e vegetativo, confere à planta grande

adaptabilidade. Na base de cada folha da haste principal existem duas ou,

excepcionalmente, três gemas, uma das quais, chamada de primeira axilar,

é responsável pela origem dos ramos frutíferos ou vegetativos. A segunda

gema, chamada segunda axilar, geralmente se encontra dormente, exceto

na ocorrência de problemas para o crescimento da primeira axilar, podendo

originar um ramo. A terceira gema não é muito comum (Mauney, 1984).

O crescimento dos ramos vegetativos é do tipo monopodial, cuja

gema apical continua a produzir folha indefinidamente, até que por alguma

razão, venha a parar seu crescimento. O crescimento dos ramos frutíferos é

do tipo simpodial, e sua gema apical, depois de produzir o prófilo, o entrenó

e a folha verdadeira, termina em uma flor. A altura de inserção do primeiro

ramo frutífero, em relação ao número de nós, difere nas espécies, raças e

cultivares de algodoeiro, mas pode ser modificada pelas condições

ambientais. No algodoeiro herbáceo a inserção desse ramo ocorre do

terceiro ao sétimo nó, e quanto menor o número de nós para inserção do

ramo frutífero, mais precoce será a planta (Souza e Silva, 1994).

Segundo Beltrão e Souza (2001), o surgimento de botões florais e a

formação de flores são funções do crescimento vegetativo, devido ao

aparecimento sucessivo de ramos frutíferos e de pontos florais nos ramos

existentes. É fator fundamental para o bom rendimento do algodoeiro, o

balanço entre o crescimento vegetativo e frutífero, que é afetado pelas

condições de ambiente, umidade e fertilidade do solo. A temperatura tem

influência significativa na formação dos botões florais e das flores, e ainda

no crescimento e desenvolvimento das maçãs.

Doorenbos e Kassam (2000) relatam que, no período de

desenvolvimento, a cultura é sensível à temperatura. Noites frias e

temperaturas diurnas baixas resultam em crescimento vegetativo com

poucos ramos frutíferos, visto que a cultura é muito sensível à geada,

necessitando de no mínimo 200 dias livres dela. A duração do período total

22

de crescimento é de aproximadamente 150 a 180 dias e, dependendo da

temperatura e da variedade, são necessários 50 a 85 dias, desde o ciclo de

cultivo até a formação dos primeiros botões florais, 25 a 30 dias para a

formação das flores e de 50 a 60 dias para abertura das flores até o

amadurecimento da maçã, haja vista o algodoeiro ser uma planta de dias

curtos, porém, existem variedades neutras quanto à duração do dia, onde o

efeito do dia sobre a floração é influenciado pela temperatura.

A germinação é ótima nas temperaturas de 18 a 30oC, com a mínima

de 14oC e a máxima de 40oC, enquanto o atraso na germinação expõe as

sementes à infestação de fungos no solo. Para o crescimento vegetativo

inicial, a temperatura deve exceder 20oC, sendo 30oC a desejável. Para

formação apropriada de botões florais e floração, a temperatura diurna deve

ser superior a 20oC e a noturna superior a 12oC, mas não deve exceder 40 e

27oC, respectivamente. Temperatura entre 27 e 32oC é ótima para o

desenvolvimento e manutenção das maçãs, porém, acima de 38oC os

rendimentos são reduzidos (Doorenbos e Kassam, 2000).

Estudos realizados por Grimes e Elzik (1990), mostram que o

estresse de umidade e altas ou baixas temperaturas podem causar um

bloqueio antecipado no crescimento e no desenvolvimento da planta. Como

conseqüência, não haverá formação de botões florais nem ramos frutíferos,

ocorrendo redução na produção e na qualidade da fibra. Este fenômeno é

denominado de “cut-out”.

Para que as plantas realizem fotossíntese é necessário que ocorra a

fixação do carbono, e como conseqüência, perdem água através dos

estômatos. De toda água absorvida pelas plantas, apenas uma pequena

parte participa da formação da biomassa. Segundo Rosemberg, (citado por

Marca, 1985), apenas 1% da água extraída do solo é utilizada nas atividades

metabólicas e o restante perde-se, sob a forma de vapor d’água, no

processo da transpiração.

A pesquisa tem evidenciado que o algodoeiro é uma planta tolerante a

baixos teores de água no solo, diferentemente de culturas como o girassol e

23

o feijão, comumente usadas como plantas teste, na determinação do ponto

de murcha permanente, pelo método fisiológico direto (Kiehl, 1979).

Genótipos de algodoeiro herbáceo, cultivados em casa de vegetação,

em vasos com capacidade para 10 kg de material de solo, apresentaram

comportamento semelhante no consumo de água, transpirando em média 46

litros de água por planta durante o ciclo da cultura. Entretanto, houve

diferença considerando-se a eficiência de uso de água na formação da

biomassa, cujo consumo foi de 423 g a 538 g de água/grama de biomassa

total (Souza e Silva, 1993).

O comportamento da transpiração é regulado em nível de estômato,

permitindo a adaptação do algodão às mudanças de diversos fatores

ambientais, tais como: radiação, déficit de saturação atmosférica e

disponibilidade de água no solo.

De acordo com Landivar et al. (1999), a ontogenia ou ciclo de vida

refere-se ao período de crescimento do algodoeiro, que vai da fase de

plântula, passando pelas fases vegetativa e reprodutiva de “cut-out” ou corte

(fase onde a planta não consegue mais atender a todas as demandas dos

órgãos reprodutivos “drenos” por nutrientes) até a fase de maturação,

quando a maioria das maçãs está aberta, seca e pronta para ser colhida. As

interações genéticas e ambientais, que ocorrem durante o ciclo de vida da

planta, determinam o tempo necessário para iniciação e duração de cada

fase de crescimento. No entanto, devido ao hábito de crescimento

indeterminado do algodoeiro, o ambiente, ao invés da constituição genética

da planta, desempenha certamente, um papel mais importante na

determinação do momento de iniciação e na duração de cada fase do

crescimento.

O conhecimento e entendimento dos principais passos fisiológicos

que ocorrem durante cada fase ontogênica são, sem dúvida alguma, de

elevada importância para a eficiência do processo de manejo da cultura, e

para produção de algodão.

O produto final do algodoeiro, em quantidade e qualidade, é função

de uma série de fatores que atuam a cada momento sobre o

24

desenvolvimento das plantas. O ambiente definido como um conjunto de

condições e fatores adversos ou favoráveis, presentes no local de cultivo,

constitui-se uma variável importantíssima que, em qualquer fase do

desenvolvimento, pode atuar modificando a produção e a qualidade do

produto final (Chiavegato, 1995).

Em estudo realizado sobre o efeito do ambiente e de cultivares nos

componentes da produção e nas características tecnológicas da fibra e do

fio de algodão, Chiavegato (1995) concluiu que a influência do ambiente na

produção de algodão em caroço foi dez vezes maior que a da cultivar. Essa

grande influência de ambientes na produção é esperada e explicada pela

grande variação entre locais e anos quanto às condições edafoclimáticas

regionais e a fatores adversos, tais como, pragas, doenças, nematóides,

deficiências nutricionais, condições meteorológicas e técnicas de cultivo.

De acordo com Bedendo (1995), o desenvolvimento e a produção de

uma espécie vegetal dependem do seu genótipo e das condições ambientais

que direta ou indiretamente podem atuar sobre suas características.

Elementos do clima como umidade, temperatura, luz e vento podem ser

responsáveis pela predisposição de plantas ao ataque de patógenos.

O clima influi na produção do algodoeiro, tanto sob o aspecto

quantitativo quanto qualitativo e, em condições naturais, as plantas externam

seu potencial produtivo quando esses fatores entram em equilíbrio

ecológico. Elementos climáticos como chuva, temperatura, umidade relativa,

duração do dia, velocidade do vento e intensidade de luz interferem na

cultura do algodoeiro sendo que o plantio deve ser feito no período mais

propício ao início do cultivo, de acordo com os fatores climáticos menos

desfavoráveis (Embrapa, 2003).

O algodoeiro herbáceo requer bastante calor e umidade para

completar seu ciclo vegetativo e o final do ciclo deve coincidir com período

seco para possibilitar a perfeita secagem do fruto e sua deiscência.

Entretanto, o algodoeiro é muito sensível à temperatura, um dos fatores

ambientais que mais interferem no crescimento e desenvolvimento da

cultura, afetando significativamente a fenologia, a expansão foliar, a

25

elongação dos internós, a produção de biomassa e a partição dos

assimilados pelas diferentes partes da planta, entre outros aspectos.

Temperaturas inferiores a 20°C reduzem o comprimento da fibra e

outras características tecnológicas, porque diminuem o metabolismo celular,

envolvendo as organelas comprometidas na síntese dos componentes da

fibra, dos quais a celulose é o mais importante e representa mais de 94% da

fibra madura.

Se todos esses fatores estiverem atuando de forma a permitir o

crescimento do algodoeiro, cerca de 54% da água aplicada será consumida

durante a fase de floração/frutificação, cuja duração é de 40 a 45 dias.

Ocorrências de chuvas contínuas durante a abertura das maçãs poderão

comprometer a qualidade da fibra, especialmente a resistência e a finura,

importantes características nos novos processos de fiação e tecelagem.

Deste modo, deve-se programar a época de plantio, para evitar a ocorrência

de precipitações pluviais neste período.

A produção de algodão é uma função complexa, que depende de

fatores vinculados à dinâmica de produção e retenção de estruturas

reprodutivas (Arruda et al., 2002). Segundo Hearn (1980) e Jackson e Arkin

(1982), o algodoeiro tem padrão de crescimento indeterminado,

caracterizado por um aumento exponencial do número de folhas e estruturas

reprodutivas, em função do tempo, e também das estruturas envolvendo

botões florais, maçãs e capulhos, que competem por assimilados disponíveis

na planta.

Segundo Constable (1994), inicialmente tentou-se controlar o

crescimento excessivo através do estresse hídrico no florescimento, a fim de

promover maior retenção precoce dos frutos. Com um melhor manejo

cultural e com o uso de cultivares de algodão mais produtivas, a prática do

estresse hídrico antecipado tem sido substituída pelo uso de substâncias

hormonais, a fim de reduzir o crescimento vegetativo e promover a

maturação mais uniforme.

Na busca da melhoria dos atuais níveis de produtividade e redução

dos custos de produção da cultura do algodoeiro no Brasil, novas

26

tecnologias vêm sendo incorporadas ao sistema de produção dessa

malvácea.

O mapeamento de plantas é uma técnica muito potente, desenvolvida

para auxiliar técnicos e produtores na interpretação das respostas das

plantas e na tomada de decisões sobre o manejo cultural. Trata-se da

quantificação do crescimento e do potencial de produção da cultura em cada

um dos estádios de desenvolvimento da planta (Landivar et al., 1999).

Como o algodoeiro é uma planta complexa com hábito de crescimento

indeterminado, em algumas situações de cultivo há necessidade de se

limitar o crescimento dos órgãos vegetativos, fazendo com que haja maior

investimento de metabólitos para os drenos úteis do ponto de vista

econômico. Deve haver equilíbrio entre o crescimento e o desenvolvimento

que é de natureza qualitativa e seqüencial. No caso do algodoeiro, de hábito

indeterminado e heteroblástico, o crescimento e o desenvolvimento são, até

certo ponto, antagônicos, ou seja, fatores do meio que promovem maior

crescimento vegetativo, como excesso de fertilizantes, em especial

nitrogenado, e de água, entre outros, reduzem o desenvolvimento (Nóbrega

et al., 1999).

2.1 Fases Ontogênicas do Algodoeiro

Para que haja manejo eficiente, o algodoeiro requer monitoramento

permanente de cada fase do crescimento e do desenvolvimento das plantas,

durante o ciclo da produção, e para efeito do manejo cultural, a cultura do

algodoeiro pode ser separada em fases distintas: fase da emergência ao

aparecimento do primeiro botão floral; fase da abertura do primeiro botão

floral à abertura da primeira flor; fase da abertura da primeira flor ao ponto

de corte e fase do ponto de corte à maturação.

27

2.1.1.Fase 1: fase vegetativa inicial, da emergência ao primeiro botão

floral

Esta fase ou estádio vegetativo inicial do algodoeiro tem início com a

abertura das folhas cotiledonares, passa pela formação e desenvolvimento

das folhas verdadeiras e termina com o aparecimento do primeiro botão

floral, na posição frutífera número um, do primeiro ramo frutífero ou

simpodial. Dependendo das condições ambientais, principalmente da

temperatura, essa fase pode-se estender por 25 a 35 dias a partir do

momento em que as folhas cotiledonares estão completamente

desenvolvidas e abertas, até a iniciação do primeiro botão floral (Baker e

Landivar, 1991).

Embora o crescimento da parte aérea da planta (em termos de ganho

de peso seco) seja considerado lento, durante o primeiro estádio a planta

está ativamente desenvolvendo seu sistema radicular. A velocidade de

crescimento da parte aérea, aparentemente lenta, pode ser causada pelos

baixos níveis de radiação solar interceptados pela folhagem da planta e ou

pelas temperaturas baixas do ar e do solo (Embrapa, 1999).

De acordo com McMichael (1990), o quociente entre a raiz e a parte

aérea é de aproximadamente 0,35 aos doze dias do ciclo de cultivo e declina

para 0,15 aos 80 dias. Afirmou também, que o processo de desenvolvimento

da planta, envolvendo, o comprimento total e o peso seco, aumenta à

medida que a planta cresce e, esse processo continua até a planta atingir a

altura máxima e início do desenvolvimento das maçãs.

Um dos fatores que mais limitam o crescimento e o desenvolvimento

das raízes durante a fase vegetativa inicial, é a baixa temperatura do solo.

Dados produzidos por Bland (1993), comprovam que as raízes do algodoeiro

podem crescer na razão de 1,7 cm d-1.

2.1.2 Fase 2: fase juvenil, do botão floral à primeira flor

Inicia-se com o aparecimento do primeiro botão floral e continua

passando pela iniciação dos ramos simpodiais no caule, terminando com o

28

aparecimento da primeira flor. A duração dessa fase é determinada pela

temperatura e, normalmente, dura 25 a 35 dias (Baker e Landivar, 1991).

Segundo Landivar et al. (1999), durante este estádio de crescimento,

as plantas entram numa fase linear de ganho de peso seco e alongamento

de caule ou ramo central. A fase vegetativa inicial, e em particular a fase

juvenil, dão ao algodoeiro a oportunidade de desenvolver uma folhagem

capaz de captar a maior parte da radiação solar antes da iniciação do

período reprodutivo e de enchimento de maçãs. Dependendo da cultivar e

temperatura, o algodoeiro inicia o primeiro botão floral do quarto para o sexto

nó do ramo principal, e sob temperatura de 22ºC a 25ºC, o algodoeiro

produz um ramo simpodial a cada três dias. Depois do ramo onde é emitida

a primeira flor, o algodoeiro normalmente desenvolve de 14 a 16 simpódios,

em que os primeiros quatro a seis nós são capazes de iniciar ramos

monopodiais ou vegetativos.

Os ramos simpodiais ou frutíferos se desenvolvem a partir do ramo

principal e acima do último ramo vegetativo, e os pontos frutíferos nos ramos

simpodiais são iniciados, dependendo da temperatura, a cada cinco ou seis

dias (Hodges et al., 1993, Baker e Landivar, 1991).

De acordo com Landivar et al. (1999), por ocasião do aparecimento

da primeira flor, plantas da cultivar DPL-50, sem “stress” podem atingir a

altura de 55 a 65 cm, com comprimento médio do internódio entre 4 e 5 cm.

Sob espaçamento convencional de 1 m entre fileiras, a folhagem da planta,

por ocasião do aparecimento da primeira flor, pode ser capaz de interceptar

aproximadamente 70 a 75% da radiação solar, que chega ao topo da planta.

Durante a fase juvenil, o objetivo é assegurar adequado controle do

crescimento do ramo principal e do índice de crescimento da área foliar, bem

como da produção e da retenção dos botões florais.

Nesta fase o crescimento vegetativo é fundamental para gerar grande

número de posições frutíferas. Por ocasião da primeira flor (branca), uma

planta com bom potencial de produção deve ter 10 nós acima desta flor

(Kerby e Hake, citados por Rosolem, 1999).

29

Com relação à exigência em água, nesta fase ela passa de pelo

menos 1 mm por dia para quase 4 mm por dia. A falta de água no período

fará com que a planta fique menor do que deveria, com menos posições

para o desenvolvimento de flores e maçãs. Uma seca nesta fase faz com

que a planta estacione seu crescimento (Rosolem, 1999).

Com o hábito de crescimento indeterminado do algodoeiro e ante as

condições ambientais adequadas (temperatura, luz, nutrientes, água etc.), os

órgãos vegetativos continuarão a crescer até que a competição por

carboidratos com os órgãos reprodutivos provoque redução, ocorrendo

eventual parada no crescimento vegetativo. O regulador de crescimento da

planta, “cloreto de mepiquat” é comumente usado, para controle do

crescimento vegetativo exclusivo. Grande parte do efeito do “cloreto de

mepiquat” sobre o algodoeiro parece ser na supressão do índice do

crescimento do ramo principal. O peso da folha é pouco afetado pelo “cloreto

de mepiquat”, uma vez que ele reduz o tamanho da folha, mas aumenta sua

espessura. Em geral, algodoeiros tratados com o regulador investem menos

energia no crescimento das folhas e dos ramos, deixando mais energia para

retenção e o desenvolvimento dos frutos (Landivar et al.,1999).

2.1.3 Fase 3: fase reprodutiva, do aparecimento da 1ª flor até o ponto de

corte

A fase reprodutiva é, talvez, o estádio de desenvolvimento mais

importante do algodoeiro, pois começa com a abertura da flor, passa por

todo o processo de enchimento das maçãs e termina com a fertilização das

últimas flores, com chances de produzirem algodão “ponto cut-out”. A fase

pode durar de quatro a seis semanas, dependendo das condições

ambientais. No período, as plantas continuam crescendo linearmente, em

termos do índice de crescimento do ramo principal. A altura máxima da

planta e ponto de maior interceptação de luz (fechamento da folhagem) são

alcançados nessa fase.

O ponto de “cut-out” ou de corte é afetado pelo hábito de crescimento

da cultivar, por limitações ambientais e pelas práticas culturais. O hábito de

30

crescimento das cultivares de rápida frutificação e maturação resulta numa

demanda muito alta por carboidratos dos órgãos reprodutivos, no período

em que a folhagem, o sistema radicular e outros órgãos vegetativos estão

ainda em expansão, resultando muitas vezes, numa lavoura com cobertura

de folhas incompletas e índices de fotossíntese por unidade de área

reduzidos. Por estas razões, cultivares mais determinadas tendem a atingir o

ponto de corte e a maturação mais cedo. Semelhantemente, limitações

ambientais como, por exemplo, a “seca”, reduz o desenvolvimento

vegetativo (área foliar e expansão do sistema radicular) e a fotossíntese

induz em um ponto de corte prematuro. O ponto de corte pode também ser

induzido por práticas culturais que aumentem a retenção dos frutos, como o

controle de pragas iniciais e o uso de reguladores de crescimento (Landivar

et al.,1999).

2.1.4 Fase 4: fase de maturação, do ponto de corte à maturação

De acordo com Landivar et al. (1999), o período final do ciclo de

produção começa com o ponto de “corte” e termina com a aplicação de

desfolhantes. A fase pode durar de quatro a seis semanas, dependendo da

carga de frutos, do suprimento de água e da temperatura. No começo da

fase, o enchimento das maçãs continua em alta velocidade. O crescimento

vegetativo tem, durante a fase, cessado completamente e a capacidade

fotossintética da folhagem diminui à medida que as folhas vão

envelhecendo.

O objetivo do manejo cultural durante o estágio do crescimento é:

proteger as últimas maçãs possíveis de serem colhidas, do ataque das

pragas e determinar o tempo apropriado para a aplicação de desfolhantes.

2.2 A Cultivar

A cultivar CNPA ITA 90 é oriunda do composto formado pela mistura

de 13 plantas selecionadas na cultivar Deltapine Acala 90, os quais foram

submetidos a três ciclos de seleção massal para a resistência a virose

(mosaico das nervuras f. Ribeirão Bonito).

31

Segundo Freire e Farias (1998), suas fases fenológicas variam de 55

a 65 dias para emissão da primeira flor, 117 dias para emissão do primeiro

capulho, completando o ciclo, do plantio a colheita, nas condições do

cerrado entre 160 e 180 dias. Recomenda-se seu ciclo de cultivo em áreas

de cerrado com alta tecnologia, onde haja controle rigoroso do pulgão. Esta

cultivar apresenta um rendimento médio de 180 a 200 @ ha-1 de algodão em

caroço.

A CNPA ITA 90 caracteriza-se por apresentar maior número de

posições frutíferas, conseqüentemente maior potencial produtivo e alta

exigência em regulador de crescimento (Fundação MT, 2001).

De acordo com a EMBRAPA (2003), é a cultivar mais plantada no

cerrado brasileiro e que possui excelente desempenho sob condições

irrigadas no Centro Oeste e Nordeste do Brasil. O rendimento de fibra está

em torno de 38-39%, além de apresentar excelentes características

tecnológicas de fibra, com resistência forte (30,0 gf/tex), comprimento no

HVI-SL 2,5% de 30,2 mm, finura de 4,2 a 4,5 mm, refletância de 72% e grau

de amarelecimento de 7,9 e fiabilidade (CSP) entre 2.200 a 2.500.

Possui ciclo normal sob condições irrigadas (150 dias). Exige a

redução do porte com reguladores de crescimento, que devem ser aplicados

a partir dos 25 aos 30 dias, além de adubação elevada.

Essa cultivar é a mais indicada para produtores altamente tecnificados

e que dispõem de colheitadeiras mecanizadas. As sementes básicas dessa

cultivar começaram a ser distribuídas em 1992, encontrando-se atualmente

em franca degeneração.

2.3 Modelos e Simulações

Os conceitos de modelos e simulações surgiram da necessidade

inerente ao homem em compreender como a natureza e seus componentes

funcionam. Para isso, foi necessário isolar o objeto de estudo, bem como

parte do ambiente que interfere no mesmo, uma vez que na natureza os

objetos são interdependentes e se influenciam mutuamente.

32

Teramoto (2003) citando os autores Penning de Vries (1982); de Wit

(1978), Thornley (1976) e de Wit e Goudrian (1974), relata que o conjunto

funcional, formado pelo objeto alvo contido numa parte do ambiente,

constitui um sistema que, geralmente está inserido num sistema maior e

mais complexo. Assim, um sistema é uma parte da realidade com elementos

inter-relacionados e com limites definidos, de forma que o ambiente exerça

uma certa interferência sobre o sistema, mas este deve ter pouca ou

nenhuma influência no ambiente.

Caixeta Filho (2001) relata que modelos são representações

idealizadas para situações do mundo real. Apesar da dificuldade para

validação de modelos, sempre haverá indicação do nível de sucesso da

modelagem. Segundo Thornley (citado por Scarpari, 2002), modelos são

equações ou conjunto delas, podendo representar quantitativamente as

suposições e hipóteses idealizadas sobre o sistema real.

Segundo Scarpari (2002), a evolução dos modelos segue três

estágios: o primeiro estágio consiste em definir o problema e formular

hipóteses alternativas. O segundo, está no desenvolvimento de

experimentos para provar as hipóteses e relatam ainda a performance dos

experimentos envolvidos. No terceiro, realiza-se o teste de hipótese com os

resultados experimentais.

Na modelagem, sem dúvida, a face mais importante é que essa

técnica possibilita o entendimento de um sistema de forma integral e

holística, e a simulação, por outro lado, estimula e aumenta a compreensão

da realidade através de analogias e extrapolações quando o sistema

estudado é muito complexo (Bos e Rabbinge, 1976; Thornley, 1976),

(citados por Teramoto, 2003).

Quando o conhecimento de determinado nível explicativo é

suficientemente extensivo, tendo sido o modelo deste sistema criado com

base neste sólido conhecimento, pode não ser mais necessário testar esses

modelos comparando-os com a realidade (De Wit, 1974), (citado por

Teramoto, 2003).

33

2.4 Modelagem em Sistemas Agrícolas

Os diferentes modelos de culturas agrícolas, com maior ou menor

nível de empirismo em função do conhecimento sobre os fenômenos

estudados, normalmente consistem no balanço do carbono, que depende da

interceptação da luz, e do balanço hídrico, que depende da demanda

atmosférica e da utilização da água pelas plantas. Estes processos

fisiológicos podem ser associados à absorção e as perdas causadas por

pragas, doenças e plantas daninhas. A agregação destes conhecimentos,

através de equações matemáticas, resulta em modelos que podem simular o

crescimento e a produção das culturas (Penning de Vries (1982), (citado por

Teramoto, 2003)).

Barbieri (1993) relata que muitos modelos de crescimento de plantas

baseiam-se na simulação da produção fotossintética e da partição dos

fotossintetizados para seu crescimento, armazenamento e respiração. A

pesquisa da fotossíntese é refletida em sofisticados modelos, os quais

existem para predizer o crescimento das plantas, dados de elevação solar,

geometria das folhas, penetração da luz, taxa individual da fotossíntese,

dentre outros.

O crescimento e desenvolvimento das plantas dependem

fundamentalmente dos processos de fotossíntese e respiração. A maioria

dos recursos e esforços, no entanto, têm sido desprendidos no estudo da

fotossíntese, sendo a respiração considerada apenas um processo de perda

de carbono (Pereira e Machado, 1987). Teramoto (2003) relata que esses

dois processos são interligados e interdependentes, e que a respiração faz

parte efetiva do processo de utilização e distribuição dos carboidratos

fotossintetizados.

Thornley (citado por Teramoto, 2003) relata que a elaboração dos

modelos matemático-fisiológicos oferecem uma série de vantagens: (1)

informações a respeito de diferentes processos fisiológicos podem ser

reunidas em um único modelo, para se ter idéia da cultura como um todo; (2)

um modelo resume convenientemente grande quantidade de informações;

(3) a base matemática para as hipóteses adotadas permite compreender

34

quantitativamente a natureza das interações ambiente planta; (4) a

modelagem pode estimular novas idéias; (5) a elaboração de um modelo

ajuda a detectar áreas onde o conhecimento é limitado; (6) modelos

permitem interpolações e previsões.

No atual estado de desenvolvimento dos modelos para a agricultura,

os modelos de simulação dos processos parecem ser aqueles que mais

rapidamente podem ser incorporados e utilizados, como os que, por

exemplo, simulam o balanço hídrico para orientação do manejo da irrigação.

De acordo com Bernardes (1987), os modelos matemáticos

sintetizam, apresentam e analisam diversos aspectos da produção agrícola,

tais como o arranjo espacial entre plantas, diversos tipos de interações entre

as culturas e o ambiente, características físicas e químicas de solos,

otimização do uso de equipamentos e máquinas, sistemas de transportes e

modelos socioeconômicos. Os modelos são ferramentas essenciais para

realização de estimativas e extrapolação de situações, que são importantes

etapas no processo de planejamento, que, por sua vez, não podem se

fundamentar exclusivamente em ensaios de campo para sua execução.

A agricultura, entre todas as atividades econômicas, é a que

apresenta maior dependência das condições meteorológicas, e estas são as

principais responsáveis pelas oscilações e frustrações das safras agrícolas

em todo o Brasil. As relações entre os parâmetros climáticos e a produção

agrícola são bastante complexas, pois os fatores ambientais podem afetar o

crescimento e o desenvolvimento das plantas sob diferentes formas, nas

diversas fases do ciclo da cultura. Os modelos agrometeorológicos

relacionados com crescimento, desenvolvimento e produtividade das

culturas fornecem dados que permitem ao setor agrícola tomar importantes

decisões, tais como: melhor planejamento do uso do solo, adaptação de

culturas, monitoramento e previsão de safras, controle de pragas e doenças,

estratégia de pesquisa e planejamento (Moraes et al., 1998).

O progresso obtido através do uso de modelos é mais rápido e de

menor custo que a pesquisa experimental isolada, ainda que os principais

resultados tenham que continuar a ser avaliados com experimentos. Os

35

modelos já existentes podem ser associados a outros ou modificados, para

aproximá-los da realidade e da necessidade da informação.

Freitas et al. (2001a) relatam que os modelos de simulação são

também ferramentas de grande importância no estudo da integração solo-

cultura-clima, uma vez que possibilitam considerar um grande número de

fatores ambientais que afetam a cultura, bem como a análise dos efeitos

edáficos, o que seria impossível em experimentos convencionais, em razão

dos altos custos e do longo tempo demandado para a obtenção dos

resultados de pesquisa.

Modelos de crescimento de culturas de diferentes níveis de

complexidade estão disponíveis. A maioria integra os efeitos das

características físicas e hídricas do solo, a cultura e as condições climáticas,

para estimar a produtividade das culturas em resposta a diversos fatores

ambientais e à disponibilidade de água no solo.

De acordo com Campelo Júnior (2004), os modelos de simulação

agroclimáticos de rendimento são ferramentas que podem ser de grande

utilidade para o manejo das culturas, porque podem quantificar a evolução

diária do crescimento da planta e identificar alguns eventos causados pelas

variáveis climáticas. Desse modo, é possível reduzir as incertezas na

identificação dos efeitos dos insumos, além de permitir e obter informações

que podem ser vitais no processo de tomada de decisão, otimizando o uso

de insumos e reduzindo os custos de produção.

Os modelos de crescimento de culturas apresentam potenciais de uso

para responder questões em pesquisa, manejo de culturas e planejamento,

auxiliando no entendimento sobre as interações genéticas, fisiológicas e do

ambiente, como também nas decisões de práticas culturais, antes e durante

o período da cultura no campo.

De acordo com Hoogenboom (2000), os modelos de simulação vêm

desempenhando um papel importante para entender e monitorar processos

em diversos monocultivos, como os de milho, algodão, soja, sorgo e

girassol.

36

2.4.1 O modelo COTTON 2K

O modelo de simulação do algodão COTTON 2K foi originalmente

desenvolvido em 1992 a partir do modelo GOSSYM-COMAX, cujo objetivo

principal era tornar o modelo mais útil para simular a produção de algodão,

sob irrigação, nas regiões áridas do Oeste dos Estados Unidos e em Israel.

O COTTON 2K é originário do GOSSYM e nele a evapotranspiração é

computada em intervalos horários. Apresenta uma sub rotina para estimar o

crescimento das raízes em função da distribuição de água no perfil do solo,

e obtém o potencial médio da água do solo, em função da distribuição de

raízes e do potencial da água nas camadas do solo. O potencial de água nas

folhas é estimado em função do potencial médio da água no solo, da

resistência da planta ao transporte de água e da transpiração potencial e é

utilizado para determinar valores de uma variável que representa o grau de

deficiência hídrica. A variável é então utilizada para computar o crescimento

das diversas partes da planta e a abscisão de folhas, botões, flores, maçãs e

capulhos.

O modelo foi validado usando conjunto de dados extensivos da

Califórnia, Arizona e Israel. Foi calibrado com as cultivares: Acala SJ-2, GC-

510, Maxxa, Deltapine 61, Deltapine 77 e Sivon.

Os procedimentos relacionados ao tempo foram testados e calibrados

para as seguintes regiões: Vale de São Joaquim na Califórnia, Arizona

(Phoenix, área de Tucson), Planície Costeira de Israel e Israel Upper Galil

(área do vale Hula).

Para a execução do modelo COTTON 2K é necessário conhecer os

elementos climáticos e condições do solo, para alimentar os arquivos de

entrada do programa.

Os arquivos de entrada usados no COTTON 2K são armazenados

como arquivos de texto e podem ser editados por qualquer editor de texto.

37

3 MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi desenvolvido na Fazenda Experimental da

Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, localizada no Município de

Santo Antônio do Leverger - MT, com latitude de 15,8ºS, longitude 56,1ºW e

altitude de 140 m. A região é denominada Depressão Cuiabana e apresenta

clima do tipo Aw, segundo Köppen, vegetação de cerrado e solos litólicos

distróficos, concrecionários (Plintossolos distróficos), às vezes

epicascalhentos.

O preparo do solo foi realizado com uma gradagem pesada, seguinda

de niveladora.

Após o preparo do solo no plantio de cada ciclo de cultivo foi realizada

uma adubação de manutenção com 50 kg de N, 150 kg de P2O5 e 50 kg de

k2O por ha, tendo como fonte o sulfato de amônio, super fosfato simples e

cloreto de potássio, sendo distribuída uniformemente no sulco de plantio.

No período de setembro de 2003 a novembro de 2004 foram

realizados quatro ciclos de cultivos de algodão em diferentes épocas, sendo

utilizada a cultivar ITA 90.

A semeadura do primeiro ciclo de cultivo do algodão foi realizada no

dia 12/09/03, a segunda em 07/11/03, a terceira em 11/01/04 e a última em

05/06/04, sendo cada parcela de 25 m2, (5 x 5 m), com espaçamento de um

metro entre fileiras com 10 plantas por m, considerando as duas linhas

38

laterais como bordaduras, ficando 9 m2 como área útil no centro de cada

parcela.

Quinze dias após a emergência em cada ciclo de cultivo teve inicio à

medição de área foliar, sendo as medidas realizadas em três plantas

escolhidas aleatoriamente dentro da parcela. Foram medidos com o auxilio

de uma régua o maior comprimento e a maior largura de todas as folhas, e

com o auxilio de uma equação da regressão obteve-se a área foliar total por

planta.

AF = 0,8059 * (C * L) - 1,1225 ……………………………………………1

Sendo: AF = área foliar (cm2);

C = comprimento da folha (cm);

L = largura da folha (cm).

Os valores de AF obtidos foram transformados em índice de área

foliar (IAF, m2.m-2) que é a relação funcional existente entre área foliar e a

área do terreno ocupada pela cultura, que representa sua capacidade em

explorar o espaço disponível.

Também foram registrados o início do surgimento dos botões florais,

flor, maçãs e o aparecimento do primeiro capulho. A partir do aparecimento

do primeiro botão floral, no primeiro ramo frutífero deu-se inicio a contagem

do número total de botões florais, flores, maçãs e capulhos em três plantas

escolhidas aleatoriamente dentro de cada parcela, a cada 15 dias.

Também foi medida, com o auxilio de uma trena, a altura total de três

plantas dentro de cada parcela.

No período em que ocorreu a escassez de chuvas, a irrigação foi

efetuada a cada sete dias, quando era realizada a somatória da precipitação

desse período. Não havendo uma somatória superior a 50 mm a lâmina de

água foi completada com o fornecimento de irrigação pra atingir esta

quantidade.

Para o controle das plantas daninhas foram realizadas capinas

manuais, sempre que se fizessem necessárias, e a cultura foi mantida livre

39

do ataque das pragas, através de pulverizações preventivas com os

inseticidas Endossulfan e Metamidofós.

Os dados meteorológicos foram obtidos em estação convencional,

localizada próxima da área experimental.

Para comparação com os dados obtidos a campo foi realizada a

simulação dos dados, através do programa COTTON 2K, versão 1.0, HUJI

(2001).

No programa, para iniciar a entrada dos dados foi necessário acessar

a tecla editar arquivos de entrada, na tela inicial de abertura do programa.

FIGURA 1. Imagem da tela inicial do modelo de simulação COTTON 2K.

O primeiro arquivo editado foi o PROFILES\*.PRO (Figuras 2 e 3),

sendo que nesse arquivo foram fornecidas informações como o ano, nome

do local e o ciclo de cultivo.

40

FIGURA 2. Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome HAKB1.

PRO.

FIGURA 3. Imagem do arquivo do modelo de simulação em que são ditadas

informações sobre o local e dados da cultura.

Neste arquivo foram fornecidos dados do local como Latitude e

Longitude em graus, altitude em metros, bem como o nome da localidade e

também informações relacionadas à cultura a ser trabalhada como o nome

da variedade, espaçamento (cm) entre linhas e o número de plantas por

41

metro linear, e por último, a data inicial e final da simulação, data do ciclo de

cultivo e emergência de plântulas.

FIGURA 4. Imagem do arquivo do modelo de simulação em que estão os

arquivos de entrada que compõem a simulação.

Fornecidas as primeiras informações do arquivo *.PRO, na próxima

tela apareceram os arquivos onde deveriam estar localizados os dados de

entrada para simulação (Figura 4).

FIGURA 5. Imagem do arquivo do modelo de simulação, em que é

informada a opção de saída dos arquivos.

42

Na tela seguinte foram selecionadas as opções para os arquivos de

saída, em relação à planta e os dados do solo, e também a data inicial e final

da simulação (Figura 5). Feito isso foi necessário acionar o retângulo “OK”,

para voltar à tela inicial onde o arquivo foi salvo.

O fornecimento das informações de entrada específicas indicadas na

Figura 4 correspondem a condição inicial do solo (*.INT), propriedades

hidráulicas do solo (*.HYD), e manejo da cultura (*.AGI)

FIGURA 6. Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome

HAZOR.INT, em que são fornecidos os dados da condição

inicial do solo.

No arquivo *.INT foram fornecidos os dados como teor inicial de

nitrato (NO3), amônia (NH4) e o conteúdo de matéria orgânica e teor de

umidade por camada de solo.

Os teores iniciais de NO3 do solo foram considerados de acordo com

os valores encontrados por Rambo et al. (2004) e Silva e Vale (2000).

43

FIGURA 7. Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome

HAZOR.HYD, em que são editados os dados sobre a

hidrologia do solo.

No arquivo *.HYD foram gravados os dados de condutividade

hidráulica, densidade do solo, porcentagem de argila e areia, potencial água

no solo (Figura 7).

Para a determinação da curva de retenção de água no solo e da

condutividade hidráulica do solo saturado foram coletadas 12 amostras

indeformadas, em três profundidades (0-30, 30-60 e 60-90 cm), em quatro

perfis localizados na área do experimento. A condutividade hidráulica do solo

saturado foi determinada através de um permeâmetro de carga constante

(Embrapa, 1997), e as amostras foram enviadas para o Laboratório do

Instituto Agronômico de Campinas - Campinas /SP, onde a umidade foi

obtida em cinco diferentes tensões: 6, 30, 100, 300 e 1.500 kPa.

As umidades retidas nas tensões de 2 e 4 kPa foram obtidas através

do método da mesa de tensão no Laboratório de Solos da Faculdade de

Agronomia e Medicina Veterinária / UFMT (Embrapa, 1997).

44

FIGURA 8. Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome

HAKB1.AGI, onde são editados os dados sobre o manejo da

cultura.

No arquivo *.AGI foram fornecidos os dados de aplicação de irrigação,

fertilizantes, desfolhantes e ano de condução do experimento. Para adicionar

as informações referentes à aplicação foi necessário acionar o respectivo

retângulo (Figura 8).

FIGURA 9. Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome “Irrigation

Applications”, onde são informados os dados sobre a irrigação

da cultura.

45

No caso da irrigação foram fornecidos os dados referentes a dia, mês

e ano em que foi realizada, quantidade de água aplicada (mm) e o método

de irrigação utilizado, neste caso, aspersão (Figura 9).

No caso da adubação foi fornecida a quantidade aplicada, o dia, mês

e ano da aplicação, bem como o método de aplicação (sulco de plantio).

FIGURA 10. Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome

PLANT.ACT, onde são editados os dados climáticos diários.

No caso do arquivo *.ACT, foram informados dia, mês e ano, o dia

Juliano, a radiação solar global em MJ.m-2.dia-1, a temperatura máxima e

mínima em 0C, precipitação pluviométrica em mm, velocidade do vento em

km dia-1 e a temperatura do ponto de orvalho em %. Foram fornecidos os

dados diários desde o dia em que foi efetuado o ciclo de cultivo até o dia em

que foi realizada a colheita. Este arquivo possui extensão *.AGI (Figura 10) e

os dados foram armazenados na sub pasta de nome ..\CLIMATE.

46

Após terem sido fornecidas todas as informações necessárias e salvo

todos os arquivos é necessário acionar o comando para que o programa

simule os dados. Isso é feito através da tela inicial.

FIGURA 11. Imagem da tela inicial do modelo em que é dado o comando

para executar a simulação.

Para efetuar uma simulação foi necessário criar um arquivo *.JOB

contendo o perfil *.PRO e a data da simulação (Figura 11).

Para avaliar o desempenho do modelo foram considerados os

seguintes indicadores estatísticos: precisão - coeficiente de correlação “r”;

exatidão – índice de Willmott “d”; e de confiança ou desempenho “c”

(Camargo e Sentelhas, 1997).

A precisão é dada pelo coeficiente de correlação, que indica o grau de

dispersão dos dados obtidos em relação à média, ou seja, o erro aleatório. A

exatidão está relacionada ao afastamento dos valores simulados em relação

aos medidos. Matematicamente essa aproximação é dada por um índice

designado de concordância, representado pela letra “d” (Willmott et al.,

1985). Os valores podem variar de zero, para nenhuma concordância, a 1,

para concordância perfeita. O índice é dado pela seguinte expressão:

47

d = 1 - [ (Pi – Oi)2 / ( |Pi – O| + |Oi – O| )2 ]....................................2

sendo: d = índice de Willmott;

Pi = o valor simulado;

Oi = o valor medido;

O = média dos valores medidos.

Também foi utilizado o índice “c” para avaliar o desempenho do

modelo, reunindo os índices de precisão “r” e de exatidão “d”, sendo

expresso da seguinte forma:

c = r * d.................................................................................................3

Sendo: c = índice de confiança ou desempenho;

r = coeficiente de correlação;

d = índice de Willmott.

O critério adotado para interpretar o desempenho do modelo pelo

método do índice “c”, proposto por Camargo e Sentelhas (1997), é

apresentado na Tabela 1.

TABELA 1. Critério de interpretação do desempenho do modelo de

simulação pelo índice “c”.

Valor de "c" Desempenho

> 0,85 Ótimo

0,76 a 0,85 Muito Bom

0,66 a 0,75 Bom

0,61 a 0,65 Mediano

0,51 a 0,60 Sofrível

0,41 a 0,50 Mau

0,40 Péssimo

Fonte: Camargo e Sentelhas (1997).

48

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o período de realização do estudo, as condições

meteorológicas em Santo Antonio do Leverger-MT apresentaram

comportamento semelhante ao padrão da região (Campelo Junior et al.,

1991), com pouca chuva nos meses de junho a setembro, com exceção do

mês de julho, quando houve uma precipitação bem acima da média dos

anos anteriores (Figura 12). A insolação mensal média variou de nove horas

por dia para a maior insolação no mês de agosto, a quatro horas por dia

para a menor insolação em janeiro de 2004 (Figura 13). A radiação solar

variou aproximadamente de 17 MJ.m-2.dia-1 no mês de março de 2004 a 10

MJ.m-2.dia-1 no mês de maio de 2004 (Figura 14).

0

30

60

90

120

150

180

210

set/0

3

out/0

3

nov/0

3

dez/0

3

jan/0

4

fev/0

4

mar

/04

abr/0

4

mai/

04

jun/0

4jul

/04

ago/

04

set/0

4

out/0

4

nov/0

4

Meses

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

FIGURA 12: Precipitação mensal em Santo Antonio do Leverger-MT,

durante a condução do experimento.

49

0

2

4

6

8

10

set/0

3

out/0

3

nov/0

3

dez/0

3

jan/0

4

fev/0

4

mar

/04

abr/0

4

mai/

04

jun/0

4jul

/04

ago/

04

set/0

4

out/0

4

nov/0

4

Meses

Inso

laçã

o (h

.dia

-1)

FIGURA 13. Insolação (h.dia-1) mensal média em Santo Antonio do

Leverger-MT durante a condução do experimento.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

set/0

3

out/0

3

nov/0

3

dez/0

3

jan/0

4

fev/0

4

mar

/04

abr/0

4

mai/

04

jun/0

4jul

/04

ago/

04

set/0

4

out/0

4

nov/0

4

Meses

Rad

iaçã

o (M

j.m-2

.dia

-1)

FIGURA 14. Radiação solar (MJ.m-2.dia-1) mensal média em Santo Antonio

do Leverger, durante a condução do experimento.

Segundo Freitas et al. (2001b), os valores de radiação solar

influenciaram os valores de produtividade da cultura do milho, quando

submetido à simulação pelo modelo CERES-Maize, e a diferença de

50

radiação ocorrida no período de florescimento até a maturidade fisiológica foi

determinante para que ocorressem diferenças na produtividade.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

set/0

3

out/0

3

nov/0

3

dez/0

3

jan/0

4

fev/0

4

mar

/04

abr/0

4

mai/

04

jun/0

4jul

/04

ago/

04

set/0

4

out/0

4

nov/0

4

Meses

Tem

pera

tura

(0 C)

T MAX T MIN T MED

FIGURA 15. Temperatura (oC) máxima (T MAX), mínima (TMIN) e média (T

MED) mensal em Santo Antonio do Leverger, durante a

condução do experimento.

Em média, como se observa na Figura 15, a temperatura registrada

na região variou de 35oC, para o mês mais quente a 16oC, que foi a menor

temperatura mínima mensal do período, permanecendo dentro dos limites

para a cultura do algodão (Doorenbos e Kassam, 1979).

O que pode ser observado nas Figuras 16 A, B, C e D, é que tanto o

IAF medido quanto o simulado apresentaram crescimento inicial até uma

determinada idade, que variou de ciclo para ciclo, seguido de declínio,

quando parte das folhas das plantas já havia entrado em senescência.

51

0

2

4

6

8

10

15 27 42 57 72 92 101 116 130 153 167 188 205 223

Dias após plantio

IAF

(m

2 .m

2 )

medido simulado

0

2

4

6

8

10

15 30 42 67 88 95 110 125 140 155 170 185 200 215 223

IAF

(m

2 .m

2 )

0

2

4

6

8

10

15 30 45 60 75 90 105 122 142 150 165 180 200 223

IAF

(m

2 .m

2 )

0

2

4

6

8

10

15 34 51 69 81 93 110 125 143 149 167 180 200 223

Dias após plantio

IAF

(m

2 .m

2 )

FIGURA 16: Índice de área foliar (IAF m2.m-2) medido e simulado no primeiro

(A), segundo (B), terceiro (C) e quarto ciclo de cultivo (D) da

cultivar de algodão ITA 90, em Santo Antonio do Leverger-MT.

No primeiro ciclo de cultivo o IAF medido foi crescendo até 105 dias

após a emergência, quando foi obtido o maior valor. Já o IAF simulado

aumentou até 122 dias e diminuiu posteriormente, sendo inferior ao IAF

medido durante todo o ciclo da cultura, como mostra a Figura 16 A.

Segundo Benincasa (1988), com o crescimento e desenvolvimento

das plantas aumenta o sombreamento das folhas inferiores e a tendência é

diminuir a área foliar a partir de certo período, por senescência dessas

folhas.

Os valores de IAF encontrados nas Figuras 16 A e B, 95 dias após o

plantio, foram superiores aos encontrados por Silva et al. (1998), com a

mesma idade que obtiveram um valor máximo de 3,89 m2.m-2 para

tratamentos não estressados com a cultivar CNPA 6H.

A Figura 16 B evidencia que o comportamento do IAF medido foi

sempre superior ao simulado, e que o maior valor foi obtido paro o IAF

D C

B A

52

medido 110 dias após o plantio. Para o simulado o maior valor foi obtido em

140 dias. Depois de alcançarem o máximo, os valores medidos e simulados

apresentaram redução até o final do ciclo.

O IAF medido obtido nas Figuras 16 A e B foi superior ao encontrado

por Souza et al. (1990), com a cultivar de algodoeiro herbáceo CNPA-7H, 96

dias após a emergência no município de Areia PB, e superior também ao

encontrado nas Figuras 16 C e D, para o mesmo período.

Na Figura 16 C pode ser observado um crescimento do IAF medido e

simulado até 130 dias, quando foi obtido o maior valor para ambos. A partir

de 57 dias após o plantio, o IAF simulado foi superior ao medido até o final

do ciclo da cultura, o que não ocorreu no primeiro e segundo ciclo de cultivo,

como mostram as Figuras 16 A e B.

Arruda et al. (2002) estudando a cultivar CNPA-7H no município de

Areia na Paraíba, encontraram valores de IAF semelhantes aqueles

observados nas Figuras 16 C e D, 100 dias após o plantio, em um solo com

60% de água disponível.

A Figura 16 D mostra que o IAF simulado foi superior ao IAF medido

durante todo o ciclo da cultura, sendo o maior valor obtido em 149 dias para

o simulado e em 167 dias para o medido.

Uma possível causa do IAF medido ter sido superior nos dois

primeiros ciclos é que nesse período ocorreu a maior parte da precipitação,

e o programa pode considerar de maneira inadequada o efeito da radiação

solar, resultando com isso numa diminuição do crescimento da planta.

O problema é que na maior parte do Brasil onde se cultiva algodão,

quanto mais água disponível, mais nuvens, e, portanto menos luz disponível.

Nessas regiões a presença das chuvas fornecendo quantidade de água

adequada não permite que a cultura receba a insolação necessária para

altas produtividades. Neste caso a falta de luz se torna um fator limitante

para a cultura (Rosolem, 1999).

A partir do momento em que se iniciou a irrigação por causa da

diminuição ou mesmo a escassez das chuvas o IAF simulado assumiu

valores sempre superiores aos medidos e quando esses dados são

53

informados, o programa pode ter considerado novamente de maneira

inadequada a radiação solar, com isso um maior IAF simulado em relação

ao medido (Figura 16 C e D), o mesmo acontece com a altura simulada nos

mesmos ciclos de cultivo (Figura 17 C e D).

Oosterhuis (1999) afirma que o aumento da área foliar ocorre

principalmente dos 60 aos 90 dias após a emergência, o que não ocorreu

nos ciclos de cultivo em estudo (Figura 16), e isso pode ser devido ao fato

de que, nas condições experimentais do presente estudo, as plantas de

algodão encontraram condições favoráveis para continuar crescendo, como

temperatura, radiação solar e precipitação.

Rosolem (1999) relata que a resposta da planta em termos de

crescimento vegetativo (produção de pontos frutíferos ou nós) é linear com o

aumento da temperatura até 42oC. Entretanto, em temperaturas acima de

35oC, a porcentagem de abscisão aumenta, chegando a 100% das flores

produzidas. Assim altas temperaturas tendem a desbalancear o equilíbrio

entre crescimento reprodutivo e crescimento vegetativo da planta, em favor

do vegetativo.

Quando as precipitações aumentam, há ocorrência de dias nublados,

o que diminui a fotossíntese e, portanto, a síntese de açúcares. Com menos

açúcar disponível nos tecidos, a queda de estruturas reprodutivas é

aumentada.

54

0

50

100

150

200

15 30 42 67 88 95 110 125 140 155 170 185 200 215 223

Altu

ra e

m (

cm)

0

50

100

150

200

15 30 45 60 75 90 105 122 142 150 165 180 200 223

Altu

ra e

m (

cm)

0

50

100

150

200

15 27 42 57 72 92 101 116 130 153 167 188 205 223

Dias após plantio

Altu

ra e

m (

cm)

medida simlada

0

50

100

150

200

15 34 51 69 81 93 110 125 143 149 167 180 200 223

Dias após plantio

Altu

ra e

m (

cm)

FIGURA 17: Altura das plantas (cm) medida e simulada no primeiro (A),

segundo (B), terceiro (C) e quarto ciclo de cultivo (D) da cultivar

de algodão ITA 90, em Santo Antonio do Leverger-MT.

No primeiro ciclo de cultivo as alturas medida e simulada das plantas

tiveram um comportamento semelhante, atingindo a altura máxima de

aproximadamente 175 cm em 142 dias após o plantio, como mostra a Figura

17 A.

Analisando o comportamento das plantas no segundo ciclo de cultivo

observa-se que o maior valor para a altura medida ocorreu no final do ciclo

em 200 dias com 175 cm e, para a altura simulada, o maior valor foi obtido

aos 155 dias, com aproximadamente 185 cm, sendo superior aos valores

medidos (Figura 17 B).

Na Figura 17 C observa-se que no terceiro ciclo de cultivo, a partir dos

57 dias após o plantio, a altura simulada foi superior à altura medida, até ao

final do ciclo da cultura. A altura máxima medida foi obtida 130 dias após o

plantio, com 112 cm, se mantendo praticamente constante, até o final do

A

B

C D

55

ciclo. Já para a altura simulada, o maior valor foi obtido apenas no final do

ciclo, com 150 cm aproximadamente.

Para o quarto ciclo de cultivo a altura simulada foi sempre superior à

altura medida, que atingiu seu maior valor em 110 dias com 80 cm. A altura

simulada obteve seu maior valor no final do ciclo, chegando à altura máxima

de 180 cm (Figura 17 D).

Quando se comparou a altura das planta entre os diferentes ciclos de

cultivo observou-se a menor diferença entre a altura medida e simulada no

primeiro ciclo (Figura 17 A), sendo que a maior diferença entre altura medida

e simulada ocorreu no quarto ciclo de cultivo, como mostra a Figura 17 D.

Nos diferentes ciclos de cultivo foi observada uma diferença de altura

das plantas, o que indica que as condições meteorológicas podem afetar

esse parâmetro. Silva et al. (1998) também encontraram diferenças

significativas entre a altura de plantas de algodoeiro herbáceo, cultivados no

estado do Rio Grande do Norte.

Os valores de altura das plantas medidos e simulados, encontrados

nos três primeiros ciclos de cultivo (Figura 17 A, B e C) foram superiores aos

encontrados por Corrêa e Sharma (2004), estudando a cultivar de algodão

BRS Antares, porém no quarto ciclo de cultivo (Figura 17 D), os valores

observados foram inferiores aos encontrados por esses autores.

De maneira geral as plantas em todos os ciclos de cultivo tiveram uma

altura superior àquela considerada ótima para a colheita mecânica que é de

aproximadamente 1,30 m de altura (Lamas, 2001). No terceiro ciclo de

cultivo (Figura 17 C), tanto a altura simulada quanto a medida ficaram

próximas desse valor e, no quarto ciclo com a altura medida foi inferior a

altura ideal para colheita mecânica (Figura 17 D). Rosolem (1999) relata que

a altura máxima da planta não deve ultrapassar uma vez e meia o

espaçamento da cultura.

56

TABELA 2: Precisão (r), exatidão (d) e confiança (c) entre os valores

simulados, de altura e IAF das plantas e valores medidos nos

diferentes ciclos de cultivo.

Plantio r d c

1 0,9623 0,9723 0,9357

2 0,9684 0,9323 0,9028

3 0,9431 0,7755 0,7314 Altura

4 0,9608 0,5638 0,5417

1 0,7484 0,6328 0,4736

2 0,6102 0,6168 0,3764

3 0,6890 0,7449 0,5153 IAF

4 0,8909 0,7758 0,6912

Para altura de plantas, o coeficiente de correlação “r” variou de 0,9684

no segundo ciclo de cultivo a 0,9431 no terceiro ciclo de cultivo. Já para o

IAF a correlação foi inferior à obtida com a altura das plantas e variou de

0,6102 no segundo ciclo de cultivo para 0,8909 no quarto ciclo de cultivo

(Tabela 2).

Para altura de plantas no primeiro e segundo ciclo de cultivo o

programa apresentou um desempenho diferenciado, onde obteve-se o índice

“d” próximo da exatidão que foi “d” igual a um. Já para os outros ciclos o

desempenho foi inferior aos demais.

Com o IAF apresentou um desempenho satisfatório com índice “d”

com pouca variação entre os ciclos de cultivo.

Para altura das plantas (Tabela 2) o programa alcançou um

desempenho considerado como “ótimo” nos dois primeiros ciclos de cultivo,

pois os valores de “c” foram maiores que 0,85 (Tabela 1). Para o terceiro

ciclo o desempenho foi “bom” e no quarto ciclo foi considerado “sofrível”.

Para o IAF o índice “c” foi considerado como “bom” apenas no quarto

ciclo de cultivo. No primeiro ciclo de cultivo o desempenho foi classificado

57

como “mau”. Já para o segundo ciclo de cultivo o desempenho foi

considerado como “péssimo”.

Nas Figuras 18, 19 e 20 encontra-se a evolução do número de

estruturas reprodutivas do algodoeiro. Pode-se observar que durante a maior

parte do ciclo da planta, diversos eventos ocorrem ao mesmo tempo, como

crescimento vegetativo, aparecimento de gemas reprodutivas, florescimento,

crescimento e maturação dos frutos. Cada um desses eventos é importante

para a produção final, mas é preciso que eles ocorram de modo balanceado

(Rosolem, 1999).

0

5

10

15

20

15 30 45 60 75 90 105 122 142 150 165 180 200 223

No

de b

otõe

s flo

rais

0

5

10

15

20

15 30 42 67 88 95 110 125 140 155 170 185 200 215 223

No

de b

otõe

s flo

rais

0

5

10

15

20

15 27 42 57 72 92 101 116 130 153 167 188 205 223

Dias após plantio

No

de b

otõe

s flo

rais

botões medidos botões simulados

0

5

10

15

20

15 34 51 69 81 93 110 125 143 149 167 180 200 223

Dias após plantio

No

de b

otõe

s flo

rais

FIGURA 18. Número de botões florais medidos e simulados no primeiro (A),

segundo (B), terceiro (C) e quarto ciclo de cultivo (D) da cultivar

de algodão ITA 90, em Santo Antonio do Leverger-MT.

Analisando o comportamento da cultivar de algodão ITA 90 no

primeiro ciclo de cultivo, quanto à simulação dos botões florais verifica-se

que o primeiro botão surgiu 30 dias após o plantio, chegando ao número

máximo de oito botões em 122 dias. Já o primeiro botão medido surgiu em

45 dias, chegando ao máximo de aproximadamente 20 botões em 75 dias.

A

B

C D

58

Quando se comparou com os demais ciclos de cultivo (Figura 18 B, C e D)

observou-se que a maior quantidade de botões por planta foi obtida no

primeiro ciclo de cultivo (Figura 18 A).

No segundo e terceiro ciclo de cultivo (Figura 18 B e C) os botões

medidos e simulados surgiram ao mesmo tempo, sendo que com 95 e 93

dias foram obtidos os maiores valores de número de botões medidos por

planta respectivamente, sendo superiores aos valores simulados no mesmo

período.

A Figura 18 D mostra que os botões simulados surgiram antes dos

medidos, o mesmo acontecendo no primeiro ciclo de cultivo (Figura 18 A).

No quarto ciclo de cultivo os botões medidos surgiram mais tarde, quando

comparado aos demais ciclos de cultivo.

Arruda et al. (2002) em trabalho realizado com a cultivar CNPA 7H em

um solo com 60% de água disponível, obtiveram o máximo de nove botões

florais por planta em 83 dias após o plantio. Esses valores foram

semelhantes aos encontrados no terceiro ciclo de cultivo para a mesma

época (Figura 18 C).

Jackson et al. (1988) em experimento com a cultivar de algodão

Stoneville 213, observaram que o primeiro botão surgiu em 49 dias,

chegando ao máximo de 32 botões por planta.

Oliveira et al. (1997) testando as cultivares de algodoeiro herbáceo

CNPA Precoce 1, CNPA Acala 1, CNPA 6H e IAC 20, observaram que os

primeiros botões surgiram em 26 dias. Mais precoces portanto do que os

ciclos de cultivo observados no presente estudo (Figuras 18 A, B, C e D).

O número de botões florais emitidos nos quatro ciclos de cultivo

(Figura 18), foram inferiores em precocidade e número aos encontrados por

Rosolem (1999), com a mesma cultivar no município de Rondonópolis, MT,

que observou que o primeiro botão floral surgiu em 27 dias após a

emergência, sendo obtido o número máximo em 60 dias, com 23 botões por

planta.

59

0

2

4

6

8

10

12

15 30 42 67 88 95 110 125 140 155 170 185 200 215 223

No

de m

açãs

0

2

4

6

8

10

12

15 27 42 57 72 92 101 116 130 153 167 188 205 223

Dias após plantio

No

de m

açãs

maçãs medidas maçãs simuladas

0

2

4

6

8

10

12

15 30 45 60 75 90 105 122 142 150 165 180 200 223

No

de m

açãs

0

2

4

6

8

10

12

15 34 51 69 81 93 110 125 143 149 167 180 200 223

Dias após plantio

No

de m

açãs

FIGURA 19. Número de maçãs medidas e simuladas no primeiro (A), segundo

(B), terceiro (C) e quarto ciclo de cultivo (D) da cultivar de algodão

ITA 90, em Santo Antonio do Leverger-MT.

Analisando a Figura 19 observou-se que a primeira maçã surgiu aos

60 dias após o plantio, tanto para os resultados medidos quanto para os

simuladas (Figura 19 A). O único ciclo de cultivo em que as maçãs

simuladas surgiram antes das medidas foi registrado no quarto ciclo de

cultivo (Figura 19 D). Quanto ao surgimento das primeiras maçãs os

resultados foram semelhantes aos encontrados por Jackson et al. (1988),

sendo inferior apenas no número de maçãs por planta.

Arruda et al. (2002) trabalhando com a cultivar CNPA 7H em um solo

com 60% de água disponível, obtiveram o máximo de seis maçãs por planta,

durante o ciclo da cultura.

Rosolem (1999) testando a cultivar ITA 90 no município de

Rondonópolis, MT, observou que a primeira maçã surgiu em 47 dias com o

máximo de 25 maçãs por planta, sendo superior, em precocidade e número

A

B

C D

60

de maçãs aos valores encontrados com a mesma cultivar nos quatro ciclos

de cultivo (Figura 19).

0

3

6

9

12

15

18

15 30 45 60 75 90 105 122 142 150 165 180 200 223

No

de c

apul

hos

0

3

6

9

12

15

18

15 30 42 67 88 95 110 125 140 155 170 185 200 215 223

No

de c

apul

hos

0

3

6

9

12

15

18

15 27 42 57 72 92 101 116 130 153 167 188 205 223

Dias após plantio

No

de c

apul

hos

capulhos medidos capulhos simulados

0

3

6

9

12

15

18

15 34 51 69 81 93 110 125 143 149 167 180 200 223

Dias após plantio

No

de c

apul

hos

FIGURA 20. Número de capulhos medidos e simulados no primeiro (A),

segundo (B), terceiro (C) e quarto ciclo de cultivo (D) da cultivar

de algodão ITA 90, em Santo Antonio do Leverger-MT.

O maior número de capulhos por planta foi obtido no primeiro ciclo de

cultivo (Figura 20 A), com aproximadamente 15 capulhos por planta. A maior

precocidade foi observada no terceiro ciclo de cultivo, com o surgimento do

primeiro capulho 101 dias após a semeadura (Figura 20 C).

Na simulação, o aparecimento mais precoce dos capulhos foi

observado no primeiro ciclo de cultivo, aos 105 dias (Figura 20 A), e o mais

tardio em 125 dias, no quarto ciclo de cultivo (Figura 20 D).

Os resultados encontrados no primeiro ciclo de cultivo (Figura 20 A)

foram superiores aos obtidos por Jackson et al. (1988) e Arruda et al. (2002).

O número de capulhos medido foi superior ao simulado no primeiro,

terceiro e quarto ciclo de cultivo (Figuras 20 A, C e D). No segundo ciclo de

A

B

C D

61

cultivo (Figura 20 B), o resultado simulado foi superior na maior parte do

ciclo da cultura.

Pedrosa et al. (2003) testando a produção de algodoeiro herbáceo,

em função da aplicação de biossólidos, obtiveram o máximo de 15 capulhos

por planta com a cultivar BRS 187 8H, sendo semelhante aos valores

obtidos no primeiro ciclo de cultivo (Figura 20 A) e superior aos demais

ciclos de cultivo (Figura 20 B, C e D).

Correa e Sharma (2004) estudando a cultivar BRS Antares, em plantio

direto no Cerrado, com rotação de outras culturas, observaram que a

quantidade de capulhos variou de quatro a oito por planta, valores

semelhantes aos encontrados na Figura 20.

Analisando o numero de capulhos produzidos no primeiro ciclo de

cultivo observou-se que os capulhos simulados surgiram em 105 dias e os

medidos em 142 dias. Observou-se também que o número de capulhos

medidos foi muito superior aos simulados, alcançando o máximo de 15

capulhos em 150 dias (Figura 20 A). Esses valores foram superiores aos

observados por Jackson et al. (1988) e Rosolem (1999).

O que pode ter contribuído para as diferenças de produção foi à

época dos diferentes ciclos de cultivo, que, segundo Laca Buendia e

Cardoso Neto (1997), a semeadura do algodoeiro na época correta pode

contribuir para aumentar a produtividade em até 60%.

Godinho et al. (1997) encontraram variações significativas no

rendimento de genótipos de algodoeiro, para diferentes épocas de

semeadura, testadas no município de São Felipe, RO.

Lazzarotto et al. (1998) concluíram que nos municípios com aptidão

ao cultivo do algodoeiro herbáceo, no estado de Mato Grosso, a época mais

indicada para o plantio ocorre entre 20 de novembro e 28 de fevereiro.

Considerando que o algodoeiro é sensível ao comportamento das

variáveis de ambiente, sejam elas climáticas, edáficas ou bióticas

(Lazzarotto et al., 1998), ele mostra-se uma espécie vegetal que tem sua

produtividade bastante relacionada à época e ao local de sua semeadura.

62

Em todos os ciclos de cultivo foi observada uma grande queda das

estruturas reprodutivas das plantas de algodão. Isso pode ter sido

influenciado pelas condições favoráveis ao crescimento da planta, como

insolação, temperatura e umidade. O crescimento das plantas,

principalmente nos três primeiros ciclos de cultivo, pode ter provocado um

sombreamento excessivo, principalmente daquelas localizadas no terço

inferior da planta (“baixeiro”).

O crescimento excessivo da planta causa maior auto sombreamento,

dificultando a penetração da luz na copa da planta, também com prejuízos

na produtividade. Normalmente se aceita que a altura máxima não deve

ultrapassar 1,5 vezes o espaçamento da cultura, para que o auto

sombreamento não seja excessivo.

Segundo Stewart (1986), o período de crescimento e a deficiência em

luminosidade promovem o “shedding” das estruturas de reprodução da

planta de algodão e a deiscência dos frutos que, botanicamente, são

cápsulas loculicidas, dependendo da luminosidade e do restante da radiação

solar e do hormônio etileno.

Rosolem (1999) relata que a queda ou abscisão de botões florais e de

maçãs jovens é um fenômeno natural no algodão, que é acentuado por

ocorrências de condições adversas, como tempo nublado, temperaturas

muito altas ou baixas, deficiência de nutrientes e crescimento vegetativo

muito intenso. A queda de até 60% das estruturas é considerada normal

(Oosterhuis, 1992).

De acordo com Arruda et al. (2002), parte das estruturas reprodutivas

cai na fase de botão floral ou como maçã jovem, inclusive em condições

ótimas de crescimento. Para Rosolem (1999), a abscisão de estruturas

reprodutivas é regulada pelo balanço entre açúcares no tecido e o teor de

etileno.

Outra situação observada nos três primeiros ciclos de cultivo (Figuras

19 A, B e C) foi o apodrecimento das maçãs no período de maturação dos

frutos o que pode ter sido ocasionado pela quantidade de chuvas no

63

período, o que não ocorreu no quarto ciclo de cultivo (Figura 19 D) onde foi

observado a maior produção (Figura 21).

Rosolem (2000) relata que em boa parte do Brasil, onde se cultiva

algodão, quanto mais água disponível, mais nuvens e, portanto, menos luz

disponível. Assim em algumas regiões, a presença de chuvas fornecendo a

quantidade adequada de água não permite que a cultura receba a insolação

necessária para altas produtividades. Neste caso, a luz se torna mais

limitante do que a própria disponibilidade de água.

Beltrão e Souza (2001) relatam que, caso ocorram precipitações

pluviais freqüentes no período de maturação dos frutos, com muita

nebulosidade e queda da temperatura ambiente, os frutos demorarão a abrir,

ou mesmo não abrirão, apodrecendo na planta e comprometendo a

produção final da cultura.

Considerando-se as três principais etapas do desenvolvimento

reprodutivo do algodoeiro (Figuras 18, 19 e 20), botões florais para flores, de

flores para maçãs e de maçãs para capulhos foi observada uma abscisão

das estruturas em todos os ciclos de cultivo, o que pode estar relacionado

com as condições meteorológicas de cada época.

A duração do ciclo do algodoeiro no segundo e terceiro ciclo de cultivo

foi superior àquela considerada normal para a variedade ITA 90, que é de

aproximadamente 180 dias. Pode ter contribuído para isso uma menor

insolação e radiação solar (Figuras 13 e 14), durante a fase vegetativa da

cultura, fazendo com que o ciclo do algodoeiro se alongasse.

Segundo Freitas et al. (2001a), a diminuição da radiação solar

incidente no período de desenvolvimento da cultura do milho fez com que

aumentasse a duração do ciclo da cultura em dez dias.

64

TABELA 3: Precisão (r), exatidão (d) e confiança (c) obtidas entre os valores

de botões, maçãs, capulhos e a produção final simulados e

valores medidos nos diferentes ciclos de cultivo.

Estruturas Plantio r d c

1 0,3959 0,5300 0,2098

2 0,3691 0,5419 0,2000

3 0,1897 0,5068 0,0962 Botões

4 0,1786 0,6175 0,1103

1 0,6894 0,6577 0,4534

2 0,2267 0,3423 0,0776

3 0,1034 0,3710 0,0384 Maçãs

4 0,3831 0,5760 0,2207

1 0,8744 0,7178 0,6276

2 0,4647 0,5185 0,2409

3 0,1175 0,4621 0,0543 Capulhos

4 0,4144 0,4583 0,1899

Produção 0,0583 0,3850 0,0225

Na Tabela 3 podem ser observadas a precisão, a exatidão e a

confiança entre os valores de número de botões, maçãs e capulhos,

simulados pelo programa e medidos a campo.

De um modo geral, a precisão do programa para avaliar o número de

cada estrutura reprodutiva ficou abaixo de 0,4. Somente na previsão do

número de maçãs e de capulhos no primeiro ciclo de cultivo houve resultado

superior a esse patamar de precisão.

Do ponto de vista da exatidão, a simulação do número de estruturas

alcançou valores inferiores a 0,6, excetuando-se novamente os números de

maçã e de capulho do primeiro ciclo.

Para os botões florais o desempenho do programa foi considerado

“péssimo”, para as maçãs (Tabela 3) no primeiro ciclo de cultivo foi

considerado “mau”, com o valor de “c” igual a 0,4534. Para os ciclos de

65

cultivo dois, três e quatro o desempenho foi considerado “péssimo”. Quanto

aos capulhos, o desempenho do programa foi considerado “mediano” no

primeiro ciclo de cultivo. No segundo, terceiro e quarto ciclo de cultivo, o

desempenho foi considerado “péssimo”.

Para a produção final o desempenho do modelo foi “péssimo”,

apresentando problemas de precisão e exatidão.

Uma possível causa para que o programa tivesse um desempenho

péssimo, pode ser devido ao fato que o mesmo não ter sido calibrado para

as condições de Santo Antonio do Leverger, bem como para a cultivar

utilizada a ITA 90.

1380,2

882,8

1302

2842,8

848

1321

584,2

1021

0

1000

2000

3000

plantio 1 plantio 2 plantio 3 plantio 4

Pro

duçã

o kg

ha-1

medidido simulado

Figura 21: Produção medida e simulada (kg.ha-1) nos quatro ciclos de cultivo

em Santo Antonio do Leverger-MT.

A maior produção medida de algodão em caroço foi obtida no quarto

ciclo de cultivo, com 2.842,8 kg.ha-1, sendo superior em mais de 50% em

relação ao primeiro ciclo de cultivo, onde foi observado a segunda maior

produção (Figura 21).

A menor produção medida foi obtida no segundo ciclo de cultivo, e, o

que pode ter contribuído para essa produção, considerada baixa para os

padrões atuais, foi o número de horas de brilho solar no período de janeiro e

fevereiro de 2004, com aproximadamente 4 e 5 h de brilho solar médio

(Figura 13), e também nesse período foi registrada a maior precipitação

66

pluviométrica, contribuindo para dias nublados. Como o plantio foi realizado

em 07/11/03 e não foi realizada a aplicação de regulador de crescimento, as

plantas de algodão encontraram condições favoráveis ao seu crescimento e,

o excesso de umidade provocou o apodrecimento do grande número de

maçãs, o que influenciou a produção. Por outro lado, o crescimento

excessivo da planta causa maior auto sombreamento, dificultando a

penetração de luz na copa da planta, causando prejuízos na produtividade

(Rosolem, 2000).

Rosolem (2000) observa ainda que o algodão é uma planta do tipo C3,

com elevada taxa de fotorrespiração (cerca de 38% da fotossíntese) e alto

ponto de compensação de CO2. A planta é particularmente sensível à falta

de luminosidade.

Marur (1998) relata que o efeito potencial do regulador de crescimento

na cultura do algodoeiro e a melhoria da arquitetura das plantas, com

modificações favoráveis do microclima da vegetação, reduz a incidência da

podridão dos frutos e melhora a qualidade da fibra produzida.

Gadioli et al. (2000) observaram que o rendimento de grãos de milho

diminuiu à medida que a temperatura média durante a fase vegetativa

aumentou, e que isso ocorreu, devido à época de semeadura estar restrita

ao início do período de chuva. Por esse motivo, não foram observadas

respostas crescentes de rendimento com o aumento da temperatura.

Segundo Amorim Neto et al. (2001), o algodão necessita de

temperatura mínima média superior a 15oC na semeadura; temperatura

mínima média não inferior a 20oC no final do ciclo, o que foi registrado

apenas nos meses de maio a setembro de 2004 (Figura 15), coincidindo

com a fase de florescimento e final do quarto ciclo de cultivo, o que

aparentemente não teve influência na produção medida, e sim nos valores

simulados pelo programa (figura 21).

A diferença de produção entre os ciclos de cultivo pode ser atribuída a

distribuição da radiação solar ao longo do ciclo da cultura. Freitas et al.

(2001) encontraram valores de produção diferentes com a cultura do milho

nos anos de 1979 e 1994.

67

Nóbrega et al. (1999) relata que o algodoeiro é uma planta muito

complexa, e que deve haver equilíbrio entre o crescimento e o

desenvolvimento que é de natureza qualitativa e seqüencial.

De maneira geral os programas de simulação são eficientes, porém

há necessidade que eles sejam calibrados e testados para serem usados em

uma determinada região.

De acordo com Campelo júnior (2004), a maior dificuldade para a

aplicação de um modelo de simulação de rendimento consiste no número e

natureza das informações de entrada necessárias para a implementação do

modelo, principalmente as informações que caracterizam a variedade, cuja

determinação exigem equipamentos sofisticados e grandes esforços e

recursos, disponíveis geralmente em laboratórios de pesquisa existentes em

paises mais desenvolvidos e raramente encontrados nas condições

brasileiras.

Por outro lado, a versão disponível do programa utilizada no trabalho,

corresponde a um programa executável, sem acesso aos códigos fonte que

permitiriam alterar ou adaptar os procedimentos usados no modelo.

68

5 CONCLUSÕES

O programa COTTON 2K apresenta desempenho diferenciado para

simular o comportamento do algodoeiro nas condições de cultivo de Santo

Antonio do Leverger, no que diz respeito a aspectos vegetativos e

reprodutivos da cultura, bem como da época de semeadura.

Há necessidade de fazer uma calibração tanto para a cultivar como

para a região em estudo, para que o programa possa ser recomendado para

uso.

69

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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