simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS SIMULAÇÃO DA LAMINAÇÃO A QUENTE DE UM AÇO LIVRE DE INTERSTICIAIS (IF) ATRAVÉS DE ENSAIOS DE TORÇÃO WILIAM REGONE SÃO CARLOS - SP 2001

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1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E

ENGENHARIA DE MATERIAIS

SIMULAÇÃO DA LAMINAÇÃO A QUENTE

DE UM AÇO LIVRE DE INTERSTICIAIS (IF)

ATRAVÉS DE ENSAIOS DE TORÇÃO

WILIAM REGONE

SÃO CARLOS - SP

2001

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2

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E

ENGENHARIA DE MATERIAIS

SIMULAÇÃO DA LAMINAÇÃO A QUENTE DE UM AÇO

LIVRE DE INTERSTICIAIS (IF) ATRAVÉS DE ENSAIOS

DE TORÇÃO

WILIAM REGONE

Tese apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciência e

Engenharia de Materiais como

requisito parcial à obtenção do título

de DOUTOR EM CIÊNCIA E

ENGENHARIA DE MATERIAIS.

Orientador: Prof. Dr. Oscar Balancin

Agência Financiadora: FAPESP

SÃO CARLOS – SP 2001

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3

MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA DA TESE DE

DOUTORADO DE WILIAM REGONE

Apresentada ao programa de Pós-Graduação em Ciências e Engenharia de

Materiais da Universidade Federal de São Carlos em 28 de Junho de 2001.

Prof. Dr. Oscar Balancin

Orientador/PPG-CEM

Prof. Dr. Dagoberto Brandã o Santos

UFMG

Prof. Dr. Luiz Carlos Casteletti

EESC-USP

Prof. Dr. Alberto Moreira Jorge Júnior

UFSCar

Prof. Dra. Wanda Aparecida Machado Hoffmann

UFSCar

VITAE DO CANDIDATO

Mestre em Engenharia de Materiais pela Universidade Federal de São Carlos

(1997), Engenheiro Metalúrgico pela Universidade Federal de Ouro Preto

(1992).

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4

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Oscar Balancin, pela orientação.

Ao Prof. Dr. Alberto Moreira Jorge Júnior, pela ajuda constante.

A Fundação Amparo à Pesquisa do Estado de Sã o Paulo (FAPESP) pelo apoio

financeiro.

Aos técnicos Rover, Militão, Beto, Maunel Denari, Pedro, Tico, Silvano (EESC-

USP).

Ao Professor Dr. Luiz Carlos Casteletti, pela contribuição a este trabalho, na

utilização do equipamento de microscopia ótica.

Ao Professor Dr. João Manuel Domingos de Almeida Rollo, pela contribuição a

este trabalho, na utilização do equipamento de dilatometria.

Aos colegas Marcelo Mello, Marcelo Napoleão, Célia, José Maria (Ribamar),

Estefano, Malu, Rodrigo, Ivete (UFMG), Ayres.

Aos professores, funcionários e colegas do DEMa que direta ou indiretamente

contribuíram para a elaboração deste trabalho.

À COSIPA, pelo material fornecido.

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5

SIMULAÇÃO DA LAMINAÇÃO A QUENTE DE UM AÇO LIVRE DE

INTERSTICIAIS (IF) ATRAVÉS DE ENSAIOS DE TORÇÃO

RESUMO

O comportamento mecânico dos aços em condições de trabalho a

quente está diretamente relacionado aos parâmetros de processamento tais

como a deformação, taxa de deformação, temperatura, tempo de espera entre

passes e taxa de resfriamento. Neste trabalho realizou-se um conjunto de

experimentos em um aço IF -Ti utilizando-se ensaios de dilatometria, ensaios de

torção a quente isotérmicos e contínuos, ensaios de torção isotérmicos com

duas deformações, ensaios de torção com múltiplas deformações em

resfriamento contínuo e simulações física da laminação de tiras a quente. Com

os resultados dos ensaios de dilatometria elaborou-se o diagrama de

transformação por resfriamento contínuo, determinando-se os valores das

temperaturas de início e fim de transformação de fase. Através das curvas de

escoamento plástico, determinou-se o tipo de processo de restauração que

atua durante a deformação, sendo observado a recristalização dinâmica na

austenita e a recuperação dinâmica na ferrita. Tais informações foram obtidas

através da análise da variação da taxa de encruamento em função da tensão

aplicada, que revela a competição entre a recuperação e a recristalização. A

cinética da recristalização estática após a deformação a quente foi investigada

e, também, a interação entre precipitados e os fenômenos de restauração

foram investigados via microscopia eletrônica de varredura e transmissão (MEV

e MET). Também foram feitas observações microestruturais, por MO, para

investigar a evolução da microestrutura na ferrita após grandes quantidades de

deformação. Assim, baseado na interpretação do conjunto de resultados dos

ensaios citados, fez-se simulações da laminação de tiras a quente, visando o

controle dos fenômenos metalúrgicos atuantes no processamento.

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6

SIMULATION OF HOT ROOLING OF INTERSTICIAL FREE STEEL

THROUGH TORSION TESTS

ABSTRACT

The plastic behavior of steels under hot working conditions is related with

processing parameters such as strain, strain rate, temperature, interpass time

and cooling rate. In this work, several experiments in a Ti-IF steel were carried

out using dilatometer and hot torsion tests. Isothermal, double straining, on

continuous cooling conditions and simulation of the hot strip mill were carried

out throughout hot torsion tests. Continuous cooling transformation diagram

was elaborated using dilatometric tests, indicating the values of the starting and

finishing temperatures for phase transformation. Through the flow curves,

restoration processes acting during deformation were determined; dynamic

recrystallization for austenite and dynamic recovery for ferrite were achieved.

Such information’s were obtained analyzing the variations on the work-

hardening rate with the applied stress that indicate the competition between

recovery and recrystallization. Also, the kinetic of the static recrystallization after

hot deformation was analyzed and the interaction between precipitates and

restorations phenomena investigated through scanning and transmission

electron microscopy (SEM and TEM). Also, optical observations were carried

out, in order to investigate the microstructural evolution after large-straining in

the ferrite phase. Thus, based on the interpretation of the all -previous results, it

was possible to carry out hot strip mills simulations, in order to control the

metallurgical phenomena that act during the processing.

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7

PUBLICAÇÕES

- REGONE, W.; JORGE JÚNIOR, A. M. e BALANCIN, O.; “Precipitation Upon

Hot Strip Mill Conditions of a Ti -IF Steel”; aceito para apresentação no

Microscopy and Microanalysis 2001 - M&M 2001; Long Beach Convention

Center; Long Beach, Califórnia; USA; 5-9/08/2001.

- REGONE, W.; JORGE JÚNIOR, A. M. e BALANCIN, O.; “Sulfide Precipitation

During Hot Strip Rolling; Acta Microscopica”; trabalho completo em

revista, numero regular; no prelo; 2001.

- REGONE, W.; JORGE JÚNIOR, A. M. e BALANCIN, O.; “Sulfide Precipitation

During Hot Strip Rolling; Acta Microscopica”; Sup B, resumo, no prelo;

2001.

- REGONE, W.; JORGE JÚNIOR, A. M. e BALANCIN, O.; “Sulfide Precipitation

During Hot Strip Rolling”; Trabalho apresentado no 7° Congresso

Brasileiro de Microscopia de Materiais; 3 a 6 de dezembro; São Pedro;

SP; 2000.

- REGONE, W.; JORGE JÚNIOR, A. M. e BALANCIN, O.; “Metodologia para

Determinar os Tipos de Amaciamento que Atuam em Processos

Termomecânicos”; Trabalho apresentado no 14° Congresso Brasileiro de

Engenharia e Ciências de Materiais; 3 a 6 de dezembro; São Pedro; SP;

2000.

- REGONE, W.; JORGE JÚNIOR, A. M. e BALANCIN, O.; “Thermomechanical

Properties And Microstructural Characterization Of If Steel”. 9° Encontro

da Sociedade Portuguesa de Materiais; Universidade de Minho,

Guimarães, Portugal, no período 21 a 23 de junho de 1999.

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8

- REGONE, W.; JORGE JÚNIOR, A. M. e BALANCIN, O.; “Comportamento

Mecânico De Um Aço IF Associado À Evolução Microestrutural Nas

Regiões Intercrítica E Subcrítica”. 13° Congresso Brasileiro de Engenharia

e Ciência dos Materiais – CBECIMAT - , Curitiba, de 06 a 08 de dezembro

de 1998.

- REGONE, W.; JORGE JÚNIOR, A. M. e BALANCIN, O.; “Caracterizaç ão Do

Comportamento Mecânico A Quente De Um Aço IF Na Região

Austenítica”. V Congresso de Engenharia Mecânica Norte-Nordeste,

Fortaleza, 27-30 de outubro de 1998.

- REGONE, W.; JORGE JÚNIOR, A. M. e BALANCIN, O.; “Determinação Das

Temperaturas Críticas Da Laminação A Quente”. Simpósio sobre Ciência

e Engenharia de Materiais no Mercosul, São Carlos, UFSCar, de 05 a 08

de outubro de 1998.

- REGONE, W.; JORGE JÚNIOR, A. M. e BALANCIN, O.; “Comportamento

Mecânico A Quente De Um Aço IF”. 53o Congresso Anual da ABM, Belo

Horizonte, de 13 a 17 de setembro de 1998.

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9

SUMÁRIO

Pág.

BANCA EXAMINADORA............................................................................ i

AGRADECIMENTOS.................................................................................. iii

RESUMO..................................................................................................... v

ABSTRACT................................................................................................. vii

PUBLICAÇÕES........................................................................................... ix

SUMÁRIO.................................................................................................... xiii

ÍNDICE DE TABELAS................................................................................. xvii

ÍNDICE DE FIGURAS................................................................................. xix

1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 1

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................... 3

2.1 Introdução............................................................................................. 3

2.2 Fundamentos Metalúrgicos da Deformação a Quente.......................... 5

2.2.1 Encruamento...................................................................................... 6

2.2.2 Recuperação Dinâmica...................................................................... 7

2.2.3 Recristalização Dinâmica................................................................... 8

2.2.4 Equação Constitutiva......................................................................... 13

2.2.5 Recuperação Estática........................................................................ 14

2.2.6 Recristalização Estática..................................................................... 14

2.2.6.1 Nucleação....................................................................................... 15

2.2.6.2 Crescimento.................................................................................... 16

2.2.7 Cinética de Recristalização Estática.................................................. 16

2.2.8 Recristalização Metadinâmica............................................................ 17

2.3 Precipitação........................................................................................... 18

2.4 Análise da Curva Tensão Versus Deformação..................................... 20

2.4.1 Interrelação entre Encruamento, Recuperação e Recristalização..... 21

2.4.2 Amaciamento no Intervalo Entre Passes........................................... 22

2.5 Etapas Metalúrgicas Em Processos de Conformação

Mecânica............................................................................................

24

2.5.1 Reaquecimento.................................................................................. 24

Page 10: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

10

2.5.2 Desbaste............................................................................................ 25

2.5.3 Acabamento....................................................................................... 26

2.5.4 Resfriamento...................................................................................... 29

3 MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................... 31

3.1 Material.................................................................................................. 31

3.1.2 Preparação do Material...................................................................... 31

3.2 Ensaios dilatomêtricos.......................................................................... 32

3.3 Ensaios de Torção a Quente................................................................. 34

3.3.1 Equipamento para a Realização de Ensaios de Torção a

Quente..............................................................................................

34

3.4 Programação dos Ensaios de Torção a Quente................................... 36

3.4.1 Ensaios Isotérmicos........................................................................... 36

3.4.2 Ensaios Isotérmicos Interrompidos com Duas

Deformações...............................................................................

38

3.4.2.1 Determinação da Fração de Amaciamento Após a Deformação

Quente...........................................................................................

39

3.4.3 Ensaios com Múltiplas Deformações em Resfriamento..................... 40

3.4.3.1 Cálculo da Tensão Média Equivalente (TME)................................. 41

3.5 Simulações de Seqüências de Passes................................................. 42

3.6 Observações Microestruturais............................................................... 44

3.6.1 Equipamentos Utilizados nas Observações Microestruturais............ 44

3.6.2 Técnicas de Preparação de Amostras............................................... 44

3.6.2.1 Lâminas Finas................................................................................. 46

3.6.2.2 Réplicas de Extração...................................................................... 46

3.6.2.3 Procedimento para a Identificação de Precipitados........................ 47

4 RESULTADOS......................................................................................... 49

4.1 Introdução............................................................................................. 49

4.2 Diagrama de Transformação por Resfriamento Contínuo.................... 49

4.3 Ensaios de torção Isotérmicos e Contínuos.......................................... 51

4.3.1 Curvas de escoamento plástico......................................................... 51

4.3.2 Análise da Região Austenítica........................................................... 61

4.3.3 Análise da Região Ferrítica................................................................ 65

Page 11: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

11

4.3.4 Análise da Evolução Microestrutural na Região

Ferrítica..........................................................................................

67

4.4. Ensaios Isotérmicos Interrompidos Com Duas Deformações na

Austenita e na Ferrita..........................................................................

72

4.4.1 Observações Microestruturais............................................................ 82

4.4.1.1 Observações Microestruturais Realizadas na Amostra

Reaquecida a 1200°C e Temperada...........................................

83

4.4.1.2 Observações Microestruturais Realizadas na Amostra

Reaquecida a 1200°C e Temperada Após Deformação a

1100°C...........................................................................................

85

4.4.1.3 Observações Microestruturais Realizadas na Amostra

Reaquecida a 1200°C, Deformada e Temperada a 1000°C.......

88

4.4.1.4 Observações Microestruturais em Amostras Reaquecidas a

1200°C, Temperadas a 920°C Após Deformação de 0,2..............

89

4.5 Ensaios Com Múltiplas Deformações Em

Resfriamento................................................................................

94

4.6 Simulação Física da Laminação de Tiras a Quente.............................. 131

5 DISCUSSÃO............................................................................................ 149

5.1 Temperaturas de Início e Fim de Transição de Fase............................ 149

5.2 Precipitação........................................................................................... 151

5.3 Processos de Amaciamento que Atuam Durante a Deformação a

Quente..................................................................................................

156

5.3.1 Durante a Deformação Isotérmica..................................................... 156

5.3.2 Durante Seqüências de Deformações............................................... 159

6 CONCLUSÕES........................................................................................ 163

7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS....................................... 165

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 167

ANEXO A.................................................................................................... 173

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12

1 INTRODUÇÃO

Aços IF (Interstitial Free) são materiais com capacidade excepcional de

serem conformados a frio, normalmente na forma de chapas, utilizados na

indústria automobilística na fabricação de carrocerias de autos e outros

componentes similares. O baixo teor de intersticiais reduz o limite de

escoamento plástico, aumentando a formabilidade, melhorando o acabamento,

e possibilitando a execução de curvaturas mais acentuadas durante a

estampagem das mesmas. A combinação de composições químicas

adequadas com técnicas de fabricação e processamento determinam as

propriedades finais dos aços.

O processo de conformação a quente consiste, inicialmente, em aquecer

o material até a temperatura de encharque para a austenitização, realizar

deformações programadas nas etapas de desbaste e de acabamento e em

seguida promover o resfriamento controlado do material. A etapa de

acabamento, durante o processo de tiras a quente na laminação de aços livres

de intersticiais, é realizada com curtos tempos de espera entre passes. Sendo

o intervalo entre passes pequenos, a recristalização estática não se completa,

podendo ter o acúmulo de deformação de um passe para o outro e,

consequentemente, o processo passa a ser controlado pela recristalização

dinâmica ou metadinâmica, quando os últimos passes são efetuados no campo

austenítico e ou pela recuperação dinâmica no campo ferrítico. Assim, o estudo

do comportamento dos aços IF durante esta etapa de processamento exige a

utilização de técnicas que possam detectar e medir os efeitos dos parâmetros

que atuam durante a deformação e nos intervalos entre passes.

Uma técnica experimental capaz de reproduzir estas condições de

processamento e que permite investigar os mecanismos que estão operando é

o ensaio de torção a quente, através das curvas de escoamento plástico e do

acompanhamento microestrutural. Com ensaios de torção a quente pode-se

realizar seqüências de passes impondo parâmetros de processamento tais

como a temperatura de reaquecimento, a taxa de resfriamento, a quantidade de

deformação, a taxa de deformação e o tempo de espera entre passes.

Page 13: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

13

Analisando a evolução da curva de escoamento plástico em conjunto com

observações microestruturais pode-se determinar o mecanismo de

amaciamento dominante em cada uma das etapas de processamento,

permitindo assim, determinar os eventos característicos da laminação a quente

e projetar seqüências de deformações que otimizam o processamento.

Neste trabalho, investiga-se o comportamento mecânico e a evolução

microestrutural de um aço livre de intersticiais, através de ensaios de torção a

quente, em condições próximas às do processamento industrial. Combinando

ensaios isotérmicos e em resfriamento contínuo, analisa-se a atuação dos

mecanismos de restauração em seqüências de deformações e discute-se o

papel desses mecanismos na forma das curvas de escoamento plástico.

Page 14: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Introdução

Aço IF, abreviatura do termo inglês “Intersticial Free”, distingue-se por

possuir um baixo nível de átomos intersticiais, e é usado em aplicações onde

necessita-se de ótima formabilidade [1 e 2]. Este aço é elaborado em usinas

integradas por um processo que envolve três etapas primordiais: o refino

primário, a desgaseificação a vácuo e o lingotamento contínuo. No refino

primário do aço IF, os conversores servem para remover o carbono a um nível

desejável e produzir uma temperatura adequada para processamento posterior.

A desgaseificação a vácuo do aço é necessária para a obtenção de níveis

muitos baixos de carbono (menor que 0,005%). Atualmente, utiliza-se um

desgaseificador do tipo RH. Neste desgaseificador, dois tubos (snorkes)

refratários são imersos no interior da panela com aço líquido. Faz-se vácuo na

câmara acima dos tubos, e argônio é injetado no interior da aço através de

diversos pontos de injeção localizados em um dos tubos. O argônio local reduz

a densidade aparente do aço e causa um movimento ascendente do aço

líquido, que entra na câmara e, subseqüentemente, retorna desgaseificado à

panela através do segundo tubo. Por intermédio desta diferença de densidades

é estabelecido o fluxo de circulação. A descarburação ocorre pela reação:

C + O ⇔ CO . Devido à redução da pressão parcial do monóxido de

carbono, a reação é deslocada para a direita. O teor de carbono pode ser

estimado através de modelagens matemáticas aplicadas ao desgaseificador.

No lingotamento contínuo a absorção de carbono pode atingir até 10 ppm, por

isso o controle é feito dentro de uma margem de segurança estreita. Na prática,

é necessário evitar a absorção de carbono reduzindo o teor de carbono dos

refratários, eliminando o uso de isolantes contendo carbono e eliminando ou

reduzindo o teor de carbono do pó moldante [3].

O aço é constituído basicamente por ferro e elementos de liga . Na

produção e elaboração dos aços, os elementos químicos como silício,

manganês, enxofre e titânio são adicionados intencionalmente. Os átomos

Page 15: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

15

desses elementos dissolvem-se no cristal de forma substitucional, onde um

átomo de silício substitui um de ferro no cristal, ou de forma intersticial, como

exemplo, o átomo de carbono que aloja-se entre átomos de ferro, ou seja, nos

interstícios da rede cristalina. Assim, uma maneira de conseguir reduzir ainda

mais o nível dos solutos intersticiais é adicionar Ti e/ou Nb, pois átomos de

carbono que ainda encontram-se no interstício do cristal de ferro são removidos

ou capturados pela adição do titânio, que atua como elemento formador de

carbonetos. Desta maneira, tem-se a obtenção de um ferro quase puro. A

Figura 2.1 mostra um corte do diagrama de equilíbrio do sistema Fe-C, onde

observam-se as linhas de início de transformação de fase, Ar3, e de fim de

transformação de fase, Ar1, obtidas para uma composição de carbono de

aproximadamente 30 ppm (linha pontilhada).

Em geral, o aço IF é classificado em função do elemento químico

utilizado como formador de carboneto. Existem três tipos: aço IF com adição de

titânio (IF-Ti), aço IF com adição de nióbio (IF-Nb) e aço IF com adições de

nióbio e titânio (IF-Nb+Ti). Desses três, o aço IF-Ti é o mais sensível às

variações de composição e de processamento [4].

0,005 0,010 0,015 0,020 0,025

Carbono (%)

400

450

500

550

600

650

700

750

800

850

900

950

1000

1050

1100

Ar1

Ar3

(γ + α)

Ferrita

(fase-α)

Fe

Austenita

(fase-γ)

Te

mp

era

tura

(oC

)

Figura 2.1 – Corte do diagrama de equilíbrio do sistema Ferro-Carbono.

Page 16: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

16

2.2 Fundamentos Metalúrgicos da Deformação a Quente

No estudo da trabalhabilidade a quente de um metal ou liga metálica

deve-se considerar os aspectos relativos à resistência mecânica e também as

mudanças microestruturais que ocorrem em função da temperatura,

deformação, taxa de deformação e intervalo entre passes [5]. Estas variações

são particularmente importantes na conformação mecânica a quente, uma vez

que a microestrutura obtida é a resposta intrínseca das propriedades dos

materiais. Uma maneira de análise extrínseca do comportamento do material

pode ser feita por ensaios de torção a quente, em escala de laboratório, gerada

por uma seqüência de deformações programadas através da observação dos

fenômenos metalúrgicos existentes.

Os fenômenos metalúrgicos de recuperação e de recristalização são

processos através dos quais um metal encruado pode ter a sua microestrutura

restaurada, e assim, as suas propriedades mecânicas são restauradas, parcial

ou totalmente, até um estágio semelhante ao apresentado antes do

encruamento. Quando o amaciamento ocorre durante a deformação, os

processos de restauração são chamados dinâmicos. Quando o amaciamento

do material ocorre após a deformação ou nos intervalos entre deformações, os

processos de restauração são chamados estáticos. Curvas de escoamento

plástico, ou seja, curvas tensão equivalente em função da deformação

equivalente, podem descrever os fenômenos metalúrgicos de amaciamento

dinâmico e estático que atuam interagindo com o encruamento e também,

quando existir, com a precipitação. Portanto, de forma global, todos esses

dados devem ser compilados [6 e 7] e interpretados para obter-se o controle da

conformação mecânica a quente.

Os fenômenos metalúrgicos que ocorrem em uma seqüência de

deformações serão abordados nos tópicos de Encruamento, Recuperação

Dinâmica e Recristalização Dinâmica, Recuperação Estática e Recristalização

Estática e Recristalização Metadinâmica. Também será analisado o fenômeno

de precipitação que ocorre no material em seqüência de deformações, ou seja

a precipitação induzida por deformação. O controle do proc essamento

Page 17: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

17

termomecânico dos aços será interpretado através da análise conjunta dos

fenômenos metalúrgicos e de processamento a quente.

2.2.1 Encruamento

O encruamento é um dos mecanismos que contribui para o aumento da

resistência mecânica dos materiais durante a deformação plástica. Sob o ponto

de vista subestrutural, o encruamento é caracterizado pelo aumento da

densidade de discordâncias e pelo tipo de arranjo no qual estes defeitos se

apresentam. Durante a deformação plástica, podem estar presentes na rede

cristalina, basicamente, duas classes de discordâncias: as móveis, através das

quais tem -se mudanças de forma ou acomodações nos cristais, e as imóveis,

que acumulam -se interagindo entre si de forma aleatória, aprisionando-se e

formando subestruturas emaranhadas, células ou subgrãos [8 e 9].

2.2.2 Recuperação Dinâmica

Quando um material é deformado a quente ocorre a geração de defeitos

cristalinos como discordâncias, lacunas e maclas. O aumento da resistência do

material devido ao aumento da densidade das discordâncias é representado

por seu encruamento. A Figura 2.2 é típica de um material que somente se

recupera dinamicamente. Durante o encruamento as discordâncias tornam-se

emaranhadas. A operação de mecanismos termicamente ativados como a

escalagem e o deslizamento cruzado fazem com que as discordâncias se

rearrangem formando uma estrutura celular. A recuperação dinâmica envolve o

rearranjo de discordâncias, que pode alcançar o equilíbrio dinâmico entre as

taxas de geração e de aniquilação de discordâncias, com a formação de

células e subgrãos. Este comportamento é típico de metais com alta energia de

falha de empilhamento [10 e 11].

Page 18: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

18

Ten

são

Equ

ival

ente

Deformação Equivalente

Figura 2.2 - Representação esquemática da curva tensão versus deformação

de um material que se recupera dinamicamente.

Quando o equilíbrio dinâmico entre as taxas de geração e de aniquilação

é alcançado, chega-se ao estado estacionário, que é caracterizado por manter

a tensão constante. No estado estacionário tem-se o rearranjo contínuo dos

contornos de subgrãos com a aniquilação de subcontornos antigos e formação

de novos, fazendo com que o tamanho médio dos subgrãos não varie com a

deformação, sendo dependente da temperatura e da taxa de deformação [11].

2.2.3 Recristalização Dinâmica

Os materiais que recristalizam -se dinamicamente tendem a formar

arranjos planares de discordâncias com baixa mobilidade, sendo a taxa de

aniquilação individual das discordâncias insuficiente para equilibrar a taxa de

geração. A recristalização dinâmica ocorre em altas temperaturas e tem sido

observada em materiais com baixa ou moderada energia de falha de

empilhamento [12]. A curva tensão versus deformação, característica de um

material que se recristaliza dinamicamente, apresenta um pico de tensão, a

qual, com o aumento da deformação, diminui para um valor intermediário entre

a de início de escoamento plástico e a de pico, como mostra a Figura 2.3.

Page 19: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

19

Ten

são

Equ

ival

ente

Deformação equivalente

Figura 2.3 - Representação esquemática da curva de escoamento plástico de

materiais que se recristalizam dinamicamente.

No estágio inicial de deformação, onde a tensão aumenta com a

deformação, a subestrutura desenvolvida é pouco recuperada. As células

possuem paredes bastante emaranhadas e são relativamente pequenas. Com

o encruamento os grãos equiaxiais vão se alongando, a tensão passa por um

máximo e antes de alcançar este pico aparecem os primeiros núcleos nos

contornos de baixo e alto ângulos. Quando a tensão alcança o estado

estacionário, os grãos recristalizados são equiaxiais com tamanhos muito

menores que os iniciais [13].

O endurecimento promovido pelo aumento da densidade de

discordâncias, que indica o aumento da tensão com a deformação imposta,

pode ser analisado através de curvas da taxa de encruamento (θ) em funç ão

da tensão aplicada, derivando-se a curva tensão versus deformação, ou seja :

θσε

= dd

(1)

Estudos realizados em monocristais CFC mostraram que em baixas

temperaturas a taxa de encruamento pode ser divida em três estágios. O

estágio I é uma região de encruamento com baixa linearidade, que

corresponde à ativação de um único sistema de deslizamento. No estágio II

aparece um encruamento linear, associado à ativação de múltiplos sistemas de

escorregamento. A seguir, a taxa de encruamento diminui de forma

Page 20: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

20

aproximadamente parabólica devido a superposição dos dois fenômenos que

caracterizam a recuperação dinâmica, isto é, acúmulo e rearranjos de

discordâncias, que corresponde ao estágio III. Em materiais CFC

policristalinos, o encruamento começa no estágio II , ou seja, não existe o

estágio I, e freqüentemente é seguido pelo estágio III. Quando se produzem

grandes deformações, um regime secundário de endurecimento (estágio IV) e

um regime de recuperação (estágio V) podem ser observados [14 -16].

Em altas temperaturas o encruamento em monocristais ou policristais

puros geralmente inicia no estágio III, onde tem-se a ocorrência da

recuperação dinâmica (Figura 2.4a). O estágio II é menos pronunciado com o

aumento da temperatura e pode estar inteiramente ausente. A taxa de

encruamento diminui com a tensão até atingir a deformação crítica para o início

da recristalização dinâmica. Neste ponto, a curva da taxa de encruamento

muda de inclinação até que a derivada seja igual a zero, que corresponde à

tensão de pico (σp ), mostrando a ocorrência da recristalização dinâmica. A

curva da taxa de encruamento pode ser extrapolada para uma tensão de

saturação hipotética (σ*ss), cuja taxa de encruamento é igual a zero, devido

apenas à ocorrência de recuperação dinâmica (estágio V), Figura 2.4a. Assim,

a tensão de saturação ,σ*ss, fornece uma medida do amaciamento adicional

que aconteceria depois do pico de tensão, σp, se o material não se recristaliza-

se dinamicamente [17 e 18].

Resultados obtidos por vários autores [18 e 19] mostram que, na região

de recuperação dinâmica a curva consiste de dois segmentos lineares distintos,

como pode ser observado na Figura 2.4b. No primeiro, com uma grande

inclinação, θ diminui linearmente com a tensão, sobre uma faixa significativa de

tensão na curva tensão versus deformação, onde se inicia a formação de

subgrãos. Na segunda parte, a curva θ x σ muda de inclinação gradualmente,

até atingir um segmento com inclinação menor. Finalmente, a curva se inclina

na direção de θ = 0 (em σp) cuja inflexão, chamada σc, indica que a

recristalização dinâmica teve início e se torna operante. Quando se extrapola o

segundo segmento linear, através de uma linha reta, até θ = 0, pode-se

Page 21: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

21

determinar o valor da tensão de saturação, quando somente a recuperação

dinâmica está ocorrendo (σSS* ).

Figura 2.4a - Representação esquemática dos estágios de encruamento em

altas temperaturas em um diagrama taxa de encruamento versus tensão

aplicada [17].

Figura 2.4b - Representação do comportamento da curva θ x σ, de uma curva

obtida a 882oC e 1 s-1, para o aço inoxidável austenítico tipo 304. As linhas que

partem da origem identificam os pontos de início de formação de subgrãos (3)

(ε≈0.1), seu término (2) e o início da recristalização dinâmica (1) (σc). A linha

Page 22: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

22

que parte do cruzamento da curva θxσ com a linha 2 e atinge o eixo das

tensões em θ=0, representa a extrapolação da curva θxσ, quando somente

ocorre recuperação dinâmica [19].

A recristalização dinâmica inicia quando a deformação atinge um valor

crítico (εc), que é menor que a da deformação de pico (εp). Sendo que esta

diferença pode ser associada ao fato de que os primeiros núcleos restauram

apenas localmente, enquanto o material como um todo continua a encruar. A

expressão abaixo mostra esta relação, onde k é uma constante que depende

do material, ou seja [20 e 21]:

ε εc p≅ k (2.1)

Os efeitos da temperatura e da taxa de deformação são descritos

simultaneamente utilizando o parâmetro de Zener-Hollomon (Z) [22]:

=

RT

QexpZ ε& (2.2)

onde Q é a energia de ativação aparente para a deformação a quente e R é a

constante universal dos gases. Os valores da deformação de pico são

encontrados como dependentes de Z. A deformação de pico está relacionada

ao tamanho de grão inicial e Z pela seguinte expressão [5]:

Pno ZdA =

Pε (2.3)

sendo que A, n e p são constantes dependentes do material e d0 é o tamanho

de grão inicial.

2.2.4 Equação Constitutiva

Nos processos industriais, a temperatura e a taxa de deformação variam

durante a etapa de deformação, o que por sua vez se reflete no

comportamento do material. McQueen e Jonas [11] têm apresentado

evidências que indicam que os mecanismos que operam durante o trabalho a

Page 23: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

23

quente são uma extensão dos que operam em condições de fluência. Assim,

em trabalho a quente a tensão aplicada está relacionada com a temperatura e

taxa de deformação pela equação 2.4 [20, 23 e 24]:

nP

.)) ((senh A (Q/RT) expå Z σα== (2.4)

sendo A, n e α são constantes do material e independentes da temperatura. R

é a constante universal dos gases (8,32 J/mol K), Q a energia de ativação

aparente para a deformação a quente e T a temperatura absoluta durante a

deformação.

2.2.5 Recuperação Estática

A recuperaç ão estática, após deformação a quente, inicia-se

imediatamente após a interrupção da deformação sem a necessidade de um

tempo de incubação, uma vez que a aniquilação de discordâncias dá-se

individualmente. Parte da energia que foi armazenada durante a deformação

plástica é liberada pela aniquilação e rearranjo de discordâncias, sendo que em

altas temperaturas a força motriz para este rearranjo é a diminuição da energia

armazenada, causada pela poligonização. Este processo induz a formação de

estruturas de células e de subgrãos.

A taxa de recuperação depende das características do material, tais

como, a proporção de elementos de liga, a energia de falha de empilhamento e

os parâmetros de processamento como a quantidade de deformação, taxa de

deformação e a temperatura imposta. Temperaturas menores e taxas de

deformações maiores implicam em maior quantidade de energia armazenada,

e consequentemente maior força motriz para a recuperação [25 e 26].

2.2.6 Recristalização Estática

Após o término da deformação tem-se a recuperação estática que

restaura o material até uma certa proporção, sendo que o seu amaciamento ou

restauração total só ocorre através da recristalização estática. Esse fenômeno

Page 24: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

24

elimina as discordâncias de forma coletiva, com a nucleação e crescimento de

novos grãos isentos de deformação. Uma vez que a recristalização inicia-se

pela nucleação de novos grãos, é necessário um tempo de incubação e uma

quantidade de energia armazenada maior que um certo valor crítico, que é

característico de cada material. Algumas características da recristalização

estática podem ser descritas da seguinte maneira [26]:

a) existe a necessidade de um quantidade mínima de deformação (deformação

crítica) antes que a recristalização estática possa ocorrer;

b) em altas temperaturas é necessária uma menor quantidade de deformação

para que a recristalização estática ocorra;

c) o tamanho de grão final está intimamente relacionado à quantidade de

deformação, à temperatura de recozimento e com o tamanho de grão original.

2.2.6.1 Nucleação

A nucleação de novos grãos acontece preferencialmente onde a

deformação local é maior, ou seja, nos contornos de alto e baixo ângulo,

bandas de deformação e inclusões. O processo de nucleação é ativado

termicamente e necessita de um tempo de inc ubação antes que os núcleos

venham a ser detectados. Foram propostos três diferentes mecanismos de

nucleação para recristalização estática [27 e 28].

a) crescimento de subgrãos:

- Os núcleos são formados por um processo de crescimento das células

ou subgrã os. Em uma área de grande deformação, as discordâncias se

rearranjam por poligonização em estruturas celulares. Com o crescimento das

células, mais discordâncias são acumuladas nas paredes e, eventualmente,

são formados contornos de alto ângulo.

b) coalesc imento de subgrãos:

- Este processo foi observado com o auxílio de microscopia eletrônica de

transmissão. Um núcleo é formado pela rotação de um subgrão, de tal forma

que o seu mau ajustamento com os grãos vizinhos diminui, e desaparecem os

Page 25: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

25

contornos comuns entre eles. Isto é acompanhado pela criação de contornos

de alto ângulo.

c) migração de contornos de grão induzida por deformação:

- O contorno entre dois grãos, marcado por diferentes tamanhos de

subgrãos, se encurva e caminha do grão com subestrutura crescida para as

subestruturas mais finas, criando uma região livre de deformação.

2.2.6.2 Crescimento

A partir do momento que o contorno de alto ângulo é formado, ele é

capaz de se mover para dentro do material deformado. A taxa de migração de

tais contornos é sensível à presença de impurezas, à estrutura dos grãos para

a qual estão migrando, à relação de orientação entre o grão em crescimento e

a matriz deformada. O efeito das impurezas é baseado no fato que impurezas

dissolvidas retardam o movimento de contornos de grão pela atração entre os

átomos de impureza e os contornos de grão. O movimento dos contornos de

grão deve arrastar as impurezas com os contornos ou separa-los delas se a

concentração destas é pequena o suficiente ou a força motriz ou a temperatura

são altas o suficiente [26 – 28].

2.2.7 Cinética de Recristalização Estática

Devido a sua importância nos processos industriais, a cinética de

recristalização estática dos aços após a deformação a quente tem sido

estudada extensivamente [29 – 33], por diferentes métodos [34 e 35]. Medindo-

se a fração de material recristalizado em função do tempo após a deformação,

através de métodos metalográficos quantitativos, pode-se determinar a

evolução do processo de recristalização. Determinando-se o parâmetro de

amaciamento em função do tempo de espera entre deformações, através de

ensaios mecânicos, pode-se também, determinar a cinética de recristalização

estática após a deformação a quente.

Page 26: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

26

2.2.8 Recristalização Metadinâmica

Após o início da recristalização dinâmica durante a deformação, os

núcleos dinamicamente recristalizados continuam a crescer depois que a

deformação é interrompida. Este mecanismo foi chamado por Petkovic [34] e

outros como sendo recristalização metadinâmica. Depois da recristalizaç ão

dinâmica ter iniciado, passam a agir três processos distintos que têm sido

identificados como sendo a recuperação estática, a recristalização

metadinâmica e a recristalização estática. Enquanto os núcleos da

recristalização dinâmica estão crescendo por recristalização metadinâmica, o

restante do material sofre recristalização e recuperação estática. Ao contrário

da recristalização estática, a recristalização metadinâmica não necessita de um

tempo de incubação, isto se deve ao fato de que ela faz uso dos núcleos

formados pela recristalização dinâmica. Consequentemente, as microestruturas

dos grãos recristalizados dinamicamente estão sujeitos a uma rápida mudança

depois do descarregamento e isto resulta em um crescimento do tamanho de

grão [10 e 29].

2.3 Precipitação

A recristalização pode ser retardada por precipitados através do

ancoramento de contornos de grão e de subgrãos e também da subestrutura

de discordâncias [36]. Para que os contornos de grãos sejam ancorados, a

distribuição dos precipitados deve satisfazer dois critérios:

1°) o tamanho de partícula e espaçamento entre elas devem ser menores que

os valores críticos apropriados.

2°) uma fração volumétrica mínima de precipitados é necessária para manter o

espaçamento abaixo do valor crítico.

Na prática, isto significa que uma fina dispersão de precipitados retarda

a recristalização por ancoramento dos contornos de subgrãos e discordâncias

e por restrição ao crescimento de grão. Os precipitados encontrados na

Page 27: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

27

austenita podem ser separados em três tipos: aqueles que não são dissolvidos

durante o reaquecimento; precipitados formados dinamicamente durante a

deformação; e precipitados induzidos por deformação, formados após a

deformação. Precipitados não dissolvidos têm pouco efeito na recristalização.

Entretanto, tanto os precipitados formados dinamicamente quanto aqueles

induzidos por deformação podem ser responsáveis pelo retardamento da

recristalização [37 – 40].

A adição de Ti em aços ultra baixo carbono, aços IF-Ti, promove a

formação de vários tipos de precipitados como TiN, TiS, Ti4C2S2, MnS e TiC [41

e 42]. Um diagrama da estabilidade desses precipitados foi recentemente

estabelecido para aços IF com Ti (Figura 2.5). Os diferentes compostos podem

aparecer em diferentes etapas dos tratamentos termomecânicos. Suas

estabilidades estão ligadas a vários parâmetros, em particular à temperatura e

às quantidades de titânio, enxofre e carbono no aço [43 e 44]. O diagrama de

precipitação pode ser explicado da seguinte maneira [45]. Durante a fabricação

do aço líquido, (T > 1500 °C), titânio e nitrogênio, que têm forte afinidade

química, formam um composto estável: o nitreto de titânio. O TiN não será

decomposto durante subseqüentes tratamentos do aço. Os aços que contêm

baixo teor de carbono e pequenas quantidades de titânio em excesso após a

precipitação do TiN formam sulfeto de titânio (Ti1 -xS) no reaquecimento da

placa em temperaturas superiores a 1200°C, qualquer que seja o teor de

enxofre. Esses compostos de enxofres presentes têm baixa estabilidade e são

transformados durante a laminação a quente ( 1200 °C > T > 900°C ) e

bobinamento ( 700 °C > T > 600°C ), levando a formação de Ti4C2S2 . Este

composto aprisiona o carbono e limita a precipitação fina de TiC que pode

ocorrer durante o bobinamento do aço [46 e 47].

Existem várias formas para se calcular o produto de solubilidade dos

compostos formados durante o processamento do aço IF com Ti. Os resultados

dos estudos são mostrados na Tabela 2.1 [48 – 52]. A diferença desses

produtos dependem de considerações que foram feitas e podem ser atribuídas,

principalmente, a variedade de métodos usados para obter os dados de

solubilidade, porque as técnicas em geral possuem limitações. Além disto, os

Page 28: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

28

cálculos termodinâmicos para o produto de solubilidade freqüentemente

negligenciam qualquer interação entre elementos. Como resultado são aceitos

coeficientes de atividade com valor unitário e a atividade representada pela

porcentagem em peso.

Figura 2.5 - Esquema ilustrando a estabilidade e a temperatura de precipitação

do titânio em aços IF-Ti [45].

Tabela 2.1 - Produtos de solubilidade.

Precipitados Produto de Solubilidade

TiN log KtiN = log (%Ti) (%N) = - 15020 / T + 3,82 [48]

TiS Log KtiS = log (%Ti) (%S) = - 13975 / T + 5,43 [49]

Ti4C2S2 Log K Ti4C2S2 = log (%Ti) (%C)0,5 (%S)0,5= - 17045 / T + 7,90 [49]

MnS log KMnS = log (%Mn) (%S) = - 11625 / T + 5,02 [50]

TiC log KTiC = log (%Ti) (%C) = - 9575 / T + 4,40 [51]

NbC log KNbC = log (%Nb) (%C) = - 7290 / T + 3,04 [52]

Page 29: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

29

2.4 Análise da Curva Tensão Versus Deformação

No trabalho a quente de ligas metálicas, o aumento da densidade de

discordâncias é continuamente reduzido por processos de amaciamento tais

como a recuperação e a recristalização dinâmicas [53 e 54]. Se a recuperação

dinâmica for o únic o mecanismo de restauração, a tensão aumenta

progressivamente até um estado estacionário, σs , que é determinado pelo

balanço do encruamento e efeitos de restauração. A recuperação dinâmica

progride mais lentamente em materiais com baixa ou moderada energia de

falha de empilhamento, assim, a densidade de discordâncias atinge um valor

suficientemente alto para que a recristalização dinâmica seja iniciada, fazendo

com que a curva possua uma forma característica. A reação é iniciada depois

de alcançar uma deformação crítica, εc, depois da qual a taxa de encruamento

diminui marcadamente e, eventualmente, o amolecimento faz com que a curva

tensão versus deformação exiba um pico de tensão. Com a continuação da

deformação a taxa de amaciamento atinge um máximo, com a queda da tensão

até o início de um regime de estado estacionário, como resultado da resistência

reduzida dos novos grãos [55].

2.4.1 Interrelação entre Encruamento, Recuperação e Recristalização

A interrelação entre os três mecanismos que atuam durante a

deformação a quente pode ser observado na Figura 2.6 [34], na qual a

quantidade de encruamento e amaciamento atribuído a cada um dos processos

está esquematizado. A linha tracejada no lado esquerdo do diagrama indica um

encruamento linear, e ausência de qualquer mecanismo de amolecimento

dinâmico. Os processos dinâmicos reduzem a tensão a partir do encruamento

linear até os valores apresentados pela linha cheia. Em metais com alta

energia de falha de empilhamento a operação de mecanismos de recuperação

dinâmica reduz a tensão até o nível representado pela linha pontilhada, que é a

curva tensão versus deformação apresentada pelos materiais que somente

apresentam recuperação dinâmica. Em metais com energia de falha de

empilhamento moderada ou baixa, a recristalização dinâmica produz um

Page 30: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

30

amolecimento adicional durante a deformação, abaixando a tensão ao nível da

linha cheia, que é a curva tensão versus deformação final apresentada pelos

materiais que recristalizam dinamicamente [16 e 56], também representada na

Figura 2.3.

ε

σ

Recuperação Dinâmica

Recristalização Dinâmica

Encruamento Linear

εc

Figura 2.6 - Representação esquemática da contribuição relativa dos dois

processos dinâmicos de amolecimento, associados ao trabalho a quente. Os

processos dinâmicos reduzem o valor da tensão a partir do valor de

encruamento linear, para os valores da curva tensão x deformação [16 e 19].

2.4.2 Amaciamento no Intervalo Entre Passes

Usualmente, os processos de conformação mecânica a quente são

realizados em seqüências de passes, de forma que, juntamente com os

processos de endurecimento e amaciamento que ocorrem durante a

deformação tem -se o amaciamento após a deformação, no intervalo entre

passes. A extensão do amaciamento entre passes depende do material, da

temperatura e das condições e estágio em que a deformação foi interrompida.

Na Figura 2.7 tem-se uma representação esquemática da influência do estágio

Page 31: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

31

de interrupção da deformação nos processos de amaciamento que ocorrem

nos intervalos entre passes.

Para deformações menores que a deformação crítica para a

recristalização estática, o único processo possível de restauração é a

recuperação estática. Com deformações maiores, mas abaixo da deformação

de pico, tem -se recuperação estática seguida de recristalização estática. Para

deformações maiores que a do pico, porém menores que a deformação de

inicio de estado estacionário, existe um período em que ocorrem a recuperação

estática e a recristalização metadinâmica, seguida por recristalização estática.

No estado estacionário a recristalização estática é evitada inteiramente,

ocorrendo apenas a recuperação estática e a recristalização metadinâmica [57

e 58].

Figura 2.7 - Representação da relação entre os três mecanismos de

amaciamento estáticos com a deformação de um material que recristaliza

dinamicamente [58].

Page 32: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

32

2.5 Etapas Metalúrgicas Em Processos de Conformação Mecânica

Durante a laminação a quente, inicialmente os aços são reaquecidos até

temperaturas elevadas, para serem austenitizados, em seguida submetidos a

seqüências de deformações, que envolvem as etapas de desbaste e de

acabamento, e posteriormente resfriados até a temperatura ambiente. Assim, a

laminação convencional a quente de aços pode ser separada em quatro

estágios: reaquecimento, desbaste, acabamento e resfriamento, como

mostrado na Figura 2.8.

Figura 2.8 - Representação esquemática da laminação a quente.

2.5.1 Reaquecimento

A etapa de reaquecimento consiste em elevar a temperatura dos lingotes

(usualmente, o peso médio dos lingotes varia de 2 a 10 toneladas) até que todo

o material esteja uniformemente aquecido e suficientemente amaciado, para

minimizar a sua resistência e assim o esforço que o laminador deve fazer para

deformá-lo. Esta temperatura é em torno de 1250 a 1300°C. O reaquecimento

pode ser feito por diferentes tipos de fornos, mas é importante que o

aquecimento seja uniforme para evitar fusão superficial, trincas e tensões

Page 33: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

33

internas causadas por diferenças muito grande de temperatura entre o núcleo e

a superfície da peça.

No reaquecimento tem -se a austenitização da matriz, dissolução de

precipitados e o crescimento de grãos, sendo estes fatores dependentes do

tempo. Embora, usualmente a microestrutura resultante do reaquecimento seja

grosseira, é interessante que esta seja constituída de grãos equiaxiais e

uniformes, evitando a ocorrência da recristalização secundária, como ocorre

quando partículas precipitadas ancoram parcialmente os contornos de grãos.

2.5.2 Desbaste

A principal função do laminador de desbaste ou primário é de alterar a

forma do lingote, reduzindo a sua seção, e alongando-o na direção paralela ao

eixo longitudinal. No desbaste são usados laminadores duo-reversíveis, onde

são aplicadas no material de 10 a 20 deformações consecutivas. As

deformações iniciais devem ser pequenas, pois os lingotes, que têm estrutura

bruta de fusão, têm baixa ductilidade. Com a evolução do processamento são

aplicadas deformações maiores por passes, obtendo no final do desbaste

tarugos com seções quadradas de 125 x 125 mm até 450 x 450 mm ou placas

com espessura de 75 a 300 mm e largura de 400 a 1600 mm. Normalmente

esta etapa é realizada com a temperatura decaindo de 1250 a 1000°C e

tempos de espera entre passes relativamente grandes, da ordem de 5 a 20

segundos.

Do ponto de vista metalúrgico o desbaste tem o objetivo, inicialmente, de

transformar o estrutura bruta de fusão, compostas de grãos colunares e

equiaxias grosseiros, em grãos equiaxiais de menor granulação, e

posteriormente promover o refino da estrutura trabalhada, com a combinaç ão

de deformações seguidas de recristalizações, nos intervalos entre passes.

Uma forma de se entender o que ocorre durante uma seqüência de

passes, como acontece na laminação a quente, é separar uma seqüência de

passes em um conjunto de unidades de processamento termomecânicos, onde

Page 34: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

34

cada uma dessas unidades é constituída da deformação imposta no passe em

questão mais o tempo de espera até o início do passe seguinte. Durante a

etapa de deformação o material é encruado, podendo amaciar dinamicamente

até certa extensão, dependendo das condições de deformação. No intervalo

entre passes os grãos encruados podem amaciar estaticamente e crescerem,

gerando a microestrutura inicial para o passe seguinte.

Durante a etapa de desbaste, a temperatura de operação é alta e os

tempos de espera entre passes relativamente grandes. Nestas condições, o

material que é encruado durante a deformação, recristaliza-se completamente

no intervalo entre passes, e os grãos recristalizados podem crescer,

dependendo das condições de trabalho. Assim, pode-se entender uma

seqüência de passes durante a etapa de desbaste como um conjunto

composto de deformação → recristalização → crescimento de grãos, que se

repete a cada unidade de processamento termomecânico [6 e 59].

2.5.3 Acabamento

A função da laminação de acabamento é dar ao material a forma final e

as propriedades desejadas. Por resultar em produtos com diferentes

propriedades e formas, esta etapa do processo de conformação a quente é de

difícil padronização, e envolve conhecimentos da engenharia de processo e de

metalurgia física para se determinar as melhores condições de operação.

Dependendo do aço que está sendo processado, das propriedades e formas

finais almejadas, esta etapa da laminação é realizada em diferentes condições

de deformação. Na laminação de tiras a quente o material é deformado

consecutivamente por um conjunto de gaiolas de laminação, alinhadas uma em

frente a outra, separadas por distâncias de alguns metros. Normalmente a

velocidade de operação é alta, da ordem de alguns quilômetros por hora,

gerando taxas de deformação relativamente altas e baixos tempos de espera

entre passes. As Tabelas 2.2, 2.3 e 2.4 apresentam-se valores típicos da

quantidade de deformação por passe e tempos de espera entre passes, taxa

Page 35: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

35

de deformação e temperatura na laminação de tiras a quente de aços em

condições industriais [60].

Tabela 2.2 - Dados da laminação de tiras a quente em condições industriais

para um aço C-Mn [60].

Passe

Temperatura

(ºC)

Deformação

Tempo de espera

entre passes

(s)

Taxa de

deformação

(s-1)

F1 1043 0,95 8,6 4,5

F2 1000 0,83 4,45 12

F3 983 0,66 2,51 26,6

F4 957 0,54 1,56 49,5

F5 930 0,41 1,01 79,7

F6 903 0,35 0,72 122,6

F7 877 0,19 - 128,5

Tabela 2.3 - Dados da laminação de tiras a quente em condições industriais

para um aço C-Mn [60].

Passe

Temperatura

(ºC)

Deformação

Tempo de espera

entre passes

(s)

Taxa de

deformação

(s-1)

F1 1015 0,65 4,7 8,12

F2 996 0,66 2,64 18,91

F3 971 0,59 1,55 38,64

F4 933 0,47 1,02 67,35

F5 923 0,35 0,74 99,33

F6 916 0,31 0,56 136,95

F7 910 0,26 - 178,53

Page 36: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

36

Tabela 2.4 - Dados da laminação de tiras a quente em condições industriais

para um aço C-Mn [60].

Passe

Temperatura

(ºC)

Deformação

Tempo de espera

entre passes

(s)

Taxa de

deformação

(s-1)

F1 1003 0,60 3,27 11,83

F2 975 0,47 2,25 19,04

F3 959 0,43 1,62 30,06

F4 941 0,34 1,24 41,29

F5 926 0,33 0,93 61,08

F6 909 0,28 0,73 82,36

F7 895 0,19 - 88,74

2.5.4 Resfriamento

O estágio de resfriamento é uma parte natural dos processos de

conformação a quente. Nesta etapa ocorre a decomposição da austenita, cujos

produtos de decomposição dependem das condições de resfriamento, além

das características de cada aço. No caso da laminação de tiras a quente, nesta

etapa do processamento se dá o embobinamento das tiras.

.

Page 37: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

37

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Material

Para a realização deste trabalho utilizou-se um aço IF-Ti fornecido pela

COSIPA, cuja composição química está indicada na Tabela 3.1. O material

encontrava-se inicialmente na forma de placas com dimensões de 200 x 200 x

200 mm. Para um melhor aproveitamento do material, as placas foram cortadas

e laminadas a quente até atingirem a forma de barras com diâmetro de 15 mm.

Nesse processo de deformação foi utilizado um laminador de laboratório marca

FENN, modelo 55DC2-02AS, com cilindros de perfís. A deformação foi

realizada na faixa de temperaturas de 1200°C a 1000°C e as barras foram

resfriadas ao ar até a temperatura ambiente após a laminação.

3.1.2 Preparação do Material

As barras de aço foram us inadas para a confecção dos corpos de prova.

Para os ensaios dilatométricos utilizaram -se corpos de prova cilíndricos com 2

mm de diâmetro e 12 mm de comprimento. A geometria dos corpos de prova

utilizados nos ensaios de torção a quente está mostrada na Figura 3.1. As

dimensões dos corpos de prova, tais como comprimento e diâmetro úteis,

foram otimizados para que se obtivesse uma alta razão comprimento/raio. Na

realização dos ensaios, uma das extremidades dos corpos de prova é presa à

máquina por roscas, enquanto a outra é encaixada na garra.

Tabela 3.1 - Composição química do material (% em peso).

C Mn Si Al S P Ti N

0,003 0,132 0,011 0,003 0,007 0,01 0,065 0,006

Page 38: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

38

Figura 3.1 - Geometria dos corpos de prova utilizados nos ensaios de torção a

quente. Dimensões em mm, com exceção da rosca.

3.2 Ensaios dilatométricos

Foram realizados ensaios de dilatometria em amostras do aço IF

utilizando-se um dilatômetro Adamel Chomargy, Model DT1000, do laboratório

de pesquisa de transformaç ão de fase da EESC-USP. O equipamento é

conectado a um microcomputador, que através de um “software” permite o

controle de todo o processo e fornece os resultados na forma de tabelas e

gráficos. Os corpos de provas eram aquecidos com uma taxa de 2 °C/s até

1150°C, permanecendo nesta temperatura por 10 minutos e, em seguida,

submetidos ao resfriamento com taxas de 20, 10, 5, 2, e 0,5 °C/s. A Figura 3.2a

mostra uma representação típica do ciclo térmico utilizado nos ensaios. Já a

Figura 3.2b mostra um exemplo esquemático do resultado fornecido pelo

equipamento de dilatometria. A determinação dos valores de início e fim de

transformação foi realizada derivando-se a curva experimental, ou seja,

fazendo d(dL/dLo)/dT em função de T, que é realizado diretamente no

equipamento.

Em todos os corpos de prova ensaiados por dilatometria foram

realizadas medidas de dureza Vickers, utilizando-se um microdurômetro do tipo

Micromet 2105, digital, com carga de 25gf.

Page 39: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

39

Tem

pera

tura

(o C

)

20 oC/s 0,5

oC/s

2 oC/s

1150oC; 10 min

Tempo (s)

Figura 3.2a –Ciclo térmico típico utilizado nos ensaios de dilatometria.

0 2 4 6 8 10 120

2

4

6

8

10

12

14

16

Resfriamento

Aquecimento

dL/d

Lo x

10-3

Temperatura (oC) x10

2

Figura 3.2b – Resultado típico de um ensaio de dilatometria realizado em um

aço baixo carbono.

3.3 Ensaios de Torção a Quente

A conformação mecânica a quente de aços é realizada industrialmente

através de processos como a laminação, o forjamento e a trefilação. O estudo

do processamento a quente nas condições industriais é um procedimento

Page 40: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

40

oneroso e muitas vezes de difícil realização. Para contornar essa dificuldades,

ensaios de laboratório utilizando máquinas de torção a quente foram

desenvolvidas e têm sido aplicadas para analisar e interpretar o

comportamento mecânico de diversos materiais. De uma forma geral, o ensaio

de torção a quente permite caracterizar o comportamento mecânico e a

evolução microestrutural do material sobre a influência dos principais

parâmetros de processamento [61 – 64]: a temperatura (T), a deformação (ε), o

tempo entre passes (t), e a taxa de deformação (Ý), sendo impostos a estes

parâmetros valores análogos aos utilizadas em operações industriais. Além

disso, deve permitir a reprodução de seqüências de passes características de

processos industriais, e um resfriamento rápido da amostra em qualquer

estágio da deformação, a fim de que se possa acompanhar as mudanças

microestruturais que ocorrem em qualquer etapa de deformação.

3.3.1 Equipamento para a Realização de Ensaios de Torção a Quente

Os ensaios de torção a quente foram realizados utilizando-se uma

máquina horizontal de ensaios de torção a quente computadorizada, Figura

3.3a, onde os esforços mecânicos são aplicados às amostras por um

motovariador com velocidade variando de 25 a 1000 r.p.m., e medidos por uma

célula de carga com capacidade máxima de 1000 kgf x cm [65].

O eixo da máquina de torção é dividido em duas partes. Em uma delas,

lado esquerdo, está o eixo torçor, ao qual estão acoplados a embreagem e

freio eletromagnéticos e o dispositivo ótico utilizado para medidas do ângulo de

rotação e da velocidade imposta pela máquina ao corpo de prova. A outra parte

possui movimento de translação, que facilita a colocação e retirada dos corpos

de prova, e a ela está acoplada a célula de carga.

Os corpos de provas foram aquecidos e resfriados durante os ensaios

por um forno de radiação infravermelho, Figura 3.3b, desenvolvido no

laboratório de Tratamentos Termomecânicos do DEMa (Departamento de

Engenharia de Materiais - UFSCar), cuja potência máxima varia de acordo com

Page 41: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

41

a potência das lâmpadas utilizadas. Neste trabalho foram usadas quatro

lâmpadas halôgenas de 1500 W, resultando em uma potência máxima de 6

KW.

Para proteger os corpos de prova da oxidação foi adaptado um tubo de

quartzo, passando pelo eixo longitudinal do forno, por onde se faz circular um

fluxo contínuo de gás argônio. Nesse mesmo tubo pode-se injetar água

corrente, instantaneamente, em qualquer etapa do ensaio [66].

A programação e controle da temperatura, durante os ensaios, são

realizados por um controlador de temperatura marca Gefran, modelo 3500/s,

que permite a execução dos ensaios, mantendo-se a temperatura constante ou

impondo diferentes taxas de aquecimento e de resfriamento. Termopares de

Cromel-Alumel, tipo K, foram usados neste trabalho para medir a temperatura,

sendo que durante os ensaios, o termopar era mantido em contato com a parte

útil do corpo de prova.

O controle dos ensaios e aquisição de dados são realizados por um

microcomputador interfaceado à máquina de torção. Durante os ensaios,

controlam-se a quantidade de deformação, a taxa de deformação e o tempo de

espera entre passes. Uma vez realizados os ensaios, os dados são arquivados

e tratados. O tratamento dos dados é feito obtendo-se a tensão e a deformação

equivalentes, através das equações descritas abaixo [67].

( )σπ

e qM

Rm n= + +3

23

3. (3.1)

εθ

e qR

L=

3 . (3.2)

onde M é o torque aplicado, θ é o ângulo de rotação, R e L o raio e

comprimento úteis dos corpos de prova, respectivamente. Os coeficientes n e

m estão relacionados com a sensibilidade do material à taxa de deformação e

ao encruamento.

Page 42: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

42

(a)

(b)

Figura 3.3 - (a) Visão geral da máquina de ensaio de torção a quente e (b)

forno de radiação infravermelho.

3.4 Programação dos Ensaios de Torção a Quente

Foram realizadas quatro conjuntos de experimentos com deformações

programadas, utilizando-se a máquina de torção. Esses experimentos podem

ser separados em ensaios isotérmicos, ensaios isotérmicos interrompidos com

duas deformações, ensaios com múltiplas deformações e simulações de

seqüências de passes.

3.4.1 Ensaios Isotérmicos

Ensaios isotérmicos fornecem dados sobre o comportamento mecânico

do material; podem -se determinar os valores da tensão de pico e da

deformação crítica para o início da recristalização dinâmica, bem como a

energia de ativação aparente para a deformação a quente do aço. A Figura 3.4

mostra esquematicamente o ciclo térmico utilizado nos ensaios isotérmicos. Os

corpos de prova eram aquecidos até 1200°C e mantidos nesta temperatura por

10 minutos. A seguir os corpos de prova eram resfriados com uma taxa média

de 2 °C/s até a temperatura de ensaio e mantidos nesta temperatura por 1

Page 43: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

43

minuto para eliminação dos efeitos de gradientes térmicos antes do início da

deformação propriamente dita. As temperaturas de ensaio decrescem de

1150°C até 600°C em intervalos de 50°C. As taxas de deformação utilizadas

foram 0,3; 1,0; e 5,0 s-1, para cada uma das temperaturas impostas nos

ensaios.

2 oC/s

Tensaio

Tem

pera

tura

Tempo

10 min

Tencharque

ε

Figura 3.4 - Representação esquemática do ciclo térmico utilizado nos ensaios

de torção isotérmicos realizados.

Uma variante dos ensaios isotérmicos foi realizada para investigar os

mecanismos de restauração que atuam na região ferrítica durante deformação

a quente. Foram realiz ados seis ensaios isotérmicos na temperatura de 800°C,

com taxa de deformação de 1 s -1, e com deformações de 0,2; 0,4; 1,0; 2,0; 3,0

e 10,0; mantendo-se o ciclo térmico descrito na Figura 3.4. Imediatamente após

as deformações os corpos de prova foram temperados em água.

3.4.2 Ensaios Isotérmicos Interrompidos com Duas Deformações

Esta metodologia é largamente utilizada [68 e 69] para investigar os

fenômenos que ocorrem nos intervalos entre passes durante o processamento

metalúrgico. Neste trabalho, os ensaios foram interrompidos após uma primeira

Page 44: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

44

deformação (ε1) menor que a deformação crítica para o início da recristalização

dinâmica. A amostra era mantida na mesma temperatura por diferentes

intervalos de tempo e em seguida aplicava-se uma segunda deformação (ε2) de

valor igual a primeira. Na realização desses experimentos, as amostras eram

aquecidas até a temperatura de 1200°C, mantidos por 10 minutos, sendo em

seguida resfriadas com uma taxa de resfriamento de 2 °C/s até a temperatura

de ensaio, que era mantida constante. A Figura 3.5 mostra o esquema dos

ensaios isotérmicos interrompidos com duas deformações.

diferentesintervalosde tempo

ε2

2 oC/s

Tensaio

Tem

pera

tura

Tempo

10 min

Tencharque

ε1

Figura 3.5 - Representação esquemática do ciclo termomecânico usado nos

ensaios com duas deformações.

3.4.2.1 Determinação da Fração de Amaciamento Após a Deformação

Quente

Por meio de ensaios interrompidos com duas deformações pode-se

determinar a fração de amaciamento que ocorre entre deformações calculando-

se o parâmetro de amaciamento PA (%), que é expresso pela equação:

Page 45: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

45

100 x (%)PA o

r

D

D

σσ

σσ

−−

= , (3.3)

onde σD é a tensão na primeira interrupção do ensaio, e σ0 e σr são as tensões

de início de escoamento plástico, na primeira (pré-deformação) e na segunda

deformação (recarregamento), respectivamente, como indicado na Figura 3.6,

onde a tensão de recarregamento é determinada pelo método offset [68 - 70].

Como o método de deformações interrompidas é baseado no princípio de que

a tensão de escoamento plástico em a ltas temperaturas é uma medida sensível

às mudanças microestruturais, surge a oportunidade de se determinar o

amaciamento do material no intervalo entre deformações.

Te

nsã

o E

qu

iva

len

te

Deformação Equivalente

σr

σD

σo

Figura 3.6 –Curvas de escoamento plástico obtidas em ensaios isotérmicos

com duas deformações indicando os parâmetros utilizados para o cálculo do

amaciamento após a deformação a quente.

3.4.3 Ensaios com Múltiplas Deformações em Resfriamento

Ensaios com múltiplas deformações em resfriamento contínuo geram

dados que permitem a determinação das temperaturas críticas de

processamento, ou seja: Tnr, Ar3 e Ar1 . Com estes ensaios podem-se analisar

as variações dessas temperaturas e os fenômenos metalúrgicos que ocorrem

Page 46: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

46

no aço em função dos parâmetros de processamento. Nos ensaios de múltiplos

passes realizados neste trabalho foi usada uma metodologia semelhante a

desenvolvida por vários autores [71 – 73]. A Figura 3.7 representa

esquematicamente uma seqüência de deformações programada em

resfriamento contínuo. Os ensaios foram realizados com o aquecimento dos

corpos de prova até a temperatura de encharque de 1200°C, mantendo-se

nesta temperatura por 10 minutos, sendo em seguida submetidos a uma

deformação de 0,2; denominada de passe zero (D0), para produzir de forma

homogênea grãos austeníticos iniciais com granulação fina. Em seguida os

corpos de prova eram resfriados continuamente com taxa de 2 °C/s. Quando

atingia-se a temperatura de início de deformação para cada uma das

seqüências programadas, estes eram submetidos a deformações consecutivas

(ε1, ε2,..., εn). Normalmente cada seqüência de passes era constituída de 19

deformações consecutivas, com iguais tempos de espera entre cada um dos

passes, e deformações iguais de 0,3. Foram realizados cinco conjuntos de

seqüências de passes, sendo que cada um destes tipos de experimentos

tiveram tempos de espera entre passes de 38, 15, 7 , 3, 1 e 0,5 segundos.

εn

ε2

2 oC/s

Tensaio

Tem

pera

tura

Tempo

10 min

Tencharque

ε1

Figura 3.7 - Representação esquemática de uma seqüência de deformações

programada (ε1, ε2, ..., εn) em resfriamento, realizada com ensaios de torção a

quente.

Page 47: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

47

3.4.3.1 Cálculo da Tensão Média Equivalente (TME)

A partir dos dados obtidos em cada uma das seqüências de

deformações realizadas em resfriamento contínuo, calcula-se a tensão média

equivalente (TME) para cada uma das deformações impostas. A Figura 3.8

mostra uma curva tensão equivalente em função da deformação equivalente

típica de um passe realizado numa seqüência de deformações. A tensão média

equivalente (TME) é determinada calculando-se a área sobre a curva por

integração numérica e dividindo o valor obtido pela deformação imposta, como

indica a equação 3.4 [74]:

∫−

=b

aeqeq

ab

eqd

ε

εεσ

εεσ

1 (3.4)

onde (εb-εa) corresponde a deformação equivalente do passe.

Deformação Equivalente

εi+1

εi

εb

εa

Ten

são

Equ

ival

ente

σi+1

σi

σ

Figura 3.8 - Curva tensão deformação equivalentes típica de um passe de uma

seqüência de deformações.

Page 48: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

48

3.5 Simulações de Seqüências de Passes

O comportamento mecânico durante o processamento a quente de um

aço depende basicamente da temperatura, taxa de deformação, tempo de

espera entre passe e da quantidade de deformação imposta em cada passe. O

material, quando sob conformação a quente, é submetido a duas etapas de

processamento distintas: o desbaste, que reduz a seção do lingote e

transforma a estrutura bruta de fusão em grãos equiaxiais; e o acabamento,

onde pode-se determinar as melhores condições de operações, e assim, obter

a forma e as propriedades finais desejadas. Para analisar o comportamento do

aço IF em processamento a quente em condições próximas as do processo de

tiras a quente, foram realizadas sete diferentes seqüências de deformações

programadas, em resfriamento. O objetivo principal do estudo era analisar a

etapa de acabamento variando os valores das variáveis de processo. Como o

equipamento de torção a quente utilizado impõe um certo limite na velocidade

de deformação, devido à interação motor/embreagem/freio/corpo de prova, foi

usada uma taxa única de deformação igual a 1 s-1 para todas as seqüências de

deformações.

Os valores da ε , T, e t aplicados na etapa de acabamento em cada

seqüência foram pré estabelecidos e divididos em dois grupos. No primeiro, as

condições de processamento impostas por ε, T, t e Ý foram estabelecidas para

que ocorressem no material os fenômenos metalúrgicos de recristalização

estática, recristalização dinâmica e a recristalização metadinâmica. Também,

aplicou-se uma seqüência de deformações na região ferrítica. No segundo

grupo de ensaios, na etapa de acabamento, foram utilizados valores dos

parâmetros de deformação próximos aos utilizados no processamento

industrial, apresentados nas Tabelas 2.2, 2.3 e 2.4.

Na realização dos experimentos, inicialmente o material era aquecido

até a 1200ºC e mantido nesta temperatura por um tempo de 10 minutos. Logo

após, os corpos de prova eram resfriados até 1120ºC, sendo que durante o

Page 49: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

49

decréscimo de temperatura era aplicada uma seqüência de deformações

constituída de 5 passes, com deformação de 0,3 em cada passe e tempo de

espera entre passes de 10 segundos. Esta etapa é denominada de desbaste e

tem como função promover o refino e homogeneização do tamanho dos grãos

austeníticos. Terminada a etapa de desbaste, a temperatura continuava

decrescendo continuamente até atingir um certo valor de temperatura

preestabelecida (entre 1050ºC a 1000ºC), para o início da etapa de

acabamento. Os ensaios realizados nesta etapa foram feitos com cinco, seis ou

sete deformações, onde cada passe é indicado por F1, F2, F3, F4, F5, F6 e F7.

3.6 Observações Microestruturais

Para a análise da evolução microestrutural, os corpos de prova

foram resfriados bruscamente em água em diferentes etapas dos ensaios.

Foram realizadas têmperas em amostras submetidas a ensaios

isotérmicos, ensaios isotérmicos interrompidos com duas deformações e

nas simulações de seqüências de passes, onde também realizou-se

análise microestrutural em amostras resfriadas ao ar.

3.6.1 Equipamentos Utilizados nas Observações Microestruturais

Na análise via Microscopia Ótica (MO) foi utilizado um microscópio

marca OLYMPUS modelo BMX-60 com sistema de captura de imagens. Na

análise via Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) utilizou-se um

microscópio marca PHILIPS modelo XL30-FEG, equipado com EDS, marca

Link, modelo ISIS. Na análise via Microscopia Eletrônica de Transmissão

(MET) foi empregado um equipamento marca PHILIPS, modelo CM-120,

equipado com EDS marca EDAX, modelo DX4.

Page 50: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

50

3.6.2 Técnicas de Preparação de Amostras

Para observar as microestruturas das amostras nas regiões deformada e

não deformada, Figura 3.9, via MO e MEV foram utilizadas técnicas

convencionais. As amostras foram cortadas perpendicularmente ao

comprimento, embutidas, lixadas, polidas com alumina de granulometria de 1 a

0,5 µm e atacadas com uma solução aquosa saturada de ácido pícrico

(C6H3N3O7) com detergente da Kodak, “photo-flo 200 solution”, atuando como

agente molhante (10 gotas para 200 ml de solução). As amostras foram

imersas no reativo aquecido (aproximadamente a 80°C) por 60 a 120

segundos, seguindo-se de polimento brando (alumina 0,3 µm) para melhorar a

observação dos contornos de grãos. O processo de ataque, comentado acima,

foi repetido diversas vezes, até que o resultado fosse satisfatório. Um outro tipo

de ataque usado especificamente para a região ferrítica foi o Marshall’s [75] (8

gramas de ácido oxálico, 5 mL de ácido sulfúrico, e 100 mL de água misturados

com 30% de água oxigenada). As amostras eram pré-atacadas com Marshall’s

e depois era aplicado um leve ataca com nital 2%.

Figura 3.9 – Ilustração esquemática mostrando as regiões onde realizaram-se

as observações microestruturais nos corpos de prova ensaiados por torção a

quente.

Page 51: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

51

As amostras destinadas à análise por MEV foram colocadas em um

suporte apropriado e coladas com fita adesiva condutora de carbono. As

amostras para MET foram preparadas na forma de lâminas finas e réplicas de

extração.

3.6.2.1 Lâminas Finas

O esquema geral de preparação dessas amostras obedece às seguintes

etapas: desbaste inicial alternando-se entre lixamento mecânico manual e

polimento químico em solução de 90% de H2O2 e 10% de HF (eliminação da

camada encruada), até a espessura de aproximadamente 100 µm; corte das

mesmas na forma de discos com 3 mm de diâmetro; afinamento eletrolítico

com o aparelho “Tenupol” até a obtenção de áreas finas (espessuras em torno

de 1000 Angström). Nesta última etapa, o eletrólito utilizado foi uma solução de

5% de ácido perclórico (HCL4) e 95% de ácido glacial (CH3COOH), resfriado

até 5°C através de um termostato marca HAAKE, modelo FC35.

3.6.2.2 Réplicas de Extração

Esta técnica de preparação de amostras consiste em se obter uma

réplica da superfície da amostra acompanhada de precipitados extraídos da

matriz. As superfícies das amostras foram preparadas por lixamento e

polimento mecânico manual ao qual se seguiu o ataque com uma solução

aquosa (100 ml) saturada de ácido pícrico (C6H3N3O7) com detergente super

concentrado, atuando como agente molhante (10 ml). Em seguida foi

evaporado carbono sobre as superfícies das amostras, as quais foram

quadriculadas com uma lâmina. Para a retirada do filme de carbono contendo

os precipitados foi utilizado um ataque químico em solução de 10% de ácido

nítrico em álcool etílico. Os filmes ao se soltarem boiavam na solução de

Page 52: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

52

ataque e eram “pescados” em grades de cobre de 3 mm de diâmetro, em

seguida lavadas em solução de água mais acetona e colocadas sobre papel de

filtro para secar.

3.6.2.3 Procedimento para a Identificação de Precipitados

Na identificação dos precipitados utilizou-se uma combinação de

observações por campo escuro, campo claro e difração de área selecionada.

Também obteve-se uma determinação semiquantitativa da composição

química mediante Microanálise por Espectroscopia por Energia Dispersiva de

Raios-X (EDS). Na interpretação dos espectros de EDS foi utilizado um

programa de computação acoplado ao MET que permite fazer correções do

ângulo de incidência do feixe e do fenômeno de fluorescência. Mediante

análise por difração de elétrons em área selecionada, nas lâminas finas, foram

obtidas as figuras de difratogramas compostas (da matriz ferrítica e da

partícula) e nas réplicas de extração as figuras de difratogramas ou padrões de

difração somente das partículas.

Page 53: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

53

4 RESULTADOS

4.1 Introdução

Os resultados obtidos neste trabalho podem ser divididos em cinco

conjuntos associados aos (i) ensaios de dilatometria, (ii) ensaios de torção

isotérmicos e contínuos, (iii) ensaios de torção isotérmicos com duas

deformações, (iv) ensaios de torção com múltiplas deformações em

resfriamento, (v) simulações da laminação de tiras a quente.

4.2 Diagrama de Transformação por Resfriamento Contínuo

Os valores das temperaturas de início de transformação de fase, Ar3, e

de fim de transformação de fase, Ar1, obtidos nos ensaios de dilatometria

realizados, bem como os valores de microdureza medidos após os ensaios,

são mostrados na Tabela 4.1 em função das taxas de resfriamento impostas.

Tabela 4.1 - Valores das temperaturas Ar3 e Ar1 e das microdurezas das

amostras ensaiadas por dilatometria.

Taxa de Resfriamento Temperatura

(°C) Microdureza

Vickers

(°C/s) Ar3 Ar1 (carga de 25 gf)

0,5 896,9 875,7 121 ± 6,8

2 896,2 871,9 122 ± 4,1

5 891,1 863,0 123 ± 5,7

10 883,4 857,9 119 ± 5,4

20 875,7 847,7 122 ± 5,7

Page 54: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

54

Utilizando-se os dados experimentais apresentados na Tabela 4.1,

construiu-se o diagrama de transformação por resfriamento contínuo para o

aço IF, como mostrado na Figura 4.1. Pode-se dividir este diagrama em três

regiões distintas: região austenítica (fase-γ), região austeno-ferrítica e região

ferrítica (fase-α). A fotomicrografia mostrada na Figura 4.2 e os valores

medidos nos ensaios de microdureza confirmam que a microestrutura obtida

após os ensaios dilatomêtricos constitue-se de grãos ferríticos. Observam -se,

também, nesta figura que o início e fim de transformação da austenita (fase-γ)

variam com a velocidade de resfriamento imposta. Para baixas taxas de

resfriamento, observa-se que Ar3 aproxima-se do equilíbrio termodinâmico

dado por Ae3. Mas para resfriamento rápido, como exemplo a taxa de 20 °C/s,

ocorre uma variação de 37°C. Também, pode-se observar que a faixa de

temperaturas em que está ocorrendo a transformação (γ→α), ou seja, a região

austeno-ferrítico, é muito estreita.

500

600

700

800

900

1000

1100

1 10 100 1000 10000

Tempo ( s )

Tem

pera

tura

20 10 5 2 0,5 oC/s

( o C

)

Ae3 = 912 o C

Ar3

Ar1

α

γ γ (austenita)

α (ferrita)

122 119 123 122 121 HV

Figura 4.1 – Curvas de transformação por resfriamento contínuo obtidas nos

ensaios dilatomêtricos.

Page 55: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

55

Figura 4.2 – Fotomicrografia mostrando grãos ferríticos no corpo de prova

ensaiado com taxa de resfriam ento de 2 °C/s.

4.3 Ensaios de torção Isotérmicos e Contínuos

Para determinar o comportamento mecânico a quente do aço foram

realizados ensaios de torção isotérmicos e contínuos. A temperatura de

reaquecimento utilizada foi de 1200°C por um tempo de 10 minutos. Após o

encharque, os corpos de prova eram resfriados até as temperaturas de ensaios

com taxa de resfriamento de 2 °C/s. Os ensaios foram realizados em uma faixa

de temperaturas de 1150°C a 600°C com taxas de deformação de 0,3; 1,0 e

5,0 s -1 .

4.3.1 Curvas de escoamento plástico

As curvas de escoamento plástico obtidas nos ensaios foram separadas

em três conjuntos, de acordo com a taxa de deformação utilizada.

Considerando os resultados obtidos nos ensaios de dilatometria descritos no

item anterior, cada um dos conjuntos de curvas está sendo apresentado em

dois gráficos: um para temperatura maiores que 900°C e outro para

Page 56: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

56

temperaturas menores que 850°C. Esses resultados podem ser vistos nas

Figuras 4.3, 4.4 e 4.5. Vê-se nestas figuras que em temperaturas maiores que

900°C as curvas de escoamento plástico têm a forma típica de materiais que se

recristalizam dinamicamente, enquanto que em temperaturas menores que

850°C têm a forma típica de materiais que apenas se recuperam

dinamicamente.

A partir das curvas de escoamento plástico obtidas experimentalmente

foi organizada a Tabela 4.2, que mostra os valores da tensão de pico (σp), da

deformação de pico (εp) e da tensão do estado estacionário (σss). Vê-se nesta

tabela que há uma mudança brusca nos níveis de tensão quando a

temperatura varia de 900°C para 850°C, confirmando a ocorrência da

transformação de fase detectada nos ensaios dilatomêtricos.

Page 57: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

57

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,00

20

40

60

80

1 0 0

1 2 0

1 4 0

1 6 0

1 8 0

2 0 0

(a)

Taxa de deformação 0,3 s-1

1 = 1150 oC 4 = 1000

oC

2 = 1100 oC 5 = 950

oC

3 = 1050 oC 6 = 900

oC

654321

Te

nsã

o E

qu

iva

len

te (

MP

a)

Deformação Equivalente

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,00

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

(b)

12

11

10

987

Taxa de deformação 0,3 s-1

7 = 850 oC 9 = 750

oC 11 = 650

oC

8 = 800 oC 10 = 700

oC 12 = 600

oC

Te

nsã

o E

qu

iva

len

te (

MP

a)

Deformação Equivalente

Figura 4.3 – Curvas de escoamento plástico para o aço IF obtidas em ensaios

realizados com taxa de deformação de 0,3 s-1 e temperaturas na faixa de

1150°C a 900°C (a) e na faixa de 850°C a 600°C (b).

Page 58: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

58

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,00

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

(a)

65432

1

Taxa de deformação 1,0 s-1

1 = 1150 oC 4 = 1000

oC

2 = 1100 oC 5 = 950

oC

3 = 1050 oC 6 = 900

oC

T

en

são

Eq

uiv

ale

nte

(M

Pa

)

Deformação Equivalente

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,00

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

(b)

Taxa de deformação 1,0 s-1

7 = 850 oC 9 = 750

oC 11 = 650

oC

8 = 800 oC 10 = 700

oC 12 = 600

oC

12

11

109

87

Ten

são

Equ

ival

ente

(M

Pa)

Deformação Equivalente

Figura 4.4 – Curvas de escoamento plástico para o aço IF obtidas em ensaios

realizados com taxa de deformação de 1,0 s-1 e temperaturas na faixa de

1150°C a 900°C (a) e na faixa de 850°C a 600°C (b).

Page 59: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

59

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,00

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

(a)

6

54321

Taxa de deformação 5,0 s-1

1 = 1150 oC 3 = 1050

oC 5 = 950

oC

2 = 1100 oC 4 = 1000

oC 6 = 900

oC

Te

nsã

o E

qu

iva

len

te (

MP

a)

Deformação Equivalente

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,00

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

(b)

Taxa de deformação 5,0 s-1

7 = 850 oC 9 = 750

oC 11 = 650

oC

8 = 800 oC 10 = 700

oC 12 = 600

oC

12

11

109

87

Ten

são

Equ

ival

ente

(M

Pa)

Deformação Equivalente

Figura 4.5 – Curvas de escoamento plástico para o aço IF obtidas em ensaios

realizados com taxa de deformação de 5,0 s-1 e temperaturas na faixa de

1150°C a 900°C (a) e na faixa de 850°C a 600°C (b).

Page 60: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

60

Tabela 4.2 – Dados obtidos nos ensaios isotérmicos contínuos.

T (°C) Ý (s-1) εp σp (MPa) σss (MPa)

0,3 0,77 - 138,76

600 1,0 0,79 - 150,25

5,0 1,40 - 170,38 0,3 0,67 - 117,04

650 1,0 0,59 - 127,42 5,0 0,96 - 148,19

0,3 0,53 - 94,95 700 1,0 0,46 - 105,33

5,0 0,85 - 122,46

0,3 0,42 - 76,57 750 1,0 0,38 - 86,16

5,0 0,73 - 105,33 0,3 0,42 - 60,28

800 1,0 0,34 - 67,61 5,0 0,72 - 83,13 0,3 0,33 - 45,71

850 1,0 0,28 - 52,99 5,0 0,70 - 73,50

0,3 0,89 115,37 - 900 1,0 0,81 125,84 -

5,0 1,32 154,00 -

0,3 0,66 99,28 - 950 1,0 0,62 108,56 -

5,0 0,94 137,58 - 0,3 0,47 86,27 -

1000 1,0 0,53 93,55 - 5,0 0,78 123,36 - 0,3 0,36 72,81 -

1050 1,0 0,47 83,14 - 5,0 0,72 107,63 -

0,3 0,31 59,34 - 1100 1,0 0,38 69,22 -

5,0 0,66 97,02 - 0,3 0,26 50,85 -

1150 1,0 0,32 60,77 - 5,0 0,63 82,79 -

Page 61: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

61

Para melhor delinear a faixa de temperaturas na qual ocorre a

transformação γ→α, foram realizados ensaios mecânicos isotérmicos em

temperaturas próximas ao início de transformação de fase (Ar3) e ao fim de

transformação de fase (Ar1) do aço IF, utilizando-se taxa de deformação de

1 s -1, deformação de 3,0 e taxa de resfriamento de 2 °C/s. Para delinear o início

da transformação de fase, foram realizados ensaios nas temperaturas de

910°C e 900°C, como mostrado na Figura 4.6a. Na temperatura de 910°C o

tempo de espera antes da deformação foi de 60 minutos, e na temperatura de

900°C os tempos de espera antes da deformação foram de 1, 15, 30 e 60

minutos. Nas temperaturas próximas ao fim da transformação de fase, foram

realizados ensaios nas temperaturas de 870°C e 860°C com tempo de espera

antes da deformação de 1 minuto e na temperatura de 850°C utilizaram-se

tempos de 1 e 60 minutos, como indicado na Figura 4.6b.

Vê-se na Figura 4.6a que em 910°C com tempo de espera de 60

min e a 900°C com tempo de espera de 1 min as curvas têm a forma típica de

materiais que se recristalizam dinamicamente, indicando que os ensaios foram

realizados no campo austenítico. Aumentando-se o tempo de espera a 900°C,

a forma da curva de escoamento plástico se altera. Após 30 min, as curvas têm

a forma típica de materiais que apenas se recuperam dinamicamente.

Resultados similares são observados para os ensaios realizados em

temperaturas menores, ver Figura 4.6b. Com os dados experimentais destas

curvas, ver Tabela 4.3, e dos apresentados na Tabela 4.2, determinaram -se as

variações das tensões de pico e do estado estacionário e da deformação de

pico em função da temperatura, como mostrado nas Figuras 4.7 e 4.8.

Page 62: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

62

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,00

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

(a)

900 oC a 60 min

910 oC a 60 min

900

oC a 1 min

900 oC a 15 min

900 oC a 30 min

Ten

são

Equ

ival

ente

(M

Pa)

Deformação Equivalente

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,00

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

(b)

870 oC a 1 min

860 oC a 1 min

850 oC a 1 min

850 oC a 60 min

Ten

são

Equ

ival

ente

(M

Pa)

Deformação Equivalente

Figura 4.6 – Curvas de escoamento plástico obitidas com taxa de deformação

de 1,0 s-1 em temperaturas próximas às de início de transformação (a) e de fim

de transformação de fase (b), variando o tempo de espera antes da

deformação e mantendo constante todos os outros parâmetros de ensaios.

Page 63: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

63

Tabela 4.3 – Dados obtidos nos ensaios isotérmicos e contínuos realizados em

temperaturas próximas ao início e fim de transição de fase.

T (°C) Ý (s-1) εp σp (MPa) σss (MPa) t (min)

850 1,0 0,27 - 50 60

860 1,0 0,31 - 56,5 1

870 1,0 0,34 - 64,00 1

1,0 0,47 85,56 - 15

900 1,0 0,31 - 55,22 30

1,0 0,26 - 50,64 60

910 1,0 0,66 109,00 - 60

Vê-se na Figura 4.7 que em altas temperaturas, no campo austenítico,

há uma relação linear entre a tensão de pico e o inverso da temperatura, e que

a tensão de pico medida no ensaio realizado a 900°C com tempo de espera de

1 min pertence a esta reta. Em Temperaturas menores, também existe uma

relação linear entre a tensão de estado estacionário e o inverso da

temperatura, sendo que o ponto obtido no ensaio realizado a 850°C com tempo

de espera de 1 min pertence a esta reta. Estes resultados confirmam a

hipótese feita anteriormente que, acima de 900°C os ensaios foram realizados

no campo austenítico e abaixo no campo ferrítico. A Figura 4.8, também,

separa os dois campos ao apresentar valores das deformações de pico em

função da temperatura de ensaio.

Page 64: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

64

7 8 9 10 11 1240

50

60

70

80

90

100

110

120

130

140

60 min

15 min

30 min60 min

60 min

T (oC)

σp da austenita

σss

da ferrita

σss

a 850oC

σss

a 860oC

σ a 870oC

σ a 900oC

σp a 910

oCT

ensã

o E

quiv

alen

te (

MP

a)

10000/T (K-1)

1200 1100 1000 900 800 700 600

Figura 4.7 - Variações das tensões de pico e de estado estacionário em função

da temperatura para ensaios realizados com taxa de deformação de 1 s-1,

descritos nas Figuras 4.4 e 4.6.

600 660 720 780 840 900 960 1020 1080 11400,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

60 min

15 min

30 min60 min

60 min

εp da austenita

εss

da ferrita

εss

a 850oC

εss

a 860oC

ε a 870oC

ε a 900oC

εp a 910

oCD

efor

maç

ão E

quiv

alen

te

Temperatura (oC)

Figura 4.8 - Variações das deformações de pico e de estado estacionário em

função da temperatura para ensaios realizados com taxa de deformação de 1

s-1, descritos nas Figuras 4.4 e 4.6.

Page 65: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

65

4.3.2 Análise da Região Austenítica

Observando-se as Figuras 4.3a, 4.4a e 4.5a vê-se que a tensão

aumenta com a deformação até um máximo, e em seguida decresce até um

estado estacionário; comportamento típico de materiais que se recristalizam

dinamicamente. Ainda, analisando estas figuras observa-se que quando a

temperatura diminui ou a taxa de deformação aumenta, os picos se deslocam

para valores maiores de tensão.

5 10 15 20 25 30 35 40 45 505

10

15

20

25

30

35

40

(austenita) 0,3 s-1

1,0 s-1

5,0 s-1

Ln

(se

nh

(α σ

p))

Ln (Z)

Figura 4.9 – Relação entre Ln (senh (ασp)) e Ln (Z) indicando que os dados

experimentais se ajustam à equação constitutiva 2.4.

1) Cálculo da Energia de Ativação

A relação entre a tensão de pico, a temperatura e taxa de deformação

pode ser expressa através da equação constitutiva 2.4, permitindo o cálculo da

energia de ativação aparente para a deformação a quente na região

austenítica.

nP

.)) ((senh A (Q/RT) expå Z σα== , (2.4)

Page 66: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

66

onde Z é o parâmetro de Zener Hollomon, Q é a energia de ativação aparente

para a deformação a quente, n , α e A são constantes a serem determinadas e

R é a constante universal dos gases. Utilizando-se a metodologia descrita no

ANEXO A, pôde-se calcular a energia de ativação aparente para a deformação

a quente do aço IF para a região austenítica determinando-se os seguintes

valores para as constantes e para a energia de ativação: n = 3,818, α = 0,019

MPa-1 e Q = 297.368 J/mol. A Figura 4.9 mostra que os dados experimentais se

ajustam à equação constitutiva 2.4.

2) Taxa de encruamento na austenita

A partir das curvas experimentais das Figuras 4.3a, 4.4a e 4.5a foram

construídos gráficos da taxa de encruamento, (θ = dσ/dε), em função da tensão

aplicada, para a região austenítica, como mostra a Figura 4.10 para a taxa de

deformação de 1,0 s -1 .

0 20 40 60 80 100 120 1400

100

200

300

400

500

σcσ

c

σc

1150oC

1000oC

950 oC

Tax

a de

enc

ruam

ento

(M

Pa)

Tensão Equivalente (MPa)

Figura 4.10 - Variação da taxa de encruamento, (θ), em função da tensão

aplicada na região austenítica.

Page 67: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

67

Observa-se na Figura 4.10 que a taxa de encruamento decai

continuamente com a tensão aplicada. Inicialmente de uma forma

aproximadamente parabólica, e apresenta um ponto de inflexão em altos

valores da tensão aplicada. O ponto de inflexão correspondente ao início da

recristalização dinâmica. A partir deste ponto a taxa de encruamento cai

rapidamente até atingir um valor igual a zero. A deformação crítica foi

determinada traçando-se uma reta de extrapolação na região final. A tensão

crítica (σc) corresponde a este ponto de inflexão. Transportando-se o valor de

σc para o gráfico de tensão em função da deformação, encontra-se a

deformação crítica (εc). Calculou-se a deformação crítica para todos os

experimentos, como mostrado na Tabela 4.4 e determinou-se a média das

razões entre as deformações críticas e as de picos, a qual é expressa por:

Pc εε 78,0___

=

Tabela 4.4 - Valores das deformações criticas (εc) para os ensaios isotérmicos.

T (°C) Ý (s-1) εc T (°C) Ý (s-1) εc

0,3 0,69 0,3 0,28

900 1,0 0,63 1050 1,0 0,37

5,0 1,03 5,0 0,56

0,3 0,51 0,3 0,24

950 1,0 0,48 1100 1,0 0,30

5,0 0,73 5,0 0,51

0,3 0,37 0,3 0,20

1000 1,0 0,41 1150 1,0 0,25

5,0 0,61 5,0 0,49

3) Equação da Deformação de Pico

Na região austenítica a relação entre a deformação de pico, a

microestrutura e as condições de deformação é dada pela equação:

Page 68: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

68

Pno ZdA =

Pε (2.3)

onde “do” é o tamanho de grão inicial, que foi tomado igual a 150 µm neste

trabalho. A; n; e p são constantes dependentes do material, tendo os seguintes

valores para o aço IF. A= 1,77 10-4; n = 0,5; e p= 0,2. Portanto, pode-se

escrever que:

( )0,2

.0,54-p T 8,314

297368 exp 150 10 1,77

= εε (4.1)

A Figura 4.11 mostra as curvas determinadas pelas equação 4.1

conjuntamente com os valores medidos experimentalmente nas três taxas de

deformações aplicadas.

7,0 7,2 7,4 7,6 7,8 8,0 8,2 8,4 8,60,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

1,1

1,2

1,3

1,4

Experimental 5 s-1

Curva dada pela equação gera l para 5 s-1

Experimental 1 s-1

Curva dada pela equação gera l para 1 s-1

Experimental 0,3 s-1

Curva dada pela equação gera l para 0,3 s-1

De

form

açã

o d

e p

ico

10000/T (K-1

)

1150 1100 1050 1000 950 900

oC

Figura 4.11 - Variações da deformação de pico em função do inverso da temperatura absoluta. Os pontos

experimentais estão plotados conjuntamente com as curvas determinadas pela equação 4.1.

Page 69: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

69

4.3.3 Análise da Região Ferrítica

A partir das curvas experimentais mostradas nas Figuras 4.3b, 4.4b e

4.5b, observa-se que tensão aumenta com a deformação até um máximo,

seguindo-se um estado estacionário. Este comportamento é típico de materiais

que têm recuperação dinâmica como o processo de amaciamento. Ainda,

analisando as Figuras 4.3b, 4.4b e 4.5b observa-se que quando a temperatura

diminui ou a taxa de deformação aumenta, o início do estado estacionário se

deslocam para valores maiores.

1) Cálculo da Energia de Ativação

A relação entre a tensão do estado estacionário, a temperatura e taxa de

deformação podem ser expressa através da equação constitutiva 2.4, permitindo o

cálculo da energia de ativação aparente para a deformação a quente na região ferrítica.

Utilizando-se a metodologia descrita no ANEXO A, pôde-se calcular a energia de

ativação do aço IF para a deformação na região ferrítica, obtendo-se os seguintes

valores para constantes e para a energia de ativação: n = 4,2235, α = 0,018 MPa -1e Q =

287.545 J/mol. A Figura 4.12 mostra que os dados experimentais se ajustam à equação

constitutiva 2.4.

5 10 15 20 25 30 35 40 45 505

10

15

20

25

30

35

40(ferrita) 0,3 s

-1

1,0 s-1

5,0 s-1

Ln (

senh

(α σ

p))

Ln (Z)

Figura 4.12 – Relação entre Ln (senh (ασp)) e Ln (Z) indicando que os dados

experimentais se ajustam à equação constitutiva 2.4.

Page 70: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

70

2) Taxa de encruamento na ferrita

Gráficos da taxa de encruamento, θ, em função da tensão aplicada para

a região ferrítica também foram construídos à partir das derivadas das curvas

experimentais das Figuras 4.3b, 4.4b e 4.5b, como mostra a Figura 4.13.

0 20 40 60 80 100 1200

100

200

300

400

500

8 0 0oC

7 5 0oC

7 0 0oC

Tax

a de

enc

ruam

ento

(M

Pa)

Tensão Equivalente (MPa)

Figura 4.13 - Variação da taxa de encruamento, (θ), em função da tensão

aplicada na região ferrítica, para ensaios realizados com a taxa de deformação

de 1,0 s -1.

Comparando-se as curvas da Figura 4.13 com as curvas da Figura 4.10,

observa-se uma grande diferença entre as mesmas, ou seja, apesar do

decaimento aproximadamente parabólico nas curvas da Figura 4.13, não há

pontos de inflexão, e assim, o processo de amaciamento que ocorre é a

recuperação dinâmica.

4.3.4 Análise da Evolução Microestrutural na Região Ferrítica

Para descrever os mecanismos de restauração na região ferrítica

durante deformação a quente é necessário investigar a evolução

Page 71: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

71

microestrutural. Com este objetivo, foram realizados seis ensaios isotérmicos

na temperatura de 800°C, com taxa de deformação de 1 s-1 e deformações de

0,2; 0,4; 1,0; 2,0; 3,0; e 10,0, mantendo os demais parâmetros do ciclo térmico

dos ensaios isotérmicos. Imediatamente após as deformações os corpos de

prova foram temperados. Microscopia ótica (MO) fo i usada para analisar a

evolução microestrutural na região ferrítica. Na Figura 4.4b pode-se observar

que a deformação de 0,2 corresponde a um estágio anterior ao início do estado

estacionário, 0,4 de deformação marca o início do estado estacionário; 1,0; 2,0;

3,0; e 10,0 correspondem a uma grande quantidade de deformação

pertencente ao estado estacionário.

As Figuras 4.14 a 4.20 apresentam um conjunto de fotomicrografias

mostrando a evolução microestrutural na região ferrítica em função da

quantidade deformação aplicada.

Figura 4.14 – Microestrutura da amostra ensaiada a 800°C com deformação de

0,2. Observam-se grãos ferríticos e nos seus interiores linhas que

correspondem a microbandas.

Page 72: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

72

Figura 4.15 - Microestrutura da amostra ensaiada a 800°C com deformação de

0,4. Observam -se uma microestrutura ferrítica e linhas que correspondem a

microbandas.

Figura 4.16 – Microestrutura da amostra ensaiada a 800°C com deformação de

1,0. Observam -se uma microestrutura ferrítica e paredes que representam a

evolução das microbandas.

Page 73: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

73

Figura 4.17 – Microestrutura da amostra ensaiada a 800°C com deformação de

2,0. Observam -se uma microestrutura ferrítica e paredes que representam uma

evolução das microbandas, e também pequenos grãos/subgrãos ferríticos.

Figura 4.18 - Fotomicrografias ampliadas da microestrutura mostrada na Figura

4.17, indicando a presença de grãos/subgrãos ferríticos.

Page 74: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

74

Figura 4.19 – Microestrutura da amostra ensaiada a 800°C com deformação de

3,0. Observa-se na microestrutura o aparecimento de pequenos

grãos/subgrãos ferríticos, em pouca quantidade.

Figura 4.20 – Microestrutura da amostra ensaiada a 800°C com deformação de

10,0. Observa-se na microestrutura o aparecimento de pequenos

grãos/subgrãos ferríticos, em grande quantidade.

Page 75: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

75

As fotomicrografias mostradas nas Figuras 4.14 e 4.15 com

deformações de 0,2 e 0,4 mostram uma matriz ferrítica e no interior dos grãos

linhas paralelas, denominadas microbandas. Essas linhas são geralmente

alinhadas ao longo de uma única direção dentro do grão; sendo que nos grãos

adjacentes, muitas vezes essas direções são diferentes. A Figura 4.16 mostra

a microestrutura observada na amostra ensaiada com deformação igual a 1,0.

Observam -se uma microestrutura ferrítica e paredes que representam a

evolução das microbandas. Com deformações de 2,0 mostrada na

fotomicrografia da Figura 4.17, começam a aparecer novos grãos/subgrãos

ferríticos em pequena quantidade e de tamanho reduzido juntos as paredes. As

ampliações desta fotomicrografia, Figura 4.18, indicam claramente a formação

de novos graõs/subgrãos ferríticos. Nas Figuras 4.19 e 4.20, com deformações

de 3,0 e 10,0 as fotomicrografias mostram o surgimento de um grande número

de pequenos grãos ferríticos [76 - 78].

4.4 Ensaios Isotérmicos Interrompidos Com Duas Deformações na

Austenita e na Ferrita

Nestes experimentos, as amostras eram aquecidas por 10 minutos a

1200°C e resfriadas continuamente a 2 °C/s até as temperaturas de ensaio,

onde eram ensaiadas isotermicamente com duas deformações consecutivas.

Foi estabelecido para todos os ensaios duas deformações iguais de 0,2 com

taxa de deformação de 1 s-1 e tempos de espera entre passes variando de 0,5

a 2000 segundos. As deformações consecutivas foram realizadas nas

seguintes temperaturas: 1050°C, 1000°C, 950°C, 920°C, 900°C, 850°C, 800°C,

750°C.

Com este tipo de experimento é possível investigar os fenômenos de

amaciamento e de endurecimento que ocorrem nos intervalos entre passes em

seqüências de deformações, calculando-se o parâmetro de amaciamento dado

pela equação 3.3. As Figuras 4.21a, 4.22a 4.23a, 4.24a, 4.25a, 4.26a, 4.27a e

4.28a mostram os resultados experimentais obtidos nestes ensaios. As Figuras

Page 76: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

76

4.21b, 4.22b 4.23b, 4.24b, 4.25b, 4.26b, 4.27b e 4.28b indicam a evolução do

parâmetro de amaciamento em função do tempo de espera entre passes, para

os experimentos realizados.

0,0 0,2 0,40

20

40

60

80

100

120

140

160

Tempo entre

passes 0,5 s

Ten

são

Equ

ival

ente

(M

Pa)

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 1 s

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 3 s

Deformação Equivalente 0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 5 s

σr

σd

(a)

0,1 1 10 100 10000

20

40

60

80

100

Par

âmet

ro d

e am

acia

men

to (

%)

Tempo (s)

(b)

Figura 4.21 – Ensaios isotérmicos interrompidos realizados a 1050°C com duas

deformações. (a) curvas de escoamento plástico e (b) variação do parâmetro

de amaciamento com o tempo de espera.

Page 77: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

77

0,0 0,2 0,40

20

40

60

80

100

120

140

160

Tempo entre

passes 0,5 s

Ten

são

Equ

ival

ente

(M

Pa)

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 1 s

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 3 s

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 5 s

0,0 0,2 0,40

20

40

60

80

100

120

140

160

Tempo entre

passes 10 s

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 100 s

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 1000 s

Deformação Equivalente0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 2000 s

(a)

0,1 1 10 100 10000

20

40

60

80

100

Par

âmet

ro d

e am

acia

men

to (

%)

Tempo (s)

(b)

Figura 4.22 – Ensaios isotérmicos interrompidos realizados a 1000°C com duas

deformações. (a) curvas de escoamento plástico e (b) variação do parâmetro

de amaciamento com o tempo de espera.

Page 78: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

78

0,0 0,2 0,40

20

40

60

80

100

120

140

160

Tempo entre

passes 1 s

Ten

são

Equ

ival

ente

(M

Pa)

0,0 0,2 0,4

σd

σr

Tempo entre

passes 2 s

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 5 s

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 10 s

0,0 0,2 0,40

20

40

60

80

100

120

140

160

Tempo entre

passes 20 s

0,0 0,2 0,4

Deformação Equivalente0,0 0,2 0,4 0,0 0,2 0,4

(a)

0,1 1 10 100 1000

-20

0

20

40

60

80

100

Par

âmet

ro d

e am

acia

men

to (%

)

Tempo (s)

(b)

Figura 4.23 – Ensaios isotérmicos interrompidos realizados a 950°C com duas

deformações. (a) curvas de escoamento plástico e (b) variação do parâmetro

de amaciamento com o tempo de espera.

Page 79: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

79

0,0 0,2 0,40

20

40

60

80

100

120

140

160σ

r

σd

Tempo entre

passes 0,5 s

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 1 s

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 2 s

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 5 s

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 10 s

0,0 0,2 0,40

20

40

60

80

100

120

140

160

Tempo entre

passes 20 s

Ten

são

Equ

ival

ente

(M

Pa)

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 50 s

Deformação Equivalente0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 100 s

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 1000 s

(a)

0,1 1 10 100 1000

-40

-20

0

20

40

60

80

100

Par

âmet

ro d

e am

acia

men

to (%

)

Tempo (s)

(b)

Figura 4.24 – Ensaios isotérmicos interrompidos realizados a 920°C com duas

deformações. (a) curvas de escoamento plástico e (b) variação do parâmetro

de amaciamento com o tempo de espera.

Page 80: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

80

0,0 0,2 0,40

20

40

60

80

100

120

140

160

Tempo entre

passes 0,5 s

Ten

são

Equ

ival

ente

(M

Pa)

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 1 s

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 3 s

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 5 s

0,0 0,2 0,40

20

40

60

80

100

120

140

160

Tempo entre

passes 10 s

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 20 s

Deformação Equivalente (MPa)0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 100 s

10

(a)

0,1 1 10 100 1000

-40

-20

0

20

40

60

80

100

Par

âmet

ro d

e am

acia

men

to (

%)

Tempo (s)

(b)

Figura 4.25 – Ensaios isotérmicos interrompidos realizados a 900°C com duas

deformações. (a) curvas de escoamento plástico e (b) variação do parâmetro

de amaciamento com o tempo de espera.

Page 81: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

81

0,0 0,2 0,40

20

40

60

80

100

120

140

160

Tempo entre

passes 1 s

Ten

são

Equ

ival

ente

(M

Pa)

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 5 s

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 10 s

0,0 0,2 0,40

20

40

60

80

100

120

140

160

Tempo entre

passes 50 s

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 100 s

Deformação Equivalente0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 1000 s

(a)

0,1 1 10 100 1000-100

-80

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

Par

âmet

ro d

e am

acia

men

to (

%)

Tempo (s)

(b)

Figura 4.26 – Ensaios isotérmicos interrompidos realizados a 850°C com duas

deformações. (a) curvas de escoamento plástico e (b) variação do parâmetro

de amaciamento com o tempo de espera.

Page 82: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

82

0,0 0,2 0,40

20

40

60

80

100

120

140

160

Tempo entre

passes 1 s

Ten

são

Equ

ival

ente

(M

Pa)

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 10 s

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 100 s

Deformação Equivalente0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 1000 s

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 2000 s

(a)

0,1 1 10 100 1000-100

-80

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

Par

âmet

ro d

e am

acia

men

to (

%)

Tempo (s)

(b)

Figura 4.27 – Ensaios isotérmicos interrompidos realizados a 800°C com duas

deformações. (a) curvas de escoamento plástico e (b) variação do parâmetro

de amaciamento com o tempo de espera.

Page 83: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

83

0,0 0,2 0,40

20

40

60

80

100

120

140

160

Tempo entre

passes 1 s

Ten

são

Equ

ival

ente

(M

Pa)

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 100 s

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 1000 s

0,0 0,2 0,4

Tempo entre

passes 2000 s

Deformação Equivalente

(a)

0,1 1 10 100 1000-100-80

-60-40

-200

20

4060

80100

Par

âmet

ro d

e am

acia

men

to (%

)

Tempo (s)

(b)

Figura 4.28 – Ensaios isotérmicos interrompidos realizados a 750°C com duas

deformações. (a) curvas de escoamento plástico e (b) variação do parâmetro

de amaciamento com o tempo de espera.

Page 84: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

84

Observando-se as curvas das Figuras 4.21a e 4.22a vê-se que, à

medida que o tempo entre passes aumenta, o nível da tensão de

recarregamento, σr, diminui. Isto ocorre porque tem-se tempo suficiente entre

os passes para que a recuperação e a recristalização estática restaurem o

material. As Figuras 4.21b e 4.22b mostram a evolução do parâmetro de

amaciamento em função do tempo. De uma forma geral, em 1050oC e 1000oC,

observa-se que as curvas têm uma forma sigmoidal. A literatura [79 e 80]

associa a forma sigmoidal à recristalização estática.

As Figuras 4.23a, 4.24a e 4.25a mostram resultados de ensaios

isotérmicos com duas deformações realizadas em baixas temperaturas na

região austenítica. Para tempos curtos entre passes, a tensão de

recarregamento, σr, é maior que a tensão de descarregamento, σd. Também,

observa-se que o valor da tensão de recarregamento, σr, diminui à medida que

o tem po entre passes é aumentado. Nas Figuras 4.23b, 4.24b e 4.25b têm-se

os valores do parâmetro de amaciamento em função do tempo de espera. Nos

intervalos entre passes, com curtos tempos de espera os valores são

negativos, indicando que em vez de amaciamento tem-se endurecimento do

material. Este comportamento sugere que pode haver interação entre a

estrutura deformada e precipitados induzidos por deformação.

Nas Figuras 4.26, 4.27 e 428 pode-se observar que o comportamento do

material no intervalo de espera entre deformações na região ferrítica é bastante

similar ao da austenita em baixas temperaturas. De uma forma geral, tem-se o

endurecimento do material em curtos tempos de espera e amaciamento após

longos tempos de espera. Também, observa-se que o tempo para que ocorra a

transição entre endurecimento e amaciamento aumenta com o decréscimo de

temperatura.

Page 85: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

85

4.4.1 Observações Microestruturais

Com o objetivo de investigar a presença e a cinética de precipitação que

ocorre no aço IF, foi realizada uma série de observações microestruturais via

microscopia eletrônica de varredura (MEV) e de transmissão (MET). As

observações microestruturais foram realizadas em amostras reaquecidas a

1200°C, deformadas a 1100°C, 1000°C e 920°C e temperadas após diferentes

tempos de espera. A Figura 4.29 indica esquematicamente os tratamentos que

as amostras foram submetidas antes das observações microestruturais

realizadas. A microestrutura representando a etapa de encharque foi

observada em uma amostra reaquecida a 1200°C e temperada após 10

minutos de encharque. Amostras obtidas nas temperaturas 1100°C e 1000°C

foram temperadas após deformação de 3,0 e analisadas através de MEV e as

temperadas após deformações de 0,2 a 920°C foram analisadas através de

MET.

6 0 0

7 0 0

8 0 0

9 0 0

1000

1100

1200

1300

1400

20 s0 ,5 s

M E T

ε

εM E V

ε

9 2 0 oC

M E T

M E V

Te

mp

era

tura

( o C

)

Tempo

Figura 4.29 – Esquema indicando os tratamentos que as amostras foram

submetidas antes das observações microestruturais.

Page 86: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

86

4.4.1.1 Observações Microestruturais Realizadas na Amostra Reaquecida

a 1200°°C e Temperada

As Figuras 4.30 e 4.31 apres entam fotomicrografias via MEV mostrando

a presença de precipitados a 1200°C. Nota-se na Figura 4.30 a presença de

um grande número de precipitados que não dissolveram durante o

reaquecimento até 1200°C. A Figura 4.31 é uma ampliação da anterior e

mostra uma partícula com tamanho em torno de 500 nm. As análises feitas por

EDS indicam que esta partícula é composta por TiS, Figuras 4.32a e 4.32c, e

por Ti4C2S2, Figura 4.32b.

Figura 4.30 – Microestrutura observada por MEV na amostra reaquecida e

temperada a 1200°C após 10 minutos de encharque.

Page 87: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

87

Figura 4.31 – Precipitado observado na amostra reaquecida a 1200°C e

temperada após 10 minutos. As letras (a), (b) e (c) indicam as posições na

partícula onde foram realizadas as análises de EDS.

(a)

(b)

(c)

Figura 4.32 – Resultados dos EDS realizados na partícula da Figura 4.31.

Page 88: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

88

4.4.1.2 Observações Microestruturais Realizadas na Amostra Reaquecida

a 1200°°C e Temperada Após Deformação a 1100°°C

A fotomicrografia apresentada na Figura 4.33 mostra um precipitado com

tamanho em torno de 1 µm que foi observado após têmpera da amostra

deformada a 1100°C. A Figura 4.34 mostra os resultados dos EDS realizados

nesta partícula e indicam que se trata de um precipitado complexo formado por

TiS (Figuras 4.34a e 4.34d), por Ti4C2S2 (Figuras 4.34e e 4.34f) e por TiN

(Figuras 4.34b e 4.34c)

A Figura 4.35 mostra um precipitado com o formado de um bastão

observado na amostra indicada acima e o EDS mostrando na Figura 4.36

indica que s e trata de uma partícula de TiS.

Figura 4.33 – Precipitado observado na amostra reaquecida a 1200°C,

deformada e temperada a 1100°C. As letra (a) a (e) indicam as posições na

partícula onde foram realizadas as análises de EDS.

Page 89: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

89

(a)

(b) (c)

(d)

(e)

(f)

Figura 4.34 – Resultados dos EDS realizados na partícula da Figura 4.33.

Figura 4.35 – Precipitado observado na amostra reaquecida a 1200°C,

deformada e temperada a 1100°C.

Page 90: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

90

Figura 4.36 – Resultados dos EDS realizados na partícula da Figura 4.35.

4.4.1.3 Observações Microestruturais Realizadas na Amostra Reaquecida

a 1200°°C, Deformada e Temperada a 1000°°C

A Figuras 4.37 indica a presença de um precipitado com tamanho entre

500 nm e 1 µm observado na amostra temperada a 1000°C. As análises feitas

por EDS indicam ser este um precipitado complexo formado por partículas de

TiN, ver Figuras 4.38, sobre a qual formam-se partículas de TiS.

Figuras 4.37 – Precipitados observado por MEV na amostra reaquecida a

1200°C, deformada e temperada a 1000°C. As letras (a), (b) e (c) indicam as

posições na partícula onde as análises foram realizadas.

Page 91: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

91

(a)

(b)

(c)

Figura 4.38 – Resultados dos EDS realizados na partícula da Figura 4.37.

4.4.1.4 Observações Microestruturais em Amostras Reaquecidas a 1200°°C

e Temperadas a 920°°C Após Deformação de 0,2

Para investigar a interação entre a precipitação e os fenômenos

metalúrgicos de amaciamento na região austenítica foram realizadas análises

via microscopia eletrônica de transmissão (MET) em amostras temperadas a

920°C em duas condições diferentes. Realizaram-se observações em

aproximadamente 10 lâminas para cada condição e no caso de precipitados,

foram observadas aproximadamente 100 partículas.

Na primeira condição fez-se têmpera na temperatura de 920°C, após

deformação de 0,2 e o tempo de espera de 0,5 segundo. As Figuras 4.39a e

4.39b mostram fotomicrografias obtidas por MET em campo escuro utilizando-

se lâmina fina, e a Figura 4.39c mostra o EDS do precipitado que encontra-se

no centro da Figura 4.39a, ou seja a partícula maior. As Figuras 4.40a e 4.40b,

mostram fotomicrografias em campo claro da mesma região observada na

Figura 4.39a, porém com maior aumento. Nas Figuras 4.41a e 4.41b, são

mostradas fotomicrografias em campo claro obtidas por réplicas.

Page 92: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

92

(a) 2 µm

(b) 200 nm

Figura 4.39 - Fotomicrografias obtidas por MET a partir de amostras retiradas

da região deformada do corpo de prova temperado na temperatura de 920°C

após deformação de 0,2 e tempo de espera de 0,5 s.

(c)

Figura 4.39c - Espectro de raios-x (EDS) do precipitado mostrado no centro da

Figura 4.39a.

A presença de um precipitado grande é observado, com baixo aumento,

na Figura 4.39a e a presença de pequenos precipitados, com grande aumento

Page 93: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

93

na Figura 4.39b. Estas fotomicrografias foram realizadas através da técnica de

campo escuro. O EDS da Figura 4.39c indica a presença da fase TiS.

(a) 500 nm

(b) 500 nm

Figura 4.40 - Fotomicrografias obtidas a partir de amostras retiradas da região

deformada do corpo de prova temperado na temperatura de 920°C após

deformação de 0,2 e tempo de espera de 0,5 s.

Na Figura 4.40a, campo claro de lâmina fina, é mostrado um precipitado

grande circundado por pequenos precipitados. Na Figura 4.40b, que também é

um campo claro de lâmina fina, tem-se a presença de pequenos precipitados.

As Figuras 4.41a e 4.41b, obtidas com a técnica de campo claro em

amostra preparada por réplica de extração, indicam a presença de precipitados

com vários tipos de morfologia. As Figuras 4.42a e 4.42b apresentam

espectros de raios-x (EDS) de algumas das partículas da Figura 4.41,

indicando a presença da fase Ti4C2S2, Figura 4.42a, e TiS, Figura 4.42b.

Page 94: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

94

(a) 1 µm

(b) 500 nm

Figura 4.41 - Fotomicrografias obtidas a partir de amostras retiradas da região

deformada do corpo de prova temperado na temperatura de 920°C após

deformação de 0,2 e tempo de espera de 0,5 s.

(a)

(b)

Figura 4.42 - Espectros de raios-x (EDS) típicos das partículas encontradas na

Figura 4.41.

Na segunda condição de análise, fez-se têmpera na temperatura de

920°C após deformação de 0,2 e tempo de 20 segundos. Foram realizadas

observações por MET utilizando-se as técnicas de lâmina fina e de réplica de

extração. Na Figura 4.43a, observa-se uma fotomicrografia obtida em campo

Page 95: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

95

escuro com lâmina fina, e na Figura 4.43b por réplica de extração . Nas Figuras

4.43c e 4.43d os padrões de difrações dos precipitados observados. Os

padrões de difrações dados pelas Figuras 4.43c e 4.43d indicam a presença da

fase Ti4C2S2.

(a) 200 nm

(b) 200 nm

(c)

(d)

Figuras 4.43 - (a) e (b) Fotomicrografias obtidas a partir de amostras retiradas

da região deformada do corpo de prova temperado na temperatura de 920°C

após deformação de 0,2 e tempo de espera de 20 s. (c) e (d) padrões de

difrações dos precipitados observados.

Page 96: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

96

4.5 Ensaios Com Múltiplas Deformações Em Resfriamento

Com o objetivo de investigar o comportamento mecânico do aço IF

durante o resfriamento, foram realizadas várias seqüências de deformações

programadas em resfriamento contínuo. Em todas as seqüências as amostras

eram aquecidas a 1200°C por 10 minutos e em seguida submetidas a uma

deformação de 0,2 chamada de passe ,D0, para gerar grãos com granulometria

fina e com tamanho médio igual em todos os experimentos. Após o passe zero,

as amostras eram resfriadas continuamente com taxa de 2 °C/s e ensaiadas

com deformações consecutivas de 0,3 com taxa de 1 s-1. Cada uma destas

seqüências de deformações foi realizada com tempos de espera entre passes

iguais, sendo que foram realizadas diferentes seqüências com tempos de

espera de 38, 15, 7, 3, 1 e 0,5 segundos.

As Figuras 4.44a a 4.61a mostram os resultados experimentais obtidos

nos ensaios realizados com múltiplas deformações. As variações da TME em

função da temperatura estão mostradas nas Figuras 4.44b a 4.61b e as

evoluções das taxas de encruamento em função das tensões aplicadas estão

mostradas nas Figuras 4.44c, 4.44d e 4.44e a 4.61c, 4.61d e 4.61e

Page 97: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

97

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,50

20

40

60

80

100

120

140

160 passe

"5"

passe

"1" (a)

Tens

ão E

quiv

alen

te (M

Pa)

Deformação Equivalente

7,2 8,0 8,8 9,6 10,40

20

40

60

80

100

120

140

160

TM

E (

MP

a)

10000/T (K-1

)

1120 960 800

698 oC1158

oC

(b)

T (oC)

25 500

350

700 passe 1

30 60

passe 4passe 3

passe 2

35 700

350

700

Ta

xa d

e e

ncr

ua

me

nto

(M

Pa

)

Tensão Equivalente (MPa)50 100

(c)

Figura 4.44 – Continua na página seguinte.

Page 98: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

98

40 80- 2 0 0

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

8 0 0

1000passe 5

40 60

passe 6

40 60

passe 7

60 80- 2 0 0

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

8 0 0

1000

passe 8

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

64 96

passe 9

Tensão Equivalente (MPa)96 1 1 2

p a s s e 1 0

(d)

Figura 4.44 - Ensaio com deformações múltiplas em resfriamento contínuo com

tempo de espera entre passes de 38 segundos. (a) curvas de escoamento

plástico. (b) variação da TME com a temperatura. (c) e (d) variações das taxas

de encruamento em função da tensão aplicada.

Page 99: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

99

0 1 2 3 4 5 60

20

40

60

80

100

120

140

160 passe

"15"

p a s s e

" 9 "

passe

"5"

passe

"1" (a)

Tens

ão E

quiv

alen

te (M

Pa)

Deformação Equivalente

7 8 9 10 110

20

40

60

80

100

120

140

160

TME

(MPa

)

10000/T (K-1)

1120 960 800 640

(b)

658 oC

1183 oC

T (oC)

20 400

350

700passe 1

20 40

passe 2

25 500

350

700 passe 4passe 3

Ta

xa d

e e

ncr

ua

me

nto

(M

Pa

)

Tensão Equivalente (MPa)30 60

(c)

30 600

350

700passe 5

Ta

xa d

e e

ncr

ua

me

nto

(M

Pa

)

40 80

passe 6

45 900

350

700 passe 7

Tensão Equivalente (MPa)50 100

passe 8

(d)

Figura 4.45 - Continua na página seguinte.

Page 100: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

100

3 5 7 0- 2 0 0

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

8 0 0

1 0 0 0

p a s s e 9

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

1 5 3 0

p a s s e 1 0

1 8 3 6

p a s s e 1 1

1 8 3 6- 2 0 0

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

8 0 0

1 0 0 0

p a s s e 1 2

2 6 5 2

p a s s e 1 3

Tensão Equivalente (MPa)3 8 5 7

p a s s e 1 4

(e)

45 60-200

0

200

400

600

800

1 0 0 0

passe 15

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

60 75

passe 16

64 80

passe 17

72 90-200

0

200

400

600

800

1 0 0 0

passe 18

80 100

passe 19

Tensão Equivalente (MPa)90 105

passe 20

(f)

Figura 4.45 - Ensaio com deformações múltiplas em resfriamento contínuo com

tempo de espera entre passes de 15 segundos. (a) curvas de escoamento

plástico. (b) variação da TME com a temperatura. (c), (d), (e) e (f) variações

das taxas de encruamento em função da tensão aplicada.

Page 101: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

101

0 1 2 3 4 5 60

20

40

60

80

100

120

140

160 passe

"13"

passe

"7"

passe

"1" (a)

Tens

ão E

quiv

alen

te (

MP

a)

Deformação Equivalente

7,0 7,5 8,0 8,50

20

40

60

80

100

120

140

160

TM

E (

MP

a)

10000/T (K-1

)

1080 990 900

895 oC1132

oC

(b)

T (oC)

3 0 6 00

350

700passe 1

3 0 6 0

passe 2

3 0 6 0

passe 3

3 0 6 00

350

700passe 4

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

4 0 8 0

passe 5

Tensão Equivalente (MPa)6 0 9 0

passe 6

(c)

Figura 4.46 - Continua na página seguinte.

Page 102: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

102

40 800

3 5 0

7 0 0passe 7

60 90

passe 8

50 1 0 0

passe 9

50 1 0 00

3 5 0

7 0 0 passe 10

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

50 1 0 0

passe 11

Tensão Equiva lente (MPa)50 1 0 0

passe 12

(d)

5 0 1 0 00

3 5 0

7 0 0p a s s e 1 3

5 0 1 0 0

p a s s e 1 4

5 0 1 0 0

p a s s e 1 5

5 0 1 0 00

3 5 0

7 0 0p a s s e 1 6

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

5 5 1 1 0

p a s s e 1 7

Tensão Equ iva len te (MPa)6 0 9 0

p a s s e 1 8

(e)

Figura 4.46 - Ensaio com deformações múltiplas em resfriamento contínuo com

tempo de espera entre passes de 7 segundos. (a) curvas de escoamento

plástico. (b) variação da TME com a temperatura. (c), (d) e (e) variações das

taxas de encruamento em função da tensão aplicada.

Page 103: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

103

0 1 2 3 4 5 60

20

40

60

80

100

120

140

160 passe

"13"

passe

"7"

passe

"1" (a)

Tens

ão E

quiv

alen

te (

MP

a)

Deformação Equivalente

8,1 8,4 8,7 9,0 9,3 9,60

20

40

60

80

100

120

140

160

TM

E (

MP

a)

10000/T (K-1

)

910 840 770

786 oC942

oC

(b)

T (oC)

5 0 1000

350

700p a s s e 1

5 0 100

p a s s e 2

5 0 100

p a s s e 3

5 5 1100

350

700 p a s s e 4

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

5 5 110

p a s s e 5

Tensão Equivalente (MPa)3 5 7 0

0

400

800

p a s s e 6

(c)

Figura 4.47 - Continua na página seguinte.

Page 104: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

104

2 0 4 0- 2 0 0

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

8 0 0

1 0 0 0p a s s e 7

2 0 4 0

p a s s e 8

4 0 4 8

p a s s e 9

3 2 4 8- 2 0 0

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

8 0 0

1 0 0 0

p a s s e 1 0

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

3 4 5 1

p a s s e 1 1

Tensão Equivalente (MPa)3 6 5 4

p a s s e 1 2

(d)

39 52-200

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

8 0 0

1000passe 13

42 56

passe 14

48 60

passe 15

42 56-200

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

8 0 0

1000

passe 16

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

48 64

passe 17

Tensão Equiva lente (MPa)55 66

passe 18

(e)

Figura 4.47 - Ensaio com deformações múltiplas em resfriamento contínuo com

tempo de espera entre passes de 7 segundos. (a) curvas de escoamento

plástico. (b) variação da TME com a temperatura. (c), (d) e (e) variações das

taxas de encruamento em função da tensão aplicada.

Page 105: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

105

0 1 2 3 4 5 60

20

40

60

80

100

120

140

160 passe

"13"

passe

"7"

passe

"1" (a)

Tens

ão E

quiv

alen

te (

MP

a)

Deformação Equivalente

7,2 7,4 7,6 7,8 8,00

20

40

60

80

100

120

140

160

TM

E (

MP

a)

10000/T (K-1

)

1100 1050 1000

976 oC1110

oC

(b)

T (oC)

4 0 8 00

3 5 0

7 0 0

p a s s e 1

3 5 7 0

p a s s e 2

4 0 8 0

p a s s e 3

4 0 8 00

3 5 0

7 0 0p a s s e 4

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

4 0 8 0

p a s s e 5

Tensão Equ iva len te (MPa)4 0 8 0

p a s s e 6

(c)

Figura 4.48 - Continua na página seguinte.

Page 106: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

106

4 0 8 00

3 5 0

7 0 0

p a s s e 7

5 0 7 5

p a s s e 8

5 2 7 8

p a s s e 9

4 0 8 00

3 5 0

7 0 0p a s s e 1 0

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

4 0 8 0

p a s s e 1 1

T e n s ã o E q u i v a l e n t e ( M P a )4 0 8 0

p a s s e 1 2

(d)

50 1 0 00

3 5 0

7 0 0p a s s e 1 3

50 1 0 0

p a s s e 1 4

50 1 0 0

p a s s e 1 5

50 1 0 00

3 5 0

7 0 0 p a s s e 1 6

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

50 1 0 0

p a s s e 1 7

Tensão Equ iva len te (MPa)50 1 0 0

p a s s e 1 8

(e)

Figura 4.48 - Ensaio com deformações múltiplas em resfriamento contínuo com

tempo de espera entre passes de 3 segundos. (a) curvas de escoamento

plástico. (b) variação da TME com a temperatura. (c), (d) e (e) variações das

taxas de encruamento em função da tensão aplicada.

Page 107: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

107

0 1 2 3 4 5 60

20

40

60

80

100

120

140

160 passe

"13"

passe

"7"

passe

"1" (a)

Tens

ão E

quiv

alen

te (

MP

a)

Deformação Equivalente

7,8 8,0 8,2 8,4 8,60

20

40

60

80

100

120

140

160

TM

E (

MP

a)

10000/T (K-1

)

1000 960 920 880

892 oC1010

oC

(b)

T (oC)

50 1 0 00

3 5 0

7 0 0passe 1

50 1 0 0

passe 2

50 1 0 0

passe 3

50 1 0 00

3 5 0

7 0 0passe 4

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

50 1 0 0

passe 5

50 1 0 0

passe 6

Tensão Equivalente (MPa)

(c)

Figura 4.49 - Continua na página seguinte.

Page 108: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

108

5 0 1 0 00

3 5 0

7 0 0p a s s e 7

5 0 1 0 0

p a s s e 8

5 0 1 0 0

p a s s e 9

5 5 1 1 00

3 5 0

7 0 0 p a s s e 1 0

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

5 5 1 1 0

p a s s e 1 1

Tensão Equivalente (MPa)5 5 1 1 0

p a s s e 1 2

(d)

55 1 1 00

3 5 0

7 0 0passe 13

60 1 2 0

passe 14

55 1 1 0

passe 15

60 1 2 00

3 5 0

7 0 0 passe 16

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

55 1 1 0

passe 17

Tensão Equ iva len te (MPa)60 90

0

4 0 0

8 0 0passe 18

(e)

Figura 4.49 - Ensaio com deformações múltiplas em resfriamento contínuo com

tempo de espera entre passes de 3 segundos. (a) curvas de escoamento

plástico. (b) variação da TME com a temperatura. (c), (d) e (e) variações das

taxas de encruamento em função da tensão aplicada.

Page 109: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

109

0 1 2 3 4 5 60

20

40

60

80

100

120

140

160 passe

"13"

passe

"7"

passe

"1" (a)

Tens

ão E

quiv

alen

te (

MP

a)

Deformação Equivalente

8,4 8,6 8,8 9,00

20

40

60

80

100

120

140

160

TM

E (

MP

a)

10000/T (K-1

)

900 870 840

832 oC910

oC

(b)

T (oC)

5 0 1000

350

700p a s s e 1

8 4 112

p a s s e 2

7 0 105

p a s s e 3

6 0 9 0- 2 0 0

0

200

400

600

800

1 0 0 0

p a s s e 4

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

5 6 7 0

p a s s e 5

Tensão Equ iva len te (MPa)4 0 6 0

p a s s e 6

(c)

Figura 4.50 - Continua na página seguinte.

Page 110: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

110

3 2 4 8- 2 0 0

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

8 0 0

1 0 0 0

p a s s e 7

2 6 3 9

p a s s e 8

2 7 3 6

p a s s e 9

2 4 3 6- 2 0 0

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

8 0 0

1 0 0 0

p a s s e 1 0

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

2 7 3 6

p a s s e 1 1

Tensão Equiva lente (MPa)2 7 3 6

p a s s e 1 2

(d)

24 36-200

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

8 0 0

1 0 0 0passe 13

24 36

passe 14

32 40

passe 15

26 39-200

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

8 0 0

1 0 0 0

passe 16

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

32 40

passe 17

Tensão Equivalente (MPa)32 40

passe 18

(e)

Figura 4.50 - Ensaio com deformações múltiplas em resfriamento contínuo com

tempo de espera entre passes de 3 segundos. (a) curvas de escoam ento

plástico. (b) variação da TME com a temperatura. (c), (d) e (e) variações das

taxas de encruamento em função da tensão aplicada.

Page 111: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

111

0 1 2 3 4 5 60

20

40

60

80

100

120

140

160p a s s e

"13"

passe

"7"

passe

"1" (a)

Tens

ão E

quiv

alen

te (

MP

a)

Deformação Equivalente

7,1 7,2 7,3 7,40

20

40

60

80

100

120

140

160

TM

E (

MP

a)

10000/T (K-1

)

1120 1100 1080

1074 oC1127

oC

(b)

T (oC)

3 0 6 00

350

700p a s s e 1

3 0 6 0

p a s s e 2

3 0 6 0

p a s s e 3

3 0 6 00

350

700 p a s s e 4

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

3 0 6 0

p a s s e 5

Tensão Equ iva len te (MPa)3 0 6 0

0

400

800p a s s e 6

(c)

Figura 4.51 - Continua na página seguinte.

Page 112: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

112

3 0 6 00

3 5 0

7 0 0p a s s e 7

3 0 6 0

p a s s e 8

3 0 6 0

p a s s e 9

3 0 6 00

3 5 0

7 0 0 p a s s e 1 0

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

3 0 6 0

p a s s e 1 1

Tensão Equ iva len te (MPa)3 0 6 0

p a s s e 1 2

(d)

3 0 6 00

3 5 0

7 0 0p a s s e 1 3

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

3 0 6 0

p a s s e 1 4

3 0 6 0

p a s s e 1 5

3 0 6 00

3 5 0

7 0 0 p a s s e 1 6

3 0 6 0

p a s s e 1 7

Tensão Equivalente (MPa)3 0 6 0

p a s s e 1 8

(e)

Figura 4.51 - Ensaio com deformações múltiplas em resfriamento contínuo com

tempo de espera entre passes de 1 segundo. (a) curvas de escoamento

plástico. (b) variação da TME com a temperatura. (c), (d) e (e) variações das

taxas de encruamento em função da tensão aplicada.

Page 113: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

113

0 1 2 3 4 5 60

20

40

60

80

100

120

140

160 passe

"13"

passe

"7"

passe

"1" (a)

Tens

ão E

quiv

alen

te (

MP

a)

Deformação Equivalente

7,7 7,8 7,9 8,00

20

40

60

80

100

120

140

160

TM

E (

MP

a)

10000/T (K-1

)

1020 1000 980

973 oC1023

oC

(b)

T (oC)

45 900

3 5 0

7 0 0passe 1

45 90

passe 2

50 1 0 0

passe 3

45 900

3 5 0

7 0 0 passe 4

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

45 90

passe 5

Tensão Equivalente (MPa)45 90

passe 6

(c)

Figura 4.52 - Continua na página seguinte.

Page 114: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

114

5 0 1 0 00

3 5 0

7 0 0p a s s e 7

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

5 0 1 0 0

p a s s e 8

5 0 1 0 0

p a s s e 9

5 0 1 0 00

3 5 0

7 0 0 p a s s e 1 0

5 0 1 0 0

p a s s e 1 1

Tensão Equiva lente (MPa)

5 0 1 0 0

p a s s e 1 2

(d)

5 0 1 0 00

3 5 0

7 0 0p a s s e 1 3

5 0 1 0 0

p a s s e 1 4

5 0 1 0 0

p a s s e 1 5

5 0 1 0 00

3 5 0

7 0 0 p a s s e 1 6

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

5 0 1 0 0

p a s s e 1 7

Tensão Equ iva lente (MPa)5 0 1 0 0

p a s s e 1 8

(e)

Figura 4.52 - Ensaio com deformações múltiplas em resfriamento contínuo com

tempo de espera entre passes de 1 segundo. (a) curvas de escoamento

plástico. (b) variação da TME com a temperatura. (c), (d) e (e) variações das

taxas de encruamento em função da tensão aplicada.

Page 115: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

115

0 1 2 3 4 5 60

20

40

60

80

100

120

140

160 passe

"13"

passe

"7"

passe

"1" (a)

Tens

ão E

quiv

alen

te (

MP

a)

Deformação Equivalente

8,0 8,1 8,2 8,30

20

40

60

80

100

120

140

160

TM

E (

MP

a)

10000/T (K-1

)

980 960 940

931 oC978

oC

(b)

T (oC)

5 0 1 0 00

3 5 0

7 0 0p a s s e 1

5 5 1 1 0

p a s s e 2

6 4 8 0

p a s s e 3

6 0 9 00

3 5 0

7 0 0 p a s s e 4

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

4 5 9 0

p a s s e 5

Tensão Equ iva len te (MPa)5 0 1 0 0

p a s s e 6

(c)

Figura 4.53 - Continua na página seguinte.

Page 116: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

116

5 0 1 0 00

3 5 0

7 0 0p a s s e 7

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

5 0 1 0 0

p a s s e 8

5 0 1 0 0

p a s s e 9

5 0 1 0 00

3 5 0

7 0 0 p a s s e 1 0

5 0 1 0 0

p a s s e 1 1

Tensão Equ iva len te (MPa)

5 0 1 0 0

p a s s e 1 2

(d)

5 0 1 0 00

3 5 0

7 0 0p a s s e 1 3

5 0 1 0 0

p a s s e 1 4

5 0 1 0 0

p a s s e 1 5

5 0 1 0 00

3 5 0

7 0 0 p a s s e 1 6

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

5 0 1 0 0

p a s s e 1 7

Tensão Equiva lente (MPa)5 0 1 0 0

p a s s e 1 8

(e)

Figura 4.53 - Ensaio com deformações múltiplas em resfriamento contínuo com

tempo de espera entre passes de 1 segundo. (a) curvas de escoamento

plástico. (b) variação da TME com a temperatura. (c), (d) e (e) variações das

taxas de encruamento em função da tensão aplicada.

Page 117: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

117

0 1 2 3 4 5 60

20

40

60

80

100

120

140

160 passe

"13"

passe

"7"

passe

"1" (a)

Tens

ão E

quiv

alen

te (

MP

a)

Deformação Equivalente

8,16 8,24 8,32 8,40 8,480

20

40

60

80

100

120

140

160

TM

E (

MP

a)

10000/T (K-1

)

945 930 915

909 oC950

oC

(b)

T (oC)

70 1 0 50

3 5 0

7 0 0passe 1

70 1 0 5

passe 2

86 1 2 9

passe 3

70 1 0 50

3 5 0

7 0 0 passe 4

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

80 1 0 0

passe 5

Tensão Equ iva lente (MPa)70 1 0 5

passe 6

(c)

Figura 4.54 - Continua na página seguinte.

Page 118: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

118

7 0 1050

350

700p a s s e 7

7 0 105

p a s s e 8

7 0 105

p a s s e 9

7 0 1050

350

700 passe 10

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

7 0 105

passe 11

Tensão Equivalente (MPa)7 0 105

passe 12

(d)

6 0 1 2 00

3 5 0

7 0 0p a s s e 1 3

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

6 0 1 2 0

p a s s e 1 4

8 0 1 2 0

p a s s e 1 5

7 0 1 0 50

3 5 0

7 0 0 p a s s e 1 6

7 0 1 0 5

p a s s e 1 7

Tensão Equivalente (MPa)7 0 1 0 5

p a s s e 1 8

(e)

Figura 4.54 - Ensaio com deformações múltiplas em resfriamento contínuo com

tempo de espera entre passes de 1 segundo. (a) curvas de escoamento

plástico. (b) variação da TME com a temperatura. (c), (d) e (e) variações das

taxas de encruamento em função da tensão aplicada.

Page 119: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

119

0 1 2 3 4 5 60

20

40

60

80

100

120

140

160 passe

"13"

passe

"7"

passe

"1" (a)

Ten

são

Equ

ival

ente

(MP

a)

Deformação Equivalente

8,3 8,4 8,50

20

40

60

80

100

120

140

160

TM

E (

MP

a)

10000/T (K-1

)

920 900

898 oC929

oC

(b)

T (oC)

6 0 1 2 00

3 5 0

7 0 0p a s s e 1

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

1 0 5 1 4 0

p a s s e 2

9 0 1 2 0

p a s s e 3

9 0 1 2 00

3 5 0

7 0 0 p a s s e 4

8 0 1 2 0

p a s s e 5

Tensão Equiva lente (MPa)8 0 1 2 0

p a s s e 6

(c)

Figura 4.55 - Continua na página seguinte.

Page 120: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

120

8 0 1 2 00

3 5 0

7 0 0p a s s e 7

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

8 0 1 2 0

p a s s e 8

8 0 1 2 0

p a s s e 9

8 0 1 2 00

3 5 0

7 0 0 p a s s e 1 0

8 0 1 2 0

p a s s e 1 1

Tensão Equ iva len te (MPa)8 0 1 2 0

p a s s e 1 2

(d)

9 0 1 2 00

3 5 0

7 0 0p a s s e 1 3

8 0 1 2 0

p a s s e 1 4

8 0 1 2 0

p a s s e 1 5

8 0 1 2 00

3 5 0

7 0 0 p a s s e 1 6

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

Tensão Equ iva len te (MPa)8 0 1 2 0

p a s s e 1 7

(e)

Figura 4.55 - Ensaio com deformações múltiplas em resfriamento contínuo com

tempo de espera entre passes de 1 segundo. (a) curvas de escoamento

plástico. (b) variação da TME com a temperatura. (c), (d) e (e) variações das

taxas de encruamento em função da tensão aplicada.

Page 121: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

121

0 1 2 30

20

40

60

80

100

120

140

160passe

"5"

passe

"1" (a)

Tens

ão E

quiv

alen

te (M

Pa)

Deformação Equivalente

8,45 8,500

20

40

60

80

100

120

140

160

TM

E (

MP

a)

10000/T (K-1

)

910 900

901 oC912

oC

(b)

T (oC)

55 1 1 0- 2 0 0

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

8 0 0

1 0 0 0p a s s e 1

1 1 0 1 3 2

p a s s e 2

1 0 8 1 2 6

p a s s e 3

1 0 0 1 2 5

p a s s e 4

1 0 0 1 2 5- 2 0 0

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

8 0 0

1 0 0 0

p a s s e 5

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

90 1 0 5

p a s s e 6

Tensão Equivalente (MPa)90 1 2 0

p a s s e 7

(c)

Figura 4.56 - Ensaio com deformações múltiplas em resfriamento contínuo com

tempo de espera entre passes de 1 segundo. (a) curvas de escoamento

plástico. (b) variação da TME com a temperatura. (c) variações das taxas de

encruamento em função da tensão aplicada.

Page 122: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

122

0 1 2 3 4 5 60

20

40

60

80

100

120

140

160 passe

"13"

passe

"7"

passe

"1" (a)

Tens

ão E

quiv

alen

te (

MP

a)

Deformação Equivalente

8,8 8,9 9,0 9,10

20

40

60

80

100

120

140

160

TM

E (

MP

a)

10000/T (K-1

)

860 840

831 oC870

oC

(b)

T (oC)

36 54-200

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

8 0 0

1 0 0 0p a s s e 1

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

50 55

-200

0

2 0 0p a s s e 2

45 50

p a s s e 3

45 50

-200

0

2 0 0 p a s s e 4

44 48

p a s s e 5

Tensão Equivalente (MPa)45 48

p a s s e 6

(c)

Figura 4.57 - Continua na página seguinte.

Page 123: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

123

4 2 4 8

-200

0

200 p a s s e 7

Ta

xa

de

En

cru

am

en

to (

MP

a)

4 0 4 5

p a s s e 8

4 0 4 5

p a s s e 9

4 0 4 5

-200

0

200 passe 10

4 0 4 5

passe 11

Tensão Equ iva len te (MPa)4 2 4 8

passe 12

(d)

4 0 4 5

-200

0

200 p a s s e 1 3

4 2 4 8

p a s s e 1 4

4 5 5 0

p a s s e 1 5

4 2 4 8

-200

0

200 p a s s e 1 6

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

4 5 5 0

p a s s e 1 7

Tensão Equivalente (MPa)4 5 5 0

p a s s e 1 8

(e)

Figura 4.57 - Ensaio com deformações múltiplas em resfriamento contínuo com

tempo de espera entre passes de 1 segundo. (a) curvas de escoamento

plástico. (b) variação da TME com a temperatura. (c), (d) e (e) variações das

taxas de encruamento em função da tensão aplicada.

Page 124: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

124

0 1 2 3 4 5 60

20

40

60

80

100

120

140

160 passe

"13"

passe

"7"

passe

"1" (a)

Ten

são

Equ

ival

ente

(MP

a)

Deformação Equivalente

8,00 8,05 8,10 8,150

20

40

60

80

100

120

140

160

TM

E (

MP

a)

10000/T (K-1

)

980 970 960

954 oC979

oC

(b)

T (oC)

3 6 7 20

4 0 0

8 0 0p a s s e 1

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

9 1 1 0 4

0

1 5 0

3 0 0 p a s s e 2

8 8 9 9

0

7 0

1 4 0 p a s s e 3

8 8 9 6

0

6 0

1 2 0 p a s s e 4

8 1 9 0

0

7 0

1 4 0 p a s s e 5

Tensão Equivalente (MPa)

81 90

0

6 0

1 2 0 p a s s e 6

(c)

Figura 4.58 - Continua na página seguinte.

Page 125: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

125

81 90

0

70

140 passe 7

81 90

0

80

160passe 8

84 91

0

60

120 passe 9

80 88

0

75

150passe 10

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

80 88

0

90

180 passe 11

Tensão Equivalente (MPa)

77 8 8

0

110

220 passe 12

(d)

7 7 8 8

0

8 0

160passe 13

7 7 8 8

0

8 0

160passe 14

7 7 8 8

0

8 0

160passe 15

8 0 9 0

0

7 0

140 passe 16

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

8 0 9 0

0

6 0

120 passe 17

Tensão Equivalente (MPa)

7 7 8 8

0

8 0

160 passe 18

(e)

Figura 4.58 - Ensaio com deformações múltiplas em resfriamento contínuo com

tempo de espera entre passes de 0,5 segundo. (a) curvas de escoamento

plástico. (b) variação da TME com a temperatura. (c), (d) e (e) variações das

taxas de encruamento em função da tensão aplicada.

Page 126: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

126

0 1 2 3 4 5 60

20

40

60

80

100

120

140

160 passe

"13"

passe

"7"

passe

"1" (a)

Tens

ão E

quiv

alen

te (

MP

a)

Deformação Equivalente

8,2 8,30

20

40

60

80

100

120

140

160

TM

E (

MP

a)

10000/T (K-1

)

950 940 930

930 oC950

oC

(b)

T (oC)

40 800

350

700

passe 1

96 1120

150

300

450 passe 2

91 1040

150

300passe 3

96 102

0

60

120 passe 4

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

92 96 100

0

70

140passe 5

Tensão Equivalente (MPa)

92 94

0

70

140passe 6

(c)

Figura 4.59 - Continua na página seguinte.

Page 127: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

127

81 900

100

200

300 passe 7

80 880

100

200

300 passe 8

81 90

0

150

300 passe 9

88 90

0

50 passe 10

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

84 900

40

80passe 11

Tensão Equivalente (MPa)80 88

0

60

120passe 12

(d)

8 0 8 80

7 0

1 4 0 p a s s e 1 3

8 4 9 00

5 0

1 0 0p a s s e 1 4

7 8 9 10

7 0

1 4 0p a s s e 1 5

7 7 8 80

6 0

1 2 0

1 8 0 p a s s e 1 6

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

6 4 8 0

0

2 5 0

5 0 0 p a s s e 1 7

Tensão Equivalente (MPa)

7 2 9 00

1 5 0

3 0 0

4 5 0p a s s e 1 8

(e)

Figura 4.59 - Ensaio com deformações múltiplas em resfriamento contínuo com

tempo de espera entre passes de 0,5 segundo. (a) curvas de escoamento

plástico. (b) variação da TME com a temperatura. (c), (d) e (e) variações das

taxas de encruamento em função da tensão aplicada.

Page 128: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

128

0 1 2 3 4 5 60

20

40

60

80

100

120

140

160 passe

"13"

passe

"7"

passe

"1" (a)

Ten

são

Equ

ival

ente

(MP

a)

Deformação Equivalente

8,30 8,35 8,40 8,450

20

40

60

80

100

120

140

160

TM

E (

MP

a)

10000/T (K-1

)

930 920 910

909 oC932

oC

(b)

T (oC)

4 0 8 00

350

700passe 1

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

108 1170

5 0

100

150 passe 2

9 6 1080

150

300

450passe 3

9 6 1040

6 0

120

180passe 4

8 8 9 90

7 0

140

210passe 5

Tensão Equivalente (MPa)

8 8 9 90

8 0

160

240

passe 6

(c)

Figura 4.60 - Continua na página seguinte.

Page 129: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

129

8 8 9 90

100

200 passe 7

8 8 9 60

6 0

120

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

passe 8

8 4 9 60

8 0

160 passe 9

7 5 9 00

220

440 p a s s e 1 0

7 2 9 0

0

200

400

600p a s s e 1 1

Tensão Equivalente (MPa)

8 4 9 80

8 0

1 6 0

2 4 0

p a s s e 1 2

(d)

7 8 9 10

9 0

1 8 0

2 7 0 p a s s e 1 3

7 8 9 10

9 0

1 8 0

2 7 0 p a s s e 1 4

8 4 9 60

6 0

1 2 0

1 8 0 p a s s e 1 5

8 4 9 60

5 0

1 0 0

1 5 0 p a s s e 1 6

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

8 4 9 60

7 0

1 4 0

2 1 0p a s s e 1 7

Tensão Equivalente (MPa)

8 4 9 60

5 0

1 0 0

1 5 0p a s s e 1 8

(e)

Figura 4.60 - Ensaio com deformações múltiplas em resfriamento contínuo com

tempo de espera entre passes de 0,5 segundo. (a) curvas de escoamento

plástico. (b) variação da TME com a temperatura. (c), (d) e (e) variações das

taxas de encruamento em função da tensão aplicada.

Page 130: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

130

0 1 2 3 4 5 60

20

40

60

80

100

120

140

160 passe

"13"

passe

"7"

passe

"1" (a)

Tens

ão E

quiv

alen

te (

MP

a)

Deformação Equivalente

9,00 9,05 9,10 9,150

20

40

60

80

100

120

140

160

TM

E (

MP

a)

10000/T (K-1

)

837 828 819

818 oC836

oC

(b)

T (oC)

20 400

350

700 passe 1

Ta

xa d

e e

ncr

ua

me

nto

(M

Pa

)

52 54

-25

0

25 passe 2

49,6 50,4

-60

-30

0

30 passe 3

48 50

-25

0

25

50 passe 4

Tensão Equivalente (MPa)45 50

0

20

40 passe 5

48 51

-22

0

22

44 passe 6

(c)

Figura 4.61 - Continua na página seguinte.

Page 131: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

131

4 8 5 1- 7 0

- 3 5

0

3 5

7 0passe 7

4 8 5 1

- 3 6

0

3 6

7 2 passe 8

4 6 4 8

- 4 0

0

4 0passe 9

4 6 4 8

- 1 5

0

1 5

3 0

4 5 passe 10

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

4 4 4 6

- 5 2

- 2 6

0

2 6

5 2 passe 11

Tensão Equivalente (MPa)4 4 4 6

- 2 0

0

2 0

4 0

passe 12

(d)

4 4 4 6

- 2 0

0

2 0

4 0 p a s s e 1 3

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

4 2 4 5

- 5 0

- 2 5

0

2 5

5 0 p a s s e 1 4

4 4 4 6

- 2 5

0

2 5

5 0p a s s e 1 5

4 4 4 6

- 2 5

0

2 5

5 0 p a s s e 1 6

4 4 4 6

- 2 0

0

2 0

4 0 p a s s e 1 7

Tensão Equiva lente (MPa)

4 4 4 8- 3 5

0

3 5

7 0

1 0 5

1 4 0p a s s e 1 8

(e)

Figura 4.61 - Ensaio com deformações múltiplas em resfriamento contínuo com

tempo de espera entre passes de 0,5 segundo. (a) curvas de escoamento

plástico. (b) variação da TME com a temperatura. (c), (d) e (e) variações das

taxas de encruamento em função da tensão aplicada.

Page 132: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

132

As Figuras 4.44a e 4.45a mostram que as seqüências de deformações

programadas em resfriamento foram realizadas nas regiões austenítica e

ferrítica. Através da análise das Figura 4.44b e 4.45b pode-se observar que na

fase austenítica a TME cresce com a diminuição da temperatura até que inicie

a transformação de fase (γ→α), indicado pela queda brusca da TME. Na ferrita,

também, a TME cresce com a diminuição da temperatura. Observa-se,

também, que como o tempo entre passes é longo, 38 e 15 segundos, tem-se o

amaciamento completo no intervalo entre passes.

Para analisar o comportamento do amaciamento durante a realização

das deformações, foram construídas curvas da taxa de encruamento (θ=dσ/dε)

em função da tensão aplicada. Quando o início da recristalização dinâmica é

atingido durante as deformações, tem-se os pontos de inflexão, como podem

ser observados nas Figuras 4.44c, no passe 1, e 4.45c, nos passes 1, 2, 3 e 4.

Nos passes restante, todavia, as deformações aplicadas não conduzem à

recristalização dinâmica, devido ao fato de serem menores que a deformação

crítica (εc).

Assim, analisando as Figuras 4.44 e 4.45, de uma forma geral, observa-

se um conjunto de fenômenos metalúrgico atuando no material. Durante a

deformação tem -se o encruamento e a recuperação dinâmica na região

ferrítica, e na região austenítica observa-se ainda, em alguns passes, a

recristalização dinâmica. Devido aos longos tempos entre passes tem-se a

recuperação e recristalização estática, como fenômeno de amaciamento, no

intervalo entre passes na austenita.

As Figuras 4.46 a 4.50, representam ensaios realizados com tempos entre

passes de 7 e 3 segundos e indicam que há uma competição entre os fenômenos de

encruamento e de recristalização dinâmica na austenita. Estas diferenças são

observadas pela existência ou não de pontos de inflexão nas curvas da taxa de

encruamento em função da tensão aplicada. Nas seqüências de deformações

realizadas na ferrita, tem-se apenas a recuperação dinâmica atuando como

fenômeno de amaciamento durante a deformação.

Page 133: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

133

Na Figura 4.51 observa-se seqüência de deformações realizada em altas

temperaturas com tempo entre passes de 1 segundo. Vê-se que em todos os passes

ocorrem os pontos de inflexão, ou seja, tem-se a recristalização dinâmica do material.

Nas Figuras 4.52 até 4.56 e Figuras 4.58, 4.59 e 4.60 observa-se um

comportamento comum nas seqüências de deformações programadas em

resfriamento na região austenítica. Vê-se nestas figuras que o valor da TME

aumenta do primeiro passe para o segundo e depois há uma queda suave da

tensão até um estágio estacionário. Através da análise das curvas da variação

da taxa de encruamento em função da tensão aplicada pode-se afirmar que

deformação do primeiro passe é menor que a deformação crítica (εc), e que no

intervalo entre passes ocorre a recuperação dinâmica. Assim, o material fica

encruado e a deformação é acumulada para o passe seguinte, atingindo, na

deformação posterior, o valor crítico para o início da recristalização dinâmica.

Como conseqüência do curto intervalo entre passes e do acúmulo de

deformações tem -se a recuperação e a recristalização dinâmicas do material e

a atuação da recristalização metadinâmica como fenômenos metalúrgicos de

amaciamento do material, como pode ser observado na Figura 4.59c.

As Figuras 4.57 e 4.61 mostram os resultados das seqüências de

deformações programadas em resfriamento realizadas na região ferrítica, com

tempos entre passes de 1 e 0,5 segundos . Observa-se que TME do primeiro

passe e dos passes seguintes permanece em um estágio constante. Através

da análise das curvas da variações das taxas de encruamento em função da

tensão pode-se dizer que durante as deformações tem-se o encruamento do

material em conjunto com a recuperação dinâmica, sendo que a recuperação

estática ocorre no intervalo entre passes.

4.6 Simulação Física da Laminação de Tiras a Quente

Visando investigar os fenômenos metalúrgicos que ocorrem durante o

processamento a quente do aço IF, foram realizadas seqüências de passes

reproduzindo condições de deformações próximas às do processamento

Page 134: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

134

industrial. Cada uma dessas simulações era composta de duas etapas. A

primeira, que simulava a etapa de desbaste, era igual para todas as

seqüências de passes realizadas. Esta etapa consistia de 5 passes

consecutivos com deformações de 0,3 e taxa de deformação de 1 s-1. Estas

seqüências de deformações foram realizadas na faixa de temperaturas de

1200°C a 1155°C, com intervalo entre deformações de 10 segundos. A

segunda etapa que simulava o acabamento foi realizada após o desbaste, e

iniciava após os tempos de espera necessários para atingir as temperaturas de

início de acabamento, indicadas por F1 nas Figuras 4.62 a 4.68.

Os valores dos parâmetros de deformação aplicados na etapa de

acabamento em cada seqüência foram pré estabelecidos e divididos em dois

grupos. No primeiro grupo de ensaios, as condições de processamento

impostas foram estabelecidas para que ocorressem no material os fenômenos

metalúrgicos de recristalização estática, Figura 4.62, recristalização dinâmica,

Figura 4.63, e a recristalização metadinâmica, Figura 4.64. Também fez-se

uma seqüência de deformações na região ferrítica, Figura 4.65. No segundo

grupo de ensaios, na etapa de acabamento, foram impostos valores aos

parâmetros de deformação próximos aos utilizados no processamento

industrial, como indicado nas Tabelas 2.2, 2.3 e 2.4. As Figuras 4.66, 4.67, e

4.68 mostram os resultados destes experimentos.

Page 135: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

135

T

(ºC)

ε

T

(s)

Ý

(s-1)

F1 1077 0,3 5 1

F2 1057 0,3 5 1

F3 1020 0,3 5 1

F4 987 0,3 5 1

F5 957 0,3 - 1 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0

0

20

40

60

80

100

120

140

160

F5F4F3F2F1

Etapa de Desbaste

Etapa de AcabamentoT

ensã

o E

quiv

alen

te (

MP

a)

Deformação Equivalente(a)

(b)

4 0 6 0

0

250

500F 1

5 0 7 5

F 2

5 8 8 7

F 3

6 0 9 0

0

250

500

F 4

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

7 5 100

F 5

Tensão Equivalente (MPa)

(c)

Figura 4.62 – Continua na página seguinte.

Page 136: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

136

(d) (e)

60 80 100 120 1400

1

2

3

4

Fre

qüên

cia

(%)

Tamanho de grão (µm)

(f)

24 27 30 33 360

1

2

3

4

5

6

Fre

qüên

cia

(%)

Tamanho de grão (µm)

(g)

Figura 4.62 – Simulação física de uma seqüência de passes com o controle do

amaciamento na etapa de acabamento imposto pela recristalização estática.

(a) curvas de escoamento plástico. (b) valores impostos aos parâmetros de

processamento. (c) variações da taxa de encruamento com a tensão aplicada.

(d) e (f) microestrutura e distribuição dos tamanhos de grão em amostras

resfriadas ao ar após F5. (e) e (g) microestrutura e distribuição dos tamanhos

de grão em amostras temperadas imediatamente após F5.

Page 137: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

137

T

(ºC)

ε

t

(s)

Ý

(s-1)

F1 1008 0,3 0,5 1

F2 1006 0,3 0,5 1

F3 1004 0,3 0,5 1

F4 1000 0,3 0,5 1

F5 998 0,3 - 1 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,00

20

40

60

80

1 0 0

1 2 0

1 4 0

1 6 0

F5F4F3F2F1

Etapa de Desbaste

Etapa de AcabamentoT

en

são

Eq

uiv

ale

nte

(M

Pa

)

Deformação Equivalente

(a)

(b)

5 0 7 5

0

250

500 F 1

8 0 8 5

- 5 0

- 2 5

0F 2

7 6 8 0- 3 5

0

3 5

7 0 F 3

7 2 7 8- 2 5

0

2 5

5 0F 4

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

7 5 8 0

0

2 5

5 0 F 5

Tensão Equivalente (MPa)

(c)

Figura 4.63 – Continua na página seguinte.

Page 138: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

138

(d) (e)

80 100 120 140 160 1800

1

2

3

Fre

qüên

cia

(%)

Tamanho de grão (µm)

(f)

40 50 60 70 80 90 1000

1

2

3

4F

req

üê

nci

a (

%)

Tamanho de grão (µm)

(g)

Figura 4.63 – Simulação física de uma seqüência de passes com o controle do

amaciamento na etapa de acabamento imposto pela recristalização dinâmica.

(a) curvas de escoamento plástico. (b) valores impostos aos parâmetros de

processamento. (c) variações da taxa de encruamento com a tensão aplicada.

(d) e (f) microestrutura e distribuição dos tamanhos de grão em amostras

resfriadas ao ar após F5. (e) e (g) microestrutura e distribuição dos tamanhos

de grão em amostras temperadas imediatamente após F5.

Page 139: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

139

T

(ºC)

ε

t

(s)

Ý

(s-1)

F1 1010 0,3 5 1

F2 990 0,3 5 1

F3 966 0,3 1 1

F4 962 0,3 1 1

F5 957 0,3 - 1 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0

0

20

40

60

80

100

120

140

160

F5F4F3F2F1

Etapa de Desbaste

Etapa de AcabamentoT

ensã

o E

quiv

alen

te (

MP

a)

Deformação Equivalente(a)

(b)

50 75

0

2 5 0

5 0 0F1

56 84

F2

60 80

F3

76 95

0

2 5 0

5 0 0

F4

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

84 90

0

1 0 0

2 0 0

F5

Tensão Equivalente (MPa)

(c)

Figura 4.64 – Continua na página seguinte.

Page 140: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

140

(d) (e)

50 60 70 80 90 100 110 1200

1

2

3

4

5

Fre

qüên

cia

(%)

Tamanho de grão (µm)

(f)

40 50 60 700

1

2

3

4

5

Fre

ên

cia

(%

)

Tamanho de grão (µm)

(g)

Figura 4.64 – Simulação física de uma seqüência de passes com o controle do

amaciamento na etapa de acabamento imposto pela recristalização

metadinâmica. (a) curvas de escoamento plástico. (b) valores impostos aos

parâmetros de processamento. (c) variações da taxa de encruamento com a

tensão aplicada. (d) e (f) microestrutura e distribuição dos tamanhos de grão

em amostras resfriadas ao ar após F5. (e) e (g) microestrutura e distribuição

dos tamanhos de grão em amostras temperadas imediatamente após F5.

Page 141: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

141

T

(ºC)

ε

t

(s)

Ý

(s-1)

F1 823 0,3 0,5 1

F2 821 0,3 0,5 1

F3 820 0,3 0,5 1

F4 817 0,3 0,5 1

F5 815 0,3 - 1 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0

0

20

40

60

80

100

120

140

160

F5F4F3F2F1

Etapa de Desbaste

Etapa de AcabamentoT

ensã

o E

quiv

alen

te (

MP

a)

Deformação Equivalente(a)

(b)

4 4 5 5

0

1 0 0

2 0 0

3 0 0

4 0 0 F 1

5 2 5 4- 4 0

- 2 0

0

2 0

4 0

F 2

5 1 5 4

- 2 5

0

2 5

5 0 F 3

5 1 5 4

- 3 5

0

3 5F 4

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

5 1 5 4

- 3 5

0

3 5F 5

Tensão Equ iva len te (MPa)

(c)

Figura 4.65 – Continua na página seguinte.

Page 142: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

142

(d)

(e)

Figura 4.65 – Simulação física de uma seqüência de passes com a etapa de

acabamento na fase ferrítica. (a) curvas de escoamento plástico. (b) valores

impostos aos parâmetros de processamento. (c) variações da taxa de

encruamento com a tensão aplicada. (d) e (e) microestruturas observadas na

amostra resfriada ao ar após F5.

Page 143: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

143

T

(ºC)

ε

(%)

t

(s)

Ý

(s-1)

F1 1041 0,95 8,6 1

F2 990 0,83 4,45 1

F3 957 0,66 2,51 1

F4 939 0,54 1,56 1

F5 928 0,41 1,01 1

F6 920 0,35 - 1

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,00

20

40

60

80

1 0 0

1 2 0

1 4 0

1 6 0

F6F5F4F3F2F1

Etapa de Desbaste

Etapa de acabamentoT

en

são

Eq

uiv

ale

nte

(M

Pa

)

Deformação Equivalente

(a) (b)

3 5 7 0

0

2 5 0

5 0 0F 1

6 0 9 0

F 2

7 0 1 0 5

F 3

7 0 1 0 5

0

2 5 0

5 0 0

F 4

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

7 0 1 0 5

F 5

Tensão Equivalente (MPa)9 1 1 0 4

F 6

(c)

Figura 4.66 – Continua na página seguinte.

Page 144: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

144

(d)

100 120 140 160 1800

1

2

3

Fre

qüên

cia

(%)

Tamanho de grão (µm)

(e)

Figura 4.66 – Simulação física de uma seqüência de passes típica do processo

de tiras a quente na etapa de acabamento, sendo o amaciamento imposto pela

recristalização estática. (a) curvas de escoamento plástico. (b) valores

impostos aos parâmetros de processamento. (c) variações da taxa de

encruamento com a tensão aplicada. (d) e (e) microestrutura e distribuição dos

tamanhos de grão em amostras resfriadas ao ar após F6.

Page 145: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

145

T

(ºC)

ε

t

(s)

Ý

(s-1)

F1 1018 0,65 4,7 1

F2 999 0,66 2,64 1

F3 983 0,59 1,55 1

F4 972 0,47 1,02 1

F5 965 0,35 0,74 1

F6 960 0,31 0,56 1

F7 956 0,26 - 1

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,50

20

40

60

80

1 0 0

1 2 0

1 4 0

1 6 0

F7F6F5F4F3F2F1

Etapa de Desbaste

Etapa de AcabamentoT

en

são

Eq

uiv

ale

nte

(M

Pa

)

Deformação Equivalente

(a) (b)

56 84

0

2 5 0

5 0 0F1

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

50 75

F2

60 90

F3

68 1 0 2

F4

75 1 0 0

0

2 5 0

5 0 0F5

84 98

F6

Tensão Equivalente (MPa)96 1 0 2

- 3 5

0

35 F7

84 98

U n i ã o e n t r e o s

p a s s e s F 6 e F 7

(c)

Figura 4.67 – Continua na página seguinte.

Page 146: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

146

(d)

80 90 100 110 120 130 140 1500

1

2

3

Fre

qüên

cia

(%)

Tamanho de grão (µm)

(e)

Figura 4.67 – Simulação física de uma seqüência de passes típica do processo

de tiras a quente na etapa de acabamento, sendo o amaciamento imposto pela

recristalização dinâmica. (a) curvas de escoamento plástico. (b) valores

impostos aos parâmetros de processamento. (c) variações da taxa de

encruamento com a tensão aplicada. (d) e (e) microestrutura e distribuição dos

tamanhos de grão em amostras resfriadas ao ar após F7.

Page 147: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

147

T

(ºC)

ε

(%)

t

(s)

Ý

(s-1)

F1 982 0,60 3,27 1

F2 965 0,47 2,25 1

F3 944 0,43 1,62 1

F4 932 0,34 1,24 1

F5 921 0,33 0,93 1

F6 913 0,28 0,73 1

F7 910 0,19 - 1

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,50

20

40

60

80

100

120

140

160

F7F6F5F4F3F2F1

Etapa de Desbaste

Etapa de AcabamentoT

ensã

o E

quiv

alen

te (

MP

a)

Deformação Equivalente (MPa) (a) (b)

60 90

0

2 5 0

5 0 0F1

68 1 0 2

F2

75 1 0 0

F3

78 1 0 4

F4

84 1 0 5

0

2 5 0

5 0 0

F5

Ta

xa

de

en

cru

am

en

to (

MP

a)

90 1 0 8

F6

Tensão Equivalente (MPa)96 1 0 4 1 1 2

F7

(c)

Figura 4.68– Continua na página seguinte.

Page 148: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

148

40 50 60 70 80 900

1

2

3

4

Fre

ên

cia

(%

)

Tamanho de grão (µm)

Figura 4.68 – Simulação física de uma seqüência de passes típica do processo

de tiras a quente na etapa de acabamento, sendo o amaciamento imposto pela

recristalização metadinâmica. (a) curvas de escoamento plástico. (b) valores

impostos aos parâmetros de processamento. (c) variações da taxa de

encruamento com a tensão aplicada. (d) e (e) microestrutura e distribuição dos

tamanhos de grão em amostras resfriadas ao ar após F7.

Page 149: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

149

Na Figura 4.62a vê-se que, na etapa de acabamento, a tensão aumenta

com o decréscimo da temperatura durante a seqüência de passes, sugerindo

que não há acúmulo de deformação de um passe para o seguinte. Vê -se na

Figura 4.62c que a taxa de encruamento decresce continuamente com a

tensão aplicada sem alcançar o ponto de inflexão em nenhuma das cinco

deformações indicando que o material se recristaliza estaticamente nos

intervalos entre deformações. A Figura 4.63a mostra que na etapa de

acabamento a curva de escoamento plástico tem a forma típica apresentada

por materiais que recristalizam dinamicamente. E na Figura 4.64 vê -se que no

4o e 5 o passes o controle do processo de amaciamento é determinado pela

recristalização metadinâmica. Assim, nos três experimentos obteve-se o

controle do processo de amaciamento pelo fenômenos metalúrgico como

planejado.

Comparando-se as curvas da taxa de encruamento em função da tensão

aplicada obtidas nesta série de experimentos com as obtidas anteriormente,

por exemplo as do item 4.5, vê-se que as últimas apresentam um nível maior

de ruídos. Este alto nível de ruídos é devido à algumas mudanças realizadas

no equipamento/software e que ainda não haviam sido corrigidas na ocasião da

realização deste experimentos.

Nos experimentos realizados próximos as condições industriais,

observa-se na Figura 4.66 que o material se recristaliza dinamicamente nos

dois primeiros passes e tem -se o controle do amaciamento pela recristalização

estática nos passes finais. Na Figura 4.67 o controle do processo é

determinado pela recristalização metadinâmica e na Figura 4.68 pela

recristalização estática.

De uma forma geral, a distribuição do tamanho dos grãos tende a tomar

formas particulares em cada um dos experimentos. Quando o controle é

determinado pela recristalização estática há uma tendência a uma distribuição

mais normal como mostram as Figuras 4.62g e 4.66e, enquanto que as

recristalizações dinâmica e metadinâmica tende a distribuições mais

espalhadas.

Page 150: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

150

5 DISCUSSÃO

Neste trabalho foram aplicadas várias técnicas experimentais,

submetendo amostras a ciclos térmicos e termomecânicos em condições

próximas às do processamento a quente, medindo e observando o

comportamento de um aço livre de intersticiais. Amostras foram reaquecidas

até temperaturas típicas da etapa de encharque do processamento industrial,

deformadas isotermicamente e em resfriamento contínuo e resfriadas até a

temperatura ambiente. Este conjunto de experimentos visou investigar alguns

fenômenos característicos do processamento a quente desses aços, ou seja:

os processos de endurecimento e de amaciamento que atuam na austenita e

na ferrita durante seqüências de passes, a redução do teor de elementos em

solução sólida intersticial através da formação de precipitados, e a evolução

das temperaturas de início e fim de transição de fase com aplicação de

seqüências de deformações. A seguir discutir-se cada um destes tópicos

separadamente.

5.1 Temperaturas de Início e Fim de Transição de Fase

Para analisar a evolução das temperaturas de transição de fase com

condições de processamento pode-se comparar os resultados obtidos nos

ensaios de dilatometria com os de torção. No primeiro caso, as amostras são

reaquecidas e resfriadas continuamente até a temperatura ambiente, enquanto

que nos ensaios de torção são submetidas à deformações durante o

resfriamento. Tendo em mente que, para as condições impostas neste

trabalho, a transformação de γ→α ocorre por nucleação e crescimento, ou seja:

controlada por difusão [81], as temperaturas de transformação dependem a

taxa de resfriamento imposta e da energia armazenada pela deformação

plástica [82].

Page 151: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

151

Como uma referência para a análise dos dados experimentais, tomam-

se como temperaturas de transição de fase do aço IF em condição de equilíbrio

as indicadas no diagrama ferro-carbono da Figura 2.1, considerando que o aço

tem 30 ppm de carbono. Para estas condições, a transformação da austenita

em ferrita inicia-se em 910°C e se completa em 885°C. Estes valores,

juntamente como os valores medidos em experimentos em diferentes

condições, mas sempre com taxa de resfriamento de 2 °C/s, estão

apresentados na Tabela 5.1.

Tabela 5.1 - Valores das temperaturas de início e fim de transformação

medidos experimentalmente e em condições de equilíbrio.

T (°C)

Experimentos Ar3 Ar1

Dilatometria (Tabela 4.1) 896 872

Ensaios isotérmicos (Figuras: 4.6, 4.7 e 4.8) > 900 > 860

Múltiplos passes com tempo de espera de 15 s (Figura 4.45) 907 870

Múltiplos passes com tempo de espera de 7 s (Figura 4.46) 906 -

Múltiplos passes com tempo de espera de 7 s (Figura 4.47) 903 886

Múltiplos passes com tempo de espera de 3 s (Figura 4.49) 900 -

Múltiplos passes com tempo de espera de 3 s (Figura 4.50) 903 887

Múltiplos passes com tempo de espera de 1 s (Figura 4.55) 899 -

Equilíbrio (Figura 2.1) 910 885

A Tabela 5.1 indica que os maiores níveis das temperaturas de início e

fim de transformação são encontrados nas condições de equilíbrio, e os

menores níveis são os medidos nos ensaios dilatomêtricos . Todavia, antes de

fazer uma análise destes resultados é conveniente avaliar os erros

experimentais característicos dos ensaios. Como ponto de partida, pode-se

tomar os ensaios realizados com deformações múltiplas em resfriamento

contínuo mostrados na Figura 4.50. A 903°C, passe 2, a curva de escoamento

plástico tem a forma típica apresentada pela austenita. No passe seguinte há

uma queda acentuada da TME indicando que já iniciou-se a formação de

Page 152: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

152

ferrita. Como a taxa de resfriamento utilizada foi de 2 °C/s e o tempo entre

passes de 3 segundos, pode-se inferir que a transformação iniciou-se entre

903°C e 897°C. Da mesma forma, a transformação de fase se completa na

faixa de temperaturas entre 887°C e 881°C.

As Figuras 4.6 a 4.8 indicam que, quando o aço é deformado

isotermicamente a 900°C após um tempo de espera de 1 minuto, a curva de

escoamento plástico tem a forma e apresenta níveis de tensão característicos

da fase austenítica. Aumentando-se o tempo de espera observa-se uma queda

acentuada do nível de tensões, indicando que ocorre o início da transformação

de fase. Aumentando-se a temperatura, 910°C, tem-se uma queda no nível de

tensão, porém a curva mantém a forma típica da fase austenítica. Assim, pode-

se inferir que a temperatura de início de transformação está no intervalo entre

900-910°C. De forma similar, vê-se que a 850°C e 860°C a transformação de

fase já se completou, podendo ainda estar em curso em 870°C. Tendo em

mente que nos ensaios isotérmicos o erro experimental é de ± 3°C, pode-se

inferir que o valor da temperatura de transformação para longos tempos de

espera se aproxima dos obtidos em condições de equilíbrio.

Levando em conta os desvios inerentes aos métodos experimentais,

pode-se afirmar que os resultados obtidos indicam que os níveis mais baixos

das temperaturas de início e fim de transformação são os encontrados em

resfriamento contínuo. Os valores intermediários são os encontrados quando

da aplicação de seqüência de deformações em resfriamento contínuo, e os

valores máximos quando os ensaios são realizados em condições próximas às

de equilíbrio.

Considerando que a transformação γ→α , para as condições impostas

neste trabalho, ocorre por nucleação e crescimento, tem -se que os resultados

obtidos são como esperado. Quando uma nova fase formou-se dentro de uma

fase-mãe, interfaces são formadas entre as duas fases. A criação de interfaces

aumenta a energia livre do sistema. Além disso, a nova fase pode ter um

volume molar diferente da fase-mãe, gerando distorções elásticas e aumentado

a energia interna por unidade de volume. Tanto o aumento da energia

interfacial quanto da energia de deformação competem com o decréscimo de

Page 153: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

153

energia livre do volume devido à transformação de uma fase menos estável, na

medida em que a temperatura é decrescida abaixo da temperatura de

transformação. Assim, quando em resfriamento contínuo, a temperatura de

transformação decai antes que formem os primeiros núcleos. Com a aplicação

de deformações, a energia por unidade de volume aumenta, acelerando o

processo de transformação de fase.

5.2 Precipitação

O baixo nível de elementos intersticiais e a formação de textura de

recozimento {111} conferem aos aços IF excelentes características de

estampabilidade [4 e 83]. Durante a laminação a quente, o nível de elementos

intersticiais tais como carbono, enxofre e nitrogênio, que não foram removidos

na aciaria, podem ser reduzidos combinados com elementos estabilizadores.

Em aços estabilizados pelo Ti, este elemento combina com o nitrogênio antes

de formar compostos com o carbono e enxofre. Evidências da formação de

precipitados destes tipos foram observados nos ensaios isotérmicos com duas

deformações, ver Figuras 4.23 a 4.25. Nos ensaios realizados a 1050°C e a

1000°C, o parâmetro de amaciamento aumenta com o tempo de espera de

forma sigmoidal, indicando que o amaciamento após a primeira deformação se

completa com a recuperação e a recristalização da estrutura deformada no

primeiro passe [79 e 80]. Em 950°C, 920°C e 900°C as curvas assumem uma

forma algo diferente; apresentam um patamar, indicando que o processo de

amaciamento é interrompido em um determinado intervalo de tempo. A

literatura [70, 80 e 84] tem identificados patamares com os formados a 920°C e

900°C como sendo conseqüências da precipitação induzida por deformação.

Observado as curvas de escoamento plástico das Figuras citadas, notam-se

algumas diferenças entre estas curvas e as descritas na literatura [40 e 84].

Neste caso, tem-se um aumento da tensão no recarregamento após a primeira

deformação, para tempos de espera curtos. O aumento da resistência no

Page 154: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

154

intervalo entre passes sugere a predominância de mecanismos de

endurecimento sobre os de amaciamento.

As observações microestruturais realizadas utilizando técnicas de

microscopia eletrônica confirmam a presença de precipitados neste aço.

Observações realizadas com MEV em amostras reaquecidas até a temperatura

de encharque e deformadas a 1200°C, 1100°C e 1000°C detectaram partículas

com diferentes formas e composições químicas. A Figura 4.31 mostra uma

partícula com tamanho próximo a 500 nm composta com TiS e Ti4C2S. A Figura

4.35 mostra uma partícula de TiS com forma de bastão com diâmetro médio

em torno de 200 nm e a Figura 4.37 indica a formação de TiS sobre uma

partícula de TiN. Os precipitados observados representam partículas que se

formaram em etapas anteriores e não foram dissolvidos no reaquecimento.

Observações realizadas em amostras submetidas a deformações de 0,2

a 920°C com MET, utilizando a técnica de réplica de extração, mostra um

conjunto de partículas similares às observadas anteriormente por MEV. Estas

partículas têm tamanho da ordem de 200 - 500 nm, ver Figura 4.41, e não

devem inibir os processos de restauração no intervalo entre passes. Para

investigar a presença de precipitados menores, foram realizadas observações

com MET através da técnica de lâminas finas em amostras temperadas após

0,5 e 20 segundos, após deformações de 0,2 a 920°C. As fotomicrografias

apresentadas nas Figuras 4.39, 4.40b e 4.43a indicam a presença de

precipitados finos, com tamanho da ordem de 10 nm, uniformemente

distribuídos na matriz. A literatura [36 e 40] tem mostrado de forma incisiva que

precipitados com tamanhos próximos aos observados ancoram discordâncias,

retardando a processo de recuperação e consequentemente a recristalização

estática após a deformação a quente.

Como observado acima, as curvas que representam a evolução do

parâmetro de amaciamento com o tempo, para o aço em estudo, têm algumas

características próprias, como a existência de valores negativos para o

parâmetro de amaciamento. Numa tentativa para analisar este comportamento,

construiu-se um gráfico colocando junto curvas que representam ensaios

realizados no campo austenítico, como mostrado na Figura 5.1.

Page 155: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

155

0,1 1 10 100 1 0 0 0-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

1050 oC

1000 oC

9 5 0 oC

9 2 0 oC

Pa

râm

etr

o d

e a

ma

cia

me

nto

(%

)

Tempo (s)

Figura 5.1 – Variação do parâmetro de amaciamento em função do tempo para

o aço IF em várias temperaturas no campo austenítico.

As curvas obtidas dos ensaios realizados a 1050°C e 1000°C descrevem

o comportamento típico de materiais que amaciam -se por recuperação e

recristalização estática no intervalo entre passes. A 950°C a curva tem, ainda,

a forma sigmoidal para o parâmetro de amaciamento, mas apresenta valores

negativos. Estes valores negativos indicam o endurecimento do material.

Associando este fato à presença de precipitados finos, pode-se inferir que a

cinética de precipitação é suficientemente rápida, ocorrendo antes que a

recuperação estática tenha avançado significativamente, mantendo assim a

subestrutura de discordâncias. A 920 °C, o endurecimento por precipitação é

significativo após 0,5 segundo, porém, logo a seguir, é contrabalançado pelo

amaciamento, que prevalece até 5 segundos, quando deve iniciar a

recristalização estática. O patamar é uma indicação clara que a recristalização

é retardada pelos precipitados presentes.

Com o objetivos de obter mais informações sobre a interação

precipitação-restauração, foram realizados alguns experimentos

complementares. A Figura 5.2 mostra curvas de escoamento plástico de uma

amostra que foi ensaiada a 920°C com taxa de deformação de 1 s-1. Este

experimento pode ser separado em três etapas. Na primeira etapa a amostra

Page 156: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

156

foi ensaiada com 4 passes consecutivos (P1, P2, P3 e P4) com deformação de

0,2 e tempo de espera iguais a 0,5 segundo. A segunda etapa foi realizada na

mesma amostra após 10 minutos de espera, com deformações (P5, P6, P7 e

P8) iguais às da primeira etapa. A terceira etapa foi realizada com uma única

deformação após 10 minutos de espera após o quarto passe da segunda

etapa.

0 ,0 0 ,2 0 ,4 0 ,6 0 ,80

20

40

60

80

100

120

140

160

180

P 4P 3Te

ns

ão

Eq

uiv

ale

nte

(M

Pa

)

0 ,8 1 ,0 1 ,2 1 ,4 1 ,6

P 8P 7P 6P 5

Deformação Equivalente

1 ,6 2 ,0 2 ,4 2 ,8 3 ,2

σr

σd

P 9P 2P 1

Figura 5.2 - Curvas de escoamento plástico obtidas a 920°C com taxa de

deformação de 1 s-1. Os tempos entre passes: P1 e P2, P2 e P3, P3 e P4, P5 e

P6, P6 e P7, P7 e P8 foram de 0,5 segundo.

Observa-se claramente na Figura 5.2 o endurecimento por precipitação

entre os passes P1 e P2, e entre P5 e P6. Nos demais intervalos entre passes,

prevalecem os mecanismos de amaciamento, tornando-se mais marcantes

entre os passes P6 e P7 e P7 e P8. Este decréscimo no efeito endurecimento

dos precipitados pode estar associado ao esgotamento de carbono e enxofre

com o prosseguimento da seqüência de deformações.

Page 157: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

157

5.3 Processos de Amaciamento que Atuam Durante a Deformação a

Quente

5.3.1 Durante a Deformação Isotérmica

A referência básica para a análise dos mecanismos operantes em cada

etapa do processamento utilizada neste trabalho é a forma das curvas de

escoamento plástico. Assim, inicialmente deve-se olhar com mais cuidado a

forma das curvas de escoamento plástico apresentados pela austenita e pela

ferrita durante a deformação em condições isotérmicas e com taxa de

deformação constante.

A curva de escoamento plástico da austenita tem a forma típica

apresentada por materiais que se recristalizam dinamicamente. A tensão

aumenta continuamente com a deformação até um máximo e, em seguida,

decresce até um estado estacionário. Enquanto que na ferrita, a tensão

aumenta continuamente até o estado estacionário; comportamento típico de

materiais que apenas se recuperam dinamicamente. A Figura 5.3 mostra,

conjuntamente, algumas curvas obtidas no campo ferrítico e algumas obtidas

no campo austenítico. Além da diferença causada pelo pico de tensão na

austenita, vale observar que a etapa inicial das curvas também tem algumas

peculiaridades; a taxa de encruamento na ferrita decai mais rapidamente com a

tensão aplicada do que na fase austenítica, ver também as Figuras 4.10 e 4.13.

A evolução microestrutural na fase austenítica é bem conhecida: geração de

discordâncias na etapa inicial, com rearranjo e formação de núcleos ao atingir a

deformação crítica, seguida pela recristalização dinâmica [11]. Na ferrita

todavia, a evolução microestrutural é algo diferente. A seqüência de

fotomicrografias apresentada nas Figuras 4.14 a 4.20 mostra formação de

microbandas, inicialmente em uma única direção em cada grão, embora possa

ter direção diferente em grãos vizinhos. Aumentando-se a deformação, estas

linhas se interceptam, formando pequenas regiões isoladas. Alguns

pesquisadores [76 e 77] têm identificados através de observações com MET

que as microbandas são regiões de alta densidade de discordâncias, que com

Page 158: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

158

o prosseguimento da deformação, transformam -se numa subestrutura de

subgrãos.

Também vale observar na seqüência de fotos citadas acima que, em

grandes deformações, tem -se uma microestrutura formada por pequenos

grãos/subgrãos. Para afirmar com certeza, se são grãos ou subgrãos, torna-se

necessário medir a desorientação entre eles; tarefa esta que está fora do

escopo deste trabalho. Todavia, alguns pesquisadores [85 e 86] sugerem que

durante a deformação da fase ferrítica tem-se a formação de subgrãos, que

com o prosseguimento da deformação se desorientam, transformando-se em

grãos através de um processo conhecido como recristalização dinâmica

contínua.

Associando a evolução microestrutural às diferentes observadas nas

taxas de encruamento na etapa inicial das curvas de escoamento plástico,

pode-se inferir que, embora ambas as fase encruem, isto se dá de forma

diferente. Poliak e Jonas [87] sugerem que atingir a deformação crítica é uma

condição necessária para iniciar a recristalização dinâmica, porém não

suficiente. Para iniciar a recristalização dinâmica é necessário, também, que os

processos dissipativos de energia armazenada tenham um valor crítico. Na

ferrita, o processo de recuperação dinâmica é suficientemente efetivo,

dissipando parte da energia armazenada, não deixando alcançar o valor crítico

para o início da recristalização dinâmica.

Page 159: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

159

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,00

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

850 oC

800 oC

750 oC

1000 oC

950 oC

900 oC

Ten

são

Equ

ival

ente

(MP

a)

Deformação Equivalente

Figura 5.3 – Algumas curvas de escoamento plástico obtidas em ensaios

realizados no campo austenítico e no campo ferrítico, mostradas nas Figuras

4.3a e 4.3b.

A Figura 5.3 sugere também, que tanto para a austenita como para a

ferrita, variações similares nos níveis de tensão são obtidos conforme a

temperatura de ensaio é alterada. Os resultados dos cálculos das energias de

ativação aparente para a deformação a quente das fases austenítica (Q = 297

kJ/mol) e ferrítica (Q = 288 kJ/mol) confirmam que as variações de tensão

aplicada com a taxa de deformação e com a temperatura são próximas nas

duas fases, embora estas apresentem níveis de tensão distintos; a austenita e

significantemente mais resistente que a ferrita.

5.3.2 Durante Seqüências de Deformações

Em uma seqüência de passes, como ocorre na laminação a quente, os

aços são submetidos a uma série de deformações consecutivas, com um

determinado tempo de espera entre cada uma dessas deformações.

Inicialmente, grãos equiaxiais são deformados, encruados e amaciados

Page 160: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

160

dinamicamente até certa extensão, podendo restaurar estaticamente e crescer

no intervalo entre passes, gerando a microestrutura inicial para o passe

seguinte. Assim, em uma seqüência de deformações, a evolução

microestrutural acontece de forma cíclica, repetindo-se a cada unidade de

processamento termomecânico, que consiste em uma deformação individual

mais o tempo de espera até o passe seguinte.

Tomando como referência o conceito de unidade de processamento

termomecânico, faz-se a seguir a avaliação dos mecanismos de endurecimento

e de amaciamento que atuam durante uma seqüência de deformações

realizada. O experimento selecionado é o representado na Figura 4.45. Neste

experimento foram aplicadas 21 deformações consecutivas, com tempo de

espera entre passes de 15 segundos e taxa de resfriamento de 2 °C/s, sendo 9

deformações no campo austenítico, 10 na região ferrítica e duas na região

intercrítica. O passe zero foi realizado a 1200°C, visando refinar e

homogeneizar a microestrutura inicial, não sendo objeto desta análise. A região

de transição de fase é representada por uma queda brusca no nível de tensão;

a austenita é mais resistente que a ferrita.

As curvas de escoamento plástico que representam os oito passes

realizados na fase austenítica indicam dois comportamentos distintos. Nos

quatro primeiros passes, observam -se pontos de inflexão nas curvas que

descrevem a variação da taxa de encruamento em função da tensão aplicada,

enquanto que nos quatro seguintes não há evidências do início da

recristalização dinâmica, indicando que durante a deformação tem -se o

encruamento e a recuperação dinâmica. Estas observações são consistentes

com os resultados obtidos nos ensaios isotérmicos. A Tabela 4.4 indica que a

deformação crítica para o início da recristalização dinâmica no ensaio realizado

a 1100°C com taxa de 1 s -1 é igual a 0,3, confirmando a observação feita aqui,

uma vez que o quarto passe foi realizado em temperaturas próximas a 1100°C,

com deformação de 0,3. Assim, nos quatro primeiros passes a recristalização

inicia durante a deformação, no intervalo entre deformações tem -se a

recristalização metadinâmica e a recuperação estática seguida da

recristalização estática.

Page 161: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

161

Mais evidências das observações feitas acima podem ser obtidas

observando-se a curva TME x 1/T da Figura citada. A região austenítica é

representada por duas retas com transição no quarto passe, indicando que há

alterações nos mecanismos que atuam nas duas regiões. A literatura tem

observado resultados similares [88] associando esta variação da inclinação das

retas a ocorrência ou não da recristalização dinâmica.

Na região ferrítica, as curvas de escoamento plástico indicam um

comportamento similar em todas as deformações realizadas. A taxa de

encruamento decai continuamente com a tensão aplicada sem indicar a

presença de pontos de inflexão. Como esperado, durante as deformações tem-

se o encruamento seguido da recuperação dinâmica. No intervalo entre

passes, o material é amaciado pela recuperação estática seguida da

recristalização estática. A curva TME x 1/T é representada por uma única reta,

sugerindo que o amaciamento se completa nos intervalos entre passes.

Análise similar a descrita acima pode ser feita para todos os

experimentos realizados. Aumentando-se o tempo de espera entre passes, 38

segundos, tem -se um comportamento similar ao descrito acima para tempos de

espera entre deformações de 15 segundos, como mostra a Figura 4.44. Na

região austenítica tem-se o início da recristalização dinâmica no primeiro passe

e na região ferrítica o material apenas se recupera dinamicamente.

Diminuindo-se o tempo de espera entre passes, o início da

recristalização dinâmica prevalece nas deformações realizadas na austenita

em temperaturas maiores que 1100°C. Em temperaturas menores, em alguns

passes observa-se o início da recristalização dinâmica, enquanto que outros

não exibem o ponto de inflexão na curva da taxa de encruamento em função da

tensão aplicada. Comportamento deste tipo pode ser observado para tempos

de espera iguais a 3 segundos, como mostra a Figura 4.49. Nos primeiros seis

passes, não há evidências do início da recristalização dinâmica. Porém, no

sétimo passe isto é bastante claro. Esta deformação foi realizada em uma

temperatura próxima a 980°C. A Tabela 4.4 indica que a deformação crítica

para o início da recristalização dinâmica a 1000°C com taxa de 1 s-1 é igual a

0,41. Assim, como o tempo de espera entre passes é curto, o amaciamento

Page 162: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

162

entre passes não se completa, acumulando para a deformação seguinte, de

forma que no sétimo passe tem-se uma deformação maior que a crítica para o

início da recristalização dinâmica.

O acúmulo de deformação de um passe para o seguinte torna-se mais

evidente em intervalos entre passes mais curtos. Com tempos iguais a 1

segundo, obtém-se o início da recristalização dinâmica em todos as

deformações realizadas até temperaturas próximas a 1000°C, e combinações

de passes com e sem o início da recristalização dinâmica em toda a extensão

austenítica, até o início da transição de fase, ver Figuras 4.51 a 4.57.

Com tempos de espera iguais 0,5 segundo, o acúmulo de deformação

de um passe para o seguinte passa a ser a etapa controladora do processo de

amaciamento. As Figuras 4.58 a 4.60 mostram que os conjuntos de curvas de

escoamento plástico assumem a forma característica da curva de escoamento

plástico de materiais que se recristalizam dinâmica, ocorrendo a recristalização

dinâmica em quase todos as deformações realizadas. Vale apenas observar

que nos passes 9 e 10 da Figura 4.58 e 5 e 6 da Figura 4.59, as curvas da taxa

de encruamento indicam que a recristalização dinâmica se completa durante as

deformações.

Na ferrita, também observa-se o acúmulo de deformação de um passe

para o seguinte em seqüências realizadas com tempos de espera curtos. Com

tempos iguais a 1 segundo, a TME decresce conforme a seqüência de

deformações evolui do segundo para o nono passe, embora a temperatura

esteja diminuindo continuamente, ver Figuras 4.57. Com tempos de espera

menores, 0,5 segundo, o acúmulo de deformação de um passe para o seguinte

torna-se dramático, sugerindo a recristalização dinâmica da ferrita, como pode

ser visto no sétimo e oitavo passes da Figura 4.61.

Resumindo as observações feitas acima, pode-se afirmar que, na

austenita, tem -se o início da recristalização dinâmica quando o aço IF é

deformado em seqüências de passes com longos tempos de espera entre

deformações em altas temperaturas. E em temperaturas menores que 1100°C,

o amaciamento dinâmico ocorre apenas por recuperação dinâmica para

amostras deformadas com ε = 0,3 e taxa igual a 1 s-1. Diminuindo-se o tempo

Page 163: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

163

de espera entre passes, o acúmulo de deformação de um passe para o

seguinte faz com que ocorra a recristalização dinâmica em temperaturas

menores, até que com tempos de espera entre passes iguais a 0,5 segundo, o

processo de amaciamento passe a ser controlado pela recristalização

dinâmica.

Baseado nas informações descritas acima, projetou-se seqüências de

deformações visando o controle do amaciamento pela recristalização estática

entre passes, pela recristalização dinâmica e pela recristalização

metadinâmica. A Figura 4.62 indica que quando o acabamento é realizado na

faixa de temperaturas entre 1077°C e 957°C com tempos de espera de 5

segundos, o amaciamento é controlado pela recristalização estática. Na Figura

4.63, vê-se que com tempos curtos entre passes, o amaciamento é

determinado pela recristalização dinâmica, e na Figura 4.64 pela recristalização

metadinâmica nos dois últimos passes.

Toda a análise realizada baseia-se no fato que ao impor uma

deformação tem -se, inicialmente, o encruamento do material. Estando o

material em altas temperaturas, tem -se a eliminação de discordâncias pelos

processos dinâmicos de amaciamento durante a deformação e pelos estáticos

nos intervalos entre passes. Todavia, além do encruamento, pode-se aumentar

a resistência do material nas seqüências de deformações pela atuação de

outros mecanismos de endurecimento. Vale observar na Figura 4.63 que entre

os passes F1 e F2 há um aumento da tensão. Como discutido anteriormente, a

formação de precipitados finos retarda o processo de recuperação estática.

Page 164: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

164

6 CONCLUSÕES

A aplicação de várias técnicas experimentais à amostras de um aço IF

permitiu investigar os mecanismos de endurecimento e de amaciamento que

atuam em condições próximas às do processamento industrial.

Como esperado, os resultados experimentais obtidos indicam que os

níveis mais baixos das temperaturas de início e fim de transformação são os

encontrados em resfriamentos contínuo. Os valores intermediários são os

encontrados quando da aplicação de seqüências de deformações em

resfriamento contínuo, e os valores máximos quando os ensaios são realizados

em condições próximas às de equilíbrio.

As curvas que descrevem a evolução do parâmetro de amaciamento em

função do tempo de espera após a deformação, realizadas em temperaturas

menores que 950°C, assumem valores negativos para curtos tempos de

espera. Associando este fato à presença de precipitados finos, pode-se inferir

que a cinética de precipitação é suficientemente rápida, ocorrendo antes que a

recuperação estática tenha avançado significativamente, mantendo assim a

subestrutura de discordância.

Em baixas temperaturas no campo austenítico, a precipitação de

partículas finas de TiS/Ti4C2S2 no intervalo entre deformações retarda o

processo de recristalização estática, como indicado pela presença de um

patamar na curva de amaciamento.

O comportamento plástico da austenita e da ferrita, com composições

químicas similares, apresenta algumas particularidades. O pico de tensões nas

curvas de escoamento plástico é uma conseqüência da recristalização

dinâmica da austenita. Maiores dec aimentos da taxa de encruamento com a

tensão aplicada podem ser associados à maiores taxas de recuperação da

ferrita.

Não é observado o processo de nucleação de novos grãos na ferrita

durante a deformação a quente, indicando que o amaciamento se dá por

recuperação dinâmica, podendo ocorrer a formação de novos grãos após

Page 165: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

165

grandes deformações através do processo de recristalização dinâmica

contínua.

Na austenita, tem-se o início da recristalização dinâmica quando ao aço

IF é deformado em seqüências de passes com longos tempos de espera entre

deformações em altas temperaturas. Em temperaturas menores que 1100°C, o

amaciamento dinâmico ocorre apenas por recuperação, para amostras

deformadas com ε = 0,3 e taxa de deformação de 1 s-1. Diminuindo-se o tempo

de espera entre passes, o acúmulo de deformação de um passe para o

seguinte faz com que ocorra a recristalização dinâmica em temperaturas

menores, até que com tempos de espera entre passes iguais a 0,5 segundo, o

processo de amaciamento passe a ser controlado pela recristalização

dinâmica.

Em seqüências de passes realizadas na região ferrítica, como esperado,

durante a deformação tem-se o encruamento seguido de recuperação

dinâmica. No intervalo entre passes o material é amaciado pela recuperação

estática seguida da recristalização estática. Todavia, também observa-se o

acúmulo de deformação de um passe para o seguinte em seqüências

realizadas com tempos de espera curtos.

Page 166: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

166

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Page 172: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

172

ANEXO A

Cálculo da Energia de Ativação

O cálculo da energia de ativação aparente para a deformação a quente é

feito através do ajuste de equações constitutivas que relacionam valores

experimentais da tensão de pico, da temperatura e da taxa de deformação.

Esses parâmetros podem ser ajustados às equações (1, 2 e 3) mostradas

abaixo:

(i) seno hiperbólico

nP

.) (senh A (Q/RT) expå Z σα== (1)

(ii) equação potencial:

/RT)(-Q exp A' = n'.

Pσε (2)

(iii) equação exponencial:

(-Q/RT) exp )( exp A" = .

Pβσε (3)

A metodologia utilizada neste trabalho para ajustar os dados

experimentais à equação 1 é uma variante do método de Uvira e Jonas [1]. Ao

invés de tomar alguns valores arbitrários da constante α, foi utilizado um

método computacional para determinar o valor de α que melhor se ajuste à

equação 1 Este valor é determinado a partir da substituição nessa equação dos

valores de Ý e σp , obtidos experimentalmente para cada temperatura. Com

regressão linear determinam-se valores de n variando o valor de α na faixa de

0,002 até 0,052, com variação de 0,0001 de forma a varrer uma ampla faixa de

valores de α .

Plotando-se os valores dos desvios padrões de n em função de α, para

todas as temperaturas e taxas de deformação impostas, vai existir uma

pequena faixa de valores de α em que a constante n independe da

Page 173: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

173

temperatura. O valor de α adequado é o que tem menor desvio padrão de n em

toda a faixa de temperaturas. Com α e n determinados e considerada a

equação 1 com taxa de deformação constante, plota-se o gráfico

Ln(senh(ασP)) em função de 1/T, e através da inclinação média das retas,

obtém-se a energia de ativação aparente Q. A constante A da equação 1 é

determinada reescrevendo esta equação na forma:

(Q/RT) exp = Z.ε , (4)

onde Z é o parâmetro de Zener Hollomon. Plotando-se Ln Z em função de

ln(senh(ασP)), tem-se o valor de A quando senh(ασP) = 1, que corresponde ao

valor da constante A. Existindo em toda faixa de tensão o mesmo

comportamento, isto mostra que a variação da tensão com a taxa de

deformação e temperatura se ajustam à equação seno-hiperbólico e com isto

tem-se o valor da energia de ativação aparente da deformação a quente. Estes

procedimentos foram colocados sob a forma de um programa de

microcomputador [2], mostrado pelo algoritmo esquemático do Quadro 1, em

que entrando com os dados experimentais ( T, Ý e σP) e após processamento

tem-se diretamente os valores de α , n e Q.

1 α = 0,002

2 T = T1

3 Calcular a regressão linear da reta Ln(Ý) x Ln (senh(α σp)

4 Calcular a inclinação da reta do passo (3) e obter (n (T, α)

5 Variar a temperatura

6 Todas as temperaturas foram utilizadas?

7 Se a resposta do passo (6) foi não, então volte para o passo 3

8 Se a resposta do passo (6) foi sim, continue adiante

9 Calcular o valor médio de (n (T, α)

10 Calcular o desvio padrão da média do passe (9), S (n (T, α),α)

11 Variar α

12 α = 0,052

Page 174: simulação da laminação a quente de um aço livre de intersticiais

174

13 Se a resposta do passo (12) foi não, então volte para o passo (2)

14 Se a resposta do passo (12) foi sim, então continue adiante

15 Calcular o valor mínimo dos dados de S (n (T, α),α)

16 Obter o valor de n (T, α) correspondente ao valor mínimo do passo (15)

17 Calcular a regressão linear da reta Ln (senh(α σp) x (1/T)

18 Calcular a inclinação (a) da reta do passo (17), a = Qdef / n R

19 Calcular Qdef = a n R

20 Fim

Quadro 1 - Algoritmo utilizado para o projeto do programa para cálculo da

energia de ativação e seus parâmetros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] UVIRA, J. L. and JONAS, J. J.; Trans. Metall. Soc. AIME, 242; pp. 1619;

1968.

[2] JORGE Jr, A. M. ; Tese de doutorado. Universidade Federal de São Carlos;

São Carlos -SP; 1997.