silvicultura riscos

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Ciência Florestal Universidade Federal de Santa Maria [email protected] ISSN (Versión impresa): 0103-9954 BRASIL 2003 Eduardo da Silva Lopes / Erinton Zanlorenzi / Luiz Carlos Couto ANÁLISE DOS FATORES HUMANOS E CONDIÇÕES DE TRABALHO NO PROCESSAMENTO MECÂNICO PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO DA MADEIRA Ciência Florestal, dezembro, año/vol. 13, número 002 Universidade Federal de Santa Maria Santa Maria, Brasil pp. 177-183 Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal Universidad Autónoma del Estado de México http://redalyc.uaemex.mx

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riscos ocupacionais na atividade de silvicultura.

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  • Cincia FlorestalUniversidade Federal de Santa [email protected] ISSN (Versin impresa): 0103-9954BRASIL

    2003 Eduardo da Silva Lopes / Erinton Zanlorenzi / Luiz Carlos Couto

    ANLISE DOS FATORES HUMANOS E CONDIES DE TRABALHO NO PROCESSAMENTO MECNICO PRIMRIO E SECUNDRIO DA MADEIRA

    Cincia Florestal, dezembro, ao/vol. 13, nmero 002 Universidade Federal de Santa Maria

    Santa Maria, Brasil pp. 177-183

    Red de Revistas Cientficas de Amrica Latina y el Caribe, Espaa y Portugal

    Universidad Autnoma del Estado de Mxico

    http://redalyc.uaemex.mx

  • Cincia Florestal, Santa Maria, v. 13, n. 2, p. 177-183 177ISSN 0103-9954

    ____________________________1. Pesquisa apoiada pelo Servio Social Autnomo Paran Tecnologia.2. Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Florestal, Universidade Estadual do Centro-Oeste, Caixa Postal

    21, CEP 84.500-000, Irati (PR). [email protected] [email protected]. Bolsista de Iniciao Cientfica do Departamento de Engenharia Florestal, Universidade Estadual do Centro-Oeste,

    Caixa Postal 21, CEP 84.500-000, Irati (PR). [email protected] para publicao em 31/03/2003 e aceito em 23/10/2003.

    ANLISE DOS FATORES HUMANOS E CONDIES DE TRABALHO NO PROCESSAMENTOMECNICO PRIMRIO E SECUNDRIO DA MADEIRA1

    ANALYSIS OF HUMAN FACTORS AND WORK CONDITIONS IN TIMBER PRIMARY ANDSECONDARY MECHANICAL PROCESSING

    Eduardo da Silva Lopes2 Erinton Zanlorenzi3 Luiz Carlos Couto2

    RESUMOEsta pesquisa teve como objetivo analisar os fatores humanos e as condies de trabalho dos

    funcionrios que atuavam nas indstrias de processamento de madeira localizadas na regio centro-sul doestado do Paran, visando melhoria da sade, do bem-estar, da segurana, do conforto e da produtividadedos trabalhadores. Os dados foram coletados por meio de entrevistas individuais e medies dostrabalhadores. Os resultados demonstraram que os trabalhadores que atuam nas indstrias de processamentode madeira apresentaram um perfil de pessoa jovem, de origem urbana, casados, com poucos filhos epossuidores de casa prpria. Os resultados ainda indicaram que o tempo mdio dos trabalhadores naempresa era relativamente longo (75,5 meses), enquanto o tempo na funo foi de 40,7 meses. O percentualde consumidores de cigarros e de bebidas alcolicas foi significativo. As maiores reclamaes sobre doresno corpo foram relativas as lombalgias, em razo ao levantamento de excesso de peso e a adoo de posturasinadequadas. O percentual de acidentes de trabalho foi considerado elevado com 43,3%.Palavras-chave: fatores humanos, condies de trabalho e ergonomia.

    ABSTRACTThe objective of this research was to analyze the human factors and the work conditions of the

    workers in various activities involved in the timber process industry, located in central-south of the ParanaState, Brazil, aiming to improving health, wellbeing, safety, comfort and productivity. Data w ere collectedthrough individual interviews and mensurations. The workers involved in timber process industry presenteda profile of young men, of urban origin, married, with few children and house owner. The results alsoindicated that the workers time in the company was relatively long (75.5 months), while the time in thefunction was of 40.7 months. The percentage of cigarette and alcohol consumers was high. Most complaintsabout body pain were related to backaches, due to rising of weight excess and adoption of inadequatepostures. The percentage of accidents was high.Key words: human factors, work conditions and ergonomics.

    INTRODUOPara caracterizar a mo-de-obra e as condies gerais de trabalho na empresa necessrio conhecer

    os fatores humanos de seus trabalhadores, assim como a opinio deles a respeito do trabalho, das condiesde sade, alimentao, treinamento e segurana (Fiedler, 1998).

    O estudo dos fatores humanos consiste em um levantamento do trabalhador na empresa, analisando-se variveis como: tempo na empresa, tempo na funo, estado civil, nmero de filhos, idade, escolaridade,origem, religiosidade, variveis antropomtricas, etc, enquanto as condies gerais de trabalho na empresaso fatores que influenciam diretamente a satisfao do trabalhador, a produtividade e a manuteno dosistema ser humano-mquina em funcionamento (Minetti, 1996).

    Segundo Alves et al. (2002), o conhecimento desses fatores de fundamental importncia para quea rea de trabalho, o seu arranjo, as mquinas, os equipamentos e as ferramentas sejam bem adaptados scapacidades psicofisiolgicas, antropomtricas e biomecnicas do ser humano.

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    O desenvolvimento de pesquisas relativas aos fatores humanos e s condies gerais de trabalho,sade, alimentao, treinamento e segurana dos trabalhadores, bem como as condies ergonmicas dasmquinas utilizadas nas empresas extremamente til na implementao de novos mtodos e tcnicasadequadas do ponto de vista tcnico e social, melhorias das condies atuais de trabalho, bem como namelhoria dos ndices de satisfao do trabalhador, levando ao aumento da produtividade e qualidade dotrabalho (Grandjean, 1982; Iida, 1990 e Minetti, 1996).

    Esta pesquisa teve como objetivo analisar os fatores humanos e as condies de trabalho dosfuncionrios envolvidos nas diversas atividades de processamento mecnico primrio e secundrio damadeira em indstrias na regio centro-sul do estado do Paran.

    MATERIAL E MTODOrea de estudo

    Esta pesquisa foi desenvolvida com dados levantados em trs indstrias de processamento demadeira, localizadas nos municpios de Irati, Rebouas e Teixeira Soares, regio centro-sul do estado doParan, nos meses de junho a julho de 2002. As indstrias processavam madeira visando fabricao demveis para atendimento ao mercado interno e exportao. A Figura 1 mostra a seqncia de atividades nosdiferentes setores das indstrias de processamento de madeira estudadas.

    FIGURA 1: Seqncia das atividades das indstrias de processamento de madeira.FIGURE 1: Timber process industry activity sequence.Populao e amostragem

    A populao pesquisada era composta por uma amostra de 67 trabalhadores, cobrindo 100% dos

    Serra de Fita

    Ptio Toras

    Serra Circular Mltipla Serra CircularResserra

    Estufa

    Plaina

    Destopadeira

    Tupia

    Furadeira

    Fresa

    Ptio Toras

    Venda

    Finger

    Emendadeira

    Colagem

    Plaina

    Esquadrejadeira

    Fresa

    Tupia

    Serra Circular

    Lixadeira

    Processamento Mecnico Primrio

    Processamento MecnicoSecundrio

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    trabalhadores que atuavam nas diversas atividades dos setores de processamento mecnico primrio esecundrio da madeira.Anlise dos fatores humanos e condies gerais de trabalho

    O levantamento dos fatores humanos e condies gerais de trabalho foi realizado por intermdio deum questionrio, aplicado aos trabalhadores em forma de entrevista individual, no prprio ambiente detrabalho. As entrevistas permitiram conhecer os fatores humanos, analisando variveis como idade, estadocivil, vcios, escolaridade, origem, tempo na empresa, experincia na atividade, etc. Foram ainda analisadasas condies gerais de trabalho na empresa, envolvendo diversos aspectos relacionados sade,alimentao, treinamento e segurana no trabalho.Opinio dos operadores a respeito das mquinas

    A anlise ergonmica das mquinas utilizadas nas indstrias foi realizada mediante um questionrioindividual aplicado aos trabalhadores em forma de entrevista, de forma a obter subjetivamente, a opiniodeles a respeito dos seguintes problemas ergonmicos: segurana; posto de trabalho; vibrao e exausto degases, poeiras e fuligens.

    RESULTADOS E DISCUSSOFatores humanos

    Na Tabela 1, esto os valores das variveis relativas aos fatores humanos dos trabalhadoresenvolvidos nas atividades das indstrias de processamento de madeira estudadas.TABELA 1: Caractersticas dos fatores humanos relacionados s atividades das indstrias de processamento

    de madeira.TABLES 1: Human factor characteristics related to the timber process industry.Caractersticas Analisadas Valores MdiosTempo na indstria (meses) 75,5Tempo na funo (meses) 40,7

    68,415,4 3,1

    Casados Estado Civil: Solteiros (%) Divorciados Outros1 13,1Nmero de filhos 2,0Idade (anos) 32,4Estatura (cm) 169,0Peso (kg) 67,62 Fundamental: Completo 29,8Escolaridade: Incompleto 60,5 (%) Mdio: Completo 15,4 Incompleto 6,0Origem: Urbana 67,3 (%) Rural 32,7Possuidores casa prpria (%) 65,5Lateralidade destra (%) 87,4Vcios: Bebida Alcolica 57,4 (%) Fumantes 37,5Salrio Mdio Mensal (R$) 304,87

    Em que: 1 = Convivncia marital.

    Os tempos mdios dos trabalhadores na empresa e na funo foram de 75,5 e 40,7 mesesrespectivamente. O longo tempo de trabalho na empresa mostrou que existe uma baixa rotatividade defuncionrios. O menor tempo na funo em relao ao tempo na empresa, demonstrou que os trabalhadoresexerciam outras funes dentro da empresa, atuando especialmente como auxiliares.

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    Os resultados encontrados evidenciaram que a maioria dos trabalhadores eram casados (68,4%),seguidos pelos solteiros (15,4%), amasiados (13,1%) e divorciados (3,1%). O nmero mdio de filhos foi de2,0, valor esse menor ao encontrado por Alves et al. (2002) com 3,2; Silva (1999) com 3,0 e Minetti (1996)com 2,8. Foi verificado que 65,5% dos trabalhadores eram possuidores de casa prpria.

    A mdia geral de idade dos trabalhadores foi de 32,4 anos, valor prximo ao encontrado por Silva(1999) com 33,8 anos em marcenarias no municpio de Viosa, Minas Gerais e superior ao encontrado porFiedler (1998) com 29 anos para trabalhadores que atuavam na colheita de madeira em empresas no litoralnorte do estado da Bahia. A estatura mdia de 169 cm e o peso mdio de 67,62 kg.

    Quanto escolaridade, apenas 29,8% dos trabalhadores possua o ensino fundamental completo,enquanto 15,4% tinham completado o ensino mdio.

    Os resultados sobre origem dos trabalhadores evidenciaram que a maioria (67,3%) era de origemurbana, indicando que as indstrias absorvem mo-de-obra da prpria rea urbana.

    O percentual de fumantes (37,5%) e de consumidores de bebidas alcolicas (57,4%) foi consideradosignificativo cujos valores foram prximos aos encontrados por Fiedler (1998) para trabalhadores florestaiscom 37,8% e 59,8% respectivamente. Os dados relativos lateralidade indicaram que 87,4% eram destros e12,6% canhotos.Condies de trabalho

    As condies de trabalho dos trabalhadores nas indstrias e algumas conseqncias dessascondies so analisadas a seguir, de acordo com vrios itens considerados. Caractersticas gerais de trabalho

    A jornada mdia de trabalho era de 8h32min, de segunda a sexta-feira, perfazendo um total de 42,4horas semanais. Esses valores esto de acordo com a jornada de trabalho mxima permitida pelaConstituio brasileira de 1988 (BRASIL 1988). Questionados em relao satisfao com o horrio detrabalho, a grande maioria dos trabalhadores (97,0%) mostraram-se satisfeitos.

    Quando os trabalhadores foram questionados a respeito dos motivos que levaram a exercer a funoatual na empresa, a maioria (58,2%) afirmou ser pela solicitao das indstrias e pela experincia anterior(22,4%). Esses resultados evidenciaram a importncia de estabelecer melhores critrios no processo deseleo de pessoal por parte das empresas. Tais critrios devem levar em considerao, alm da solicitao einteresse do trabalhador, a aplicao de testes de seleo especficos visando escolha dos mais aptosdentro de cada funo.

    Quando questionados quanto satisfao com a empresa, 83,6% dos trabalhadores afirmaramsatisfeitos, ao passo que 79,1% mostraram-se satisfeitos com funo que exercem, por gostarem e porestarem acostumados com o trabalho. Todavia, 37,3% dos trabalhadores afirmaram que gostariam de mudarde atividade cujo principal motivo era a chances da obteno de melhores salrios (14,9%).

    Para 20,9% dos entrevistados, o trabalho foi considerado pesado, enquanto que para 22,4%moderadamente pesado, 55,2% leve e 1,5 % muito leve.

    Questionados sobre quem controla o ritmo de trabalho, a maioria dos trabalhadores (68,7%) afirmouque eram eles prprios, sendo feito de acordo com a produo exigida para 52,2% e com a velocidade damquina para 14,9%. Esse resultado demonstra que, possivelmente, as mquinas utilizadas no trabalho noinfluenciam no ritmo dos trabalhadores.Sade

    A maioria dos entrevistados (82,1%) afirmou nunca ter tido problemas de sade originado dotrabalho que executam atualmente. O percentual mdio de trabalhadores atingidos por problemas delombalgia foi de 31,3%, os quais ocorreram na maioria dos casos durante a jornada de trabalho. Taisproblemas foram citados em virtude da prpria caracterstica do trabalho na qual, em alguns casos, ocorremo levantamento de peso em excesso e a adoo de posturas inadequadas.

    A mdia de horas de sono foi de 7h50min. A grande maioria (86,6%) afirmou ser esse perodo

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    suficiente. Todavia, 34,3% disseram sentir cansao ao iniciar a jornada de trabalho, cujos motivos foi arealizao de horas-extras e pelo excesso de deslocamentos entre a empresa e as suas residncias o qual realizado de bicicleta e a p para 62,7 e 37,3% respectivamente. Isso ocorreu pelo fato da maioria dostrabalhadores terem que almoar em suas residncias, em razo da falta de um local apropriado em todas asempresas para a realizao das refeies.Segurana no trabalho

    No que se refere segurana no trabalho, 97,0% dos trabalhadores afirmaram que as empresasfornecem os Equipamentos de Proteo Individual (EPIs) necessrios realizao de suas tarefas. Os EPIsutilizados pelos trabalhadores so apresentados na Tabela 2.

    Dentre os entrevistados, 94,0% afirmaram que havia uma reposio adequada dos EPIs; 88,1%consideraram que os EPIs so suficientes na preveno de acidentes e 43,3% afirmaram que eles j osprotegeram de algum acidente. Todavia, 46,3% dos trabalhadores afirmaram que o protetor auricular foi oEPI que mais incomodava na execuo do trabalho. As principais causas foram as dores de cabea e deouvido causadas pelo protetor auricular, por apertar e esquentar.TABELA 2: Percentual de trabalhadores que usavam os EPIs no trabalho.TABLES 2: Percentual of workers that used EPI's in the work.

    EPIs Percentual (%)Botas 100,0Protetor auricular 98,5Luvas 50,7Avental 26,9Mscara 5,9Protetor facial 4,5Capa de chuva 1,5

    Foi verificado que 43,3% dos trabalhadores j sofreram algum tipo de acidente durante o trabalho naempresa, tendo as mos, sido a parte mais atingida (67,7%). No momento do acidente, 65,5% dostrabalhadores afirmaram estar usando os EPIs necessrios execuo de seu trabalho. Na maioria dosacidentes (96,5%), houve perda de tempo no trabalho, acima de 15 dias para 43,3% dos acidentados e de 5 a15 dias para 26,7% dos acidentados. A maioria dos trabalhadores afirmou que as principais causas dosacidentes foram a falta de ateno no trabalho (40,0%) e pelos problemas de funcionamento das mquinas(23,3%).

    Para 54,7% dos trabalhadores, existem atividades ou situaes de trabalho que oferecem maior riscode acidentes cujas principais causas foram a possibilidade de rompimento da serra de fita e queda de torasdas pilhas o que confirmado quando os trabalhadores foram questionados sobre as mquinas maisperigosas, em que 45,0% afirmou ser a serra de fita, sendo ainda citados a destopadeira, tupia e plaina.

    Todas as empresas estudadas ofereciam servios de primeiros-socorros, porm somente 76,1% dostrabalhadores afirmaram conhecer a existncias desses servios.Treinamento

    Dos trabalhadores entrevistados, a maioria 74,6% no recebeu treinamento para exercer a funo,cujo processo de aprendizagem ocorreu nas prprias empresas. Dentre os 25,4% de trabalhadores quereceberam treinamento, 16,4% considerou o treinamento suficiente, enquanto 14,9% tiveram dificuldades deassimilao do contedo. O perodo do treinamento variou de um dia a quatro meses, conforme a funo. Amaioria (64,2%) afirmou sobre a necessidade de treinamentos especficos para a realizao das tarefas bemcomo de reciclagens peridicas.

    Somente 31,3% dos trabalhadores estavam aptos para a realizao de manutenes nas mquinas,dos quais apenas 8,9% receberam treinamento para tal funo. Esses resultados mostram a importncia daoferta de treinamento aos operadores de mquinas. O treinamento dever abordar no somente sobre astcnicas de operao e segurana das mquinas, mas tambm sobre manuteno.

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    AlimentaoDo total de trabalhadores entrevistados, 95,5% relataram fazer regularmente as trs principais

    refeies dirias, caf-da-manh, almoo e jantar; devendo ressaltar que 92,5% tomavam caf da manh;28,4% tomavam um lanche no perodo da tarde e 13,4% tomavam um lanche noturno, sendo apenas esseltimo fornecido pelas empresas, quando da realizao de horas extras.

    Dentre os entrevistados, 77,6% almoavam em suas residncias pela falta de local apropriado naempresa. 91,0 dos entrevistados consideravam que as refeies eram de qualidade, enquanto e 86,6%relataram que as refeies eram suficientes em termos de quantidade para a reposio das energiasconsumidas durante o dia de trabalho.

    Com relao ao consumo de gua de cada trabalhador durante a jornada de trabalho, a mdia foi de1,5 litros/dia, valor esse abaixo do recomendado pela Norma Regulamentadora NR-24, que de 2,0litros/dia. A gua era consumida de torneiras e bebedouros para 74,6% e 25,4% dos trabalhadoresrespectivamente.

    Tais resultados mostraram que as empresas necessitam tomar providncias com relao alimentao dos trabalhadores. Uma delas o fornecimento de lanche no perodo diurno; instalao debebedouros de gua com temperatura e em local adequado e melhorias ou instalao de locais adequadospara a realizao das refeies.Opinio dos operadores a respeito das mquinas

    A maioria dos operadores (91,7%) afirmou que as mquinas utilizadas por eles oferecem seguranasatisfatria, sendo que para 54,2%, as mquinas encontram-se em perfeitas condies de operao.

    Em relao do posto de trabalho, 80,6% dos entrevistados afirmou que o posicionamento e adistribuio espacial das mquinas dentro das indstrias no comprometem a segurana e a produtividade dotrabalho. Para 90,4% dos operadores, os controles das mquinas so fceis de operar, enquanto 87,8%afirmaram que os controles esto dentro da zona de alcance normal dos movimentos, no exigindo grandesesforos fsicos e mantendo-os em uma postura adequada. Apenas 8,2% relataram que as controles dasmquinas no so indicados claramente, sendo de difcil compreenso.

    De acordo com a anlise subjetiva dos operadores, 15,0% dos entrevistados consideravam avibrao das mquinas excessiva e afirmaram que esta prejudicava a execuo do trabalho.

    Quando os operadores foram questionados sobre a existncia de gases, fuligens e poeiras noambiente de trabalho, 70,2% relataram que o maior problema a presena de finos oriundos, sobretudo doprocessamento mecnico secundrio da madeira, causando tosses, alergias, dores de cabea e irritaes nosolhos. Tais problemas podem ser solucionados com a instalao e/ou melhorias nos sistemas de exaustoexistentes nas indstrias. Outro problema relatado pelos operadores foi o forte odor proveniente do setor depintura o qual expandido para outros ambientes da empresa.

    CONCLUSESDe acordo com os resultados obtidos, pode-se chegar s seguintes concluses:

    Fatores humanosOs trabalhadores das indstrias de processamento de madeira tinham um longo tempo de trabalho na

    empresa, demonstrando a existncia de uma baixa rotatividade.Os trabalhadores apresentaram um perfil de pessoa jovem, de origem urbana, casados e com poucos

    filhos, possuidores de casa prpria e com predominncia da lateralidade destra.O percentual de fumantes (37,5%) e de consumidores de bebidas alcolicas (57,4%) foi

    significativo, podendo afetar a sade dos trabalhadores.Condies de trabalhoCaractersticas gerais de trabalho

    A solicitao da empresa e a experincia na funo foram os principais motivos que levaram ostrabalhadores a exercer as funes na empresa, evidenciando sobre a necessidade do estabelecimento de

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    melhores critrios no processo de seleo de pessoal.Foi verificado uma alta incidncia de pessoas com vontade de mudar de atividade cujo principal

    motivo era a chance da obteno de melhores salrios.Sade

    As maiores reclamaes sobre dores no corpo foram relativas s lombalgias (31,3%), por causa dolevantamento de peso em excesso e a adoo de posturas inadequadas.

    Uma grande frao dos trabalhadores relatou sentir cansao ao iniciar a jornada de trabalho, pelarealizao de horas extras e excesso de deslocamentos entre a empresa e suas residncias.Segurana

    A mdia de trabalhadores que sofreram acidentes foi alta (43,3%), sendo as mos a parte do corpomais atingida.

    Para 54,7% dos trabalhadores, o rompimento da serra de fita e a queda de toras das pilhas so assituaes do trabalho que mais causam risco de acidentes.Treinamento

    O nvel de treinamento era baixo (25,4%), havendo manifestaes a favor de treinamentosconstantes.

    Apenas 31,3% dos operadores estavam aptos para realizao de manutenes, em que apenas 8,9%receberam treinamento, evidenciando a necessidade de oferta de treinamentos para essa funo.Alimentao

    A maioria dos entrevistados (77,6%) almoava em suas residncias, pela falta de local apropriadonas empresas.

    O consumo de gua durante a jornada de trabalho foi em mdia de 1,5 litros/dia, valor este abaixo dorecomendado pela Norma Regulamentadora NR-24, que de 2,0 litros/dia.Opinio dos operadores a respeito das mquinas

    A maioria dos operadores relataram que as mquinas utilizadas por eles oferecem seguranasatisfatria e esto distribudas adequadamente dentro da indstria.

    Uma grande frao dos trabalhadores relatou sobre a existncia de poeiras e fuligens no ambiente detrabalho, causando tosses, alergias, dores de cabea e irritaes nos olhos.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICASALVES, J. U.; MINETTI, L. J.; SOUZA, A. P.; GOMES, J. M. Avaliao dos fatores humanos e das condies detrabalho em viveiros florestais. Revista rvore, v. 26, n. 1, p. 127-133, 2002.BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil . Braslia: Senado Federal, 1988. 193 p.FIEDLER, N. C. Anlise de posturas e esforos despendidos em operaes de colheita florestal no Litoral Nortedo Estado da Bahia. 1998. 103p. Tese (Doutorado em Cincia Florestal) Universidade Federal de Viosa, Viosa,1998.GRANDJEAN, E. Fitting the task to the man: an ergonomic approach. London: Taylor e Francis, 1982. 379 p.IIDA, I. Ergonomia: projeto e produo. So Paulo: Edgard Blucher, 1990. 465 p.MINETTI, L. J. Anlise de fatores operacionais e ergonmicos na operao de corte florestal com motosserra .1996. 211p. Tese (Doutorado em Cincia Florestal) Universidade Federal de Viosa, Viosa, 1996.SILVA, K. R. Anlise de fatores ergonmicos em marcenarias no municpio de Viosa, MG . 1999. 96 p.Dissertao (Mestrado em Cincia Florestal) Universidade Federal de Viosa, Viosa, 1999.

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