SILVANA LOPES DE ASSIS HENRIQUES A importância da … · O álcool já foi utilizado como...
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Centro de Estudos em Terapia
Cognitivo-Comportamental
SILVANA LOPES DE ASSIS HENRIQUES
A importância da Terapia Cognitivo-Comportamental no
tratamento do indivíduo que faz uso abusivo de álcool
SÃO PAULO
2016
SILVANA LOPES DE ASSIS HENRIQUES
A importância da Terapia Cognitivo-Comportamental no
tratamento do indivíduo que faz uso abusivo de álcool
Trabalho de conclusão de curso Lato Sensu
Área de Concentração – Terapia Cognitivo-Comportamental
Orientadora: Drª. Renata Trigueirinho Alarcon
Coordenadora: Profª. Msc. Eliana Melcher Martins
SÃO PAULO
2016
Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho desde que citada a fonte
Henriques, Silvana Lopes de Assis
A importância da Terapia Cognitivo-Comportamental no tratamento do indivíduo que faz uso abusivo de álcool
Silvana Lopes de Assis Henriques, Renata Trigueirinho Alarcon – São Paulo,
2016
27f. + CD-ROM
Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização – Centro de Estudos em
Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC)
Orientação: Profa. Dra. Renata Trigueirinho Alarcon
1. Terapia Cognitivo-Comportamental. 2 Pacientes abusivos de álcool.
I. Henriques, Silvana Lopes de Assis. II. Alarcon, Renata Trigueirinho
SILVANA LOPES DE ASSIS HENRIQUES
A importância da Terapia Cognitivo-Comportamental no
tratamento do indivíduo que faz uso abusivo de álcool
Monografia apresentada ao Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental como parte das exigências para obtenção do título de Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental.
BANCA EXAMINADORA
Parecer:____________________________________________________
Prof:_______________________________________________________
Parecer:___________________________________________________
Prof:______________________________________________________
São Paulo, _____de________________ de 2016
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram
para meu crescimento pessoal e profissional.
Em especial, minha filha.
“Um homem só será livre do vício (doença), do alcoolismo, quando ele
reconhecer que é um alcoólatra. Mas enquanto este disser! Bebo socialmente!
Bebo quando quero e paro quando quero! Com toda certeza absoluta
continuará sendo um escravo do vício”.
Autor Desconhecido
AGRADECIMENTOS
A professora Eliane Melcher Martins e ao Elcio pela atenção e aulas, por sua
amizade competência e por ter compartilhado momentos acadêmicos tão valiosos.
Aos professores e orientadora, por todo conhecimento compartilhado.
Aos colegas de turma, pela troca, companheirismo e momentos
compartilhados.
Aminha família que estiveram ao meu lado e acreditaram em mim.
A Psicóloga Ms. Larissa Botelho Gaça que contribuiu com seus ensinamentos
qualificados, precisos e úteis, principalmente na supervisão e acompanhamentos
dos casos.
“O vício é um fantasma que assombra sua vida, despreza suas qualidades,
zomba de suas capacidades e, o pior é que você abre as portas para ele, o
coloca em sua vida, o alimenta, o deixa em lugar de destaque e de maneira
submissa, aceita que ele o mate. ”
Luiza Gosuen
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo proporcionar um conhecimento e esclarecimento referente à contribuição da Terapia Cognitivo-Comportamental no auxílio ao tratamento de indivíduos que fazem uso abusivo de alcool. Esta pesquisa refere-se ao levantamento bibliográfico sobre as teorias e estudos realizados, e consiste em um breve relato histórico sobre alcoolismo e da contribuição da Terapia Cognitivo–Comportamental, e como esta pode auxiliar no tratamento e inserção do indivíduo na sociedade, no trabalho, no resgaste da autoestima, reencontrando sua dignidade de cidadão. Palavras-Chave: Alcoolismo. Enfrentamento. Terapia Cognitivo-Comportamental
ABSTRACT
This paper aims to provide an understanding and clarification regarding the contribution of cognitive-behavioral therapy to aid the treatment of individuals who abuse alcohol. This research relates to the literature on the theories and studies, and consists of a brief historical report of alcoholism and the Cognitive-Behavioral Therapy contribution, and how it can aid in the treatment and insertion of the individual into society, work, the ransom of self-esteem, rediscovering the person´s dignity.
Keywords: Alcoholism. Coping. Cognitive-behavioral therapy.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................. 10
1.1 História do uso do álcool ................................................................................. 10
1.2 Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) ...................................................... 13
2 OBJETIVO ........................................................................................ 15
3 METODOLOGIA ............................................................................... 16
4 RESULTADOS ................................................................................. 17
4.1 Alcoolismo ...................................................................................................... 17
4.2 Resultado das Pesquisas da TCC no tratamento do alcoolismo .................... 17
5 DISCUSSÃO .................................................................................... 21
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 25
ANEXOS .............................................................................................. 27
10
1 INTRODUÇÃO
Desde o início da história da vida da humanidade sabe-se que o uso de
substâncias capazes de alterar a percepção e o psiquismo era utilizado apenas por
uma parcela da população para práticas de rituais e circunstâncias especificas.
Porém com o passar dos tempos, o uso de substâncias alucinógenas foi se
disseminando em um conjunto amplo de contextos e segmentos sociais, passando a
se constituir em uma séria questão de saúde pública. Nas últimas décadas os usos
dessas substâncias tomaram uma dimensão que passou a ser alvo de
preocupações, visto que as drogas são capazes de promover prejuízos de todas as
ordens à população, tanto de usuários como de não usuários, levando-se em
consideração que os principais sujeitos que fazem uso são adultos, jovens e
adolescentes.
1.1 História do uso do álcool
O álcool sempre esteve presente, nas culturas, rituais religiosos, ou em
momentos de comemoração e de confraternização. Ele está presente no simbolismo
da Igreja, ou seja, a mesma substância que irmana, comunga e alegra, também
estimula a agressividade a discórdia e a dor, rompendo laços de família, amizade e
de trabalho.
As bebidas alcoólicas são vistas com funções ambíguas, de um lado ligadas
ao vinho, sangue de cristo, visão catolicista, e tem uma forte ligação com a culinária
sofisticada.
O álcool já foi utilizado como remédios, perfumes, poções mágicas, e faz
parte, até hoje, do ritual de alimentação de vários povos. Com a revolução industrial,
que trouxe as grandes concentrações urbanas, tivemos a multiplicação da produção
e disponibilidade de bebidas alcoólicas com preços mais acessíveis. (Cisa- Centro
de Informações sobre saúde e álcool).
No século XVIII, o consumo de álcool começou a ganhar mais atenção, e
quadros de embriagues passaram a ser considerados doença. Na Inglaterra Thomas
Trotter, publicou trabalhos onde considerava a embriaguez uma doença. Em 1849
na Suécia, após a publicação do Trabalho de Magnus Huss, “Alcoolismus
11
Choriacus” o termo alcoolismo foi usado como sinônimo de “ebriedade” pela primeira
vez na Europa o conceito de doença foi difundido (FORTES, 1975; EDUARDS et al.,
1994, apud MARQUES, 2001).
A partir do século XIX o problema do uso de substâncias psicoativas foi
assumido pela medicina. (CARNEIRO, 2002; CRUZ, 2005, apud MARQUES, 2001).
Na sociedade contemporânea o consumo de álcool é visto de forma positiva,
incentivado por propagandas onde se utilizam belas mulheres, lugares paradisíacos,
grupos de amigos, festas mostrando a consumação livre e a felicidade advinda da
bebida. Percebe-se que jovens, tanto do sexo feminino como masculino estão
entrando muito cedo para o uso abusivo de álcool.
A dependência de álcool é definida pela 10ª edição da Classificação
Internacional de Doenças (CID- 10), da Organização Mundial da Saúde (OMS),
como:
Um conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após o uso repetido de álcool, tipicamente associado aos seguintes sintomas: forte desejo de beber, dificuldade de controlar o consumo (não conseguir parar de beber depois de ter começado), uso continuado apesar das consequências negativas, maior prioridade dada ao uso da substância em detrimento de outras atividades e obrigações, aumento da tolerância (necessidade de doses maiores de álcool para atingir o mesmo efeito obtido com doses anteriormente inferiores ou efeito cada vez menor com uma mesma dose da substância) e por vezes um estado de inferiores ou efeito cada vez menor com uma mesma dose da substância) e por vezes um estado de abstinência física (sintomas como sudorese, tremedeira e ansiedade quando a pessoa está sem o álcool). (CISA, 2014).
Em 1952 o alcoolismo foi incluído no Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM I) da Associação Psiquiátrica Americana (APA).
Em 2013 foi publicada a 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais DSM – 5, uma versão atual do DSM -IV, ele apresenta critérios
para avaliar o uso abusivo do álcool, assim como o prejuízo ou sofrimento
clinicamente significativo, como mostra o quadro a seguir.
12
Quadro 1 – Critérios para transtornos relacionados ao uso de álcool – DSM-5
Fonte: American Psychiatric Association – APA
A gravidade do transtorno causado pelo uso abusivo de álcool está
diretamente ligada aos critérios citados acima, sendo classificados como leve,
moderado e grave.
Segundo estudos feitos por Cordeiro (2013) existem distinções entre uso,
abuso e dependência, que podem ser explicadas das seguintes maneiras:
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Uso – Seria experimentar ou consumir esporadicamente ou de forma episódica, não acarretando prejuízos por conta disto.
Abuso ou uso nocivo – No consumo abusivo, há algum tipo de consequência prejudial, seja social, psicológica ou biológica.
Dependência – Ocorre perda do controle no consumo, e os prejuízos associados são mais evidentes. (CORDEIRO, 2013, p. 29).
Há necessidade de os governos estarem atentos ao problema que pode vir do
uso, abuso e dependência do álcool, podendo ter consequências fisiológicas,
psicológicas, neurológicas, e a exclusão social. O indivíduo pode ser afetado nas
suas relações de trabalho, causando prejuízos, acidentes e afastamento, as
desorganizações nas relações familiares podem chegar até a violência doméstica,
pois o indivíduo alcoolizado pode apresentar comportamentos agressivos, temos
também os acidentes de trânsito, que muitas vezes estão associados ao uso do
álcool, que mata e pode causar lesões irreversíveis.
Podemos ver que os efeitos agudos e crônicos do uso do álcool são graves, e
segundo Laranjeira (2013), um estudioso da área, o álcool é classificado como:
[...] um depressor do cérebro e age diretamente em diversos órgãos, tais como o fígado, coração, vasos e na parede do estômago. A intoxicação é o uso nocivo de substâncias, em quantidades acima do tolerável para o organismo, e seus sinais e sintomas caracterizam-se por níveis crescentes de depressão do sistema nervoso central. Inicialmente, há sintomas de euforia leve, depois, tonturas, ataxia e falta de coordenação motora confusão e desorientação: graus variáveis de anestesia podem ser atingidos, entre eles o estupor e o coma. (LARANJEIRA, 2013, p.54).
Nesse estudo especificamente será focada a contribuição da Terapia
Cognitiva Comportamental no tratamento do indivíduo que faz uso abusivo de álcool.
O intuito é ajudar o indivíduo alcoólatra a reencontrar sua dignidade de
cidadão, qualidade de vida, inserção na sociedade e retorno ao trabalho.
1.2 Terapia Cognitivo Comportamental (TCC)
A Teoria Cognitiva - TC foi proposta em 1960, por Aaron T. Beck, um
psiquiatra e professor norte americano, que desenvolveu teorias e métodos para
aplicação de intervenções cognitivas para tratamento da depressão (BECK et al.,
1979, apud WRIGHT, 2008).
14
Beck (1964) descreveu o termo Terapia Cognitivo-Comportamental – TCC,
como uma psicoterapia breve, estruturada, orientada para o presente, a qual
apresenta várias técnicas que levam os pacientes a identificar seus pensamentos
automáticos desadaptativos, geradores de sofrimento, e gerando mudanças no
comportamento e nos pensamentos disfuncionais.
O processamento das informações atribuindo significado a eventos, pessoas,
lugares, é o principal objeto de estudo da teoria cognitiva, e o resultado do processo
cognitivo pode desenvolver várias psicopatologias quando ativados dentro de
contextos específicos, e ser caracterizados como disfuncionais ou mal adaptados.
A abordagem cognitiva sustenta 3 níveis de cognição:
Pensamentos automáticos; crenças centrais e crenças intermediárias. De acordo com esta teoria, os pensamentos disfuncionais seriam ativados por crenças distorcidas e afetariam o humor e o comportamento do indivíduo. (BECK, 1997, p. 150).
A TCC tem sido utilizada no tratamento de vários transtornos, inclusive no
tratamento de indivíduos alcoólatras, trabalhando as crenças e os pensamentos
automáticos que afetam o humor e o comportamento dos indivíduos.
15
2 OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é buscar as técnicas da TCC para o tratamento de
pacientes dependentes do álcool.
16
3 METODOLOGIA
O estudo foi realizado por meio de revisão bibliográfica da literatura. A busca
de informações foi realizada nos bancos de dados através de sites eletrônicos como:
Scielo, Google acadêmico, Hospital Israelita, revista eletrônica. Foi pesquisada a
combinação das seguintes expressões: ALCOOLISMO e TCC e foram selecionados
10 artigos. Os critérios de inclusão foram: pesquisa entre os anos de 1995 e 2015;
ter como foco a TCC no tratamento Alcoolismo e definições, conceitos, sintomas,
complicações devido ao abuso de álcool, não importando a natureza do trabalho
(revisão, ensaio clínico, estudo comparativo ou estudo de caso). Os critérios de
exclusão foram: o trabalho escrito em Inglês.
A pesquisa foi estendida para periódicos e livros selecionados pelos
descritores e também para as referências bibliográficas indicadas no curso de
Especialização em Terapia Cognitivo-comportamental do CETCC.
.
17
4 RESULTADOS
4.1 Alcoolismo
O alcoolismo pode ser considerado como uma doença que está associada a
crenças, que leva a perda de referência da sociedade, da família e de si mesmo,
afetando o seu estilo de vida e seus familiares.
Os dependentes de álcool podem apresentar prejuízos cognitivos
importantes, como declínio da percepção visual, lentidão psicomotora, déficits de
aprendizagem e memória e, redução da capacidade de abstração e de resolução de
problemas. O indivíduo pode ser afetado nas suas relações de trabalho, causando
prejuízos, acidentes e afastamento, as desorganizações nas relações familiares
podem chegar até a violência doméstica, pois o indivíduo quando alcoolizado pode
apresentar comportamentos agressivos, temos também os acidentes de trânsito,
que muitas vezes estão associados ao uso do álcool, que mata e causas lesões
irreversíveis. (LARANJEIRA; ZANELATTO, 2013).
4.2 Resultado das Pesquisas da TCC no tratamento do alcoolismo
Pesquisas feitas pelo Ministério da Saúde (2015) demonstraram que
aproximadamente 70% dos acidentes violentos com mortes, no trânsito, o álcool é o
principal responsável. Entre 2010 e 2013, ocorreram mais de 313 mil internações no
Sistema Único de Saúde (SUS) decorrentes do alcoolismo. São gastos, em média,
cerca de R$ 60 milhões por ano com pessoas dependentes do álcool. (Ministério da
Saúde, 2015).
Segundo os pesquisadores Zilberman; Blume (2015) pessoas que abusam do
uso do álcool estão envolvidas em mais de 92% dos episódios relatados de violência
doméstica.
Caio Prates e Denis Dana, do Portal Previdência total (2014), relatam que:
Levantamento realizado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) revela o aumento de concessões de auxílios-doença relacionados ao uso de álcool e drogas no Brasil. De acordo com o órgão, em 2013, cerca de 135 mil benefícios foram concedidos, ante 126,5 mil, em 2012. O alcoolismo foi o problema que mais provocou afastamento de trabalhadores. Entre 2009 e 2013, o número saltou 19%, passando de
18
12.055 para 14.420 registros. A segunda droga que mais resultou em auxílios-doença foi a cocaína. Foram 8.541 benefícios concedidos em 2013 no país, quase 800 a mais que no ano anterior. (Fonte: Previdência Total, março/2014).
Resultados das pesquisas mostram que os governos precisam atentar-se ao
problema, o indivíduo precisa ser encaminhado para tratamento, e trabalhos são
necessários para a prevenção ao uso de álcool. Sabe-se que o paciente busca
atendimento movido por um conjunto de fatores, tais como pressão de familiares,
exigência para manter o emprego, questões judiciais, conflitos conjugais, entre
outros. (ZILBERMAN; BLUME, 2015).
A Motivação para a mudança do comportamento em dependentes deve ser
avaliada, principalmente na etapa inicial, e pode ser influenciada por aspectos
internos e externos, o Modelo Cognitivo do uso de substâncias, como o álcool,
propõe que situações que atuam como estímulos de alto risco, ativam as crenças
centrais sobre o indivíduo, o mundo e o futuro e as crenças em relação ao uso de
álcool. Essas crenças que são ativadas levam ao aparecimento dos pensamentos
automáticos, e esses desencadeiam o aparecimento de sintomas e sinais
fisiológicos, interpretados como fissuras (craving). (KNAPP; LUZ;
BALDISSEROTTO, 2001).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu o craving como um desejo de
repetir a experiência dos efeitos de uma dada substância, gerando reações físicas
como: suor, taquicardia, tremores e náuseas, e reações emocionais como:
ansiedade, irritabilidade euforia, e tristeza. (OMS, 2010).
O planejamento personalizado de estratégias para técnicas de manejo do
craving através da TCC devem ser trabalhadas desde o início do tratamento.
Para Luz e Baldisserotto (2001), a abordagem Cognitivo-Comportamental
pode ser definida como:
Uma intervenção terapêutica muito utilizada no tratamento da dependência química, por proporcionar alívio de sintomas como o craving. O relaxamento, por reduzir a excitação e a ansiedade, é uma das estratégias importantes da Terapia Cognitivo-Comportamental e promove o ‘bem- estar’ referido pelos pacientes no manejo do craving, após a sessão de relaxamento. (ALMEIDA, ARAÚJO, 2005).
Segundo pesquisa feita por Almeida e Araújo (2005), o craving pode ser
amenizado com a intervenções de Terapias Cognitivo-Comportamentais com as
19
técnicas de relaxamento., que diminuem os sintomas da ansiedade durante as
situações de fissura, segundo esse estudo pacientes dependentes químicos devem
ser encorajados à prática do relaxamento como a estratégia de enfrentamento,
principalmente em situações de risco para uma recaída.
Com o levantamento de situações, reações e cognições associadas à fissura,
pode-se identificar as principais crenças que favorecem o uso do álcool. De acordo
com Knapp; Junior; Baldisserotto (2001), deve-se considerar quatro tipos de crenças
que são importantes no campo da dependência do álcool:
1. As crenças antecipatórias que refletem a expectativa de recompensa ou prazer;
2. As crenças de alívio expressam a remoção de algum desconforto ou sofrimento;
3. As crenças permissivas, ou facilitadoras, avaliam o uso de substâncias psicoativas aceitável e justificável;
4. As crenças de controle que abarcam todas as crenças que diminuem a possibilidade do uso do álcool. (SCALI, RONZANI, 2007)
É comum pessoas que abusam no uso de álcool apresentarem déficits em
habilidades sociais. Uma pesquisa realizada por Scali e Ronzani (2007) constatou
que estão presentes nesses indivíduos crenças e expectativas de facilitação nas
interações sociais através do uso do álcool.
A estratégia do enfrentamento é uma técnica da TCC utilizada para que as
crenças estejam acessíveis ao paciente ao longo do dia, ajuda o paciente a
enfrentar as dificuldades sem beber, consiste numa etapa fundamental na
manutenção da abstinência. (SCALI E RONZANI, 2007).
O paciente passa por várias situações de riscos que podem ser evitadas, mas
algumas fogem do controle, tais como desemprego, propagandas de bebidas alcóolicas, ou
até mesmo ver outras pessoas bebendo, sendo aqui importante que o paciente elabore uma
lista com as principais situações de risco na busca de alternativas de enfrentamento. As
experiências passadas bem-sucedidas pode ser um recurso, uma estratégia para ele
perceber que já conseguiu enfrentar situações sem fazer uso de álcool. (KNAPP; LUZ,
BALDISSEROTTO, 2001).
É importante que o terapeuta encoraje o paciente a fazer planos para o futuro,
para que ele mantenha, ou aumente, a motivação para iniciar ou continuar seu
processo de mudança.
Uma técnica importante no tratamento do paciente é a Psicoeducação,
familiarizando o indivíduo quanto ao modelo cognitivo e quanto ao funcionamento da
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dependência alcoólica, permitindo que o paciente entenda as características do seu
problema. (LARANJEIRA; ZANELATTO, 2013).
O objetivo da técnica é ensinar, e levar a conscientização do paciente da
importância de ele ser seu próprio terapeuta, o que vai auxiliar na aprendizagem,
avaliação e controle do seu comportamento, gerando uma mudança no seu estilo de
vida.
A mudança do estilo de vida do paciente é importante, honrar compromisso,
ter os horários organizados, alimentar-se de forma adequada, estabilizar as horas de
sono, é importante que ele busque a satisfação pessoal em atividades prazerosas
para a manutenção da abstinência. (LARANJEIRA; ZANELATTO, 2013).
O terapeuta precisa estar consciente de que a recaída é uma constante, e o
trabalho de prevenção é importante no processo, para isso o paciente precisa de
uma rede de apoio social e familiar no seu estilo de vida. (LARANJEIRA;
ZANELATTO, 2013).
O convívio social, assim como a reestruturação dos vínculos familiares são
importantes na construção de uma nova autoimagem, e no processo de
recuperação. Pessoas consideradas referência para o paciente devem ser
convidadas a participar do tratamento e a discutir questões de convivência que
contemplem os interesses dos parentes, e atendam às necessidades do paciente A
indicação de terapia familiar é importante, pois auxilia na aproximação e na
resolução de conflitos passados. (LARANJEIRA; ZANELATTO, 2013).
A TCC em grupo é uma técnica que vai possibilitar o compartilhamento de
experiências, enriquecendo o repertório de cada paciente por meio de troca de
experiência. Para o treinamento de habilidades pode-se utilizar a dramatização,
dando oportunidade do paciente encenar o contexto a ser enfrentado e observar as
diferentes reações de cada integrante do grupo, gerando assim diferentes
alternativas de respostas adaptativas. (KNAPP; LUZ; BALDISSEROTTO, 2001).
Na TCC aplicada ao tratamento de dependentes de álcool, o terapeuta tem
que fazer um diagnóstico preciso da dependência de álcool, a triagem e a avaliação
completa do quadro são essenciais para traçar um tratamento eficaz, deve levar em
conta dados da infância, as crenças sobre o uso da substância, e as estratégias
compensatórias, para isso ele pode usar o formulário de registro de pensamentos
disfuncionais. (KNAPP; LUZ; BALDISSEROTTO, 2001).
21
5 DISCUSSÃO
As pesquisas mostram uma eficácia da TCC no tratamento de pessoas que
fazem uso abusivo de álcool. Na sociedade o ato de beber é visto como normal,
momentos de relaxamento e, muitas vezes, estão associados a encontros com
amigos, os Happy Hour, que quase todos os bares fornecem, algo natural, e até
mesmo agradável. Cada vez mais cedo os jovens estão experimentando o álcool,
tanto os meninos quanto as meninas, e cada vez mais o uso abusivo de bebidas
alcoólicas estão presentes em acidentes de trânsito, violência doméstica,
afastamento do trabalho, e perda de identidade e referência na sociedade. O
alcoolismo gera alterações tanto física como psíquica, altera o comportamento e as
relações que o indivíduo trava na sociedade.
Entende-se, frente à pesquisa que pessoas que fazem uso abusivo de álcool
precisam de tratamento para lidar com a dificuldade de perceber que estão doentes,
estratégias para lidar com a fissura. Percebe-se a importância de um tratamento
eficaz, que trabalhe crenças, pensamentos, emoções e mudança de
comportamento, como a terapia cognitivo-comportamental, com uma atitude de
compreensão e com uma aliança terapêutica eficaz.
Segundo Beck (2000) na Teoria Cognitiva, a dependência química resulta de
uma interação complexa entre cognições (pensamentos, crenças, ideias, esquemas,
valores, opiniões, expectativas e suposições). As teorias do aprendizado social
(condicionamento clássico, aprendizagem instrumental e modelagem), estão ligadas
a teoria comportamental da dependência química.
Para Beck (1997) no processo terapêutico a Teoria Cognitiva e a Teoria
Comportamental estão ligadas. A cognição gera interpretação da realidade, levando
a emoção e ao comportamento, portanto as mudanças cognitivas precedem as
mudanças emocionais e comportamentais.
Os estudos demonstraram que a TCC trabalha a crença e o pensamento
disfuncional do alcoólatra, fazendo com que ele perceba quais os momentos da vida
encontra-se fragilizado e busca consolo com a bebida, ao invés de enfrentar a
realidade.
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O terapeuta trabalha com o paciente a importância de mudança de vida, o
vínculo familiar, as relações com as pessoas, tirando o sujeito do isolamento, a
descoberta de novos prazeres pela vida, e a devolução da dignidade do indivíduo.
É importante ressaltar a limitação desse trabalho, trazendo somente artigos e
referências na língua portuguesa.
23
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho abordou a aplicabilidade da Terapia Cognitivo-
Comportamental nos indivíduos dependentes de álcool e sua eficácia.
A dependência dessa substância leva o usuário ao consumo excessivo e
muitas vezes compulsivo, gerando assim uma conexão psíquica mais aprofundada,
uma ligação patológica, o que torna o processo em uma enfermidade que exige a
intervenção de um tratamento eficaz e urgente.
O alcoolismo pode ser considerado como uma doença gerada pelo uso
excessivo do álcool. Essa doença estaria associada a fatores como família, cultura e
sociedade, levando à perda da capacidade de escolher a forma e o momento para
se consumir bebidas alcoólicas. A dependência afeta profundamente o estilo de vida
do alcoolista, predominando o uso ou a recuperação dos efeitos do álcool, podendo
haver formação de crenças específicas que irão influenciar direta ou indiretamente o
uso de álcool.
Com a intervenção da Terapia Cognitivo-Comportamental espera-se que a
recuperação do paciente alcance excelentes resultados, pois ela está focada nos
quadros de consumo e de abstinência do álcool, procurando despertar no
dependente, através da psicoeducação condições para que ele mude suas crenças
e se previna de situações que o levem a recair na ingestão das substâncias que
induzem à dependência.
A Terapia Cognitivo-Comportamental busca identificar situações reais e
emocionais e, através de suas técnicas, explorar e ajudar cada situação envolvida
no comportamento do dependente. Não se pode ignorar a importância da
intervenção familiar do dependente químico. Neste caso, a abordagem
psicoeducacional tem como objetivo ensinar a família lidar de forma mais efetiva
com as dificuldades relacionadas ao uso do álcool. Entretanto, dentre as técnicas
mais utilizadas na Psicoterapia Cognitivo-Comportamental de um dependente
químico, é o treinamento de habilidades sociais mais assertivas identificando as
melhores estratégias para o dependente. Desenvolver formas de enfrentamento de
situações, o auxiliando na prevenção de recaídas, craving, crises de abstinência e
nas suas relações parentais, e por fim, a TCC ajuda o paciente a aprimorar suas
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habilidades relacionadas ao manejo de raiva, a dar e receber elogios e críticas, e a
resolução de problemas.
É importante ressaltar que cada indivíduo possui suas particularidades e o
trabalho não é uma regra para todos, e a respeito da cura, não podemos firmar que
o dependente de álcool está curado, pois ele sempre trará em si a potencial recaída,
que só poderá ser evitada se o paciente se abstiver de álcool pelo resto de sua
existência.
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ANEXOS
Termo de Responsabilidade Autoral
Eu Silvana Lopes de Assis Henriques, afirmo que o presente trabalho e
suas devidas partes são de minha autoria e que fui devidamente informado da
responsabilidade autoral sobre seu conteúdo.
Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de
Curso de Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental, sob o título “A
importância da Terapia Cognitivo-Comportamental no tratamento do indivíduo
que faz uso abusivo de álcool”, isentando, mediante o presente termo, o Centro
de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC), meu orientador e
coorientador de quaisquer ônus consequentes de ações atentatórias à "Propriedade
Intelectual", por mim praticadas, assumindo, assim, as responsabilidades civis e
criminais decorrentes das ações realizadas para a confecção da monografia.
São Paulo, __________de ___________________de______.
_______________________
Assinatura do (a) Aluno (a)