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SILAS WASZCZUK JUNIOR CICLO DE TRABALHO DA CORRENTE ALTERNADA DE MÉDIA FREQUÊNCIA NO PICO DE TORQUE DO MÚSCULO QUADRÍCEPS FEMORAL EM ATLETAS UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO SÃO PAULO 2009

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SILAS WASZCZUK JUNIOR

CICLO DE TRABALHO DA CORRENTE ALTERNADA DE MÉDIA

FREQUÊNCIA NO PICO DE TORQUE DO MÚSCULO QUADRÍCEPS FEMORAL

EM ATLETAS

UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

SÃO PAULO

2009

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SILAS WASZCZUK JUNIOR

CICLO DE TRABALHO DA CORRENTE ALTERNADA DE MÉDIA

FREQUÊNCIA NO PICO DE TORQUE DO MÚSCULO QUADRÍCEPS FEMORAL

EM ATLETAS

Dissertação apresentada como exigência

parcial para obtenção do Título de Mestre

em Fisioterapia junto à Universidade

Cidade de São Paulo, sob a orientação do

Prof. Dr. Richard Eloin Liebano.

UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

SÃO PAULO 2009

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"A ciência é o grande antídoto contra o veneno do entusiasmo e da superstição."

Adam Smith

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DEDICATÓRIA

Dedico inicialmente a DEUS por ter-me dado forças e saúde, não me deixando

cair nesta difícil escalada.

A minha mãe CLEUSA, cujo exemplo de luta tornou possível à realização desse

sonho.

Aos meus irmãos INGRID e IGOR, por terem propiciado momentos maravilhosos

durante nosso convívio.

Aos meus avós MANOEL e CLARINDA, referência, exemplo e inspiração para

minha vida.

Ao meu amigo DANILO , que divide comigo seus conhecimentos e experiências.

Em especial à minha noiva DANY THAME , pois sem sua ajuda, seu incentivo, sua

compreensão e principalmente seu amor, não teria chegado até aqui.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. RICHARD ELOIN LIEBANO, pelas constantes sugestões

apresentadas e por ter contribuído de maneira inestimável para meu

crescimento como pesquisador e pessoa.

A Profa. Dra. MONICA RODRIGUES PERRACINI, pela dedicação,

não medindo esforços durante todos os momentos de necessidade.

A Profa. Dra. SANDRA REGINA ALOUCHE, pelo estímulo constante

e pelas sugestões apresentadas.

A Profa. Dra. CRISTINA MARIA NUNES CABRAL, pelo incentivo e

pelas sugestões oferecidas.

A Profa. Dra. RAQUEL SIMONI PIRES, por sua constante

preocupação em auxiliar o desenvolvimento deste trabalho.

A todos meus amigos de mestrado THIAGO, EVANIRSO, LUDMILA,

NATHÁLIA, MÔNICA, PRISCILA, LÍLIAN, CAMILA e DANI pela cooperação

e amizade. Em especial a amiga CAROLINA UHLER, que sempre me

ajudou na realização deste trabalho.

Ao presidente do Grêmio Barueri WALTER JORQUERA SANCHES,

por incentivar e valorizar o conhecimento e a pesquisa.

Aos profissionais responsáveis pela organização e direção da clínica

de fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo.

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___________________________________

Profª. Drª Raquel Aparecida Casarotto

___________________________________

Profª. Drª Cristina Maria Nunes Cabral

___________________________________

Profª. Drª Monica Rodrigues Perracini

COMISSÃO JULGADORA

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RESUMO

O presente estudo avaliou o efeito de diferentes ciclos de trabalho (20%, 35% e

50%) da corrente alternada de média frequência (2500 Hz) no pico de torque do

músculo quadríceps femoral. O objetivo secundário foi avaliar o grau de

desconforto frente a aplicação dos diferentes ciclos de trabalho. Participaram do

estudo 30 voluntários atletas profissionais (futebolistas), do sexo masculino. Foi

avaliada a capacidade de produção de torque em um dinamômetro isocinético

computadorizado, através da realização de contrações isométricas voluntárias

máximas (CIVM) do quadríceps femoral a 60º de flexão do joelho. Posteriormente,

os voluntários foram submetidos aleatoriamente a uma contração induzida

eletricamente, nos três valores de ciclo de trabalho (20 %, 35% e 50%), realizando

para cada ciclo, três repetições. O torque eletricamente induzido em cada uma das

situações foi registrado como uma porcentagem daquele produzido pela CIVM e o

desconforto sensorial associado a cada um destes protocolos de estimulação foi

avaliado utilizando-se a Escala Visual Analógica (EVA).

O ciclo de trabalho de 20 % apresentou um torque induzido significantemente

maior que os ciclos de 35% e 50%. Não foram detectadas diferenças significantes

no desconforto frente a aplicação dos diferentes ciclos de trabalho.

Os resultados desta pesquisa sugerem que para uma máxima produção de torque,

em uma freqüência de 2500 Hz, um ciclo de trabalho de 20% é o mais indicado e

que, não existe, entre os ciclos de trabalho estudados, um valor que possa ser

considerado mais confortável.

Palavras-chave : modalidades de fisioterapia, torque, estimulação elétrica,

músculo quadríceps, contração isométrica

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ABSTRACT

The aim of this study was to examine the effect of different duty cycles (20%, 35%

and 50%) of the medium-frequency alternating current (2500 Hz) on quadriceps

femoris peak torque. The secondary objective was to investigate the degree of

discomfort front to the application of these different duty cycles. Thirty elite athletes

(soccer players), all being male, participated in the study. The capability of torque

production was evaluated by a computadorized isokinetic dynamometer, through

the realization of maximal voluntary isometric contractions (MVIC) of quadriceps

femoris muscle set at 60 degrees of knee flexion. Later the volunteers were

randomized submitted at an electrically induced contraction, using the three values

of duty cycles (20%, 35 % and 50%), performing three repetitions for each duty

cycle. The electrically induced torque in each situation was registered as a

percentage of that produced by MVIC and the sensorial discomfort associated to

each one of these stimulation protocols was investigated using the Visual

Analogue Scale (VAS).

The duty cycle of 20% produced a significantly higher electrically-induced torque

than 35% and 50% duty cycles. There were no significant differences on

discomfort between the duty cycles tested.

The findings of the present study suggest that for the maximum torque production

in a 2500 Hz frequency, 20% of duty cycle is indicated. Between the duty cycles

studied, there is no value that can be determined as more comfortable.

Key Words : Physical Therapy Modalities, torque, electric stimulation, quadriceps muscle, isometric contraction.

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SUMÁRIO RESUMO ........................................................................................................................... 7 ABSTRACT 8 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 15 2 OBJETIVOS.................................................................................................................. 20 3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 21 3.1 Amostra ..................................................................................................................... 21 3.2 Instrumentação .......................................................................................................... 22 3.3 Procedimentos ........................................................................................................... 24 3.3.1 Posicionamento dos voluntários .............................................................................. 24 3.3.2 Determinação do pico de torque na contração isométrica voluntária máxima ......... 25 3.3.3. Determinação do ponto motor ................................................................................ 25 3.3.4 Determinação do pico de torque na contração induzida eletricamente .................... 25 3.3.5 Determinação do grau de desconforto nos diferentes ciclos de trabalho ................. 27 3.4 Análise dos dados ...................................................................................................... 27 4 RESULTADOS ............................................................................................................. 29 4.1 Máximo das Três Repetições ..................................................................................... 29 4.2 Média das Três Repetições ....................................................................................... 31 4.3 Comparação entre o Máximo e a Média .................................................................... 33 4.4. Comparação do torque entre as repetições .............................................................. 34 4.5. Comparação da intensidade entre as repetições ...................................................... 36 4.6. Ocorrência do maior torque entre as repetições ....................................................... 37 5 DISCUSSÃO ................................................................................................................. 40 6 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 48 7 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 49 ANEXOS

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LISTA DE ABREVIATURAS

ATP – trifosfato de adenosina

CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

CIVM – contração isométrica voluntária máxima

EENM – estimulação elétrica neuromuscular

EVA – Escala Visual Analógica

MEIT – máximo torque induzido eletricamente

SPSS – Statistical Package for Social Sciences

UNICID – Universidade Cidade de São Paulo

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Características gerais do estimulador utilizado no experimento. ........... 23

Tabela 2: Possíveis seqüências de ciclo de trabalho ............................................ 26

Tabela 3: Média, Erro-Padrão e valor p da diferença de médias das variáveis

‘Percentual do Torque Induzido’, ‘Desconforto’ e ‘Intensidade’, segundo o ciclo de

trabalho (torque máximo entre as três repetições). ............................................... 29

Tabela 4: Post-Hoc das médias do ‘Percentual do Torque Induzido’ entre os

diversos ciclos de trabalho. ................................................................................... 29

Tabela 5: Média, Erro-Padrão e valor p da diferença de médias das variáveis

‘Percentual do Torque Induzido’, ‘Desconforto’ e ‘Intensidade’, segundo o ciclo de

trabalho (média do torque entre as três repetições). ............................................. 31

Tabela 6: Post-Hoc das médias do ‘Percentual do Torque Induzido’ entre os

diversos ciclos de trabalho. ................................................................................... 31

Tabela 7: Média, Erro-Padrão e valor p do teste da comparação entre os métodos

de mensuração para as variáveis ‘Percentual do Torque Induzido’, ‘Desconforto’ e

‘Intensidade’. ......................................................................................................... 33

Tabela 8: Média, Erro-Padrão e valor p da diferença entre as médias dos torques

Voluntário e Induzidos a 20%, 35% e 50%, segundo a ordem de repetição do

exercício. ............................................................................................................... 34

Tabela 9: Post-Hoc das médias do Torque induzido a 35% e 50%, entre as três

repetições. ............................................................................................................. 34

Tabela 10: Média, Erro-Padrão e valor p da diferença de médias da variável

intensidade entre as 3 contrações (repetições) para cada ciclo de trabalho. ........ 36

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Tabela 11: Post-Hoc das médias da variável intensidade entre as 3 contrações

(repetições) para o ciclo de trabalho de 20%, 35% e 50%. ................................... 36

Tabela 12: Freqüência da ocorrência do maior torque entre as repetições. ......... 37

Tabela 13: Comparações cruzadas entre as freqüências do maior torque induzido

a 35 e 50%, entre as repetições ............................................................................ 37

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Média ± erro padrão das médias das variáveis ‘Percentual do Torque

Induzido’, ‘Desconforto’ e ‘Intensidade’, segundo o ciclo de trabalho (torque

máximo entre as três repetições). ......................................................................... 30

Gráfico 2: Média ± erro padrão das médias das variáveis ‘Percentual do Torque

Induzido’, ‘Desconforto’ e ‘Intensidade’, segundo o ciclo de trabalho (média do

torque entre as três repetições). ............................................................................ 32

Gráfico 3: Média ± erro-padrão das médias dos torques voluntário e induzidos a

20%, 35% e 50%, segundo a ordem de repetição do exercício. ........................... 35

Gráfico 4: Freqüência da ocorrência do maior torque entre as repetições. ........... 38

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Dinamômetro Isocinético Computadorizado, Cybex® ............................. 22

Figura 2: Estimulador elétrico neuromuscular, Endophasys-R .............................. 23

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1 INTRODUÇÃO

A estimulação elétrica neuromuscular (EENM) é amplamente utilizada na

reabilitação para controle da dor1, reeducação muscular1, prevenção da atrofia1 e

restabelecimento da função1.

O objetivo geral da EENM é melhorar, fundamentalmente, as propriedades

musculares treino-relacionadas (fluxo de sangue intramuscular, máxima força,

máxima duração de força) através de contrações repetitivas. A partir deste ponto

de vista, a estimulação elétrica neuromuscular não é somente aplicada nos vários

protocolos de reabilitação, mas também em treinamento de força atlético ou

preventivo2,3.

Diversos estudos disponíveis na literatura investigaram o papel da

estimulação elétrica como uma forma de induzir o fortalecimento muscular. 2,3,4,5

Uma análise detalhada das variáveis de estimulação, através de, por

exemplo, da avaliação dos resultados de torque produzidos, seria extremamente

útil para estabelecer os melhores parâmetros da EENM e com isso uma maior

efetividade da estimulação.

Os parâmetros da EENM são avaliados através dos resultados de força ou

torque no teste isocinético. A maioria dos dinamômetros usa o torque como

parâmetro de mensuração. Porém, força e torque não são sinônimos. A força pode

ser descrita como uma impulsão ou tração produzida pela ação de um objeto

sobre o outro e é medida em libras ou Newtons. Torque é o momento de força

aplicada durante o movimento rotatório e é medido em pés-libras ou em Newtons-

metro6.

Existem, entretanto, poucos estudos comparativos em relação à influência

dos parâmetros de estimulação nos resultados de torque.7

Em trabalho realizado por Snyder-Mackler et al8, foi comparado o torque

máximo induzido eletricamente (MEIT) de três estimuladores: um estimulador de

corrente russa (2500 Hz), um estimulador interferencial operando a uma

freqüência portadora de 4000 Hz e um estimulador de baixa-frequência bifásica. A

maior média de torque foi produzida pelo estimulador russo, entretanto, a

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diferença entre os torques produzidos pelo estimulador russo e o estimulador de

baixa-frequência não foi estatisticamente significante.

Brasileiro et al7 também compararam a estimulação elétrica neuromuscular

de baixa freqüência (0-100 Hz) com a de média freqüência (2500 Hz), utilizando

para isso a capacidade de produção de torque do musculo quadríceps femoral de

indivíduos saudáveis. Os resultados deste estudo indicam que não existem

diferenças no torque produzido na estimulação de baixa freqüência e de média-

frequência.

Parker MG et al.9 estudaram as respostas de torque no quadríceps à

correntes alternadas em 3 frequências portadoras: 2500 Hz, 3750 Hz e 5000 Hz. A

média de torque induzido eletricamente produzida a equivalentes intensidades de

corrente quando usada uma freqüência de 2500 Hz foi significantemente maior do

que as médias de torque geradas a 3750 Hz e 5000 Hz.

O cientista russo Yakov Kots foi um dos primeiros pesquisadores a relatar

ganhos de força em músculos saudáveis de atletas de elite, com a aplicação da

denominada corrente russa.7 Essa forma de estimulação elétrica caracteriza-se

por ser uma corrente alternada a uma freqüência de 2500 Hz, com uma freqüência

de modulação de 50 Hz e um ciclo de trabalho de 50 %.

Com os resultados de suas pesquisas durante a década de 70, Kots tornou

popular a estimulação elétrica utilizando corrente alternada de média freqüência

(2500 Hz). Kots relatou que a EENM poderia produzir ganhos de força muscular

em atletas de elite que eram de 30 a 40 % superiores àqueles obtidos apenas

através de exercícios. Estes ganhos de força foram alcançados pela execução de

contrações musculares de 10 a 30 % maiores que aquelas alcançadas com uma

contração muscular isométrica voluntária máxima (CIVM).10

Embora existam poucas evidências clínicas que suportam os achados de

Kots, seus relatos despertaram grande interesse no uso da EENM para ganhos de

força na reabilitação e treino de atletas.

Atualmente este tipo de estimulação é extensamente utilizado na prática

clínica. Em entrevista realizada com 19 profissionais fisioterapeutas que trabalham

diretamente na reabilitação de atletas profissionais, todos relataram o uso da

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corrente russa para ganho de força, prevenção da atrofia ou manutenção do tônus

muscular durante o período de tratamento. Nenhum destes profissionais,

entretanto, relatou alterar os parâmetros desta estimulação, utilizando na prática

as sugestões de tratamento disponíveis nos manuais de operação dos fabricantes

dos estimuladores.

Os estimuladores corrente russa disponíveis comercialmente possuem

usualmente uma freqüência de 2500 Hz e 4000 Hz.

São encontrados por exemplo, no manual de operação do equipamento

Endophasys-R, fabricado pela empresa KLD Biosistemas Equipamentos

Eletrônicos Ltda, os parâmetros freqüência 2500 Hz, freqüência modulada de 30

Hz e ciclo de trabalho de 50% como sugestão para os casos de atrofia do músculo

quadríceps.

Através do correto ajuste das características da EENM, entretanto, sua

efetividade pode ser teoricamente aumentada, otimizando o resultado terapêutico.

Isto ressalta a importância dos efeitos da variação dos parâmetros de

estimulação, neste caso, na corrente russa, no resultado desejado.

Um estudo realizado por Ward et al11, que avaliou o máximo torque induzido

eletricamente (MEIT) dos extensores do punho, utilizando para isso uma corrente

alternada variando de 1000 a 15000 Hz, encontrou que o MEIT foi produzido a

1000 Hz.11 Um objetivo secundário da pesquisa foi avaliar o desconforto. Neste

estudo a freqüência de modulação foi 50 Hz e o ciclo de trabalho de 50 %. Os

autores concluíram, a partir dos resultados, que freqüências no intervalo de 2000

Hz a 4000 Hz são um balanço entre o conforto e a máxima produção de torque.

Poucos estudos entretanto, avaliaram o efeito do ciclo de trabalho na

produção de torque.

O ciclo de trabalho pode ser definido como a razão do tempo de duração do

burst (rajada) e do tempo total do ciclo (duracao do burst e intervalo inter-burst) e

é expresso como porcentagem:12

Ciclo de trabalho = duração do burst ____x 100 %

(duração do burst + intervalo inter-burst)

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Em um estudo realizado por Moreno-Aranda e Seireg13, foram investigados

os efeitos da freqüência portadora, freqüência de modulacao e do ciclo de trabalho

na produção de torque dos flexores dos dedos e o respectivo grau de desconforto.

As voltagens do estímulo permaneceram constantes e a freqüência portadora da

corrente alternada, inicialmente a 500 Hz, foi gradualmente elevada até 10.000 Hz.

O ciclo de trabalho variou de 10% a 100%, e a freqüência de modulacao de 25 a

400 Hz em cada freqüência da corrente alternada aplicada. Os autores

encontraram que para a melhor produção de torque e o menor desconforto, o

melhor ciclo de trabalho foi de 20%, com uma freqüência de modulacao de 100 Hz

e uma corrente alternada de 4000 Hz. O objetivo do trabalho de Moreno-Aranda e

Seireg foi avaliar a eficiência destes parâmetros, ou seja, como produzir uma

quantidade razoável de torque com o menor desconforto em determinada

intensidade de estimulação.

Ward et al1 entretanto, avaliaram o efeito do ciclo de trabalho no torque

máximo induzido eletricamente (MEIT) dos extensores do punho em indivíduos

saudáveis. Um objetivo secundário foi avaliar o desconforto. Estes pesquisadores

encontraram que o ciclo de trabalho de 50%, comumente utilizado na prática

clínica e difundido por Kots, foi menos efetivo do ponto de vista da máxima

produção de força muscular. O MEIT foi produzido não a 50%, mas sim com um

ciclo de trabalho de 20% ou menor. Esses autores concluíram também que

quando o desconforto é avaliado, uma freqüência de 2500 Hz é a mais indicada,

sendo esta a freqüência tradicionalmente utilizada na estimulação russa.

No trabalho de MACLODA TA e CARMACK JA, a avaliação do ciclo de

trabalho foi realizada no quadríceps femoral. O objetivo do estudo era determinar

o mais eficiente ciclo de trabalho na contração induzida eletricamente do músculo

quadríceps femoral, a 60° de flexão do joelho, em i ndivíduos saudáveis.14 Os

ciclos de trabalho avaliados foram 10 %, 30 %, 50 %, 70 % e 90 %, em uma

freqüência alternada de 2500 Hz, freqüência modulada de 50 Hz e amplitude

aumentada até o máximo tolerável. Dentro das limitações do estudo, concluiu-se

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que 10 % é o melhor ciclo de trabalho na estimulação elétrica Neuromuscular

Russa quando o objetivo do tratamento é o ganho de força muscular.

Os tempos de duração da contração e duração de repouso também variam

entre os trabalhos de avaliação de torque muscular e avaliação das freqüências de

baixa e média freqüência 7,15,16,17. Tratamentos padrões situam-se na faixa de 5 a

15 segundos de estimulação por 10 a 30 segundos de repouso.18

Relacionando os achados de Ward et al e Macloda et al, na avaliação do

ciclo de trabalho na produção de torque, utilizando para isso indivíduos saudáveis,

sugere-se que, um ciclo de trabalho de 10 a 20%, seria indicado para obtenção do

MEIT. Kots, em atletas de elite, utilizava um ciclo de trabalho de 50% e este é o

comumente utilizado na prática clínica.

Desta forma, uma importante questão é se os resultados obtidos por estes

pesquisadores poderiam ser reproduzidos em atletas, contrariando o parâmetro de

50 % de ciclo de trabalho preconizado por Kots, uma vez que existem diferenças

neuromusculares, em centros nervosos em células e tecidos de atletas19.

Através do treinamento, o indivíduo sofre uma série de transformações

orgânicas, em virtude dos esforços realizados. Estas transformações são

principalmente de ordem funcional e morfológica, e isto irá diferenciar o atleta de

um indivíduo não treinado.20, 21

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2 OBJETIVOS

O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do ciclo de trabalho da corrente

alternada de média freqüência no pico de torque do músculo quadríceps femoral

de atletas futebolistas do sexo masculino. O objetivo secundário é avaliar o

desconforto físico frente à aplicação da corrente.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Amostra

Os sujeitos foram 30 voluntários atletas profissionais (futebolistas), do sexo

masculino, com idade variando entre 18 e 23 anos (média de 18,79), peso de 64,5

Kg a 86,5kg (média de 74,32) e altura 1,68 m a 1,90 m (média de 1,78 m), todos

praticantes de atividade esportiva profissional a pelo menos 3 anos, com tempo de

treinamento semanal superior a oito períodos. Nos oito meses anteriores à coleta

dos dados, todos os voluntários foram submetidos ao mesmo treinamento físico,

respeitadas as diferenças em relação ao treinamento específico por posição do

atleta.

Participaram da pesquisa 2 goleiros, 4 laterais esquerdos, 2 laterais direitos,

3 zagueiros, 5 volantes, 6 meia-atacantes e 7 atacantes, sendo destes 6 canhotos

e 23 destros.

Apenas um destes voluntários não conseguiu concluir os testes, pois

relatou fortes dores no músculo quadríceps femoral durante a contração

isométrica voluntária máxima, impossibilitando-o de continuar, sendo então

excluído da pesquisa.

Foi considerado como critério de exclusão histórico de intervenções

cirúrgicas no membro inferior predominante, atletas com lesões musculares

recentes (nos 6 meses anteriores à pesquisa) em quadríceps femoral e que

possuam contra-indicações à estimulação elétrica neuromuscular.

Os procedimentos da pesquisa foram explicados a todos os indivíduos, e

cada participante e uma testemunha assinaram um formulário de consentimento

no momento da admissão no estudo. O presente estudo foi encaminhado para

revisão e aprovação, ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade

Cidade de São Paulo, sendo aprovado conforme anexo 1.

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3.2 Instrumentação

Para o registro do torque foi utilizado um dinamômetro isocinético

computadorizado da marca Cybex®, do modelo Cybex Norm 6000 – Universidade

Cidade de São Paulo (UNICID) - (Fig. 1).

Figura 1: Dinamômetro Isocinético Computadorizado, Cybex®

Para o registro do desconforto sensorial, foi utilizada uma escala visual

analógica (EVA) horizontal de 10 cm, entretanto sem indicação numérica na

escala. A extremidade esquerda referia-se a nenhum desconforto e a extremidade

direita ao máximo desconforto possível.

Para localização dos pontos motores utilizou-se o gerador universal de

pulsos Nemesys 941, da marca Quark.

A fonte de estimulação elétrica neuromuscular foi o Endophasys-R® (KLD

Biosistemas Equipamentos Eletrônicos Ltda) (Fig 2). As especificações do

estimulador estão resumidas na Tabela 1. A corrente foi transmitida através de

uma única saída, bifurcada com dois cabos paralelos de 2,0 metros de

comprimento.

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Os eletrodos utilizados eram de borracha siliconada de carbono, com

dimensões idênticas (10 x 5 cm), fornecidas pelo fabricante do equipamento de

estimulação.

O meio de contato foi o carbogel ult., sendo este um gel inodoro, incolor,

não gorduroso, hidrossolúvel, hipoalergênico, não abrasivo e umectante, com pH

neutro, fabricado pela Carbogel Indústria e Comércio Ltda.

A fita adesiva para fixação dos eletrodos tinha as seguintes características:

fita adesiva branca composta de papel crepado branco com adesivo a base de

resina de borracha sintética, de 16 mm de largura, fabricado pela 3M do Brasil

Ltda – Divisão de Produtos Médicos Hospitalares.

A faixa elástica (bandagem elástica CobanMR, modelo 1584, largura 100

mm) foi disposta acima da fita adesiva de forma a melhor fixar o eletrodo e evitar

que este se deslocasse do ponto motor previamente localizado.

Figura 2: Estimulador elétrico neuromuscular, Endophasys-R

Tabela 1: Características gerais do estimulador utilizado no experimento.

Forma da onda Alternada sinusoidal

Duração da fase 200 µs

Duração de contração 9 segundos

Freqüência corrente portadora 2500 Hz

Freqüência de modulação 50 Hz

Corrente de saída (Amplitude) 0 – 150 mA

Número de canais 4

Modelo/ Marca Endophasys-R – modelo ET9701

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3.3 Procedimentos

Os dados deste experimento foram colhidos nas dependências da clínica de

fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo, São Paulo – Brasil.

3.3.1 Posicionamento dos voluntários

Os voluntários foram submetidos a um breve período de aquecimento

muscular, utilizando a bicicleta ergométrica sem carga e com velocidade

moderada, por cinco minutos, seguidos de alongamentos passivos (três repetições

de trinta segundos cada) para o músculo quadríceps e isquiotibiais.22

Através da resposta de qual perna seria usada para chutar uma bola,

determinou-se a perna dominante dos voluntários.

Os voluntários foram então posicionados na cadeira do dinamômetro

isocinético, previamente calibrado.

As técnicas de posicionamento do voluntário fornecidas pelo fabricante

foram rigorosamente seguidas. Os quadris dos sujeitos foram imobilizados com

um cinto, a 85° de flexão, e a perna não-dominante foi imobilizada com uma dupla

almofada no terço distal da tíbia, 3 cm próximo da articulação do tornozelo. O

tronco também foi estabilizado por meio de cintas, para evitar possíveis

compensações musculares.

O Cybex Norm 6000 foi programado a uma velocidade angular de 0° por

segundo (modo isométrico), e a articulação do joelho da perna dominante foi

posicionada a 60º de flexão, medido pelo goniômetro, sendo que o apoio do braço

do dinamômetro foi fixado na região distal da perna do voluntário (permitindo um

arco completo de dorsiflexão). A coxa do sujeito foi também fixada na cadeira

através de cintas. O eixo de rotação do dinamômetro foi alinhado com o eixo de

rotação do joelho avaliado.

Os membros superiores foram apoiados no suporte lateral da cadeira do

dinamômetro.

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3.3.2 Determinação do pico de torque na contração isométrica voluntária máxima

(CIVM)

Para a determinação do pico de torque de cada voluntário, foi utilizado o

teste de CIVM. Este teste foi realizado 03 vezes, com 9 segundos de contração

cada.

Entre as três CIVM realizadas (todas em um mesmo dia), para avaliação do

torque, foi padronizado um intervalo de cinco minutos entre cada repetição.

Durante a contração, os sujeitos foram motivados verbalmente pelo

examinador. O maior torque registrado no monitor do dinamômetro foi considerado

como sendo o pico de torque isométrico.

3.3.3. Determinação do ponto motor

Foi determinado o ponto motor dos músculos reto femoral e vasto medial

através do equipamento Nemesys 941. Para a localização dos pontos motores

utilizou-se o gerador universal de pulso de forma que o eletrodo dispersivo (placa

com esponja) permaneceu no terço médio da face anterior do quadríceps avaliado

e o eletrodo ativo (caneta) foi utilizado para procurar os pontos motores

explorando a área de localização do mesmo. Os parâmetros usados para a

localização dos pontos motores foram os seguintes: T: 200 ms e R-500 ms, com

corrente pulsada monofásica retangular (U.E.). Foi considerado como sendo o

ponto motor, o ponto mais excitável com uma menor quantidade de corrente

aplicada.12

3.3.4 Determinação do pico de torque na contração induzida eletricamente

Antes da execução dos testes, o voluntário foi orientado a limpar a área do

quadríceps, retirando os pêlos. A área foi higienizada com uma gaze embebida

com álcool. Uma quantidade apropriada de gel condutor foi aplicada nos eletrodos,

espalhando-se por toda sua superfície, de forma homogênea. Estes foram então

Page 26: SILAS WASZCZUK JUNIOR CICLO DE TRABALHO DA CORRENTE ...

26

fixados nos pontos motores do músculo vasto medial e no reto femoral com auxílio

da fita auto-adesiva e da faixa elástica.

A freqüência utilizada foi de 2500 Hz, com uma freqüência de modulação de

50 Hz, tempo de duração da contração de 9 segundos (com rampa de subida de 3

segundos), amplitude sendo a máxima tolerável (variação de 0 a 150 mA) e o ciclo

de trabalho foi randomicamente aplicado. Foram avaliados os valores de torque

produzidos nos ciclos de trabalho de 20 %, 35 % e 50 %.

Como existem 6 possibilidades de combinações diferentes da seqüência de

ciclo de trabalho a ser aplicada, conforme Tabela 2, foram elaboradas 30 bolinhas,

sendo 5 bolinhas de cada número (número 1 ao número 6), e cada um dos 30

voluntários sorteou um número, ou seja, o sujeito que sorteou a bolinha com o

número 2, foi submetido a seqüência de aplicação do ciclo de 20 %, 50 % e 35 %,

assim como mais 4 voluntários que sortearam este mesmo número. Desta forma,

5 voluntários necessariamente foram submetidos à mesma seqüência.

Tabela 2: Possíveis seqüências de ciclo de trabalho

1 20 % 35 % 50 %

2 20 % 50 % 35 %

3 35 % 20 % 50 %

4 35 % 50 % 20 %

5 50 % 20 % 35 %

6 50 % 35 % 20 %

Foi avaliado o pico de torque para cada ciclo de trabalho (20, 35 e 50 %).

Para cada ciclo de trabalho foram realizadas três avaliações e, tanto o maior valor

das três repetições, quanto a média, foram expressos como percentual da CIVM:

% da CIVM = valor do pico de torque induzido eletricamente x 100

CIVM

Page 27: SILAS WASZCZUK JUNIOR CICLO DE TRABALHO DA CORRENTE ...

27

Cada contração eletricamente induzida teve duração de nove segundos e um

repouso de cinco minutos. A intensidade foi aumentada gradualmente até a

máxima suportada pelo indivíduo. Neste momento, o examinador solicitou ao

voluntário que mantivesse o membro avaliado o mais relaxado possível, sem

“ajudar” ou “atrapalhar” voluntariamente a contração eletricamente induzida. Os

valores do ciclo de trabalho foram então randomicamente aplicados.

3.3.5 Determinação do grau de desconforto nos diferentes ciclos de trabalho

O grau de desconforto foi avaliado ao final de cada estimulação elétrica. Os

voluntários assinalaram a escala visual analógica (EVA) subjetivamente de acordo

com o desconforto percebido nos testes realizados. Foi explicado ao voluntário

apenas que a extremidade esquerda referia-se a nenhum desconforto e a

extremidade direita ao máximo desconforto possível. Posteriormente, foram

atribuídos valores numéricos através de uma régua posicionada sobre a escala,

sendo que a extremidade esquerda representava o valor “zero”, ou seja, nenhum

desconforto, e a extremidade direita o valor 10, maior desconforto possível. Dos

três valores de desconforto encontrados para cada um dos três ciclos de trabalho,

foram considerados os valores de desconforto referentes a repetição que produziu

maior pico de torque induzido eletricamente e também a média dos valores de

desconforto encontrados nas três repetições.

3.4 Análise dos dados

A análise dos dados foi realizada utilizando-se o pacote estatístico SPSS

(Statistical Package for Social Sciences) for Windows versão 11.5. Os gráficos

foram feitos pelo software R versão 2.5.1.23 Todos os testes foram realizados

assumindo um nível de significância α=5%.

Inicialmente foi utilizada a estatística descritiva para avaliar a freqüência,

média e erro-padrão das variáveis de interesse. Os dados quantitativos foram

apresentados na forma de média ± erro-padrão. As comparações das médias das

Page 28: SILAS WASZCZUK JUNIOR CICLO DE TRABALHO DA CORRENTE ...

28

variáveis ‘Desconforto’ e ‘Intensidade’ foram realizadas através da ANOVA com

medidas repetidas24. Devido à não normalidade das observações das variáveis

‘Torque’ e ‘Percentual de Torque’ (suposição básica para a ANOVA), optou-se

pelo teste não paramétrico de Friedman25 para realizar a comparação dessas

variáveis. Para as diferenças significantes, foi realizado o teste Post-Hoc para

identificar onde ocorrem essas diferenças. No caso da rejeição da hipótese de

igualdade pelo teste de Friedman, realizou-se o Post-Hoc através do teste não

paramétrico de Wilcoxon.25

O teste Qui-quadrado de Aderência25 foi utilizado para verificar a

prevalência do torque máximo entre as repetições. Foi considerada como hipótese

inicial a igualdade de ocorrência do maior torque entre as repetições. Para as

diferenças significantes, o teste Qui-quadrado foi aplicado novamente comparando

os pares.

A medida das variáveis ‘Percentual de Torque Induzido’, ‘Desconforto’ e

‘Intensidade’ foram obtidas de duas formas distintas: 1) considerando o maior

valor do torque induzido e; 2) considerando a média entre as três repetições. A

ANOVA de dois fatores (ANOVA two way) com medidas repetidas24, sendo o fator

principal as duas formas de mensuração (valor médio e máximo) e outro fator os

diferentes ciclos de trabalho, foi utilizada para comparar a diferença entre os dois

métodos de mensuração.

Page 29: SILAS WASZCZUK JUNIOR CICLO DE TRABALHO DA CORRENTE ...

29

4 RESULTADOS

4.1 Máximo das Três Repetições

A Tabela 3 apresenta os resultados obtidos para o teste de diferença de

médias das variáveis ‘Percentual do Torque Induzido’, ‘Desconforto’ e

‘Intensidade’. A Tabela 4 apresenta o Post-Hoc das variáveis que apresentaram

diferença significante entre as seqüências do ciclo de trabalho. Aqui foi

considerado o maior torque entre as três repetições.

Tabela 3: Média, Erro-Padrão e valor p da diferença de médias das variáveis ‘Percentual do Torque Induzido’, ‘Desconforto’ e ‘Intensidade’, segundo o ciclo de trabalho (torque máximo entre as três repetições).

Seqüência do ciclo de trabalho

p 20% 35% 50%

Perc. Torque Ind. (%) 55,18 ± 3,75 b,c 49,31 ± 3,70 a 48,34 ± 3,93 a 0,003 Desconforto 7,89 ± 0,31 7,27 ± 0,39 7,65 ± 0,35 0,180 Intensidade (mA) 141,90 ± 4,20 137,72 ± 5,19 140,55 ± 4,76 0,383 a : diferente do ciclo de trabalho de 20%; b : diferente do ciclo de trabalho de 35%; c : do ciclo de trabalho de 50%.

Tabela 4: Post-Hoc das médias do ‘Percentual do Torque Induzido’ entre os diversos ciclos de trabalho.

POST-HOC p

Perc. Torque Ind. Ciclo de 20% Vs Ciclo de 35% 0,004 Ciclo de 20% Vs Ciclo de 50% 0,001 Ciclo de 35% Vs Ciclo de 50% 0,658

Page 30: SILAS WASZCZUK JUNIOR CICLO DE TRABALHO DA CORRENTE ...

30

20% 35% 50%

Per

cent

ual d

o Tor

que

Indu

zido

0

10

20

30

40

50

60

70

*

*

20% 35% 50%

Des

conf

orto

0

2

4

6

8

Ciclo Induzido

20% 35% 50%

Inte

nsid

ade

0

20

40

60

80

100

120

140

Gráfico 1: Média ±±±± erro padrão das médias das variáveis ‘Percentual d o Torque Induzido’, ‘Desconforto’ e ‘Intensidade’, segundo o ciclo de t rabalho (torque máximo entre as três repetições).

(*) indica diferença significativa.

Veja que apenas o ‘Percentual do Torque Induzido’ apresentou diferença

significante entre os ciclos de trabalho (p=0,003). Realizando o Post-Hoc, observa-

se que o ciclo de trabalho de 20% apresentou um torque induzido médio

significantemente maior que os ciclos de 35% e 50% (p=0,004 e 0,001,

respectivamente). Ademais, o ciclo de trabalho de 35% apresentou um torque

médio maior que o ciclo de trabalho de 50%, no entanto essa diferença não foi

significante (p=0,658).

Com relação à variável ‘Desconforto’, não foi detectada diferença

significante entre os ciclos de trabalho (p=0,180). Pode-se notar uma tendência de

Page 31: SILAS WASZCZUK JUNIOR CICLO DE TRABALHO DA CORRENTE ...

31

maior desconforto no ciclo de trabalho de 20%, no entanto essa tendência é não

significante.

O mesmo ocorre com a variável ‘Intensidade’, que também não apresentou

diferença significante entre os ciclos de trabalho (p=0,383). Apesar de o ciclo de

trabalho de 20% apresentar uma tendência de maior intensidade, essa tendência

é não significante.

4.2 Média das Três Repetições

A Tabela 5 apresenta os resultados obtidos para o teste de diferença das

médias das variáveis ‘Percentual do Torque Induzido’, ‘Desconforto’ e

‘Intensidade’. A Tabela 6 apresenta o Post-Hoc das variáveis que apresentaram

diferença significante entre as seqüências do ciclo de trabalho. Neste caso foi

considerada a média do torque entre as três repetições.

Tabela 5: Média, Erro-Padrão e valor p da diferença de médias das variáveis ‘Percentual do Torque Induzido’, ‘Desconforto’ e ‘Intensidade’, segundo o ciclo de trabalho (média do torque entre as três repetições).

Seqüência do ciclo de trabalho

P 20% 35% 50%

Perc. Torque Ind. (%) 50,87 ± 4,18 b,c 45,10 ± 3,94 a 43,38 ± 3,96 a 0,005 Desconforto 7,58 ± 0,33 7,03 ± 0,42 7,26 ± 0,34 0,342 Intensidade (mA) 136,36 ± 4,34 133,07 ± 5,45 133,95 ± 4,57 0,618 a : diferente do ciclo de trabalho de 20%; b : diferente do ciclo de trabalho de 35%; c : do ciclo de trabalho de 50%.

Tabela 6: Post-Hoc das médias do ‘Percentual do Torque Induzido’ entre os diversos ciclos de trabalho.

POST-HOC P

Perc. Torque Ind. Ciclo de 20% Vs Ciclo de 35% 0,012 Ciclo de 20% Vs Ciclo de 50% 0,004 Ciclo de 35% Vs Ciclo de 50% 0,465

Page 32: SILAS WASZCZUK JUNIOR CICLO DE TRABALHO DA CORRENTE ...

32

Gráfico 2: Média ±±±± erro padrão das médias das variáveis ‘Percentual d o Torque Induzido’, ‘Desconforto’ e ‘Intensidade’, segundo o ciclo de t rabalho (média do torque entre as três repetições).

(*) indica diferença significativa.

Veja que apenas o ‘Percentual do Torque Induzido’ apresentou diferença

significante entre os ciclos de trabalho (p=0,005). Realizando o Post-Hoc, observa-

se que o ciclo de trabalho de 20% apresentou um torque induzido médio

significantemente maior que os ciclos de 35% e 50% (p=0,012 e 0,004,

respectivamente). Ademais, o ciclo de trabalho de 35% apresentou um torque

médio maior que o ciclo de trabalho de 50%, no entanto essa diferença não foi

significante (p=0,465).

Com relação à variável ‘Desconforto’, não foi detectada diferença

significante entre os ciclos de trabalho (p=0,342). Pode-se notar uma tendência de

Page 33: SILAS WASZCZUK JUNIOR CICLO DE TRABALHO DA CORRENTE ...

33

maior desconforto no ciclo de trabalho de 35%, no entanto essa tendência é não

significante.

O mesmo ocorre com a variável ‘Intensidade’, que também não apresentou

diferença significante entre os ciclos de trabalho (p=0,618). Apesar de o ciclo de

trabalho de 20% apresentar uma tendência de maior intensidade, essa tendência

é não significante.

4.3 Comparação entre o Máximo e a Média

Tabela 7: Média, Erro-Padrão e valor p do teste da comparação entre os métodos de mensuração para as variáveis ‘Percentual do Torque Induzido’, ‘Desconforto’ e ‘Intensidade’.

Ciclo de trabalho Métodos de m ensuração

p* Máximo Média

Perc. Torque Induzido

20% 55,18 ± 3,75 50,87 ± 4,18 <0,001 35% 49,31 ± 3,70 45,10 ± 3,94

50% 48,34 ± 3,93 43,38 ± 3,96

Desconforto 20% 7,89 ± 0,31 7,58 ± 0,33

0,001 35% 7,27 ± 0,39 7,03 ± 0,42 50% 7,65 ± 0,35 7,26 ± 0,34

Intensidade 20% 141,90 ± 4,20 136,36 ± 4,34

<0,001 35% 137,72 ± 5,19 133,07 ± 5,45 50% 140,55 ± 4,76 133,95 ± 4,57

* ANOVA medidas repetidas: teste do fator ‘método de mensuração’ ajustado aos ciclos de

trabalho.

Veja que todas as variáveis apresentaram diferença significante entre os

dois métodos de mensuração. É esperado que o valor médio seja menor que o

máximo. No entanto essa diferença significante indica a presença de variabilidade

entre as repetições (se não houvesse muita variabilidade entre as repetições, a

média e o máximo não se difeririam significantemente).

Não há uma técnica para comparar diretamente os dois métodos de

mensuração. No entanto, observando as Tabelas 3, 4, 5 e 6, podemos ver que a

média apresenta resultados mais conservadores do que o máximo (os valores de

p também são mais conservadores na média).

Page 34: SILAS WASZCZUK JUNIOR CICLO DE TRABALHO DA CORRENTE ...

34

4.4. Comparação do torque entre as repetições

A Tabela 8 apresenta os resultados obtidos para o teste de diferença das

médias dos torques (voluntário e induzidos) entre as repetições. A Tabela 9

apresenta o Post-Hoc das variáveis que apresentaram médias significantemente

diferentes entre as repetições.

Tabela 8: Média, Erro-Padrão e valor p da diferença entre as médias dos torques Voluntário e Induzidos a 20%, 35% e 50%, segundo a ordem de repetição do exercício.

Repetições

p Primeira Segunda Terceira

Torque Voluntário 305,21 ± 9,37 303,17 ± 9,01 302,41 ± 8,62 0,230 Torque Ind. 20% 143,52 ± 13,22 151,55 ± 13,13 157,83 ± 11,64 0,565 Torque Ind. 35% 119,48 ± 12,51 b,c 140,45 ± 13,30 a 147,59 ± 11,87 a 0,001 Torque Ind. 50% 111,03 ± 12,19 b,c 134,79 ± 12,18 a 143,82 ± 12,94 a 0,005 a : diferente da primeira repetição; b : diferente da segunda repetição; c : diferente da terceira repetição.

Tabela 9: Post-Hoc das médias do Torque induzido a 35% e 50%, entre as três repetições. POST-HOC p

Torque Induz. 35% 1ª Repetição vs 2ª Repetição 0,005 1ª Repetição vs 3ª Repetição <0,001 2ª Repetição vs 3ª Repetição 0,111

Torque Induz. 50% 1ª Repetição vs 2ª Repetição 0,001 1ª Repetição vs 3ª Repetição 0,002 2ª Repetição vs 3ª Repetição 0,236

Page 35: SILAS WASZCZUK JUNIOR CICLO DE TRABALHO DA CORRENTE ...

35

Voluntário Induzido 20% Induzido 35% Induzido 50%

Ciclo

Tor

que

0

50

100

150

200

250

300

350

Repetição 1Repetição 2Repetição 3

**

**

Gráfico 3: Média ±±±± erro-padrão das médias dos torques voluntário e in duzidos a 20%, 35% e 50%, segundo a ordem de repetição do exercício.

(*) indica diferença significativa.

Note que a média dos torques induzidos aumenta ao longo das repetições.

Esse aumento é significante para o Torque Induzido a 35% e 50% (p=0,001 e

p=0,005, respectivamente), mas não significante para o Torque Induzido a 20%

(p=0,565).

Para o Torque Induzido a 35%, o torque médio na primeira repetição é

significantemente menor que na segunda e terceira repetições (p=0,005 e

p<0,001, respectivamente). Apesar da segunda repetição apresentar um torque

médio menor que a terceira repetição, essa diferença não é significante (p=0,111).

Page 36: SILAS WASZCZUK JUNIOR CICLO DE TRABALHO DA CORRENTE ...

36

O mesmo ocorre para o Torque Induzido a 50%, onde a primeira repetição

apresenta um torque médio significantemente menor que o observado na segunda

e terceira repetições (p=0,001 e p=0,002, respectivamente). Aqui também não há

diferença significante entre o torque médio entre a segunda e terceira repetição.

Ao contrário do torque induzido, o Torque Voluntário apresentou uma

tendência decrescente ao longo das repetições. No entanto, essa tendência não é

significante (p=0,230).

4.5. Comparação da intensidade entre as repetições

A Tabela 10 apresenta os resultados obtidos para o teste de diferença

médias da intensidade entre as repetições. A Tabela 11 apresenta o Post-Hoc das

variáveis que apresentaram médias significantemente diferentes entre as

repetições.

Tabela 10: Média, Erro-Padrão e valor p da diferença de médias da variável intensidade entre as 3 contrações (repetições) para cada ciclo de trabalho. Ciclo de Trabalho 1a Repetição 2a Repetição 3a Repetição p

20% 131,34 ± 4.58 b, c 137.03 ± 4.45 a 140.69 ± 4.36 a < 0,0001 35% 128.14 ± 5.75 b, c 133.03 ± 5.56 a, c 138.03 ± 5.15 a, b < 0,0001 50% 127.72 ± 4.80 b, c 135.69 ± 4.56 a 138.79 ± 4.86 a < 0,0001

a: Diferente da 1a repetição b: Diferente da 2a repetição c: Diferente da 3a repetição Tabela 11: Post-Hoc das médias da variável intensidade entre as 3 contrações (repetições) para o ciclo de trabalho de 20%, 35% e 50%.

POST-HOC p

Ciclo de 20% 1a Repetição vs 2a Repetição < 0.01 1a Repetição vs 3a Repetição < 0.001 2a Repetição vs 3a Repetição > 0.05

Ciclo de 35% 1a Repetição vs 2a Repetição < 0.001 1a Repetição vs 3a Repetição < 0.001 2a Repetição vs 3a Repetição < 0.001

Ciclo de 50% 1a Repetição vs 2a Repetição < 0.01 1a Repetição vs 3a Repetição < 0.001 2a Repetição vs 3a Repetição > 0.05

Page 37: SILAS WASZCZUK JUNIOR CICLO DE TRABALHO DA CORRENTE ...

37

Note que a média da variável intensidade aumenta ao longo das repetições.

Esse aumento é significante para todos os ciclos de trabalho 20%, 35% e 50%

(p=0,0001).

Para os ciclos de trabalho de 20% e 50%, a intensidade média na primeira

repetição é significantemente menor que na segunda e terceira repetições (p<0,01

e p<0,001, respectivamente). Apesar da segunda repetição apresentar intensidade

média menor que a terceira repetição, essa diferença não é significante (p>0,05).

No ciclo de trabalho de 35%, a intensidade média na primeira repetição

também é significantemente menor que na segunda e terceira repetições (p<

0,001), e a intensidade média na segunda repetição é menor que na terceira

repetição, sendo esta diferença significante (p< 0,001).

4.6. Ocorrência do maior torque entre as repetições

A Tabela 12 apresenta a freqüência de ocorrência do maior torque entre as

repetições. A Tabela 13 apresenta as comparações cruzadas das freqüências das

variáveis que apresentaram diferenças significantes entre as repetições.

Tabela 12: Freqüência da ocorrência do maior torque entre as repetições. Repetições

P Primeira Segunda Terceira

Torque Voluntário 15 8 6 0,099 Torque Induz. 20% 8 8 13 0,422 Torque Induz. 35% 5 c 8 16 a 0,035 Torque Induz. 50% 3 b,c 12 a 14 a 0,029 a : diferente da primeira repetição; b : diferente da segunda repetição; c : diferente da terceira repetição.

Tabela 13: Comparações cruzadas entre as freqüências do maior torque induzido a 35 e 50%, entre as repetições

Comparação Cruzada P

Torque Induz. 35% 1ª Repetição vs 2ª Repetição 0,405 1ª Repetição vs 3ª Repetição 0,016 2ª Repetição vs 3ª Repetição 0,102

Torque Induz. 50% 1ª Repetição vs 2ª Repetição 0,020 1ª Repetição vs 3ª Repetição 0,008 2ª Repetição vs 3ª Repetição 0,695

Page 38: SILAS WASZCZUK JUNIOR CICLO DE TRABALHO DA CORRENTE ...

38

Gráfico 4: Freqüência da ocorrência do maior torque entre as repetições.

(*) indica diferença significativa.

Note que para o Torque Voluntário, existe uma tendência do torque máximo

ser produzido com maior freqüência nas primeiras repetições. Mas essa tendência

não é significante (p=0,099). Para os torques induzidos, o torque máximo parece

ocorrer com maior freqüência nas últimas repetições. Essa tendência é significante

para os Torques Induzidos a 35% e 50% (p=0,035, p=0,029, respectivamente) e

não significante para o Torque Induzido a 20% (p=0,422).

Para o Torque Induzido a 35%, a ocorrência do torque máximo na primeira

repetição foi significantemente menor que na terceira repetição (p=0,016), mas

não significantemente menor que na segunda repetição (p=0,405). O torque

Page 39: SILAS WASZCZUK JUNIOR CICLO DE TRABALHO DA CORRENTE ...

39

máximo foi mais freqüente na terceira repetição do que na segunda, no entanto

essa diferença não é significante (p=0,102).

Para o Torque Induzido a 50%, a ocorrência do torque máximo na primeira

repetição foi significantemente menor que na segunda e terceira repetições

(p=0,020 e p=0,008, respectivamente). Aqui, novamente o torque máximo foi mais

freqüente na terceira repetição do que na segunda, mas essa diferença não foi

significante (p=0,695).

Page 40: SILAS WASZCZUK JUNIOR CICLO DE TRABALHO DA CORRENTE ...

40

5 DISCUSSÃO

A partir dos trabalhos disponíveis na literatura, o tempo de duração da

contração e duração do repouso do presente estudo foi estabelecido com base

nos valores médios utilizados por vários pesquisadores,7,14,15,17 sendo desta

maneira um período de duração da contração de 9 segundos (com rampa de

subida fixa de 3 segundos), de acordo também com as especificações do

estimulador.

Entre as três CIVM e as três contrações induzidas eletricamente, realizadas

em um mesmo dia, foi padronizado um intervalo de 5 minutos entre cada

repetição. A literatura tem demonstrado a existência de adenosina-trifosfato (ATP),

bem como a possibilidade de regenerar suficientemente o suprimento dessa

molécula, no músculo em CIVM com 30 segundos de duração 27,28. Considerando

que as CIVM e induzidas eletricamente no presente estudo foram realizadas por

um período de tempo muito inferior a 30 segundos, e que as informações

disponíveis relacionadas tanto ao consumo quanto a reposição dos substratos

energéticos do músculo esquelético nessa situação, o intervalo proposto de 5

minutos entre cada CIVM e induzida eletricamente foi considerado suficiente.

O posicionamento dos voluntários foi realizado de acordo com os trabalhos

de Mendler (1976).29

Mendler (1976) testou a força máxima de extensão isométrica do joelho

com diferentes métodos de estabilização e encontrou que a maior força produzida

foi possível quando as costas estavam bem posicionadas no encosto do

equipamento e as mãos firmemente apoiadas no assento29. Assim, uma adequada

estabilização dos sujeitos de pesquisa no equipamento é necessária para

proporcionar uma máxima produção de torque com o mínimo de interferência30.

O ângulo de flexão do joelho foi estabelecido como sendo 60°, já que a

maioria das pesquisas desenvolveram seus protocolos utilizando este parâmetro

de flexão7, 8, 14, 16, 17. Existem poucos trabalhos avaliando o ângulo de flexão e sua

correlação com a produção de torque isométrico31.

Page 41: SILAS WASZCZUK JUNIOR CICLO DE TRABALHO DA CORRENTE ...

41

No trabalho realizado por ARNOLD et al (1993)31 foi realizada uma análise

in vivo envolvendo o quadríceps femoral, da relação da velocidade de torque

ângulo-específica (avaliação isocinética), com os valores de 30°, 60° e 75° de

flexão do joelho. Foi encontrado que não houve diferença significante entre os

valores de 60° e 75°, sugerindo que estes seriam os melhores posicionamentos.

A colocação dos eletrodos também é muito importante para se obter os

melhores resultados. É mais fácil ativar o músculo pelo estímulo no seu ponto

motor, que é o local onde o músculo pode ser estimulado e contraído utilizando-se

da menor quantidade de energia (Kitchen, 1998)32.

Desta forma, no presente estudo os eletrodos foram posicionados no ponto

motor do músculo reto femoral e vasto medial, com o auxílio do gerador universal

de pulsos Nemesys 941 da marca Quark.

Em relação ao ciclo de trabalho, poucos estudos disponíveis na literatura

avaliaram o efeito deste parâmetro na estimulação elétrica neuromuscular.

Um destes estudos foi realizado por Bankov26, onde utilizou-se uma

corrente alternada com freqüência de 5000 Hz, modulada a 60 Hz com ciclos de

trabalho de 6%, 12 % e 30% 26. O músculo estudado foi o bíceps braquial, sendo

este estimulado a uma intensidade suficiente para produzir força capaz de manter

a articulação do cotovelo a 90º de flexão. Bankov escolheu um nível fixo e baixo

de torque como o parâmetro constante da avaliação. Segundo os resultados

encontrados por Bankov, os ciclos de trabalho menores produziram menor

desconforto.

Para o ganho de força entretanto, é utilizada na prática clínica a máxima

intensidade tolerável e não apenas, conforme trabalho realizado por Bankov,

intensidade suficiente para estabilização da articulação. Os resultados

encontrados por este autor precisariam ser confirmados através da análise do

torque máximo induzido eletricamente.

Nos resultados obtidos neste trabalho, observa-se que em todos os ciclos

de trabalho aplicados, houve aumento da média das intensidades ao longo das

repetições, ou seja, na terceira contração foram utilizadas intensidades maiores do

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42

que na primeira e segunda repetições, acompanhadas pelo respectivo aumento de

torque.

Estes resultados podem ser explicados devido ao aumento da tolerância

dos indivíduos frente a aplicação repetida da estimulação elétrica. A tolerância à

dor provocada pela corrente elétrica depende da familiarização prévia ao método e

do nível de treinamento do indivíduo. A máxima intensidade suportada por sujeitos

sadios não atletas é em média de 70mA33 e em atletas de alto nível de até

200mA.34

No estudo realizado por Moreno-Aranda e Seireg (1981)13, foram

investigados os efeitos da freqüência portadora, freqüência de modulação e do

ciclo de trabalho na produção de torque dos flexores dos dedos e o respectivo

grau de desconforto. As voltagens do estímulo permaneceram constantes e a

freqüência da corrente portadora, inicialmente a 500 Hz, foi elevada até 10.000 Hz

(500 Hz, 1000 Hz, 2000 Hz, 2500 Hz, 3000 Hz, 3500 Hz, 4000 Hz, 4500 Hz, 5000

Hz, 6000 Hz, 7000 Hz, 8000 Hz, 9000 Hz e 10000 Hz). O ciclo de trabalho variou

de 10% a 100%, e a freqüência de modulação de 25 a 400 Hz em cada freqüência

portadora da corrente alternada aplicada. Os autores encontraram que para a

melhor produção de torque e o menor desconforto, o melhor ciclo de trabalho foi

de 20%, com uma freqüência de modulação de 100 Hz e uma corrente portadora

de 4000 Hz. O objetivo do trabalho de Moreno-Aranda e Seireg13 foi avaliar a

eficiência destes parâmetros, ou seja, como produzir uma quantidade razoável de

torque com o menor desconforto em determinada intensidade de estimulação.

No trabalho de Ward et al (2004)1, entretanto, foi avaliado o efeito do ciclo

de trabalho no torque máximo induzido eletricamente (MEIT) dos extensores do

punho em indivíduos saudáveis, sendo observado que com o aumento do ciclo de

trabalho, o torque diminuiu. Isto foi claramente evidente em todos os ciclos de

trabalho acima de 20 %. Ward et al avaliaram o ciclo de trabalho numa faixa de

0,25 a 100 %, nas diferentes freqüências portadoras, que variaram de 500 Hz a

20.000 Hz. Esses autores encontraram ainda que o ciclo de trabalho afetou a

percepção de desconforto. O ciclo de trabalho mais freqüentemente relatado como

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43

sendo o mais desconfortável foi de 100 %. O menor desconforto foi relatado com o

ciclo de trabalho de 20 – 25 %.

Embora os resultados encontrados por estes autores sejam de extrema

relevância para este trabalho, nenhum deles utilizou o músculo quadríceps

femoral: Bankov26 utilizou o bíceps braquial, Moreno-Aranda e Seireg13 os flexores

dos dedos e Ward et al1 os extensores do punho.

Somente MACLODA TA e CARMACK JA (2000)14, avaliaram o ciclo de

trabalho no quadríceps femoral, com o joelho flexionado a 60°. O objetivo do

estudo era determinar o mais eficiente ciclo de trabalho na contração induzida do

músculo quadríceps femoral em indivíduos saudáveis. Os ciclos de trabalho

avaliados foram 10 %, 30 %, 50 %, 70 % e 90 %, em uma corrente alternada com

freqüência de 2500 Hz, freqüência de modulação de 50 Hz e amplitude

aumentada até o máximo tolerável.

Com a proposta de determinar o melhor valor para o ciclo de trabalho,

Macloda et al14 estabeleceram, dentro das limitações do estudo, que 10 % é o

melhor ciclo de trabalho para a estimulação elétrica neuromuscular com corrente

Russa, quando o objetivo do tratamento é o ganho de força muscular.

Ainda que neste estudo realizado por Macloda et al foi utilizado o músculo

quadríceps femoral, os indivíduos eram também, assim como nos demais

trabalhos, sujeitos saudáveis (não atletas).

Conforme pode ser observado, ciclos de trabalho de 10%, ou valores ainda

menores, foram avaliados nestes estudos. Entretanto, ciclos variando entre 20% a

50% são os mais freqüentemente disponíveis nos equipamentos de

eletroestimulação encontrados no mercado. Por esta razão, 20%, 35% e 50%

foram os valores de ciclo de trabalho escolhidos na presente pesquisa.

Ainda em relação ao ciclo de trabalho, parâmetro principal de avaliação

nesta pesquisa, somente nos trabalhos desenvolvidos pelo cientista Russo Yakov

Kots, responsável por tornar popular o uso da chamada “corrente russa”, que

utiliza ciclo de trabalho de 50%, foram extensivamente estudados os efeitos desta

forma de estimulação em atletas de elite, embora detalhes de algumas de suas

pesquisas não tenham sido documentados.10

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44

Kots obteve resultados expressivos de ganho de força utilizando ciclo de

trabalho de 50% em atletas de elite, embora pesquisas posteriores relatem que o

melhor ciclo de trabalho para produção de torque seria de 10 - 20 % 1,13,14,26, em

indivíduos saudáveis.

Uma importante questão é se os resultados obtidos por estes autores

seriam reproduzidos em atletas profissionais ou o ciclo de trabalho de 50%,

utilizado na prática clínica, na estimulação russa, seria o melhor ciclo de trabalho

para obtenção do maior torque, conforme utilizado anteriormente por Kots.

Sabe-se que atletas possuem diferenças metabólicas e estruturais

importantes em relação a indivíduos saudáveis não treinados. Uma das mudanças

metabólicas mais evidentes que ocorre com o treinamento é um desvio no sentido

de um maior potencial e capacidade oxidativos. Este desvio é verdadeiro para

todos os tipos de fibras, sendo acompanhado por aumentos na densidade do

volume mitocondrial nas proximidades do sarcolema.

No presente estudo, foi avaliado o efeito do ciclo de trabalho da corrente

alternada de média freqüência na geração de torque do músculo quadríceps

femoral em atletas futebolistas profissionais do sexo masculino. Para isso foram

utilizados os valores encontrados de maior pico de torque nas três repetições

realizadas para cada ciclo de trabalho estudado, 20%, 35 % e 50 %, e também a

média dos valores de pico de torque produzidos nas três repetições. A análise foi

realizada das duas formas, pois não existe um consenso na literatura sobre qual

seria a maneira mais adequada. Alguns autores optam pela escolha do maior

torque obtido entre as 3 contrações e outros optam pela realização da média dos 3

valores obtidos.

Tanto a análise estatística da média dos picos de torque quanto do maior

valor de pico de torque produzido entre as três repetições realizadas para cada

ciclo de trabalho, demonstraram que o máximo torque induzido eletricamente foi

produzido com o ciclo de trabalho de 20%.

Este resultado está de acordo com as pesquisas previamente realizadas e

que avaliaram o ciclo de trabalho1, 10, 13, 14, 26, embora valores menores que 20 %

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45

de ciclo de trabalho não tenham sido considerados no presente estudo,

contrariando também o valor preconizado por Kots de 50%.

Uma possível explicação para os achados é que com bursts de longa

duração (valores altos de ciclo de trabalho) da corrente alternada, as taxas de

disparo da fibra nervosa serão múltiplas de 50 Hz15,35.

Isto ocorre pois com este tipo de corrente, existe a possibilidade de que um

único burst poderá resultar em múltiplos potenciais de ação como resultado do

fenômeno chamado “somação”. Portanto, a freqüência de disparo pode ser algum

valor múltiplo da freqüência de burst. Se os primeiros pulsos em um burst

somarem-se, a fibra nervosa pode disparar, passar por um breve período de

refratoriedade, e depois disparar novamente. Se este processo ocorre

rapidamente e, devido a isto, é repetido durante o burst, a freqüência de disparo

da fibra nervosa será múltipla da freqüência de burst.36

O fenômeno de somação foi primeiramente descrito por Gildemeister, onde

bursts de corrente alternada são aplicadas transcutaneamente, a voltagem do

limiar para excitação sensorial do nervo diminui a medida que a duração do burst

aumenta. Isto ocorre pois, com cada pulso sucessivo, a membrana da fibra

nervosa aproxima-se do seu limiar. O limiar da membrana é atingido quando

sucessivos pulsos resultam em despolarização suficiente para produzir um

potencial de ação.

Gildemeister observou também um limite para este efeito. A medida que o

número de ciclos por burst aumentava, o limiar diminuía, mas somente até certo

ponto. Após certa duração de burst, não era mais observada diminuição no limiar.

Isto foi chamado de “máxima duração de burst”.36

Máximas taxas de disparo aproximando-se de 1 KHz têm sido observadas

em α-motoneurônios isolados estimulados no seu supra-limiar utilizando estímulo

contínuo (não-modulado) com freqüências na faixa de 1-10 KHz37. Isto significa

que com bursts de corrente utilizando um ciclo de trabalho de 50%, a máxima taxa

de disparo pode ser menor do que 500 Hz e a um ciclo de trabalho de 20%, menor

que 200 Hz. Enquanto que uma taxa de disparo da fibra nervosa com valores

menores que 200 Hz, poderiam elicitar maior MEIT do que 50 Hz, uma taxa de

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disparo aproximando-se de 500 Hz ou 1 KHz poderia resultar em um rápido

dropout da fibra devido a uma depleção de neurotransmissor, falha na

propagação35 e/ou bloqueio nervoso37,38.

Em resumo, bursts de longa duração poderiam levar a uma fadiga muscular

precoce, devido a estes fatores (depleção de neurotransmissores, falhas na

propagação, etc) sendo que ciclos de trabalho menores, e neste caso de 20%

conforme resultados encontrados, seriam mais adequados, evitando uma

despolarização excessiva da fibra.

Quando é aplicada uma corrente de baixa freqüência de 50 Hz, a fibra

nervosa dispara 50 vezes por segundo. Na corrente russa o mesmo deveria

ocorrer. Entretanto, pelo fenômeno da somação (efeito Gildemeister), temos vários

disparos em um único burst. Quanto maior o burst, mais disparos ocorrerão.

Os achados relativos ao desconforto frente à estimulação obtidos no

presente estudo, entretanto, contradizem os resultados descritos por WARD et al1,

MORENO-ARANDA et al13 e BANKOV26. Através da análise estatística, as

diferenças entre o desconforto relatado pelos voluntários nos três ciclos de

trabalho avaliados não foram significantes.

Estudos sobre os relatos de desconforto em sujeitos submetidos a várias

formas de onda sugerem que a percepção de conforto difere entre os

indivíduos.39,40

Delitto et al41 estudaram a influência dos fatores comportamentais

individuais e dos fatores relativos à corrente sobre o modo como os indivíduos

reagem à estimulação. Eles chegaram à conclusão que o estilo pessoal de

enfrentamento de situações novas, principalmente das adversas, a percepção da

amplitude, das estimulações desagradáveis e de se a estimulação evocou uma

contração muscular, são fatores importantes para determinação do desconforto

individual frente à estimulação elétrica neuromuscular.

Esta poderia ser uma possível explicação para os achados do presente

estudo em relação ao desconforto frente aos ciclos de trabalho estudados, visto

que atletas de elite estão habituados a tolerar algum grau de desconforto em suas

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rotinas de treinamento e são provavelmente altamente motivados a suportar a dor

em situações adversas.

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6 CONCLUSÃO

O ciclo de trabalho de 20 %, da corrente alternada de média freqüência, produziu

maior pico de torque no quadríceps femoral de atletas futebolistas do sexo

masculino, quando comparado com ciclos de trabalho de 35% e 50%. Não houve

diferença no desconforto entre os diferentes ciclos de trabalho.

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