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SÃO PAULO, 15 a 17 DE NOVEMBRO DE 2014

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SÃO PAULO, 15 a 17 DE NOVEMBRO DE 2014

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Frequentadores deixam lixo espalhado por parque da Zona Lesta da capital

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Antena Paulista está no Museu Afro Brasil que fica no Parque do Ibirapuera

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Comissão da CMSP aprova requerimento para a volta da inspeção veicular

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Os heróis cotidianos do meio ambiente

Jairo Mora tinha 26 anos quando sua luta para salvar a tartaruga-gigante marinha, uma

espécie de 2 metros de comprimento, chegou ao fim. A vocação desse costa-riquenho

tinha se tornado um estorvo para os criminosos que traficam os ovos desse animal. Foi

necessário apenas um tiro para que eles pudessem manter o negócio ativo. Em 31 de

maio de 2013, Jairo Mora foi assassinado na praia caribenha de Moín. No litoral pelo

qual deu sua vida.

Entre 2002 e 2013, um total de 908 pessoas morreram por sua luta em defesa do meio

ambiente – 760 delas em países da América Latina, segundo um relatório da ONG

Global Witness. As nações mais perigosas para os ativistas a favor da natureza são o

Brasil, Honduras, o Peru e a Colômbia. Mora se tornou um herói popular e é um nome

a mais na longa lista de ecologistas que lutam diariamente no anonimato e de cujo

trabalho mal se tem notícia na imprensa, a não ser se sofrem ataques graves.

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Guadalupe del Río na Reserva da Biosfera Mariposa Monarca. / Cedida por Alternare

É o caso de Edwin Chota, o líder peruano da etnia ashaninka, assassinado em 1o de

setembro por madeireiros ilegais. Chota tinha 53 anos e havia passado a última década

lutando contra as máfias que derrubavam árvores. Também defendia a demarcação

das terras das comunidades amazônicas. É por uma causa semelhante que luta

diariamente a peruana Ruth Buendía Mestoquiari, de 37 anos. O grupo terrorista

Sendero Luminoso terminou com a vida de seu pai quando ela tinha 13 anos. Foi

retirada de casa à força junto com a mãe e os irmãos. Hoje é presidenta da Central

Ashaninka do Rio Ene, organização que defende os direitos dos indígenas e do

ambiente onde vivem. “Perdoei os assassinos de meu pai. Ele protegia seu povo e seu

habitat. Estou aqui para seguir seus passos”, conta Buendía, por telefone, em um

castelhano fluente com traços de ashaninka, sua língua materna.

O medo não a detém. Mas ela confessa que o temor de sofrer a mesma sorte que seu

compatriota Chota ou que seu pai existe. “Sempre tenho medo. Mas estou

comprometida. Não deveria haver pistoleiros com esse poder de matar. Nós estamos

desamparados”, afirma. Há alguns anos, a organização que ela preside conseguiu

paralisar o projeto hidroelétrico de Pakitzapango, na bacia do rio Ene, onde mora a

feroz líder Buendía. É mãe de cinco filhos, mas isso não a impede de lutar pelo que

quer: que respeitem sua comunidade e que nenhuma empresa privada destrua o

entorno sem que exista uma consulta prévia e um consenso. “Não somos contra o

investimento privado, mas não queremos que explorem nossas terras como se fosse o

fim do mundo”, afirma Buendía, ganhadora do prêmio Bartolomé de las Casas de

2014, concedido pelo Ministério de Relações Exteriores da Espanha.

A mexicana Guadalupe del Río, de 60 anos, sabe que proteger o meio ambiente não

pode ser uma luta separada do trabalho com as comunidades que habitam um

determinado local. “Em um país como o México, onde quase todos os territórios têm

dono, é preciso cooperar com a população porque é ela que vai cuidar dos recursos

naturais”, explica essa bióloga, fundadora da organização Alternare, em 1998. Ela

conta que, junto com uma colega, trabalhava pela preservação de algumas espécies

em vias de extinção, como o coelho teporingo, nativo do México. Seus olhos se

concentraram no que hoje se conhece como a Reserva da Biosfera Mariposa Monarca,

localizada no Estado de Michoacán, no centro do país.

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José Yáñez próximo à Caleta Tortel na região de Aysén, Chile. / Cedida por Codeff

Os pequenos agricultores da região derrubavam árvores para ganhar a vida. No

entanto, o faziam sem nenhuma estratégia para conservar seu ecossistema, diz Del

Río. Com cada machadada morria um pedaço de sua biodiversidade. A borboleta-

monarca, por exemplo, que no verão migra desde o Canadá, encontrava no México um

clima quente, mas sem a sombra que as árvores proporcionavam para sua

sobrevivência. “Os camponeses são os primeiros a quererem cuidar de seu entorno,

mas se não lhes é dada uma alternativa, não se pode pedir a eles que não toquem em

nada. Assim nasceu a Alternare”, afirma Del Río.

Segundo a bióloga, a metodologia se transmite de camponês para camponês. Uns

ensinam a outros e todos plantam árvores e alimentos, produzem adubo orgânico,

mel, xaropes, pomadas e cestas feitas das cascas dos pinheiros. Os ambientalistas não

têm tempo a perder.

Miller Dussan Calderón, membro do Movimento Rios Vivos, Colômbia.

Miller Dussan Calderón, colombiano de 64 anos, diz dedicar 14 horas diárias ao

Movimento Rios Vivos, que defende os territórios atingidos por represas – uma

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ocupação que ele alterna com suas aulas da Universidade Surcolombiana. O mesmo

que José Yañez, zoólogo chileno de 63 anos, que depois de cumprir com suas jornadas

em um museu de história natural se dedica a presidir o Comitê Pró-Defesa da Fauna e

da Flora (Codeff), cujo objetivo é incentivar a preservação da natureza e o

desenvolvimento sustentável.

Os dias desses ecologistas são longos e começam ainda de madrugada. Dussan, assim

como a líder peruana Buendía, dedica sua vida para que as comunidades nativas sejam

consultadas antes do início das obras de algum projeto hidrelétrico ou de mineração

que possa ter impacto em suas terras. “As multinacionais exploram e terminam com a

biodiversidade do país, e se aproveitam da mão-de-obra barata. Contaminam nossos

rios, matam os peixes, deixam milhares de famílias sem trabalho e colocam em risco a

saúde das pessoas. No fim, só resta a elas a emigração forçada. A verdade é que

existem soluções energéticas alternativas, mas eles só buscam o benefício econômico

rápido”, sentencia Dussan, que fez doutorado na Universidade Autônoma de

Barcelona, na Espanha. Há três anos, surgiu o movimento, que já conseguiu articular

todas as organizações que lutam pelo mesmo objetivo. Atuam informando a

população, organizando manifestações, fazendo investigações e denunciando

irregularidades.

- O senhor já foi ameaçado?

O ambientalista Jairo Mora na praia Moín, Costa Rica em 2011.

- Sim. Várias vezes. Os Águias Negras, um suposto grupo paramilitar, me enviaram um

documento me dando um prazo para ir embora de Huila (no sudoeste da Colômbia).

Mas não vou embora para lugar nenhum.

A maioria dos assassinatos de ambientalistas ocorre na região amazônica,

principalmente no Brasil, afirma Chris Moye, representante da Global Witness. “Nessa

região, a impunidade prevalece e a lei das armas é mais forte do que o Estado de

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direito”, explica ele, falando desde a sede da ONG, em Londres. “Queremos ser a voz

daqueles que não têm voz”, responde o chileno Yañez, citando o lema da organização

que preside, a Codeff, e na qual entrou como voluntário há 29 anos.

A instituição, criada em 1986, luta pela preservação e recuperação da lagoa El

Plateado, perto de Santiago, além de proteger espécies em risco de extinção, como o

huemul (espécie de cervo dos Andes), e de promover o ecoturismo, e ainda realizar

projetos de pesquisa e de educação ambiental. São muitos os obstáculos enfrentados

por essas organizações ecológicas no caminho para a preservação. Para Yañez, o

problema mais difícil é consequência do capitalismo: “O maior freio é a preguiça das

pessoas. A indiferença. ‘Não movo um dedo se não me pagarem’. E isso está

relacionado ao sistema econômico atual”.

Guadalupe del Río concorda: “Se a espécie humana quer se manter no planeta, todos

nós – do campo e das cidades – temos que aprender a aproveitar os recursos naturais

de maneira inteligente”. Ela dedica sua vida à Reserva da Mariposa Monarca; Ruth

Buendía defende seu povo; José Yañez dirige uma organização para garantir a

sobrevivência de certas espécies, e Miller Dussan incentiva os colombianos a salvar

seus rios. A luta diária dessas pessoas ocupa um vazio que os Governos deixaram para

segundo plano. Uma batalha pouco reconhecida, sem uma remuneração atraente e,

muitas vezes, carregada de ameaças.

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Os soldados do Parque dos Búfalos

Uma área de mais de 994.000 metros quadrados situada na zona sul de São Paulo foi

anunciada pelo prefeito Fernando Haddad, no final do mês de outubro, como o

terreno para a construção de mais de 3.800 unidades de moradia popular. “Aqui nasce

uma cidade com quase 15.000 pessoas”, disse o prefeito no dia do lançamento do

projeto habitacional que será feito em parceria com os governos estadual e federal,

com previsão de entrega em 2016.

A ‘nova’ cidade, porém, nasceu muito antes desse dia. A área em questão é chamada

de Parque dos Búfalos, por causa dos animais que chegaram a habitar o local há alguns

anos. É um local margeado pela Represa Billings e que corta no meio os bairros do

Jardim Apura e o Santa Amélia, no distrito de Cidade Ademar que abriga 430.000

pessoas. Não fosse esse, o parque mais próximo da região seria o Ibirapuera, que fica a

uma distância de 20 quilômetros, quase duas horas de ônibus. Por ser o único local da

região destinado ao lazer, o Parque dos Búfalos atrai um público formado pelos

moradores dos bairros vizinhos, que praticam corrida, caminhada, parapente e

ciclismo diariamente.

O parque mais próximo da região é o Ibirapuera, que fica a uma distância de 20 quilômetros, quase

duas horas de ônibus

Além da represa Billings, que em parte abastece São Paulo, Diadema, São Bernardo e

Santo André, o Parque dos Búfalos tem ao menos sete nascentes espalhadas por seu

terreno. Por essas questões, tanto de cunho ambiental, quanto social, a população se

organizou para reivindicar que o local seja mantido como um parque e que ganhe toda

a infraestrutura para isso – não há banheiros, tampouco quadras ou equipamentos.

O terreno do Parque dos Búfalos foi declarado de utilidade pública em 2012, pelo ex-

prefeito Gilberto Kassab. No final de 2013, Fernando Haddad revogou essa lei. O

terreno o ajudaria a cumprir a meta de entregar 55.000 casas populares prometidas

durante a campanha. Com a notícia de que o parque viraria terreno para parte dessa

promessa, os moradores começaram a se organizar. Por meio da ONG Minha Sampa,

há um movimento de pressão online que pede a manutenção do parque.

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“Queremos que a área se torne um parque municipal como foi prometido no Plano

Diretor, e que o déficit de moradia seja suprido dentro de outras áreas que já

apresentamos para a Prefeitura”, explica o líder comunitário Wesley Rosa, que

encabeça o movimento que, apoiado por alguns deputados e vereadores, organizou

uma Audiência Pública na última semana para pedir a preservação do local. Na

audiência, Marcia Terlizz, representante da Secretaria Municipal de Habitação (Sehab),

reconheceu que a falta de diálogo com a comunidade local, mas afirmou que “não

existe um plano B” para levar o projeto de construção das moradias.

Não faz sentido, no momento em que estamos passando por uma crise hídrica, você colocar mais

moradia numa região que pode servir de manancial de abastecimento

Mauro Scarpinati, ambientalista da rede De Olho nos Mananciais

A área está definida no Plano Diretor aprovado neste ano como um parque “em

planejamento”. Além disso, o terreno está inserido em uma área de proteção e

recuperação de mananciais. Foi o que informou a Companhia de Tecnologia de

Saneamento Ambiental, a Cetesb, em um documento entregue à Promotoria de Justiça

do Meio Ambiente, que instaurou um inquérito para apurar as possíveis

irregularidades ambientais do local. “Estamos apurando uma série de questões

ambientais que não impediriam [a implantação do projeto], mas tornariam o

empreendimento inadequado”, disse o promotor de Justiça do Meio Ambiente de São

Paulo, Roberto Rochel. Segundo ele, a Promotoria está aguardando um parecer técnico

para decidir que tipo de medida tomará.

À Procuradoria, a Emccamp, empresa responsável pelo projeto das casas populares,

diz que “todos os estudos de impacto ambiental foram feitos e que as nascentes serão

preservadas”. A Sehab informou, por meio de nota, que “por se tratar de uma área de

proteção de mananciais da Represa Billings, o interessado deverá firmar um Termo de

Compromisso e Recuperação Ambiental (TCRA) com a Cetesb, condicionando à

preservação das nascentes e cursos d’água e atender ao Termo de Compensação

Ambiental (TCA) para preservação arbórea”, informando que o mesmo ainda está em

análise na Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente. O projeto, segundo a

Sehab, ainda contempla também a criação de um parque municipal de 550.000 metros

quadrados. Mas ainda assim, a questão não está resolvida.

Além dos moradores locais correrem o risco de perder a metade de um local que é

usado e cuidado por eles há décadas, a comunidade argumenta que não há

infraestrutura para receber as mais de 14.000 pessoas que viverão no novo

condomínio. “Essa é a única área verde que temos na região, que, na verdade, é uma

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ilha maltratada. [Se o condomínio for construído] ficaremos espremidos como uma

batata”, diz Ana Xavier, de 59 anos, moradora do local há quase 30 anos.

“Só há um hospital na região, e às seis da manhã já tem fila. Não tem como receber

mais gente ainda”, diz Felipe Vinicius Rodrigues Santos, que dá aulas de parapente no

parque. “Um parque ali é muito desejado, até porque não há um outro parque

próximo ao local. Além disso, não faz sentido, no momento em que estamos passando

por uma crise hídrica, você colocar mais moradia numa região que pode servir de

manancial de abastecimento”, explica Mauro Scarpinati, ambientalista da rede De

Olho nos Mananciais.

Cerca de 30% do total do terreno do Parque dos Búfalos é privado. O restante,

pertence à Prefeitura. Por ser uma área no meio de duas favelas, o terreno é pouco

valorizado, o que poderia ser uma das razões pelas quais o projeto de habitação

popular não é implantando em outro terreno. Segundo Wesley Rosa, a comunidade

organizada sugeriu outros seis lugares para a construção. Mas na última quinta-feira,

parte do Parque dos Búfalos já havia recebido demarcação de cal na terra e estacas, o

que pode evidenciar que as obras já começaram.

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Encontro reúne ruivos no Parque Ibirapuera

Ato organizado via redes sociais tem luau e sorteio de brindes.

Evento do ano passado, no MASP, teve 300 pessoas, dizem organizadores.

Ruivos, ruivas e simpatizanetes reunidos no Ibirapuera (Foto: CRIS FAGA/FOX PRESS

PHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO).

O Parque Ibirapuera está recebendo neste domingo (16) o “3º Encontro de Ruivos”,

evento criado no Facebook que reúne um grupo de cabelo acobreado perto do portão 3.

O encontro, que tem homens e mulheres de várias faixas etárias, começou às 13h e tem

previsão de acabar às 18h. Nesta edição, os participantes pretendem fazer um luau e

sortear brindes.

Na página do evento no Facebook, os organizadores explicam que o encontro “foi

idealizado pra trocar experiências e conhecer gente nova com um gosto comum.

Prezando a diversidade e o respeitarmos às diferenças”.

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O evento do ano passado foi realizado no Museu de Arte de São Paulo (MASP) e reuniu

300 pessoas segundo os organizadores.

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Exposição em SP homenageia o Parque Ibirapuera

Em homenagem ao Parque Ibirapuera, que completou recentemente 60 anos, a galeria

Entrecores Espaço de Arte realiza a exposição gratuita ‘Cores de um Parque’, de 19 de

novembro até 5 de dezembro. A entrada é Catraca Livre.

Tela pontilhista 'Minha Homenagem', da artista plástica Izabel Litieri

A mostra conta com obras de vários artistas, inclusive da paulistana Izabel Litieri,

conhecida por seus quadros pontilhistas e que frequentemente representa o país em

exposições internacionais. Izabel participa da homenagem com quatro telas, que

reproduzem bem todo o colorido do ‘Ibira’, como é chamado carinhosamente pelos

paulistanos.

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A curadoria de ‘Cores de um Parque’ é da artista plástica Stella Gomide. A proposta da

exposição é contemplar a diversidade de cores e texturas existentes no Ibirapuera, por

meio de pinturas, fotografias e demais formas de arte.

A Entrecores Espaço de Arte está localizada na Rua Lima Barros, 52, Jardim Paulista

(continuação da Rua Groenlândia, entre a Rua Bento de Andrade e a Av. República do

Líbano). A galeria abre de segunda a sexta, das 10h30 às 17h30, e aos sábados, sob

agendamento prévio.

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Plano contra enchente vai atacar queda de árvores De 2012 até sexta-feira (14), 5.427 árvores caíram na cidade, o que dá uma média

de cinco por dia

A Prefeitura de São Paulo, em parceria com o Corpo de Bombeiros e com a Eletropaulo, criou o Grupo de Arborização Urbana, que estudará “por que estão caindo

tantas árvores na cidade”, segundo o coordenador-geral da Defesa Civil Municipal, Milton Persoli. A comissão faz parte da Operação Chuvas de Verão 2014/2015,

divulgada ontem.

Na quinta-feira, em decorrência da forte chuva que atingiu a cidade, 12 árvores caíram na capital paulista, de acordo com dados da Defesa Civil Municipal.

Segundo a Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, de 1 de janeiro de 2014 até ontem 1.466 árvores caíram em solo paulistano, o que dá uma média de 4,6 árvores

por dia em São Paulo. Em todo o ano de 2013, segundo a pasta, foram 1.881. Em 2012, 2.080.

“Vamos fazer um estudo para ver se (tantas quedas de árvores) é um problema

estrutural, se é um problema de poda errada, se é um problema de trata mento ou se é um problema fitosanitário”, afirmou Persoli.

De acordo com coordenador-geral da Defesa Civil Municipal, o grupo pretende desconstruir a ideia de que quedas de árvores são derivadas exclusivamente de fatores

naturais, como chuvas e ventanias.

“Tem uma explicação técnica, sim. Tem uma análise técnica, sim. A gente quer saber o motivo da incidência (de quedas). Se é uma praga, se é um problema da própria

escolha da espécie. Pode ser que ela esteja inadequada para aquele local, que pode ser um corredor de vento e você não pode colocar determinada espécie”, disse.

NUNCA ANTES/ O prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou ontem que o montante investido pela Prefeitura supera a série histórica de investimentos no município. “Já

tivemos praticamente R$ 500 milhões investidos em drenagem, é mais do que a série histórica dos últimos anos”, disse o prefeito.

Aplicativo Aqui Alaga! traz os pontos de alagamentos em SP

A Prefeitura irá disponibilizar neste verão o aplicativo de celular Aqui Alaga!, que pode ser baixado em qualquer smartphone e informa os usuários sobre previsão de chuvas e

a existência de pontos de alagamentos. No caso de a cidade entrar em estado de alerta ou de atenção, o usuário também é notificado.

A população poderá abastecer o aplicativo com informações. Por exemplo, se um

paulistano passar por algum ponto da cidade com alagamento, caso tenha baixado o aplicativo, ele poderá acrescentar o local à lista já contida no sistema. A intenção da

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Prefeitura é criar uma rede de informações que monitore e avise sobre os pontos

interditados em toda a cidade.

Já o ícone Sinal Verde, disponibilizado no site da CET (www.cetsp.com.br), traz

informações em tempo real sobre o índice de semáforos em operação. Além disso, por meio dele, segundo a Prefeitura, também é possível acompanhar o andamento do

programa de revitalização semafórica iniciado em 2013.

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Pantanal: Ativistas lutam para preservar as planícies alagadas do Brasil

Água é vida. E no Pantanal brasileiro, maior área úmida continental do planeta, a vida é estonteante em abundância, variedade e beleza. Dirigimos por 160 quilômetros desde Cuiabá, capital do Mato Grosso, passando pelo Cerrado e descendo, quase sem perceber, até o extremo norte dessa imensa bacia natural que é o Pantanal. Em ambos os lados da estrada de pista simples, a paisagem se estende em um mosaico de pastagens alagadas e retalhos de densa vegetação. Está anoitecendo – a ‘happy hour’ dos pássaros, como define Glauco Kimura de Freitas – e o céu parece uma revolução de dourados e vermelhos. Um casal de araras sobrevoa nossas cabeças, num flash de vermelho e azul em contraste com as copas verde escuro das árvores. Um bando de cabeças-secas abre caminho sobre as águas, espalhando flores aquáticas por onde passam. “socó-boi, tuiuiú, colhereiros…” indica Freitas, biólogo e coordenador do Programa Água para a Vida, da organização ambientalista WWF-Brasil, listando as espécies conforme passamos pela estrada, olhando para o alto, o céu escurecendo e o ar cheio de vida com o clamor da música mais bela da natureza. Nosso ritmo ao longo da estrada vazia vai diminuindo até uma série de paradas, quanto mais descemos Pantanal adentro. Uma família de capivaras, maior roedor do planeta, move-se em passo constante por uma pastagem pontilhada de cupinzeiros de até 1,5 metro de altura. Um cervo-do-pantanal amedrontado corre por detrás de uma cortina de árvores. Três jacarés estão tão imóveis que até parecem troncos de árvores nos baixios enlameados ao lado da estrada. “Este”, diz Freitas, “é o lugar mais bonito do planeta”. É difícil discordar. O Pantanal, que ocupa uma área de 140 mil a 200 mil quilômetros quadrados, está localizado na fronteira entre Brasil, Bolívia e Paraguai, com 80% de seu território localizado nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, no Centro-Oeste brasileiro. A sobrevivência das áreas alagadas depende de um ‘pulso’ anual de água que, na estação chuvosa, de janeiro a março, escoa do Cerrado e alaga as planícies do Pantanal, cobrindo 80% de seu terreno.

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É uma das áreas mais ricas em biodiversidade no mundo, com cerca de 3.500 espécies de plantas, 565 espécies de pássaros, 325 espécies de peixes, 159 espécies de mamíferos e 98 espécies de répteis. É onde habitam a onça, a arara azul, a ariranha, a jiboia e a anta. E, no entanto, esse extraordinário recurso natural está ameaçado. Agricultura intensiva, desmatamento, poluição das águas e a demanda de uma população em crescimento por água e energia estão colocando em perigo as águas que formam o Pantanal: nascentes, afluentes e rios que lhe dão vida. Este problema é alvo, agora, de um grande projeto do WWF-Brasil que busca melhorar o gerenciamento de recursos hídricos e proteger quatro grandes afluentes – os rios Alto-Paraguai, Sepotuba, Jauru e Cabaçal –, que constituem a chamada ‘caixa d’água’ do Pantanal, provendo de 25% a 30% do seu fluxo. A peça central do plano do WWF-Brasil, apoiado por um investimento de US$ 4.5 milhões do banco HSBC, é a negociação do Pacto das Cabeceiras do Pantanal. O projeto de cinco anos tem como objetivo conseguir a adesão dos prefeitos de 25 municípios do Mato Grosso a um compromisso pela conservação e proteção das cabeceiras em suas regiões, bem como o engajamento e cooperação de atores em todos os níveis, de fazendeiros locais e pescadores de subsistência até o agronegócio e indústria – partes que, tradicionalmente, veem organizações ambientalistas como uma ameaça a seus modos de vida e ao seu lucro. A tarefa é enorme, reconhece Freitas, mas, segundo ele, de importância vital: “Água é tudo para o Pantanal. Nós precisamos do engajamento de todos os setores da sociedade fazendo-os compreender que cuidar do seu recurso hídrico não beneficia apenas suas atividades cotidianas mas também provê uma base para uma indústria saudável no longo prazo”. A primeira semente do Pacto foi lançada há cinco anos com um projeto na região do município de Reserva do Cabaçal, com o objetivo de recuperar uma nascente que havia secado, uma das centenas que alimentam os rios Cabaçal, Jauru e Sepotuba. Estes, por sua vez, escoam na direção do rio Paraguai, a principal artéria do ‘pulso’ do Pantanal. “Se a água morrer, o Pantanal morre com ela”, diz Freitas. O Cerrado mato-grossense onde brotam as águas do Pantanal era praticamente uma mata virgem até os anos 1960, quando o governo militar brasileiro iniciou um programa para transformar a região em fazendas e pastagens. Posseiros receberam carta branca para desmatar e cultivar a terra para criação de gado e produção agrícola intensiva, principalmente de soja, hoje o principal produto agrícola do Mato Grosso. Trinta e cinco por cento da soja do mundo é plantada no Brasil. Desses, um terço é exportado para a China. Nos últimos 40 anos, cerca de 50 por cento do Cerrado foi desmatado para criação de gado e para cultivos. Essa destruição foi feita ostensivamente mesmo com o Código Florestal introduzido em 1965, que estipulava que, propriedades do Cerrado no Mato Grosso, 35 por cento da área deveria ter a floresta preservada, o que hoje é conhecido como ‘Reserva Legal’ (para a Amazônia, essa reserva deve ser de 80%). O Código também estipula, numa série de cálculos complexos, a largura das faixas de vegetação

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que deve ser preservada às margens de rios e nascentes. Essa mata ciliar age não apenas como uma zona tampão para impedir a erosão do solo e o assoreamento dos rios, mas também provê um habitat importante para pássaros e primatas . Desde seus primeiros dias, no entanto, a fiscalização da aplicação do Código foi aleatória; muitos fazendeiros simplesmente o ignoraram. E, em 2013, após pressão do poderoso lobby do agronegócio, o Código foi revisto para reduzir a quantidade de matas ciliares que, obrigatoriamente, deve ser preservada nas margens dos rios. Práticas agrícolas ruins constituem um dos fatores que mais ameaçam as nascentes do Pantanal. A erosão do solo causada pelo sobrepastejo em pastagens de solo arenoso cria ravinas que bloqueiam as nascentes e geram os sedimentos carregados correnteza abaixo, assoreando os rios. Há, também, a poluição da água por produtos químicos utilizados nas fazendas e na mineração de ouro, que já foi uma atividade importante no Mato Grosso (cuja capital Cuiabá foi fundada durante o ciclo do ouro do século 18). “As pessoas vieram para cá nos anos 1970 e 1980 com a ideia de ganhar dinheiro”, diz Freitas. “Não se importaram com a terra. Agora estamos pagando o preço”. Ao sobrevoar o Cerrado, tem-se a clara noção tanto das transformações pelas quais a terra passou, quanto dos fatores que estão diminuindo o suprimento de água para o Pantanal. Tão longe quanto os olhos podem ver, a região revela um vasto mosaico de áreas cultivadas e matas. O gado pastoreia em trechos imensos de fazendas, onde apenas uns poucos esqueletos de árvores restaram, de onde a floresta foi cortada. Em algumas áreas as ravinas causadas pela erosão do solo são claramente visíveis. Faixas de mata ciliar marcam a presença de uma nascente, ou o curso de córregos e afluentes levando à larga e tortuosa faixa do rio Sepotuba. Em dois pontos ao longo do rio, duas grandes barragens podem ser vistas – parte de um extenso programa de gerar energia para a região que, no decorrer dos próximos cinco anos, resultará em 137 represas construídas ao longo das cabeceiras, representando uma ameaça crescente ao ‘pulso’ natural do Pantanal e à migração de peixes, cujos efeitos já podem ser sentidos pelas comunidades que moram rio abaixo. Voando na direção sul, pode-se ver a terra tornando-se cada vez mais pantanosa, com os pedaços de floresta e fazendas de gado borrifados com largas manchas de água, brilhando como espelhos à luz do sol. A proporção de água cresce gradualmente em relação à de terra, até a paisagem se parecer com uma tinta azul derramada por sobre um papel verde borrado, assinalando o início do Pantanal. Na pacata cidade de Poconé, a estrada de cascalho dá origem a uma pista larga, não cuidada, a – Estrada Transpantaneira, uma espinha elevada, correndo através das terras alagadas, e o única acesso terrestre ao coração do Pantanal, o Parque Nacional do Pantanal, a cerca de 100 km ao sul. Pontilhando a estrada, dos dois lados, estão entradas para ranchos (estâncias), alguns dos quais se anunciam como eco-resorts. Dos dois lados da estrada, a terra está tomada por uma lâmina brilhante de água, com ilhas de árvores e vegetação. Gado nelore cinzento, raça resistente da Índia, pastoreia no capim alto, com as patas imersas na água. Dois vaqueiros abrem sua trilha através da pastagem alagada em fortes cavalos Pantaneiros, chutando jatos de água; um bando de patos forma um V perfeito sob um arco de límpido céu azul. É uma cena para

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fazer acreditar, como escreveu William Blake, que tudo é sagrado. Fazemos uma curva para fora da estrada, guiando por uma trilha, até um conjunto de prédios: o Araras Eco Lodge. O dono da pousada, André von Thuronyi, era um aventureiro conduzindo expedições na Amazônia quando, há 25 anos, comprou a propriedade, então uma pequena fazenda, com o objetivo de explorar o ecoturismo. Nós nos sentamos na sombra, tomando suco de laranja, enquanto, a 10 metros de distância, do outro lado da cerca, um grupo de jacarés-açu repousava no baixio. Quando ele se mudou para a fazenda ele encontrou os livros de contabilidade do antigo dono, ele diz, detalhando o dinheiro que ganhava da venda de peles de onça e jacaré e das plumas de aves exóticas para desfiles de Carnaval. “Essa era a economia, naquele tempo”. Thuronyi se fixou tentando promover a conservação por meio do que chama de ‘taxa de visitação’, repassando o dinheiro para que os fazendeiros não matem as onças que se alimentam dos rebanhos. “Eles me perguntavam, o que eu tenho de fazer? Eu respondia, você não precisa fazer nada, apenas não faça fogo e não atire em nada. ‘E você vai me dar dinheiro?’ Logo estavam fofocando que esse cara de cabelo comprido e brinco era meio estranho…”, relembra ele rindo. Foi a primeira pousada ecológica nessa região do Pantanal. Agora há cerca de 20 donos de terra e fazendeiros com pousadas de tamanhos variados, em suas propriedades. “Eles estão ganhando mais ao manter a natureza viva e bem cuidada. Basicamente, nós temos dois tipos de pessoa. Aqueles que compreendem em seu coração que a natureza deve ser amada, e aqueles que amam a natureza porque ganham dinheiro. Contanto que a natureza seja preservada, não me importa em qual dos lados você está”. “Eu não conheço nenhum outro lugar onde o eco turismo tenha feito tanta diferença. Quando eu cheguei aqui, levei 11 anos para ver uma onça. Agora vejo onças regularmente. E parda, pintada… O que tem diminuído é a sucuri: já quase não se vê mais, por causa da deterioração da qualidade da água”. O povo pantaneiro, ele continua, é provinciano e desconfiado de forasteiros. Ele só foi realmente aceito quando começou, ele mesmo, a criar gado e cavalos pantaneiros. Menores e resistentes, esses cavalos se adaptaram a pastorear com os narizes embaixo d’água e a suportar a elevada umidade do ar. Ele fala sobre a ameaça à região representada pelo desenvolvimento agrícola rio acima. Ele havia visto algumas fotografias tiradas por um piloto que sobrevoou uma imensa plantação de soja ao longo do rio Paraguai. “Não respeitaram nada. Simplesmente plantam até a beira da água. Pensam que não tem importância”. Ele suspira. As novas represas rio acima e o acúmulo de sedimentos modificou a hidrologia da área, diz von Thuronyi. Em alguns locais o canal original do rio se perdeu completamente, áreas que não deveriam alagar agora estão debaixo d’água, outras que deveriam estar úmidas, secaram. “Nós dependemos do pulso da inundação, então todas essas coisas que limitam esse movimento têm consequências. É tudo consequência do desenvolvimento.” Ele gesticula ao seu redor. “Olha isso! Eu sou pela vida. E não tem nenhum outro lugar no mundo onde isso é tão forte, nem mesmo na

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África. Mas se você me perguntar sobre o futuro do Pantanal, eu não sou otimista.” O rancho de von Turonyi, Bafo da Onça fica a duas horas de carro do outro lado da rodovia Transpantaneira. Um grupo de vaqueiros conduz o gado pelo pasto, para os currais. Um bezerro arredio se desgarra do rebanho e é levado para um piquete separado, onde um vaqueiro se prepara para laçá-lo, enquanto um garoto de uns 12 anos assiste, sentado na cerca. Resistindo na ponta da corda, o bezerro se assusta e se chocou com o cavalo. O cavalo empina e gira, afundando os dentes no pescoço do bezerro que, estonteado, vai ao chão. De seu assento na cerca, o garoto vibra e aplaude com prazer. O nome do vaqueiro é Gonzalo. Ele tem 47 anos, baixo e magro, com os braços rígidos como aço. Como seu pai, seu avô e seu bisavô antes dele, ele tem sido um vaqueiro por toda a sua vida. Mas as coisas estão mudando. No tempo de seu pai, todos os pantaneiros viviam no rancho. Gonzalo trabalha no rancho durante a semana e, nos fins de semana ele dirige até sua casa em Poconé, que ele chama de ‘cidade’, com sua população de 20 mil habitantes. Antigamente, os vaqueiros passavam quatro ou cinco dias conduzindo gado para ser vendido ou abatido. Hoje, os animais são quase sempre transportados pela estrada, em caminhões. Gonzalo tem três filhos, mas duvida que qualquer um deles virá a ser vaqueiro. “Para mim, será melhor se eles estudarem e conseguirem um emprego na cidade. Poucos garotos querem fazer isso; eles querem um emprego que pague mais”, ele dá de ombros. “O antigo modo de vida está morrendo”. O garoto, de pé ao lado, tímido, olhava e escutava. “O que você quer ser quando crescer?”, pergunto. Ele ri. “Pantaneiro!” Entre os mais diretamente afetados pelas mudanças hidrológicas das nascentes estão os pescadores correnteza abaixo, que vivem do que o rio lhes dá. Ao longo do rio Cuiabá, um pescador chamado João, homem cansado e de aparência surrada, vive com a mulher e um neto numa pequena choupana construída com tijolos de barro e telhado de ferro corrugado. Galinhas ciscam no quintal. Ao lado da casa, um grande tanque de plástico coleta água da chuva. Um balde está cheio de latas de refrigerante retiradas do rio para serem vendidas na cidade. Duas embarcações estão amarradas em um precário píer de madeira, um barco a motor e uma canoa, para pescar. Uma cesta de vime está submersa na água – “freezer de pantaneiro”, diz ele. Ele a levanta para mostrar a pesca do dia: piranhas, se debatendo violentamente à luz do sol. Mais de cem pessoas vivem nesse trecho do rio, ele diz, mas a pesca está ficando mais difícil a cada dia. Há dez anos, ele pescava peixes suficientes para levar a Poconé, para vender. “Agora demora mais de um mês para pescar a mesma quantidade” . O excesso de captura pela pesca esportiva tornou os bagres mais raros; a qualidade da água está piorando – quando a chuva vem dá pra ver o lixo flutuando, vindo de Cuiabá, e as águas estão ficando mais rasas, por causa do assoreamento. Há trechos do rio que tinham sete metros de profundidade, mas que durante a estação seca ficam rasos o suficiente para se caminhar de margem a margem.

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João diz que hoje está mais pobre do que nunca. “Eu tenho 57 anos – eu me considero velho. Mas eu estou preocupado com os jovens que não vão ter como sobreviver nessa região e vão ter de ir embora. Rio acima, as pessoas não se importam com o rio, e aqui a gente paga o preço”. Cáceres está localizada às margens do rio Paraguai, no ponto onde o Cerrado faz fronteira com o Pantanal. A cidade é famosa pelo Festival Internacional da Pesca, que dizem ser a maior competição de pesca em água doce do mundo. O prefeito Francis Maris Cruz é um homem de barba, de expressão séria, que aceitou fazer parte do Pacto das Nascentes. Segundo ele, a pesca esportiva é uma parte importante da economia local e está sofrendo com as mudanças hidrológicas. Os peixes estão se tornando menores e menos numerosos. O dourado, particularmente popular entre os pescadores esportivos, está à beira da extinção na região, e sua captura está proibida. “Para nós, no entanto, a maior questão do pacto é o saneamento”, afirma o prefeito. Cáceres trata apenas 10% do seu esgoto (a média nacional é 40%). O restante é lançado ao rio Paraguai. Seus antecessores não consideraram isso importante, diz Maris Cruz; iria custar muito para resolver o problema, “e o rio Paraguai é tão largo, com um volume tão grande de água que ele ajuda e levar o esgoto embora”. Sob o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o Governo Brasileiro destinou 41 bilhões de reais, em quatro anos (2011-2014) para melhorar as condições sanitárias em todo o País. Mas apenas 12% dos fundos alocados foram efetivamente utilizados, afirma Freitas. “Os municípios não têm capacidade de redigir as propostas e apresentar para o governo para ter os recursos liberados. Para ser honesto, para preservar a biodiversidade no Brasil você precisa reconstruir a governança. E nós temos uma crise de governança no Brasil”, completa o ambientalista. Julio Florindo, prefeito de Barra do Bugres, localizada rio acima em relação a Cáceres, solicitou os recursos do Governo Federal para ampliar o sistema de tratamento de esgoto em sua cidade. “Nós ainda não recebemos uma resposta”, diz ele. “Por causa da Copa do Mundo os recursos para saneamento foram priorizados para as cidades-sede, e isso prejudicou cidades como essa”. Florindo concebeu um esquema engenhoso para lidar com outro problema, que ele considera um dos mais importantes da cidade. Trata-se das comunidades ribeirinhas rio acima simplesmente jogando seu lixo no rio, para ser levado embora, para longe dos olhos e longe do pensamento. Ele quer comprar o lixo deles. “Seria mais barato do que gastar um monte de dinheiro limpando o rio. É uma situação em que todos ganham, o rio e a comunidade. É triste, mas dinheiro é sempre a maneira mais rápida de chamar a atenção das pessoas”, conclui ele, dando de ombros. Em Cáceres, caminhei ao longo da margem do rio, até a praça central. Estava anoitecendo e os bares e restaurantes estavam recebendo as famílias locais. Alguns barcos de recreio de dois andares estavam ancorados no rio, para aluguel por grupos de pescadores esportivos que vêm de todo o país – uma benção duvidosa. “Eles não gastam nada na cidade”, me diz o líder da associação local de fazendeiros. “Eles trazem

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sua própria comida e bebida; eles jogam seu lixo no rio. A única coisa com que eles gastam dinheiro é a prostituição. E então vão embora”. Perto da praça um tubo de concreto despeja o esgoto no rio. A cem metros dali, crianças nadam, perto de um banco de areia. Isidoro Salomão vive a 10 quilômetros rio abaixo, em uma estância construída em um terreno arborizado, à margem do rio. Ele é um sujeito magro, de face esculpida e um ar sisudo, grave. Nós caminhamos até um barco ancorado perto da casa – uma versão menor dos modelos de recreação que eu havia visto em Cáceres. Caminhamos por uma prancha e subimos os degraus até o deck superior para conversarmos, enquanto lanchas e botes levando pescadores esportivos deslizavam rio acima e abaixo. Durante 20 anos Salomão foi padre e, em suas palavras, um “mobilizador social”. Mas há seis anos um novo bispo assumiu a diocese. “Ele tinha um ponto de vista conservador; ele disse que eu deveria ensinar apenas religião e evitar o trabalho social. Eu não podia aceitar isso, então eu deixei a igreja”. Com uma herança de seu pai, Salomão comprou a estância e estabeleceu o Comitê Popular de Defesa do Rio Paraguai. A organização agora possui 108 membros em 16 cidades ao longo do rio: associações de fazendeiros e pescadores, escolas, a universidade local e organizações não-governamentais. Salomão transformou as casas da estância em salas de reunião e um dormitório, que ele aluga para conferências. O barco é utilizado para levar grupos de alunos das escolas rio acima e abaixo, para educação ambiental. Isso, diz ele, é uma batalha em diversas frentes: luta contra propostas de transformar o rio numa hidrovia para grandes embarcações; luta contra mais represas rio acima; luta pela melhoria do saneamento. Quando eu expressei meu choque pelo fato de apenas 10% do esgoto de Cáceres ser tratado, Salomão balançou a cabeça. “Eu diria 3%. Na estação de chuvas a correnteza é mais veloz e dilui o esgoto, mas na estação seca não se pode entrar no rio – está muito contaminado”. Ser um ativista ambiental não é uma ocupação sem riscos. A alguns quilômetros rio abaixo, Salomão diz, há um processador de couros que joga produtos químicos não tratados na água. A empresa foi multada em R$ 450 mil pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (a multa, diz Salomão, ainda não foi paga). Depois de Salomão ter apresentado evidências para o promotor de Justiça, ele afirma ter sido ameaçado: “Um estranho entrou no meu carro com uma arma e disse que eu precisava me calar. Eu não sei dizer exatamente quem o mandou. Nós temos muitos inimigos”. Mesmo entre brasileiros, há uma dolorosa falta de conhecimento sobre a importância do Pantanal. Oitenta por cento da população do país vive em cidades, e uma pesquisa recente conduzida pelo WWF-Brasil revelou que, enquanto 93% dos entrevistados tinham ouvido falar do Pantanal, 92% nunca foram lá e duas entre cada três pessoas não sabem sequer identificar sua localização no mapa. Apenas 18% sabem que são águas do Cerrado que alimentam as áreas alagadas. “Para a maior parte das pessoas no Brasil ‘meio ambiente’ significa Amazônia”, diz Freitas. “Acham que não tem nada a ver com eles”.

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Aumentar o conhecimento do público por meio da mídia e de escolas é outra parte do projeto. A maior parte das pessoas, talvez, vê o WWF-Brasil como uma organização preocupada apenas com a preservação de espécies, mas o Pacto em Defesa das Cabeceiras do Pantanal envolve o engajamento de uma grande gama de interesses divergentes, de fazendeiros a banqueiros, nem todos satisfeitos com o envolvimento do WWF-Brasil. “Nós encontramos algum ceticismo”, admite Freitas. “As pessoas nos vêm como uma organização internacional que não representa os interesses nacionais. Até me disseram que nós estamos representando os interesses de produtores de soja dos Estados Unidos!”. Em nove meses, 72 grupos e instituições, incluindo grupos de pescadores, produtores locais, proprietários de abatedouros e a organização de Salomão assinaram cartas de intenção de apoio ao Pacto. Mas construir uma aliança onde há interesses conflitantes é uma tarefa difícil e dolorosa. Dariu Carniel é o diretor executivo do Consórcio das Nascentes do Pantanal, responsável pela promoção da ideia do pacto em 14 das 25 municipalidades. “Dos 14 prefeitos com quem eu trabalho eu diria que apenas três têm a conservação ambiental em mente”, ele diz. “A maior parte deles vê o investimento ambiental como algo que não traz vantagens para eles, portanto é prioridade zero”. “Por exemplo, na questão das pequenas represas hidrelétricas. As agências hidrelétricas vão procurar os prefeitos tentando convencê-los dos benefícios da represa, mas escondendo os problemas sociais e ambientais que as elas apresentam. Então o nosso trabalho é balancear os prós e os contras do desenvolvimento, colocando a transparência na mesa. Nós também precisamos chegar à população discutindo questões ambientais, porque se a população pensa que é importante, o prefeito também vai pensar que é”, explica Carniel. Em cidades menores o prefeito pode ser um fazendeiro com interesses pessoais em favorecer o desenvolvimento, em vez da conservação. As possibilidades de corrupção são várias. Em dois dos 25 municípios alvo do projeto, os prefeitos foram recentemente afastados do cargo. E o setor agroindustrial mantém um lobby poderoso junto aos governos estaduais e locais. “Eles têm se organizado muito bem”, diz Freitas. “Nós temos de aprender com eles. O desafio é persuadir os produtores que a conservação é benéfica para eles, e não uma ameaça aos seus lucros. Nós precisamos mudar toda uma cultura para poder fazer o nosso trabalho”. Um dos maiores incentivos para as boas práticas é financeiro. O WWF-Brasil fechou uma importante parceria com o Banco do Brasil, maior financiador do agronegócio no país, para que empréstimos a juros baixos para fazendeiros estejam contingenciados pela manutenção dos requisitos legais de reserva legal e preservação de matas ciliares. Supermercados estão sendo encorajados a adquirir apenas carne proveniente de boas práticas. E os municípios estão sendo cobrados a aplicar multas por más práticas ambientais impostas a empresas para financiar projetos de conservação.

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Em Tangará da Serra, importante cidade industrial e comercial no coração da região produtora de soja, o WWF-Brasil tem ajudado a implementar um projeto piloto com o governo municipal para convencer empresas locais a financiar projetos de serviços ambientais, fazendo pequenas doações a fazendeiros para ajudá-los a seguir boas práticas: cercar nascentes evitar o gado e restaurar áreas degradadas em suas terras. “Tangará da Serra tem um índice pluviométrico de 1.800 mm; não deveria ter qualquer tipo de problema”, diz Freitas. “Mas, mesmo assim, o município enfrenta problemas de suprimento de água durante a estação seca, devido à poluição da água e o desmatamento. É impressionante”. Ao viajar pelas cidades e terras alagadas do Cerrado e do Pantanal, fica-se impressionado pela magnitude do desafio do Pacto das Cabeceiras. Mudar atitudes, incentivar boas práticas, forjar um consenso entre governos locais, setor privado e sociedade civil sobre a necessidade de se preservar as cabeceiras dos rios e a melhor maneira de se conseguir isso leva tempo. Mas existe uma pequena parte do projeto que já se apresenta como um sucesso palpável e altamente visível. A pequena vila da Reserva do Cabaçal fica a três horas de carro, pelo Cerrado, partindo de Cáceres. Foi aqui, nas fazendas acima da cidade que o projeto que deu origem ao pacto teve início, em 2010. No local de uma nascente natural, o gado se alimentando da pastagem ao redor e se aproximando para beber água havia erodido o solo arenoso, permeável, originando uma série de ravinas profundas que bloquearam a nascente com sedimentos e transformaram o que antes era um regato que fluía rapidamente em um leito enlameado. Ao longo de quatro anos uma força de trabalho local, financiada pelas multas pagas por más práticas, restaurou as margens do riacho construindo uma série de terraços de bambu e plantando espécies nativas de plantas e árvores para segurar o solo. O projeto, o primeiro de 30 restaurações semelhantes na região, gerou 20 empregos, levou ao estabelecimento de um viveiro de mudas e levou à redução de aproximadamente 1.5 metros cúbicos de sedimentos que poluiriam os afluentes próximos. Caminhando pela terra miserável, pontilhada com todos de árvores caídas, é fácil identificar o local do projeto de restauração, marcado por uma grande tela, densa de vegetação. Os terraços de bambu acabaram desparecendo completamente sob o crescimento da mata virgem. O que antes tinha sido o leito ressecado é agora um fluxo rápido de água limpa e fria. Entrando mais fundo dentre as copas das árvores recém-crescidas, chegamos a uma piscina borbulhante. “A fonte do Pantanal”, diz Freitas, com uma nota de admiração em sua voz. No esquema mais amplo das coisas, o projeto é uma gota no oceano – ou melhor, no rio. Mas é um começo. Freitas coloca as mãos juntas em formato de concha sob a nascente, retendo, a água que flui, brilhando, entre os dedos, e ri: “Vida!

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Minhocão terá jardins verticais em 2015

Vera Lúcia Jesus, de 51 anos, mal consegue abrir as janelas de seu apartamento, no

quarto andar de um prédio colado ao Minhocão, o Elevado Costa e Silva – via expressa

que liga o centro à zona oeste da capital. “Só abro porque não aguento ficar confinada.

Limpo a casa todos os dias. Mas é só passar a mão nos móveis que se percebe a

poluição”, diz ela, que é síndica. A partir de 2015, no entanto, Vera pretende arejar a

casa com frequência.

Um projeto do grupo urbano Movimento 90° quer construir, ao longo de todo o ano, 8 mil metros quadrados de parques verticais – o equivalente ao tamanho de um campo de futebol – nas faces sem janelas e sem utilidade de 20 prédios próximos do elevado, para criar uma espécie de corredor verde. A ideia é ocupar com plantas as paredes nuas. “Vimos que os locais mais poluídos e sem verde na cidade estão próximos de grandes avenidas. O Minhocão é um ícone da degradação e só ali há 140 empenas cegas”, afirma o paisagista e idealizador do Movimento 90°, Guil Blanche.

Empenas cegas são essas paredes lisas, que eram obrigatórias por lei no início do século 20 para que os prédios pudessem se colar uns aos outros. Na década de 1950, a lei mudou e exigiu que houvesse circulação de ar entre as construções. A partir daí, esses grandes espaços passaram a ser ocupados por propaganda, mas voltaram a ficar vazios com o surgimento da Lei Cidade Limpa, em 2007. O jardim vertical que deverá ocupar essas paredes funciona como isolante térmico e pode diminuir em 30% a poluição do entorno. “Passam cerca de 120 mil carros pelo elevado todos os dias. Nossa intenção com esse projeto, além de ‘florestar’ as paredes, é mostrar a impotência dos moradores, que foram atacados com a construção desse aparelho público na década de 1970”, diz Blanche. A instalação deles depende unicamente da autorização dos moradores do prédio. O investimento, que é de cerca de R$ 850 por metro quadrado, será financiado por empresas privadas, que também vão se responsabilizar pela manutenção. “Estamos em negociação. Gostaríamos que alguma empresa se identificasse com o projeto da mesma forma que os patrocinadores das bicicletas”, diz.

Impacto. O grupo já instalou um painel de 220 m² em um prédio no Largo Padre Péricles, no início do elevado, para uma ação de uma marca de vodca. Montado em 15 dias, em dezembro do ano passado, ele deverá ser levado em um mês para outra região da cidade e não fará parte do corredor verde. O impacto nos moradores da região, no entanto, foi positivo. “Esse local é muito feio, precisa dar uma revigorada, trazer um colorido para esse cinza. Se oferecessem esse painel para o meu prédio, eu toparia na hora”, afirma a moradora da região Meire Ribeiro, de 45 anos. Dos 20 prédios previstos para receber os painéis, oito já concordaram. Um deles é o de Vera, que não consegue abrir a janela. “Essa região é triste e poluída e nós somos meio

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abandonados. Só se preocupam com a movimentação dos carros”, diz. “Espero que os parques tragam refresco, outro perfume e uma paisagem belíssima.”