Sessões Coordenadas

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SESSÕES CORDENADAS Sessão 26

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sessões coordenadas - décimo salão de extensão

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A EXPERIÊNCIA DE UM TROTE CONSCIENTE NA UNIPAMPA - CAM-PUS SANT´ANA DO LIVRAMENTOO Ensino, a Pesquisa e a Extensão constituem as dimen-sões que identificam o ser da Universidade, expressando a identidade e compromisso político desta no que se refe-re ao seu fazer essencial - possibilitar o acesso à produção e à socialização do conhecimento, em estreita vinculação com a realidade. A Universidade Federal do Pampa, Cam-pus de Sant´Ana do Livramento, em suas intervenções de Extensão, considera esta como um processo de constru-ção interativa do conhecimento, um espaço privilegia-do de relação teoria - prática e fonte de subsídios para a pesquisa e para a reestruturação do ensino, procurando mediar as relações da Universidade com a comunidade. A construção da autonomia dos/pelos sujeitos que edifi-cam, tanto a Universidade como a região, resguardando-se a identidade sócio-cultural de cada um, tem sido obje-

tivo maior que orienta as ações do Campus, em especial no desempenho das atividades de Extensão. A ação de extensão ‘Trote Consciente’ teve por objetivo principal re-cepcionar os calouros dos cursos de Administração e Tec-nólogo em Gestão Pública na UNIPAMPA de uma forma que envolvesse toda a comunidade acadêmica e local. As atividades foram pensadas em conjunto pelos professo-res, acadêmicos do Centro Acadêmico e pessoas da co-munidade local. A atividade foi desenvolvida procurando cumprir um papel importante que é ambientar os novos acadêmicos à Universidade e ao mesmo tempo possibili-tar uma integração com o ‘veteranos’ e com a comunidade local. As atividades foram desenvolvidas buscando forne-cer as informações necessárias aos novos acadêmicos, tal como a estrutura do campus, a história da Universidade, a estrutura do seu curso, os direitos e deveres como acadê-mico, ou seja, um panorama geral daquilo que a Univer-sidade lhes oferece desde estrutura de ensino, pesquisa e extensão. As atividades envolveram também momentos de descontração, com dinâmicas de grupo, que foram

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coordenados pelos docentes em conjunto com os acadê-micos ‘veteranos’, buscando a interação entre eles, cada um podendo dizer um pouco de suas expectativas com esse novo momento de suas vidas. O ‘Trote Consciente’ foi pensado para evitar o popular e desagradável trote. A primeira idéia é sempre banir qualquer iniciativa desse tipo, no entanto, se procurou discutir previamente com os docentes e centro acadêmico uma forma de comemorar este momento e ao mesmo tempo desenvolver alguma ação que pudesse ser lembrada pelos novos acadêmicos, como um momento de alegria, de confraternização com os novos colegas e principalmente construtivo. Nesse intuito, o ‘Trote Consciente’ foi articulado pensando em duas frentes: uma ambiental e outra social. A ação am-biental foi articulada com a Secretaria de Agricultura do município de Sant´Ana de Livramento-RS que conseguiu disponibilizar 50 mudas de árvores e indicar o local, junto ao Lago Batuva, para o referido plantio. Já a ação social foi subdividida em duas, uma de doação de sangue, articula-da com o Hemocentro da cidade e outra de recolhimento

de gêneros alimentícios que seriam doados ao Clube de Mães Nossa Senhora Aparecida, do Bairro São Paulo de Sant´Ana do Livramento, que fornece educação e alimen-tação a 80 crianças carentes daquele bairro. Ressaltasse que todas as ações foram construídas pelos professores e acadêmicos do Centro Acadêmico e propostas aos ca-louros, que puderam se dedicar aquelas ações que mais lhe estimulava. Os resultados foram o plantio de todas as 50 mudas no Lago Batuva, com a orientação dos técni-cos da Secretaria da Agricultura e apoio dos acadêmicos do Centro Acadêmico e dos professores. Esta atividade foi avaliada como excelente, pois os acadêmicos, na sua grande maioria, nunca haviam plantado uma árvore, fa-zendo florescer neles uma visão ambiental de que cada um fazendo a sua parte possibilitará um mundo menos poluído e um lugar mais feliz para se viver. A doação de sangue também foi um momento muito especial, pois puderam exercitar o espírito voluntário, de ajuda ao pró-ximo, um ato único, que pode salvar vidas. Foram 20 aca-dêmicos, veteranos e calouros, além de professores, que

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se propuseram de forma voluntária a realizar a doação de sangue. A arrecadação de alimentos não-perecíveis, resultou em 210 Kg de alimentos, entre massas, arroz, fei-jão, farinha de trigo e milho, óleo de soja, entre outros, que foram doados a entidade social Clube de Mães Nos-sa Senhora Aparecida, localizada no Bairro São Paulo em Sant´Ana do Livramento. A entrega foi realizada em um dia da semana, momento que estavam com as atividades em andamento de educação e preparação do lanche da tarde para as cerca de 80 crianças que são atendidas, pos-sibilitando ver de perto as dificuldades que enfrentam, e o quanto a Universidade pode fazer para articular uma melhor gestão e captação de recursos. Foi um momento mágico, onde todos puderam ver nos olhos das crianças e dos voluntários, o olhar de alegria pela ajuda recebida e a esperança de dias melhores. Além destes resultados quantitativos, foi possível perceber nos acadêmicos, pro-fessores e comunidade local envolvida, um sentimento de solidariedade, cooperação e respeito ao próximo e ao meio ambiente. Conclui-se que tal ação, que caracteriza-

se como extensão, no entanto, dissociada do ensino e da pesquisa, pois proporcionou atender os objetivos peda-gógicos de recepção e instigou acadêmicos e professo-res a desenvolverem suas pesquisas nos ambientes que a Universidade esteve, foi de total satisfação de todos os envolvidos, tanto que no segundo semestre tal atividade será melhorada e replicada.

SERVIÇO SOCIAL NO ENSINO PÚ-BLICO NO MUNICIPIO DE SÃO BORJAO Referido projeto em desenvolvimento está integrado à sociedade Samborjense em cinco escolas da rede muni-cipal e vem ao encontro das várias demandas e funções acumuladas pelas escolas e a ausência da família junto a esta. O projeto conhecerá a realidade de cada família

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através de um perfil, um questionário que trará subsídios para diagnosticarmos pontos relevantes, e de modo bu-rocrático definir estratégias de forma coletiva, para sanar tais questões. A atuação desenvolvida em parceria com a Secretaria Municipal de Educação do município de São Borja, desde novembro de 2008, sendo realizada em es-colas da rede deste município. Consta de observações realizadas por acadêmicos do terceiro semestre do curso de Serviço Social que estarão durante quatro horas sema-nais inseridos nos espaços institucionais, para que através dessas observações inicialmente das séries iniciais pos-sam juntamente com a equipe diretiva construir oficinas e ou palestras abordando assuntos de diversos temas e pertinentes às demandas salientadas, com o intuito inclu-sive de prevenir a evasão dos responsáveis pelos alunos em séries posteriores. Todo esse processo tem a intenção de “envolver a família na educação, abrir o espaço esco-lar à comunidade, realizar trabalhos preventivos contra a evasão, a violência, as drogas, e o alcoolismo, identificar e buscar formas de atendimentos as demandas sócio-

econômicas das crianças e seus familiares, fortalecer a gestão democrática e participativa da escola, entre tan-tas outras, são tarefas que não podem ser exclusivas do corpo técnico da Educação”(QUINTÃO,2005). Para fins de compreensão da proposta por parte dos responsáveis dos alunos, a equipe diretiva organizará uma reunião de apresentação dos acadêmicos aos pais a fim de especi-ficar a atividade dos estudantes na instituição, também na ocasião dois alunos do sétimo semestre do curso de Serviço Social estarão coordenando a elaboração de um perfil sócio-econômico familiar com as famílias presentes no evento, dessa forma os responsáveis estarão intera-gindo e fornecendo alem de dados específicos sugestões para a elaboração de temáticas a serem abordadas pos-teriormente. As famílias que não comparecerem rece-berão visita domiciliar “instrumento que potencializa as condições de conhecimento do cotidiano dos sujeitos, no seu ambiente de convivência familiar e comunitária”. (PERIN,2008) Dessa forma, com os instrumentos utiliza-dos e o cadastro das famílias em mãos partiremos para

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a operacionalização e elaboração das temáticas a serem tratadas, mais especificamente no segundo semestre do ano de 2009, dadas as férias de inverno em toda a rede municipal, objetivando novos conhecimentos a cerca de assuntos de interesse da comunidade escolar e famílias. O projeto continua em andamento e buscaremos junto à comunidade de cada escola a reaproximação das famí-lias para tentar minimizar o papel abrangente da figura do professor, que hoje absorve segundo Almeida “tarefas como a de compreender, ouvir e mediar sozinho as influ-ências da dura realidade social sobre a vida escolar”. Todo esse trabalho tem também a intenção de abrir dentro da área educacional pólos de atuação para Assistentes So-ciais, pois uma das funções do Assistente Social no espa-ço escolar segundo Gouvêa seria de desenvolver contatos com as famílias a fim de articular escola/ grupos de pais ou responsáveis. Pode este facilitar o fluxo de demandas, cri-ticas e sugestões provenientes das famílias, coletar dados e informações para subsidiar as reflexões dos professores e da coordenação pedagógica. Dessa forma a atuação do

projeto irá mostrando paulatinamente as necessidades de cada escola e fortalecendo o vinculo família/ escola, afirmando assim as essenciais possibilidades de amplia-ção do setor educacional para Assistentes Sociais.

CURSO DE FORMAÇÃO CONTINU-ADA EM: GÊNERO, SEXUALIDADE E ADOLESCÊNCIA-AS POSSIBILIDA-DES E OS LIMITES DAS PRATICAO referido projeto aborda questões pertinentes sobre, gênero sexualidade e adolescência com orientadores educacionais de toda a rede de escolas municipais de São Borja, objetivando a multiplicação para demais edu-cadores, professores, diretores afim de que estes possam transmitir para os educandos de forma clara as propostas

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discutidas pelo curso de formação continuada despindo-se do tabu que ronda o assunto sexualidade. O curso propiciará um debate crítico sobre as possibilidades e os limites das práticas pedagógicas, refletindo as relações cotidianas existentes entre professores e alunos, “uma forma de repensar e reestruturar a natureza da ativida-de docente”(GIROUX,1997), salientadas principalmente na adolescência como a sexualidade precoce e a alta in-cidência de gravidez na fase juvenil isso marca a fragili-dade destes profissionais para tratar tais assuntos, de modo que o Serviço Social vem ao encontro destas para integrar esforços e saberes a fim de delinear estratégias para o enfrentamento diário destas questões sociais. A proposta de um curso de formação nasceu de um projeto anteriormente existente da Secretaria Municipal de Edu-cação da Prefeitura de São Borja denominado Sexualida-de Responsável, com o andar deste projeto percebeu-se a necessidade de um curso de formação continuada que tratasse das demandas transversais que se salientam no cotidiano dos educadores, visto “que a educação escolar

deve também entregar-se a um imenso trabalho de reor-ganização, de reestruturação ou de transposição didática”.(LOURO apud FORQUIN, 1993). Para melhor atender este projeto elaborou-se uma apostila com assuntos focados na sexualidade e no papel do educador frente a essas no-vas demandas e questões expressas no seu dia-a-dia de trabalho, definiu-se que as palestras, ou painéis seriam re-alizados uma vez por mês com uma carga horária mensal de cinco horas. Sendo que as abordagens dos assuntos poderiam sair daquelas previstas na apostila, tornando-se um espaço democrático de discussões e debates sobre a realidade vivenciada. No dia 10 de junho de 2008 teve inicio no salão de atos da prefeitura municipal a primeira palestra do curso com a coordenadora do projeto Pro-fessora Me.Laura Regina C. M. da Fonseca que abordou a sexualidade segundo Freud, para um público alvo de 30 profissionais entre Professores e Orientadores Educacio-nais provenientes de todas as escolas da rede municipal de ensino. Neste primeiro encontro as Educadoras já pu-deram sugerir ao final da palestra idéias e ou assuntos de

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interesse coletivo para que este pudesse ser abordado no próximo encontro em consonância com alguns dos tex-tos existentes na apostila. Os encontros foram sendo rea-lizados mensalmente e estenderam-se até o ano de 2009 e continuam em andamento.

CONVIVÊNCIA (2009) MST: PARA O DESENVOLVIMENTO DE EXPE-RIÊNCIAS NA EXTENSÃO.O presente trabalho é elaborado a partir da aproximação de estudantes, técnicos administrativos e professores da universidade junto ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, assentamento Santa Rita de Cás-sia (Nova Santa Rita/RS), no período de 25 a 30 de julho de 2009. A aproximação se dá através do Programa Con-vivência, promovido pelo Departamento de Educação

e Desenvolvimento Social (DEDS) – UFRGS, que visa ser uma oportunidade de conviver junto às comunidades rurais e urbanas. O programa coloca-se como uma ini-ciativa que nos possibilita conhecer de perto a realidade social que nos é próxima, para elaborarmos propostas de diálogo da universidade com a sociedade onde está inserida. Existem diferentes entendimentos sobre “o que é extensão universitária”, que vão de propostas para ela-boração de cursos e atividades culturais, aproximando os conhecimentos produzidos pela universidade daque-les conhecimentos organizados no seio das comunida-des (relação dialógica), até a compreensão de que a ex-tensão deve ter o caráter de prestação de serviços. Estes serviços “acabam” sendo parte da política financeira das universidades, tendo como papel afrouxar o “estrangula-mento” causado pelo insuficiente repasse de verbas para a educação, por parte do governo federal, tornando a extensão uma venda de serviços para a população. O en-tendimento sobre “extensão social” parte da concepção de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão

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na formação discente, e forma articuladora do trabalho docente. Formação discente e trabalho docente que, ao mediar a relação entre sociedade e universidade, expli-citam parte da função social de uma Instituição Federal de Ensino Superior (IFES). Por isso, consideramos impor-tante a aproximação desta com os movimentos sociais (MS), compreendendo os MS como espaços de constru-ção de conhecimentos e de luta por justiça, igualdade e democracia. O MST está completando 25 anos e tem seu nascimento na luta dos Trabalhadores Rurais Sem Ter-ra contra a desigualdade no campo, onde a distribuição de terras era concentrada nas mãos de poucos latifun-diários. Só no Rio Grande do Sul foram assentadas mais de treze mil famílias em propriedades onde a terra não cumpria sua função social (aproveitamento racional e adequado dos recursos naturais, a preservação do meio ambiente e a observância das disposições que regu-lam as relações de trabalho, índice de produtividade). A concentração de terras e a “maquinarização” do campo agravaram o êxodo rural dos trabalhadores campone-

ses que, como alternativa, buscaram as grandes cidades com a esperança de encontrar melhores condições de vida. Esse movimento em massa dos trabalhadores do campo para a cidade não foi absorvido em sua totalida-de pelas oportunidades de emprego que o meio urbano oferecia, contribuindo para o inchaço das comunidades de periferia e o crescente desemprego com que convi-vemos nas cidades. Neste sentido, as ações do MST se focalizam também nas grandes periferias urbanas, in-centivando a volta dos filhos e netos dos camponeses ao meio rural, onde a organização dos trabalhadores tem sido importante para aumentar as possibilidades de uma vida digna à população. Sendo o maior movimento social da América Latina, o MST consegue avanços im-portantes para a classe trabalhadora, tanto na luta pela reforma agrária quanto por educação de qualidade, saú-de e outros direitos básicos. Ao mesmo tempo em que os trabalhadores avançam, avançam também a repres-são e a criminalização deste movimento. Como exemplo recente, temos a desvinculação das Escolas Itinerantes

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da educação estadual, promovida pelo Ministério Pú-blico que em outros momentos declarou a intenção de dissolver o MST, quebrar sua espinha dorsal e declarar sua ilegalidade. Questionar os rumos da sociedade e as desigualdades inerentes a organização social capi-talista, através de manifestações legítimas, dá cadeia e alguns ferimentos. Isso deixa exposta a opção por crimi-nalizar os movimentos sociais e, neste embate, o estado do Rio Grande do Sul conta com o apoio dos grandes grupos empresariais que detém os meios de comunica-ção. Buscando um conhecimento sobre o MST, que vá para além da aparência, realizamos este período de con-vivência em um assentamento, realizando saídas para conhecer um acampamento e outros assentamentos da região. A título de esclarecimento, no acampamento é onde ocorrem os primeiros processos na luta pela terra. Debaixo dos barracos de lona preta, as pessoas/famílias utilizam a ocupação de terras para denunciar a demora, ou no processo de reconhecimento dos latifúndios que não cumprem sua função social, ou na desapropriação

de terras já identificadas como improdutivas. Os assen-tamentos são as áreas onde já foi feito o processo de re-forma agrária e as pessoas se organizam no sentido de construir moradias e trabalhar na produção em seu lote. Os objetivos desta convivência foram: realizar a imer-são em uma área de Reforma Agrária para conhecer a realidade desta comunidade; compreender como se or-ganiza um movimento social de luta pela terra; realizar uma brigada de solidariedade e trabalho voluntário no MST; conviver junto à um acampamento e compreender a função social deste; conhecer a Escola Itinerante como proposta educacional e pedagógica alternativa; convi-ver com assentados e acampados militantes; conhecer o funcionamento da produção cooperativa do MST na Cooperativa de Produção Agropecuária de Nova Santa Rita (COOPAN). Foram sete estudantes envolvidos no processo, após seleção e debates de formação, ficaram alojados separadamente nas casas, conhecendo e tra-balhando na produção agrícola do assentamento. Estes são oriundos de diferentes cursos da UFRGS. Neste perí-

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odo, realizamos saídas ao acampamento 1º de abril, em Charqueadas, e aos assentamentos de Itapuí e Capela de Santana onde conhecemos o processo de luta e organi-zação do acampamento, a história dos assentamentos, a luta por educação dentro destas comunidades e a orga-nização de uma cooperativa de trabalhadores e traba-lhadoras que completa 15 anos – a COOPAN. Somadas a estas atividades, na sede do assentamento organizamos dois momentos de debates temáticos sobre o “MST e a luta pela reforma agrária” e a “Educação do movimento e as Escolas Itinerantes”. Ao final, como atividade de encer-ramento, foi apresentada uma mística de solidariedade aos integrantes do MST, feita uma avaliação do processo e uma reflexão sobre “O papel das universidades junto aos movimentos sociais”. Com o acúmulo obtido nesta convivência, constatamos que a universidade se encon-tra em situação de grande afastamento em relação aos movimentos sociais, que há necessidade de esforços para a aproximação tendo em vista a relevância destes na formação, conscientização e organização política da

população. Este é um compromisso a ser assumido pela universidade, para que os conhecimentos produzidos sejam referenciados com o horizonte voltado a supera-ção das desigualdades sociais, causadas pela lógica do capital fundamentada na exploração de um ser huma-no por outro e na exploração desenfreada da natureza para a obtenção de lucros. Apontamos também para perspectivas de trabalho da universidade junto aos mo-vimentos sociais no que diz respeito à educação, saúde, produção rural, agro ecologia, etc. Por fim, ressaltamos a importância do Programa Convivência para desenvol-ver experiências comprometidas de extensão, possibili-tando o contato direto com as comunidades e o diálogo entre os diferentes conhecimentos produzidos

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TEXTO COLETIVO - CONVIVÊNCIAS URBANO O objetivo do Programa Convivências é possibilitar - aos acadêmicos, professores e técnicos administrativos da Universidade - o contato com realidades ainda não expe-renciadas por eles. De certa forma, é propor que eles se permitam conviver com pessoas que estão à margem da sociedade ou que são marginalizadas por fazerem parte de movimentos que contestam determinadas disparida-des sociais. Nesse sentido, elaborou-se um projeto que visava à realização de atividades junto a população de adultos, em situação de rua, e a assentados do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. No que tange a nossa par-ticipação no programa, fomos alocados no Convivências Urbano, atividade extensionista realizada em um período de dez dias (de 13 a 23 de Julho de 2009). Propiciado pelo Departamento de Educação e Desenvolvimento Social – DEDS/PROREXT/UFRGS, desenvolvemos a ação de exten-

são prioritariamente no Restaurante Popular da cidade de Porto Alegre, RS. Ao longo de dois dias, entre 13 e 14 de Julho, tivemos uma sucinta formação, na Universida-de Federal do Rio Grande do Sul, (UFRGS) para adentrar-mos em um universo já naturalizado por nós. Dentre os dias 15 e 23, do mesmo mês (durante o turno matutino, compreendendo 4 horas diárias), realizamos – junto a adultos em situação de rua e que participam do projeto Começar de Novo – ações/intervenção por meio das se-guintes oficinas: Alimentação/Cozinha; Biblioteca; Oficina de Artesanato; Oficina de Sabão; Oficina de Construção Civil; Oficina de Eletrônica e Oficina de Reciclagem – o que modificou nossa percepção em relação a tal grupo, bem como nos levou a conclusão de que a aproximação do ambiente acadêmico à realidade das ruas só tende a apri-morar a formação do conhecimento e adicionar informa-ções sobre questões práticas, muitas vezes confrontadas; mas não compreendidas ou solucionadas. Outrossim, em um primeiro momento, houve um estranhamento vislum-brado por ambas as partes – alunos e adultos em situação

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de rua. O nosso estranhamento se caracterizou na forma como estávamos acessando aquele espaço, um espaço que não se quer físico, mas sim rico de signos e símbolos, construído a partir da interação entre aqueles que identi-ficamos como o “outro” e os que possuíam uma posição dita privilegiada, o “nós”. Isso ficou claro na maneira como nos portávamos diante daqueles que seriam fundamen-tais para a concretização da prerrogativa do programa, a convivência. De maneira mais clara, nos posicionamos de modo a evitar qualquer tipo de contato físico, não por haver nojo em relação ao toque, mas por existir a “ilegi-timidade” do toque naquele momento. Em uma situação diferente da experienciada, permitimo-nos tocar e sermos tocados. Este movimento não nos causa nenhum tipo de refutação, pois já faz parte do tipo de relação que estabe-lecemos com os nossos “iguais”, pares. Porém, quando a situação, na qual nos encontramos, é completamente ad-versa da qual estamos acostumados a lidar diariamente, emerge daí um sentimento de negação do que se apre-senta como novo para nós. No entanto, ao nos permitir-

mos tal reciprocidade – tocar e sermos tocados, aquilo que era dado como “ilegítimo” se reveste da mesma ”per-missividade” que transforma o profano em sagrado. Não obstante, o olor e a comida preparada por eles também se configuravam como barreiras a serem suplantadas por nós. No que diz respeito ao cheiro, atentamos para o fato de que ele seria uma constante durante os dias em que es-taríamos ali. Sendo assim, por mais que o odor fosse uma barreira pulsante, que constantemente entrava no jogo da interação - para delimitar de quem iríamos nos aproximar, ele foi solapado à medida que nos permitimos estar com aquelas pessoas, compreendendo a situação em que elas se encontravam. O que sentimos em relação à comida se confundiu ao sentido em relação ao toque. Não estava em jogo a maneira como eles a preparavam: se tinha ou não higiene. Mas relacionava-se intimamente com quem estava a prepará-la - o “outro”, ainda não “experimentado”, que só se realizou, como resultado de um “encontrar-se a si próprio”, a partir do momento em que nos permitimos estar no lugar dele. Sem cair numa análise valorativa, acre-

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ditamos que o estranhamento por parte deles traduziu-se pela desconfiança em relação a nossa presença. Indo um pouco além, podemos creditar esta desconfiança ao fato deles se enxergarem como sendo apenas um meio de ascensão política para aqueles que se aproximam com in-tuito de ajudá-los (de alguma forma). Contudo, solapadas as primeiras impressões, notamos que, ao depositarem expectativas em torno do programa e da convivência que estabeleceríamos naquele local, eles nos acolheram - foi uma troca de confiança; o início de uma amizade: Cara, eu vejo esse trabalho que vocês tão fazendo... Eu vejo assim... Pelo que eu sinto, a gente tá fazendo um tipo de uma ex-periência. Vocês estão conhecendo nós, e nós estamos conhecendo vocês. Isso é uma coisa legal. Porque agora a gente tá tendo esse momento aqui do projeto. Mas se a gente tá na rua... Eu vejo assim né? Enquanto a gente tá aqui, a gente tá freqüentando uma atividade e não tá pen-sando em bobagem. Bobagem que eu digo é o seguinte. De repente digamos que nós não estamos no projeto e que estamos na rua. Aí tu não tem uma atividade pra fazer,

e tu já fica pensando em bobagem. Tipo assim... Peguei uma grana ali. Bah! Sempre tem um né? “Vamo lá fumar. Vamo lá fumar uma pedra.” E aí é o seguinte, eu to aqui no projeto, eu to me envolvendo com algumas atividades, e eu não to pensando em bobagem. Eu acho uma coisa legal. Super legal isso aí. E a convivência que a gente tá tendo. Fora o projeto (Começar de Novo), a gente tá tendo umas pessoas que apóiam nós, que nem vocês, que estão acompanhando aí. Isso eu acho muito legal. Em suma, dis-correr a respeito da experiência, empreendida no progra-ma Convivências, é mais do que fazer uma mera citação do que foi visto e feito durante os dias em que estivemos participando do projeto. Em linhas gerais, é escrever acer-ca do que descobrimos acerca de nós mesmos e do uni-verso que nos cerca. É falar do modo como encontramos o “outro” e de como passamos a encarar aquelas pessoas. É não esquecermos que limites existem e que cada um tem o seu, mas que, acima de tudo, permitir-se é necessário, quando isso não se configura como uma violência desne-cessária ao jogo da interação social.

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A EDUCAÇÃO NO MOVIMENTO SEM TERRA: PERCEPÇÕES A PAR-TIR DE UMA CONVIVÊNCIAA luta promovida pelo Movimento Sem Terra não se cons-titui apenas pela conquista da terra, mas também pela transformação do modelo educacional e social. A edu-cação enquanto momento de formação de sujeitos tem importância fundamental para a continuidade do projeto de sociedade defendido pelo MST. Por meio da convivên-cia que tivemos durante 06 dias com as famílias assen-tadas pudemos perceber algumas questões pertinentes à educação que mobilizam esforços e apontam deman-das na luta contra o modelo de educação capitalista. A questão educacional em relação ao Movimento Sem Ter-ra desenvolve-se em alguns eixos principais, quais sejam, as Escolas Itinerantes, localizadas nos acampamentos, as Escolas de Ensino Básico Municipais e Estaduais em al-guns assentamentos e as parcerias com universidades.

As Escolas Itinerantes, surgidas no Rio Grande do Sul, constituem-se em espaços escolares dentro dos acampa-mentos que funcionam como escolas regulares normais e foram legalizadas em dezembro do ano de 1996. O cor-po docente é formado por educadores do próprio Movi-mento e por educadores externos, apoiadores do MST. As Escolas Itinerantes acompanham os deslocamentos dos acampamentos, conforme a organização e a necessida-de de novas ocupações. O princípio fundamental dessas escolas caracteriza-se na formação de sujeitos críticos, questionadores do modelo social vigente, fundamenta-do na pedagogia de Paulo Freire. Com relação às escolas situadas nos assentamentos, conquistadas após anos de luta junto ao Estado, essas recebem estudantes do pró-prio assentamento em que se localizam, de outros que ainda as reivindicam, assim como das localidades próxi-mas ao assentamento. Conhecemos, durante a realização do Programa Convivências, a Escola Nova Sociedade, es-cola base das Escolas Itinerantes gaúchas, localizada no assentamento Itapuí. O ensino nessa escola também é

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voltado para uma educação crítica, diferenciada de ou-tros modelos educacionais. No que concerne às parcerias com universidades, conhecemos alguns projetos desen-volvidos pelo Movimento, como o ITERRA (Instituto de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária), tendo como uma das parceiras a UERGS (Universidade Estadual do Rio Grande do Sul), que contribui com os docentes e os cer-tificados. Este se caracteriza como um instituto baseado na Pedagogia da Terra, voltada para a formação de profis-sionais e educadores comprometidos com a comunida-de de origem a qual os indicou. Objetivamos com esse projeto conhecer de forma mais aprofundada a realidade educacional dentro do Movimento Sem Terra, discutir o recente fechamento das escolas itinerantes, em feverei-ro de 2009 e, a partir disso, problematizar o modelo tra-dicional de educação vigente. Para a construção desse projeto convivemos durante 06 dias com os assentados de Santa Rita de Cássia, em Nova Santa Rita, no período de 25 a 30 de julho de 2009, coletando informações e organizando impressões. Durante esse tempo de convi-

vência participamos de debates, ouvimos depoimentos e visitamos espaços escolares, construindo um diário de campo. A partir desses apontamentos podemos lançar conclusões prévias a respeito da pedagogia do MST e da legitimidade das escolas itinerantes. Essa pedagogia é baseada em princípios de formação crítica dos sujeitos, alternativamente à educação capitalista que forma mão-de-obra para o mercado de trabalho. A ilegalidade das Escolas Itinerantes feita pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul está diretamente ligada à criminalização dos movimentos sociais e pode ser entendida como uma estratégia política de desarticulação do MST. Dessa for-ma, entendemos que a universidade, enquanto formado-ra de educadores e profissionais, tem um papel a cumprir junto aos movimentos sociais, comprometendo-se com essas experiências alternativas educacionais, como a Es-cola Itinerante.

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TRAJETÓRIAS DE VIDAS DOS MO-RADORES EM SITUAÇÃO DE RUAVivendo nas grandes e médias cidades, já faz parte do co-tidiano da vida contemporânea naturalizarmos situações de miséria extrema, bem como negligenciarmos pessoas que vivem em situação de rua. Esse fato pode ser expli-cado de várias maneiras. Uma delas é a capacidade que temos de enxergarmos o “outro” como sendo uma mera projeção do nosso imaginário - imerso em preconceitos e valores, que são segmentados e compartilhados entre os membros imbricados em determinadas camadas so-ciais. Nesse sentido, tendemos a acreditar que os sujeitos - ditos moradores de rua - vivem em tal situação por não querem estar em outra situação ou, simplesmente, por serem “vadios”; o que não é verdade, tendo em vista que as motivações que levam uma pessoa a “morar” na rua es-tão intrinsecamente relacionadas à biografia de cada um. Sendo assim, a oficina tem como objetivo corroborar -

através das entrevistas e do debate entre os participantes da atividade proposta - com a emergência de uma nova perspectiva na leitura das realidades dos moradores em situação de rua.

TRAJETÓRIAS DE VIDAS DOS MO-RADORES EM SITUAÇÃO DE RUAVivendo nas grandes e médias cidades, já faz parte do cotidiano da vida contemporânea naturalizarmos situ-ações de miséria extrema, bem como negligenciarmos pessoas que vivem em situação de rua. Esse fato pode ser explicado de várias maneiras. Uma delas é a capaci-dade que temos de enxergarmos o “outro” como sendo uma mera projeção do nosso imaginário - imerso em preconceitos e valores, que são segmentados e compar-tilhados entre os membros imbricados em determina-

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das camadas sociais. Nesse sentido, tendemos a acredi-tar que os sujeitos - ditos moradores de rua - vivem em tal situação por não querem estar em outra situação ou, simplesmente, por serem “vadios”; o que não é verdade, tendo em vista que as motivações que levam uma pes-soa a “morar” na rua estão intrinsecamente relacionadas à biografia de cada um. Sendo assim, a oficina tem como objetivo corroborar - através das entrevistas e do deba-te entre os participantes da atividade proposta - com a emergência de uma nova perspectiva na leitura das rea-lidades dos moradores em situação de rua.

APRESENTANDO O PROGRAMA JU-VENTUDE EM CENA: DIREITOS IN-FANTO-JUVENIS, PROTAGONISMO JUVENIL E INTERVENÇÃO SOCIALO presente trabalho tem o intuito de apresentar o progra-ma Juventude em Cena, buscando mostrar quais foram seus objetivos, de que forma a equipe trabalhou para al-cançá-los e quais foram os principais resultados. Entende-se que, sendo o Salão de Extensão, um espaço de troca de experiências acadêmicas, é importante a divulgação deste programa, a fim de que profissionais e estudantes interes-sados em direitos infanto-juvenis, protagonismo juvenil e intervenção social possam visualizar o trabalho desenvol-vido. Este programa é uma iniciativa do Centro de Estudos Psicológicos sobre Meninos e Meninas de Rua (CEP-RUA), vinculado ao Instituto de Psicologia da UFRGS, em parceira com a Secretaria da Justiça e do Desenvolvimento Social

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do RS e com apoio do Ministério da Educação (editais PRO-EXT/SESu-MEC 2007 e 2008). O público alvo da interven-ção foi adolescentes de 12 a 18 anos de oito cidades da Região Metropolitana de Porto Alegre, os quais são vincu-lados a programas sociais promovidos pelo município em que residem. Embora não sendo o foco central, também participaram da intervenção técnicos da rede de apoio infanto-juvenil que trabalham diretamente com estes jo-vens. A equipe responsável pela realização do programa contou com pós-graduandos vinculados ao CEP-RUA (os quais participaram como coordenadores), sendo orienta-dos pela coordenadora do grupo de pesquisa e apoiados por monitores voluntários, estudantes de graduação em Psicologia e áreas afins. Esses monitores participaram de um curso de capacitação oferecido pelos coordenadores no semestre anterior ao da execução do programa. Tendo em vista que o tripé em que se apóia o programa é com-posto por ensino, pesquisa e extensão, ressalta-se que, além da ação de extensão à comunidade, foi contempla-do o ensino, mediante a participação de estudantes como

monitores do programa. Além disso, foi realizada uma pes-quisa – parte do projeto de doutorado de uma das coor-denadoras da ação – para avaliar o impacto e o processo da intervenção a partir de dados qualitativos e quantita-tivos coletados durante a execução do programa. A ex-tensão ocorreu em duas edições. A primeira, “Juventude em Cena: despertando a ação protagonista”, teve o intuito de viabilizar um espaço de capacitação sobre os direitos da criança e do adolescente, de debate, de expressão, de construção conjunta de cidadania e respeito aos direitos, através do qual seria colocado em prática o protagonismo juvenil. Para tanto, abrangeu oito eixos temáticos: Direitos da Criança e do Adolescente; Identidade; Solidariedade; Cidadania; Saúde, Risco e Proteção/Violação de direitos; Projetos de vida; Políticas públicas para jovens e Protago-nismo Juvenil. Esta edição foi realizada em dez encontros quinzenais entre junho e novembro de 2008, sendo que cada eixo foi tema de um encontro. Contudo, tais temas fo-ram trabalhados transversalmente ao longo do programa, pois se entende que estão entrelaçados. Considerando

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que participaram da intervenção cerca de 80 adolescen-tes, para fim de organização e melhor aproveitamento dos conteúdos programados, os participantes foram distribuí-dos em sete grupos que contavam com jovens de diferen-tes municípios. Cada grupo era acompanhado por um co-ordenador e um monitor. Sendo assim, no turno da manhã ocorriam atividades como palestra, oficina, discussão de filme, etc., as quais enfocavam o eixo temático trabalhado neste dia. No turno da tarde, costumava-se trabalhar nos pequenos grupos, refletindo sobre a atividade da manhã através de diferentes propostas, como, por exemplo, cria-ção de cartazes, teatros, gincanas, jogos, etc. Os técnicos eram convidados a participar da atividade da manhã, e, em duas oportunidades, tiveram um espaço orientado de troca de experiências e de reflexão sobre sua prática. A se-gunda edição, “Juventude em Cena: realizando a ação pro-tagonista”, teve como objetivo a criação e realização, pelos adolescentes, de ações de participação social nos seus mu-nicípios de origem. Desta forma, procurou-se desenvolver ações que para os jovens fizessem sentido, visando à busca

pela garantia dos direitos dos mesmos e de sua comunida-de. A segunda edição teve, então, como base a multiplica-ção dos conhecimentos adquiridos na primeira através de um trabalho em equipe, impulsionado pelo protagonismo juvenil a serviço da comunidade. Esta edição foi realizada em cinco encontros, de três em três semanas, de abril a ju-nho de 2009, contando com a participação de 30 dos 80 jovens participantes da primeira edição, oriundos de qua-tro municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre. Os técnicos da rede de apoio infanto-juvenil destes mu-nicípios também participaram desta etapa do programa. Em virtude da diferença de objetivo em relação à primeira edição, na segunda, os pequenos grupos em que se tra-balhava não eram heterogêneos, mas organizados por municípios. As atividades eram propostas com o intuito de, em um primeiro momento, fortalecer o trabalho em equipe e pensar em qual ação seria realizada. Para tanto, foram propostas dinâmicas de grupo e espaço para refle-xão e elaboração de idéias para as ações. Em um segundo momento, então, foram realizadas dinâmicas e palestras a

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fim de facilitar o processo de operacionalização dos pla-nos de ação, em que os grupos eram orientados a pensar passo a passo como pôr em prática a ação escolhida. Em um terceiro momento, foi feito um acompanhamento pela equipe executora da extensão de como estavam sendo desenvolvidas as ações, de forma que era cedido um es-paço tanto para cada grupo se organizar para pensar seu próximo “passo”, quanto para que, no grande grupo, todos pudessem acompanhar, questionar e contribuir com o trabalho realizado pelos municípios. Além disso, ao longo dos encontros, foram realizadas palestras e oficinas com a finalidade de potencializar o conhecimento dos direitos, da conscientização da importância da cidadania através da multiplicação de saberes. Entende-se que esta é mais uma forma de pôr em prática o protagonismo juvenil, um dos principais focos do programa. Para a realização das ati-vidades, em ambas as edições, foram utilizados recursos audiovisuais, materiais escolares, questionários de pré e pós-teste, figurinos, argila, entre outros. Em virtude de que as ações nas cidades ainda estão em andamento, esta se-gunda edição terá ainda mais uma etapa. Será uma etapa

para acompanhamento e supervisão destas ações, quando membros da equipe irão a cada município nos meses de setembro e outubro. São muitos os frutos deste programa, entre eles a capacitação de graduandos e pós-graduandos para atuarem em intervenções sociais; a qualificação de técnicos e adolescentes dos municípios nos oito eixos te-óricos; a coleta de dados para realização de uma pesquisa de avaliação de impacto e processo do programa; a reali-zação de ações protagonistas pelos jovens participantes, as quais beneficiaram as suas comunidades de origem. É importante salientar que houve entraves como dispersão da equipe de execução, dificuldade de ajuste das ativida-des em função da diversidade de interesses nas diferentes idades, evasão, etc. Diante disto, no decorrer do programa, a equipe procurou rever as estratégias para se adequar às necessidades e especificidades do grupo participante. Apesar de todos os obstáculos, houve ainda muitos outros resultados indescritíveis, pois se acredita que para todos os participantes esta experiência foi enriquecedora do ponto de vista acadêmico, profissional e pessoal.

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EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL, EX-TENSÃO E FORMAÇÃO: A EXPERI-ÊNCIA NO PROGRAMA JUVENTU-DE EM CENAEste trabalho foi baseado nas experiências acumula-das no programa Juventude em Cena e os questiona-mentos por este suscitados. O programa em questão é uma iniciativa do Centro de Estudos Psicológicos sobre Meninos e Meninas de Rua da (CEP-RUA), vinculado ao Instituto de Psicologia da UFRGS em parceira com a Se-cretaria da Justiça e do Desenvolvimento Social do RS e com apoio do Ministério da Educação (editais PROEXT/SESu-MEC 2007 e 2008). Foi realizado com adolescen-tes de 12 a 18 anos da Região Metropolitana de Porto Alegre e coordenado por pós-graduandos vinculados ao CEP-RUA, com o apoio de estudantes de graduação, selecionados como monitores voluntários através de

um curso de capacitação oferecido pelo mesmo cen-tro de pesquisa. O programa ocorreu em duas edições. A primeira, “Juventude em Cena: despertando a ação protagonista”, realizada em 10 encontros quinzenais em 2008 tinha por objetivo viabilizar um espaço de ca-pacitação sobre os direitos da criança e do adolescen-te, de debate, e de construção conjunta de cidadania e respeito aos direitos, através do qual seria colocado em prática o protagonismo juvenil, abrangendo diversos eixos teóricos para tanto. A segunda, “Juventude em Cena: realizando a ação protagonista”, realizada em cin-co encontros ao longo do primeiro semestre de 2009, teve por objetivo por em prática os saberes adquiridos na edição anterior, através da criação e realização de ações de participação social pelos adolescentes nos seus municípios de origem. O foco do presente traba-lho é discutir a relevância da Educação Não-Formal na formação dos monitores voluntários, e a influência do programa em suas futuras vidas profissionais, compa-rando-a com processos formais e informais de apren-

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dizado e definindo suas vantagens e desvantagens. Ao longo do programa, percebeu-se que através de ativi-dades de Educação Não-Formal, é possível ter maior liberdade de ação do que na Formal, trazendo a possi-bilidade de contato com os métodos e dificuldades co-muns em intervenções sociais, principalmente as que exigem articulação com órgãos públicos. Esse tipo de experiência, em que ocorrem discussões e interações envolvendo coordenadores, monitores, técnicos que atuam nas redes de proteção infanto-juvenis e jovens, possibilita um maior contato com diferentes idéias, trajetórias e realidades um esquema dinâmico e envol-vente. Ao mesmo tempo, na Educação Não-Formal se mantêm as relações de ensino, ausentes na Informal, a qual carece totalmente de estruturação, e, portanto, não é passível de ser utilizada adequadamente. Como problemas, ao longo do programa, ficou evidente a constante necessidade de renovar as atividades, pois se corria o risco de torná-las repetitivas e pouco atra-entes para os jovens, o que acabaria desestruturando

todo o programa, que dependia fortemente da partici-pação de todos os envolvidos. Além disso, havia a pos-sibilidade de perder o foco do programa ao centrar-se apenas nas atividades específicas, ignorando sua pro-posta global. Com base nesta experiência, entende-se que a participação de estudantes de graduação em programas de extensão e de Educação Não-Formal é muito válida, pois possibilita o contato do aluno com situações e contextos novos, dando-lhe a oportunida-de de desenvolver suas capacidades de resolução de problemas.

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CAP NO VETIBULAR/ENEM/OBM/OBMEPOs professores do Colégio de Aplicação vem notando uma grande preocupação dos alunos do 3o ano do En-sino Médio com o concurso vestibular, por isso a Ação Tópicos de Vestibular foi reeditada para o ano de 2009 (2a edição). Visando também incentivar novos talentos matemáticos, foi criado um espaço para estimular os alunos do Ensino Fundamental e Médio no estudo des-ta ciência, preparando-os para as Olimpíadas de Ma-temática OBM (nacional e regional) e OBMEP, na Ação Preparação para as Olimpíadas de Matemática. Através da primeira ação, professores do Colégio de Aplicação e alunos licenciandos da UFRGS (das diversas áreas do conhecimento) são convidados a planejar e ministrar aulas direcionadas aos principais vestibulares do es-tado e ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio). Esta ação beneficia tanto os alunos do Colégio quanto os

licenciandos da UFRGS, uma vez que aqueles obtém experiência e maturidade para prestar o vestibular e ingressar em Universidades públicas e os licenciandos obtém o convívio no ambiente escolar, orientação dos professores do Colégio, e experiência numa sala de aula com os alunos do curso. Para enriquecer este trabalho, foi organizada a Ação Simulão do CAp-2009, onde os professores das áreas do conhecimento contampladas nos exames de vestibular e ENEM prepararam um con-junto de 10 questões visando o conteúdo previsto nos editais do referido concurso, aproximando-se do esti-lo dos vestibulares da UFRGS e ENEM. As provas foram realizadas de maneira semelhante aos concursos, bem como a correção da prova objetiva, de redação e cálcu-lo de médias e desvios, com a finalidade de oferecer aos alunos uma experiência prévia daquilo que enfrentarão em um futuro próximo. O resultado foi comparado aos escores obtidos pelos candidatos ao curso pretendido no último vestibular da UFRGS. A segunda Ação, Pre-paração para as Olimpíadas de Matemática, visa prepa-

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rar dois grupos de alunos, um do Ensino Fundamental e outro do Ensino Médio, para a Olimpíada Brasileira de Matemática - OBM (regional e nacional) e para a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públi-cas - OBMEP, incentivando o raciocínio lógico-dedutivo destes alunos. Os alunos que se destacam na disciplina em sala de aula foram convidados pelos professores a para participar das oficinas e posterior realização das provas. Os alunos são divididos em três categorias, a saber: Nível 1 (5a e 6a séries / 6o e 7o anos), nível 2 (7a e 8a séries / 8o e 9o anos) e nível 3 (Ensino Médio). Os níveis 1 e 2 trabalham juntos e o nível 3 trabalha em outro dia. O material é preparado levando-se em consideração as provas que já foram aplicados nestas competições, de forma a colocar os alunos em contato com o padrão das mesmas, e ainda utilizamos o ban-co de questões desenvolvido pela OBMEP e a revista Eureka, enviada pela OBM. A atuação do bolsista é de extrema importância para a viabilidade destas ações, auxiliando na organização dos horários das aulas do

vestibular, em contato direto com os professores de to-das as áreas, preparando e misnistrando algumas aulas de matemática e organizando o simulado (logística e questões de matemática). Obtemos um excelente re-sultado destas ações junto aos alunos, que solicitam o desenvolvimento de conteúdos específicos para as aulas e aprimoram suas técnicas de resolução de ques-tões, obtendo maior maturidade no decorrer do ano. Na preparação para as Olimpíadas, o planejamento das oficinas ocorre em parceria entre bolsista e coordena-dor. Onde discutem a metodologia a ser empregada e a maneira como os materiais devem ser confeccionados e trabalhados com os alunos. Todas os encontros são coordenados pela responsável pela ação juntamente com o bolsista. Cabe salientar que, inicialmente estas oficinas seriam oferecidas somente para o nível 3, mas com a procura dos alunos dos níveis 1 e 2, oferecemos outra oficina específica para estes níveis.

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PRÉ-VESTIBULAR POPULAR AL-TERNATIVA: EXTENSÃO POPULAR QUE DÁ CERTOO Pré-Vestibular Popular Alternativa é um Projeto Insti-tucional vinculado a Pró-Reitoria de Extensão da UFSM que há dez anos desenvolve suas atividades ininterrup-tamente. No ano de 2009, foram oferecidas 150 vagas em seu curso extensivo que funciona no período de maio a dezembro e conta com mais de 60 professores. Um dos objetivos do projeto é oportunizar a preparação de pessoas interessadas em ingressar na Universidade e que, por motivos econômicos, se vêem alijados dos cur-sos pré-vestibulares particulares. Assim, desencadeia um processo de intervenção na realidade social, com levantamento de problemas e a busca coletiva de solu-ções (ação transformadora), que ocorra a partir de uma tomada de consciência dos partícipes. Outra meta é o desenvolvimento de programas de avaliação e auxílio

sobre didática e metodologia de ensino, realizando ciclo de palestras e oferecendo uma formação pedagógica continuada aos voluntários que colaboram com a ação de extensão. Junto a isso, o projeto é uma oportunidade para que os estudantes de graduação e pós-graduação da UFSM e de outras universidades de Santa Maria, fa-çam contato com a realidade social, possibilitando maior desenvolvimento de suas atividades extracurriculares e cidadãs, preferencialmente para aqueles da área das li-cenciaturas. Além disso, proporciona a vivência desses futuros profissionais com formas educacionais diferen-ciadas, isto é, a dos moldes conservadores, permitindo, para muitos destes voluntários um contato antecipado com a realidade da sala de aula. Pelo fato de o curso ser voltado para pessoas comprovadamente carentes da comunidade, a cada ano é feito um processo seletivo dos alunos, em função do limitado número de vagas. Os candidatos preenchem um questionário sócio-eco-nômico e anexam documentos comprobatórios da sua renda, procedência comprovada de escola pública, ou

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privada (estes com bolsas de estudo), e do seu grupo familiar. Desse modo, tentamos fazer com que esse pro-cesso selecione os candidatos da maneira mais justa e coerente possível. Um dos grandes problemas enfrenta-dos pelo projeto é a evasão dos estudantes. Não pode-mos esquecer que o publico atendido difere do público atendido pelos cursinhos privados, já que a maioria de nossos educandos já acumulam responsabilidades. Nes-se último ano, em torno de 60% dos alunos evadiram das salas de aula, a maioria pela dificuldade em conciliar o horário de trabalho com o horário de estudo. Isso, pro-vavelmente, decorre do expressivo número de alunos chefes de família, tendo em vista que, além de estudar, precisam trabalhar para suprir suas necessidades bási-cas. Também é causa de evasão a dificuldade de que as outras pessoas da comunidade têm para se deslocar até o centro da cidade, porque existe o custo do transporte coletivo, mesmo com o desconto estudantil de 50% no valor. E ainda, cabe ressaltar, como causa de evasão, a conquista de um emprego durante o curso, o que mui-

tas vezes impede as pessoas de continuar freqüentando as aulas. As aulas do Pré-Vestibular Popular Alternativa são ministradas de segunda a sábado, nas salas cedidas pelo curso de Psicologia, no Prédio de Apoio da UFSM (antigo Hospital Universitário), no centro da cidade de Santa Maria. De segunda à sexta-feira as aulas são reali-zadas à noite. Aos sábados, as aulas acontecem à tarde. Após o término da aula de sábado são ofertadas outras atividades complementares aos alunos, tais como, de-senvolvimento de projetos, sessão de filme, aula extra, revisão de conteúdo, entre outras. As reuniões entre pro-fessores também são realizadas nesse mesmo horário. O corpo docente do projeto é formado por professores voluntários, a maioria graduandos da UFSM e de outras instituições de ensino do município, como o Centro Uni-versitário Franciscano (UNIFRA) e a Faculdade Metodista (FAMES). Também há muitos professores já graduados e pós-graduados que se dedicam às atividades, pois a sala de aula do PVPA significa mais uma oportunidade para o exercício da licenciatura e a formação de sua didática

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para o ensino. O material didático é composto de apos-tilas elaboradas pelos próprios professores, e os conteú-dos desenvolvidos seguem as sinalizações do programa do vestibular da Universidade Federal de Santa Maria. As disciplinas constituintes do currículo do curso são: Lín-gua Portuguesa, Literatura Brasileira, Redação, Matemá-tica, Física, Biologia, Química, História, Geografia, Filoso-fia, Inglês e Espanhol. Todas as disciplinas têm a mesma carga horária semanal, pois entende-se que não existe uma mais importante que outra. Durante o ano de 2008 foram realizadas também várias atividades além das de sala de aula. Tivemos um “Sarau Literário” proposto pela Equipe de Literatura, um “Ciclo de Cinema” onde os filmes eram assistidos e debatidos, a oficina “Entrando nos Eixos” que propunha a discussão dos doze eixos te-máticos do Vestibular 2009 da UFSM, e ainda os “aulões pré-prova”, tanto para os educandos do PVP Alternativa quanto para os vestibulandos que não eram de Santa Maria e ficaram hospedados na União Universitária da UFSM, e ali também foram feitas revisões do conteúdo.

A cada ano fica mais evidente o resultado positivo de todo o esforço e trabalho realizado pelos coordenado-res, educadores e colaboradores do Projeto PVP Alterna-tiva, comprovando a competência e o comprometimen-to da equipe de educadores envolvida. No ano de 2008 o índice de aprovação geral alcançou 40% entre aqueles alunos que concluíram o curso. Em 2009 o índice che-gou a 45%, sendo que 35% destes foram aprovados na Universidade Federal de Santa Maria, conquistando, in-clusive, o primeiro lugar no Curso de Comunicação So-cial – habilitação Jornalismo. Portanto, tais resultados ratificam a importância do projeto frente à sociedade e a valorização da extensão na academia.

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