Sermão de Santo António Teste

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Sermão de Santo António, com soluções IA Lê o texto que se segue e responde às questões com frases completas: 1 1! 1 "! " #! # $! $ !  %ós, di& 'risto, Sen(or nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra c(ama)l(es sal da terra, porque quer que façam na terra o que fa& o sal* + efeito do sa impedir a corrupção- mas quando a terra se .ê tão corrupta como est/ a nossa, (a.en tantos nela que têm of0cio de sal, qual ser/, ou qual pode ser a causa desta corrupçã +u porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar* +u porque o não salga, e os pregadores não pregam a .erdadeira doutrina- ou porque a terra se n deixa salgar e os ou.intes, sendo .erdadeira a doutrina que l(es dão, a não quer rece2er* +u porque o sal não salga, e os pregadores di&em uma cousa e fa&em out ou porque a terra se não deixa salgar, e os ou.intes querem antes imitar o que e fa&em, que fa&er o que di&em* +u porque o sal não salga, e os pregadores se prega si e não a 'risto- ou porque a terra se não deixa salgar, e os ou.intes, em .e& de ser.i 'risto, ser.em a seus apetites* 3ão tudo isto .erdade Ainda mal4  Suposto, pois, que ou o sal não salgue ou a terra se não deixe salgar- que se (/) fa&er a este sal e que se (/)de fa&er a esta terra + que se (/)de fa&er ao sal que n salga, 'risto o disse logo:  Quod si sal evanuerit, in quo salietur? Ad nihilum valet ult nisi ut mittatur foras et conculcetur ab hominibus * 5Se o sal perder a su2st6ncia .irtude, e o pregador faltar à doutrina e ao exemplo, o que se l(e (/)de fa&er, lanç/ fora como in7til para que se8a pisado de todos*9 uem se atre.era a di&er tal cousa, s mesmo 'r isto a não pr onun ci ar a Ass im como não (/ quem se 8a mais di gn o re.erência e de ser posto so2re a ca2eça que o pregador que ensina e fa& o que de assim merecedor de todo o despre&o e de ser metido de2aixo dos ps, o que co pala.ra ou com a .ida prega o contr/rio*  ;sto o que se de.e fa&er ao sal que não salga* < à terra que se não deixa salg que se l(e (/)de fa&er <ste ponto não resol.eu 'risto, Sen(or nosso, no <.angel mas temos so2re ele a resolução do nosso grande português Santo António, que ( cele2ramos, e a mais gal(arda e gloriosa resolução que nen(um santo tomou*  =rega.a Santo António em ;t/lia na cidade de Arimino, contra os (ereges, que n eram muitos- e como erros de entendimento são dificultosos de arrancar, não só não fa fruto o santo, mas c(egou o po.o a se le.antar contra ele e faltou pouco para que l(e n tirassem a .ida* ue faria neste caso o 6nimo generoso do grande António Sacudiri pó dos sapatos, como 'risto aconsel(a em outro lugar >as António com os descalços não podia fa&er esta protestação- e uns ps a que se não pegou nada da te não tin(am que sacudir* ue faria logo ?etirar)se)ia 'alar)se)ia @issimularia @a tempo ao tempo ;sso ensinaria por.entura a prudência ou a co.ardia (umana- ma &elo da glória di.ina, que ardia naquele peito, não se rendeu a semel(antes partidos* = que fe& >udou somente o p7lpito e o auditório, mas não desistiu da doutrina* @eixa praças, .ai)se às praias- deixa a terra, .ai)se ao mar, e começa a di&er a altas .o&es: que me não querem ou.ir os (omens, ouçam)me os peixes* +( mara.il(as do Alt0ssi +( poderes do que criou o mar e a terra4 'omeçam a fer.er as ondas, começam concorrer os peixes, os grandes, os maiores, os pequenos, e postos todos por sua ord

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Sermão de Santo António, com soluções

IA

Lê o texto que se segue e responde às questões com frases completas:

11!1"!"#!#$!$!

  %ós, di& 'risto, Sen(or nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terrac(ama)l(es sal da terra, porque quer que façam na terra o que fa& o sal* + efeito do saimpedir a corrupção- mas quando a terra se .ê tão corrupta como est/ a nossa, (a.entantos nela que têm of0cio de sal, qual ser/, ou qual pode ser a causa desta corrupçã+u porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar* +u porque o

não salga, e os pregadores não pregam a .erdadeira doutrina- ou porque a terra se ndeixa salgar e os ou.intes, sendo .erdadeira a doutrina que l(es dão, a não quer rece2er* +u porque o sal não salga, e os pregadores di&em uma cousa e fa&em outou porque a terra se não deixa salgar, e os ou.intes querem antes imitar o que efa&em, que fa&er o que di&em* +u porque o sal não salga, e os pregadores se pregasi e não a 'risto- ou porque a terra se não deixa salgar, e os ou.intes, em .e& de ser.i'risto, ser.em a seus apetites* 3ão tudo isto .erdade Ainda mal4  Suposto, pois, que ou o sal não salgue ou a terra se não deixe salgar- que se (/)fa&er a este sal e que se (/)de fa&er a esta terra + que se (/)de fa&er ao sal que nsalga, 'risto o disse logo: Quod si sal evanuerit, in quo salietur? Ad nihilum valet ultnisi ut mittatur foras et conculcetur ab hominibus * 5Se o sal perder a su2st6ncia

.irtude, e o pregador faltar à doutrina e ao exemplo, o que se l(e (/)de fa&er, lanç/fora como in7til para que se8a pisado de todos*9 uem se atre.era a di&er tal cousa, smesmo 'risto a não pronunciara Assim como não (/ quem se8a mais dignore.erência e de ser posto so2re a ca2eça que o pregador que ensina e fa& o que deassim merecedor de todo o despre&o e de ser metido de2aixo dos ps, o que copala.ra ou com a .ida prega o contr/rio*  ;sto o que se de.e fa&er ao sal que não salga* < à terra que se não deixa salgque se l(e (/)de fa&er <ste ponto não resol.eu 'risto, Sen(or nosso, no <.angelmas temos so2re ele a resolução do nosso grande português Santo António, que (cele2ramos, e a mais gal(arda e gloriosa resolução que nen(um santo tomou*  =rega.a Santo António em ;t/lia na cidade de Arimino, contra os (ereges, que n

eram muitos- e como erros de entendimento são dificultosos de arrancar, não só não fafruto o santo, mas c(egou o po.o a se le.antar contra ele e faltou pouco para que l(e ntirassem a .ida* ue faria neste caso o 6nimo generoso do grande António Sacudiripó dos sapatos, como 'risto aconsel(a em outro lugar >as António com osdescalços não podia fa&er esta protestação- e uns ps a que se não pegou nada da tenão tin(am que sacudir* ue faria logo ?etirar)se)ia 'alar)se)ia @issimularia @atempo ao tempo ;sso ensinaria por.entura a prudência ou a co.ardia (umana- ma&elo da glória di.ina, que ardia naquele peito, não se rendeu a semel(antes partidos* =que fe& >udou somente o p7lpito e o auditório, mas não desistiu da doutrina* @eixapraças, .ai)se às praias- deixa a terra, .ai)se ao mar, e começa a di&er a altas .o&es:que me não querem ou.ir os (omens, ouçam)me os peixes* +( mara.il(as do Alt0ssi

+( poderes do que criou o mar e a terra4 'omeçam a fer.er as ondas, começamconcorrer os peixes, os grandes, os maiores, os pequenos, e postos todos por sua ord

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com as ca2eças de fora da /gua, António prega.a e eles ou.iam*  Se a ;gre8a quer que preguemos de Santo António so2re o <.angel(o, dê)noutro* Vos estis sal terrae: B muito 2om texto para os outros santos doutores- mas pSanto António .em)l(e muito curto* +s outros santos doutores da ;gre8a foram salterra- Santo António foi sal da terra e foi sal do mar* <ste o assunto que eu tin(a p

tomar (o8e* >as (/ muitos dias que ten(o metido no pensamento que, nas festas dsantos, mel(or pregar como eles, que pregar deles* uanto mais que o são da mindoutrina, qualquer que ele se8a tem tido nesta terra uma fortuna tão parecida à de Sa António em Arimino, que força segui)la em tudo* >uitas .e&es .os ten(o pregado neigre8a, e noutras, de man(ã e de tarde, de dia e de noite, sempre com doutrina muclara, muito sólida, muito .erdadeira, e a que mais necess/ria e importante a esta tepara emenda e reforma dos .0cios que a corrompem* + fruto que ten(o col(ido dedoutrina, e se a terra tem tomado o sal, ou se tem tomado dele, .ós o sa2eis e eu poro sinto*  ;sto suposto, quero (o8e, à imitação de Santo António, .oltar)me da terra ao ma 8/ que os (omens se não apro.eitam, pregar aos peixes* + mar est/ tão perto que 2

me ou.irão* +s demais podem deixar o sermão, pois não para eles* >aria, qdi&er, Domina maris: 5Sen(ora do mar9- e posto que o assunto se8a tão desusado, espque me não falte com a costumada graça* Ave Maria*

=adre António %ieira, Sermão de Santo Ant 

1.   Atenta no conceito predic/.el deste sermão: “Vós sois o sal da terra” *

1.1.   A quem se refere o pronome CVósD

1.2. 

;nterpreta a frase*

2.  <xplica por que ra&ão o orador inicia o seu discurso citando 'risto*

3. 

 A terra est/ tão corrupta que a culpa pode ser da responsa2ilidade quer dos pregadores, quer dos ou.intes*

3.1.  <xplicita a responsa2ilidade de uns e de outros*

4.  ?efere em que medida o =adre António %ieira se identifica com Santo António*

5.  Eranscre.e do texto o excerto que mostra o o28eti.o do orador ao escre.er este sermão*

6.  ustifica a in.ocação que o autor fa& à %irgem >aria*

IB

  3um texto, entre F! e 1"! pala.ras, refere em que medida as ideias do =adre António%ieira poderão ser consideradas intemporais e sempre atuais, dando, pelo menos, um exemploconcreto*

II

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1. 

Lê o texto que se segue com atenção e assinala as al0neas corretas para cada item:

1

1!

  'om toda a sua .aidade e com toda a sua am2ição, %ieira sa2ia)se portador de u

mensagem importante para os seus compatriotas, mensagem que, desligada do sprec/rio contexto (istórico, ainda (o8e continua importante* ;ntrpido, toma.a a defesagrupos indefesos do imprio =ortuguês do sculo G%;;: os cristãos)no.os em =ortugal eamer0ndios no Hrasil* A2erto e CecumnicoD, concedia um lugar próprio a todas a raçatodas as culturas no seu uinto ;mprio, que seria um mundo pac0fico e unificado, mas nmonótono ou uniformi&ado* Acreditamos I tal.e& piamente, mas muito sinceramenteque, se %ieira ti.esse .i.ido durante algum tempo em terra islamita, onde reina Ca nefanseita de >afonaD, tam2m l/ teria encontrado coisas respeit/.eis e teria excogitado meapropriados para con.erter os muçulmanos com o m0nimo poss0.el de sacrif0cios culturai

  os %an @en Hesselaar, António Vieira ! "omem, a !bra, as #d

1.1.   A mensagem de %ieira que Cainda ho$e continua im%ortanteD Jll* #K centra)se na ideia de que

a) 

=ortugal .oltar/ a formar um grande imprio*

b)  todos os po.os de.em .i.er em (armonia e em comun(ão*

c) 

a mensagem cristã ainda importante nos nossos dias*

d) 

os tempos se repetem*

1.2. 

 A pala.ra Cintr&%idoD Jl* #K significa

a) 

temeroso*

b) 

insens0.el*

c) 

destemido*

d) 

simp/tico*

1.3.  %ieira foi um CprofetaD 2em)sucedido, no sentido 202lico do termo, na medida em que

a) 

tin(a .isões e compreendia as .ontades de @eus*

b) 

re.elou um ideal e apontou um camin(o para o seu po.o*

c)  prega.a ao po.o, mas este não o ou.ia*

d) 

pre.iu o futuro*

1.4.   A Cnefanda seita de MafonaD Jl* FK uma referência

a) 

à religião cristã*

b) 

a uma seita religiosa que adora o pão*

c) 

a uma seita da localidade portuguesa de >afmedes*

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d) 

à religião muçulmana*

1.5.   A pala.ra Cim%ortanteD Jl* #K desempen(a a função sint/tica de

a)  predicati.o do su8eito*

b) 

complemento direto*

c) 

complemento agente da passi.a*

d) 

complemento o2l0quo*

1.6.   A oração Cse Vieira tivesse vivido durante al'um tem%o em terra islamita D Jll* M)FK uma oração

a) 

ad8eti.a relati.a restriti.a*

b)  coordenada explicati.a*

c) 

su2ordinada ad.er2ial condicional*

d) 

su2ordinada ad.er2ial causal*

2. 

Liga os elementos da coluna A a um elemento da coluna H:

COLUNA A COLUNA B

1.   A pala.ra Cho$eD Jl* #K trata)se

2. 

 Após os dois pontos, na lin(a $,

3. 

'om a utili&ação da con8unçãoCmasD Jl* NK

4. 

'om a informação, entretra.essões, na lin(a M,

5.  'om a oração iniciada por CseVieira tivesse vividoD Jl*MK

a.  o enunciador especifica a sua posição so2re o assunto.ai expor*

b. 

de um ad.r2io de predicado que funciona comode0tico espacial*

c. 

o enunciador concreti&a com exemplos a ideia expoanteriormente*

d.  de um ad.r2io de predicado que funciona como

de0tico temporal*

e.  de um ad.r2io de tempo e um de0tico temporal*

f.  o enunciador exprime oposição em relação à idapresentada anteriormente*

g. 

o enunciador formula uma situação (ipottica*

3.  ;ndica os processos fonológicos presentes na .ariação (istórica das seguintes pala.ras:

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3.1.  lanaO lãaO lã

3.2.  areaO areia

III

S<L<';+3A P>A Q;=RE<S<:

A) 

3um texto 2em estruturado, entre 1F! e "$! pala.ras, imagina que te dirigias a todos osportugueses, pela tele.isão, e que querias dar dois importantes consel(os, 2emfundamentados, que fariam de =ortugal um pa0s mel(or*

B) 

3um texto 2em estruturado, entre 1F! e "$! pala.ras, redige um discurso a proferir na +3Psu2ordinado ao tema CAs alterações clim/ticas e os seus efeitos nefastos para as geraçõesfuturasD*

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 A Jquestões e respostas retiradas, em parte, do manual (ortu'u)s **+ anoJSantillanaK) comadaptações:

1*1* + pronome C%ósD refere)se aos pregadores*

1*"* Pma .e& que os pregadores são considerados Co sal da EerraD e o sal e.ita a corrupção,

isto , a degradação espiritual, aos pregadores ca2er/ a função de impedir a degradação moral

dos fiis que os escutam*

"* + orador cita 'risto para conferir autoridade ao seu sermão, uma .e& que as suas pala.ras

sempre serão sinónimo de .erdade a2soluta*

#*1* Segundo o orador, tanto os pregadores como os ou.intes poderão ter responsa2ilidade no

facto de a Eerra estar corrupta e enumera as ./rias (ipóteses, a sa2er: ou os pregadores não

pregam a .erdadeira doutrina, praticam ações distintas das pala.ras que proferem ou pregam)

se a si próprios e não a 'risto, isto , defendem os seus interesses pessoais e não a doutrinade esus- ou, por outro lado, os ou.intes não estão receti.os às pregações, ou preferem seguir 

as ações dos pregadores em .e& das suas pala.ras ou, por 7ltimo, preferem ser.ir os seus

capric(os e não a 'risto*

$* + orador identifica)se com o referido Santo pois, tal como este não foi ou.ido pelos (ereges

em Arimino, na ;t/lia, tam2m ele sente que as suas pala.ras são ignoradas pelos fiis que o

escutam*

* Cpara emenda e reforma dos .0cios que a corrompemD Jl* $FK*

N* =adre António %ieira pede à %irgem >aria a graça de o a8udar a proferir um 2om sermão*Sendo este dirigido aos peixes, o orador .ê a a8uda di.ina como mais rele.ante ainda*

;H) resposta a2erta

;;) questões 1 e " retiradas do manual =ortuguês 11, Santillana 'onst6ncia Jcom adaptaçõesK

 1*1* 2 - 1*"* c- 1*#* 2- 1*$* d- 1** a- 1*N* c

"*

1)d- ")c-#)f- $)a- )g

#*1* s0ncope do CnD- nasali&ação do CaD e crase do CãaD-

#*"* @itongação do CeD*

;;;) ?esposta a2erta