Sepse e Choque Séptico - amape.com.br · Dellinger RP et al. Surviving Sepsis Campaign:...
Transcript of Sepse e Choque Séptico - amape.com.br · Dellinger RP et al. Surviving Sepsis Campaign:...
Sepse e Choque Séptico
Jose Roberto Fioretto
Introdução - Sepse
Fioretto JR. Choque Séptico. In: UTI Pediátrica. Fioretto JR, Bonatto RC, Carpi MF, Ricchetti SMQ e Moraes MA. eds. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2013, p.197-202. ISBN: 978-85-277-2242-1.
Processo complexo
Grupo heterogêneo de pacientes
Múltiplos sítios
Múltiplos sinais e sintomas
Múltiplos patógenos
“Choque Séptico Pediátrico” – Características
• Tipicamente associado com hipovolemia grave
• Ao contrário de adultos, crianças exibem maior
mortalidade quando há diminuição do débito
cardíaco
• Crianças previamente hígidas com sepse adquirida
na comunidade - baixo DC e RVS aumentada
• Crianças hospitalizadas – alto DC e RVS baixa
Davis AL et al. American College of Critical Care Medicine Clinical Practice Parameters for Hemodynamic Support
of Pediatric and Neonatal Septic Shock. Crit Care Med 2017; 45:1061-93
Reconhecimento
“Bundles” de cada instituição ⟼ reconhecimento,
ressuscitação, estabilização e performance no choque:
Reconhecimento
• Triar paciente para choque séptico usando esquema
institucional
• Avaliação clínica dentro de 15 min para pacientes com
triagem positiva
• Iniciar ressuscitação dentro de 15 min para pacientes
confirmados com o diagnóstico de choque séptico
Choque Séptico
Davis AL et al. American College of Critical Care Medicine Clinical Practice Parameters for Hemodynamic Support
of Pediatric and Neonatal Septic Shock. Crit Care Med 2017; 45:1061-93
Ressuscitação
• Obter acesso IV em 5 min
• Iniciar reposição volêmica em 30 min
• Iniciar antibiótico em 60 min
• Iniciar inotrópico por via periférica para choque refratário a
fluido em 60 min
Choque SépticoRessuscitação
Davis AL et al. American College of Critical Care Medicine Clinical Practice Parameters for Hemodynamic Support
of Pediatric and Neonatal Septic Shock. Crit Care Med 2017; 45:1061-93
Estabilização e Performance
Choque Séptico
Estabilização
• Utilizar monitoração para otimizar fluidos, hormônios e
terapia cardiovascular
• Confirmar administração apropriada de antibiótico e controle
do foco
Performance
• Medir aderência às medidas
• Identificar barreiras à aderência
• Fornecer plano de ação para superar barreiras
Davis AL et al. American College of Critical Care Medicine Clinical Practice Parameters for Hemodynamic Support
of Pediatric and Neonatal Septic Shock. Crit Care Med 2017; 45:1061-93
Caracterização
• Clínica
• Hemodinâmica
• Utilização de oxigênio
Sepse e Choque Séptico
Choque Séptico - Sinais Clínicos
• Hipertermia ou hipotermia
• Alteração estado consciência
• Vasodilatação periférica (choque quente) ou
vasoconstrição (tempo de enchimento capilar > 2 sec –
choque frio)
• Hipotensão: tardia
• Níveis de FC associados com ↑ mortalidade (não apenas em
sepse)
• FC < 90 ou > 160 em lactentes
• FC < 70 ou > 150 em crianças
Davis AL et al. American College of Critical Care Medicine Clinical Practice Parameters for Hemodynamic Support
of Pediatric and Neonatal Septic Shock. Crit Care Med 2017; 45:1061-93
Choque Séptico – Hemodinâmica
• Pressão de perfusão (PP = PAM- PVC) e débito cardíaco
• Pressão arterial invasiva mais precisa
• SvcO2 (> 70%): indicador indireto da adequação do DC; se >
80 a 85% = disfunção mitocondrial, ↑ DC ou ressuscitação
supranormal
• Débito urinário
• Índice de choque (shock index) = FC/PAS
Davis AL et al. American College of Critical Care Medicine Clinical Practice Parameters for Hemodynamic Support
of Pediatric and Neonatal Septic Shock. Crit Care Med 2017; 45:1061-93
Choque Séptico – Variáveis de Utilização de O2
Marcadores laboratoriais de função cardíaca
e liberação de oxigênio
• Troponina: boa correlação com ↓ função
cardíaca
• Lactato: utilização duvidosa em crianças
• Se elevado em medida inicial, pode ser útil para julgar
resolução do choque
Davis AL et al. American College of Critical Care Medicine Clinical Practice Parameters for Hemodynamic Support
of Pediatric and Neonatal Septic Shock. Crit Care Med 2017; 45:1061-93
Utilizar exame clínico e não testes bioquímicos
Choque Séptico - Protocolo de Identificação
Paciente com infecção e/ou alt.
temperatura (no PS ou em 4h da
chegada)
Não
Excluir do protocolo
SimContinuar avaliação
Paciente grave ?Sim Transferir para sala de emergência /
alerta ao time de ressuscitaçãoNão
Continuar triagem do choque
• Obter todos SS incluindo PA e temperatura
• Breve HMA e EF avaliando estado de consciência, pele, pulsos e TEC
Choque Séptico “Checklist”
Alteração da temperatura
Hipotensão
Taquicardia
Taquipneia
Anormalidade do enchimento capilar
Alteração do estado de consciência
Anormalidade dos pulsos
Anormalidade da pele
Sim
Paciente hipotenso ?Iniciar/continuar protocolo de
tratamento
Não
Preenche 3 ou + dos 8 critérios clínicosOU
É pac. de alto risco com 2 ou + dos 8 critérios
clínicos ?
Sim
Identificar o paciente como com critérios
preenchidos, internar e alertar equipe
NãoContinuar triagem de rotina
Não
Continuar cuidados de rotina
O médico assistente concorda com a triagem ?Sim
Choque Séptico - Protocolo de Identificação
Davis AL et al. American College of Critical Care Medicine Clinical Practice Parameters for Hemodynamic Support
of Pediatric and Neonatal Septic Shock. Crit Care Med 2017; 45:1061-93
Condições de Alto Risco
• Oncológicos
• Asplênicos
• Transplantado de medula óssea
• Cateter venoso central
• Transplantado de órgão sólido
• Imunodeficiência
Choque Séptico - Protocolo de Identificação
Davis AL et al. American College of Critical Care Medicine Clinical Practice Parameters for Hemodynamic Support
of Pediatric and Neonatal Septic Shock. Crit Care Med 2017; 45:1061-93
Regras Gerais
Melhor prática
• 1ª hora para reposição volêmica e terapia
com inotrópicos baseada nos níveis da FC,
PA e TEC + Antibioticoterapia
• Subsequente suporte hemodinâmico na UTI
direcionado a: SvcO2 > 70% e IC de 3,3 –
6,0 L/min/m2 + ATB e controle de foco
Tratamento
Davis AL et al. American College of Critical Care Medicine Clinical Practice Parameters for Hemodynamic Support
of Pediatric and Neonatal Septic Shock. Crit Care Med 2017; 45:1061-93
Tratamento
Tratamento da Sepse / Choque Séptico
Foco de
Infecção
Erradicação
microrganismos
Patogênese da Sepse / Choque Séptico
Invasão
sangue
Neutralizar
toxinas
Choque /
SDMOS
Tratamento
em UTIP
Ativação
defesas
Liberação
mediadores
Modular resposta
hospedeiro
Tratamento – Monitoração
• Oximetria de pulso
• ECG contínuo
• Pressão arterial
• Temperatura
• Débito urinário
• Glicose e cálcio ionizado
Medidas Iniciais
1.Reconhecer os sinais de perfusão (0 – 5 min)
• Diminuição do nível de consciência
• Extremidades frias
• Enchimento capilar prolongado
• Pulsos fracos, com diferencial entre centrais e periféricos
• Diminuição do débito urinário
• Hipotensão
Dellinger RP et al. Surviving Sepsis Campaign: International Guidelines for Management of Severe Sepsis and Septic Shock: 2012. Crit Care Med 2013; 41
Cummings BM. Pediatric Sepsis Initiative 2016
Dellinger RP et al. Surviving Sepsis Campaign: International Guidelines for Management of Severe Sepsis and Septic Shock: 2012. Crit Care Med 2013; 41
Cummings BM. Pediatric Sepsis Initiative 2016
2.Desconforto respiratório e hipoxemia
• Iniciar máscara facial O2 100% em alto fluxo (15L) ou CPAP
• Estabelecer acesso vascular ou IO (fluidos e inotrópicos)
• Se precisar intubação e VM, haverá menor instabilidade
cardiovascular depois de apropriada ressuscitação cardiovascular
3. Metas iniciais da ressuscitação do choque séptico
• Enchimento capilar ≤ 2 segundos
• PA normal para idade
• Pulsos normais sem gradiente central e periférico
• Extremidades quentes; Débito urinário > 1 mL/kg/h
• Consciência normal; Svc O2 ≥ 70% e IC: 3,3 e 6,0 L/min/m2
Medidas Iniciais
Medidas Iniciais
Dellinger RP et al. Surviving Sepsis Campaign: International Guidelines for Management of Severe Sepsis and Septic Shock: 2012. Crit Care Med 2013; 41
Cummings BM. Pediatric Sepsis Initiative 2016
4. Estabelecer acesso intravenoso e monitorar
1. Dois acessos periféricos; se difícil IV, obter acesso IO; um
acesso pode ser suficiente se não usar inotrópicos
2. Considerar avaliação laboratorial
5. Avaliações adicionais em casos refratários
1. Pneumotórax
2. Tamponamento cardíaco
3. Emergências endocrinológicas
Medidas Iniciais
• Aumento de trabalho respiratório
• Hipoventilação
• Alteração consciência
• “Estado moribundo”
• Não esperar testes confirmatórios
Dellinger RP et al. Surviving Sepsis Campaign: International Guidelines for Management of Severe Sepsis and Septic Shock: 2012. Crit Care Med 2013; 41
Cummings BM. Pediatric Sepsis Initiative 2016
Decisão de Intubar
Medidas Iniciais
• Administrar volume
• Administrar inotrópico (se um segundo
acesso estiver disponível)
• Intubar utilizando SRI (cetamina)
Dellinger RP et al. Surviving Sepsis Campaign: International Guidelines for Management of Severe Sepsis and Septic Shock: 2012. Crit Care Med 2013; 41
Cummings BM. Pediatric Sepsis Initiative 2016
ANTES de Intubar
Medidas Iniciais - Antibioticoterapia
1. ATB empírico dentro da 1ª hora do diagnóstico
2. Culturas antes dos ATB quando possível (não atrasar ATB)
3. Levar em conta características locais e epidêmicas
4. Clindamicina deve ser utilizada em Síndrome do Choque Tóxico com
hipotensão refratária
5. Realizar controle de foco precoce e agressivo
Dellinger RP et al. Surviving Sepsis Campaign: International Guidelines for Management of Severe Sepsis and Septic Shock: 2012. Crit Care Med 2013; 41
Cummings BM. Pediatric Sepsis Initiative 2016
Medidas Inicias – Considerações Especiais
Fluidoterapia no Choque Séptico
1. Cristaloides – fluido inicial
2. Contra o uso de Hidroxietilamidos
3. Albumina
4. Alícotas – 20 mL/kg (continuar até melhora)
5. Cuidado com o excesso de volume !!!!
Dellinger RP et al. Surviving Sepsis Campaign: International Guidelines for Management of Severe Sepsis and Septic Shock: 2012. Crit Care Med 2013; 41
Maitland K et al. Mortality after fluid bolus in African children with severe infection. NEJM 2011; 34:26.
DROGAS VASOATIVAS
Dopamina ou Adrenalina?
Dellinger RP et al. Surviving Sepsis Campaign: International Guidelines for Management of Severe Sepsis and Septic Shock: 2012. Crit Care Med 2013; 41
Cummings BM. Pediatric Sepsis Initiative 2016
DROGAS VASOATIVAS
Atualmente, ADRENALINA
Dopamina
• Promove mais taquicardia, arritmia e aumenta mais o
consumo de oxigênio do miocárdio
• Aumenta a resistência vascular pulmonar
• Associa-se com maior risco de morte e infecção
Davis AL et al. American College of Critical Care Medicine Clinical Practice Parameters for Hemodynamic Support
of Pediatric and Neonatal Septic Shock. Crit Care Med 2017; 45:1061-93
Medidas Inicias – Considerações Especiais
1. Terapia com hidrocortisona, em tempo, deve ser
administrada para crianças com choque refratário a fluido
e resistente a catecolamina e insuficiência adrenal
suspeitada ou comprovada
2. Dose: 1 – 2 mg/kg/dia até 50 mg/kg/dia
Corticoterapia
Dellinger RP et al. Surviving Sepsis Campaign: International Guidelines for Management of Severe Sepsis and Septic Shock: 2012. Crit Care Med 2013; 41
Cummings BM. Pediatric Sepsis Initiative 2016
Titular Adrenalina 0,05 - 0,3 µ/kg/min – choque frioTitular Dopamina 5 - 9 µ/kg/min se não houver Epinefrina.
Titular Norepinefrina central: 0,05 µ/kg/min - choque quenteTitular Dopamina ≥ 10 µ/kg/min se não houver Norepinefrina
Reconhecer ↓ consciência e perfusão
Iniciar cateter de alto fluxo de O2 e estabelecer acesso IO/IV (PALS)
0 min
Se NÃO hepatomegalia ou estertores = 20 mL/kg salina isotônica e reavaliar depois de
cada alíquota (60 mL/kg) até melhora da perfusão. Parar se houver hepatomeg ou
estertores. Corrigir hipoglicemia e hipocalcemia. Começar ATB
5 min
Choque refratário a fluido ?
Iniciar Adrenalina 0,05 - 0,3 mcg/kg/min IV periférico/IO, preferencialmente,
Use atropina/cetamina IV/IO/IM se preciso para acesso venoso e via aérea
15 min
Se risco de Insuficiência Adrenal Absoluta – considerar Hidrocortisona
Usar ultrassonografia para direcionar fluido, inotrópico, vasopressor, vasodilatador
OBJETIVO: PP nl (55+1,5 x idd anos), SvcO2 > 70% e IC entre 3,3 e 6,0 L/min/m2
Choque resistente a catecolamina60 min
Davis AL et al. American College of Critical Care Medicine Clinical Practice Parameters for Hemodynamic Support
of Pediatric and Neonatal Septic Shock. Crit Care Med 2017; 45:1061-93
Protocolo de Tratamento Inicial - 2017
Protocolo de Tratamento Posterior - 2017
Davis AL et al. American College of Critical Care Medicine Clinical Practice Parameters for Hemodynamic Support
of Pediatric and Neonatal Septic Shock. Crit Care Med 2017; 45:1061-93
↓ DC, PA nl e ↑ RVS – “Frio” - SvcO2 < 70% /
Hb > 10 sob epinefrina?
• Começar Milrinone
• Adicionar Nitro-vasodilatador se IC < 3,3L/min/m2
com ↑RVS e/ou ↓ perfusão da pele
• Considerar Levosimendana se não houver sucesso
Protocolo de Tratamento Posterior - 2017
Davis AL et al. American College of Critical Care Medicine Clinical Practice Parameters for Hemodynamic Support
of Pediatric and Neonatal Septic Shock. Crit Care Med 2017; 45:1061-93
↓PA – “Frio” - SvcO2 < 70% / Hb > 10 sob epinefrina?
• Adicinonar norepinefrina à epinefrina para obter PAD nl
• Se IC < 3,3 L/min/m2 adicionar dobutamina,
enoximone ou milrinone ou levosimendana
Protocolo de Tratamento Posterior - 2017
Davis AL et al. American College of Critical Care Medicine Clinical Practice Parameters for Hemodynamic Support
of Pediatric and Neonatal Septic Shock. Crit Care Med 2017; 45:1061-93
↓ PA– “Quente” - SvcO2 > 70% / Hb > 10 sob norepinefrina?
• Se euvolêmico, adicionar vasopressina, terlepressina ou
angiotensiva.
• Mas, se IC ↓ abaixo de 3,3 L/min/m2, adicionar
epinefrina, dobutamina, enoxinone, levosimendana.
Choque resistente à catecolamina persistente?
Avaliar derrame pericárdico ou pneumotórax
Manter pressão intra-abdominal < 12 mmHg
Choque Refratário?
E C M O
Protocolo de Tratamento Posterior - 2017
Davis AL et al. American College of Critical Care Medicine Clinical Practice Parameters for Hemodynamic Support
of Pediatric and Neonatal Septic Shock. Crit Care Med 2017; 45:1061-93
© Copyright©2017 Editora Manole Ltda.
Todos os direitos reservados.Nenhuma parte deste conteúdo poderá ser reproduzida, por qualquer processo, sem a permissão
expressa dos editores.Diretos adquiridos pela: Editora Manole Ltda.
Obrigado