Sensoriamento remoto como recurso para o estudo de ecologia na educação científica e tecnológica

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III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2008 III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação PUCRS O Sensoriamento Remoto como recurso para o estudo de Ecologia na Educação Científica e Tecnológica Juliana Mariani Santos , Regis Alexandre Lahm (co-orientador), Regina Maria Rabello Borges (orientador) Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática, Faculdade de Física, PUCRS Resumo Este trabalho apresenta a avaliação de uma proposta educacional sobre ecossistemas utilizando o sensoriamento remoto como ferramenta de ensino, a partir de um trabalho integrado com alunos de graduação de Ciências Biológicas. Os futuros professores tiveram a oportunidade de vivenciar uma proposta diferenciada para o ensino de biomas utilizando uma tecnologia nova na educação, avaliando e debatendo em sala de aula assuntos relevantes para sua formação e o processo de ensino e aprendizagem relacionados à proposta. Após a apresentação das atividades, os depoimentos dos licenciandos foram submetidos a uma análise textual discursiva. Os resultados indicam que essa prática docente pode contribuir para um processo de ensino e aprendizagem mais dinâmico e significativo, privilegiando tanto alunos quanto professores em sala de aula. Introdução O sensoriamento remoto é um recurso que permite um trabalho interdisciplinar, pois as imagens de satélite podem trazer informações a serem trabalhadas por diferentes áreas do conhecimento. Pode contribuir na aprendizagem sobre biomas – ecossistemas terrestres caracterizados pelo tipo de vegetação, já conhecidos por figuras em livros, descrições e mapas. Porém, o estudo de biomas em imagens de satélite em tempo real é novidade nas escolas e pode ser disponibilizado a professores em formação. A atualização do ensino superior é fundamental para a atualização dos outros níveis de ensino (ENRICONE, 2006) e inclui utilizar novas tecnologias em sala de aula, como o sensoriamento remoto, que permite visualizar uma região ou objeto remotamente, por meio da captação e do registro da energia refletida ou emitida pela superfície terrestre (FLORENZANO, 2002).

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III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2008

III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação

PUCRS

O Sensoriamento Remoto como recurso para o estudo de Ecologia na Educação Científica e Tecnológica

Juliana Mariani Santos, Regis Alexandre Lahm (co-orientador), Regina Maria Rabello Borges

(orientador)

Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática, Faculdade de Física, PUCRS

Resumo

Este trabalho apresenta a avaliação de uma proposta educacional sobre ecossistemas

utilizando o sensoriamento remoto como ferramenta de ensino, a partir de um trabalho

integrado com alunos de graduação de Ciências Biológicas. Os futuros professores tiveram a

oportunidade de vivenciar uma proposta diferenciada para o ensino de biomas utilizando uma

tecnologia nova na educação, avaliando e debatendo em sala de aula assuntos relevantes para

sua formação e o processo de ensino e aprendizagem relacionados à proposta. Após a

apresentação das atividades, os depoimentos dos licenciandos foram submetidos a uma

análise textual discursiva. Os resultados indicam que essa prática docente pode contribuir para

um processo de ensino e aprendizagem mais dinâmico e significativo, privilegiando tanto

alunos quanto professores em sala de aula.

Introdução

O sensoriamento remoto é um recurso que permite um trabalho interdisciplinar, pois

as imagens de satélite podem trazer informações a serem trabalhadas por diferentes áreas do

conhecimento. Pode contribuir na aprendizagem sobre biomas – ecossistemas terrestres

caracterizados pelo tipo de vegetação, já conhecidos por figuras em livros, descrições e

mapas. Porém, o estudo de biomas em imagens de satélite em tempo real é novidade nas

escolas e pode ser disponibilizado a professores em formação. A atualização do ensino

superior é fundamental para a atualização dos outros níveis de ensino (ENRICONE, 2006) e

inclui utilizar novas tecnologias em sala de aula, como o sensoriamento remoto, que permite

visualizar uma região ou objeto remotamente, por meio da captação e do registro da energia

refletida ou emitida pela superfície terrestre (FLORENZANO, 2002).

III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2008

Metodologia

A pesquisa foi realizada em um estágio docente, com 19 alunos do quinto semestre de

um curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. As atividades foram direcionadas para a

avaliação de uma proposta de ensino de ecologia, com ênfase nos biomas brasileiros,

utilizando-se recursos tecnológicos.

Foram desenvolvidos trabalhos em grupo, com espaço para debates, utilizando a

tecnologia do sensoriamento remoto, com o recurso das imagens de satélite. Pretendeu-se

conduzir os trabalhos incentivando os alunos a manterem uma relação saudável com o meio

ambiente, em direção ao desenvolvimento de uma consciência ecológica.

Os alunos foram convidados a estudar as imagens e refletir sobre o que percebiam.

Nas imagens, os alunos puderam identificar os biomas e suas características espaciais,

biológicas, e também dialogar sobre as ações do homem sobre estas áreas. Três questionários

foram aplicados: um no início das atividades, para identificação de idéias prévias, outro

durante as atividades e mais um no final, para avaliar a proposta. Durante os encontros houve

um acompanhamento por meio de anotações e entrevistas gravadas, que foram transcritas.

A metodologia utilizada para análise dos dados foi a análise textual discursiva

(MORAES, GALLIAZZI, 2007), com abordagem qualitativa e descritiva.

Resultados e Discussão

Durante as aulas, os alunos debateram valorização e cultivo de atitudes de proteção e

preservação de ecossistemas e biomas, identificando sua importância e os impactos que os

humanos causam nessas áreas. Segundo os licenciandos, o recurso ajuda a visualizar cada

bioma de maneira diferente e é possível notar muita degradação, o que parecia incomodá-los

muito. Alguns depoimentos destacam:

“[...] a possibilidade de trabalhar imagens de sensoriamento remoto [...] para criação de um aprendizado sobre biomas, desmatamento, poluição, diversidade, trabalhar também as dimensões, cores e formas, senso de localidade, aprofundamento das imagens trabalhadas.

“Torna realidade para o aluno conceitos e matérias dadas, fatos ocorridos e evolução desses fatos na natureza. Ajuda a entender também como a população humana cresce e se expande territorialmente, como ela se organiza na forma espacial.

“Dá para trabalhar questões como agricultura, reforma agrária, poluição, regiões e cheia de rios e outras.

“Com certeza essa metodologia traz uma curiosidade enorme para os alunos de qualquer idade e torna a aula interessante e diferente.”

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“Achei mais interessante na atividade a possibilidade de poder ter contato direto com uma matéria/conteúdo que normalmente é abordada com aulas expositivas.”

“O mais interessante é poder usar a ferramenta e aproximar os alunos do ambiente em que vivem, mostrar onde os diferentes biomas estão no Brasil”

“É possível o uso das imagens nas mais diversas disciplinas: geografia, matemática [...]”

A análise dos depoimentos mostra que os licenciandos consideram a utilização de

novas tecnologias em aula capaz de cultivar o gosto pela descoberta, a curiosidade e a busca

por novos conhecimentos, incentivando o aluno a pensar e raciocinar, possibilitando um

aprimoramento de sua análise crítica. A utilização desse recurso em sala de aula possibilita

que o aluno relacione novas informações com outras já existentes e crie conexões entre o

conteúdo didático e seu dia-a-dia. Proporciona a criação de um espaço de compartilhamento

de idéias e pontos de vista, estimula o debate e a participação do aluno. Permite superar a

reprodução de conteúdos de livros didáticos e do quadro-negro. Todos consideraram o

sensoriamento remoto uma ótima ferramenta para utilizar em sala de aula, possibilitando

torná-la mais interessante e interativa.

Conclusão

A Biologia é a Ciência que estuda a vida. Como está em constante progresso e

transformação, seu ensino precisa acompanhar as inovações em nosso cotidiano. Com todas

as mudanças climáticas e ambientais contemporâneas, é importante darmos atenção em sala

de aula a temas da ecologia que envolvam o aluno com o meio ambiente, como o estudo dos

ecossistemas e biomas. Os ambientes naturais estão ameaçados e as mudanças vêm ocorrendo

em resposta a nossas próprias ações. O sensoriamento remoto ajuda a perceber o que

acontece e ter uma nova perspectiva estudando estes ambientes, possibilitando uma visão

diferente da que o aluno costuma ver em livros didáticos. Então, esse recurso é uma

ferramenta em potencial para um novo ensinar.

Referências ENRICONE, D. A docência na educação superior: sete olhares. Porto Alegre: Evangraf, 2006.

FLORENZANO, T.G. Imagens de satélite para estudos ambientais. São Paulo: Oficinas de Textos, 2002. MORAES, R. GALLIAZZI, M.C. Análise textual discursiva. Ijuí: Ed. Unijuí, 2007. ODUM, E.P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988.