SENSIBILIDADE GERAL DO CORPO VIAS DE ANALGESIA

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SENSIBILIDADE GERAL DO CORPO VIAS DE ANALGESIA 1 SENSIBILIDADE GERAL DO CORPO VIAS DE ANALGESIA NEUROANATOMIA

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SENSIBILIDADE GERAL DO CORPO VIAS DE ANALGESIA

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SUMÁRIO

REVISÃO: PADRÃO DE PROCESSAMENTOS SENSITIVOS ................. 4

SENSIBILIDADES DO CORPO ..................................................................... 5

DOR E TEMPERATURA ................................................................................. 7

CORRELAÇÕES ANATOMOCLÍNICAS .................................................... 10

PRESSÃO E TATO PROTOPÁTICO .......................................................... 10

PROPRIOCEPÇÃO CONSCIENTE, TATO EPICRÍTICO E SENSIBILIDADE VIBRATÓRIA .................................................................. 11

PROPRIOCEPÇÃO INCONSCIENTE .......................................................... 13

CORRELAÇÕES ANATOMOCLÍNICAS .................................................... 14

VIAS DE ANALGESIA .................................................................................. 14

CORRELAÇÕES ANATOMOCLÍNICAS – PORTÃO DA DOR .............. 15

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 16

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SENSIBILIDADE GERAL DO CORPO VIAS DE ANALGESIA

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REVISÃO: PADRÃO DE

PROCESSAMENTOS SENSITIVOS

As vias sensitivas apresentam um pa-

drão sequencial de processamento:

1. Receptor: responsável pela per-

cepção da sensibilidade do meio am-

biente e a transformação do estimulo

em impulso nervoso. Pode ser uma

célula epitelial especializada ou um

neurônio especializado.

2. Trajeto periférico: realizado por

neurônios sensitivos do sistema ner-

voso periférico, que transmitem a in-

formação sensitiva em direção ao

sistema nervoso central.

3. Trajeto central: realizado por neu-

rônios do sistema nervoso central,

que recebem e transmitem a informa-

ção sensitiva ao córtex cerebral,

onde essas informações tornam-se

conscientes para o indivíduo.

Com exceção da sensibilidade olfatória,

todas as sensibilidades, gerais ou espe-

ciais, contam com um neurônio locali-

zado no tálamo (relé talâmico) para sua

transmissão. Por isso, o tálamo é consi-

derado uma porta de entrada central no

processamento das informações sensiti-

vas. As fibras sensitivas oriundas do tá-

lamo alcançam o córtex cerebral com-

pondo as radiações talâmicas, que as-

cendem pela cápsula interna e, próximas

ao destino cortical, constituem a coroa

radiada.

Formações macroscópicas das fibras nervosas encefálicas – vista sagital

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SENSIBILIDADE GERAL DO CORPO VIAS DE ANALGESIA

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Áreas corticais realizam o processa-

mento consciente da sensibilidade, que

ocorrem de maneira sequencial:

1. Área sensitiva primária: a primeira

região do córtex que recebe a infor-

mação sensitiva. Chamada de área

de projeção.

2. Área sensitiva secundária: é um

córtex de associação, que recebe a

informação da área cortical primária,

e processa complexamente aquela

sensibilidade. É chamada de área de

associação unimodal.

3. Área terciária: é um córtex de as-

sociação extremamente complexo

que processa mais de uma sensibili-

dade ao mesmo tempo (área de as-

sociação supramodal), garantindo

percepção ampla do ambiente. O

córtex terciário também é responsá-

vel pelo pensamento inteligente, que

nos permite criar juízo de valor às si-

tuações, armazenar vivências por

meio de memórias, dentre outros

comportamentos complexos. A área

terciária corresponde à área pré-

frontal e área parietal posterior, cór-

tex da ínsula, além das estruturas do

sistema límbico. Estas estruturas não

serão estudadas neste ebook.

SENSIBILIDADES DO CORPO

Sensibilidades exteroceptivas corres-

pondem às sensibilidades captadas do

meio externo, pela superfície corporal.

São elas: tato, dor, temperatura, pres-

são. A sensibilidade proprioceptiva in-

forma o grau de contração dos músculos

corporais, o que auxilia na percepção da

posição corporal.

Receptores: são células epiteliais espe-

cializadas e terminações nervosas livres

que respondem aos diversos estímulos,

como mudanças químicas no ambiente

(quimiorreceptores), variações térmicas

(termorreceptores) e condições ambien-

tais extremas (nociceptores).

Lorem

Lorem Lorem

Receptor

Traj. periférico

Traj.

central

Área 1ª Área 2ª Área 3ª

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SENSIBILIDADE GERAL DO CORPO VIAS DE ANALGESIA

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Representação de corte histológico da pele

Imagem 1: Imagem retirada de Wikimedia Commons.

4. Terminações nervosas livres

5. Corpúsculo de Meissner

6. Discos de Merkel

7. Corpúsculo de Ruffini

8. Corpúsculo de Vater-Pacchini.

Recepetor da pele Função

Terminações nervosas livres Terminações das fibras nervosas sensitivas.

Responsáveis pela detecção de tato grosseiro, temperatura e dor, propriocepção.

Corpúsculos de Meissner Receptor encapsulado que detecta tato,

pressão e estímulos vibratórios lentos.

Corpúsculos de Vater-Paccini Receptor encapsulado que detecta sensibilidade

vibratória.

Corpúsculos de Ruffini Receptor encapsulado que detecta tato e

pressão.

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DOR E TEMPERATURA

Receptor: terminações nervosas livres.

Estas sensibilidades são transmitidas por

duas vias: via neoespinotalâmica e pale-

oespinotalâmica.

Via neoespinotalâmica: via mais recente,

na filogenética. Responsável pela trans-

missão da dor aguda e bem localizada –

dor em pontada.

• Neurônio 1: gânglio sensitivo

do nervo espinal (na raiz poste-

rior).

• Neurônio 2: Coluna poste-

rior da substância cinzenta da

medula espinal. Suas fibras cru-

zam o plano mediano, na região

da comissura branca, e ascendem

formando o trato espinotalâmico

lateral, no funículo lateral da me-

dula.

• Neurônio 3: Núcleo ventral

posterolateral do tálamo. De on-

dem saem fibras que compõem as

radiações talâmicas, capsula in-

terna e coroa radiada, até alcan-

çarem o córtex cerebral.

• Área cortical primária: área

somestésica primária, no giro pós-

central e no lóbulo paracentral.

(Para recordar, o lóbulo paracen-

tral é a continuação do giro pós-

central, localizado na face medial

do encéfalo).

• Área cortical secundária:

área somestésica secundária, no

lóbulo parietal superior.

Corte transversal da medula espinal

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1. Corno anterior (coluna anterior)

2. Corno posterior (coluna posterior)

3. Substância cinzenta intermédia

4. Funículo anterior

5. Funículo lateral

6. Funículo posterior

(fascículo grácil, medial, e fascículo cu-

neiforme, lateral.

7. Comissura branca

8. Fissura mediana anterior

9. Sulco mediano posterior

10. Canal central da medula

11. Raiz anterior (ventral) do nervo es-

pinal

12. Raiz posterior (dorsal) do nervo es-

pinal

13. Gânglio sensitivo do nervo espinal

Obs. Devido ao cruzamento das fibras

que compõem o trato espinotalâmico

lateral, a lesão desse trato da medula

implica na perda de percepção da dor e

temperatura do lado oposto à lesão.

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Via paleoespinotalâmica: via de proces-

samento da dor e da temperatura antiga

na filogenética, responsável pela trans-

missão da dor crônica e difusa (dor em

queimação).

• Neurônio 1: gânglio sensitivo

do nervo espinal.

• Neurônio 2: Coluna poste-

rior da substância cinzenta da

medula espinal. As fibras proveni-

entes desses neurônios NÃO CRU-

ZAM e compõem o trato espinore-

ticular que ascende junto do trato

espinotalâmico lateral.

• Neurônio 3: localizados na

formação reticular, no tronco en-

cefálico.

• Nêurônio 4: neurônios intra-

laminares do tálamo. Esses neurô-

nios projetam suas fibras difusa-

mente para o córtex cerebral, ou

seja, não apresentam uma proje-

ção somatotópica e parecem es-

tar relacionados, também, com a

ativação cortical.

As sensibilidades dolorosa e térmica já

se tornam conscientes à nível talâmico.

Ou seja, a lesão do córtex sensitivo não

impede que o indivíduo sinta essas sen-

sibilidades.

Estruturas do sistema límbico como a

amigdala, córtex anterior da ínsula e giro

do cíngulo são responsáveis pelo pro-

cessamento do componente afetivo da

dor. Ou seja, elas são responsáveis pela

capacidade de dar um significado à dor

e, portanto, extremamente necessárias

para garantir respostas de evitação a

estímulos nocivos.

CORRELAÇÕES

ANATOMOCLÍNICAS

Para alívio de dores incuráveis podem

ser realizadas lesões cirúrgicas nos nú-

cleos talâmicos de processamento da

dor:

• Núcleo ventral posterolate-

ral – analgesia da dor em pon-

tada, aguda.

• Núcleos intralaminares –

analgesia da dor em queimação,

crônica.

PRESSÃO E TATO PROTOPÁTICO

• Receptor: corpúsculo de

Ruffini, corpúsculos de Meissner e

terminações nervosas livres. Tato

protopático, também chamado

de tato grosseiro, é a sensibili-

dade que garante a percepção

da existência dos objetos, sem

percepção complexa dos deta-

lhes.

• Neurônio 1: localizados no

gânglio sensitivo do nervo espinal.

• Neurônio 2: localizados na

coluna posterior da substância

cinzenta da medula espinal. Suas

fibras cruzam o plano mediano, na

comissura branca, e fletem no

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funículo anterior, compondo o

trato espinotalâmico anterior.

Na altura da ponte, há união do trato es-

pinotalâmico anterior e espinotalâmico

lateral, formando o lemnisco espinal, que

segue em direção ao tálamo.

• Neurônio 3: Núcleo ventral

posterolateral do tálamo. Suas fi-

bras alcançam o córtex cerebral

compondo as radiações talâmi-

cas, cápsula interna e coroa radi-

ada. Neste relé talâmico da via, as

sensibilidades de pressão e tato

protopático também já se tornam

conscientes para o indivíduo.

• Área cortical primária: área

somestésica primária, no giro pós-

central e lóbulo paracentral.

• Área cortical secundária:

área somestésica secundária no

lóbulo parietal superior.

PROPRIOCEPÇÃO CONSCIENTE,

TATO EPICRÍTICO E SENSIBILIDADE

VIBRATÓRIA

• Receptores de tato: termi-

nações nervosas livres, Corpúscu-

los de Meissner e Ruffini. Tato epi-

crítico, também chamado de tato

discriminativo, permite a diferen-

ciação de mínimos detalhes dos

objetos, bem desenvolvida nos

dedos da mão, por exemplo.

• Receptores de vibração:

Corpúsculos de Vater-Paccini.

• Receptores de propriocep-

ção: fusos neuromusculares, nos

ventres musculares, e órgãos neu-

rotendinosos, na inserção do ten-

dão muscular.

A sensibilidade proprioceptiva informa o

grau de contração dos músculos corpo-

rais. E seu processamento consciente,

pelo cérebro, auxilia na percepção de

posição corporal.

Para entender melhor o processamento

consciente da propriocepção, imagine

que você esteja de olhos fechados e re-

ceba uma bola para segurar e tateia o

objeto, a fim de identificá-lo. Para iden-

tificação dos detalhes de objeto, que

auxilia a diferenciação entre uma bola

de futebol ou de basquete, por exemplo,

utilizamos a sensibilidade tátil. Já a

compreensão do formato do objeto, que

nos permite rapidamente identificar a

bola sem o auxilio da visão, é promovida

pela propriocepção consciente, que ma-

peia o movimento das mãos, por meio da

informação do grau de contração mus-

cular, e identifica o objeto que estamos

segurando. A sensibilidade do tato e da

propriocepção consciente em conjunto

são conhecidas por estereognosia, que

garante o reconhecimento dos objetos

pela forma, tamanho e textura.

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SENSIBILIDADE GERAL DO CORPO VIAS DE ANALGESIA

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O trajeto das sensibilidades de tato,

propriocepção consciente e vibração

segue por:

• Neurônio 1: localizado nos

gânglios sensitivos do nervo

espinal. As fibras não realizam

sinapse na substância cin-

zenta da medula e ascendem

no funículo posterior, com-

pondo o fascículo grácil, res-

ponsável pela sensibilidade da

metade inferior do tronco e

membros inferiores e fascículo

cuneiforme, responsável pela

transmissão dessas modalida-

des sensitivas da metade su-

perior do tronco e dos mem-

bros superiores. Não há cruza-

mento dessas fibras, diferente

do que ocorre para as modali-

dades sensitivas estudadas

anteriormente, que cruzam na

comissura branca da medula.

Imagine o tamanho de uma fibra dessas,

que transmite a informação sensitiva dos

pés, por exemplo, até o próximo neurônio

da via, localizado no bulbo... Impressio-

nante!

• Neurônio 2: Núcleos grácil e

cuneiforme, no bulbo, que re-

cebem as fibras dos respecti-

vos fascículos. Destes núcleos

partem fibras que cruzam para

o lado contralateral, formando

o lemnisco medial, que segue

em direção ao tálamo.

• Neurônio 3: Núcleo ventral

posterolateral, no tálamo.

• Área cortical primária: área

somestésica primária, no giro

pós-central e lóbulo paracen-

tral.

• Área cortical secundária:

área somestésica secundária,

no lóbulo parietal superior.

Observe a neuroimagem funcional

abaixo, realizada durante um teste de

propriocepção consciente. O cruza-

mento das fibras de propriocepção

consciente, tato epicrítico e vibração

ocorre na altura do bulbo, bem evidenci-

ado pelo perfil metabólico presente na

imagem.

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Imagem 2: Imagem de Fling BW, Dutta GG, Schlueter H, Cameron MH and Horak FB, 2014. Acesso via Wiki-media Commons.

PROPRIOCEPÇÃO INCONSCIENTE

É a informação do grau de contração

muscular processada pelo cerebelo, de

modo inconsciente, e faz parte das vias

responsáveis pela correção do movi-

mento e manutenção do tônus muscular,

além de promover o equilíbrio e a pos-

tura.

A propriocepção inconsciente é captada

pelos mesmos receptores da proprio-

cepção consciente e também transmi-

tida por neurônios do gânglio sensitivo

do nervo espinal. Porém as fibras ascen-

dem via nervo espinal, em direção à me-

dula, e realizam sinapse em colunas da

substância cinzenta medular, em dois ní-

veis:

• Núcleo torácico da coluna

posterior: cujas fibras compõem o

trato espinocerebelar posterior,

sem cruzamento. E entram no

cerebelo pelo pedúnculo cerebe-

lar inferior.

• Base da coluna posterior e

substância cinzenta intermédia:

cujas fibras cruzam na comissura

branca e formam o trato espino-

cerebelar anterior do lado contra-

lateral. O trato espinocerebelar

anterior sofre outro cruzamento

na altura do tronco encefálico an-

tes de entrar no cerebelo, pelo

pedúnculo cerebelar superior. Este

trato também transmite o grau de

atividade do trato corticospinal,

informação importante para a co-

ordenação do movimento.

As fibras de ambos os núcleos alcançam

as estruturas cerebelares que compõem

o espinocerebelo. Processamentos ori-

undos do cerebelo, dos núcleos da base

e do córtex motor atuam em conjunto no

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controle e na regulação das funções mo-

toras.

Observe que, diferente do cérebro, que

recebe as sensibilidades do lado contra-

lateral do corpo, o cerebelo receber a

propriocepção proveniente do lado ho-

molateral do corpo.

Alguns pontos sobre as vias sensitivas

descritas neste ebook:

• A informação sensitiva que

alcança o cérebro sempre cruza.

O processamento sensitivo cere-

bral é sempre realizado pelo he-

misfério contralateral à aferência.

As sensibilidades associadas aos tratos

espinotalâmicos cruzam logo que alcan-

çam a medula, enquanto a informação

sensitiva proveniente dos fascículos grá-

cil e cuneiforme cruza na altura do bulbo.

• O tálamo é o portão de en-

trada para o processamento cor-

tical das sensibilidades, rece-

bendo o lemnisco medial e lem-

nisco espinal. No entanto, a infor-

mação de dor, temperatura, tato

e pressão já se tornam conscien-

tes para o indivíduo à nível talâ-

mico.

• O núcleo talâmico respon-

sável pelo processamento das

sensibilidades gerais do corpo é o

núcleo ventral posterolateral. Já

as sensibilidades gerais da ca-

beça são processadas pelo

núcleo ventral posteromedial do

tálamo.

• O giro pós-central é o cór-

tex primário responsável por todo

o processamento primário das

sensibilidades gerais do corpo.

• A informação cerebelar

sempre é homolateral. Por isso, o

trato espinocerebelar que cruza

na comissura branca, “descruza”

antes de atingir o cerebelo.

CORRELAÇÕES

ANATOMOCLÍNICAS

A lesão da área somestésica secundária

(lóbulo paracentral), entre outros acha-

dos, cursa com agnosia tátil, condição

em que o indivíduo é incapaz de reco-

nhecer os objetos pela estereognosia

apesar de manter a percepção das sen-

sibilidades.

No entanto, a identificação dos objetos

pode ocorrer se o indivíduo estiver de

olhos abertos, a partir do processa-

mento e reconhecimento visual. Por isso,

é importante realizar essa parte do

exame físico neurológico com os olhos

fechados, para uma avaliação pura-

mente da estereognosia.

VIAS DE ANALGESIA

São conhecidos alguns mecanismos as-

sociados ao controle do processamento

dos estímulos dolorosos:

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SENSIBILIDADE GERAL DO CORPO VIAS DE ANALGESIA

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Neurônios da substância cinzenta peria-

quedutal, no mesencéfalo, realizam si-

napse com neurônios do núcleo magno

da rafe, na formação reticular. A partir

destes núcleos partem as fibras seroto-

ninérgicas que alcançam os neurônios

internunciais no núcleo do trato espinal

do trigêmeo e da substância gelatinosa

da medula espinal, ambos são núcleos

centrais na via de processamento da

dor, respectivamente, da cabeça e do

corpo.

Há outro mecanismo, à nível medular, no

qual ocorre a inibição dos impulsos de

dor. As fibras táteis, dos fascículos grácil

e cuneiforme apresentam ramificações

que modulam os neurônios internunciais,

localizados na substância gelatinosa da

coluna posterior da medula. Estes neurô-

nios secretores de encefalina inibem

neurônios medulares, da coluna poste-

rior, relacionados ao processamento da

dor.

Estes portões da dor são capazes de in-

terromper o processamento do estímulo

doloroso. Há influência do córtex somes-

tésico nesses centros, em resposta à sua

ativação intensa, o que explica situa-

ções emergência nas quais algumas

pessoas correm durante minutos, antes

de perceberem foram baleadas ou alvo

de algum impacto potencialmente dolo-

roso. Outra situação cotidiana em que

modulamos o portão da dor é a estimu-

lação tátil súbita que realizamos ao cho-

car alguma parte do corpo. O estímulo

tátil ao friccionar a pele após o impacto

diminui a percepção dolorosa.

CORRELAÇÕES

ANATOMOCLÍNICAS – PORTÃO DA

DOR

Estimulação transcutânea é um procedi-

mento para manejo na clínica da dor. A

técnica depende de eletrodos distribuí-

dos na pele, capazes de promover estí-

mulos táteis, o que promove alívio a cer-

tos tipos de dor.

Diversas classes de antidepressivos

atuam aumentando a disponibilidade de

serotonina no sistema nervoso central. O

efeito antidepressivo ocorre pela ação

desse neurotransmissor nos sistemas de

projeção difusa do cérebro, aumen-

tando a ativação cortical, a atenção e

benefícios nos comportamento afetivos.

O aumento da disponibilidade de sero-

tonina promovido por esses fármacos

também leva à ativação do núcleo cen-

tral da rafe, ativando a via de analgesia.

Por isso, esses medicamentos não são

apenas utilizados no manejo clínico do

humor deprimido, mas também no cui-

dado terapêutico de pacientes que

apresentam quadros de dores crônicas.

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SENSIBILIDADE GERAL DO CORPO VIAS DE ANALGESIA

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@jalekoacademicos Jaleko Acadêmicos @grupoJaleko

REFERÊNCIAS

MOORE, Keith L.. Anatomia Orientada para a Prática Clínica. 7ªed. Rio

de Janeiro: Guanabara Koogan.

NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed,

2000.

SOBOTTA, Johannes. Atlas de Anatomia Humana. 21ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 2000.

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