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Ano 8 nº 91A setembro 2008 EDIÇÃO ESPECIAL SENAI FAZ A OLIMPÍADA DO BRASIL

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Ano 8nº 91Asetembro2008

Edição EspEciAl

sENAi FAZ A oliMpÍAdA do BRAsil

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ArmAndo monteiro neto

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Armando Monteiro Neto, presidente da CNI – Confederação Nacional da Indústria

Editorial

No aNo passado, o sENaI tEvE 2.175.928 matrículas, o maior número de sua história. es-ses estudantes sabem que chegar à olimpíada do conhecimento é uma grande honra, algo con-quistado neste ano por 553 competidores. den-tre eles, os campeões irão concorrer a uma vaga no worldskills, maior competição de educação Profissional do mundo, que se realizará em 2009 no canadá. no ano passado, no Japão, os brasi-leiros formados pelo senai ficaram em segundo lugar, atrás apenas da coréia do sul, mas à frente de países como estados Unidos, Japão e suíça.

Para os alunos do senai, a importância da competitividade é algo inquestionável. eles têm a certeza de que precisam superar cons-tantemente suas próprias conquistas, e não por outra razão têm lugar garantido no mercado de trabalho. a idéia de competitividade, porém, é algo que vai além dos aspectos individuais. esses profissionais de visão globalizada têm clareza de que a empresa em que trabalham precisa superar constantemente desafios. e de que essa postura é indispensável a todo o País na busca do desen-volvimento sustentável.

a indústria vê na educação fator essencial de competitividade. em 1942, criou o senai por entender que o único modo de ter os melho-res profissionais era formá-los de acordo com padrões internacionais de qualidade. assim, apesar dos indicadores deficientes na educação pública brasileira, o País conseguiu realizar, ao longo do tempo, programas com foco nas de-mandas do setor industrial. não estaríamos no

patamar de desenvolvimento industrial a que chegamos sem os 45.400.749 profissionais for-mados pelo senai.

superar-se de forma constante é uma preocu-pação de todo o sistema cni, que inclui cni, sesi e iel, além do próprio senai. Foi lança-do no ano passado o programa educação para a nova indústria, com metas claras e ambiciosas para a expansão dos serviços. senai e sesi, que se dedicam à educação básica, deverão ampliar em 30% o número de vagas até 2010. o primei-ro balanço do programa, no ano passado, foi bastante alentador. o senai atingiu 103,2% da meta total de matrículas estabelecida para 2007. no caso do sesi, as matrículas de educação continuada ficaram em 94,8% da meta e as da escola em tempo integral em 90,7%.

o sistema cni estará sempre aberto ao diá-logo e sintonizado com os anseios da sociedade, sem deixar de lado as necessidades da indústria. Foi firmado em julho um acordo com o Minis-tério da educação para aumentar os recursos di-recionados a cursos gratuitos. Hoje, esses cursos recebem 46% da receita do senai. até 2014, serão dois terços do total. no caso do sesi, essa fatia chegará a 16,67% até 2014.

o País precisa, porém, de educação de qua-lidade em todos os níveis, não apenas no escopo do sistema cni. e o único modo de conquis-tá-la é um esforço coordenado de todo o País, incluindo empresas de todos os setores, estado e sociedade. só assim nossa educação será um fator de competitividade global.

Educação E compEtItIvIdadEA Olimpíada do Conhecimento simboliza a missão institucional do SENAI, de permitir ao País superar desafios no processo de intensa competição global

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6 Olimpíada do Conhecimento com 553 competidores, o senai faz o maior certame de

educação Profissional das américas. Paulistas ficam em primeiro lugar na contagem de medalhas

12 Quadro de Medalhas Veja quem levou ouro, prata e bronze nas 44 ocupações

industriais e três comerciais

14 Ocupações descrições de cada uma das ocupações e depoimentos dos

vencedores sobre o árduo preparo, a emoção de chegar ao pódio e o que pensam sobre seu futuro profissional

46 Inovação Visitantes das três etapas da olimpíada puderam conhecer os

projetos inovadores de docentes e estudantes do senai de todo o País, na mostra inova senai

48 Meio ambiente todo o carbono emitido na preparação e funcionamento das três

etapas da olimpíada será neutralizado com o plantio de árvores no rio grande do sul, Paraná e santa catarina

50 José Manuel de Aguiar Martins o diretor-geral do senai escreve sobre a importância para

o brasil de o senai fazer uma competição do porte da olimpíada do conhecimento

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www.cni.org.br

DIRETORIA DA CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA - QUADRIÊNIO 2006/2010

Presidente: Armando de Queiroz Monteiro Neto (PE);Vice-Presidentes: Paulo Antonio Skaf (SP), Robson Braga de Andrade (MG), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira (RJ), Paulo Gilberto Fernandes Tigre (RS), José de Freitas Mascarenhas (BA), Rodrigo Costa da Rocha Loures (PR), Alcantaro Corrêa (SC), José Nasser (AM), Jorge Parente Frota Júnior (CE), Francisco de Assis Benevides Gadelha (PB), Flavio José Cavalcanti de Azevedo (RN), Antonio José de Moraes Souza (PI);1º Secretário: Paulo Afonso Ferreira (GO);2º Secretário: José Carlos Lyra de Andrade (AL);1º Tesoureiro: Alexandre Herculano Coelho de Souza Furlan (MT); 2º Tesoureiro: Alfredo Fernandes (MS); Diretores: Lucas Izoton Vieira (ES), Fernando de Souza Flexa Ribeiro (PA), Jorge Lins Freire (BA), Jorge Machado Mendes (MA), Jorge Wicks Côrte Real (PE), Eduardo Prado de Oliveira (SE), Eduardo Machado Silva (TO), João Francisco Salomão (AC), Antonio Rocha da Silva (DF), José Conrado Azevedo Santos (PA), Euzebio André Guareschi (RO), Rivaldo Fernandes Neves (RR), Francisco Renan Oronoz Proença (RS), José Fernando Xavier Faraco (SC), Olavo Machado Júnior (MG), Carlos Antonio de Borges Garcia (MT), Manuel Cesario Filho (CE).

CONSELHO FISCALTitulares: Sergio Rogerio de Castro (ES), Julio Augusto Miranda Filho (RO), João Oliveira de Albuquerque (AC);Suplentes: Carlos Salustiano de Sousa Coelho (RR), Telma Lucia de Azevedo Gurgel (AP),Charles Alberto Elias (TO).

UNICOM - Unidade de Comunicação Social CNI/SESI/SENAI/IELGerente executivo - Marcus Barros PintoTel.: (61) 3317.9544 - Fax: (61) 3317.9550e-mail: [email protected]

ISSN 1519-7913Revista mensal do Sistema Indústria

Coordenação editorial IW Comunicações - Iris Walquiria Campos

ProduçãoFSB ComunicaçõesSHS Quadra 6 - cj. A - Bloco E - sala 713CEP 70322-915 - Brasília - DF Tel.: (61) 3323.1072 - Fax: (61) 3323.2404

RedaçãoEditor: Paulo Silva PintoEditora de arte: Ludmila AraujoRevisão: Shirlei NatalineColaborou nesta edição: Mário Chimanovitch

PublicidadeMoisés Gomes - [email protected].: (61) 3323-1072

Impressão - Gráfica Coronário

Capa - José Paulo Lacerda

As opiniões contidas em artigos assinados são de responsabilidade de seus autores, não refletindo, necessariamente, o pensamento da CNI.

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senai faz a maior competição das américasrealizada nos três estados da região Sul, a olimpíada do Conhecimento foi o maior certame de educação Profissional já realizado até hoje no País, sem paralelo em todo o continente

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olimPíAdA do ConheCimento

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No mês passado, ENquaNto pEquIm coNcENtrava a atenção de todo o mundo com os jogos olímpicos, o brasil sediava a maior competi-ção de educação Profissional das américas. a terceira etapa da olimpíada do conhecimen-to ocorreu entre os dias 13 e 19 de agosto em curitiba, na Universidade Positivo. entre 24 e 27 de julho, as provas foram em Porto alegre, na sede da Fiergs. de 11 a 14 de junho, houve a etapa catarinense, na Vila germânica, cen-

tro de eventos em blumenau. “Um só local não teria condições de abrigar toda a olimpí-ada”, explica o diretor-geral do senai, José Manuel de aguiar Martins. na classificação geral, são Paulo ficou em primeiro lugar, se-guido de Minas gerais, em segundo, e do rio grande do sul, em terceiro. Paraná veio em quarto e santa catarina, em quinto (veja qua-dro na página ao lado).

a olimpíada é uma das principais vitrines da excelência dos cursos de formação ofereci-dos pelo senai. Para o presidente da cni, armando Monteiro neto, graças à institui-ção o brasil conseguiu criar uma indústria de classe mundial. ele afirma que apesar de o País apresentar indicadores deficientes na edu-cação pública, o senai conseguiu realizar programas com foco nas demandas do setor industrial, reconhecidos internacionalmente. “a corrida pela capacitação é um processo de superação permanente, fundamental para que o brasil não se atrase de modo irremediável na competição que se dá em escala global”, afirmou o presidente da cni depois de visitar

competidores de são paulo:

maior número de medalhas

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Números da OlimpíadaNas etapas de Blumenau, Porto Alegre e Curitiba

553 competidores

44 ocupações industriais

3 ocupações comerciais

2.000 participantes de eventos paralelos

80.000 visitas de alunos de Educação Básica

10.000 trabalhadores envolvidos na montagem dos locais de provas

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olimPíAdA do ConheCimento

a primeira etapa da olimpíada, em blumenau – ele esteve presente também em Porto alegre e curitiba.

Prova do reconhecimento internacional do senai é o desempenho de seus alunos no worldskills, o mais importante torneio inter-nacional de educação Profissional. na últi-ma edição, que ocorreu em 2007 no Japão, os brasileiros, formados pelo senai, ficaram em segundo lugar na pontuação final, perden-do apenas para os sul-coreanos, mas à frente de países como suíça e estados Unidos. os vencedores da olimpíada do conhecimento 2008 concorrem a uma vaga na próxima edi-ção do worldskills international, que no ano que vem será disputado em calgary, canadá.

o desempenho dos brasileiros no world-skills tem progredido de forma constante, junto com a própria olimpíada do conheci-mento. em 2001, quando foi criada a olimpí-ada, foram disputadas 26 modalidades. neste ano, nas três cidades da região sul, compe-tiram 553 alunos e ex-alunos do senai, em 44 modalidades industriais. desta vez parti-ciparam também alunos do serviço nacio-nal de aprendizagem do comércio (senac), em três ocupações da área. “tão importante quanto dar visibilidade ao nosso trabalho e ao talento dos nossos alunos, é estar ao lado do senai”, afirma o diretor-geral do senac, sydnei cunha. a inclusão das modalidades comerciais tem por objetivo tornar a olimpí-ada do conhecimento o mais próximo possí-vel do worldskills, que não se limita a moda-lidades da indústria.

segundo o gerente de olimpíadas e con-cursos do senai, José luís gonçalves lei-tão, as provas da olimpíada do conheci-mento seguem o escopo das modalidades do worldskills. neste ano, a novidade em rela-ção à edição de 2006 foi a participação dos professores dos estados que tiveram alunos inscritos na avaliação. as provas não foram escolhidas pela coordenação nacional, como ocorria antes. isso foi feito em conjunto pelos avaliadores de cada modalidade, obedecendo

OC 2008 - Ranking Nacional

POSIÇÃO DR OuRO PRata BROnze POntOS

1º SP 19 11 8 87

2º MG 6 11 9 49

3º RS 7 2 5 30

4º PR 2 6 3 21

5º SC 3 3 3 18

6º AL 1 4 2 13

7º PE - 1 8 10

8º RN 2 1 1 9

9º DF 2 - 2 8

10ºCE 1 2 - 7

GO - 3 1 7

11º BA 1 1 - 5

12º

AM 1 - 1 4

ES 1 - 1 4

RJ - 1 2 4

13º PB 1 - - 3

14º PI - 1 - 2

15º MT - - 1 1

Ouro = 3 pontos Prata = 2 pontos Bronze = 1 ponto

a limites mínimos de competência estabele-cidos para as ocupações. leitão participa da organização desde a primeira olimpíada, e afirma que “houve um desenvolvimento fan-tástico na preparação e participação dos alu-nos e professores”.

na véspera de começar a competir, os estu-dantes dedicaram-se apenas a se familiarizar com as bancadas de trabalho, as máquinas, os equipamentos e as ferramentas necessárias à execução das provas. “essa etapa é muito importante para que todos passem bem pe-

vice-presidente José alencar com o diretor-geral do senai, José manuel de aguiar martins, em visita à etapa de porto alegre

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PARTICIPAÇÃO DOS EMPRESÁRIOSOs patrocinadores são fundamentais para a realização da Olimpíada do Conhecimento, seja na forma de cotas de patrocínio financeiro, seja na doação de equipamentos para as provas. Na área de Marcenaria, muitos equipamentos vieram da empresa alemã Ferramak, uma das patrocinadoras da competição. “Oferecemos aos cursos do SENAI tecnologia de ponta, com equipamentos que, em alguns casos, são importados”, afirma o diretor da Ferramak Markus Ziel. Segundo ele, o que leva a empresa a investir no SENAI é reconhecer que se trata de um modelo semelhante ao alemão, “que dá certo há muito tempo”.

Empresas participam também por meio do apoio a seus funcionários que são alunos ou ex-alunos do SENAI, permitindo que se afastem das tarefas profissionais para se dedicar ao treinamento. O gerente industrial da Plastimax, de Joinville (SC), Anderson Marcel dos Santos, conta que seu funcionário Douglas dos Santos teve, durante seis meses, algumas horas por dia para treinar para a modalidade Fresagem a CNC, na Olimpíada. A um mês do certame, ele passou a se dedicar integralmente a isso. Santos acompanhou as provas em Blumenau todos os dias. E não foi o único a fazer isso lá e nas outras etapas. O empresário Antônio Cavalcanti, proprietário da Ferramentaria Rio Grande do Norte, em Manaus, viajou de uma distância bem maior para acompanhar o funcionário Alysson Soares, competidor da modalidade Tornearia a CNC, em Porto Alegre. “Chegar nessa etapa não é fácil, é produto de muito estudo e dedicação. Quando se tem um talento assim na empresa, deve-se reconhecê-lo e proporcionar oportunidades para que evolua cada vez mais”, afirma. É um apoio que o competidor reconhece e valoriza. “Sempre que termino as provas, ele vem conversar comigo, saber como estou. Sinto-me valorizado”, conta Alysson.

A presença de empresários tem também outra razão. Marcel, da Plasmax, afirma que observa vários dos competidores, com a perspectiva de contratá-los depois da competição. “Os ex-alunos do SENAI são muito importantes na empresa. Além da excelente preparação, estão realmente interessados em trabalhar no chão de fábrica. Não são como outros ex-alunos de outros cursos técnicos, que apenas passam pela linha de produção e já pensam logo em fazer um curso superior, de engenharia, por exemplo”, diz. Muitos empresários fazem o mesmo que Marcel: vão à Olimpíada do Conhecimento como olheiros. Formar-se no SENAI significa ter emprego praticamente garantido, principalmente para quem participa da Olimpíada do Conhecimento.

A educação proporcionada pelo SENAI é semelhante

ao modelo alemão, que dá certo há muito tempo

Markus zieldiretor da Ferramak, uma das patrocinadoras

da Olimpíada do Conhecimento

los desafios propostos”, explica leitão. em seguida, vieram quatro dias de provas, sepa-radas em três fases: planejamento, execução e produto.

Para muitos dos campeões, a olimpíada do conhecimento é a etapa intermediária em um processo, que chegará ao pódio do world-skills. e que se iniciou bem antes, nas etapas estaduais, em que os melhores competidores foram selecionados. “ter chegado aqui foi fruto de um trabalho de dois anos desde a competição estadual. a rotina foi desgastan-te. Às vezes até pensei em desistir, mas o sabor da vitória compensou tudo”, disse o vencedor da ocupação de sistema de transporte de in-formações, wallace Mussi Félix.

nas páginas a seguir desta edição de In-dústria Brasileira, há relatos dos vencedores em seguida à descrição de suas ocupações. eles relatam que a preparação exigiu, em mui-tos casos, dedicação integral, sem nenhum descanso semanal. além da abnegação, é ne-cessário método nesse esforço. o carioca João carlos chaves de almeida, que competiu na modalidade tecnologia da informação, conta qual foi sua rotina: “eu simulava uma jorna-da de trabalho, como se tivesse recebido uma tarefa de meu chefe”.

embora extenuante, a preparação não é uma jornada solitária. os estudantes contam com o apoio, antes de tudo, dos docentes do senai. o instrutor luiz leão, avaliador-lí-der na prova de Mecânica de Precisão, afirma que exige muito rigor e disciplina dos alunos, mas com muito cuidado. “exigindo-se muito, há risco de levar o aluno à desistência, de per-dê-lo. É preciso treinar por etapas, elevando a exigência progressivamente”, explica. ele sabe do que está falando: foi vencedor da medalha de bronze da modalidade no worldskills de 1995, em lyon, na França. “durante o trei-namento, não pensamos em outra coisa. Mas não há nada mais compensador do que ver a bandeira brasileira tremulando e ouvir nos-so hino em uma competição internacional”, conta. “É muito emocionante”.

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olimPíAdA do ConheCimento

a experiência da olimpíada não se limita aos competidores e avaliadores. Muitas pesso-as visitam as olimpíadas, incluindo empresá-rios (veja box na página ao lado), muitos deles patrocinadores, que são essenciais para a rea-lização do evento. Um dos empresários mais ilustres a visitar a etapa de Porto alegre foi o fundador da coteminas e vice-presidente da república, José alencar, que percorreu o local de provas. “gostei muito do que vi. o papel do senai é fundamental para a sociedade brasi-leira”, afirmou. a maior parte das visitas foi de estudantes de escolas de educação básica: 80 mil alunos foram às três etapas. “as tecnologias que estão aqui fazem parte das nossas vidas”, disse encantada depois de visitar a etapa de blumenau a estudante Mariele oleão, 14 anos, da escola teodoro becker, de brusque (sc).

Visitar a olimpíada significa observar de perto o trabalho dos competidores em todas as ocupações, com máquinas sofisticadas, que só podem ser vistas em pleno funcionamento no chão de fábrica, locais inacessíveis para a maior parte das pessoas, por questões de se-gurança e de organização operacional. além disso, os visitantes da olimpíada tiveram acesso a exposições paralelas, com produtos inovadores criados por alunos e docentes do senai (veja reportagem na página 46) e com publicações da entidade, na livraria senai.

outra atração nas três etapas da olimpía-da foi a Praça da cidadania, onde era possível

fazer cursos rápidos, de três a quatro horas de duração, nas áreas de Panificação, Papel e celulose, soldagem e Mecânica de Motos. na praça da cidadania, os visitantes tinham acesso também a alguns dos programas do sesi, como a biblioteca Móvel e o cozinha brasil. esse segundo programa foi criado a partir de 2004, com base no programa ali-mente-se bem, do sesi paulista. a meta é en-sinar as pessoas a cozinhar seguindo a tríade qualidade, economia e sabor.

COzINhA BRASIl

as receitas do cozinha brasil, ensinadas na Praça da cidadania, incluem itens normal-mente dispensados, como talos, caules, cascas, folhas e sementes de hortaliças. Há, por exem-plo, o ensopado de casca de melancia, e sobre-mesas: bolo feito com casca de banana e o doce de casca de maracujá. “a casca das frutas em geral tem duas vezes mais nutrientes que a pol-pa”, afirma a nutricionista alice dalla Valle, do sesi paranaense, que ministrou cursos na etapa curitibana da olimpíada. ela afirma que desde que está no programa faz as receitas em casa. Pesquisas indicam que as pessoas que fa-zem o curso também tendem a incorporar as receitas de modo permanente em suas vidas. o cozinha brasil mantém 30 unidades móveis (caminhões), ministrando cursos rápidos em cidades do interior do País.

curso do cozinha Brasil, do sesi, à esquerda, e, acima, alguns dos 80 mil alunos de educação Básica que visitaram a olimpíada

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aPlIcaÇÃO De ReveStIMentOS ceRâMIcOSOurO: GevesOn Abreu sChimitt – rs PrAtA: JOsé AdriAnO FerreirA de sOusA – sP brOnze: ivAnildO luiz sAntOs dA silvA – Al

calDeIRaRIaOurO: FAbiAnO mArques mirAndA – mG PrAtA: GAbriel viníCius rAmAlhO AvelinO – sP brOnze: AntôniO FrAnCisCO PeixOtO netO – Pe

cOnfecÇÃO De calÇaDOSOurO: eltOn bOrGes PinheirO – sPPrAtA: GeversOn dA silvA – sCbrOnze: KAOmA silvA GOnzAGA – mG

cOnfeItaRIaOurO: eliAnA rOdriGues PereirA – sPPrAtA: mAriA mAríliA Alves dOs sAntOs – AlbrOnze: PrisCilA silvA GOmes rOdriGues – Pe

cOnStRuÇÃO eM alvenaRIaOurO: mAuríCiO JOãO bAttAssini – rsPrAtA: Abner Alves mendes – sPbrOnze: tArCisO Alves dA silvA – Pe

DeSenhO MecânIcO eM caDOurO: FernAndO JOsé mAnGili luiz – sPPrAtA: rAFAel silvA ruFinO – mGbrOnze: PedrO henrique CAmPÊlO senCAdes bOrbA – Pe

DeSIgn Da MODa: veStuáRIOOurO: thiAGO AuGustO AniCesKi CezAr – PrPrAtA: diOGO GAbriel FAriAs GOmes – GObrOnze: eWertOn emAnuel FernAndes de medeirOs – rn

DeSIgn gRáfIcOOurO: helenA neves quintAs simÕes – dFPrAtA: eriKA KAOri hiGA – sPbrOnze: GAbriel evAldO FernAndes de mOurA – GO

eletRônIca InDuStRIalOurO: mAteus benedetti FreitAs – sPPrAtA: dAniel AlexAndre OleiniK – PrbrOnze: JOsé henriCK viAnA rAmAlhO – Al

feRRaMentaRIaOurO: WlAdimir FerreirA dO sACrAmentO – mGPrAtA: eduArdO henrique sAntOs dA silvA – sPbrOnze: JOnAtAn KettermAnn – rs

fReSageMOurO: renAn dA silvA vieirA – sPPrAtA: JhOny CArdOzO – sCbrOnze: AllAn GibsOn PereirA mOrbeCK – mG

fReSageM a cncOurO: dAnilO rAFAel de OliveirA silvA – sPPrAtA: dOuGlAs rennÊ dOs sAntOs – sCbrOnze: FÁbiO GOnÇAlves de medeirOs – mG

InStalaÇÃO elétRIca InDuStRIalOurO: dieGO silvA CArdOsO – mGPrAtA: mArllus GermAny de OliveirA – sPbrOnze: vAnder edinei CAmPOs – rs

InStalaÇÃO elétRIca PReDIalOurO: André didOné – rsPrAtA: mAteus COrrÊA dA silvA – mGbrOnze: JOãO FernAndO nAbetA Cruz – sP

InStalaÇÃO e ManutenÇÃO De ReDeS tcP/IPOurO: eduArdO bOdini sAntiAGO JÚniOr – sPPrAtA: mArCelO riCArdO de OliveirA melO – AlbrOnze: mAiCOn Alves siqueirA – sC

InStalaÇÃO hIDRáulIca e a gáSOurO: leAndrO luCAs ArAntes CAldeirA – mG PrAtA: brunO PiOnKeviCz de sOuzA – Pr brOnze: nelsOn AGOstinhO de sOuzA JÚniOr – sP

InStRuMentaÇÃO e cOntROle DO PROceSSO

OurO: JOel henrique sOAres dOminGOs – Al luis CArlOs Alves dA silvA – Al

PrAtA: FAbersOn Grein – Pr luCiAnO zAmPrOGnA dOs sAntOs – Pr

brOnze: FÁbiO bizettO – sP viniCius mendes mAniÇObA – sP

JaRDInageMOurO: JeFFersOn de CArvAlhO sAntOs – dF

JOnAthAn de sOuzA silvA – dF PrAtA: dyOGenes ArAnhA GArbAtO – Pr

silviO mOnteirO dOs sAntOs – Pr brOnze: GilvAní tAvAres COstA – sP

Giselle tAvAres COstA – sP

JOalheRIaOurO: AlexAndre COnCAri – rsPrAtA: AlexsAndrO de AquinO – rJbrOnze: nAtAliA netO rOsA – mG

ManufatuRa IntegRaDaOurO: GilsOn JOsué mAus – rs

GustAvO bOCK – rs luiz rAFAel buzAnelO – rs

PrAtA: AriAn sOuzA Guedes – mG Ariel GOnÇAlves dA silvA – mG GAbriel mendes venCeslAu – mG

brOnze: denilsOn teixeirA – sP GilsOn dOs sAntOs PintO – sP leAndrO erbA dOs sAntOs – sP

MaRcenaRIaOurO: mArCelO sAlviAtO erCt – sP PrAtA: vitOr CAssiAnO teixeirA – mG brOnze: GermAnO lOOs CArvAlhO – rJ

MecânIca De autOMóvel

OurO: luis CesAr AKirA KAKAzu – sP PrAtA: thiAGO APAreCidO CAviChiOli dOttA – Pr brOnze: JOnAtAn brOChier – rs

MecânIca De ManutenÇÃOOurO: JuAn henrique CArvAlhO – mGPrAtA: rAimundO nOnAtO PereirA de mOrAes – CebrOnze: JeFersOn dAleFFe – sC

MecânIca De PRecISÃOOurO: FeliPe CArvAlhO de sOuzA – PbPrAtA: mArCelO POrAzenKA – sPbrOnze: thiAGO de AlmeidA Alves – mG

MecânIca De RefRIgeRaÇÃOOurO: mACKsOn eliAs dOs sAntOs – rnPrAtA: FÁbiO FOnseCA – mGbrOnze: CÁssiO ArAuJO de limA – Pe

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QuAdro de medAlhAS

MecânIca DIeSel: MOtOReS eStacIOnáRIOSOurO: luiz FeliPe Gilli FAbiAnO – sP PrAtA: renAn PAivA dA silvA – Pr brOnze: PedrO de CAstrO terrOnes COstA – rJ

MecânIca geRal: aJuStageMOurO: isidOrO vilCzAK JuniOr – PrPrAtA: eriCK CArneirO de limA – GObrOnze: CAiO FernAndO FumAChe – sP

MecatRônIcaOurO: FernAndO deOn rAuG – rs

mArCelO luis PrettO dAGOstini – rsPrAtA: dAriel de lirA GOmes – sP

mArCiO vitOr dA silvA – sPbrOnze: níKOlAs hennemAnn bArbOsA – sC

vAlseu vAnGer dA silvA JÚniOr – sC

MetROlOgIa DIMenSIOnalOurO: GAbriel esCOPel dA silvA – rsPrAtA: riCArdO luiz de OliveirA dA rOsA – sPbrOnze: brendA FreitAs FerreirA – mG

MODelaÇÃO InDuStRIalOurO: JAKsOn dO CArmO CArvAlhO – esPrAtA: leOnArdO esquitA reGO – PibrOnze: CidArtA GAutAmA de sOuzA melO – Am

PanIfIcaÇÃOOurO: WellinGtOn riCArdO dOs sAntOs – sPPrAtA: mArCO henrique de britO mudO – CebrOnze: FÁbiO JOAquim dA silvA – dF

POlIMecânIcaOurO: Arthur COlAssO CAmArGO – sPPrAtA: luCAs mOlinAres sAles – mGbrOnze: viCtOr emAnuel PereirA de CAstrO – rs

ROBótIca DIDátIcaOurO: FernAndO FAbríCiO lOPes eller de OliveirA – mG

JusCéliO rOdriGO de AlmeidA – mG Welbert OtÁviO dA silvA – mG

PrAtA: brunO dOs sAntOs – sP brunO lAndGrAF de limA – sP mArCelO miChelOn vilAltA – sP

brOnze: dAyvisOn de OliveirA silvA – Pe nielsOn de OliveirA silvA – Pe sidney mAnOel dA silvA – Pe

ROBótIca InDuStRIalOurO: dAiAnA PintO dA silvA – sP

FeliPe enGel – sP GAbriel de AndrAde reis – sP

PrAtA: leOnArdO herbert GOnÇAlves FerreirA – mG Peter FrAnKlin ribeirO de sOuzA – mG tiAGO JAime ChAves – mG

brOnze: dOuGlAs AntOniO sCAriOtti – mt eduArdO luiz de OliveirA – mt JOel hOrtÊnCiO diAs GOmes – mt

ROBótIca MóvelOurO: Andrei rOGGer beleGAnte – sC

KledsOn Alves – sC PrAtA: AdAlbertO vitOr luz de sOuzA – mG

viCtOr Alves silvA e melO – mG brOnze: henrique FerreirA CAnOvA – sP

rui dO CArmO – sP

SeguRanÇa DO tRaBalhOOurO: mAriAnA PAntAnO FrAnCisCO – sP

rOdriGO de OliveirA limA – sPPrAtA: PAulA CArOlinA PimentA PereirA – mG

thAtiAny ChristinA AlmeidA – mGbrOnze: FiliPPy henrique ribeirO – Pr

FlAviO AuGustO inOCÊnCiO – Pr

SISteMa De tRanSPORte De InfORMaÇõeSOurO: WAllACe mussi Félix – sPPrAtA: CArlOs eduArdO de bArrOs sAntOs JÚniOr – PebrOnze: briAn e silvA requeiJO de CArvAlhO – mG

SOlDageMOurO: renAtO silvA Alves – rn PrAtA: rAFAel sOAres bOrGes – GO brOnze: brunO rOChA bArbOsA – mG

tecnOlOgIa Da InfORMaÇÃO – tIOurO: thiAGO dA silvA FurtAdO – sP PrAtA: tiAGO Alves nOGueirA de sOuzA – Al brOnze: luCAs emAnuel sAlviAnO murAtA – Pr

tecnOlOgIa DO PláStIcOOurO: brunO dA Cruz CArdOsO – Am

iGOr GirãO de britO vieirA – AmPrAtA: eder FernAndes GAttO – sP

rAFAel sCAndizzO CAldAnA – sPbrOnze: FernAndO FArinACiO – Pr

renAn Guilherme mArChi – Pr

telecOMunIcaÇõeSOurO: AlAn CArdOsO FrAnCO viAnA – sPPrAtA: rAFAel WAChter – rsbrOnze: bÁrbArA de sOuzA – mG

tORneaRIa MecânIcaOurO: ClAitOn eduArdO luizete – sP PrAtA: mAuri rAFAel beCK – rs brOnze: CArlOs eduArdO de britO silvA – Pe

tORneaRIa a cncOurO: WelitOn bAtisti – sCPrAtA: thiAGO meireles GrAbe – mGbrOnze: renAn leAl – sP

WeB DeSIgnOurO: André luiz mArtins rAmOs – sCPrAtA: Kennedy FerreirA ArAÚJO – AlbrOnze: líliAn tAWAnA lOurenÇO – dF

caBeleIReIROOurO: liA rebeCCA AlAm mendOnÇA – CePrAtA: dAnielA teles AndrAde – bAbrOnze: AlAn sOdré de OliveirA – es

cOzInhaOurO: GAbriel dOs sAntOs mOrAes – sPPrAtA: luAnA FrAnÇA dA silvA – rnbrOnze: AntOniO bACKes tAvAres – rs

SeRvIÇO De ReStauRanteOurO: denise COnCeiÇãO sAles – bAPrAtA: heChtiene bOberdAn GOnÇAlves PereirA CAmPOs – mGbrOnze: vAnessA mAriA AnselmO – Pe

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APlICAÇÃO DE REvESTIMENTOS CERâMICOSo Museu oscar niemeyer em curitiba inspirou a tarefa dessa modalidade, algo que ocorreu também em construção em alvenaria. os competidores receberam um projeto e tiveram 22 horas no total para planejar o trabalho, selecionar as cores de cerâmica usadas, cortar as peças e fixá-las num ambiente com duas paredes e um piso. Há qualidades do trabalho dos competidores que se vêem facilmente. outras exigem atenção e conhecimento técnico: prumo (alinha-mento vertical), planicidade, esquadro (encontro das peças) e fidelidade ao projeto. segundo o avaliador-líder Marti-nho Zacarias, o trabalho na área está ficando mais complexo com o surgimento de novos materiais, mais sofisticados. É o caso do porcelanato, mais resistente e menos poroso do que os azulejos. aliás, para Zacarias e os outros profis-sionais da área, azulejo não existe: são revestimentos cerâmicos. Participaram das provas em curitiba competidores de alagoas, ceará, espírito santo, Maranhão, Mato grosso, Minas gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, rio de Janeiro, rio grande do sul, roraima, são Paulo e sergipe. o primeiro lugar ficou com geveson abreu schimitt, de 17 anos, da tradicional cidade gaúcha de santa Maria. ele afirma que as provas que disputou foram extremamente difíceis. schimitt diz que os resultados demonstram claramente o nível de dificuldade. “a diferença entre o primeiro e segundo colocados pode ser medida em milímetros”, conta, acrescentando que fica demonstrada a excelência dos ensinamentos ministrados pelos professores do senai. Foram dois anos de curso e mais seis meses de treinamento intensivo para que geveson alcançasse as importantes vitórias na fase estadual e nacional. “agora o negócio é ralar mais ainda para garantirmos a vaga no mundial no canadá”, enfatiza. ele revela que mesmo após a primeira vitória no estadual já passou a receber propostas de trabalho em sua cidade e fora dela.

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CAlDEIRARIAreparar caldeiras industriais é apenas uma das inúmeras atribuições que tem esse profissional. a marca de dois mi-límetros de chapa é uma fronteira que divide quem tra-balha com lanternagem (reparos à lataria de veículos, por exemplo) de quem trabalha com a caldeiraria. os desafios das provas incluem a moldagem de elementos em confor-mação com figuras geométricas, como cones e quadra-dos. nas provas de curitiba, os competidores tinham que fazer e interligar um exaustor quadrado, um cone e um duto cilíndrico. segundo o avaliador-líder david Maciel, a demanda por profissionais da área tem crescido muito com o aumento da produção na indústria sucroalcooleira e também na de petróleo e petroquímica. Participaram das provas em curitiba competidores de Minas gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, rio grande do norte e são Paulo. Fabiano Marques Miranda, 19 anos, que levou o ouro, já aos 12 anos de idade ajudava o pai, dono de uma pequena serralheria, a trabalhar os metais, cortando-os e soldando-os. assim, esse mineiro de itabira, terra do poe-ta carlos drummond de andrade e de importantes reser-vas minerais, tomou gosto pela coisa. e foi em frente, com os conselhos do pai, soldador e caldeireiro. ingressou no senai e dedicou-se com afinco aos estudos que o torna-riam duplamente vitorioso nas etapas estadual e nacional da olimpíada do conhecimento. o irmão mais velho, soldador em plataformas da Petrobras, sempre foi outra fonte de inspiração. Fabiano conta que as provas trans-correram na maior tranqüilidade. ele se preparou durante mais de um ano e revela que quer estudar engenharia Mecânica, mas sonha também trabalhar um dia na Petro-bras. “Mas não sei se agüentaria, como meu irmão, ficar tanto tempo no mar e longe de casa”, enfatiza.

CONfECÇÃO DE CAlÇADOSaos competidores dessa modalidade não basta produzir sapatos bem feitos. as habilidades envolvem a leitura e interpretação da ficha técnica, a modelagem no papel (na próxima olimpíada, esse processo será feito no computa-dor), cálculo no consumo de matéria-prima etc. no aspec-to ambiental, eles foram avaliados por produzir o mínimo possível de sobras e também por descartá-las corretamente em compartimentos de coleta seletiva de lixo. no aspecto de produção propriamente dito, verificou-se a qualidade do corte, a costura e o acabamento final. o ouro nesta prova ficou com elton borges Pinheiro, 19 anos, nascido na cidade de Franca (sP), um dos principais pólos cal-çadistas do País. elton, cujo sonho é ser modelador ou estilista, diz que as provas da modalidade confecção de calçado não foram tão difíceis. “Foram três anos de trei-namentos intensivos, árduos, mas altamente gratificantes. o meu nível de conhecimento elevou-se enormemente”, revela. ele acrescenta que a “atmosfera calçadista” que se respira em Franca, com toda a justiça denominada como a “capital do calçado”, foi determinante em sua vida para que empreendesse essa caminhada profissional. “os bons resultados estão aparecendo, pois já estou recebendo inúmeras propostas de trabalho”, conta com orgulho.

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CONfEITARIAsegundo a avaliadora-líder dessa modalidade, elisabeth novaes, o que se busca nos competidores é a criatividade, a postura, a capacida-de de tomar decisões. “É fazer gas-tronomia sem show”, resume. os participantes tiveram de fazer ba-ses que são usadas no dia-a-dia da profissão e também produtos finais: bombons, pralinés e mousses, entre outras sobremesas. no último dia de prova, em blumenau, foi pedida uma peça artística produzida com chocolate. em algumas provas, os ingredientes já eram conhecidos de antemão. em outras, foi fornecida uma cesta-surpresa. os dez com-petidores, de alagoas, amapá, ce-ará, distrito Federal, Minas gerais, Pernambuco, rio de Janeiro, ron-dônia, são Paulo e rio grande do sul, foram avaliados por sua atitude no processo de produção e pelo re-sultado que conseguiram. a paulis-tana eliana rodrigues Pereira, de 21 anos, revela que deve ter con-feccionado o melhor bolo de cho-colate de sua vida quando teve que apresentá-lo como parte das provas a que foi submetida na olimpíada do conhecimento. isso garantiu-lhe o ouro na modalidade confeitaria. “todos os competidores eram mui-to fortes. nós não tínhamos a mí-nima idéia do que nos seria exigido no preparo das bases, por exemplo. o que contou foram os dois anos de curso e mais dois de treinamento.” eliana quer se iniciar na vida profis-sional, mas de forma segura. revela que não vai buscar apenas um bom emprego, aliás as propostas já estão sendo feitas, mas quer ser reconhe-cida como profissional competente e criativa, uma vencedora enfim.r

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oCuPAçõeS

CONSTRuÇÃO EM AlvENARIAassentar tijolos é algo que se faz há milhares de anos, mas há novas tecnologias na área que estão presentes no dia-a-dia dos alunos do senai. exemplo disso são os blocos es-truturais, que dispensam pilares e vigas, portanto também as madeiras que são usadas como moldes e depois descarta-das. os blocos têm furos especiais no interior, que são pre-enchidos com concreto. a operação exige, porém, destreza no alinhamento. nos cursos do senai os alunos apren-dem rigores técnicos ao usar materiais, que são cobrados na olimpíada. É o caso do tempo de uso da argamassa, que não pode passar de duas horas depois do preparo. na olim-píada do conhecimento, os competidores tiveram de fazer uma obra que incluía um arco em forma de olho. o avalia-dor-líder anderson campos explica que é uma homenagem ao Museu oscar niemeyer, em curitiba. Participaram das provas competidores de nove estados: alagoas, espírito san-to, Mato grosso, Minas gerais, Paraíba, Pernambuco, rio grande do sul, são Paulo e sergipe. o ouro ficou com o gaúcho Maurício João batassi-ni, ex-aluno do senai que já está cursando o primeiro ano da faculdade de engenharia civil. Quando era menino, relembra, já gos-tava de construir casinhas de pedra e areia sonhando que um dia iria erigir altas edifi-cações. ele acha que está no caminho certo para materializar os seus anseios de realização profissional. durante oito meses, após o curso de dois anos, ele se prepa-rou com afinco, em período integral, para vencer o desafio imposto por provas de alto nível de dificuldade. “difíceis não só pela complexidade das tarefas, mas também pelo li-mite de tempo dado para a sua execução”, conta. ele diz que a vitória está lhe trazendo também inúmeras oportunidades de trabalho, mas que agora o mais importante é estudar.

DESENhO MECâNICO EM CADnesta modalidade, o que se procura é menos o desenhista e mais a pessoa que tem capacidade de projetar por meio do computer assisted design (cad), explica o avaliador-líder Fabio souza, que participou do worldskills no Japão, no ano passado, como avaliador. esse perfil mais sofisticado em relação ao profissional do passado é resultado de uma mudança nas exigências da indústria. “antes o profissional

desenhava. agora, resolve problemas”. em outras modalidades, pede-se aos alunos que façam produtos a partir de projetos. aqui, eles fazem exatamente o projeto, a partir de características solicitadas, incluindo desenho e o estabelecimento de medidas. num dos módulos, eles fizeram o projeto de um dispo-sitivo para fixar o diferencial de uma cami-

nhonete. em outros módulos, é preciso produzir protótipos virtuais complexos, usando até mesmo animação. na última etapa, o competidor recebe um projeto que precisa ser modi-ficado, de acordo com determinadas exigências. ganhador do ouro, Fernando José Mangili luiz já se considera, aos 20 anos de idade, um grande vitorioso. e tem razão. natural de bauru, região noroeste de são Paulo, Fernando quer se tor-nar um engenheiro especializado e reconhece que o senai foi quem abriu as portas para o começo da realização desse sonho. ele deu seus primeiros passos no colégio técnico de Mecânica. “Mas foi por meio do senai que pude empre-ender ações mais avançadas no meu aprendizado”, enfatiza. Filho de família humilde, ele teve no senai o apoio de mestres instrutores num curso gratuito que o encaminhou pelos meandros complexos de uma área muito especializada. “Vou lutar para estar no canadá em setembro de 2009, hon-rando o meu país e os meus mestres dedicados do senai”, diz. e revela que para alcançar as vitórias nas duas etapas da olimpíada estudou e treinou o dia inteiro: “Foi fatigante, mas valeu a pena, sempre”, arremata.

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Por meio do SENAI, pude empreender as

ações mais avançadas no meu aprendizado

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desenho mecânico CAd

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DESIgN DA MODA: vESTuÁRIOnessa modalidade, o que conta é não só o resultado final dos produtos, mas a criatividade na concep-ção das peças e a com-petência necessária para explicar e defender suas escolhas. os 11 compe-tidores vieram de ceará, espírito santo, goiás, Minas gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, rio grande do norte, rio grande do sul, são Paulo e santa catarina. eles tiveram que elabo-rar croquis para uma minicolecão com quatro peças (sem incluir sapa-tos ou acessórios) e suas fichas técnicas (tecidos, cor, descrição). além dis-so, ponto alto das provas, tiveram que apresentar em desfile peças desen-volvidas em seus estados, com a obrigatoriedade também de defendê-las perante os examinadores, explicando idéia, método de concepção etc. thia-go augusto aniceski cezar, curitibano de 21

anos, foi o grande vencedor dessa modalidade. “sinto-me realizado porque demonstrei a mim mesmo que tinha capacidade para vencer”, diz com orgulho. acrescenta, com conhecimento de causa, que o senai “é muito bom” na área do design da Moda. “rivaliza com as melhores escolas européias ou norte-americanas. não conheço ne-nhum profissional da moda formado pela senai que não tenha se sobressaído no meio em que trabalha”, garante. ele, que já trabalhou na indústria da moda, afirma tachativamente que curitiba vem se configurando já há algum tempo como um importante pólo da moda no cenário brasileiro e que faz parte dos seus planos criar na capital paranaense um “Fashion corner”. “claro que na minha atividade não há quem não sonhe em trabalhar para uma grande maison da moda fora do brasil. Mas não gostaria de sair da minha cidade tão logo. curitiba já oferece grandes oportunidades nessa área. Quem ficar e investir verá”, finaliza confiante.

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oCuPAçõeS

DESIgN gRÁfICOo profissional da área deve estar atento ao aprimora-mento tecnológico tanto nos softwares que utiliza quanto nos sistemas de impressão que serão usados para trans-formar em produto o arquivo eletrônico enviado à grá-fica. nas provas, foi exigida a produção de um impresso editorial (livro ou revista), com a capa e uma página; a criação da identidade visual de uma organização, in-cluindo cartão de visitas e envelope; de embalagem; e de impresso publicitário, com manipulação e tratamento de imagens. Foram nove competidores, de alagoas, bahia, distrito Federal, goiás, Minas gerais, Paraná, rio de Janeiro, rio grande do sul, são Paulo e santa catarina. Helena neves Quin-tas simões, de taguatinga, no distrito Federal, aos 21 anos de idade, levou a medalha de ouro. ela já sabe o que quer da vida. “Primeiro pretendo ir ao Japão, grande centro de artes visuais, para fazer alguns cursos ligados à especialidade. seria um importante passo profissional. depois, quero dar aulas no senai e transmitir aos jovens aprendizes tudo aquilo de importante que me foi ministrado e con-tribuiu para a minha vitória”. Helena revela que preferiu dedicar-se exclusivamente ao treinamento, dispensando ofertas de trabalho que surgiram antes das provas. “não me arrependo e, se não fosse assim, as dificuldades te-riam sido maiores”, diz, enfatizando que o resultado foi realmente apertado. “trabalhamos sob pressão. Mas si-mulações de trabalho real durante o treinamento deram-me segurança durante as provas”, conclui.

ElETRôNICA INDuSTRIAla modalidade é “cada vez mais próxima da engenharia”, se-gundo o avaliador-líder João souza. os competidores tiveram de descobrir defeitos inseridos propositalmente em placas ele-trônicas, desenvolver softwares e produzir um equipamento a partir de componentes fornecidos. não foi uma prova fácil, admitem os participantes, enfatizando que o aprendizado de alto nível ministrado pela senai foi fundamental. o ven-cedor dessa modalidade, Mateus benedetti Freitas, 20 anos, confessa que “suou frio” para enfrentar o desafio que lhe foi colocado na olimpíada do conhecimento. “É difícil explicar a sensação que senti naquele momento, mas me lembro muito

bem do esforço que desenvolvi”, conta Ma-teus, nascido em campinas (sP). “isso ago-ra é passado e tudo acabou sendo fechado com uma chave de ouro. Foi a recompensa obtida por tanto esforço”. ele faz questão de ressaltar a dedicação dos professores do senai, fundamentais para o seu sucesso. “só o que prejudicou foi o nervosismo. não

senti em nenhum momento falta de conhecimento”, ressalta. ele revela que o seu caminho profissional está na engenha-ria, mas que não deseja sair de campinas por melhor que seja a oportunidade de trabalho oferecida: “Minha cidade já se configura num importante pólo industrial e a tendência é a de que continue crescendo. Muitos jovens como eu estarão motivados a ingressar numa escola, como o senai, que vai lhes abrir o caminho. Quero, portanto, participar do proces-so, ajudando a transmitir conhecimento a esse pessoal e ao mesmo tempo participando do desenvolvimento industrial regional”, conclui.

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fERRAMENTARIAo ferramenteiro é responsável pelos moldes que servirão, por exemplo, para estampar portas de carros. são peças grandes o suficiente, em alguns casos, para abrigar uma pessoa. Mesmo assim, é necessária grande precisão no resultado final. “o profissional tem de dominar o processo desde o projeto até a construção da ferramenta de confor-mação de chapa”, explica o avaliador-líder Pedro Faria. a primeira estam-pagem é ele quem faz, para verificar se está correto. se não estiver, deverá fazer ajustes, mesmo que seja nos deta-lhes. os competidores vieram de Minas gerais, Paraná, Pernambuco, rio de Janeiro, rio grande do sul, santa catarina e são Paulo. wladimir Ferreira do sacramen-to, mineiro de contagem, 20 anos de idade, teve várias

propostas de trabalho após as vitórias obtidas na olim-píada do conhecimento. Mas não quis sair de sua cidade natal: o próprio senai, devido a sua ótima performan-ce, decidiu contratá-lo. “a prova foi difícil, testou o meu

emocional. Fiquei nervoso no começo, mas depois acabei me ambientando”, conta. ele revela que o pai, industri-ário, o influenciou para que buscasse um dos cursos do senai. “Fiz a esco-lha certa e me sinto realizado”, assegu-ra. ele não elimina a possibilidade de um dia vir a aceitar uma boa proposta

de trabalho em outro estado ou mesmo fora do brasil. “Mas por enquanto quero demonstrar minha gratidão ao senai e aos mestres que tanto deram de si para nos transformar em bons profissionais.”

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Quero demonstrar gratidão aos mestres do SENAI que tanto deram de si para nos transformar em profissionaisWladimir do Sacramento,de Contagem (mG), medalha de ouro em Ferramentaria

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oCuPAçõeS

fRESAgEMo fresador opera com uma máquina em que a peça (de metal, plástico ou materiais compósitos) permanece estática, presa, e ganha forma com a intervenção de ferramentas que giram a alta velocidade, des-bastando ou fazendo cortes. a máquina difere-se do torno em que a peça gira ao redor de um eixo e as ferramentas que intervêm ficam paradas. no caso da fresagem, é possível intervir diretamente nas pe-ças combinando-se dois ou até três eixos. o processo é usado também para dar o acabamento fino em peças moldadas. É o caso dos blocos de motor de carros, por exemplo, que precisam de desbastes especiais muito precisos. Qualquer folga significaria prejuízo econômico, com perda de eficiência e segurança, em conseqüência do desgaste excessi-vo. a Fresagem a cnc (controle numérico computadorizado) é usada em processos repetitivos (veja texto a seguir), em que se exige grande precisão e uniformidade. o avaliador líder da prova em Porto alegre, edson Melo, afirma que as fresadoras normais continuam a ter espa-ço em pequenas e médias empresas, pois o custo do equipamento é bem menor. nas provas de Porto alegre, concorreram estudantes de amazonas, distrito Federal, goiás, Maranhão, Paraíba, Paraná, san-ta catarina e são Paulo. Foram avaliados quanto ao planejamento, processo de produção e produto final. o vencedor desta modalidade foi o paulistano renan da silva Vieira.

fRESAgEM A CNCo controle numérico computadorizado (cnc) foi criado para ganhar precisão e uniformidade na produção de peças com a fresadora (veja texto anterior). não é fácil, porém, ao profissional responsável por essas máqui-nas, programá-las corretamente, estabelecendo velocidade de rotação com o máximo de exatidão, para que se obtenha exatamente o que é esperado no projeto. na olimpíada, os competidores devem trabalhar com precisão superior à que é exigida na vida real, com desvios bem menores do que um milímetro. eles vieram de sete estados (bahia, goiás, Minas gerais, Para-ná, santa catarina, são Paulo e rio grande do sul), e tiveram de elaborar peças em aço, alumínio e duralumínio (liga usada em peças da indústria ae-ronáutica), com roscas, furos e formas cilíndricas. danilo rafael de oliveira silva, de 21 anos, natural de araraquara, interior de são Paulo, espera que a vitória lhe abra portas para o seu crescimento profissional. Para danilo, os conhecimentos adquiridos nos cursos do senai objetivam justamente colocar no mercado profissionais qualificados e integrados num processo de produção industrial cada vez mais disputado e sofisticado. “atualmente trabalho numa empresa que presta serviços à Petrobras. É um ótimo empre-go, que me foi oferecido em razão da minha participação e primeira vitória (estadual) na olimpíada do conhecimento. Para ele, as provas a que foi submetido pareciam parte de um exame de vestibular. “o treinamento foi rigoroso, mas confesso que não esperava tanta pressão”, conclui.M

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INSTAlAÇÃO EléTRICA INDuSTRIAlo profissional dessa área é responsável pela instalação de sistemas de produção envolvendo sistemas elétricos, com variados níveis de complexidade. nas provas de Porto alegre, a tarefa foi a simulação do funcionamento de uma fá-brica de tintas, com processo automatizado. segundo o avaliador-líder Marco túlio Hudson, 80% do trabalho foi consumido na montagem da tubulação para os fios. Mas houve grande exigência de conhecimentos de informática também. Foi necessário misturar dois produtos: a tinta inicial, para atingir a tonalidade de cor necessária, processo que exige o acionamento e desligamento de motores. Para isso, usa-se um controlador lógico programável. o profis-sional deve programar o software supervisório do sistema para executar a tarefa. na olimpíada, cabe ao competidor escolher, dentre as opções de software no mercado, alguns desenvolvidos por empresas brasileiras. Participaram competidores de quatro estados: amazonas, distrito Fede-ral, Maranhão e Minas gerais. os mineiros levaram o ouro, com diego silva cardoso, de divinópolis. aos 19 anos de idade e já cursando o primeiro ano de engenharia de Produção, ele confessa que sua vitória na modalidade foi uma surpresa. “eu estava bem preparado, mas dado o altíssimo nível dos concorrentes eu não esperava sair vitorioso.”

INSTAlAÇÃO EléTRICA PREDIAlÉ uma das áreas com maior número de competidores, 23 no total, do amazonas, amapá, distrito Federal, espírito santo, goiás, Maranhão, Mato grosso, Mato grosso do sul, Minas gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, rio de Janeiro, rio grande do norte, rio grande do sul, rondônia, roraima, santa catarina, são Paulo, sergipe e tocantins. eles tive-ram de montar circuitos elétricos, instalar um exaus-tor e descobrir rapidamente defeitos inseridos em cir-cuitos. o avaliador adjair lourenço explica que os sistemas estão se tornando cada vez mais complexos, com a integração da iluminação e da segurança, o que exige conhecimentos cada vez maiores de informática. o primeiro lugar na modalidade ficou com o gaúcho andré didoné, 19 anos. apesar do cansaço, ele não diminuirá o ritmo de treinamento, de olho na com-petição internacional. andré acredita que o brasil terá um desempenho excepcional nessa disputa, uma vez que o nível dos participantes do senai é muito alto e nada fica a dever às escolas congêneres estrangei-ras. como a maioria dos vencedores da olimpíada, ele recorda que a competição foi árdua. Prova disso, aponta, está na pequena diferença entre o primeiro e o segundo colocado. Planos? Quer estudar engenharia elétrica em Porto alegre. Jo

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Fazer com que equipamentos e programas de informática trabalhem com eficiência e segurança é a missão primordial de quem trabalha na área. os competidores, em blumenau, tiveram de oferecer soluções para de-mandas que fazem parte do dia-a-dia da profissão: quebrar senhas de equipamentos, estabelecer a comunicação entre a matriz e a filial de uma empresa por meio de roteadores, controlar configurações dos usuários em todas as máquinas de uma rede. a modalidade é uma das que tiveram maior número competidores: 15 no total, vindos dos estados do amazonas, alagoas, bahia, ceará, goiás, Minas gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, rio de Janeiro, rio grande do sul, rondônia, santa catarina e são Paulo, além do distrito Federal. Para o avaliador-líder guilherme Panes, é de fundamental importância que o estudante da área não se esqueça que as configurações dos computadores não são pacotes prontos, portanto ele terá de usar o seu conhecimento para complementar o que falta em cada situação. o ouro ficou com eduardo bodini santiago Júnior, 20 anos, de bauru, região noroeste de são Paulo. sua vitória comprova que as cidades do interior do brasil vêm constan-temente revelando e enriquecendo o mercado profissional industrial. eduardo sabe que há muito esforço pela frente se quiser participar do worldskills, a ser realizado ano que vem no canadá. como a maioria dos compe-tidores admite, ele também ficou nervoso no início das provas. “o nível do desafio era alto, mas logo recuperei a segurança e fui em frente”, diz.

INSTAlAÇÃO E MANuTENÇÃO DE REDES TCP/IP

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INSTAlAÇÃO hIDRÁulICA E A gÁSessa modalidade, das mais tradicionais, está se tornando mais complexa com os novos mate-riais que vêm sendo usados, como tubos de po-lipropileno com revestimento interno de alu-mínio. os competidores são avaliados quanto à adequação ao projeto, a postura no trabalho, a capacidade de resolver problemas inesperados que são propostos, o conhecimento dos padrões de qualidade técnica e o aspecto final do traba-lho que executam. Participaram das provas em curitiba competidores de alagoas, distrito Fe-deral, Minas gerais, Paraná, Pernambuco, rio de Janeiro, rio grande do sul e são Paulo. o primeiro lugar ficou com o mineiro leandro lucas arantes caldeira, um belorizontino de 20 anos. ele garante que nasceu predestinado a estudar a especialidade que o levou à vitória olímpica. Faz questão de render homenagem ao seu instrutor, José Maria, que foi quem o es-timulou a estudar essa especialidade. leandro dedicou-se com afinco, durante seis meses, ao treinamento que antecedeu a competição. “o resultado foi muito gratificante”, diz, referindo-se às homenagens prestadas por colegas, mes-tres, amigos e os orgulhosos familiares. leandro sonha com o diploma universitário de enge-nharia civil. recém-contratado pelo senai, ele considera essa como mais uma vitória em sua carreira: “Quero incentivar os jovens como eu a não se deterem diante dos desafios profis-sionais”, assevera.

INSTRuMENTAÇÃO E CONTROlE DO PROCESSOno processo de produção industrial, há muitas variáveis que precisam ser monitoradas de forma permanente: temperatura, pressão, vazão, viscosidade e pH. os com-petidores dessa modalidade na olimpíada tiveram de elaborar o planejamento do sistema escolhido; o plane-jamento, a calibração dos instrumentos; e depois colocar tudo em funcionamento. “Hoje não é mais necessário estar na fábrica para monitorar o processo de produção. É perfeitamente possível acompanhar a distância”, afir-ma o avaliador-líder alexandre Yabu. Um dos grandes desafios hoje nas fábricas, relata, é trabalhar com redes sem fio. a grande vantagem desse sistema é a economia com cabos e a redução do risco de acidentes – quando há uma ruptura na rede, o reparo exige alto custo e tempo. em compensação, é preciso muito trabalho para evitar interferência. “Quando se liga um computador em casa, a tV sofre interferência. numa rede industrial, isso não pode acontecer”, explica. nas provas de curitiba, parti-ciparam concorrentes de nove estados: alagoas, espírito santo, Minas gerais, Paraná, Pernambuco, rio de Ja-neiro, rio grande do sul, santa catarina e são Pau-lo. o ouro ficou com a dupla alagoana Joel Henrique soares domingos e luis carlos alves da silva.

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oCuPAçõeS

JARDINAgEMa modalidade entrou pela primeira vez para valer na olimpí-ada do conhecimento em 2006, mas teve apenas provas de-monstrativas. o avaliador-líder Francisco brito conta que foi grande o esforço para implantar o curso no distrito Federal. instrutor na área de construção civil, ele passou por treinamento intensivo com especialistas canadenses, avaliadores do worldskills, e depois com agrônomos brasileiros, que ensinaram técnicas de plantio e poda de plantas. o projeto com que os competidores trabalharam em curitiba envolvia, além de arbustos e grama, pavimentação, uma fonte e uma pérgola de madeira. segundo brito, o profissional da área tem de ter conhecimen-to de construção, instalação elétrica, hidráulica e marcena-ria. como nas provas de alvenaria e instalação de placas de cerâmica, o resultado foi aferido conforme parâmetros rigo-

rosos de alinhamento. Participaram das provas competidores do distrito Federal, Paraná e são Paulo. Para o brasiliense Jonathan de souza silva, de 19 anos, que ficou em primeiro lugar junto com seu colega Jefferson de carvalho dos santos,

foram dez meses de treinamento intensi-vo até a realização das provas. essas, ele admite, foram realizadas sob forte pres-são psicológica. Quando foi entrevistado por Indústria Brasileira ele mal podia falar: “estou rouco de tanto comemorar, pois essa foi uma das maiores vitórias da minha vida”, enfatizou emocionado. o

avô, carpinteiro, foi, segundo Jefferson, o seu grande estimu-lador. o pai, apaixonado pela construção civil, deu também uma grande força para que Jonathan optasse pelo curso de Jardinagem e Paisagismo. daqui para frente, adianta, quer fazer arquitetura, na universidade.

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Estou rouco de comemorar. Vencer na Olimpíada do

Conhecimento foi uma das maiores vitórias da minha vida

Jonathan de Souza Silva,do distrito Federal, medalha de

ouro em Jardinagem

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JOAlhERIA

nessa modalidade, não é por metá-fora que se diz que o resultado das provas vale ouro. competidores de Minas gerais, rio de Janeiro, rio grande do sul e são Paulo traba-lharam pela primeira vez na olim-píada com o metal na pureza de 18 quilates – no recife, em 2006, o material usado era a prata. essa no-vidade é uma adequação ao padrão internacional, do worldskills. os competidores tiveram de fazer uma peça complexa: um anel de rolete, com elemento giratório. a exigência é que eles sejam fiéis ao projeto que recebem. afinal essa não é uma mo-dalidade de design, mais de demons-tração de habilidade e conhecimento na confecção de algo encomendado, explica o avaliador-líder claudinei rempel, de guaporé (rs), cidade que tem na produção de jóias sua principal atividade, envolvendo 160 empresas. o primeiro lugar ficou com alexandre concari, gaúcho de guaporé, pólo joalheiro do rio grande do sul. ele quer ser um de-signer de jóias, conhecido e respei-tado, quem sabe, internacionalmen-te. “sonhar não faz mal, não é?”, indaga com bom humor. Vivendo e respirando ourivesaria numa pe-quena cidade de 25 mil habitantes, cuja principal atividade econômica é essa, alexandre desde a adolescência começou seu aprendizado num dos ateliês da cidade. Mais tarde, já no senai, treinou com peças de latão. na olimpíada do conhecimento deram-lhe ouro com alto grau de pureza para que demonstrasse suas extraordinárias aptidões. “no come-ço fiquei um pouquinho só estressa-do diante da responsabilidade que me foi colocada. Passou logo o ner-vosismo e deu tudo certo”, diz.M

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MANufATuRA INTEgRADAestá entre as poucas modalidades da olimpíada em que as equipes, de três alunos, recebem a tarefa com antecedência. os competidores de Minas gerais, Para-ná, rio grande do sul e santa catarina desenvolveram durante quatro meses um triturador de garrafas Pet movido a energia solar. com o projeto na bagagem, seguiram para Porto alegre, onde usaram fresadoras a controle numérico computadorizado (cnc) e tornos normais para transformá-lo em realidade. o número de máquinas era propositalmente limitado, exigindo que os participantes negociassem entre si o seu uso. “as indústrias têm de ser flexíveis e os profissionais tam-bém”, afirma o avaliador-líder nilo Herman. gilson Josué Maus, gaúcho de campo bom, de 20 anos de idade, é um dos integrantes da equipe vencedora. “não quero supervalorizar minha vitória, mas devo dizer que foram provas muito difíceis”. ele e seus colegas de equi-pe, gustavo bock e luiz rafael buzanelo, prepararam-se durante um ano, inclusive nos sábados e domingos, “contrariando namoradas ciumentas”, diz gilson com bom humor. “agora vai ficar pior ainda, pois já estamos nos preparando para ir ao canadá, disputar o mundial e queremos fazer mais bonito que a nossa seleção de Futebol”, afirma. gilson disse que começou a trabalhar com 17 anos na empresa do pai, a pessoa que mais o in-centivou para que fizesse um curso técnico no senai. “cheguei a fazer estágio também numa grande empre-sa de calçados, conhecida nacionalmente, mas agora o momento é de estudo e treino”, completa.

MARCENARIAUma profissão dentre as mais tradicionais, cercada até de certo romantismo, a Marcenaria convive hoje com a intro-dução de novos materiais e componentes. na olimpíada, os competidores tiveram de fazer um rack para sala, incluindo painéis com teca (pedaços maciços de eucalipto agrupados), braço articulado a gás, corrediças telescópicas (que permitem a abertura total da gaveta, com o mesmo princípio de funcio-namento das escadas de bombeiros). o marceneiro deve ter familiaridade com todas essas inovações, mas também com técnicas antigas, como o malhete (acabamento no fundo da gaveta que se assemelha à cauda de um pássaro). “esse tipo de acabamento é extremamente valorizado no worldskills”, afirma o avaliador-líder ricardo saraiva. isso significa tam-bém mercado potencial no exterior, algo importante para quem quer exportar. Participaram das provas em curitiba competidores do acre, amapá, amazonas, distrito Federal, goiás, Maranhão, Mato grosso, Mato grosso do sul, Minas gerais, Pará, Paraná, rio de Janeiro, rio grande do sul, rondônia, roraima, santa catarina, são Paulo e tocantins. Foi o paulista Marcelo salviato erct, de araraquara, que fi-cou em primeiro lugar. com 19 anos, ele tem no mundial do canadá seu principal objetivo no momento. conta que se identificou com a Marcenaria desde quando ainda era garo-to. “adorava ver os velhos carpinteiros transformando a ma-deira em peças perfeitas, como se fossem mágicos”, relembra. “logo que foi possível, ingressei no senai e fiz o curso de dois anos. o último ano foi de dedicação integral, trabalhan-do e treinando manhã, tarde e noite”, relata. não há nenhum competidor da olimpíada do conhecimento que negue a di-ficuldade das provas e Marcelo não foge à regra: “o nível de dificuldade era muito alto, mas estávamos bem preparados”.r

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MECâNICA DE AuTOMóvElo avaliador-líder da modalidade, ed wilson bezerra, conta que no passado os veículos eram compostos de sistemas estanques, separados, o que facilitava o diagnóstico de problemas. com a sofisticação dos carros e a redução de custos de produção, veio a integração. Um motor que falha pode ser resultado de problema com o cabo de vela ou com o injetor de combustível. isso exige maior conhecimento do profissional. Participa-ram das provas em curitiba competidores de alagoas, ceará, distrito Federal, espírito santo, goiás, Mato grosso do sul, Minas gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, rio grande do sul, rondônia, santa catarina, são Paulo, sergipe e tocantins. o ouro foi para luis cesar akira Kakazu, terceira geração de imigrantes japoneses. ele conta que traz a especialidade em Mecânica de automóvel nos genes. ainda menino, fre-qüentava a oficina mecânica dos tios, aprendendo, como ele mesmo conta, a sujar as mãos de graxa. aos 17 anos de idade, esse paulistano já cursa o primeiro de engenharia de controle de automação. a vitória na olimpíada foi a coroação do conhecimento e da vontade. “Foi bastante difícil”, relembra, “mas sem mistérios para alguém como eu que se devotou de corpo e alma aos preparativos para a prova”. Hoje, esse vencedor se dedica só aos estudos.

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MECâNICA DE PRECISÃOos profissionais dessa área têm de montar con-juntos mecânicos com alto grau de precisão quanto às dimensões, rugosidade etc. Mais exa-tamente com uma precisão equivalente a um fio de cabelo dividido por dez, explica o avaliador-líder luiz leão. Medalha de bronze no world-skills de lyon, França, em 1995, ele comemora o crescimento do número de participantes da modalidade. em Porto alegre havia sete: Mi-nas gerais, Mato grosso do sul, Paraíba, rio grande do sul, são Paulo e santa catarina. leão afirma que se preparar para a olimpía-da é extremamente cansativo, como competi-dor, mas também como treinador. “Mas não há emoção comparável a ver a bandeira bra-sileira subindo, com o hino ao fundo, numa competição internacional”, afirma. ele explica que são necessários seis meses de preparo sem descanso, nem mesmo aos domingos. o ven-cedor da modalidade foi o paraibano Felipe carvalho de souza, de 19 anos, de João Pessoa. Modesto, ele afirma que tanto quanto ao seu esforço, ele credita ao corpo de professores do senai a grande responsabilidade pela sua vi-tória. “com a formação profissional que eu tive no senai, jovens ficam livres do desemprego. Quanto mais jovens tiverem essa oportunidade no País, menor será a pobreza” afirma em tom emocionado.

MECâNICA DE MANuTENÇÃOnessa área, os competidores trabalham com situações reais da indústria. as máquinas são apresentadas com componentes quebrados, tornando necessária a identifi-cação do problema e o conserto com torno, fresadora e furadeira. em Porto alegre, os competidores trabalham, entre outros itens, com cadeiras odontológicas, o que en-volve a manutenção do sistema pneumático (que usa ar comprimido). os competidores, do ceará, distrito Fe-deral, Minas gerais, Mato grosso, Mato grosso do sul, Paraná, Pernambuco, rio de Janeiro, santa catarina, são Paulo e sergipe, trabalharam não só na manutenção corretiva, mas também na preventiva, fazendo análise de máquinas em funcionamento quanto à temperatura, vibração e ruído. “a manutenção corretiva é mais cara, porque obriga a empresa a deixar o computador para-do, fora de uso”, explica o avaliador-líder Jayme Peixoto. o primeiro lugar foi para o mineiro de belo Horizonte Juan Henrique carvalho, de 20 anos. ele diz não ter se recobrado ainda da forte emoção. “subitamente me vi transformado no centro das atenções de colegas, amigos e parentes. tudo isso tem sido muito bom, mas a vida tem que continuar”, enfatiza. o seu desempenho no cur-so e na olimpíada foi tão bom que o senai o contra-tou imediatamente para trabalhar como instrutor. “isso é maravilhoso”, diz. e relembra que as provas foram de alto nível de dificuldade, mas o ensino ministrado a ele no senai durante quase três anos foi suficiente para deixá-lo muito “afiado”.

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MECâNICA DE REfRIgERAÇÃOo profissional da área tem de entender de física (termodinâmica), química, eletricidade e eletrônica. conhecimento de informática é também cada vez mais necessário para a compreensão dos manuais dos fabricantes. na olimpíada, as provas exigiram que se descobrisse se os defeitos dos equipamentos eram elétricos ou mecânicos. Participaram das provas em Porto alegre competidores de alagoas, amazonas, amapá, Minas gerais, Paraná, Pernambuco, rio de Janeiro, rio grande do sul, roraima, santa catarina e são Paulo. Foi o potiguar Mackson elias dos santos, de natal, o vencedor da modalidade. com 20 anos de idade, ele confessa que está duplamente feliz: “Primeiro, pela vitória, é claro; e depois porque alunos parti-cipantes da olimpíada do conhecimento serão contratados como instrutores efetivos do senai”, revela. segundo ele, esse também era um sonho acalentado, o de poder um dia transmitir o que os instrutores do senai lhe ensinaram aos jovens aprendizes, que, como ele, sonham com melhores oportunidades.

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MECâNICA gERAl: AJuSTAgEMHoje, quase todo jovem que procura um curso téc-nico ou de aprendizagem olha para aqueles que es-tão agregados a conhecimentos de informática. a percepção é correta, afinal é para aí que apontam as tendências do mercado profissional. a conseqüência disso, porém, é uma grande escassez de quem tenha habilidades essencialmente manipulativas, caso do mecânico-geral, explica o avaliador-líder da área, Marconi cardoso. “essa ocupação não vai acabar nunca, porque não existe máquina computadorizada que faça tudo o que faz esse profissional”, explica. os competidores (dos estados do ceará, Minas ge-rais, goiás, Mato grosso do sul, Paraná, Paraíba, Piauí, rio de Janeiro, rio grande do sul, são Paulo e santa catarina) trabalharam com várias máquinas manuais: torno, fresa, moto-esmeril e retífica plana. além da avaliação técnica dos produtos (rugosidade, dimensões), os competidores foram cobrados quanto à postura ética, compenetração, atenção às normas de segurança e também quanto à capacidade de pla-nejamento. a partir da situação proposta, tiveram de calcular quanto tempo levariam para produzir a peça e a que custo. Foi o curitibano isidoro Vilczak Junior, de 20 anos, o vencedor da modalidade. ele atribui ao que assimilou no senai o grande crescimento pro-fissional que vem acontecendo em sua jovem vida. “Parei de trabalhar para dedicar-me integralmente ao treinamento. o conhecimento que normalmente levaria dois anos para obter, eu o consegui em seis meses”, ele conta, acrescentando que os instrutores tomam o cuidado de aumentar gradativamente a pressão sobre os níveis de exigência. “isso faz com que o aluno se sinta como se estivesse em tempo real de competição”, revela.

MECâNICA DIESEl: MOTORES ESTACIONÁRIOSdesde 2006, uma lei determina que todos caminhões brasi-leiros devem ser produzidos com injeção eletrônica. É cada vez mais comum a quantidade de veículos com sistemas de freios abs, que impedem a derrapagem, e com sistemas de localização por satélite, o gPs. “a eletrônica embarcada está mudando o dia-a-dia da profissão”, afirma o avaliador-líder da modalidade Mecânica diesel na olimpíada do conheci-mento, sidésio Martins da silva. os profissionais usam scan-ner eletrônico para determinar os parâmetros de regulagem de motores. e precisam saber cada vez mais informática e inglês para usar os manuais dos fabricantes. em curitiba, participaram das provas competidores do acre, amazonas, goiás, Mato grosso do sul, Minas gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, rio de Janeiro, rio grande do sul, rondônia, são Paulo e tocantins. o vencedor desta modalidade foi o paulista luiz Felipe gilli Fabiano, 18 anos, de bauru.

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MECATRôNICAo profissional da área é alguém que tem conhecimentos profundos de mecânica e de eletrônica. Programa robôs, faz ajustes mecânicos e promove a integração das linhas de montagem de quase todas as plantas industriais, explica o avaliador líder da prova em blumenau, Marcelo bianção. ele é também responsável pelo departamento de didática da Festo, empresa alemã de automação que fornece os equipamentos usados na olimpíada pelos competidores, que vêm de dez estados: amazonas, bahia, espírito santo, goiás, Minas ge-rais, Pernambuco, Paraná, rio grande do sul, são Paulo e santa catarina. o gaúcho de caxias do sul, Fernando deon raug, de 19 anos, subiu ao topo do pódio dessa ocupação junto com seu colega Marcelo luis Pretto dagostini. ele considera que as provas a que foi submetido “foram mais difíceis do que um exame de vestibular e que a etapa de classificação contra são Paulo foi bastante árdua. “Mas foi algo de bom que ocorreu na minha vida, pois viajei, conhe-ci ótimas pessoas, ampliei meus conhecimentos e tenho a certeza de que a vitória vai me abrir muitas portas”, afirma.

METROlOgIA DIMENSIONAlo profissional da área reúne matemática e conhecimento empírico para, nos laboratórios industriais, garantir a qua-lidade e precisão dos equipamentos usados e dos produtos finais. além das medições, é necessário tratar os resultados com fórmulas matemáticas para a checagem e para desco-brir informações não disponíveis. tudo isso hoje é feito por meio de softwares, o que exige, portanto, conhecimento de informática. os desafios na olimpíada, que simulam um la-boratório industrial, incluem controle dimensional (quando se verificam as medidas de algo) e calibragem. Participaram competidores de goiás, Minas gerais, Pernambuco, Paraíba, rio grande do sul, santa catarina e são Paulo. o gaúcho gabriel escopel da silva, de são leopoldo, 20 anos de idade, ficou com o primeiro lugar na ocupação. orgulhoso da vitó-ria, ele a define como “a consagração de um trabalho somado ao comprometimento com o senai”. ele espera que, com seu desempenho, a escola onde se formou continuará inves-tindo no seu potencial de forma mais aprofundada, fazendo com que oportunidades se abram numa área carente de mão-de-obra qualificada. gabriel quer qualificar-se de modo sufi-ciente para um dia poder trabalhar fora do País, “se possível na alemanha, uma nação tecnologicamente avançada e com oportunidades nessa área”, afirma. M

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MODElAÇÃO INDuSTRIAlo profissional da área tem de lidar cada vez mais com tecnologia digital, por conta do maquinário de cos-tura que incorpora cada vez mais componentes eletrônicos, e o desenho das roupas, que com progressiva freqüência é feito por meio do computer assisted design (cad). essa foi uma das modalidades com maior número de participantes em blumenau: 18, do amazonas, bahia, ceará, distrito Federal, espírito santo, goiás, Mato grosso, Mato grosso do sul, Minas gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí, rio grande do nor-te, rio grande do sul, rondônia, santa catarina, são Paulo e tocantins. eles tiveram de fazer peças com diferentes características e materiais, como tecido plano e malha. os planos do capixaba Jakson do carmo carvalho, de Vitória, após levar o ouro nessa ocupação, é ingressar numa faculdade para especializar-se em design de Moda. com 18 anos, Jakson revela que a afirmação profissional é algo de muito relevante em sua vida. “o mercado está aí, vence quem tiver capacidade”. ele é um rapaz com vontade férrea. sua determinação impressiona: “as provas foram muito difíceis, mas eu vinha me preparando desde outubro do ano passado até junho deste”. e alimenta um desejo: “Mesmo não participando do certame internacional, gostaria de estar lá”, conclui.

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PANIfICAÇÃOa produção de pães é tradicionalmente conhecida como um processo artesanal. ao longo do século pas-sado, porém, foi ganhando escala industrial. Hoje, o mercado exige planejamento e nível muito reduzido de falhas, explica o professor nélio Felix, do senai de alagoas, avaliador-líder das provas da modalidade que ocorreram em blumenau. a informática é parte do processo de planejamento dos alunos dos cursos de panificação do senai, e assim também foi para os competidores na olimpíada, que vieram de 15 estados: alagoas, amazonas, bahia, ceará, distrito Federal, Minas gerais, Maranhão, Mato grosso, Mato grosso do sul, Pernambuco, rio de Janeiro, rio grande do sul, rondônia, santa catarina, são Paulo. a produ-ção foi avaliada por critérios técnicos, como o peso dos produtos, mas também por vários critérios não-men-suráveis, como a uniformidade, a textura, o sabor, a apresentação. ao longo dos quatro dias de provas, os competidores fizeram pão francês, pães rústicos (com fermento natural) e esculturas de massa. “Para vencer, meti literalmente a mão na massa”, comemora com bom humor o paulista wellington ricardo dos santos, de taubaté. de família humilde, wellington, 18 anos, diz que se preparou durante um ano e meio, treinando mais de 10 horas por dia. “não podia me dar o luxo de perder diante da oportunidade que a vida me ofere-cia naquele momento”, ressalta, afirmando que espera que a vitória na olimpíada do conhecimento venha a lhe abrir novos caminhos profissionais. e promete con-fiante: “não quero ser apenas mais um padeiro, mas evoluir, até ser considerado um mestre capaz de criar produtos sofisticados na área da panificação”, afirma.

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POlIMECâNICAo profissional da área tem de ter profundos conhecimentos de eletricidade, mecânica e automação, se-gundo o avaliador líder sherman Mukoyama. “É alguém que sabe praticamente tudo dessas três áreas”, afirma. deve ter habilidades de mecânico, sabendo usar a fresadora, torno e furadeira; de pneumática, usada na automação industrial; e de eletricidade, para integrar os processos. tudo é gerenciado por meio do controlador lógico programável (clP), o que exige também grande conhecimento de operação de softwares. Foi o paulista arthur colasso camargo, 20 anos, de bauru, na região noroeste do estado, o ven-cedor da difícil modalidade da Polimecânica. ele treinou durante um ano, “arduamente”, diz. e a vitória também foi muito suada: teve de enfrentar uma prova final de desempate, em que foi vitorioso. ele passa três períodos de aulas no senai. “É um curso difícil e para entrarmos na corrida da olimpíada tínhamos de estar mais do que bem preparados”, afirma. arthur quer continuar se aprimorando por meio de um curso de engenharia.

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ROBóTICA DIDÁTICAnessa modalidade, os competidores trabalham com módulos fabricados pela empresa dinamarquesa lego, com desafios que imitam o ambiente real das fábricas. como se estivessem em um grande depósito, os robôs identificam os pallets (representados por cubos coloridos) e os transportam para os locais determi-nado. “robôs podem proporcionar grandes ganhos de produ-tividade nas empresas, porque não precisam de pausas”, explica o avaliador-líder Jean amorim. além de construir os robôs, as equipes tiveram também de programar os softwares para que eles executassem as tarefas corretamente. a robótica não é um curso específico, e sim uma área que envolve vários cursos: mecânica, mecatrônica e eletroeletrônica. em curitiba, participaram das provas competidores de goiás, Minas gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, santa catarina e são Paulo. o ouro foi para o trio mineiro Fernando Fabrício lopes eller de oliveira, Juscélio rodrigo de almeida e welbert otávio da silva.

ROBóTICA INDuSTRIAlnessa complexa modalidade, os competidores trouxeram os robôs produzidos em seus estados (Mato grosso, Minas gerais, Paraná, Pernambuco, são Paulo e santa catarina). eles receberam as especificações três meses antes de embarcar para blu-menau, com limites de peso e dimensões, mas não de custo ou tecnologia. Para garantir que as equipes (trios) eram realmente responsáveis pelo projeto e construção dos robôs, exigiu-se que elas levassem os robôs desmontados e os montassem diante dos avaliadores. as provas incluíram exigências de que os robôs fossem capazes de identificar e pegar, sem controle remoto, objetos colocados em diferentes alturas e levassem para outros locais. os robôs podiam ter diferentes características (rodas ou esteiras, garras ou eletroímãs para pegar os objetos). nas provas, os competidores foram avaliados pela eficiência de seus robôs, mas também pela qualidade do projeto e a expressão oral ao explicá-lo e defendê-lo. segundo o avaliador líder, igor Krakhe-che, o custo de produção de cada robô ficou entre r$ 4.000 e r$ 20.000. Houve soluções bastante criativas, com adaptações, por exemplo, de motores elétricos que são usados em carros (para levantar os vidros, por exemplo). “Um dos pontos impor-tantes da olimpíada é levar mais tecnologia para dentro das escolas. Quem investe mais fica mais competitivo, e também passa a oferecer maiores benefícios didáticos aos alu-nos”, explica Krakheche. o trio de paulistanos daiana Pinto da silva, gabriel de andrade reis e Felipe engel ficou com o ouro dessa modalidade na olimpíada do conhecimento. gabriel, 20 anos, disse que o nível das provas foi bastante elevado, mas que o preparo inten-sivo a que o grupo se submeteu, durante um ano em período integral, foi o suficiente para que o trio pudesse enfrentar com segurança os árduos desafios da olimpí-ada. “nossa vitória requereu profundos conhecimentos. estamos operando com ciência do futuro aqui e agora. acho que temos diante de nós um universo ilimitado de trabalho e de conhecimento, graças ao senai, que nos abriu essas portas.” c

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ROBóTICA MóvElnessa modalidade, os competidores exploram as possi-bilidades de robôs didáticos da Festo, fabricante alemã de equipamentos. Foi necessário nas provas fazer a mon-tagem mecânica e elétrica dos equipamentos, com dife-rentes tipos de sensores. depois, os ro-bôs tiveram de percorrer um labirinto e encontrar a saída. em seguida, a tarefa foi visualizar e reconhecer objetos, por meio de câmeras. a programação dos componentes utilizados torna-se pro-gressivamente mais complicado ao longo das provas, as únicas divididas entre as três cidades olímpicas. em blumenau, concorreram equi-pes de santa catarina, espírito santo e bahia. em Porto alegre, as de são Paulo, Minas gerais, Paraná e espírito santo. e em curitiba, os quatro melhores: Minas gerais, rio grande do sul, são Paulo e santa catarina. nas in-

dústrias, os robôs móveis são responsáveis por transportar peças e matéria-prima. e cada vez mais ganham funções domésticas, como cortar a grama e varrer. levaram a me-dalha de ouro na ocupação os catarinenses Kledson alves

e andrei rogger belegante, de Joinville. Kledson revela que seu pai, industriário, foi quem o incentivou a ingressar no senai. sua opção foi o curso técnico de automação industrial, que engloba a especialidade da robótica Móvel. Kled-son diz que as provas a que a dupla foi submetida, ainda no nível estadual, fo-

ram de altíssimo nível. “o nível de dificuldade foi supe-rior ao do worldskills do ano passado”. seus planos: “me preparar para o mundial no canadá, da melhor maneira possível, e já no final deste ano prestar vestibular para engenharia de controle de automação”.

Já na etapa estadual, o nível de dificuldade das provas

foi maior do que o do WorldSkills em 2007

Kledson alves,de Joinville (sC), medalha de ouro

em robótica móvel

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SEguRANÇA DO TRABAlhOo técnico em segurança no trabalho avalia a segurança de um ambiente profissional: a disposição dos móveis e equi-pamentos, a iluminação, o piso e os riscos de contaminação por agente químico ou biológico, tudo isso levando em conta o tipo de atividade que ocorre ali. o objetivo é minimizar a possibilidade de acidentes e garantir a saúde de quem tra-balha, explica o avaliador-líder da modalidade em blume-nau, José Francisco dos santos Pinto. Participaram duplas de competidores de 12 unidades da Federação: distrito Fede-ral, goiás, Minas gerais, Paraná, rio de Janeiro, são Paulo, Mato grosso do sul, Pernambuco, rio grande do norte. os competidores avaliaram situações reais: os ambientes de tra-balho das outras modalidades em blumenau, medindo vari-áveis como luz e temperatura. depois, elaboraram mapas de risco, com bolas demonstrando o grau de risco, maiores ou menores, e as cores demonstrando o tipo de risco. no final, tiveram também de criar ações educativas para a redução de riscos nas atividades que avaliaram. Mariana Pantano Fran-cisco, paulista de sorocaba, com apenas 17 anos de idade já se confessa “apaixonada” pelo tema segurança do trabalho, em que conquistou o ouro junto com o colega rodrigo de oliveira lima. de-monstrando bastante maturidade, Mariana afirma que “o crescimento pessoal vem antes do profissional e que os dois somados levam a resultados muito positivos e produtivos”. em outras palavras, ela quer dizer que a sua “paixão”por essa especialidade deriva de sua constante preo-cupação com o bem-estar humano, sobretudo nos ambientes de trabalho, “onde tudo deve ser planejado e bem programa-do para que os trabalhadores se sintam seguros”. ela conta que se preparou com afinco para as provas, estudando pela manhã e à noite, ao mesmo tempo em que fazia um estágio na parte da tarde. “Foi duro, mas valeu a pena”, conclui.

SISTEMA DE TRANSPORTE DE INfORMAÇõES“todo mundo quer chegar em casa e ter um sistema wireless para conectar o computador, sem necessidade de tomada, de preferência em banda larga”, afirma o avaliador-líder des-sa área, alex reginato, em que trabalham os profissionais responsáveis por levar dados, voz e imagem do ponto em

que o provedor os entrega, na rua, para den-tro da casa ou do prédio. ele explica que os edifícios inteligentes agora têm sistemas con-vergentes para dados e imagens, a tendência da tecnologia. o profissional da área em geral é alguém formado em instalações elétricas. segundo reginato, é necessário, porém, um curso de aperfeiçoamento de cerca de 150 ho-

ras, em que se ensina a destrançar e conectar cabos de fibra óptica. Há limites de curvatura que são muito diferentes daqueles que valem para os cabos usados em eletricidade. a regulamentação dos serviços na área ainda está sendo estu-dada pela agência nacional de telecomunicações (anatel). nas provas realizadas na olimpíada, os competidores foram testados, entre outros itens, quanto à velocidade para fazer conexões (quanto maior o número de fusões com qualidade em uma hora, mais pontos). Houve participantes de quatro estados: goiás, Minas gerais, Pernambuco e são Paulo. o paulistano wallace Mussi Félix, 20 anos, ficou em primeiro lugar nessa ocupação na olimpíada. ele afirma que em cer-tames como esse, “vence quem estudou bastante e não fica nervoso na hora de competir”. ele acredita que a vitória lhe abrirá portas no mercado, mas pretende continuar se aper-feiçoando no aprendizado de normas e padrões internacio-nais dos sistemas. “Quem tem currículo bom sempre acaba tendo boas oportunidades no mercado”, assevera.c

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Vence quem estudou bastante e não fica nervoso na hora de competirWallace félix,de são Paulo (sP), medalha de ouro em sistema de transporte de informações

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SOlDAgEMnessa modalidade, a grande demanda por profissionais vem não só do crescimento da indústria sucroalcooleira, caso da caldeiraria, mas também da construção de novas usinas hidrelétricas no País. os competidores têm de fazer soldas em chapas de diferentes materiais, com variadas espessuras. além do exame visual, os avaliadores fazem imagens dos trabalhos por meio de aparelhos de raio-x. submetem também as chapas a cortes e dobramen-tos, para checar a resistência das soldas. em curitiba, concorreram competidores de 13 estados: espírito santo, goiás, Maranhão, Minas gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, rio de Janeiro, rio grande do norte, rio grande do sul, santa catarina e são Paulo. o ouro nessa ocupação ficou com renato silva alves, de natal, rio grande do norte.

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TECNOlOgIA DA INfORMAÇÃO – TI

“chama o pessoal da ti” é uma frase ouvida todo dia nas empresas, por colaboradores em apuros com o computador. as funções desse profissional vão muito além de resolver proble-mas de configuração nas máquinas. eles devem conhecer os softwares profundamente, e propor soluções que os usuários comuns não imaginam existir. É possível criar atalhos que facilitam muito a vida até mesmo de quem só usa o com-putador para escrever e trocar mensagens. as provas em curitiba envolveram processamento de texto, planilha eletrônica, banco de dados e gráficos. os competidores vieram de 18 estados: acre, alagoas, amapá, amazonas, distrito Fe-deral, espírito santo, goiás, Minas gerais, Pa-raíba, roraima, Pernambuco, rio de Janeiro, rio grande do sul, rondônia, roraima, san-ta catarina, são Paulo e sergipe. o ouro nes-sa ocupação ficou com o paulistano thiago da silva Furtado.

TECNOlOgIA DO PlÁSTICOos competidores da modalidade lidaram com má-quinas de r$ 200 mil, as únicas desse porte produ-zidas no País. são capazes de exercer pressão de 130 toneladas para segurar os moldes, onde se injeta plás-tico a alta temperatura para a produção de diversas peças. as cinco duplas de competidores (bahia, Mi-nas gerais, Paraná, rio grande do sul e são Paulo) receberam os moldes metálicos prontos, que tiveram de ser instalados nas máquinas (operação chamada set up), e depois produziram 20 peças. além do produto e do processo, foi avaliado também o planejamento. bruno da cruz cardoso, manauara de 18 anos, ficou em primeiro lugar na ocupação junto com o colega igor girão de brito Vieira. bruno ficou feliz com o reconhecimento dos mestres, colegas e amigos, mas confessa que se decepcionou com o pouco espaço que a olimpíada teve em jornais e na televisão. Por outro lado, relembra que foram dez meses de preparo, onde tudo ocorreu conforme o esperado. “com bom pre-paro, as provas se tornam menos difíceis.”

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TElECOMuNICAÇõESo profissional da área desenvolve soluções de fabricação e instalação de componentes. em Porto alegre, as provas incluíram a instalação em computador de um software de voz sobre internet (voip), a montagem de placas eletrôni-cas para fins específicos e a identificação de falhas em pla-cas prontas. Participaram competidores da bahia, Minas gerais, rio grande do sul e são Paulo. alan cardoso Franco Viana, paulistano de 20 anos, comemora o ouro na área de telecomunicações como uma das mais impor-tantes realizações de sua vida. “Foram dois anos e meio de muito empenho, agora pretendo conseguir um estágio numa boa empresa e, se possível, dar aulas no senai.”

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TORNEARIA MECâNICA dentre as formações de nível técnico, essa é uma das mais conhecidas no País pelo fato de o presidente luiz inácio lula da silva ter um diploma de torneiro mecânico pelo senai de são Paulo. o avaliador-líder claiton Vieira explica que houve muitas mudanças nos tornos nas últimas décadas. “os equipa-mentos são muito mais uniformes entre si e precisos. conseqüentemente, as peças que produzem também têm essas características. não há mais espaço para a improvisação”, explica. os tornos manuais raramente são usados para fazer os produtos das empresas, já que os equipamentos a controle numérico computadorizado (cnc) são muito produtivos em tarefas repetitivas (veja texto abaixo). Mas são cada vez mais importantes para a produção de peças de reposição e para os equipamentos usados na fábrica. “esperar pela reposi-ção do fornecedor pode levar dias, o que significa equipamento parado e pre-juízo”, diz Vieira. na olimpíada, os competidores tiveram de fazer das peças mais simples, como pinos, às mais complexas, com características de excen-tricidade (mais de um eixo de rotação). “o padrão de exigência aqui não é da média do mercado e sim dos melhores profissionais disponíveis no mercado”, afirma Vieira. Foram a curitiba competidores de alagoas, amazonas, ceará, goiás, Maranhão, Mato grosso, Mato grosso do sul, Minas gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, rio grande do sul, rondônia, santa catarina, são Paulo, sergipe e tocantins. o vencedor dessa modalidade na olimpíada do conhecimento foi o paulista claiton eduardo luizete, de são José do rio Preto. aos 21 anos, ele se diz ainda surpreso com as manifesta-ções que vem recebendo por parte dos colegas e mestres do senai. ele está agradecido aos instrutores e também a seu pai. “aos primeiros pela incrível dedicação à nossa formação, e ao meu pai por ter me incentivado a ingressar no senai”. ele conta que as provas foram difíceis. “Mas foi tudo bem. se for preciso, estou pronto para outra”, diz em tom satisfeito.

TORNEARIA A CNCo torno é essencial para a produção de peças com componentes cilíndricos, como vilabrequim e pistão, que existem nos motores de carros, por exemplo. Para fazer essas peças com uniformidade e rapidez, foram criados os tornos a controle numérico compu-tadorizado (cnc). embora a base dessa tecnologia de repetição exista desde a segunda guerra Mundial, as máquinas estão cada vez mais sofisticadas e complexas. apresentam no display de cris-tal líquido simulações em três dimensões da peça que é desen-volvida, o que exige grande capacidade para lidar com softwares. outras inovações tornam a vida do operador mais fácil, com ferramentas de corte mais resistentes e precisas. Participaram da categoria competidores da bahia, distrito Federal, espírito san-to, goiás, Mato grosso do sul, Minas gerais, Paraíba, Paraná, rio grande do norte, rio grande do sul, são Paulo e santa catarina. o ouro ficou com o catarinense weliton batisti.

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WEB DESIgNapresentar-se na internet de forma atraente e eficaz é in-dispensável hoje para qualquer organização e até mesmo para profissionais de diversas áreas. Uma página eletrô-nica dificilmente é algo acabado: precisa ser constantemente repensada, de modo a não perder a capacidade de comunicar o que se pretende. em blumenau, esses desafios foram encarados por competidores de oito unidades da Federação: alagoas, bahia, distrito Fede-ral, goiás, Pernambuco, santa catarina e são Paulo. com 20 softwares à disposição, e um banco de mídia de onde podiam tirar imagens e textos, eles fizeram o site de uma ong ambiental imaginária. o primeiro dia foi dedicado ao planejamento. o segun-

do, ao desenvolvimento do layout. no terceiro, cuidaram da navegação e funcionalidade. no quarto, de itens mais complexos, como o sistema de gerenciamento de conte-

údo. Foi o catarinense andré luiz Martins ramos, de tubarão, quem ficou em primeiro lugar. aos 18 anos, andré, cujos planos in-cluem o ingresso numa faculdade de enge-nharia, considera que venceu uma batalha num contexto muito maior, uma vez que pre-tende expandir seus conhecimentos na área por vastos horizontes. Quanto à competição

propriamente, ele considera que foi de nível bastante ele-vado: “Mas me mantive tranqüilo, pois navego por essa área há dois anos”.

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Me mantive tranqüilo porque

navego nessa área há dois anos

andré luiz Ramos,de tubarão (sC), medalha de ouro

em Web design

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A indústriA dos serviços

Na Olimpíada do Conhecimento de 2006, no Re-cife, houve uma competição demonstrativa inter-nacional, da qual participaram competidores do WorldSkills nas áreas de cabeleireiro, cozinha, serviço de restaurante, jardinagem-paisagismo e floricultura. Em Porto Alegre, as três primei-ras modalidades foram integradas pela primeira vez à Olimpíada, com a participação de alunos

CABElEIREIROos competidores dessa modalidade em Porto alegre começaram elaborando um corte feminino numa cabeça artifi-cial, mas as provas cresceram em complexidade, com penteado artístico, incluindo tranças, coloração e, por fim, pen-teado ornamental. Participaram das provas em curitiba competidores da bahia, ceará, espírito santo, Pernambuco e rio grande do sul. a vencedora foi a cearense lia rebecca alam Mendonça.

e profissionais formados em cursos do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). A idéia é que a delegação brasileira em Calga-ry possa incluir competidores dessas áreas. Jardinagem-paisagismo também foi integrada à Olimpíada, mas nesse caso trata-se de uma área sob responsabilidade do SENAI – as provas fo-ram em Curitiba.

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COzINhAPreparar robalo, polvo, contrafilé e peru não é fácil. Mais difícil ainda é cozinhar com uma caixa-surpresa de ingredientes, proposta num dos dias da prova. Para complicar as coisas, os participantes foram avaliados quanto ao planejamento dos pratos (ficha técnica, custo), téc-nica de execução, boas práticas (higiene da bancada, armazenagem dos ingredientes, conhe-cimentos das normas sanitárias), apresentação e sabor dos pratos. a coordenadora da área de gastronomia do senac gaúcho, úrsula silva, afirma que o turismo tem aumentado muito a demanda por profissionais da área. além disso, cada vez mais pessoas têm o hábito de comer em restaurantes na cidade onde moram. são clientes familiarizados com gratins e espumas, por exemplo, antes exclusivos de restaurantes muito sofisticados. a influência da comida oriental é também crescente, afirma. Participaram das provas em curitiba competidores do ceará, Minas gerais, rio grande do norte, rio grande do sul e são Paulo. o primeiro lugar ficou com o paulista gabriel dos santos Moraes, de aparecida. com bom humor, ele confessa que ainda está “digerindo” a vitória. aos 18 anos de idade, gabriel sonha ser um grande chef, criando pratos que se diferenciem dos cardápios tradicionais. “agora que passou, posso dizer que fiquei muito nervoso no começo e queria que a minha mãe estivesse ali para me salvar...”. ele revela, aliás, que a mãe sempre foi a sua grande inspiradora e estimuladora. “tivemos que preparar dez pratos diferentes, tudo cronometrado, corrido. agora estou des-cansando e usufruindo da melhor comida do mundo, a de mamãe”, conta.

SERvIÇO DE RESTAuRANTEPostura e autocontrole são capacidades essenciais na modalidade serviço de restaurante. Pessoas sorteadas entre os visitantes da olimpíada em Porto alegre serviram de modelos de clientes para os garçons, que tiveram de pre-parar a mesa, propor harmonização de vinhos, servir pratos previamente elaborados e concluir diante dos clientes, à mesa, alguns pratos específicos – um exemplo é a flambagem de sobremesas. o competidor também participou do preparo de coquetéis e bebidas quentes. “acredito que a parceria entre o senai e o senac para a olimpíada do conhecimento será algo de longo prazo”, afirma a avaliadora-líder danielle lordello. segundo ela, a área de serviços de restaurante está se tornando cada vez mais complexa com a crescente importância dos vinhos. os competidores dessa área vieram da bahia, espírito santo, Minas gerais e são Paulo. a soteropolitana denise conceição sales, 20 anos, formada pelo senac, foi vencedora da modalidade. ela revela que treinou durante 12 horas por dia, incluindo sá-bados e domingos, para colocar em prá-tica a vasta gama de especialidades que incluem o serviço de restaurante. ou maitrerie: a maestria na delicada tare-fa de servir uma boa mesa. “tínhamos que conhecer tudo: a arrumação com pratos e talheres em suas posições cor-retas, vinhos e demais bebidas”, conta a baiana, acrescentando que essa sem-pre foi uma área dominada por homens. “Um verdadeiro clube do bolinha, mas que hoje, ainda bem, torna-se progressi-vamente aberto às mulheres.”

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capacidade criativaAlunos e docentes do SENAI apresentam os produtos que inventaram em mostras paralelas às três etapas da Olimpíada

para um paraplégIco, EmbrENhar-sE Em trIlhas ecológicas não é impossível, mas tampouco é fá-cil. É preciso contar com a ajuda de pelo menos sete amigos para carregá-lo entre as árvores. a ong caminhadores do rio grande do sul pe-diu uma solução ao senai para facilitar o con-tato dessas pessoas com a natureza, que encar-regou da tarefa a equipe de instrutores e alunos do setor automotivo. Foi desenvolvida uma solu-ção que depende de apenas três pessoas para ser operada: uma cadeira de rodas off-road, com um amortecedor central único, que impede a trepi-

dação no solo acidentado, apoios laterais para as mãos, e, a grande vantagem, uma haste longa de manejo para quem conduz a cadeira, que per-mite incliná-la facilmente quando necessário. o protótipo ainda está em desenvolvimento. estu-da-se, por exemplo, incluir um motor elétrico, segundo o instrutor do senai gaúcho Paulo Porodeczki. “Pretendemos conseguir a patente e disponibilizar a cadeira para quem quiser”, diz.

a cadeira de rodas off-road foi uma das gran-des atrações da mostra de produtos do Programa senai de ações inclusivas (Psai) na etapa gaú-

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inovAção

cha da olimpíada. outra invenção exposta foi uma moto Harley-davidson adaptada para uma pessoa com apenas uma perna: pedal de marcha e de freios, normalmente acionados um pelo pé esquerdo e o outro pelo direito, foram colocados do mesmo lado.

além dessa mostra, específica da etapa gaúcha, os visitantes da olimpíada nas três cidades pude-ram também conhecer os produtos destacados na mostra inova senai, com produtos criados por docentes e alunos da instituição em vários estados brasileiros. os melhores trabalhos foram escolhi-dos e premiados na primeira etapa, a de blume-nau, e dali seguiram para as outras. Um deles foi do instrutor nélio Félix, da área de alimentos do senai de alagoas, que criou um sorvete de rapa-dura. “É um sabor característico do nordeste. Mas a idéia aqui não é se limitar ao paladar. a rapadura é muito nutritiva: contém cálcio, ferro e fósforo, entre outros itens de que o organismo precisa dia-riamente. Por isso precisamos usar a matéria-prima natural e não a essência”, explica. Félix conseguiu chegar a um resultado equilibrado, sem deixar que o sorvete fique muito doce. a fórmula? “revelo para quem me passar a da coca-cola”, brinca.

alunos e docentes do senai de curitiba desenvolveram roupas para diminuir o risco de furto de carteiras, celulares e outros itens de va-lor. Uma das inovações é um bolso falso dentro do bolso da calça, onde a carteira fica presa. “a preocupação foi adequar a necessidade de segu-rança à estética, eliminando conflitos entre am-bas”, explica o instrutor Marcelo azevedo.

no senai de araraquara (sP), alunos desen-volveram um sistema lúdico para orientar crianças na separação de lixo reciclável. as tradicionais qua-tro lixeiras de cores diferentes para plásticos, papéis, metais e vidro foram ligadas a um scanner central, que reúne sensores de vários tipos. a criança põe a embalagem usada ali e automaticamente abre-se a tampa da lixeira certa. além disso, uma gravação dá informações sobre o produto e a importância da proteção ambiental. “a idéia é trabalhar com o tema desde a primeira infância”, afirma o instrutor siné-sio gomes, que orientou o trabalho dos alunos.

PATENTE REQuERIDA

o docente adagir saggin, do senai de Join-ville (sc), desenvolveu sozinho uma morsa hi-dro-pneumática. o aparelho é usado para pren-der objetos que são trabalhados, consumindo uma pequena fração da energia usada em um equipamento tradicional. no caso de uma serra, por exemplo, consome-se 2.208 watts para man-ter a madeira presa durante o processo de corte. com o equipamento de saggin, são necessários apenas 25 watts. “sei que a aplicação que criei tem menor apelo para o público do que outras inovações, como a lixeira, mas garanto que terá grande importância na indústria, pela economia de energia”, diz. ele já registrou o pedido de pa-tente do produto, mas ainda faz segredo sobre o seu funcionamento para evitar que surjam imita-ções enquanto negocia com algumas indústrias o início da produção em série.

a lixeira eletrônica para ensinar educação ambiental a crianças, à esquerda, e a morsa pneumática que poupa energia, acima

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aquecimento só na emoçãoEmissões de carbono da Olimpíada do Conhecimento são neutralizadas com o plantio de 2.507 árvores no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina

combatEr as causas do aquEcImENto global é uma preocupação da cni, sesi, senai e iel inscrita no Mapa Estratégico da Indústria 2007-2015, que preconiza a sustentabilidade como condição para o crescimento sustentável. de forma coerente com essa diretriz, todas as emissões de carbono da olimpíada do conhe-cimento 2008 foram neutralizadas por meio do plantio de árvores no rio grande do sul, Pa-raná e santa catarina, estados-sede do evento neste ano.

a primeira parte do trabalho foi levantar o volume de emissões de carbono em todas as etapas da olimpíada, com o transporte dos equipamentos para cada cidade, montagem dos locais de provas, transporte dos competidores, avaliadores e pessoal de apoio, funcionamento do evento e, finalmente, a desmontagem. o to-tal apurado em cada cidade foi diferente (veja

quadro na página ao lado), ficando em torno de 300 toneladas de carbono.

em seguida, foi necessário decidir quantas árvores deverão ser plantadas, o que está lon-ge de ser uma conta exata, afirma o consultor ambiental elcio Herbert, coordenador técnico da compensação realizada nas três etapas da olimpíada. “a organização das nações Unidas pretende definir normatizações para essas ações, mas isso ainda não foi feito”, diz Herbert. a ca-pacidade de cada árvore de seqüestrar carbono do ambiente depende da espécie, do local onde é plantada e de outras interpretações. o número de mudas plantadas, portanto, varia conforme o projeto escolhido em cada estado da região sul.

no rio grande do sul, serão plantadas 700 mudas de espécies de mata atlântica em Maqui-né, litoral norte do estado. em santa catarina, chegou-se a um número de 607 mudas para

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meio Ambiente

compensar o carbono emitido na etapa de blu-menau. a opção foi por plantá-las nas 34 uni-dades do senai no estado. “em função disso, há grande diversidade de espécies, escolhidas de forma a se adaptar a locais muito diferentes, na serra ou no litoral, por exemplo”, explica Her-bert. no Paraná, as árvores ficarão em uma fazenda, ao lado de uma plantação de milho, em são Pedro do Paraná, no oeste do estado. serão plantadas 1.200 mudas de espécies nati-vas da região. o fazendeiro ganha na parceria adequando-se à lei, que determina um mínimo de 20% de matas nativas na propriedade, algo que já foi eliminado em muitas das propriedades rurais no País.

MONITORAMENTO POR 20 ANOS

a compensação ambiental não pode se limitar ao plantio das mudas. É preciso que se transfor-mem em árvores, que ao longo da vida irão tirar da atmosfera a quantidade de carbono estipu-lada. Para garantir que isso ocorra, os projetos do rio grande do sul e do Paraná incluem o monitoramento das mudas plantadas durante duas décadas. nos dois primeiros anos, haverá relatórios semestrais, com fotos, demonstrando a evolução das mudas. no projeto catarinense, esse acompanhamento ficará a cargo do próprio senai, afinal as mudas serão plantadas em suas unidades. a complexidade e a longa duração desses projetos sugerem custos elevados para sua implantação. Mas não é o que acontece. segun-

do Herbert, o desembolso total nos três estados ficará em torno de r$ 15 mil, já contando com o monitoramento.

a preocupação ambiental não se limitou à compensação das emissões de carbono. nas três etapas da olimpíada, a coleta seletiva de lixo foi uma preocupação constante. em curitiba, foi estabelecida uma parceria com uma coope-rativa de catadores de papel, que agora passará a trabalhar de forma permanente para a recicla-gem de lixo de unidades do senai. na etapa curitibana da olimpíada, foi testado um car-rinho elétrico para uso dos catadores de papel nas ruas de curitiba, parcialmente financiado pela itaipu binacional. o modelo é de simples operação, com um cabo que serve de direção para a pessoa que o conduz, caminhando. Jonas souza, 31 anos, que trabalha há 22 anos com reciclagem, afirma que o ganho com o carrinho é grande. “dá para a gente andar o dobro num dia: em vez de 20 km, posso chegar a 40 km.” Mas há críticas também. Para Maria aparecida Januário, 43 anos, há 33 anos na reciclagem, um defeito do modelo é que não dá ré, o que dificulta quem quer estacioná-lo numa vaga de carro, na rua, enquanto coleta o lixo. “Para empurrar fica muito pesado, porque o carrinho agüenta muito mais carga que o outro, puxado à mão”, explica.

CompensaçãoO plano de neutralização de carbono da Olimpíada do Conhecimento

eStaDO eMISSÃO (em toneladas)

tOtal De MuDaS lOcal

Rio Grande do Sul 293

700 de espécies da Mata Atlântica

Maquiné, litoral norte gaúcho

Paraná 2911.200

de espécies do noroeste paranaense

São Pedro do Paraná, noroeste do estado

Santa Catarina 303

607 de espécies próprias

a cada local

34 unidades do SENAI catarinense

araucárias na serra catarinense: espécies foram escolhidas de acordo com o local

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50 indústr i a br asileir a seteMbro 2008

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José Manuel de Aguiar Martins, diretor-geral do SENAI

rEalIzada NEstE aNo Nos três Estados da rEgIão sul entre junho e agosto, a olimpíada do co-nhecimento 2008 é o maior certame de educa-ção Profissional que ocorreu até hoje nas améri-cas. a capacidade de realizar algo desse porte é um orgulho para todo o senai. Mas não teria significado se fosse um fim em si. a olimpíada do conhecimento é, na verdade, parte de um processo que leva às empresas industriais brasi-leiras profissionais com qualificação comparável à dos países mais desenvolvidos.

os campeões da olimpíada do conheci-mento concorrerão a uma vaga no worldskills, maior competição internacional de educação Profissional, a realizar-se em 2009 em calgary, no canadá. no ano passado, em shizuoka, no Japão, a delegação brasileira de alunos do senai ficou em segundo lugar na colocação geral, atrás apenas da coréia do sul, dentre os 48 países que participaram.

os parâmetros de avaliação do worldskills, aprimorados de forma constante, incorporam-se antecipadamente a cada edição da olimpíada do conhecimento. desse modo, nossos compe-tidores chegam ao certame internacional com preparação já adequada às novas exigências. os parâmetros da olimpíada do conhecimento, por sua vez, são usados também pelos cursos do senai. assim, temos sempre um padrão educa-cional em linha com o que há de mais avançado no mundo. isso garante a formação de profissio-nais que proporcionam competitividade global às empresas.

além da importância para os cursos do senai, a olimpíada do conhecimento tem outros desdo-bramentos importantes. É uma oportunidade para debates, seminários, palestras e fóruns sobre temas de interesse da indústria e de toda a sociedade. em blumenau, foram realizados seminários com apre-sentação de boas práticas da educação a distância em empresas e com análise dos impactos da tV digital no mercado de trabalho. os debates reuni-ram usuários dos serviços e especialistas cuja con-tribuição tem permitido ao senai antecipar-se às demandas impostas pelas novas tecnologias.

em Porto alegre, houve o Fórum senai em-presas, promovido pela Unidade de relações com o Mercado, em que foram debatidos temas relacio-nados ao desenvolvimento de recursos humanos e à competitividade. o fórum foi uma excelente opor-tunidade para estreitar as relações entre o senai e as empresas. curitiba sediou o simpósio de ino-vação, com o objetivo de disseminar o tema entre pequenas, médias e grandes indústrias.

evento aberto ao público, a olimpíada do conhecimento é também uma vitrine para os produtos e serviços do senai, assim como para realizações de alunos e docentes. em blumenau, foram escolhidos os dez melhores projetos de ino-vação, no âmbito da Mostra inova senai 2008. os trabalhos premiados na primeira etapa foram apresentados em Porto alegre e curitiba aos visi-tantes da olimpíada. Um deles, o vice-presidente da república, afirmou, depois de percorrer a etapa de Porto alegre, que “o papel do senai é fundamental para a sociedade brasileira”.

maIs quE um torNEIoA Olimpíada do Conhecimento é parte do processo educacional do SENAI, contribuindo para formarmos profissionais que estão entre os melhores do mundo