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SEMIÓTICA DO CUIDADO E MÉTODO CORPOANÁLISE

CARLOS ROBERTO FERNANDESUniversidade Federal do Espírito Santo

– Centro Universitário Norte do Espírito Santo -

Semiótica do Cuidado

é uma nova disciplina, microcampo ou microeixoda Enfermagem com o objetivo de encontrar a especificidade do ensino e da prática de uma Enfermagem Centrada no Cuidado e no Autocuidado e não centrada em sinais e sintomas de doenças; necessariamente tal disciplina envolve novas concepções de Enfermagem, de Cuidado de Enfermagem, de Processo de Cuidado e de Processo Saúde-Doença.

Pela Semiótica do Cuidado

forma-se, mais claramente, o conceito poiésico de Educação para o Cuidado e Autocuidado (ECAC): nesse sentido, retomo a significação grega original de poiésis, ou seja, toda ação criadora (formadora) de algo exterior ao sujeito criador. Em contraposição, práxis é toda ação finalística em si mesma, sem criação de objeto exterior ao sujeito da ação.

Do ponto de vista epistemológico

Semiótica do Cuidado é o desenvolvimento da atual disciplina Semiologia e Semiotécnica de Enfermagem.

Concebendo desenvolvimento por processo de diferenciação e de aperfeiçoamento, a Semiótica do Cuidado diferencia-se da Semiologia e Semiotécnica de Enfermagem e quer aperfeiçoar a abordagem da unidade de cuidado realizada pelos profissionais de Enfermagem.

No campo da Sistematização do Cuidado de Enfermagem, unidade de cuidado é o centro das ações de cuidado: desde já, as unidades de cuidado abordadas pela Enfermagem são a pessoa (individualmente considerada), a família, os grupos de pessoas, as comunidades de pessoas e o ambiente; se se quiser, acrescentem-se os animais (objeto da Enfermagem Veterinária), os vegetais...

• Ao utilizar a expressão Sistematização do Cuidado de Enfermagem (SCE) e não Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) existe uma superação do limite da ação de Enfermagem centrada na assistência a pessoas ou coletividades doentes e em cenário redutiva ou dicotomicamente hospitalar ou de saúde pública:

Nesse sentido, pesquisadores e pesquisadoras do Cuidado de Enfermagem estão envolvidos em criar ou descobrir novos cenários para a ação de cuidado, em fundamentar novos instrumentos metodológicos para aquela ação além do conhecido Processo de Enfermagem.

• Eis porque o conceito de Processo de Cuidado assume uma relevância ímpar para a Semiótica do Cuidado: tanto do ponto de vista teórico-filosófico quanto metodológico e técnico, o Processo de Cuidado ainda é uma incógnita para professores e pesquisadores de Enfermagem

• A superação do conceito e da prática de Assistência de Enfermagem para o conceito e a prática do Cuidado de Enfermagem vincula-se à diretriz do Ministério da Saúde, registrada na 11ª. Conferência Nacional de Saúde (CNS): as políticas e ações de Informação, Educação e Comunicação (IEC):

• “devem tornar o SUS conhecido da população, dos profissionais de saúde, dos poderes constituídos e da sociedade, não só nos seus princípios, diretrizes, programas e metas, mas também nas suas dificuldades de recursos e de gestão. Devem, ainda, ser capazes de superar a visão de saúde restrita à assistência, fazendo com que a prevenção e a promoção incorporem o significado da Saúde como um valor humano, um direito básico de cidadania.”[1:19]

[1]CNS. 11ª. Conferência Nacional de Saúde: o Brasil falando como quer ser tratado. Série Histórica do CNS; n.2. Série D. Reuniões e Conferências n. 16. Brasília: Ministério da Saúde. 2001

• A maior razão para o investimento da Enfermagem numa disciplina, microcampo ou microeixo aqui denonimado Semiótica do Cuidado é buscar a superação daquelas lógicas hospitalocêntricas e medicocêntricas no campo da Enfermagem sintonizando-se com a declaração das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem, instituídas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e pela Câmara de Educação Superior (CES) do Ministério da Educação, em sua Resolução CNE/CES número 3, de 7 de novembro de 2001:

• os conteúdos fundamentais dos cursos de graduação de Enfermagem deverão fazer com que o aluno desenvolva a competência, a habilidade e a atitude de reconhecer a ciência e a arte do cuidado por instrumento de interpretação da profissão de Enfermagem.[2:19]

[2]ALMEIDA, Márcio, organizador. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. In:_____________ Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos Universitários da Área da Saúde. 2. Ed. Londrina: Rede Unida. 2005; ps. 17-24

• A Semiótica do Cuidado tem a pretensão de ser um dos conteúdos fundamentais para a graduação de Enfermagem em que a ciência e a arte do cuidado sejam efetivamente instrumento interpretativo da profissão de Enfermagem.

• No campo das Ciências da Enfermagem, a Semiótica do Cuidado é um microeixoperpassando aquelas Ciências, até o momento assim instituídas:

Fundamentos de Enfermagem, Assistência de Enfermagem, Administração de Enfermagem, Ensino de Enfermagem.

Meu ponto de partida é a finalização das lutas conceituais entre semiologia e semiótica, formalizada pelo lingüista e literato russo Roman Osipovic Jakobson (1896-1982).

• O vocábulo semiótica é formado do grego semeion, signo;

• o prefixo semio é transliteração latina da forma grega semion. Em geral significa a doutrina ou ciência dos signos verbais, não verbais, corpóreos, histórico-culturais, humanos, animais e naturais.

• A palavra semiótica tem outras precursoras e rivais terminológicas: semiologia, semântica, sematologia, semasiologia, semologia.

• semântica e semasiologia é o estudo das significações na Linguística;

• sematologia e semologia são termos circunscritos a autores isolados na história da Semiótica;

• até um determinado momento, semiologia era a teoria dos signos humanos, culturais, particularmente os textuais, e semiótica era ciência geral dos signos animais e naturais.[3]

[3]NÖTH, Winfried. Panorama da Semiótica de Platão a Peirce. 2. ed. São Paulo: Annablume. 1998

• Em 1969, por iniciativa de Roman OsopovichJakobson, da Associação Internacional de Semiótica, foi adotado mundialmente o termo SEMIÓTICA para todos os estudos referentes àsemiologia e a semiótica geral;

• o termo semiologia ficou, desde então, circunscrito ao campo da Medicina e reduzido àespecialidade médica da Sintomatologia ou estudos dos sinais e sintomas das doenças.

• Dentre as ciências semióticas estão a Epistemologia Semiótica, a Hermenêutica Semiótica, a Estética Semiótica, a Semiótica da Linguagem, a Lógica Semiótica.

• Existem vários tipos de Semiótica, segundo as concepções de seus autores: Semiótica do Cuidado é o sintagma por mim proposto para o campo da Ciência da Enfermagem.

SIGNO PARA A SEMIÓTICA DO CUIDADO

SIGNO é estrutura teleológica e dinâmica de um sentido vivencial do

CORPO QUE SOMOS em desenvolvimento.


Estrutura, do alemão struktur, tem aqui estritamente a sua significação dentro da Filosofia da Vida ou da Hermenêutica Filosófica de Wilhelm Guillermo Dilthey (1833-1911): traduz a imanente unidade e totalidade da lei de desenvolvimento da Vivência, condicionada em suas relações com o mundo exterior.

E Vivência, na Escola de Dilthey, é unidade epistemológica oposta aos conceitos de consciência e de representação.


Desenvolvimento, para o filósofo e historista alemão Dilthey, é processo de diferenciação e de aperfeiçoamento, desdobrado daquela struktur. Esse desenvolvimento (hermenêutica da vida) não se relaciona aos dogmas das teorias de progresso e de evolucionismo.


Sentido correlaciona-se a significado, significação, fim [telelologia] e valor: sentido apenas adquire significação a partir dos movimentos da struktur em seu desenvolvimento expressivo de significado, teleologia e valor.


Se toda realidade da Estrutura Teleológica(sintagma de Dilthey para a psique ou mente) é Vivência, as categorias históricas de sentido, significado, significação, teleologia e valor são unos (estruturais) processos formativos (e não construtivos) desenrolados no Movimento Hermenêutico das próprias unidades psicofísicas da vida; por isto, pode-se apenas fazer Historismo (e não Historicismo) daquele Movimento Hermenêutico.


Convém reafirmar a qualidade relacional da Vivência - uma struktur íntima (termo preferencial a subjetivo ou interno) entrelaçada ao mundo não íntimo (termo preferencial a objetivo ou externo): toda subjetividade é historicidade e, portanto, não existem as instâncias fragmentárias interno e externo. Razão histórica, consciência histórica e crítica da razão histórica dão conta daquela historicidade formada por nós mesmos.


A Vivência está objetivada nos sistemas culturais e nos sistemas de organização interna e externa da sociedade: direi, igualmente, a vivência está objetivada no corpo, nas memórias de corpo. Cabe àSemiótica do Cuidado compreender, entender e esclarecer tais objetivações fazendo historismo (e não historicismo) daquelas memórias de corpo mediante crítica da razão histórica.


-Sistemas Culturais: economia, direito, religião, arte, ciência, filosofia.

-Sistemas de Organização Interna da Sociedade: associações particulares dentro da sociedade, tais como corporações, sindicatos, organizações não governamentais, associações de bairro e de determinados grupos de populações (mulheres, negros, indígenas, sem-teto, sem-terra, sem-escola, sem trabalho...) hoje denominados Movimentos Sociais.

-Sistemas de Organização Externa da Sociedade: associações de família, comunidade, igreja, Estado


O Método Corpoanálise da Semiótica do Cuidado funda-se, pois, nesta quaternidade: razão histórica, consciência histórica, memória histórica e crítica da razão histórica. Essa quaternidade é uma Estrutura Sígnica (strukturdeutlich) cuja racionalidade compreensiva e esclarecedora é –e somente pode ser-hermenêutica (não fenomenológica, não dialética, não materialista).

SIGNO: significado

• Significado é categoria hermenêutica (ou historista) imanente à vida, presente em toda manifestação de vida ou memória de corpo “na medida em que [... essa memória de corpo] expressa algo e como expressão assinala para algo que pertence à vida”. (DILTHEY, 1986, p.230, 277)

SIGNO: significado

• O significado traduz a “relação das partes da vida com o todo, relação que se funda no ser mesmo da vida [...] Trata-se de uma relação que nunca se completa de todo. [...] é o modo peculiar de relação que, no seio da vida, guarda suas partes com o todo. [...] A essência das relações de significado reside nas circunstâncias que, no curso do tempo [historicidade e curso da vida], encerra a configuração de uma trajetória vital sobre a base da estrutura da vida e debaixo das condições do meio.” (DILTHEY,1986, p.266-7)

SIGNO: significado

• A relação significado e sentido estabelece-se no curso da vida, numa articulação circular de desenvolvimento: “as partes [são determinadas em sua significação pelo todo e [...] este, por sua vez, se determina cada vez mais em seu sentido à medida que se vai fixando o significado das partes”. (ÍMAZ, 1978, p.22)

SIGNO: significado

• Apreende-se o significado em relação às trajetórias de vida passadas e, por isso, somente pela recordação pode ser captado. Essa recordação é revivênciaporque re-apresenta a vivência passada.

SIGNO: significado

• Na categoria significado apreende-se a conexão passado-futuro, existência individual existência coletiva, nas suas relações nunca totalmente completadas. Não se pode, pois, compreender o significado de vivências presentes, imediatas, exatamente porque é necessário o “fim da história” para apreender o todo das trajetórias em seus momentos diversos. Consequentemente, o trabalho de compreensão da categoria significado parece ser sempre historiográfico.

SIGNO: significado

• Cada momento é uma parte do todo que será aquele “fim da história”: não se pode saber o significado do momento sem o todo dos momentos nem o significado da totalidade sem a efetividade de todos os momentos.

SIGNO: significado

• Pode-se determinar um fim (futuro), mas não se pode determinar um significado (passado) presente, ainda que se possa fazer conjecturas de um significado provável diante de um fim estabelecido. E isto porque o significado vai se fixando pela significação dos momentos interconexos que, por sua vez, determinam os sentidos em direção ao fim.

SIGNO: significado

• Em suma, o significado é a configuração última de uma trajetória de vida, compreendido apenas num movimento de reflexio: esta é a suprema diferença entre a Hermenêutica Histórica e a Filosofia Crítica da História em Dilthey diante da Fenomenologia.

SIGNO: significado

• Para o terapeuta do corpo e do cuidado, apreender o significado de trajetórias e memórias de corpo, determinadas no objetivo de uma pesquisa ou no processo de cuidar, será descobrir modos de relação, processos e forças relacionais naquelas trajetórias, descobrir modos de criação, processos e forças criativas no cuidar de si, do corpo, dos outros, da vida e da morte, presentes e distintivos nas trajetórias das pessoas e comunidades de pessoas. Nessas descobertas e criações, apreender as artes e os saberes de corpo e do cuidar determinantes e característicos será apreender motivos, metas, propósitos, interesses, desejos, valores, caminhos e direções formados e desenvolvidos para expressão daquelas artes e saberes.

SIGNO: significação

• Para Dilthey (1986, p.232), significaçãodetermina o “significado de uma parte para uma totalidade, surgida sobre a base do nexo efetivo”. Na Ciência do Cuidado é a significação das memórias de corpo, emergidas num determinado momento do processo de cuidado, e que são partes das trajetórias da pessoa e das comunidades de pessoas cuidadas e a pessoa cuidadora.

SIGNO:teleologia

• Teleologia ou adequação a um fim se refere ao estado do sujeito ou unidade de vida em direção às outras unidades de vida. (DILTHEY, 1951)

• Teleologia é a categoria histórica que diferencia a ordem humano-sócio-históricada ordem natural mecânica; posteriormente a Guillermo Dilthey foi criado o conceito menor de intencionalidade.

SIGNO:teleologia

• A teleologia procede da lei, do princípio ou da teoria de desenvolvimento e, como tal, éuma das conexões e condições de desenvolvimento da vida psíquica humana.

SIGNO:teleologia

• O conceito diltheyano de conexão teleológica significa adequação a um fim; refere-se ao fato de que “toda relação de partes num todo recebe o caráter de adequação a um fim, em razão do valor realizado naquele todo uma vez que este valor éexperimentado unicamente na vida afetiva e impulsiva [...]. Adequação a um fim não é nenhum conceito natural objetivo, mas designa unicamente o tipo de conexão vital de um ser animal ou humano que se experimenta no impulso, no prazer e na dor.” (DILTHEY, 1951, p.255, 258)

SIGNO:teleologia

• Para Guillermo Dilthey, há dois tipos de conexão teleológica: a subjetiva imanente e a objetiva imanente.

• A conexão teleológica subjetiva imanente ésubjetiva porque vivida, dada na experiência interna; é imanente porque não se funda sobre nenhuma idéia de fim fora dela.

SIGNO: conexão teleológica subjetiva imanente

• “Designa em primeiro lugar uma conexão das partes constitutivas da vida psíquica apropriada para produzir riqueza de vida, satisfação de impulsos e felicidade nas flutuantes condições exteriores em que vivem todos os organismos. A isto se acrescente um segundo conceito desta adequação segundo o qual nesta conexão estrutural se contém, ao mesmo tempo pressupostas, as flutuantes condições da vida, a disposição para seu aperfeiçoamento. E este aperfeiçoamento se realiza nas formas da diferenciação e no estabelecimento de enlaces superiores. Precisamente esta é a grande faculdade [denominada conexão teleológica subjetiva imanente] provocadora de plenitude de vida, satisfação de impulsos e vida reside.”(DILTHEY, 1951, p.263)

SIGNO: conexão teleológica objetiva imanente

• surge de uma hipótese, quando tomamos em consideração a circunstância implicada na conexão estrutural tendente àprodução daqueles estados subjetivos em relação com a conservação do indivíduo ou da espécie. Esta conservação se liga, numa certa amplitude, à produção de reações afetivas agradáveis, à evitação das desagradáveis e àsatisfação dos impulsos. Na base da finalidade objetiva imanente dessa conexão teleológica não está contido nenhum suposto de uma idéia de fim, considerando-se que a transcendência da idéia de fim é meramente uma interpretação com a qual se busca uma explicação para semelhante conexão teleológica. (DILTHEY, 1951, p.263)

SIGNO: conexão teleológica

• Posteriormente ao princípio da conexão teleológica de Dilthey, a quarta força em Psicologia ou Psicologia Humanista, representada por Carl Ramson Rogers, envidou esforços para evidenciar o que a Escola de Pensamento Rogerianodenominou de tendência à atualização ou tendência atualizante:

SIGNO: conexão teleológica

• “é a mais fundamental [tendência] do organismo em sua totalidade. Preside o exercício de todas as funções, tanto físicas quanto experienciais. E visa constantemente desenvolver as potencialidades do indivíduo para assegurar sua conservação e seu enriquecimento, levando-se em conta as possibilidades e os limites do meio. [...] O que a tendência atualizante procura atingir é aquilo que o sujeito percebe como valorizador ou enriquecedor – não necessariamente o que é objetiva ou intrinsecamente enriquecedor.” (KINGET, 1977 , p.41)

SIGNO: desenvolvimento

• Desenvolvimento é processo de formação; significa diferenciação e aperfeiçoamento, nada se equiparando à noção teórica de evolução darwinista ou positivista de estágios inferiores para superiores nem traduz a distorcida concepção de um tipo de dialética que vê o processo histórico desenvolver-se qualitativamente por acúmulo ou quantidade de contradições geradas e supostamente presentes na natureza.


• Desenvolvimento na Hermenêutica Histórica de Dilthey traduz o curso da vida desenrolando-se numa conexão em que o presente está preenchido de passado, ao mesmo tempo que traz em si o futuro; não traduz evolução e progresso no sentido sociológico positivista comteano.


• Dilthey (1986, p.237) esclarece que desenvolvimento opõe-se às “fantasias especulativas acerca de um progresso baseado em etapascada vez mais altas”; ao contrário, desenvolvimento é o desenrolar mesmo do curso da vida com inumeráveis possibilidades de novos caminhos e direções, a partir das pressões externas sobre o sujeito (limitações externas) e dos limites de sua própria finitude e condição humana (limitações internas); nesse curso, ao contrário da ilusão de progresso e evolução, pode haver queda segundo a “base natural de crescimento, madureza e decadência vegetativa” sem realização de um significado superior, detenção em “regiões inferiores da vida”, avanço, retrocesso temporário, estagnação.

• A lei de desenvolvimento é fundação germânica e se radica no pensamento alemão.

SIGNO: valor

• Valor no Sistema de Dilthey estápressuposto nas categorias hermenêuticas que captam a vida do ponto de vista do futuro; não é resultado de algum conceito formal, extrínseco.

• Imanente à teoria de desenvolvimento, Dilthey (1951, p.264) discute a categoria valor em termos de valor da vida e conexão de valores da vida:

SIGNO: valor

• “o que se nos aparece como o valor de nossa existência étoda a plenitude da vida experimentada por nós outros, ou seja, a riqueza da realidade vital que sentimos, o viver daquilo que levamos dentro de nós. Nesse valor, colocamos também aquelas circunstâncias da vida que nos são dadas a viver, nas intuições e idéias com que conduzimos nossa existência, na ação que nos é permitida. Ver em tudo isso nada mais que condições e ocasiões dos sentimentos éalgo intolerável para o homem sadio: parece-lhe que toda a realidade da vida é medida segundo seu valor no sentimento. Atentando-nos para o conceito de valor da vida, entendemos que a conexão estrutural psíquica é adequada e tem uma finalidade porque leva a tendência a desenvolver, manter e acrescentar valores vitais.”

SIGNO: valor

• O sentir, o sentimento é para Guillermo Dilthey uma atitude criadora do valor da vida; interconexa, una ao pensar, ao pensamento, e ao querer promovem o agir humano.

• Num esboço simplificado da articulação entre mundo íntimo e mundo externo, Dilthey(1951) sustenta um processo tripartite em que o sentimento é atitude mediadora entre impressão (estímulo) e movimento (impulso).

SIGNO: valor

• O princípio diltheyano de que valor é inseparável do sentimento seráretomado anos mais tarde por Jung (1985)[1] para quem, na topografia da mente, o sentimento é uma função ectopsíquica[2] racional atribuidora do valor das coisas.

[1]O projeto e as bases de Guillermo Dilthey para a sua Psicologia Analítica e Descritiva são retomados, inclusive nominalmente, por Carl Gustav Jung..

• [2]Fatos ou funções ectopsíquicas significam para Jung (1985, p.8) "um sistema de relacionamento dos conteúdos da consciência com os fatos e dados originários do meio ambiente, um sistema de orientação que concerne à minha manipulação dos fatos exteriores, com os quais entro em contrato através das funções sensoriais". São elas: sensação (diz que alguma coisa é), pensamento (diz o que é a coisa), sentimento (diz o valor da coisa para a pessoa), intuição (relaciona temporalmente as coisas).

SIGNO: valor

• Ainda para Dilthey (1951), valor é o objeto de uma vivência; na Ciência do Cuidado, valor é o objeto de uma memória de corpo.

SIGNO: sentido

• Sentido é a lógica vivencial, a coerência interna e não formal criada ou percebida pela pessoa na conexão que faz, articulando experiência interna e experiência externa, entre vivências seletivas conferindo-lhes uma totalidade significativa.

• Pela articulação e conexão de vivências seletivas a pessoa dirá sobre o "sentido" de sua vida, dessa ou daquela experiência, não com referência ao futuro, mas como fundamentação e justificação cognoscitiva, afetiva, volitiva.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• Dilthey, Wilhem Guillermo. Introducción a las ciencias del espiritu. 2. ed. México: Fondo de Cultura Económica. 1949.

• Dilthey, Wilhelm Guillermo. Psicologia y teoria del conocimiento. 2. ed. Espanhol. México: Fondo de Cultura Económica. 1951.

• Dilthey, Wilhelm Guillermo. La esencia de la filosofia. 2. ed. Buenos Aires: Losada. 1952.

• Dilthey, Wilhelm Guillermo. Teoria de la concepción del mundo. México: Fondo de Cultura Económica. 1954.

• Dilthey, Wilhelm Guillermo. Crítica de la razón histórica. Barcelona: Península. 1986.

• ÍMAZ, Eugenio. El pensamiento de Dilthey. 1. Reimpressão. México: Fondode Cultura Econômica. 1979.

• JUNG, Carl Gustav. Fundamentos de Psicologia Analítica. Petrópolis: Vozes. 1985.

• KINGET, G. Marian. O método não diretivo. In: Rogers, Carl R. Rogers; KINGET, G.Marian. Psicoterapia e relações humanas. volume 1. 2. ed. Belo Horizonte: Interlivros. 1977.

• Na Semiótica do Cuidado, as pessoas trazem em si mesmas toda a história coletiva e individual de corpo historiografada em gestos, palavras, sentimentos, percepções, pensamentos, sorrisos, vestimentas, modo de falar e de andar, de sorrir e de chorar, emexpressões biológicas (e, portanto também históricas) de saúde e de doença, de cuidado e de não cuidado: aquela história éirredutivelmente biológica, social, étnica, genética, antropológica, política. Eis toda a memória de corpo estuante em cada um de nós, desafiando as Políticas de Saúde para a formação de uma Política de Cuidado. Daqui procede o meu conceito de trajetórias e memórias de corpo,[4],[5] base da transdisciplinar Antropologia do Cuidado.[6]

[4]FERNANDES, Carlos Roberto. Concepções de corpo na enfermagem dos anos noventa no Brasil: uma abordagem com Wilhelm Guillermo Dilthey. 2003. 179p. Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Univ. Fed. de Minas Gerais. Escola de Enfermagem da UFMG.

[5]FERNANDES, Carlos Roberto. As Concepções de corpo na Enfermagem e o advento da Ciência do Cuidado. Anais do III Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde; 2005 Jul 09-13; Florianópolis, Brasil. Florianópolis: Abrasco; 2005. [CD-ROM]

[6] FERNANDES, Carlos Roberto. Bases teóricas da Antropologia do Cuidado ou da história e historiografia da Arte de Cuidado no Brasil. Anais do 2o. Colóquio Latino-Americano de História da Enfermagem; 2005 Set 12-15; Rio de Janeiro, Brasil. Rio de Janeiro: ABEn – Seção RJ; 2005. [CD-ROM]

• Tanto para a Semiótica do Cuidado quanto para a Antropologia do Cuidado signo é instrumento de formação de pessoas e de sociedades, instrumento de comunicação inter e intrapessoal, instrumento de cognição, expressão de memórias historiografadas no corpo.

• Em suma, instrumento e expressão de Formação, de Expressão, de Interação e de Cognição: consequentemente, Semiótica e Antropologia do Cuidado são ciências históricas (a um só tempo biológicas, psicológicas, sociológicas, antropológicas, filosóficas, culturais).

• A proposta da Semiótica do Cuidado éencontrar a especificidade da experiência e do conhecimento de cuidado dos profissionais de Enfermagem, no âmbito do processo de cuidado: essa proposta vincula-se fundamentalmente às concepções de corpo na Enfermagem e, por isso, desde o ano de 2001 dedico-me ao estudo das mesmas.

• Pelas concepções de corpo na Enfermagem é possível esclarecer qual éo corpo do cuidado ou, mais especificamente, qual é o corpo do cuidado de Enfermagem – quando a unidade de cuidado referente for a pessoa.

• Análise da produção de saberes sobre corpo na Enfermagem Brasileira, nos anos da década de 1990.

Nesta revisão e a partir do unitermo corpo, encontrei vinte artigos de 1995 a 2000, cinco Dissertações de 1987 a 1999, cinco Teses de 1994 a 1999.

• concepção de corpo no sistema nightingale• concepção de não corpo • concepção de corpo sintoma

permitem a revisão analítica e crítica do sistema pedagógico de ensino e treinamento de enfermeiras, na implantação e desenvolvimento (=diferenciação e aperfeiçoamento) da Enfermagem no Brasil, suas ligações com as políticas e práticas de saúde, ditadas pelo Estado brasileiro, suas mudanças e diferenças na Enfermagem Hospitalar, na Enfermagem de Saúde Pública, na Enfermagem Comunitária e na Enfermagem de Saúde Coletiva.

• A concepção de corpo fundamento do cuidado,

servindo para desenvolver a minha proposição de que trajetórias e memórias de corpo são o objeto epistemológico de um novo campo epistêmico por mim denominado CIÊNCIA DO CUIDADO ou ciência da arte do cuidado, permite a reconstrução e análise crítica das artes e dos saberes de cuidado com o corpo, com a vida e com a morte, formados e desenvolvidos pelos povos brasileiros, em seus vários momentos históricos, inclusive quanto às atenções e Cuidado de Enfermagem diante dos agravos àvida e dos agravos à saúde do corpo no Brasil.

O conceito Ciência do Cuidado

• nasce da declaração de vári@s pesquisador@s de Enfermagem, entre eles Watson (1979), para quem Nursing é Ciência Humana e Ciência do Cuidado; para Anne Boykin e Savina Schoenhofer, nursing é cuidar ou cuidado; Zagonel (1996) comenta sobre as mudanças mundiais nas quais a enfermagem se integra buscando afirmar-se como ciência humana e, nessa busca, retoma a utopia de Jean Watson dirigida para o desenvolvimento da Ciência do Cuidado; Lunardi Filho (1997, p.48) registra a sua percepção do advento de "um movimento da enfermagem em direção a uma possível 'ciência do cuidado’”; Oguisso (2000) registra que a assistência e o cuidado de pessoas, antes referenciado apenas como Ciência da Enfermagem, hoje se estrutura como Ciência do Cuidar ou do Cuidado.

• BOYKIN, Anne; SCHOENHOFER, Savina. Nursing as solidaria: a model for transforming practice. New York: National League for Nursing. 1993.

• LUNARDI FILHO, Wilson Danilo. Refletindo acerca do saber da enfermagem como um saber científico. Texto Contexto Enferm1997 Set/Dez; 6(3):44-49.

• OGUISSO, Taka. Prefácio da segunda edição. In: Geovanini T, et al. História da Enfermagem: versões e interpretações. Rio de Janeiro: Revinter, 2002.

• WATSON, Jean et al. A Model of caring: an alternative health care model for nursing and research. Clinical and Scientific Sessions. Kansas City. American, 1979

• WATSON, Jean. Nursing: human science and human care: a Theory of nursing. New York: National league for Nursing press, 1988.

• WATSON, Jean. Watson’s theory of transpersonal caring. 1995. Trabalho não publicado.

• ZAGONEL, Ivete Palmira Sanson. Epistemologia do cuidado humano – arte e ciência da enfermagem abstraída das idéias de Watson. Texto Contexto Enferm. 1996 Jan/Jun; 5(1):64-81

• FERNANDES, Carlos Roberto; NASCIMENTO, Estelina Souto do. Historística: o campo dos fundamentos históricos da Ciência do Cuidado. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2005 Out-Dez; 14(4):520-7

• FERNANDES, Carlos Roberto. As Concepções de corpo na Enfermagem e o advento da Ciência do Cuidado. Anais do III Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde; 2005 Jul 09-13; Florianópolis, Brasil. Florianópolis: Abrasco; 2005. [CD-ROM]

• FERNANDES, Carlos Roberto. A Formação de um paradigma de pensamento histórico para estudo da arte e ciência do cuidado na América Latina. Anais do 2o. Colóquio Latino-Americano de História da Enfermagem; 2005 Set 12-15; Rio de Janeiro, Brasil. Rio de Janeiro: ABEn – Seção RJ; 2005. [CD-ROM]

• FERNANDES, Carlos Roberto. A Enfermagem superando a Enfermagem. Anais do 57o. Congresso Brasileiro de Enfermagem; 2005 Nov 3-7; Goiânia, Brasil. Goiânia: ABEn – Seção GO; 2005.

• FERNANDES, Carlos Roberto. Movimento nightingaleano para uma Ciência do Cuidado. Anais do 57o. Congresso Brasileiro de Enfermagem; 2005 Nov 3-7; Goiânia, Brasil. Goiânia: ABEn – Seção GO; 2005.

• A tentativa de sistematizar e desenvolver as afirmações destacadas, presentes nos estudos sobre cuidar e cuidado, é a proposição de constituir-se o campo epistêmico tradicionalmente declarado como Ciência do Cuidado.

• Por se referir a um campo epistêmico, defino Ciência do Cuidado em sentido geral como ciência da Arte de Cuidado e em sentido especial como ciência do sistema filosófico nursing, cujo objeto epistemológico são as trajetórias e memórias de corpo de pessoas e comunidades de pessoa.

• A concepção de corpo fundamento da Enfermagem,

discutida em seu alcance epistemológico, destaca a Enfermagem em sua condição de profissão, de prática social, de arte e de filosofia do corpo, com o corpo e para o corpo. Isto permite a definição do que é corpo para a Ciência do Cuidado e a sistematização dos conhecimentos de corpo, imanentes à prática de Enfermagem –particularmente nos campos hospitalar e de Saúde Pública.

• A concepção de corpo d@ enfermeir@ como instrumento de trabalho

é analisada em suas conseqüências minimizadoras dos fetiches de técnicas e de tecnologias como exclusivas e mais importantes mediadoras das ações cuidadoras; naquela concepção o corpo cuidador, em ação recíproca com o corpo cuidado, é a fonte, a mediação do saber e das terapias e terapêuticas do cuidado.

• A concepção histórica de corpo é a fundamentação para se abordar o corpo em termos de trajetórias e memórias das pessoas, famílias, grupos e comunidades: não existindo vida humana, pessoa humana sem corpo, a historiografia dessa vida dá-se, primeiramente, no corpo e se estende às “grandes objetividades do pensamento” e a tudo quanto se constrói no mundo histórico, incluindo-se os sistemas de organização interna e externa das sociedades; portanto, todas as realizações humanas são memórias de corpo.

A própria concepção histórica de corpo traduz uma nova concepção de corpo cuidador, assim caracterizado pelos terapeutas do cuidado pesquisados:

-corpo cuidador perceptivo, intuitivo, comunicativo, interativo, criativo de ações cuidadoras, energético, farmacêutico;

NOVA CONCEPÇÃO DE CORPO CUIDADOR

-corpo cuidador vivenciado, sentido, de encontro com o corpo cuidado, coexistente, presente, expressivo, todo linguagem;

-corpo de desejos mais que de necessidades;-corpo emotivo, de saúde, de cuidado, voltado

para a Educação de Cuidado;-corpo vivo, sensível, estético, que toca e é

tocado, significante, ecobionergético, intelectivo enquanto corpo;


-corpo histórico, sexuado, multifuncional e multigênero;-corpo indivisível (sem dualidades e sem dicotomias);-corpo dom e expressão de si mesmo;-corpo sem mediadores, fonte de tudo, criador de cuidado,

de intuição, de civilização e de cultura pela relação e correlação direta com outros corpos.

A nova concepção de corpo cuidador exige uma Nova Enfermagem (ou Enfermagem Pós-Moderna) e o fim da Enfermagem Moderna.


Nova concepção de corpo cuidador

Concepção histórica de corpo

Concepção de corpo da enfermeira como instrumento de trabalho

Concepção de corpo fundamento da Enfermagem

Concepção de corpo fundamento do cuidado

Concepção de corpo sintoma

Concepção de não corpo

Concepção de corpo no sistema nightingale

No Brasil, a partir de 1531

CORPO-FOBIA

CORPO-FAGIA

CORPO-CÍDIO

MEMÓRIASDE

NÃOCUIDADO

• Corpocídio, na Corpofagia, na Corpofobia– conceitos representativos de memórias de não cuidado (geradas por Violência Histórica) contra as expressões da Corpoestesia – conceito representativo de memórias de cuidado.

• Corpoestesia é fundamentalmente uma herança milenar indígena.

• O corpo indígena é um corpo de cuidado onde arte-estesia-ética-ciência-cosmos-sociedade-política-pedagogia-terra são unos: a Etnoestética, a Etnolingüística, a Antropologia Simbólica, a Antropologia Histórica, a Antropologia Dialética o têm demonstrado permanentemente este fato, ancestral e contemporâneo.

• Por ser uma civilização dominantemente matriarcal, o cotidiano indígena é de cuidado com a vida, cuidado com o corpo, cuidado com a morte, cuidado com a terra - considerada, com tudo o que existe, um desdobramento do próprio corpo do Deus verdadeiro e primeiro.

• Em resumo, estas concepções-síntese, presentes nas escrituras analisadas e passíveis de serem tidas por tipos epistêmicos, são a base com que componho a concepção histórica de corpo, advogando a sua taciticidade na ação e no saber constituintes da Ciência do Cuidado – também uma Ciência do Corpo. Essa taciticidade, no momento presente, estáreconhecida por outr@s pesquisador@s, conforme se registra em Figueiredo (2001), Figueiredo e Machado (2001), Ferreira e Almeida Filho (2001), Teixeira (2001), Santiago e colaboradores (2001).

FIGUEIREDO, Nébia Maria A. de. Uma Perspectiva do cuidar em Enfermagem considerando a Estética, Ecosofia e Autopoiese. In: SANTOS, Iraci dos et al. Enfermagem Fundamental: realidade, questões, soluções. Série Atualização em Enfermagem – Volume 1. São Paulo: Atheneu. 2001; ps.179-189FIGUEIREDO, Nébia Maria A. de; MACHADO, William César Alves. Ecosofia e Autopoiese no cuidado com o corpo. In: SANTOS, Iraci dos et al. Enfermagem Fundamental: realidade, questões, soluções. Série Atualização em Enfermagem – Volume 1. São Paulo: Atheneu. 2001; ps.191-210

FERREIRA, Márcia de Assunção; ALMEIDA FILHO, Antônio José de. Fundamentos sobre o corpo no cuidado. In: SANTOS, Iraci dos et al. Enfermagem Fundamental: realidade, questões, soluções. Série Atualização em Enfermagem – Volume 1. São Paulo: Atheneu. 2001; ps.211-220

TEIXEIRA, Enéas Rangel. Estética e Subjetividade no cuidado com o corpo. In: SANTOS, Iraci dos et al. Enfermagem Fundamental: realidade, questões, soluções. Série Atualização em Enfermagem – Volume 1. São Paulo: Atheneu. 2001; ps.221-226

SANTIAGO, Luis Carlos; SILVA, Ana Lúcia Alves Carvalho e; TONINI, Teresa. Semiologia: teoria e tecnologias do/no cuidado com o corpo. In: SANTOS, Iraci dos et al. Enfermagem Fundamental: realidade, questões, soluções. Série Atualização em Enfermagem – Volume 1. São Paulo: Atheneu. 2001; ps.227-244

Eis minhas proposições, após uma revisão crítica dos

saberes produzidos em livro sobre Enfermagem e Cuidado

- o substantivo nursing será a priori sinonimizado, em sentido geral, à expressão Ciência do Cuidado e em sentido estrito ao substantivo cuidado, referindo-se sempre ao pensamento nightingaleano no Sistema Filosófico Nursing;

-o verbo to nurse significará, a priori: em sentido estrito, cuidar; em sentido geral confortar, nutrir, educar, cultivar, formar;

-a forma verbal de gerúndio nursing significaráconfortando, nutrindo, educando, cultivando, formando, cuidando.

• Sem determinar esses a priori corre-se o risco de perpetuar um explicativo círculo vicioso referente aos termos nutrir, cuidar, confortar, ajudar, assistir, auxiliar, indo e voltando dos esclarecimentos etimológicos às concepções leigas sobre cada um desses verbos tradutores de diversas e não redutivas vivências e experiências das pessoas.

A partir dos a priori explicitados, minha proposição conceitual é:

-Cuidado é estrutura, fundamento e conceito epistemológico, consolidador de um modo exclusivo de apreender, de atuar (sobre) e de se relacionar (com) o mundo das coisas e das pessoas; um modo diverso daquele constituído pelos conceitos de trabalho, meios de produção e forças produtivas.

-CUIDADO É O MOTOR DO DESENVOLVIMENTO SÓCIOCULTURAL.

-ANTERIOR, INCLUSOR E ULTRAPASSANTE AO MUNDO DO TRABALHO, O MUNDO DO CUIDADO É A BASE E A PLATAFORMA TRANSFORMADORA DO MUNDO HISTÓRICO.

-SEM CUIDADO, TODO TIPO DE TRABALHO ÉEXPROPRIAÇÃO, EXPATRIAÇÃO E EXTRATIVISMO.

Pelo sentido estrito de Cuidado, proponho a Semiótica do Cuidado, cujo esquema operativo é o seguinte:

• CUIDADO é antes do logos, antes da fala, antes da etnia, antes da saúde, antes da doença; éoutro mapa cognitivo, afetivo, político, social, econômico, histórico, outro conceito e outro paradigma de desenvolvimento e de civilização.

FERNANDES, Carlos Roberto. Violência Moral na Enfermagem. Goiânia: AB. 2007; ps. 56-7

5a. Fase histórico-avaliativa: Avaliação de Cuidado (ACD)

5a. Fase: Avaliação de Enfermagem (AE)

4a. Fase histórico-implementativa: Implementação de Cuidado (ICD)

4a. Fase: Implementação de Enfermagem (IE)

3a. Fase histórico-planejativa: Planejamento de Cuidado (PCD)

3a. Fase: Planejamento de Enfermagem (PL)

2a. Fase histórico-diagnóstica: Diagnóstico de Cuidado (DCD)a) Diagnósticos de Cuidadob) Problemas Colaborativos

2a. Fase: Diagnóstico de Enfermagem (DE)a) Diagnóstico de Enfermagemb) Problemas Colaborativos

1a. Fase histórico-investigativa: Histórico de Cuidado de Enfermagem (HCE)

subfase A: História de Cuidado (HCU)A.1 -Corpocepção (CPP)) A.2 -Corpodialogia (CDI)A.3 -Corpografia(CPG)subfase B histórico-analítica: Análise da História de

Cuidado (AHC)

1a. Fase: Histórico de Enfermagem (HE)subfase A: História de Saúde

-Observação de Enfermagem (OE)-Entrevista de Enfermagem (EE)- Exame Físico de Enfermagem (EFE)

subfase B: Análise de dados

Processo de Cuidado de Enfermagem (PCE)

Processo de Enfermagem (PE)

• Os métodos CPP, CDI e CPG para desenvolvimento da subfase A da primeira fase do PCE têm sido propostos pelas teoristas norte-americanas de Enfermagem com diferentes nomes e concepções, compatíveis ou incompatíveis com as tradicionais proposições teórico-metodológicas do PE.

• Na subfase A, História de Cuidado, e no modo de operacionalizá-la com os submétodos da Corpocepção (CPP), da Corpodialogia (CDI) e da Corpografia(CPG), é necessário compor técnicas e desenvolver tecnologias para cada um daqueles métodos - ainda que os mesmos sejam interconexos, separados apenas para fins didáticos e formando juntos o Método Corpoanálise.

• A CPP, a CDI e a CPG compõem o método Corpoanálise a ser utilizado no processo saúde-doença-cuidado.

• Corpoanálise é método de análise hermenêutica do corpo, cujos movimentos se formam e se desenvolvem pelos submétodos interconexos de corpocepção, corpodialogia e corpografia; não se trata da visão reduzida de possíveis três submétodos de coleta de dados, mas três submétodos de paginação e compaginação de memórias, memórias de vida ou memórias de corpo.

Subfase 1Corpocepção

Subfase 2Corpodialogia

Subfase 3Corpografia

Análise da História de Cuidado

Fase histórico-analítica

Fase histórico-investigativa

Fase histórico-diagnóstica

Fase histórico-planejativa

Fase histórico-implementativa

Fase histórico-avaliativa

MÉTODO CORPOANÁLISE

CORPOCEPÇÃO

• Uma semiótica da corpocepção deveria conduzir-nos ao aprendizado de ouvir-nos, interpretar, compreender e comunicar o que se passa em nossos próprios corpos. E isto até o limite desejável de sermos capazes de desenvolver o autocuidado: ainda somos quase inteiramente incompetentes para tal capacidade.

CORPOCEPÇÃO

• Considerare e contemplari são as competências por mim distinguidas para alcançarmos, talvez, a capacidade corpocepção – em relação a nós e aos outros: contemplari significa olhar atentamente para e considerare é examinar com cuidado e respeito. Estas duas atitudes compõem a base do que denomino de atitudes de cuidado: algo além do que até hoje échamado de Observação de Enfermagem.

CORPOCEPÇÃO

CONTEMPLARI CONSIDERARE CORPOCEPÇÃO=

• O examinar do considerare é atitude de cuidado e de respeito (respicere): não é exame de segmentos, de partes, de uma concepção de análise de fragmentos.

• A análise do considerare é atitude de compaginação e não de fragmentação: o prefixo –an significa não e lise é quebra, ou seja, análise é não despedaçar, não retaliar.

• respicere significa olhar atentamente, ou seja, olhar além da superfície, um olhar de profundidade, não aparente.

Cuidado

• deriva do latim cură, curăe, significando: diligência, aplicação; administração, direção, governo, mundo; incumbência, ofício, emprego; curadoria; tratamento, cura; obra literária; escrito, livro; guarda, vigia, vigiador, guardador, intendente, superintendente, administrador, mordomo; as palavras latinas curatio, curationes, derivadas de curare, da língua Tupi-Guarani, também significam cuidado; curatio corporis significa cuidados do corpo (QUICHERAT, s/d).

• QUICHERAT, l. (Org.). Novíssimo dicionário Latino-Portuguez. 5. ed. Rio de Janeiro/Paris: H.Garnier, Livreiro-Editor. s/d.

Cuidado• Houaiss (2001, p.885) registra cogitătus como origem etimológica

latina de cuidado, significando “meditado, pensado, refletido, particípio passado de cogitare”.

• Se entendermos que a etimologia não é invenção particular e conceptual do etimologista, mas expressa o registro histórico das expressões mais essenciais e necessárias para um povo, procedentes das vivências e das experiências desse povo na constituição da sua língua, verificamos que os povos latino-americanos vivenciaram a experiência de cura através do cuidado; ou seja, a sua concepção era de que a cura procedia do cuidado.

• HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva. 2001.

• O olhar atentamente do contemplari também envolve adoculare, ou seja, ver. Ver é mais que olhar: diráMerleau-Ponty, olhar é residir no que se vê.[i]

• O ver do contemplari é uma atitude estética, sensível, de absoluta intimidade com o que se olha: uma atitude de penetração, de envolvimento.

• O ver do contemplari é videre, ou seja, compreender.

Todas estas atitudes de cuidado estão no campo da Hermenêutica.

[i]MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da Percepção. São Paulo: Martins Fontes. 1999

• A experiência de cuidado mais palpável do que sejam aquelas atitudes de cuidado é encontrada em Florence Nightingale: fundada no considerare e no contemplari, sua ação de cuidado com os soldados ingleses na guerra da Criméia reduziu quase a zero a mortalidade dos mesmos. E isto sem nenhum dos sofisticados instrumentos técnico-diagnósticos da atualidade que, apesar da sofisticação, pouco ou nada efetivamente resolvem em termos de morbidade e mortalidade.

• Uma simples e curiosa ação de contemplari, inteiramente não percebida por ninguém, formou a base diagnóstica de Florence Nightingale: a maioria dos soldados ingleses não morriam por causa dos seus ferimentos; contrariamente, a mortalidade tinha por causa o transporte (o trajeto) dos soldados para o hospital militar de Scutari e as condições arquitetônicas do mesmo.

• Esgotos abertos e precárias ou ausentes condições de higiene, de água potável, de ar puro, de alimentação saudável eram as causas evitáveis dos óbitos:[i:158] modificando tais situações ecossanitárias Miss Nightingale e suas colaboradoras reduziram os óbitos de 48 para 2 por cento!

[i]McEWEN, Melanie; WILLS, Evelyn M. Bases teóricas para Enfermagem. 2. ed. Porto Alegre; Artmed. 2009

• A ação de cuidado de Miss Nightingale éecossanitária, de modificação de ambientes, de contextos e de espaços humanos, um pensamento e uma ação de Promoção do Cuidado e do Autocuidado, antecedente, inclusora e ultrapassante da Promoção da Saúde: é o que hoje se denomina de ambientes saudáveis criados ou mantidos para um desenvolvimento sustentável.

• A capacidade para a formação e o desenvolvimento da Corpocepção envolve autoconhecimento (autognose), experiência da vida, experiência adquirida da vida, experiência geral da vida, experiência profissional e ambiente de cuidado:

• -Autognose ou autoconhecimento éexpressão de consciência histórica: não énenhum tipo de introspecção psicológica pois o indivíduo é uma abstração, subjetividade é historicidade. Isso não significa destruição da individualidade mas (re)conhecimento da formação da pessoa histórica;

• Consciência histórica é conhecimento das“grandes objetividades engendradas pelo processo histórico, dos nexos finais da cultura, das nações, da humanidade mesma, da formação em que se desenvolve a vida, segundo uma lei interna [; aquelas grandes objetividades e nexos finais] atuam como forças orgânicas, de onde surge a história das lutas de poder dos estados.”[i:11]

[i]DILTHEY, Wilhem Guillermo. Introducción a las ciencias del espiritu. 2. ed. México: Fondo de Cultura Económica. 1949.

-Experiência da vida (Vivência) éinterconexão de todos os processos pelos quais vivenciamos os valores da vida e das coisas;

-Experiência adquirida da vida é a experiência vivida, o patrimônio pessoal formado e desenvolvido na trajetória de vida da pessoa pela coexistência e ação recíproca com todas as demais unidades de vida (unidades de cuidado) da realidade histórico-socio-humana;

-Experiência geral da vida é síntese de princípios formados por círculos de pessoas relacionadas entre si e comuns a todas elas. Na experiência geral da vida criam-se afirmações sobre a trajetória da vida, juízos de valor, regras de conduta, determinações de fins e de bens; referem-se às vidas indecompostas dos indivíduos e das comunidades.

• Acredito que a interconexão de todas as experiências, incluindo-se a autognosehistórica, fornece a estrutura histórico-vital para a Corpocepção. E é por isso que corpocepção é fundamentalmente ato histórico de conhecer compreender entender esclarecer memórias de corpo, expressas na totalidade do corpo que sou e do corpo que a outra pessoa também é.

• Fazer silêncio: identificar, discriminar e isolar ruídos inúteis, excessivos, confusos; ouvir e entender o que está sendo visto e dito; entender o que se ouve é ouvir a expressividade, a emotividade, a contextualidade histórica do que é visto e ouvido; tornar-se acessível às expressões significantes do que é visto e dito: não isolar-se intelectiva, afetiva e emocionalmente do que é visto e dito; prestar atenção: além de enxergar, ver, não se desaperceber; pensar: raciocinar com a emoção e emocionar-se com a razão; ver e ouvir a expressividade emocional do corpo que fala por gestos, por cheiros, por tipos de respirações, por modos comportamentais, por tonalidades e sons, por gemidos e sorrisos, por marcas impressas na pele, por silêncios e por verbalizações; refletir sobre o que é visto e dito: voltar atrás, rever, reviver, atualizar o que é visto e dito. Todos esses atos são exercícios para contemplari e considerare (corpocepção) memórias de corpo.

CORPODIALOGIA

• Experiência humana da linguagem e linguagem humana da experiência é fundamento da Hermenêutica e, portanto, da corpodialogia.

• Linguagem verbal, não verbal, sempre corpórea.• A corpodialogia é a ampliação e a

profundização dos estudos sobre diálogo vivo, criativo, intersubjetivo da Nursologia de Josephine E. Paterson e Loretta T. Zderad; de igual modo, identifica-se com os estudos de Ymiracy Polak sobre corporeidade e intercorporeidade d@ terapeuta do cuidado.

CORPODIALOGIA

• Entrevista é algo entre duas visões; e no processo de cuidado o que se dá é algo com vistas, é algo dialógico que não abdica nem desqualifica os conceitos básicos da Estética, quais sejam, o de expressividade, o de sensibilidade, o de intuição, o de afetividade o de subjetividade e o de criatividade – todos eles fundadores também da corpocepção. Conseqüentemente, não éentrevista ou é muito mais que isso. Diálogo Terapêutico? Conversação Terapêutica? Comunicação Terapêutica? Talvez seja tudo isso, formado e mediado no corpo e pelo corpo e, portanto, ao invés da técnica de Entrevista, proponho o submétodo Corpodialogia para o segundo passo de desenvolvimento da subfase História de Cuidado.

CORPODIALOGIA

• Corpodialogia é diálogo corporal vivo, arte de conversar e acolher com entendimento o que essa conversa estáesclarecendo.

• Conversar é versar com.• Versar, do latim versare, significa voltar, revirar, volver,

manejar, examinar, compulsar, praticar, exercitar, estudar, considerar.

• A corpodialogia tem esse sentido de versar com.• O prefixo de origem grega diá significa movimento

através de; o sufixo nominal ia significa profissão, titulatura, lugar de exercício de atividade, noção coletiva. Ou seja, dialogia é versar com através da palavra falada; é, pois, um processo criativo, de parturição com-junta, lembrando ou atualizando a dialética socrática.

CORPODIALOGIA

• Por outro lado, a palavra dialogia também pode ser a composição de dia + logia, onde logos é mais que verbo, palavra, discurso; Logos é esclarecimento do pensamento através da palavra falada.

• Toda palavra e todo pensamento são palavra e pensamento históricos, tanto com referência ao filogenético mecanismo anatomo-fisiológico quanto com referência à ontológica experiência histórica da vida de todas as pessoas e comunidades expressa em palavra falada e em todos os processos cognitivos.

• À densidade histórica da corpodialogia ou arte hermenêutica da linguagem do corpo supera as práticas de entrevista, aos seus tipos e técnicas.

CORPODIALOGIA

• Vale destacar o paradigma da Pedagogia de Paulo Freire, caracterizado ou reinventado por Romão (2002) como Pedagogia Dialógica, relacional e processual capaz de formar e desenvolver pessoas, cidades e nações pedagógicas; com a Dialogia, a pretensão éformar e desenvolver pessoas, cidades e nações cuidadoras, onde cuidado (e não mercado) é o modo organizativo da vida histórica – uma vida eminentemente pedagógica. Nesse sentido, o submétodo Corpodialogiaé pedagógico, ativo, significativo, anunciante e reconhecedor de que a fundação da condição humana écorpórea, corpopsíquica porque a mente é do corpo, está no corpo.

CORPODIALOGIA

• “Uma conversa genuína não é uma batalha mas um intercâmbio, uma permuta. [...] A verdadeira conversação não ‘diverte’. Requer concentração, uma mobilização de nossos poderes e energias, não a sua dispersão. [...] se duas pessoas conversam e ambas continuam sendo as mesmas pessoas que eram antes, então elas realmente não falaram uma com a outra.” Eis o fundamento da corpodialogia.

FROMM, Erich. Do Amor à vida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 1986; ps. 91,93,101

CORPODIALOGIA

ADOCULARE RESPICERE

VERSARE CORPODIALOGIA

CORPOGRAFIA

EXAMINARE RESPICERE CORPOGRAFIA

CORPOGRAFIA

• No submétodo Corpografia somente os Padrões de Reação Humana serão utilizados como roteiro hermenêutico para conhecer memórias de corpo, incluindo nelas as expressões e impressões de não cuidado: corpografia substitui as expressões exame clínico, exame físico, exame físico de enfermagem.

Os Padrões de Reação ou Resposta Humana, conhecidos como Padrões NANDA; nomeio-os de Padrões Corpográficos:

• Padrão Trocar (PTR1 ou PT);• Padrão Comunicar (PCO2 ou PC);• Padrão Relacionar (PRE3 ou PR);• Padrão Valorizar (PVA4 ou PV);• Padrão Escolher (PES5 ou PE);• Padrão Mover (PMO6 ou PM);• Padrão Perceber (PPE7 ou PP);• Padrão Conhecer (PCN8 ou PCo);• Padrão Sentir (PSE9 ou PS);• Padrão Aperceber (PAP10).

Trocar é intercambiar, dar e receber, permutar, substituir,

agir com reciprocidade

1Troca cardíaca

2Troca cerebral

3Troca periférica

4Troca tegumentar

5Troca oxigênica

6Troca para regulagem do corpo

7Troca nutricional

8Troca pelas eliminações

Comunicar é expressar, transmitir, esclarecer, propagar,

apresentar, expressar-se com e expressar-se para

1Avaliação da capacidade de leitura,

escrita, uso da língua e da linguagem

2Formas diversas de comunicação

Relacionar é estabelecer nexos, vínculos, elos, conexões

RELACIONAR

1Modo e constituição das relações afetivas, profissionais,

econômicas, conjugais

2Sociabilidade

Valorizar é ato de qualificar, tornar algo signicativo segundo critérios

pessoais internos ou vivência significativa

VALORIZAR

Dar sentido, significação.

Preferências, práticas, preocupações e

orientação religiosa, espiritual, cultural.

ESCOLHERCapacidade de enfrentamento de situações e condições

Participação em cuidados, regimes, tratamentos terapêuticosCapacidade de Julgamento e de Tomada de decisões

Escolher é selecionar, optar, preferir

Movimentar é mover, ativar, animar

MOVIMENTAR

1Atividades

2Repouso

3Recreação

4Cuidado com o ambiente doméstico

5Práticas de controle e segurança da saúde

6Autocuidado

PERCEBERAutoconceito

Capacidade de verbalizar estados emocionaisPercepção sensorial = sensopercepção

Perceber é função corpopsíquica racional dos sentidos humanos ampliados, incluindo a intuição que é percepção sensória, dar-se conta interna e externamente de, prestar atenção, enfatizar algo, considerare; processos perceptivos são estruturas interconexas totalizantes para as quais estão entrelaçados processos de representação, dos conceitos, dos juízos, do raciocínio, da memória, da atenção, da orientação, da consciência.

Conhecer, do latim cognoscěre, é processo de apreender, captar, aprender a conhecer, procurar saber, tomar conhecimento de,

reconhecer, ver

• Conhecimento dos problemas atuais de saúde• Conhecimento do histórico de saúde e de

agravos à saúde• Conhecimento de uso de fármacos atuais• Conhecimento de fatores de risco para agravos

à saúde• Conhecimento de doença• Orientação quanto a pessoas, locais, datas• Conhecimento mnêmico

• Sentir é função corpopsíquica racional de valor, formadora de juízos de valor segundo critérios pessoais internos.

SENTIRSensopercepções de dor e desconforto

Estado emocional; juízos valorativos daquelas sensopercepções e estado emocional

Aperceber é subceder, referente à sensação, à cenestesia ou sensações internas mediante mecanismos neuroquimiofisiológicos

provocados por estímulos externos.

• Aperceber é subceder, referente à sensação, à cenestesiaou sensações internas mediante mecanismos neuroquimiofisiológicos provocados por estímulos externos.

• Subcepção é discriminação de estímulos, de excitantes e a sua significação para a pessoa, sem simbolização ou representação na consciência: fato experimental descoberto e comprovado por Robert A. McClery e Richard S. Lazarus (1949) pelo qual a pessoa faz discriminações em níveis neurológicos inferiores aos requeridos para simbolização ou representação consciente.

CORPOCEPÃO=CORPODIALOGIA=CORPOGRAFIA

• Atitudes de Cuidado fundadas em:

-CONSCIÊNCIA HISTÓRICA-RAZÃO HISTÓRICA-MEMÓRIA HISTÓRICA-CRÍTICA DA RAZÃO HISTÓRICA

• Consciência histórica é conhecimento das“grandes objetividades engendradas pelo processo histórico, dos nexos finais da cultura, das nações, da humanidade mesma, da formação em que se desenvolve a vida, segundo uma lei interna [; aquelas grandes objetividades e nexos finais] atuam como forças orgânicas, de onde surge a história das lutas de poder dos estados.”

• O conceito diltheyano de razão histórica diz que o eu, a inteligência, o pensamento, a individualidade, junto a todas as faculdades ou processos mentais, são formações históricas.

• “O homem individual, como ser isolado, é mera abstração. O parentesco de sangue, a convivência local, a cooperação no trabalho, na competência e no esforço comum, as múltiplas conexões que se produzem da prosecução comum dos fins, as relações de poder no mando e a obediência, fazem do indivíduo membro da sociedade. Como esta sociedade se compõe de indivíduos estruturados, nela operam também as mesmas regularidades estruturais. A teleologia subjetiva e imanente dos indivíduos se manifesta na história como desenvolvimento. As regularidades psico-individuaistransformam-se em regularidades da vida social.”[i:35]

[i]DILTHEY, Wilhelm Guillermo. Teoria de la concepción del mundo. México: Fondo de Cultura Económica. 1954.

MEMÓRIA HISTÓRICA

• Compaginação de todas as vivências, experiências de vida, experiências adquiridas de vida, experiências gerais da vida.

• Memória histórica (donde procede o meu conceito de memórias do corpo) é historiografia corpórea das trajetórias de vida. Não é conceito psicológico ou neuropsicológico, mas histórico (o sistema nervoso, central e periférico, expressa a memória histórica; ele faz Historismo de todas aquelas compaginações).

• Memória histórica é formação do mar empírico da história em seu tecido emaranhado de história.

• Mar da empiria é a própria História; Vivências-experiências de vida-experiências adquiridas de vida-experiências gerais da vida são o tecido emaranhado de história. Fazer Historiografia e compreender-entender-esclarecer este tecido emaranhado de história.

• o movimento da História é de corso e ricorso, de sequência e recorrência, de fluxo e refluxo: é o que, entendendo a vida histórica das nações, conclui Giambattista Vico (1668-1744) em sua Ciência Nova.

• Não se trata de ciclo, espiral, escada, círculo nem de níveis, dimensões, patamares ou camadas mas de tecido emaranhado, uma teia, uma rede de vivências e revivências históricas: é o que, compreendendo a vida por ela mesma, uma vivência e não um pensamento, conclui Guillermo Dilthey.

• A sequência e a recorrência viconianas correspondem, respectivamente, à compreensão diltheyana da lei de desenvolvimento, ou seja, aperfeiçoamento e diferenciação e da revivência histórica. Essa revivência histórica é o alfa e o ômega da racionalidade hermenêutica e não significa viver de novo o acontecido: "reviver é criar na linha do acontecer".[i]

[i]DILTHEY, Wilhelm Guillermo. Crítica de la razón histórica. Barcelona: Península. 1986; p. 280

• crítica da razão histórica é consciência histórica quando tem por referência analítico-descritiva as expressões da vivência, também nomeadas por Guillermo Dilthey de manifestações ou concretizações da vida, espírito objetivo; é autognose histórica quando tem por referência analítico-descritiva a própria consciência histórica.

• Crítica da razão histórica, ao superar a razão metafísica de Aristóteles à Kant, se define como capacidade do homem e da mulher se (re)conhecerem históricos e de (re)conhecerem que a história e a sociedade são suas formações.

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