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RESUMO DO CAPÍTULO IV- CATEGORIAS DA DESCRIÇÃO GRAMATICAL.

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IV- CATEGORIAS DA DESCRIO GRAMATICAL1.FRASE E ORAOFRASE: unidade lingustica (com ou sem verbo) por meio da qual o falante transmite suas ideia.Um conceito chave em toda a anlise gramatical o de unidade. Fonemas, slabas, vocbulos, estrofes, pargrafos, captulos so unidades de diferentes planos, nveis, tipos. O texto , portanto, uma entidade pertencente ao domnio do ato verbal de comunicao, isto , do discurso. Nesse domnio, portanto, situa-se a frase, que o menor texto possvel.

ORAO: frase ou parte de frase que apresenta verbo (ou locuo verbal).Enquanto representao analtica de um contedo, a orao articula as funes sujeito e predicado, e, no predicado, o processo verbal e a poca de sua ocorrncia relativamente ao momento da enunciao- tomado como polo do universo narrado.

HIERARQUIA GRAMATICALA estrutura gramatical do portugus comporta vrios nveis. O morfema a menor unidade dessa estrutura; e o perodo, a maior. Acima do nvel dos morfemas acha-se o dos vocbulos; acima deste, o dos sintagmas, a que se superpe o das oraes. Esquematicamente temos:PERODOORAO SINTAGMAVOCBULOMORFEMAE exemplificandoNvel do perodo..............os meninos brincavam com uma pazinhaNvel de orao................os meninos brincavam com uma pazinhaNvel dos sintagmas..............os meninos / brincavam com uma pazinhaNvel dos vocbulos..................os / meninos / brincavam com uma pazinhaNvel dos morfemas..............o/s /menin/o/s/ meninos brinc/a/va/m com/ um/a/ pa/zinh/aProvisoriamente, diremos que a anlise gramatical consiste em identificar essas unidades e as regras que permitem combin-las entre si cada nvel. Tradicionalmente, os compndios gramaticais tm-se referido aos nveis da orao e do perodo, recobertos pela sintaxe, e aos nveis do morfema e do vocbulo, recobertos pela morfologia. Manteremos esta distino, por considera-la adequada descrio da gramtica do portugus. O nico problema est em no se ter explicitado um outro nvel- o dos sintagmas- que medeia entre os vocbulos e a orao. Com efeito, os vocbulos no se unem para formar a orao do mesmo modo que os gomos se unem para formar uma laranja. Os vocbulos no formam a orao seno indiretamente. Eles se associam em grupos, os sintagmas, que so os verdadeiros constituintes da orao. Vamos ilustrar essa afirmao tomando para exemplo o seguinte perodo:12- O prisioneiro desatou o n das cordas com os dentesProporemos inicialmente a segmentao desse perodo nos seguintes sintagmas: o prisioneiro, desatou o n das cordas, e com os dentes. Poderamos nos perguntar por que os sintagmas so estas e no outras sequncias, como:1- o prisioneiro desatou, e o n das cordas com os dentes; 2- o prisioneiro, desatou o n e das cordas com os dentes;3- o prisioneiro e desatou o n das cordas com os dentesNesta questo possvel dizer que as unidades gramaticais se definem por meio de certas peculiaridades distribucionais, como posio e mobilidade. Por exemplo, possvel deslocar para a primeira posio do perodo toda a sequncia com os dentes.12b-Com os dentes, o prisioneiro desatou o n das cordasOutro procedimento a substituio da sequncia por uma unidade simples. Observemos:13- Mandaram amarrar o prisioneiro e apertar bem o n das cordas, mas ele (= o prisioneiro) desatou-o (= o n das cordas) com os dentes.Sequncias que se deixam substituir por unidades simples no interior das oraes tambm so sintagmas.Um terceiro e aqui ltimo procedimento a ser citado a interposio de um e. Normalmente, a presena de um e indica a unio de duas unidades pertencentes ao mesmo nvel. Isto se passa em unio de duas unidades pertencentes ao mesmo nvel. Isto se passa em:14- O prisioneiro e seu amigo desataram o n das cordas com os dentes15- O prisioneiro desatou o n das cordas com os dentes e fugiuFugiu uma unidade funcionalmente (e distribucionalmente) equivalente outra a que se une por meio do e, podendo, por isso, substitu-la, como em:16- O prisioneiro fugiuO e inserido em 15 no est, por conseguinte, ligando o verbo desatou forma fugiu ao substantivo dentes, que a precede; o e est unindo sintaticamente toda sequncia desatou o n das cordas com os dentes forma capaz de substitu-la, fugiu. Isto constitui prova suficiente de que toda sequncia opera como uma unidade funcional, da mesma sorte que a unidade simples fugiu.Convm deixar bem claro que nem sempre o sintagma resulta da unio de vocbulos, assim como o vocbulo nem sempre resulta da unio de morfemas. A diferena entre uns e outros , portanto, de nvel e no de tamanho ou complexidade interna.S para recordar:O perodo a maior unidade da estrutura gramatical, e o lxico o conjunto das palavras (no sentido de lexemas) de uma lngua, geralmente listadas no dicionrio, este por sua vez fornece os elementos com que se estruturam os sintagmas.

AS CLASSES DE PALAVRASTradicionalmente, as classes de palavras tm sido definidas segundo suas propriedades semnticas, sintticas e morfolgicas.Uma distino bsica permite distribuir as palavras de uma lngua em dois grupos: o das palavras nocionais e o dos instrumentos gramaticais. Exemplificando:Se combinarmos na ordem que se segue os vocbulos: peixe, comer, inseto, cair, lagoa, notamos que dela se pode extrair algum sentido, por mais que no se trate de uma frase do portugus; para convert-la numa frase, teramos que acrescentar unidades que lhe conferissem um arranjo aceitvel. Observe:Esses peixes comem os insetos que caem na lagoaEsta nova sequncia est gramaticalmente bem estruturada, o que se deve, em parte, presena de : esses, que, os, na (em+a). Pelo seu papel estruturador, esses vocbulos se dizem gramaticais, ao passo que os primeiros- que representam seres e aes, isto , dados do universo extraverbal, reais ou imaginrios- se dizem nocionais. Sem muita exigncia, e revelando a impropriedade de opor nocional a gramatical (tambm a gramtica exprime noes).

AS CLASSES FUNDAMENTAIS Mattoso Cmara formulou uma classificao baseada em dois critrios, um misto e outro simples, que didaticamente satisfatria (CAMARA, 1976). Para ele, as palavras do portugus se agrupam, primeiro, consoante um critrio morfo-semntico, em quatro classes: nome, verbo, pronome e conectivo. As trs primeiras classes so constitudas basicamente de palavras variveis, a ltima de palavras invariveis.O verbo distingue-se no grupo, nessa primeira diviso, pelo paradigma flexional em que se enquadra (apresenta variao modo-temporal e nmero-pessoal).O nome e o pronome, por sua vez, so variveis em nmero e gnero, exprimveis numa e noutra classe pelo mesmo mecanismo flexional. A distino entre eles repousa, de um lado, na natureza da significao, e de outro, em certas propriedades morfo-sintticas exclusivas do pronome (formas distintas para diferentes pessoas e funes).Quanto aos conectivos, h, segundo Mattoso, os que ligam palavras (preposies) e os que ligam oraes (conjunes). Assim em casa de tijolos, de uma preposio, cabendo, porm, a enquanto o papel de conjuno em ela ria enquanto voc chorava.

O ARTIGOUma anlise mais detida do que as gramticas escolares chamam artigo revela que as unidades arroladas sob essa rubrica constituem subclasses dos pronomes demonstrativos e indefinidos. Os artigos definidos (o/ a/ os/ as) perderam certas tipicidades sintticas dos pronomes demonstrativos propriamente ditos, mas guardam o valor ditico e o papel anafrico de sua origem histrica. Eunice Pontes (PONTES, 1978), investigando a distribuio dos determinantes em portugus, chegou a afirmar que no encontrou evidncia sinttica que a levasse a considerar o artigo definido uma subclasse distinta dos demonstrativos. Este era tambm o pensamento de Vendryes (Vendryes, 1943, p.157) em relao ao francs, e de Jespersen (Jespersen, 1975, p. 85) relativamente ao ingls.H quem tenha chegado concluso de que o artigo mais um morfema-vocbulo do que um vocbulo pertencente a uma classe determinada (SCHENEIDER, 1974, pp. 65-77), argumentando que o artigo serve apenas para indicar o gnero dos substantivos, funo que tambm desempenha o sufixo flexional em: Autor+ /Autor+A. Esse argumento inconsistente porque perde de vista que a noo de vocbulo est ligada a certas caractersticas distribucionais, que no faltam ao artigo (pode-se separ-lo do substantivo pela intercalao de um pronome ou de um adjetivo: o menino/ o outro menino/ o irrequieto menino). Alm disso, do mesmo modo que a indica feminino em a criana, eu indica primeira pessoa em quero. Seria ento eu um morfema vocbulo? E o que quer dizer morfema-vocbulo? Morfema e vocbulo so unidades de diferentes nveis na estrutura gramatical, no importa o tamanho que tenham nem o que signifiquem.

NUMERAISOs numerais, como os nomes, ora so adjuntos, ora so ncleos do sintagma nominal. Semanticamente so qualificadores definidos, por oposio a todo, muito, vrios, menos, etc., que so qualificadores indefinidos.

A TRANSPOSIOOs elementos (vocbulos e afixos) que materializam a transposio recebem o nome de transpositores. So transpositores, portanto, os subordinantes (preposio, conjunes e nominalizadores), os pronomes relativos, os advrbios e prnomes indefinidos interrogativos que introduzem SNs constitudos de orao, o verbo SER introdutor de predicado, o verbo ter/haver seguido de particpio, os afixos -ndo (gerndio), -do (particpio) e r (infinitivo) e certos determinantes que servem para substantivar expresses no nominais.A transposio , portanto, um processo sintagmtico de formao de sintagmas ou constituintes de distribuio distinta das entidades a partir das quais se formam. A transposio um meio de revelar relaes associativas sistemticas que o locutor/ receptor capaz de estabelecer entre as unidades da lngua.

A ORAOA orao a unidade gramatical cujo eixo o verbo. Perodo a unidade gramatical constituda de pelo menos uma orao e que pode funcionar como frase. O conceito de perodo coincide, neste caso, com o de orao, mas dele se distingue quando duas ou mais oraes se ligam coordenativamente.A orao que serve de base a um perodo pode, por sua vez, receber modificadores que, neste caso, so constituintes dessa orao ou do prprio perodo. Nos exemplos abaixo, todos os modificadores esto contidos direta ou indiretamente na orao:* Ele entrou na sala correndo (sujeito= ele; predicado= entrou na sala correndo; modificadores= na sala, correndo).* A menina comeu muito depressa a ma verde tirada ontem (sujeito=a menina; predicado= comeu muito depressa a ma verde tirada ontem; modificadores= muito depressa, verde, tirada, ontem; objeto= a ma verde tirada ontem).

PREDICADORESO nico constituinte indispensvel existncia de uma orao o predicado, em cuja estrutura se combinam um componente lexical e um componente gramatical, que, podendo reunir as categorias de tempo, modo, aspecto, nmero e pessoa, realiza a funo predicativa. O componente lexical do predicado o predicador. Reserva-se ento o nome de verbo predicador quele que rene na mesma forma concreta os componentes lexical e gramatical. Os verbos predicadores podem ser transitivos ou intransitivos. Vejamos alguns exemplos. Entre colchetes vm indicados o componente lexical, em maiscula, e o componente gramatical.* O pssaro voa [VOAR+pres./ind./3p./sg.]* Estas caixas contm fsforos [CONTER+pres./ind./3p./pl.]Podem, porm, os componentes lexical e gramatical vir separados na estrutura do predicado. Isto ocorre quando o componente gramatical no , ele prprio, um verbo predicador, isto , uma unidade capaz de se flexionar naquelas categorias. O componente gramatical vem ento expresso num verbo puro, chamado verbo transpositor:*O pssaro preto (= verbo transpositor; preto= predicador)*A festa ser amanh (ser= verbo transpositor; amanh= predicador).OS PROCESSSOS SINTTICOSPalavras, sintagmas, oraes associam-se no discurso em virtude de variadas relaes semnticas umas vezes intudas pelo locutor/receptor graas a fatores extralingusticos, outras explicitadas por uma numerosa grama de meios de coeso textual: transpositores; pronomes pessoais, demonstrativos e possessivos; advrbios; concordncia, etc. Na fala, a entoao responde pela indicao de muitas dessas associaes ( a diferena de entoao com que se enuncia o sintagma meu amigo nos papeis de aposto ou de vocativo: Quem abandonou a competio foi o Incio, meu amigo) (p.48)

V- A ESTRUTURA SINTAGMTICA DO PORTUGUS1.O SINTAGMA NOMINALO SN comporta necessariamente um ncleo que, sendo um substantivo comum, poder vir precedido de determinantes e precedido ou seguido de modificadores:*A grande quantidade de prata que havia naquelas terras.Det. Mod. Subst.. Mod. Mod.

*Muitas outras casas antigas de veraneio que tinham sido tombadasDet. Det. Subst.. Mod. Mod. Mod.

a) ESTRUTURA INTERNA DO SNA) DETERMINANTESO grupo dos determinantes formado pelas classes tradicionalmente chamadas: artigo definido, pronome demonstrativo (subclasses dos identificadores(id)), pronome possessivo), pronome indefinido de valor quantitativo, numerais cardinais, pronome indefinido de outro tipo, como outro, demais, mesmo e prprio.OS IDENTIFICADORESTodos os identificadores concordam em gnero e nmero com o ncleo do SN que integram. O artigo definido serve para determinar um nome cujo referente se pressupe dado ou conhecido para o interlocutor- da sua natureza ditica- ou que j tenha sido mencionado ou referido no contexto do discurso- da seu papel anafrico ou textual.Observe-se a ocorrncia do artigo no seguinte trecho:O radialista Nelson Rubens conhecido por atazanar a vida dos calouros no programa Slvio Santos, resolveu fazer no meio da semana uma brincadeira com os prezados ouvintes da Rdio Capital, de So Paulo. No comeo do seu programa dirio, anunciou que o ministro Bresser Pereira pedira demisso, e que o pedido fora aceito pelo presidente. A notcia correu velozmente e a coisa ficou feia. Polticos se agitaram, candidatos ao ministrio garimparam telefones de possveis padrinhos e, em outro mais srio efeito da boataria, despencaram as cotaes da Bolsa de Valores. (jornal do Brasil, 28.06.87).O o tem papel anafrico em: o pedido, a notcia, o ministrio, a boataria, uma vez que estes substantivos remetem para informaes contidas no prprio texto. Todas as demais ocorrncias do o tm papel ditico, pois se empregam mediante o pressuposto de que o leitor tem prvio conhecimento dos referentes daqueles substantivos.Do ponto de vista sinttico, o artigo se pospe a todo e ambos (que so qualificadores) e se antepe a todos os determinantes. Enquanto qualificadores, todo e ambos so ncleos de SN. O artigo incompatvel com os demonstrativos que formam uma subclasse dos identificadores e com os indefinidos algum, nenhum, cada, tanto e quanto.

OS POSSESSIVOSOs possessivos se colocam aps o artigo ou o demonstrativo (identificadores) (esse/o seu irmo mesmo louco). Pospe-se ao substantivo nas referncias indefinidas (ele pediu emprestado um livro meu que nunca mais vi; filha minha no posa para essas revistas). OS REFERENCIADORES