Seminário caixa preta

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA CURSO DE ARTES VISUAIS – 1º SEMESTRE Cachoeira - BA 2011 Estevan Martinez Sergio Mota Zimaldo Melo FILOSOFIA DA CAIXA PRETA A IMAGEM TÉCNICA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIACURSO DE ARTES VISUAIS – 1º SEMESTRE

Cachoeira - BA2011

Estevan Martinez Sergio MotaZimaldo Melo

FILOSOFIA DA CAIXA PRETA

A IMAGEM TÉCNICA

IMAGEM PRODUZIDA POR APARELHO

Aparelhos são produtos da técnica que, por sua vez, é texto científico aplicado. Imagens técnicas são, portanto, produtos indiretos de textos – o que lhes confere posição histórica e ontológica diferente das imagens tradicionais.

Grau de AbstraçõesGrau de AbstraçõesGrau de Abstrações

1º Grau Imagem Tradicional Dimensões do Plano

2º Grau Texto Conceituação

3º Grau Imagem Técnica Texto

GRAUS DE ABSTRAÇÕES

DECIFRANDO A IMAGEM TÉCNICA

• Elas são dificilmente decifráveis pela razão curiosa de que aparentemente não necessitam ser decifradas;

• O mundo representado parece ser a causa das imagens técnicas e elas próprias parecem ser o último efeito de complexa cadeia causal que parte do mundo;

• A imagem parece não ser símbolo e não precisar de deciframento. Quem vê imagem técnica parece ver seu significado, embora indiretamente.

O CARÁTER APARENTEMENTE NÃO-SIMBÓLICO,

OBJETIVO, DAS IMAGENS

TÉCNICAS FAZ COM QUE SEU

OBSERVADOR AS OLHE COMO SE FOSSEM JANELAS E NÃO IMAGENS.

METACÓDIGOS DE TEXTOS

• A aparente objetividade das imagens técnicas é ilusória, pois na realidade são tão simbólicas quanto o são todas as imagens;

• Com efeito, são elas símbolos extremamente abstratos: codificam textos em imagens, são metacódigos de textos;

• Decifrá-las é reconstituir os textos que tais imagens significam. Quando as imagens técnicas são corretamente decifradas, surge o mundo conceitual como sendo o seu universo de significado.

CODIFICAÇÃO DAS IMAGENS

• No caso das imagens tradicionais, é fácil verificar que se trata de símbolos: há um agente humano (pintor, desenhista) que se coloca entre elas e seu significado;

• No caso das imagens técnicas, a situação é menos evidente. Por certo, há também um fator que se interpõe (entre elas e seu significado): um aparelho e um agente humano que o manipula (fotógrafo, cinegrafista). Mas tal complexo “aparelho-operador” parece não interromper o elo entre a imagem e seu significado. Pelo contrário, parece ser canal que liga imagem e significado.

ISTO PORQUE O COMPLEXO “APARELHO-OPERADOR”

É DEMASIADAMENTE COMPLICADO PARA QUE POSSA SER PENETRADO:

É CAIXA PRETA E O QUE SE VÊ É APENAS INPUT E OUTPUT.

A MAGIA IMAGINÍSTICA DA IMAGEM TÉCNICA;

• As imagens técnicas, longe de serem janelas, são imagens, superfícies que transcodificam processos em cenas. Como toda imagem, é também mágica e seu observador tende a projetar essa magia sobre o mundo.

A RITUALIZAÇÃO DE PROGRAMAS;

• A nova magia não precede, mas sucede à consciência histórica, conceitual, desmagicizante. A nova magia não visa modificar o mundo lá fora, como o faz a pré-história, mas os nossos conceitos em relação ao mundo. É magia de segunda ordem: feitiço abstrato;

• A magia pré-histórica ritualiza determinados modelos, mitos. A magia atual ritualiza outro tipo de modelo: programas.

CONSCIÊNCIA HISTÓRICA E CONSIÊNCIA MÁGICA

• A função das imagens técnicas é a de emancipar a sociedade da necessidade de pensar conceitualmente.

• Os textos foram inventados, no segundo milênio A. C., a fim de desmagiciarem as imagens (embora seus inventores não se tenham dado conta disto). As fotografias foram inventadas, no século XIX, a fim de remagiciarem os textos (embora seus inventores não se tenham dado conta disto).

A INVENÇÃO DA IMPRENSA E A INTRODUÇÃO DA ESCOLA

OBRIGATÓRIA GENERALIZARAM A CONSCIÊNCIA HISTÓRICA;

EFEITOS DA HEGEMONIA CONCEITUAL

• De um lado, as imagens se protegiam dos textos baratos, refugiando-se em ghettos chamados “museus” e “exposições”, deixando de influir na vida cotidiana;

• De outro lado, surgiam textos herméticos (sobretudo os científicos), inacessíveis ao pensamento conceitual barato, a fim de se salvarem da inflação textual galopante.

RAMOS DA CULTURA OCIDENTAL

•a imaginação marginalizada pela sociedade;

•o pensamento conceitual hermético;

•pensamento conceitual barato.

PROPOSITO DA IMAGEM TÉCNICA

•Reintroduzir as imagens na vida cotidiana;

•tornar imagináveis os textos herméticos;

•e tornar visível a magia subliminar que se escondia nos textos baratos.

TODA IMAGEM TÉCNICA DEVIA SER, SIMULTANEAMENTE, CONHECIMENTO

(VERDADE), VIVÊNCIA (BELEZA) E MODELO DE COMPORTAMENTO (BONDADE).

AS IMAGENS TÉCNICAS PASSAM A SER “FALSAS”, “FEIAS” E “RUINS”, ALÉM DE NÃO TEREM SIDO CAPAZES DE REUNIFICAR A

CULTURA, MAS APENAS DE FUNDIR A SOCIEDADE EM MASSA AMORFA.

TUDO, ATUALMENTE, TENDE PARA AS IMAGENS TÉCNICAS, SÃO ELAS A MEMÓRIA

ETERNA DE TODO EMPENHO... ...GESTO ETERNAMENTE RECONSTITUÍVEL

SEGUNDO O PROGRAMA.