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Relatório Sementeira
J Teles
Aluno Mestrado Engª Agronómica da FCUP, [email protected]
Resumo
Este relatório foi elaborado no âmbito da disciplina Agricultura Biológica do 1º ano, 2º semestre do Mestrado em Engenharia Agronómica. O presente texto tem efeito descritivo do que foi realizado na aula prática sobre o tema de sementeira em ambiente de estufa.
Palavras-chave: Sementes, Substrato, Contentores e Sementeira.
1.Introdução
A “sementeira” é uma técnica utilizada na agricultura, com o fim de colocar uma ou mais
sementes de determinada cultura em condições óptimas para a sua germinação, sejam elas
colocadas em locais interiores ou exteriores. Desta forma, é favorecido o desenvolvimento do
ciclo vegetativo da planta em concordância com o seu propósito para o Homem.
Neste trabalho foi efectuada a sementeira de diferentes culturas em local abrigado (estufa), em
substrato particular e em recipientes individuais (contentores), proporcionando condições edáfo-
climáticas o mais adequado possível às diferentes culturas. Posteriormente serão transplantadas
para um talhão também em estufa.
Por outro lado, foram discutidas diferentes soluções quanto ao substrato a utilizar, dando-se
destaque aos substratos orgânicos.
2.Materiais e Métodos
À data de 25 de Fevereiro de 2011, foi realizada a sementeira de várias culturas em ambiente de
estufa com o objectivo de garantir uma componente prática de técnicas de sementeira, bem
como os materiais utilizados para a sementeira. Os conceitos apresentados foram os seguintes:
a) Sementes
b) Tipos de contentores
c) Substratos
d) Técnicas de sementeira
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a) Sementes utilizadas
Quadro 1 – Sementes utilizadas
Nome vulgar Nome científico Substrato
Turfa: Composto: Areia: Perlite
Cebola Vermelha da Póvoa Allium cepa L. 2:2:1:1 Espinafre da Nova Zelândia Tetragonia tetragonoides 2:2:1:1 Nabo da Gandra Brassica rapa L 2:2:1:1 Penca da Póvoa Verde Brassica oleracea, L. T. Bailey 2:2:1:0 Centeio Secale cereale 2:2:1:0 Abóbora Porqueira Curcubita Pepo, L 2:2:1:1 Abóbora Japonesa Cucurbita moschata Duch 2:2:1:0 Milho Branco Z. mays 2:2:1:1 Milho Amarelo Z. mays 2:2:1:1 Milho Vermelho Z. mays 2:2:1:1 Tremoço Lupinus albus 2:2:1:1 Anis Pimpinella anisum 2:2:1:1 Cabaça Lagenaria siceraria 2:2:1:1 Pimento Capsicum annuum 2:2:1:1 Alface Lactuca sativa 2:2:1:0 Feijão rasteiro Phaseolus vulgaris 2:2:1:0 Trigo Triticum spp. 2:2:1:0 Garoba Trigonella foenum-graecum 2:2:1:1
Esta prática de sementeira apresenta uma série de culturas desde arvenses a hortícolas com
diferentes utilizações na agricultura, bem como foram utilizados diferentes proporções de
substrato, como mostra o quadro1.
b) Contentores utilizados
Os contentores utilizados foram de dois tipos, plástico (15 células e 40 células) e esferovite (120
células). Estes são utilizados como suporte para o substrato e a semente. Ambos os tipos têm
diferentes especificidades com vantagens e desvantagens. No que toca à sua utilização, ambos
têm a vantagem de serem reutilizáveis, permitindo uma fácil transplantação das plântulas e são
de fácil arrumação na medida em que podem ser empilhados. No entanto e, sendo mais
específico, os contentores de plásticos são compostos por um material rígido, têm uma
perfuração no fundo que facilita a drenagem e têm sulcos verticais que ajudam a uma
construção radicular no sentido vertical. Já os contentores de esferovite têm uma menor rigidez
e a drenagem é menos eficaz quando comparado com os contentores de plástico, no entanto a
sua vantagem prende-se com o seu custo/unidade. Por outro lado, foram apresentados outros
tipos de contentores, nomeadamente os de barro e os biodegradáveis. Sendo os de barro pouco
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recomendáveis pois são mais pesados e a porosidade do barro origina a perda de humidade do
substrato. O caso dos biodegradáveis, têm como vantagens o facto de não exigirem a
transplantação das jovens plantas, pois são directamente introduzidos no solo, no entanto, têm
como desvantagem o preço/unidade e o facto de quando molhados serem de difícil
manuseamento.
c) Substratos utilizados
O substrato utlizado para sementeira é uma mistura, em diferentes proporções de turfa,
composto orgânico, areia e perlite (cf. quadro 1). Estes compostos vão conferir ao substrato
propriedades melhoradas como a porosidade, permeabilidade, arejamento, capacidade de
retenção de água, pH e capacidade de troca catiónica. Estas características melhoradas serão
uma mais-valia para o sucesso no desenvolvimento das jovens plantas. Desta forma, o método
utilizado para compor o substrato foi a conjugação de componentes orgânicos e inorgânicos,
sendo utilizadas duas proporções 2:2:1:1 e 2:2:1:0, em que temos turfa, composto, areia e perlite
respectivamente. A proporção 2:2:1:0 não contém a componente perlite podendo ser utilizada
como comparação após existirem plântulas e se a sua ausência no substrato teve influência no
desenvolvimento das plantas jovens.
Por outro lado, foram apresentados outros tipos de componentes utilizados em substratos como
sendo a vermiculite (este utilizado como cobertura do substrato no ensaio apresentado), casta de
pinheiro, bagaço das uvas, casca de coco e casca de arroz.
d) Técnicas de sementeira utilizada
Após a mistura dos componentes do substrato,procedeu-se à colocação do substrato nos
respectivos contentores e foi efectuada uma rega para eliminar qualquer “bolsa de ar” não
desejada no substrato. Assim procede-se à sementeira propriamente dita.
A profundidade de sementeira utilizada obedeceu à regra do dobro da altura da semente para a
profundidade de sementeira. Assim e, após a colocação da semente e respectiva cobertura com
substrato, foi realizada uma rega até se atingir a capacidade de campo de cada compartimento
para assim, de certa forma, aconchegar a semente com o substrato. Por fim foi colocada, como
referido acima, a componente inorgânica vermiculite e procedeu-se à respectiva etiquetagem.
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3.Discussão
A sementeira é um tipo de propagação sexuada das plantas. Estas podem ser produzidas
directamente no solo do viveiro ou em contentores individuais (e.g. contentores de plástico, de
barro, de esferovite, biodegradáveis). A utilização de contentores permite que as plantas possam
ser removidas apenas na altura da plantação final, o que possibilita a protecção da raiz durante o
transporte para o local definitivo. Por outro lado este método também permite alargar a época de
plantação (Monteiro, P., 2010).
Os contentores também podem ser utilizados para a propagação vegetativa (assexuada) como
por exemplo, através de estacas.
A sementeira em viveiro confere um ambiente mais estável e equilibrado para o
desenvolvimento das plântulas, na medida em que é possível criar as condições ideais para o seu
crescimento, nomeadamente em termos de humidade, temperatura, rega, solo, adubação e
luminosidade, permitindo, como acima referido, alargar a época de plantação das plântulas.
Por outro lado, a utilização por parte dos viveiristas da mistura de componentes orgânicos e
inorgânicos para a formação do substrato permite uma boa germinação das sementes ou
enraizamento de estacas, criando melhores condições para o desenvolvimento do sistema
radicular das plantas, absorção de água e nutrientes necessários. Assim sendo, é conferido ao
substrato as funções de suporte, reservatório de água/nutrientes e trocas gasosas. Desta forma, as
características essenciais para um bom substrato são: firme e denso, poroso, boa capacidade de
retenção de água, baixa salinidade, isento de doenças, pragas e infestantes, bom nível de
fertilidade e poder tampão.
4. Referências bibliográficas
Monteiro, P. R., (2010), Da semente se faz a árvore – Reprodução por semente de árvores e
arbustos autóctones. Cadernos Quercus – Série D nº 06. Castelo Branco.