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Semana de História da UFF

23 a 27 de março de 2015

Caderno de Resumos

Comissão Organizadora

Alan Dutra Cardoso

Lara Rodrigues de Brito Pinheiro

Paula de Souza Valle Justen

Sarah Vanessa dos Santos Correa

Vanessa Costa Ferreira

Niterói

2015

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Semana de História da UFF

23 a 27 de março de 2015

Informações Gerais

Blog: http://semanadehistoriauff.wordspress.com

Facebook: https://www.facebook.com/pages/Semana-de-Hist%C3%B3ria-da-

UFF/256296871088937

Contato: [email protected]

A responsabilidade pelos resumos é exclusiva dos respectivos autores.

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Reitor: Sidney Luiz de Matos Mello

Vice-Reitor: Antonio Claudio Lucas da Nóbrega

Coordenação do Programa de Pós-Graduação em História: Ana Maria Mauad de Souza

Andrade Essus e Samantha Viz Quadrat

Chefia do Departamento de História: Adriene Baron Tacla e Maria Verónica Secreto

Ferreras

Coordenação da Graduação em História: Alexandre Vieira Ribeiro e Luiz Fernando Saraiva

Diagramação: Alan Dutra Cardoso

Revisão: Vanessa Costa Ferreira

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Conteúdos

Apresentação ………………………………………………………………….…. 6

Programação Geral …………………………………………………………….… 7

Minicursos ……………………………………………………………………... 10

Mesas redondas (resumos e títulos) ..................................................................... 12

Grade de Horários das Sessões de comunicações (10h às13h) ………………... 20

Resumo das comunicações ................................................................………………... 26

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"Sei que meu trabalho não resolve os problemas dos pesquisadores que lidam com fenômenos

ideológicos. Minha ambição é apenas ajudá-los a não se confundir, diante de um quadro tão

impregnado de relativismo e tão pressionado por fetiches conservadores, como o que temos

agora".

Leandro Konder, filósofo e historiador.

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Apresentação

A Semana de História da UFF é o fruto da iniciativa e esforço coletivo dosestudantes de

História organizados. Contamos como apoio do Departamento de História, do Programa de Pós-

graduação em História (PPGH), da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (PROAES), do Núcleo

de Estudos Contemporâneos (NEC), da Revista de História da Biblioteca Nacional (RHBN), da

Rede Proprietas, da Associação Nacional de História – Seção Rio de Janeiro (ANPUH-Rio), do

Centro Acadêmico de História (CAHIS-UFF) e do CEO-NUPEHC.

O debate de ideias é elemento crucial à formação e ao ofício do historiador. O objetivo

da Semana de História é, dessa forma, gerar debates sobre as pesquisas que vêm sendo

desenvolvidas dentro e fora da UFF, constituindo um espaço amplo, democrático e saudável

para o intercâmbio deconhecimentos.

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Programação Geral

Segunda-feira, 23 de março de 2015

10h às 13h: Sessões de comunicações

14h30min às 15h30min: Minicursos

16h às 17:30min: Mesa redonda. A importância em se discutir a Epistemologia no

campo historiográfico. Profa. Dra. Giselle Venâncio (UFF), Profa. Dra.Renata

Schittino (UFF) e Prof. Dr. Guilherme Neves (UFF).

Coordenação: Vanessa Ferreira

18h: Mesa de Abertura. Leandro Konder: história e engajamento legítimo. Profa.

Dra.Ismênia Martins (UFF), Prof. Dr. Carlos Addor (UFF), Prof. Dr. Ricardo

Figueiredo (UFRJ) e Deputado Federal Alessandro Molon.

Coordenação: Profa. Dra. Márcia Maria Menendes Motta

Terça-feira, 24 de março de 2015

10h às 13h: Sessões de comunicações

14h30min às 15h30min: Minicursos

16h às 17:30min: Mesa redonda. Antiguidade Clássica: problemas e abordagens.

Prof. Dr. Alexandre Moraes (UFF) e Profa. Bruna Moraes da Silva (UFRJ).

Coordenação: Sarah Correia

18h: Mesa redonda. Arte e Literatura no Egito antigo. Profa. Dra. Nely Feitoza

(LASALLE) e Profa. Gisela Chapot (PPGH-UFF).

Coordenação: Lara Pinheiro

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Quarta-feira, 25 de março de 2015

10h às 13h: Sessões de comunicações

14h30min às 15h30min: Minicursos

16h às 17:30min: Mesa redonda. Religião e religiosidade medieval: perspectivas de

estudo no mundo contemporâneo. Prof. Dr. Mário Jorge da Motta Bastos (UFF),

Profa. Dra. Carolina Fortes (UFF-PUCG) e Prof. Dr. Paulo Duarte (UFRJ).

Coordenação: Paula Justen

18h: Conferência. A História Política da Idade Média no século XXI. Problemas e

questões para a produção da UFF. Profa. Dra. Vânia Fróes.

Coordenação: Paula Justen

Quinta-feira, 26 de março de 2015

10h às 13h: Sessões de comunicações

14h30min às 15h30min: Minicursos

16h às 17:30min: Mesa redonda. Terra e Território no Império Português. Profa.

Dra. Marina Monteiro Machado (UERJ) e Profa. Dra. Nívia Pombo (UERJ).

Coordenação: Alan Dutra

18h: Mesa redonda. Pobreza e Religiosidade no Brasil Colonial. Prof. Dr. Renato

Franco (UFF) e Prof. Dr. Jorge Victor Araújo (UFRJ).

Coordenação: Alan Dutra

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Sexta-feira, 27 de março de 2015

10h às 13h: Sessões de comunicações

14h30min às 15h30min: Minicursos

16h às 17:30min: Mesa redonda. Um país-continente: conflitos e propriedades no

Brasil. Profa. Dra. Márcia Motta (UFF), Prof. Dr. Francivaldo Nunes (UFPA) e Prof.

Dr. Tarcísio Motta de Carvalho (Colégio Pedro II)

Coordenação: Alan Dutra

18h: Mesa redonda. A figura de Luís Carlos Prestes e o contexto histórico de sua

atuação política. Prof. Dr. Daniel Aarão Reis (UFF) e Prof. Dr. Francisco Carlos

Teixeira (UFRJ).

Coordenação: Vanessa Ferreira

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Minicursos

História, Arqueologia e Cultura Material: entre ciência e educação.

Ana Carolina Moliterno (UFF)

Rennan de Souza Lemos (Museu Nacional/UFRJ)

Neste minicurso discutiremos o estudo da cultura material em História e Arqueologia.

Hoje em dia, os Estudos de Cultura Material consistem numa área consolidada dentro

das humanidades. Arqueólogos, antropólogos, historiadores e pesquisadores de outras

áreas vêm se engajando no estudo das relações entre os seres humanos e a

materialidade. Nesse contexto, buscaremos apresentar novas possibilidades de pesquisa

e de engajamento com a cultura material. Trataremos de exemplos dos mundos antigo e

contemporâneo, com ênfase em questões como poder e política, paisagem,

fenomenologia, arqueologia dos sentidos, novas tecnologias, patrimônio arqueológico,

museus e educação.

Formas de dominação na Idade Média: teoria, metodologia e historiografia.

Thiago Pereira da Silva Magela (UFF)

Eduardo Cardoso Daflon (UFF)

Este minicurso visa discutir questões relativas ao estudo das relações de dominação na

Idade Média. Utilizaremos exemplos tanto da Alta Idade Média como da Baixa Idade

Média, abordando as formas de dependência em sua historicidade, enfocando

principalmente nas relações entre o campesinato e a aristocracia. Além disso, trataremos

de questões teóricas e metodológicas relativas ao estudo e pesquisa da Idade Média,

especialmente no que se refere às contribuições do Marxismo.

450 anos depois.

Thiago Vinícius Mantuano da Fonseca (UFF)

O minicurso que se pretende tem como objetivo a discussão sobre a relação da cidade

do Rio de Janeiro e o seu porto. A cidade do Rio de Janeiro foi constituída em função de

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sua baía, por ser colônia e estar ligada umbilicalmente à sua metrópole, teve no porto o

centro nervoso de sua vida durante a maior parte dos seus 450 anos. A efeméride deve

servir para recuperarmos a importância dessa zona para a cidade, seu valor histórico,

cultural, material e imaterial. Além disso, debateremos como a influência da região

portuária perpassou a história do Rio de Janeiro e como sua sociedade foi marcada pela

movimentação econômica, política e social ali ocorrida. No momento em que o Rio de

Janeiro completa 450 anos, o poder público vem investindo maciçamente na região

portuária, visando articular passado e futuro. Nossas reflexões e debates estarão

centrados no século XIX, porém, não nos furtaremos a voltar em seu passado colonial e

pensar seu rumo enquanto república. Trabalharemos com os mais variados olhares

temáticos, pretendendo abordar esse espaço tão importante para a nossa cidade e

buscando projetar de forma crítica o futuro da região.

brasileira.

Maria Alice Tallemberg Soares (UFF)

Minicurso que se pretende tem como objetivo abordar algumas questões relativas à

alimentação e à construção da chamada “cozinha brasileira” como uma expressão de

identidade cultural. Através da apresentação de estudos de caso, observar como, a

alimentação, a diversidade étnica é utilizada no processo de construção de uma dada

identidade.

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Mesas redondas (resumos e títulos)

23/03 – Teoria da História

A importância em se discutir a Epistemologia no campo historiográfico.

Auditório (2º andar do bloco O) – 16h

Teoria pra quê?

Profa. Dra. Giselle Venâncio (UFF)

A comunicação tem como objetivo discutir o lugar da reflexão teórica na investigação

histórica. Pretende refletir sobre como se relacionam as questões teóricas e as atividades

de pesquisa empírica propostas pelo historiador.

Epistemologia, Ciência e História

Prof. Dr. Guilherme Pereira das Neves (UFF)

Ao longo dos séculos XIX e XX, à medida que as ciências da natureza ganhavam

importância no mundo contemporâneo, a epistemologia consolidou-se como domínio

próprio de investigação. No mesmo período, a história constituiu-se como uma

disciplina, mas sua validade como conhecimento mostrou-se bem mais difícil de

estabelecer. A apresentação quer estimular uma reflexão sobre essa diferença.

Hermenêutica contemporânea e a questão da historicidade

Profa. Dra. Renata Schittino (UFF)

A proposta do trabalho é pensar o redimensionamento da noção de objetividade

científica promovido pela hermenêutica contemporânea, observando de que modo estão

em jogo novas questões para a produção do conhecimento histórico. Trata-se de

entender como a concepção de historicidade se torna elemento central e possibilidade

constitutiva do exercício historiográfico.

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24/03 – História Antiga

Antiguidade clássica: problemas e abordagens.

Auditório (2º andar do bloco O) – 16h

Entre o herói e o cidadão: uma análise comparada do código de conduta guerreiro

nas obras homéricas e tucidiana.

Profa. Bruna Moraes da Silva (UFRJ)

Através de uma análise pautada no comparativismo histórico, propomos nesta

comunicação evidenciar as similitudes, singularidades e diferenças entre os códigos de

conduta guerreiro presentes nas obras homéricas, Ilíada e Odisseia, e os existentes na

Atenas Clássica, descritos na Guerra do Peloponeso, de Tucídides.

AKROTIRI sob as cinzas do vulcão.

Prof. Dr. Alexandre Moraes (UFF)

O objetivo de nossa comunicação é discutir algumas questões relacionadas ao sítio

arqueológico de Akrotiri, localizado na ilha de Santorini, Grécia. Sabe-se que no

Período Minóico Recente IA (ou, mais precisamente, por volta de 1.520 a.C.) a cidade

foi soterrada por uma erupção vulcânica. As escavações ocorrem desde 1967, apesar de

uma série de interrupções. Após uma breve síntese da história e da importância

estratégica da cidade para o conhecimento das sociedades do mar Egeu, teceremos

breves considerações sobre como as relações do presente influenciam a produção do

conhecimento em História Antiga.

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Arte e literatura no Egito antigo.

Auditório (2º andar do bloco O) – 18h

Culto, Intimidade e Exibições Públicas: Um Panorama Geral Acerca das Imagens

Régias Amarnianas (1353-1335 a.C.).

Profa. Gisela Chapot (PPGH-UFF)

No reinado do faraó Akhenaton, a família real amarniana dominou a cena religiosa do

período, protagonizando uma nova visão de mundo, na qual a mesma substituiu o antigo

panteão usurpando papéis divinos nos mais diversos contextos. Demonstraremos de que

maneira o material imagético foi crucial para construir e sustentar tal cosmovisão

durante a reforma de Amarna.

OS TEXTOS DAS PIRÂMIDES: TEXTO FUNDADOR DA TRADIÇÃO

LITERÁRIA RELIGIOSA EGÍPCIA.

Profa. Dra. Nely Feitoza (LASALLE)

A grande tradição religiosa egípcia, que marcou esta sociedade ao longo de sua história

três vezes milenar teve por base uma série de fórmulas, ritos e mitos que nos foram

revelados nas paredes das Pirâmides de faraós do Reino Antigo, os quais foram

denominados como os Textos das Pirâmides. Constituem-se como os textos religiosos

mais antigos até agora datados na história da humanidade. Este trabalho pretende

apresentar estes documentos como textos fundadores de toda literatura religiosa egípcia

que se modificou ao longo dos milênios, mas manteve os ecos destes textos ancestrais

em sua cultura literária em geral e religiosa em particular.

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25/03 – História Medieval

Religião e religiosidade medieval: perspectivas de estudo no mundo

contemporâneo.

Auditório (2º andar do bloco O) – 16h

"A Igreja medieval em debate: possibilidades de estudo sobre o episcopado

ocidental na Primeira Idade Média (séculos IV-VI)"

Prof. Dr. Paulo Duarte (UFRJ)

Uma crítica às formas de fetichização da religião na Idade Média.

Prof. Dr. Mário Jorge da Motta Bastos (UFF)

A Historiografia contemporânea sobre a Ordem dos Pregadores na Idade Média.

Profa. Dra. Carolina Fortes (UFF-PUCG)

Conferência

Auditório (2º andar do bloco O) – 18h

A História Política da Idade Média no século XXI. Problemas e questões para a

produção da UFF.

Profa. Dra. Vânia Fróes.

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26/03 – História Moderna

Terra e Território no Império Português

Auditório (2º andar do bloco O) – 16h

Estadistas, cronistas e colonos na construção da unidade territorial do Império.

Séculos XVI, XVII e XVIII.

Profa. Dra. Nívia Pombo (UERJ)

O que era o Império Português? Quais as justificativas jurídicas ou políticas para a

afirmação de ser Portugal um império na Época Moderna? Que ruptura conceitual o

período realiza em relação ao ideal de império do Sacro Império Romano-Germânico?

O propósito desta comunicação é proporcionar reflexões sobre a noção de império,

mobilizando para isso um conjunto de escritos assinados por cronistas, colonos e

estadistas, durante o período supracitado. A discussão também permitirá pensar no

sentido da construção de outra noção: a de unidade territorial da América portuguesa.

Entre Fronteiras: terras indígenas nos sertões fluminenses (1790-1824)

Profa. Dra. Marina Monteiro Machado (UERJ)

Tendo como pano de fundo as transformações políticas e administrativas em Portugal e

na América portuguesa na passagem do século XVIII para o XIX, esta comunicação

analisa a dinâmica de ocupação e expansão das fronteiras na região de Valença,

capitania do Rio de Janeiro. Embora relativamente próximo da capital, o vale do Rio

Paraíba do Sul era em grande parte ocupado por índios livres quando suas terras férteis

passaram a ser cobiçadas por colonos. Focalizando o período entre 1790 e 1824,

reconstrói-se a formação e a breve história do aldeamento indígena de Nossa Senhora da

Glória de Valença. Ao reduzir a escala de observação, foi possível destrinchar a

dinâmica da disputa pela terra, envolvendo sesmeiros, fazendeiros, padres, agentes do

governo e os próprios indígenas, cujas fluidas alianças estavam sujeitas às inflexões nas

políticas de colonização ocasionadas pela sequência de mudanças políticas no período -

que terminaram por fazer desaparecer o aldeamento.

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Pobreza e religiosidade no Brasil Colonial

Auditório (2º andar do bloco O) – 18h

“N é ” “ z ” na

América portuguesa.

Prof. Dr. Jorge Victor Araujo

Esta apresentação pretende discutir alguns aspectos das vivências e das

representações em torno do estado de “pobre” na América portuguesa. Para tal, serão

usados dados de minha pesquisa de doutorado e algumas obras da historiografia

brasileira. O objetivo é fomentar um debate sobre os usos das categorias apresentadas.

Religião e pobreza na época moderna

Prof. Dr. Renato Franco (UFF)

Ao longo da Época Moderna, a pobreza era uma devoção. Por isso, não era um dado a

ser eliminado, mas mantido e, no limite, mitigado pelas ações de caridade. No império

português, as diferentes apropriações religiosas da palavra “pobreza” encararam a

condição com notória condescendência. A presente comunicação traçará um itinerário

dos principais sentidos religiosos que a palavra assumiu nas sociedades católicas entre

os séculos XVI e XVIII.

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27/03 – História Contemporânea

Um país-continente: conflitos e propriedades no Brasil

Auditório (2º andar do bloco O) – 16h

Propriedade e agricultura em terras de aldeamentos e colônias agrícolas ao Norte

do Império brasileiro.

Prof. Dr. Francivaldo Alves Nunes (UFPA)

A proposta é destacar como os agentes públicos concebiam a concessão de direitos de

propriedade sobre a terra nos aldeamentos e colônias agrícolas na Amazônia do século

XIX. Demonstraremos que aldeamentos e colônias constituíam espaços modelares de

socialização, em que a política governamental de institucionalização de direitos de

propriedade sobre a terra, subordinada a uma disciplina do trabalho agrícola.

Coerção e Consenso na Primeira República: A Guerra do Contestado (1912 - 1916)

Prof. Dr. Tarcísio Motta de Carvalho (Colégio Pedro II)

O objetivo da comunicação é a de relacionar a construção do Estado na Primeira

República e a Guerra do Contestado. Procuramos compreender a intervenção armada,

através da violência física estatizada, enquanto instrumento garantidor de uma

determinada dominação de classe. A Guerra do Contestado, ocorrida entre os anos de

1912 e 1916 nos sertões catarinenses é um episódio privilegiado para analisarmos este

processo, justamente porque os caboclos daquela região resistiram a tais mudanças,

revelando que as construções ideológicas que procuravam caracterizar esse processo

como benéfico e inevitável não tiveram a força de se impor pelo consenso. Ao mesmo

tempo, na tentativa de justificar a intervenção armada, as classes dirigentes, tanto

nacionais quanto locais, tiveram de lançar mão de todo um arsenal discursivo que,

mesmo reforçado pela guerra, teve de expor suas contradições e seu conteúdo de classe.

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História rural, memória e amnésia social no Brasil

Profa. Dra. Márcia Maria Menendes Motta (UFF)

A presente comunicação enfatiza que a luta entre comunidades rurais e fazendeiros tem

uma história, cuja marca é o fenômeno da grilagem. Tais lutas são reiteradamente

apagadas e destruídas por um processo de amnésia social sobre os embates no campo

brasileiro. Além disso, discute que o processo de constituição de “propriedades

inventadas” está assentado na noção de que o domínio sobre terras de outrem pode ser

conseguido pelo falseamento de documentos. A partir das reflexões de Thompson e H.

Ostrom, a comunicação desnuda também que a propriedade privada não é uma evolução

natural da propriedade comum, mas uma realidade construída, dependente de regras que

a definem. Para fazer jus à proposta, Motta apresenta os casos dos Faxinais no Paraná e

o chamado Fundo do Pasto na Bahia, em suas relações com os conflitos rurais no país.

A figura de Luís Carlos Prestes e o contexto histórico de sua atuação política

Auditório (2º andar do bloco O) – 18h

Luis Carlos Prestes, um revolucionário entre dois mundos.

Prof. Dr. Daniel Aarão Reis Filho (UFF)

A trajetória de Prestes - do tenentismo ao comunismo. A experiência da insurreição de

1935 e seu fracasso. Os anos de prisão e o fim do Estado Novo, em 1945. O PCB na

legalidade: Prestes, senador da República. O retorno à clandestinidade e a

desestalinização. O PCB e Prestes na conjuntura mais quente da república brasileira:

1961-1964. A derrota das esquerdas em 1964 e seu impacto na trajetória de Prestes. O

PCB e Prestes e a luta contra a ditatura. Prestes nos anos 1980 - um revolucionário em

tempos de reformas. O legado de Prestes e de sua trajetória.

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Grade de Horários das Sessões de comunicações (10h às13h)

Dia 23 de março – TEORIA DA HISTÓRIA

Horários Sala 510

(Bloco O)

Auditório

(2º andar bloco O)

Sala 310

(Bloco N)

Sala N303

(Bloco N)

10:00 às

11:30

Mesa 01 – Intelectuais,

política e literatura: um

diálogo na história.

Coordenação:

Vanessa Ferreira

Antonio Lessa (UFF)

Victor Couto (UFF)

Rodrigo Fampa (UFF)

Mesa 02 – Ensino de

história na

contemporaneidade.

Coordenação:

Alan Dutra

Érika Maria de Araújo

(UERJ – FFP) e Manoel

Azevedo (UERJ – FFP)

Carlos de Oliveira (UCB)

e Michelle Oliveira

(UCB)

Caroline Araújo (UFF) e

Alexandre Silva (UFF)

Mesa 03 – Literatura

e História

Coordenação:

André Barbosa

André Barbosa (UFF)

Edson de Lima

(UNIRIO)

Mariana Tavares

(UFF)

Mesa 04 – Memória e

historiografia

Coordenação:

Hugo Farias

Hugo Farias (UFRJ)

Júlia Manacorda

(PUC-RJ)

João Victor Lima

(UERJ-FFP)

Viviane Silva (UERJ)

11: 30 às

13:00

Mesa 05 – Discussões

historiográficas

Coordenação:

Vanessa Ferreira

Geise de Souza (UFFS)

João Gabriel Ramos

(UFF)

Pedro Gama (UFRJ)

Mesa 06 – Educação:

cultura material e

produção do

conhecimento didático

Coordenação:

Luiza Sarraff

Luiza Sarraff (UERJ –

FFP)

Marlon Barcelos (Ins.

Arq. Brasileira – Fac.

Redentor)

Ana Luiza Poyares

(UERJ) e Lívia de Souza

(UERJ)

Mesa 07 –

Paradigmas

historiográficos em

debate

Coordenação:

Jonathas de Oliveira

Jonathas de Oliveira

(UFRJ)

Marcio Antônio

Monteiro (UFF)

Thaís Marcello de

Almeida (UFRRJ)

Mesa 08 – Cinema,

arte e filosofia em

debate na história

Coordenação:

Alan Dutra

Cairo Barbosa (UERJ)

Carlos Vinicius

Taveira (PUC-RJ)

João Gomes Junior

(UFRRJ)

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Dia 24 de março – HISTÓRIA ANTIGA

Horários Sala 510

(bloco O)

Auditório

(2º andar do bloco O)

10:00 às 11:30

Mesa 01 – Representações da

identidade no mundo antigo

Coordenação: Thaís Santos

Mates Mello (UFF)

Airan Borges (UFRJ)

Pierre Romana (UERJ)

Thais Santos (UFF)

Mesa 02 – Antiguidade clássica:

problemas e abordagens

Coordenação: Camila Jourdan

Talita Silva (UFF)

Camila Jourdan (UFF)

Juliana dos Santos (UFF)

Mariana Virgolino (UFF)

11: 30 às 13:00

Mesa 03 – Egito Antigo: múltiplos

diálogos

Coordenação: Lara Pinheiro

Letícia Gomes (UFRJ)

Flávia Reis (Fac. Int. Simonsen)

Mesa 04 – Diálogos politicos,

culturais e econômicos na Roma

Antiga

Coordenação: Leonardo Cabral

Leonardo Cabral (UFRRJ)

Vânia Vidal (UNIRIO)

Maria de Narazeth Sant’Angelo

(UNIRIO)

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Dia 25 de março – HISTÓRIA MEDIEVAL

Horários Sala 510

(bloco O)

Auditório

(2º andar do bloco O)

Sala 310

(bloco N)

10:00 às

11:30

Mesa 01 – Mundo

islâmico, mundo de

possibilidades

Coordenação: Paula

Justen

Afonso Teixeira (UFF)

Dandara Prenda (UFF)

Lucas Pereira

(UNIABEU)

Mesa 02 – Dinâmicas de

marginalização na Idade

Média

Coordenação: Wanderson

Pereira

Flávia Vianna (UFF)

Wanderson Pereira

(UFMG)

Matheus Camacho (UFF)

Mesa 03 – Poder régio,

ordem senhorial e justiça

Coordenação: Danielle

Silva

Danielle Silva (UFRRJ)

Franklin Filho (UFF)

Lucas Calvo (Fac. São

Bento)

Caio Barros (UFRRJ)

Diogo Santos (UERJ)

11: 30 às

13:00

Mesa 04 – Igreja

Católica: instituição e

visões de mundo

Coordenação: Douglas

Bandeira

Alexsandra Pimentel

França (UFMG)

Douglas Bandeira

(UFF)

Caio Rodrigues

(UFRRJ)

Mesa 05 –

Representações da

sociedade medieval

Coordenação: Paula

Justen

Vânia Vidal (UNIRIO)

Anna Carla de Castro

(UFF)

Bruno Godinho

(UNIRIO)

Maycon Tannis (PUC-RJ)

Mesa 06 – Grupo de

estudos sobre História do

Japão (GEHJA –

CEIA/UFF)

Coordenação: Douglas

Almeida

Douglas Almeida (UFF)

Larissa Nogueira (UFRJ)

Mateus Nascimento

(UFF)

Thiago Carvalho (Estácio

de Sá)

Page 24: Semana de História da UFF · impregnado de relativismo e tão pressionado por fetiches conservadores, como o que temos ... museus e educação. Formas de dominação na Idade Média:

23

Dia 26 de março – HISTÓRIA MODERNA

26/09 –

Horário

Sala 510

(bloco O)

Auditório

(2º andar do bloco O)

Sala 310

(bloco N)

Sala 303

(bloco N)

Mesa 01 – O Brasil

colonial setecentista

Coordenação: Douglas

Santos

Fabio Lobão (UFF)

Douglas Corrêa (UFF)

Mesa 02 – Religião e

religiosidade no Império

Português

Coordenação: Verônica

Gomes

Veronica Gomes (UFF)

Rachel Romano (UFRJ)

Gislaine Pinto (UFMG)

Mesa 03 – Instituições

e práticas religiosas no

mundo moderno

Coordenação: Caroline

Guedes

Jorge Leão (UFF)

Laís Marcoje (UFRJ)

Caroline Guedes (UFF)

Mesa 04 – O mundo

moderno nos séculos

XVII e XVIII:

múltiplas abordagens

Coordenação: Alan

Dutra

Luciano da Costa

(UFF)

Eduardo Pimenta

(UFF)

Lívia Roberge (UFF) e

João Vela (UFSC)

Aryanne da Silva

(UNIRIO)

10:00 às

11:30

11: 30 às

13:00

Mesa 05 – A questão

indígena nas Américas:

os casos espanhol e

português

Coordenação: Suelen

Julio

Suelen Julio (UFF)

Daniella Machado

(UFRJ)

Luiz Filho (UFF)

Mesa 06 – Poder e política

no Brasil oitocentista

Coordenação: Alan Dutra

Gabriel Gaspar (UFF)

Higor da Silva (UFF)

Mesa 07 – Relações

coloniais e culturais no

Império Português

Coordenação: Fernanda

Fagundes

Fernanda Fagundes

(FIOCRUZ)

Thaís Dias (UNIRIO)

Vanessa Bittencourt

(UFF)

Natalia Maria dos

Santos (UERJ)

Page 25: Semana de História da UFF · impregnado de relativismo e tão pressionado por fetiches conservadores, como o que temos ... museus e educação. Formas de dominação na Idade Média:

24

Dia 27 de março – HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA

10:00 às 11:30

Auditório

(2º andar do bloco O)

Sala 510

(bloco O)

Sala 310

(bloco N)

Sala 303

(bloco N)

Sala 308

(bloco N)

Sala 312

(bloco N)

Sala 314

(bloco N)

Sala 316

(bloco N)

Sala 205

(bloco N)

Mesa 01 –

Universidades,

Ditaduras e

movimentações

políticas na 2ª metade

do séc. XX no Brasil

Coordenação: Alan

Dutra

Alan Dutra (UFF)

Wesley Carvalho

(UFF)

Priscila Almeida

Rafaela Domingues

(UFRJ)

Mesa 02 –

Alemanha no

séc. XX:

diferentes

perspectivas

Coordenação:

Felipe Antunes

Agatha Lopes

(UFF)

Felipe Mesquista

(UFF)

Rafael Haddad

(UFF)

Mesa 03 –

Imprensa em

discussão na

História

Coordenação:

Vanessa

Gonçalves

Vanessa

Gonçalves (UFF)

Elias Bento

(UFU)

Roger da Silva

(UFF)

Carlos H. Leite

(UEL)

Mesa 04 –

Relações políticas,

sociais,

econômicas e

culturais no Brasil

Império

Coordenação:

Gabriel Maraschin

Gabriel Maraschin

(UNIRIO)

Monique Sousa

(UERJ-FFP)

Pedro H. Carvalho

(UFF)

Arthur Santos

(UNIFESP)

Mesa 05 –

Instituições e

políticas

econômico-

sociais no Brasil

Império

Coordenação:

Marconni

Marotta

Marconni

Marotta (UFF)

Anne Caroline de

Castro (UFF)

Bruna Teixeira

(UNIFESP)

Mesa 06 –

Cinema e

Literatura no

mundo

contemporâneo

Coordenação:

Vanessa Ferreira

Daiana Neto

(UFJF)

Quézia Brandão

(USP)

Carlos dos

Santos (UFRJ)

Pedro H. Leite

(UFJF)

Mesa 07 – As

mulheres e seus

papéis na história:

múltiplas abordagens

Coordenação: Larissa

Souza

Helena Ferreira

(UFF)

Clara Crível (UFF)

Priscila Araújo

(UERJ)

Larissa de Souza

(FIOCRUZ)

Mesa 08 –

Religião e

religiosidade no

Brasil

contemporâneo

Coordenação:

Leandro Silveira

Taís Noronha

(UGR)

Blonsom Ramos

(UFF)

Marcelo de

Almeida (UERJ)

Patrick Monteiro

(UFF)

Mesa 09 – Brasil

Império em

debate

Coordenação:

Daiane Azeredo

Camila Freire

(UERJ-FFP)

Tatiane Queiroz

(UNIRIO)

Daine Azeredo

(UFRRJ)

Page 26: Semana de História da UFF · impregnado de relativismo e tão pressionado por fetiches conservadores, como o que temos ... museus e educação. Formas de dominação na Idade Média:

25

Dia 27 de março – HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA

11:30 às 13:00

Sala 510

(bloco O)

Auditório

(2º andar do bloco O)

Sala 310

(bloco N)

Sala 303

(bloco N)

Sala 308

(bloco N)

Sala 312

(bloco N)

Sala 314

(bloco N)

Sala 316

(bloco N)

Sala 205

(bloco N)

Mesa 10 –

Regionalismos em

debate: estudos de

caso

Coordenação:

Pedro Silva

Pedro Silva (UFF)

Romero Bastos

(UNIRIO)

Michele Dias

(UNIFESP)

Guilherme dos

Santos Marques

(UERJ-FFP)

Mesa 11 – Discussões

étnico-raciais na

contemporaneidade

Coordenação: Alan

Dutra

Rafael da Silva

(UNIFESP)

Amanda Fará (UFF)

Ana Carla da Fonseca

(UNIFESP)

Camila das Chagas

(UFF)

Mesa 12 –

Organizações e

movimentações

no Brasil

República

Coordenação:

Raphael Duarte

Geferson de

Jesus

(UNIFESP)

Raphael Duarte

(UFF)

Maria Clara de

Castro

(UNIFESP)

Elisabeth Passos

(UERJ) e Luis

Miranda (UERJ)

Mesa 13 –

Discutindo

instituições,

história e

historiografia das

relações raciais

Coordenação:

Leandro Silveira

Maria Clara

Cavalcanti (UFF)

Emanoel Germano

(UFRJ)

Núbia Moreno

(UFF)

Ana Paula da

Conceição

(UFRJ)

Mesa 14 – O

rural brasileiro:

múltiplas

abordagens

Coordenação:

Pedro Cassiano

Gustavo Fialho

(UFF)

Pedro Cassiano

(UFF)

Gabriela Costa

(UNIFESP)

Mesa 15 –

Memória, bens

culturais e artes

em discussão

Coordenação:

Adriana de Jesus

Adriana de Jesus

(UNIFESP)

Luiza Amaral

(PUC-RJ)

Marcus Vinicius

de Oliveira

(UFF)

Priscilla Silva

(UEL)

Mesa 16 – Literatura

e escrita da História

Coordenação:

Vanessa Ferreira

Thais Pilotto (UERJ)

Morgana da Silva

(UFRRJ)

Mesa 17 –

Produções

literárias: um

diálogo com a

História

Coordenação:

Daniel da Silva

José Roberto Saiol

(UERJ)

Daniel da Silva

(UFJF)

Geovanni

Mannarino (UFF)

Mesa 18 –

Diálogos no

mundo

contemporâneo

Coordenação:

Guidyon Lima

José Marcio

Júnio (UGR)

Luiz Magalhães

(UFRRJ)

Filipe Oliveira

(UFF) e Meyre

Teixeira (UFF)

Guidyon Lima

(UFMG)

Sala 210 (bloco N)

Mesa 19 – Instituições políticas e comerciais no Brasil República

Coordenação: Luan Siqueira

Danilo Firmino (UERJ – FFP)

André Luiz Nogueira (UNIRIO)

Luan Siqueira (UFRRJ)

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26

Resumos das Comunicações

Segunda-feira, 23 de março de 2015

Teoria e Ensino da História

MESA 01 – Intelectuais, Política e Literatura: um diálogo na História

Sala 510 (Bloco O) – 10:00 às 11:30.

Coordenação: Vanessa Ferreira

Literatura como fonte: três perspectivas sobre as funções da arte

Antonio Lessa Kerstenetzky (UFF)

É um pressuposto da história cultural que as diversas manifestações artísticas dos homens

através dos tempos falam algo sobre o modo como viviam. Mas quão fiel é, por exemplo, a

literatura enquanto fonte? A questão é parte de um dos maiores problemas da filosofia da

estética, o da “autonomia da obra de arte”: seria toda a arte necessariamente engajada com os

interesses daqueles que a produziram, à la Marx, Hegel e outros “conteudistas”, ou seria a arte

“finalidade sem fim”, à la Kant e os demais “formalistas”?

Para discutir a questão, escolhi três autores. Aristóteles, na Poética, inaugura a ideia de que a

“literatura” fala sobre o mundo real, o que para ele significa falar sobre a estrutura inteligível do

que existe. E.P. Thompson, em seu ensaio Commitment in Poetry (1978), recupera a ideia sobre

o poder do poeta em falar sobre a realidade; menos metafísico que Aristóteles, sua “realidade”

se limita ao campo da política (com o que concordariam muitos historiadores). Por fim, para se

contrapor aos dois, introduzo um formalista, o russo Viktor Shklovsky. Em seu Arte como

Técnica, Shklovsky defende que a função da arte é fazer o mundo estranho e menos

compreensível, o que seria um impedimento para seu uso como fonte.

Por uma nova História da Política

Victor Couto Tiribás (UFF)

Espera-se de todo historiador que ele tenha clareza em duas proposições de sua disciplina: (i)

acontecimentos históricos contam com boa dose de acaso; (ii) tais acontecimentos jamais se

repetem. Porém, na contramão desses preceitos, estamos vivendo uma hiperpolitização do

mundo. Pululam campos como biopolítica (Foucault), antropologia política (Clastres) e ciência

Page 28: Semana de História da UFF · impregnado de relativismo e tão pressionado por fetiches conservadores, como o que temos ... museus e educação. Formas de dominação na Idade Média:

27 política, que alçam a Política a mero estatuto de predicado de outras sendas do conhecimento.

Assim, descaracterizam-na enquanto fenômeno histórico e imputam-lhe odores universais,

atemporais.

A comunicação tentará mostrar as razões deste ocorrido, no intuito de restituir à Política o

estatuto de esfera autônoma. Para tanto, é preciso uma teoria histórica descritiva e indiciária

(Ginzburg), ao invés de uma história das ideias políticas perpetrada pelo contextualismo de

Cambridge (Skinner/Pocock) ou pela história dos conceitos (Koselleck). Tais correntes, embora

mapeiem bem a pluralidade do termo ao longo dos séculos, pouco nos ajudam a entender o que

foi a experiência da política.

Com a apresentação d’um breve panorama da sociedade grega Arcaica e Clássica, por análise de

média duração (Braudel), elucidarei os principais elementos para o seu surgimento e

manutenção. Depois, abordarei seu declínio a partir da condenação de Sócrates e da fundação da

Teoria Política por Platão. Esta Tradição representa a decadência da Política (Nietzsche/Arendt),

e é sob ela que toda gama de pensadores políticos modernos assentar-se-á.

Entre o começo e a novidade: uma perspectiva arendtiana da História.

Rodrigo Fampa Negreiros Lima (UFF)

Em “As armadilhas da história universal”, Marcelo Jasmin coteja os fundamentos, Antigo(s) e

Moderno(s), que guiavam o desenvolvimento histórico da(s) comunidade(s) humana(s). O que

permite que Jasmin perpasse de um a outro é o que há de comum entre essas duas

macroconcepções: a crença de que o sentido (correto/digno) do movimento histórico encontra

seu ímã em algum “lugar” no tempo, precisamente datado ou não. Tanto a crença antiga na

(tendência à) repetição quanto a moderna na caminhada triunfante rumo ao futuro pleno e

acabado são concepções exclusivistas de História, ou seja, pautam, por motivos distintos, o

desempenho histórico da comunidade humana segundo uma lógica de dentro e fora. Também as

aproxima a incorrigível imperfeição do presente – deslocado ou atrasado – e a obliteração da

intervenção humana na confecção desse enredo. Com sorte, caberia ao homem discernir e

executar o desígnio. Discernir, não produzir. A pensadora da teoria política Hannah Arendt

argumenta que ambos os modos de se estabelecer o sentido da história estão equivocados

justamente por suprimir a ação humana dessa arquitetura. A partir de uma breve análise de como

a autora se relaciona com dois grandes representantes de cada uma dessas macroconcepções,

Aristóteles e Kant, pretendo indicar como Arendt, com seu original conceito de ação e a partir

de sua análise das Revoluções Francesa e Americana, sugere um cenário que não se confunde

nem com um nem com outro.

Page 29: Semana de História da UFF · impregnado de relativismo e tão pressionado por fetiches conservadores, como o que temos ... museus e educação. Formas de dominação na Idade Média:

28 MESA 02 – Ensino de História na contemporaneidade

Auditório (2º andar do bloco O) – 10:00 às 11:30

Coordenação: Alan Dutra

Os usos das múltiplas linguagens no Ensino de História: reflexões sobre o currículo de

História para o ensino fundamental na escola contemporânea.

Erika Maria de Araujo Pessanha (UERJ-FFP)

Emanoel Azevedo (UERJ – FFP)

Pretende-se, com este trabalho, apresentar uma reflexão a partir da observação de aulas em

turmas dos dois últimos anos do ensino fundamental, realizada no PIBID/CAPES, em uma

escola pública estadual de São Gonçalo/RJ. Cabe ressaltar que, consideramos que os alunos da

escola parceira têm apreendido com mais facilidade os conteúdos históricos a partir da

proposição de atividades que priorizem a utilização de imagens, filmes e dramatizações; que

muitos alunos verbalizam que não conseguem relacionar os temas abordados em História com a

vivência deles e que os conceitos não são compreendidos, mas sim decorados.

O professor de História torna-se uma figura estratégica e essencial na condução do processo de

ensino e aprendizagem na sala de aula; primeiro, porque faz a mediação das representações

sociais compartilhadas pelos alunos, conduzindo-os ao questionamento dos

fatos/acontecimentos e posicionamentos diante do que lhes foi ensinado; segundo, cria

processos de didatização do conhecimento e avaliação dos percursos de aprendizagem dos seus

alunos.

A utilização da imagem como recurso pelo professor da educação básica, que tem tarefa de

tornar o passado compreensível aos seus alunos, tem sido uma das fontes privilegiadas na

transmissão do conhecimento histórico escolar, uma vez que possibilita o processo de

pluralização de sentidos e diferentes olhares acerca do que se observa.

Práticas Docentes e Representações dos estagiários de História no Ensino Fundamental II.

Carlos Elvécio de Oliveira (UCB)

Michelle Oliveira da Silva (UCB)

Este projeto de iniciação científica 2014/2015, oriundo do Laboratório de Pesquisa em História

da Universidade Castelo Branco têm como objetivo geral investigar possíveis representações

sobre práticas docentes do ensino fundamental II, construídas por graduandos-estagiários em

escolas de comunidades empobrecidas da zona oeste do Rio de Janeiro. e ensino. Desta forma,

este projeto deseja desenvolver as seguintes ações: identificar as representações de prática

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29 docente dos estagiários em história em seu campo de atuação, verificar de que forma estas

representações são constituídas nas relações de alteridade com os seus ‘pares’ e com os ‘alunos-

empobrecidos’ do ambiente escolar e averiguar em que medida estas representações podem

interferir na organização dos conteúdos e suas primeiras práticas no ambiente escolar como

estagiários, podendo criar alguns ‘estigmas’ sobre as relações com estes alunos empobrecidos,

saberes e/outras representações que se encontram no seu processo inicial de identidade

profissional docente. Esta pesquisa de cunho qualitativo utilizará de uma abordagem

psicossocial da educação, a partir da teoria das representações sociais de Serge Moscovici em

uma abordagem societal de Willem Doise (2001) e sua relação com a identidade profissional de

Arthur Vianna Ferreira (2012). Por fim, este projeto se propõe a uma reflexão sobre a

capacidade dos conteúdos específicos do curso de história na promoção da instrumentalização

básica para atender as demandas das escolas de regiões empobrecidas.

Palavras- Chaves: Práticas docentes – Ensino de História – Representações – Pobres

Prática docente, construção de saberes e alternativas pedagógicas para o Ensino de

História no Ensino Fundamental

Caroline Pereira Barros Araujo (UFF )

Alexandre de Oliveira Silva (UFF)

Este trabalho, concebido dentro do âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à

Docência – PIBID/UFF, busca compartilhar o movimento de construção e aprimoramento da

prática docente dos pibidianos da disciplina História que atuam no Colégio Estadual Aurelino

Leal, situada no município de Niterói.

Objetivamos fazer apontamentos sobre o processo de construção de conhecimentos pelos

“sujeitos jovens” e demonstraremos como práticas docentes alternativas contribuem para a

criação de vínculos de afeto e para outra forma de relação com o conhecimento.

Para isso, daremos visibilidade às atividades curriculares alternativas desenvolvidas no Aurelino

Leal, fugindo do modelo de aula-padrão expositiva, dentre as quais destacamos a Oficina de

Conceitos Históricos, onde é realizado um movimento de reconstrução de conceitos históricos

que auxiliem os alunos no processo de aprendizagem dos conhecimentos curriculares previstos

para o seu ano de escolaridade; a Oficina Repensar, que elege um tema específico, geralmente

que está sendo vivenciado pelos alunos para que este possa repensá-los a partir de múltiplos

referenciais e abordagens, contribuindo para a formação de sujeito crítico e reflexivo; e, por

último, daremos ênfase a experiência da Roda de Leitura, que tem como objetivo articular os

conteúdos da disciplina História, presentes no currículo oficial com uma proposta de leitura

coletiva de um livro no horário do recreio, uma vez por semana.

Page 31: Semana de História da UFF · impregnado de relativismo e tão pressionado por fetiches conservadores, como o que temos ... museus e educação. Formas de dominação na Idade Média:

30 Mesa 03 – Literatura e História

Sala 310 (Bloco N) – 10:00 às 11:30

Coordenação: André Barbosa

História, gênero e literatura na série paradidática Eles Fizeram a História do Brasil.

André Barbosa Fraga (UFF)

O presente trabalho está situado na área de estudo conhecida como Ensino de História e tem por

objetivo enfocar a importância de pesquisas que pretendam investigar a produção de diferenças

e desigualdades de gênero nos livros paradidáticos de história.

Tendo em vista o reduzido número de trabalhos acadêmicos voltados para tal temática, um de

nossos intuitos é dar atenção ao livro paradidático, material pedagógico que tem sido pouco

estudado, mas que foi e continua sendo um instrumento escolar muito importante, que vem

servindo e influenciando os alunos desde cedo.

Contribuindo para isso, analisamos uma coleção de livros paradidáticos chamada Eles Fizeram a

História do Brasil, escrita por Roberto da Mota Macedo, professor do Colégio Pedro II, e

publicada em 1963 pela editora Record. Ao ter essa coleção como objeto central, é possível

pensar como esse material pedagógico muitas vezes apresenta textos e ilustrações que

reproduzem e veiculam determinadas representações desiguais sobre os papéis das mulheres e

dos homens na sociedade.

História e ficção: Oscilações no texto ficcional

Edson Silva de Lima (UNIRIO)

Esse trabalho tem por intenção abordar a discussão em torno da questão da narrativa na

historiografia vislumbrando as possibilidades de conhecer o passado, a partir do dialogo entre

história e ciência, história e realidade, e, finalmente, história e ficção.

Essas questões, desafiadoras para historiografia pelo menos desde a chamada “virada

lingüística”, me permitiram fazer uma escolha. Mergulhar nessas questões, mas também,

acrescentar ao debate a possibilidade de perceber no texto ficcional, marcações do real, ou seja,

elementos que não apenas permitam pinçar desse texto especifico alguns enquadramentos dos

acontecimentos (frames), mas também compreender seu papel ativo, no processo de pré-

formação social. Nesse sentido, a ficção é aqui considerada como elemento central na

organização, interpretação, e como escrita da história, sendo, portanto um espaço fértil de

convergência entre os campos disciplinares, ora em conflito, ora em diálogo. Nessa condição

atribuída ao texto ficcional encontramos, por conseguinte, um lugar onde se estabelece uma

Page 32: Semana de História da UFF · impregnado de relativismo e tão pressionado por fetiches conservadores, como o que temos ... museus e educação. Formas de dominação na Idade Média:

31 relação com a ilusão, com o prazer e com a imaginação; mostrando assim sua potencialidade

crítica; oferecendo nesse tocante, “respostas que são metáforas de perguntas” (JAUSS,

1979:158). Em outras palavras: “A representação da ficção não é uma representação do mundo,

mas sim uma representação da possibilidade de organização dos complexos da experiência”

(STIERLE, 1979:168).

A “ ” – Pequena análise sobre o projeto da Enciclopédia

Brasileira do Instituto Nacional do Livro entre o modernismo e nacionalismo (1937-1973)

Mariana Rodrigues Tavares (UFF)

Esta comunicação se destina a apresentar o projeto da Enciclopédia Brasileira do Instituto

Nacional do Livro. Pretende-se analisá-lo sob o viés do movimento modernista que esteve em

voga desde as primeiras décadas do século XX e que conduziu inúmeros projetos nacionalistas

nesses primeiros anos. Nesse sentido, discuto a criação do Instituto Nacional do Livro em 1937,

ano que foi o primeiro do Estado Novo de Getúlio Vargas e também a primeira vez que, na

visão dos homens que o compunham o aparelho estatal, o “Brasil” concretamente, se tornava

“brasileiro”. Enquanto Rodrigo Melo Franco de Andrade e o grupo de intelectuais modernistas

mineiros discutia a definição de patrimônio para o recém-criado Serviço do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional, coube ao ministro Gustavo Capanema e os intelectuais ao seu

redor atribuir sentido também aos monumentos de papel, os livros. Nesse momento, cultura e

nação unificavam-se, constituindo a definição do que era ser um legítimo brasileiro. No Brasil,

inaugurava-se um período de ação de criação e preservação do patrimônio histórico, artístico e

letrado fundado sobre sua identificação direta com o Estado. Aos intelectuais do ministério

Capanema coube à incumbência de monumentalizar a nossa história e eleger seus cânones. Ao

Estado, a função de fundar instituições culturais dedicadas as mais diversas áreas. É nesse

ínterim que se inseriu o Instituto do Livro e seu projeto principal, a Enciclopédia Brasileira,

objeto desta apresentação.

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32 Mesa 04 – Memória e Historiografia

Sala N303 – 10:00 às 11:30

Coordenação: Hugo Farias

MEMÓRIA E HISTÓRIA: O discurso não linear na construção da narrativa histórica; o

exemplo da trajetória do violão no Rio de Janeiro no início do século XX.

Hugo Farias de Sousa (UFRJ)

Este trabalho tem como objetivo debater a construção de discursos históricos que não se

prendam a um linearidade espaço temporal dos fatos históricos, ou que pensem os

acontecimentos em um linha evolutiva. Para este fim iremos utilizar dois autores que tratam da

construção de memória e história. O primeiro autor é Fernando Catroga, que em seu trabalho

“Memória, História e historiografia” nos traz o conceito de memória. O autor nos apresenta

como a construção dos discursos e narrativas se fazem de forma condicionada, por afetos do

próprio pesquisador ou por condições do meio. Catroga afirma que a memória se faz sempre

por uma ótica e deixa de lado inúmeras outras questões que podem ser de grande importância

para o entendimento dos fatos, mas que são deixados de lado por parte da historiografia, pois

quando o historiador vai narrar os fatos históricos, ele sempre faz para um determinado grupo,

que por vezes faz o uso desse discurso para se justificar no poder de determinadas sociedades,

por exemplo .O outro autor a ser observado neste trabalho é Vanda Lima Bellard Freire que em

seu trabalho “A história da música em questão, uma reflexão metodológica” , onde nos traz o

seu conceito de tempo não linear. Este conceito é de importância para este trabalho, pois a

autora nos mostra que os caminhos que muitas vezes são trilhados pelos historiadores tem uma

construção linear de fatos e de tempo. A autora utiliza a história da música para exemplificar

suas ideias a respeito da construção de um discurso histórico não linear, seja em espaço ou

tempo. Para que estas questões sejam postas na prática da historiografia, iremos utilizar algumas

considerações da pesquisa de mestrado em andamento de Hugo Farias de Sousa (Escola de

Música da UFRJ), que trata sobre a trajetória do violão no Rio de Janeiro no século XX. Esta

pesquisa servirá de exemplo para mostrar alguns autores que tratam do violão no Rio de Janeiro,

demonstrando os tipos de discurso que encontramos na literatura sobre o assunto. Através disso

se busca debater a construção dos discursos não lineares na produção da memória.

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33 A aporia de Auschwitz é a própria aporia da História: a impossibilidade de dizer

integralmente o passado e a urgência em dizê-lo.

Júlia Tinoco Manacorda (PUC-RJ)

Pode-se tomar o título deste trabalho como seu resumo, apresentar a aporia de Auschwitz, isto é,

a impossibilidade de testemunho como a própria exigência do mesmo,como aporia da História, a

impossibilidade de representação integral do passado. Em prol de clarificar melhor essa questão

apresentada por Agamben em O que resta de Auschwitz, usamos a obra do italiano Primo Levi,

em particular, seu relato autobiográfico É isto um homem?no intuito de exemplificar a

dificuldade e exigência de fala. Será desenvolvida a afirmação de Agamben a partir de uma

análise da filosofia da história de Walter Benjamin. Ao longo da comunicação, serão

apresentados alguns conceitos chaves da obra de Benjamin: rememoração, transmissão,

apresentação, testemunho e apokatastasis, além da aproximação alegórica do figura do

historiador com o catador de trapos de Baudelaire. No entanto, o objetivo principal desta

comunicação não é só evidenciar a aporia da escrita histórica, mas estudar como essa condição

fundamental aponta não só o caminho epistemológico da disciplina, mas também, e

principalmente, suas preocupações éticas – em especial: é preciso dizer o passado para que não

se esqueça, e não se repita jamais.

A história Social e a Begriffsgeschichte. A complexa relação do “ -

h ”.

João Victor da Mota Uzer Lima (UERJ – FFP)

Em Futuro Passado, Reinhart Koselleck apresenta as diferenças entre as disciplinas de História

dos Conceitos e a História Social, sendo a primeira uma abordagem filosófica, com método

proveniente da história das terminologias, gramática e filosofia; e a segunda, uma vertente que

procura abordar as formações das sociedades, grupos sociais, teoremas econômicos, entre

diversos outros fatos. No entanto, o historiador alemão apresenta uma interação complexa entre

as disciplinas. Em razão do alargamento do campo da história, Hebe Castro afirmou que “a

história social passa a ser encarada como uma perspectiva de síntese” de forma que “em história

todos os níveis de abordagem estão inscritos no social e se interligam”, tanto a História Política,

a História Econômica, a Micro-História, entre outras, “usam” da história social, mas a História

Conceitual (Begriffsgeschichte) atua em uma reciprocidade.

A análise de um conceito exige a contextualização linguística assim como a não linguística, ou

seja, social; por outro lado, o discurso faz uso, inescapavelmente, de conceitos; e, como o

discurso é formado pela linguagem, sendo esta – como compreende a vertente britânica da

Page 35: Semana de História da UFF · impregnado de relativismo e tão pressionado por fetiches conservadores, como o que temos ... museus e educação. Formas de dominação na Idade Média:

34 “Análise de Discurso Critica” – parte indissociável da sociedade, uma vez que se constrói por

consequência de efeitos sociais, demonstra como: O social influencia o discurso, que por sua

vez faz uso de conceitos que só podem ser compreendidos por inteiros através do estudo da

sociedade que os criou e os ressignificou. A história dos conceitos, a história dos discursos e a

história social estão sempre em paralelo, complementando-se e evidenciando uma relação

complexa e frutífera se bem aplicada e compreendida.

Palavras Chave: História Conceitual, História Social, História dos Discursos.

Entre a ladeira e a devoção: o Morro de Santa Teresa – influências religiosas no cenário

carioca.

Viviane Fernandes Silva (UERJ)

Em meados do século XVIII, Jacinta Rodrigues Ayres tomou visibilidade no cenário carioca,

tanto por vias de sua devoção a Santa Teresa quanto pelo modo contemplativo que adotou para

sua vida, inspirando a instituição da Ordem Religiosa das Carmelitas Descalças no Brasil. Seu

fervor religioso repercutiu na cidade do Rio de Janeiro, este também tributaria para a edificação

do convento em dedicado à santa que posteriormente nomearia o morro de Santa Teresa.

Nesse sentido, o presente trabalho enquanto exercício de reflexão procura assinalar as

influências e contribuições da Ordem das Carmelitas Descalças, sob a "personalidade" de

Jacinta Rodrigues na cidade do Rio de Janeiro, bem como sua interferência na dinâmica

sociocultural do espaço urbano.

Assim sendo, inserimos nosso trabalho no diálogo entre os campos da História Cultural e dos

estudos de Religião, tendo como fio condutor a História Local, que nos permitirá focalizar o

papel da tradição católica na formação do Morro de Santa Teresa. Com isso pretendemos

apresentar as possibilidades interdisciplinares da nossa disciplina, bem como ensejar o debate

acerca dos discursos sobre e no interior da cidade.

Mesa 05 – Discussões historiográficas

Sala 510 (Bloco O) – 11:30 às 13:00

Coordenação: Vanessa Ferreira

A miséria da teoria: a polêmica Thompson-Althusser

Geise Targa de Souza (Universidade Federal da Fronteira Sul)

O historiador marxista britânico, Edward P. Thompson, publicou A Miséria da Teoria em 1978,

obra na qual, empreende uma crítica in totum ao pensamento de Louis Althusser. A polêmica

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35 pode ser dividida em duas dimensões interdependentes, a saber: a teórica, que constitui a

discussão em torno dos antagonismos estabelecidos entre idealismo vsmaterialismo histórico,

teoricismovsempirismo, prática teórica vslógica histórica e humanismo vsanti-humanismo

teórico; e, a política, que envolve a defesa de uma moralidade comunista e a crítica ao

estalinismo, que para Thompson teria sido sistematizado teoricamente pela corrente

althusseriana. O objeto da presente pesquisa, constitui o embate em torno da elaboração na

teoria marxista da história de uma teoria do conhecimento, portanto, privilegia as discussões

suscitadas em torno da dimensão teórica e pretende analisar como as questões e soluções

alternativas esboçadas na diatribe podem contribuir para o desenvolvimento do materialismo

histórico. Toda a crítica de Thompson está pautada em um comprometimento moral na

produção desse conhecimento, por isso o anti-humanismo teórico e a noção processo sem

sujeito não são aceitáveis. Suas críticas, nesse sentido, demonstram que Thompson não

reconhece a distinção proposta pela corrente althusseriana entre objeto de conhecimento e objeto

real. Sua proposta alternativa é fundamentada no conceito de experiência e na defesa da lógica

histórica.

Palavras-chave: Materialismo histórico. Louis Althusser. Edward Thompson.

A Noção de História(s) a partir do pensamento lévistraussiano.

João Gabriel Ramos Mendes da Cunha (UFF)

Pensando no debate Tempo e História dentro da perspectiva lévistraussiana acredito que seja

interessante apontar os possíveis usos e desusos de tal método dentro do campo teórico e

metodológico analisados. Assim, busco, nesse trabalho fazer uma análise interdisciplinar entre

História e Antropologia. Então seguindo nessa temática, é possível dizer que o pensamento

estruturalista na antropologia, desenvolvido por Claude Lévi-Strauss, foi alvo de críticas. Sendo

que uma dessas criticas diz respeito ao pensamento do autor sobre a noção de história, para

alguns críticos Lévi-Strauss é um pensador que não leva em consideração os processos de

mudança. Contudo, após novas leituras de alguns textos do autor, além de artigos de

comentadores, é possível descartar essa hipótese. Isso porque foi justamente Lévi-Strauss que

trouxe um novo debate entre história e antropologia, ao pensar na história a partir de três

perspectivas, e assim diminuindo uma certa distancia entre as duas disciplinas. A primeira

perspectiva diz respeito a história como metodologia, a segunda é sobre a noção de historicidade

e a terceira é direcionda a Filosofia da História. Dito isso, é viável argumentar que a noção de

história assume uma dimensão importante dentro da teoria desenvolvida por Lévi-Strauss e é tal

dimensão que se torna interessante para pensar e explorar.

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36 A const h ó “H ó U v ” H. G. W .

Pedro Nogueira da Gama (UFRJ)

A partir da 2ª metade do século XIX, escritores como H. G. Wells e Jules Verne escreveram

romances cujos temas e ambientes se referiam de certa forma à história humana, às

possibilidades investigativas da ciência e aos potenciais caminhos em direção ao futuro, nem

sempre otimistas. Alguns desses escritores não se limitaram à produção ficcional. Além de

letrados e profundamente cultos, eram singulares observadores e críticos do seu tempo. Entre

esses homens de letras, estava Herbert George Wells (1866-1946), popularmente conhecido

como H. G. Wells, um dos autores mais importantes da literatura “científica” do seu tempo.

Entretanto, sua obra não ficcional é bem menos conhecida e investigada. Assim, o objetivo

principal dessa pesquisa é propor possíveis interpretações para o sentido da História em H. G.

Wells a partir da análise de um de seus escritos não ficcionais de maior sucesso editorial, The

OutlineofHistory: Being a PlainHistoryof Life andMankind, publicado primeiramente em 1919,

cuja tradução no Brasil ficou a cargo de Anísio Teixeira, adquirindo o título “História

Universal”. Entendo que está presente na obra do escritor inglês a ideia de que o entendimento

da história de uma forma ampla, “universal”, diferentemente do sentido nacional, teria evitado

os flagelos das guerras, em especial da I Guerra Mundial. Por fim, Wells defende uma utilidade

prática da história, relacionada a um valor moral e educador nela existente.

Mesa 06 – Educação: cultura material e produção do conhecimento didático

Auditório (2° andar do bloco O) – 11:30 às 13:00

Coordenação: Luiza Sarraff

Livros didáticos: temas e perspectivas para o futuro.

Luiza Rafaela Bezerra Sarraff (UERJ – FFP)

Ao longo dos últimos anos foi possível observar um aumento expressivo nas pesquisas sobre os

livros didáticos de história e as formas de abordagem de tal tema. Neste sentido, este artigo visa

trazer um panorama da construção deste campo de estudo em expansão e apontar perspectivas

para o futuro desta área.

Educação Patrimonial e Arqueologia: O Sambaqui da Beirada em Saquarema

Marlon Barcelos Ferreira (Instituto de Arqueologia Brasileira -Faculdade Redentor)

As evidências arqueológicas indicam a presença de diferentes populações em grandes áreas do

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37 Brasil no período pré-contato. Umas dessas populações deixaram enormes montes de conchas

espalhados pelo litoral brasileiro e que são conhecidos como sambaquis. Eles acabaram se

constituindo nos sítios arqueológicos mais comuns em nosso litoral. Neste trabalho

procuraremos ressaltar de forma breve a importância arqueológica e histórica dos sambaquis e

daremos uma ênfase especial a um tema recente nas políticas relacionadas à divulgação e

preservação do patrimônio histórico e arqueológico: o uso da Educação Patrimonial no processo

de construção da cidadania e de preservação dos sambaquis e demais sítios arqueológicos. Está

metodologia educacional, que congrega arqueologia e história, foi denominada de Educação

Patrimonial, se constituindo em um assunto recente no Brasil, tendo se destacado apenas em

1983, quando aconteceu o I Seminário sobre o Uso Educacional de Museus e Monumentos, no

Museu Imperial em Petrópolis. Para melhor compreender o que é Educação Patrimonial,

conheceremos e discutiremos os trabalhos realizados na Praça Sambaqui da Beirada em

Saquarema, um trabalho pioneiro de exposição arqueológica e educação, como forma de

ressaltar e compreender a importância da educação patrimonial para a preservação do

patrimônio arqueológico e principalmente para a formação de cidadãos críticos e capazes.

MUSEU DA MA É “UMA” P NTE MET D LÓGICA PA A ENSIN DE

HISTÓRIA.

Ana Luiza Magalhães Poyaes (UERJ)

Lívia Dinamarco de Souza (UERJ)

O presente resumo tem por objeto o Museu da Maré, a metodologia consiste em analisar sua

importância e seu olhar diferenciado para a desconstrução das narrativas excludentes e lineares

que são normalmente retratadas nos museus nacionais, comumente pautados em uma

historiografia tradicional. O intuito deste estudo é o reconhecimento da memória urbana e

periférica, possibilitando a valorização das identidades sociais em questão, visando uma

aproximação entre a História e os alunos da Rede Pública do Município, onde a maior parcela é

de moradores de comunidades. É através de ações didáticas que visamos sistematizar um

conhecimento que dialogue entre o discurso do museu em questão e o Ensino de História.

O museu selecionado apresenta na exposição uma organização temporal tendo como foco a

narrativa histórica com seus sujeitos construtores, proporcionando um papel ativo aos

moradores da Comunidade na construção de “uma história vista de baixo”, dialogando com a

História Social. Esse novo olhar nos incita a pensar que o estudo da história de “pessoas

comuns” não pode ser desassociado de considerações mais amplas de estrutura e poder social.

As fontes utilizadas para tal objetivo serão bibliografias relacionadas à construção de conceitos

como História Social, Documento Monumento e Culturas Periféricas, sendo indispensáveis

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38 autores como Jim Sharpe, Jaques Le Goff, Paulo Freire, Mário Chagas e Bianca Freire -

Medeiros.

Palavras chave: Museu Maré, História e Ensino de História.

Mesa 07 – Paradigmas historiográficos em debate

Sala 310 (Bloco N) – 11:30 às 13:00

Coordenação: Jonathas de Oliveira

História Comparada: contribuições e reflexões sobre o estudo comparado.

Jonathas Ribeiro dos Santos Campos de Oliveira (UFRJ)

Nesta comunicação, trabalharemos a História Comparada pensando a linha que a define como

metodologia de pesquisa aplicada aos estudos históricos. A História Comparada, desde seu

nascimento, a partir da sistematização proposta por Marc Bloch (1928), até os dias atuais,

sofrera contribuições expressivas no âmbito dos estudos teórico-metodológicos. Tais

contribuições vieram em virtude das novas realidades com as quais a historicidade se defrontou.

Nesse sentido, nossa proposta recai em refletir sobre seu desenvolvimento e discussões ao longo

do tempo, além das contribuições recebidas por parte dos estudiosos que sobre o método se

debruçaram. Tomando por referencial o produto dos referidos estudos, buscaremos determinar o

que acreditamos serem os elementos básicos que definiriam se uma pesquisa se enquadra ou não

dentro do que compreendemos por um Estudo Comparado.

O estudo dos partidos políticos após a renovação da História do Trabalho: da apologética

história do movimento operário à hostil Nova História Política

Marcio Antonio Lauria de Moraes Monteiro (UFF)

Já é bastante conhecido o processo de transformação-crise-recuperação pelo qual passou o

campo da História do Trabalho – desde as suas origens, ainda como “história do movimento

operário”, até propostas inovadoras atuais, com a de uma “História Global do Trabalho”. Algo

menos debatido, entretanto, é como que os estudos acerca de partidos e organizações políticas

similares da classe trabalhadora passaram a ser marginalizados, diante da centralidade que

adquiriram os estudos acerca do “trabalhador anônimo”, e a forma como tem sido estudados

atualmente. Essa marginalização, que fez com que tais objetos praticamente desaparecessem do

campo da História do Trabalho, os levou a serem apropriados pela “Nova História Política” –

marcada por um viés culturalista, frequentemente anticomunista e apologético da ordem

capitalista. Assim, a apresentação aqui proposta terá por objetivo mapear tal trajetória dos

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39 partidos políticos enquanto objetos de análise histórica e analisar criticamente a forma como

vêm sendo atualmente estudados pelos adeptos da Nova História Política, destrinchando seus

pressupostos teóricos e problemas analíticos. Também se discutirá a necessidade de um resgate

desses objetos pela História do Trabalho, que possibilite sua rearticulação com os estudos sobre

o chamado “mundo do trabalho” e com as sofisticadas propostas metodológicas e teóricas que

esse campo vem acumulando desde suas grandes transformações das décadas de 1960-70 e cuja

relevância será detalhada.

Escrita da História e Geografia no Brasil Oitocentista: Os Estudos de Henrique

Beaurepaire-Rohan

Thaís Marcello de Almeida (UFRRJ)

A pesquisa tem como objetivo abordar a relação entre a história e a geografia no Brasil

oitocentista, mediante a análise dos estudos de Henrique Beaurepaire-Rohan. O recorte temporal

escolhido são os anos de 1846 até 1877. A escolha do período está relacionada a data de

publicação das fontes a serem estudadas . Essas foram obras produzidas pelo engenheiro militar

e membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), Henrique Beaurepaire-Rohan,

que demonstrou interesse pelo conhecimento cartográfico e geográfico. Destarte, a proposição

da pesquisa é estudar como Beaurepaire-Rohan propôs a escrita da história e o estudo da

geografia do Brasil, levando em conta a sua vinculação ao IGHB. A escolha do tema justifica-se

pelo interesse em explicitar a relação da história com a geografia no século XIX, momento em

que as fronteiras disciplinares não estavam definidas.

É possível perceber que em Henrique BeaurepaireRohan um amplo interesse em promover e

aperfeiçoar o conhecimento geográfico no Brasil. Desse modo, as suas obras contribuíram para

o desenvolvimento da escrita da história, porém, as suas contribuições mais significativas foram

na geografia. Ademais, as leituras feitas até o momento, na pesquisa, conduziram-nos à seguinte

questão: Henrique BeaurepaireRohan considerava a geografia como um saber subordinado à

história – segundo a concepção predominante até a segunda metade do século XIX?

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40 Mesa 08 – Cinema, arte e filosofia em debate na História

Sala 303 (Bloco N) – 11:30 às 13:00

Coordenação: Alan Dutra

Notas preliminares sobre o Surrealismo: Lowy, Benjamin e Adorno

Cairo de Souza Barbosa (UERJ)

O presente trabalho pretende esboçar uma discussão importante nos âmbitos da sociologia

literatura e da historiografia literária: o lugar do Surrealismo na crítica à modernidade capitalista

e sua relação intima com o marxismo. Em um primeiro momento, buscaremos uma definição

simples e ampla sobre aquilo que Michel Lowy (2002) classificou como um “cometa

incendiário no céu da modernidade”. Posteriormente, buscaremos discutir a perspectiva de dois

autores: Benjamin (1994), de um lado, ressalta o caminho que o Surrealismo tomou, desde suas

origens até o estagio de maior politização e engajamento, passando de uma atitude

extremamente contemplativa a uma posição de pretensão revolucionária, radicalizando o

conceito de liberdade em um fundo teórico e filosófico ligado à percepção do materialismo

dialético; Adorno (2012), por sua vez, volta sua preocupação para a possibilidade de

deformação da forma, pautada na idéia de “explosão do inconsciente” e do rearranjo da

configuração da realidade. Cotejando-os, buscaremos traçar algumas definições e, sobretudo,

relacioná-lo ao pensamento crítico do marxismo.

Palavras-chave: surrealismo; marxismo; modernidade.

A teoria da história da arte em Georges Didi Huberman

Carlos Vinicius da Silva Taveira (PUC-RIO)

O filosofo e historiador da arte francês Georges Didi-Huberman é um dos principais

nomes no estudo da história da arte na contemporaneidade. Autor de vários livros e possuindo

trabalhos envolvendo diversos objetos artísticos, entre esses, uma grande parte de sua obra

dedicada aos estudos da teoria da história da arte propondo novas formas de pensar a articulação

da história com o objeto da arte.

O objetivo dessa apresentação é justamente analisar brevemente como o autor procura

uma nova forma de abordagem para o uso da imagem que na sua visão pode ser pensada como

um elemento constituído de autonomia capaz de produzir uma peculiar reflexão subjetiva,

pontos esses, que parecem pouco salientados na atual escrita da disciplina. Partindo desse

pressuposto, para sustentar sua tese o autor constrói com auxilio de autores como Freud e

Benjamin, uma critica queretorna aos primórdios da fundação da disciplina “história da arte” no

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41 século XV, chegando aos dias atuais, propondo novas estrategias de leitura da arte.

Dito isto, em livros como Diante da imagem e O que vemos, o que nos olha,já publicados nos

Brasil e “Ante eltiempo: História del arte y anacronismo” os usos da história como campo de

estudo da arte são questionados trazendo perguntas que podemos expandir para os demais

objetos da história. Diversos debates devem ser enfrentados e a arte ou a produção de objetos de

arte é capaz de fornecer uma contribuição essencial oferecendo todo um conjunto de respostas e

interrogações.

Por fim, a conclusão que se pretende com essa apresentação é mostrar mediante a

transdicisplinaridade de conhecimentos que o autor utiliza que a critica contemporânea da

história da arte construiu formas de pensar mantendo variados elementos e formas de ver a arte

que remetem a um passado visto como morto e distante, o contrário do que percebemos em

inúmeros textos atuais.

DIÁLOGOS ENTRE CINEMA E HISTÓRIA: O filme como fonte e em sala de aula

João Gomes Junior (UFRRJ)

A partir da proposta de um diálogo entre a Nova História Cultural e a Sociologia do Cinema,

esta comunicação visa apresentar, de forma sintética, de que maneira aspectos da relação entre o

cinema e a sociedade, principalmente o discurso empregado nos filmes, podem ser utilizados

como documentos em História. Igualmente, planeja-se aqui fazer uma breve explanação sobre

os usos do cinema em sala de aula e sobre os resultados nesta área obtidos na experiência do

subprojeto Pibid “Diversas linguagens no ensino de História: cinema, jornal e história oral”,

aplicado no Colégio Estadual Dom Adriano Hipólito, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense.

Para tanto, a discussão se baseará em teóricos que estudaram o cinema como fonte para as

ciências sociais ou contra-análise da sociedade, bem como seus usos na escola, tais como Walter

Benjamin, José D’Assunção Barros, Marc Ferro, Gilmar Santana e Mônica Almeida Kornis.

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42

Terça-feira, 24 de março de 2015

História Antiga

MESA 01 – Representações da Identidade no Mundo Antigo

Sala 510 (Bloco O) – 10:00 às 11:30

Coordenação: Thaís Santos

Ser grego em Heródoto

Mateus Mello Araujo da Silva (UFF)

É comum, inclusive no meio acadêmico, a ideia de que todos os gregos tinham uma

percepção clara da fronteira étnica entre eles próprios e aqueles ditos como bárbaros. Mas a

realidade, encontrada nas fontes, mostra-se mais complexa. Para isso, será usada a obra

Histórias, do historiador Heródoto, em meio a seus relatos sobre gregos e não-gregos.

Uma das passagens mais reproduzidas da obra de Heródoto é aquela em que os

representantes de Atenas buscam aliviar o temor dos representantes dos lacedemônios, de que os

atenienses pudessem trair a causa dos helenos e se aliar aos bárbaros persas. Para tal, os

atenienses citam as razões que os impediriam de trair seus aliados helenos. A primeira razão

seria a vingança dos templos incendiados pelas sacrílegas tropas persas. Também são citados a

unidade dos helenos pelo sangue e pela língua, os templos dos deuses e sacrifícios feitos em

comum, e a semelhança dos costumes.

Esse complexo de carácteres étnicos é mobilizado de diferentes formas ao longo da obra.

Na presente comunicação, será analisado o papel desses carácteres, e como podem ser

mobilizados de diferentes formas por variados interesses, para incluir ou excluir um grupo

específico da categoria de heleno.

Entre embates e negociações: as elites indígenas e os processos de romanização da

Península Ibérica.

Airan dos Santos Borges (UFRJ)

Durante o Principado, diante do contato com experiências culturais tão distintas, foram

construídas ‘mensagens oficiais’ que buscavam elaborar uma identidade ‘espaço-imperial’ para

os romanos. Para tanto foram criados sistemas classificatórios – simbólico-sociais – e

representacionais que marcavam as distinções entre romanos e entre os romanos e os ‘outros’.

Neste contexto sociopolítico e cultural, foram desenvolvidas obras que buscavam sistematizar

os símbolos de referências e atitudes particulares que delimitavam a cultura imperial romana.

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43 Aqui se inclui a autobiografia de Otávio Augusto, o mapa atribuído à M. Agripa, a Geografia de

Estrabão e a obra de Plínio – o velho, para citar alguns exemplos.

Em tais obras a fala principal é a descrição romana dos lugares, pessoas e hábitos

culturais das comunidades provinciais. O presente trabalho tem como proposta matizar essa

questão e buscar as outras vozes desse período esbarra em problemas de ordem documental uma

vez que o sistema cultural da maioria das comunidades peninsulares não incluía o registro

sistemático dos acontecimentos. Por outro lado, a introdução do hábito epigráfico foi uma

realidade trazida pela presença romana. Diante disso, a busca pelas outras vozes, para além da

descrição romana dos acontecimentos, revela-se um desafio. Como uma saída possível, optamos

por reconduzir o olhar de observação para a documentação gerada pelo universo peninsular.

Nesse sentido, a documentação que, em parte, auxilia nessa tarefa consiste nos tratados de

hospitalidade entre as comunidades e a oficialidade romana. Nossa proposta consiste, então, em

cotejar as informações presentes nos textos oficiais e as adaptações e ajustes apresentados pela

documentação epigráfica. Sabemos que ambos os suportes dialogam profundamente com a

oficialidade romana, contudo, ao se ajustar as realidades locais, a documentação epigráfica pode

salientar aspectos não evidenciados em outros registros textuais.

É ‘ ’ o de discurso e representação do bárbaro na Atenas de seu

tempo.

Pierre Romana Fernandes (UERJ)

O fenômeno das Guerras Greco-Pérsicas no início do século V a.C. reconfigurou o panorama

geo-político da Hélade e gerou novas perspectivas literárias acerca das fronteiras culturais entre

helênicos e os povos envolvidos no conflito, sobretudo àqueles subordinados ao Império Persa,

elevados à condição de bárbaros. Uma das primeiras tragédias que chegou aos nossos tempos,

Persas de Ésquilo – encenada pela primeira vez em 472 a.C. em Atenas – consiste no relato

poético da expedição armada do rei persa Xerxes e a batalha naval decisiva de Salamina. Esta

obra, no discurso das transformações políticas atenienses pós-guerra, reflete as representações

do bárbaro em virtude do reforço em espaço público da identidade helênica, sobretudo dos

cidadãos de Atenas no início do século V a.C.

O comércio e o consumo do vinho no sul da Gália na Idade do Ferro

Thaís Rodrigues dos Santos (UFF)

O Sul da Gália, durante a Idade do Ferro, estava inserido no contexto de Colonização

grega, já que, por volta de 600 a.C., gregos habitantes da polis Focéia, fundaram a cidade de

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44 Marselha. Esta cidade se expandiu, fundou suas próprias colônias e passou a além de importar

produtos da Focéia, a produzir seus próprios produtos locais, como vinho e cerâmicas.

Desde sua fundação, Marselha esteve rodeada por populações celtas com as quais os

gregos mantiveram contatos. A partir desse contato, desenvolveram-se relações comerciais. Há

pesquisadores que defendam que essas populações celtas estavam sendo helenizadas por

consumirem produtos gregos e incorporarem algumas técnicas gregas para confecção de

produtos locais. Porém, pesquisadores de vertente pós-colonial apontam que havia uma seleção

quanto à incorporação de técnicas e o gosto local para os produtos importados, e que este último

era bem específico e estava plenamente direcionado para o consumo de apenas um produto, o

vinho.

O gosto pelo vinho por essas populações celtas da região desenvolveu-se em algumas

localidades, como Saint-Blaise, antes do contato com os gregos, importando-se vinho etrusco.

Com o contato acentuado das populações celtas com os gregos, o consumo do vinho se difundiu

por todo o sul da Gália. Porém, o consumo do vinho por essas populações nunca desbancou o

consumo das bebidas locais, como a cerveja. As bebidas locais sempre permaneceram como as

bebidas mais consumidas dentre os celtas do sul da Gália.

MESA 2 – Antiguidade Clássica: Problemas e Abordagens

Auditório (2° andar do bloco O) – 10:00 às 11:30

Coordenação: Camila Jourdan

A construção da representação de Clitemnestra como uma mulher transgressora no

imaginário grego

Talita Nunes Silva (UFF)

De Homero (VIII séc.a.C.) à Euripídes (séc.Va.C.), dos vasos arcaicos à cerâmica italiota de

figuras vermelhas, Clitemnestra é representada como a mulher adúltera que participa - passiva

ou ativamente - do assassinato de seu marido e assim se distancia do comportamento esperado

de uma mulher virtuosa. Nesta comunicação buscaremos por meio da análise da documentação

textual referente ao Período Arcaico os termos e passagens que se referem a Clitemnestra como

uma mulher ‘transgressora’. Deste modo, buscaremos perceber a construção de uma tradição na

representação da heroína como uma mulher transgressora no imaginário grego. Além disto,

observaremos que a personagem transgride o comportamento desejável a uma mulher grega por

cometer desvios a valores e atos que deviam ser observados especificamente pelo gênero

feminino, assim como a princípios e atitudes que deveriam ser seguidos pela sociedade grega de

modo geral. Do mesmo modo, verificaremos que como Clitemnestra os personagens masculinos

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45 que a ela se relacionam na poesia do Período Arcaico (Egisto, Agamêmnon e Orestes) cometem

atos que transgridem valores e costumes a serem observados pelos gregos.

Temístocles sob o olhar de Plutarco: os ardis na batalha de Salamina

Camila Alves Jourdan (UFF)

Inserido no movimento da Segunda Sofística, o biógrafo Plutarco, nascido na região grega da

Beócia aproximadamente na metade do século I d.C., viveu sob o domínio do Império Romano

e escreveu uma grande quantidade de textos, com grande inspiração das obras de Heródoto e

Tucídides. Os textos de Plutarco estão repletos de seu intento pedagógico; especialmente o

conjunto de textos sob o nome de “Vidas Paralelas”, em que é visível a redação de forma

educativa e um final de caráter moralizador. Quando narra a vida do estrátego ateniense

Temístocles, Plutarco manifesta o caráter “natural” de Temístocles para a sagacidade. É esta

esperteza amplamente utilizada no contexto da batalha naval em Salamina (480 a.C.) entre

helenos e persas. Assim, nesta comunicação objetivamos evidenciar, a partir da análise textual,

as atribuições empregadas por Plutarco para caracterizar Temístocles no que tange seu caráter

astucioso (métis), bem como sua relação coma vitória naval helênica em Salamina.

Sexualidade feminina e representação do Eros no óikos ateniense (século V a.C)

Juliana Magalhães dos Santos (UFF)

Esta comunicação possui o objetivo de abordar brevemente as representações do Eros na casa

ateniense (óikos), a partir de uma ótica centrada na relação com o gênero feminino. A

prostituição e o casamento, são aspectos da sexualidade que nos permite pensar sobre a lenta

migração da imagem do deus, de potencia ativa, avassaladora e muitas vezes desmedida, para a

representante de aspectos “românticos” coroados pelo casamento. Esse arco de representações

possui impacto direto sobre as mulheres atenienses e a sua relação com o ideal de cidadania.

Oferendas votivas e agón no santuário a Deméter e Koré em Acrocorinto

Mariana Figueiredo Virgolino (UFF)

No santuário das deusas Deméter e Koré em Acrocorinto, a colina sagrada da pólis coríntia, as

mulheres da cidade podiam tanto construir e reforçar seu pertencimento através das práticas

religiosas. A tirania Cypsélida buscou beneficiar cultos populares como o de Deméter e Koré,

ao mesmo tempo que buscava modos de inibir a influência aristocrática.

Vemos, todavia, que a harmonia entre os grupos femininos da cidade não era completa, uma vez

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46 que oblações votivas de alto custo marcavam o contraste social entre as mais abastadas e as

pertencentes às camadas mais humildes. Nesta comunicação trataremos da diferenciação social e

ritual marcada nas dedicações votivas deste santuário, abordando o espaço religioso como um

local de disputa por prestígio e reforço de privilégios socioeconômicos.

MESA 3 – Egito Antigo: Múltiplos Diálogos

Sala 510 (Bloco O) – 11:30 às 13:00

Coordenação: Lara Pinheiro

“ S h V ” F D v v C E A

Letícia Gomes do Nascimento (UFRJ)

A crença no pós-vida não era evidentemente exclusiva dos egípcios antigos. Não obstante,

as práticas funerárias egípcias angariaram grande esforço e dedicação mais do que qualquer

outra cultura da antiguidade ou contemporânea. A medida que os egípcios refinaram sua

concepção a respeito da morte, suas práticas e os elementos nela envolvidos também foram

sendo modificados. Pretende-se aqui abordar de forma objetiva o desenvolvimento dos caixões

no Egito Antigo, sua função não só como dispositivo protetor do corpo mumificado, mas como

elemento fundamental nos ritos funerários, assegurando ao morto a manutenção da vida no

Mundo dos Mortos.

Hashepsut legitima herdeira do trono ou uma usurpadora?

Flávia de Souza Reis (Faculdades Integradas Simonsen)

O projeto de pesquisa “Hatshepsut: Legítima Herdeira do Trono ou uma Usurpadora?”

tem comotemática analisar que a questão da mulher no poder não é algo recente. Citamos como

exemplo, a Rainha Hatshepsut que se tornou Faraó do Egito por volta de 1473 A.C.

Debater a legitimidade dessa conquista é um ponto muito significativo para este projeto,

pois através dele, tivemos a oportunidade de analisar todos os argumentos por Hatshepsut, com

a finalidade de inibir qualquer contestação ao seu poder, uma vez que atuou de maneira

semelhante aos Faraós que a antecederam, tanto no cunho religioso quanto político.

Verificou-se sua relação com Tutmés III, seus títulos reais, a importância da alteração de

sua imagem e inserção de um “sobrenome” faraônico, como também suas construções. Outro

quesito observado foi o fator sanguíneo ligado às linhagens nessa parte da XVIII Dinastia.

O estudo aqui proposto é mostrar que a mulher já exercia papéis importantes de

liderança, mesmo numa época dominada pela hegemonia masculina. Hatshepsut deixou como

herança para todas as civilizações, a importância do fim do preconceito de gênero e da

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47 capacidade que uma mulher possuipara comandar uma nação com autoridade e respeito.

Mesa 4 – Diálogos políticos, culturais e econômicos na Roma Antiga

Auditório (2° andar do bloco O) – 11:30 às 13:00

Coordenação: Leonardo Cabral

Aspectos econômicos das perseguições aos cristãos nas províncias romanas nos séculos II e

III d.C

Leonardo Cabral (UFRRJ)

Este trabalho tem por objetivo a busca pelos aspectos econômicos que levaram às

perseguições aos cristãos entre os séculos II e III d. C. Estão sendo realizadas as seguintes

etapas da pesquisa: mapeamento das comunidades cristãs do período estudado, busca de fontes e

discussão dos motivos os quais levaram à expansão do cristianismo e motivos de perseguição e

a existência ou não de ortodoxia antes do Concílio de Nicéia, o primeiro dos Concílios que

deram início à formação de uma doutrina cristã em consenso com todas as igrejas. O orientador

do projeto, professor Marcos Caldas, fez um levantamento das comunidades cristãs entre os

séculos I e IV d.C. e está no momento, junto ao bolsista, completando uma tabela que relaciona

o século, a comunidade cristã presente no período, as construções cristãs nelas feitas e as fontes

que comprovam suas existências; para esta tarefa foi utilizada também uma fonte secundária

com quantidade menor de comunidades, complementar ao trabalho. Além disso, estão sendo

discutidos os tópicos acima citados com a finalidade de prosseguir para as etapas seguintes com

o conhecimento necessário, com ênfase, no momento, na questão da ortodoxia antes de Nicéia.

Triunfo Imperial Romano: a Cruz Gemada de Augusto na legitimação do Sacro

Império da Alta Idade Média.

Vânia Vidal Luiz (UNIRIO)

Essa comunicação tem como objetivo discutir a representação do conceito de imperium no

camafeu augustano da Cruz Gemada de Lotário (séc. XI) e suas apropriações pela Idade Média

no estabelecimento das bases simbólicas do Sacro Império não apenas como continuação de

Roma, mas como a própria Roma. A partir da compreensão patrística de que a cruz, como

representação, converte-se no signum da vitória de Cristo sobre o mundo, a morte e o pecado

personificando a promessa da Salvação, e que re-liga o passado ao futuro através do culto do

presente. Sustentamos que a centralidade da figura de Augusto, nessa cruz, não é ocasional.

Trata-se de uma linguagem iconográfica intencional, que aliada a outros elementos do objeto,

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48 nos faz crer que o culto prestado não se atém ao Cristo e à vitória sobre a morte, mas ao

imperium romanorum e sua vitória sobre a civilização.

O De Rerum Natura de Lucrécio no contexto da recepção do epicurismo pela elite romana

do século I AEC

Maria de Nazareth Eichler Sant’Angelo (UNIRIO)

A proposta da presente comunicação é investigar as condições de recepção das escolas

filosóficas helenísticas, notadamente a epicurista, pela elite da Roma tardo-republicana. A

crítica tende a atribuir uma importância maior ao estoicismo e a descurar em suas análises o

ímpeto com que os círculos dessa elite acolheram as convicções epicuristas. A análise se

concentrará na identificação dos agentes e espaços de experiência implicados na circulação,

leitura, recitação e audição de tratados e poemas epicuristas no período em questão. Veremos

que um dos locais mais importantes de performance literária de textos epicuristas são as vilas e

seus banquetes, cujas características remontam à tradição dos carmina convivalia. Tal

investigação se justifica na medida em que busco esclarecer, em minha pesquisa de doutorado,

em que medida o poeta e filósofo Lucrécio (94/93-51/50 AEC) foi bem-sucedido em sua

tentativa de converter a ratio epicurista no vetor de orientação das tomadas de decisão e

estratégias de ação política da elite romana nos espaços públicos da urbs do século I AEC, ou

seja, no contexto do cumprimento de suas obrigações magistrais e sacerdotais e na condução dos

rituais cívico-religiosos.

Quarta-feira, 25 de março de2015

História Medieval

Mesa 01 – Mundo islâmico, mundo de possibilidades

Sala 510 (bloco O) – 10:00 às 11:30

Coordenação: Paula Justen

Identidade e alteridade no mundo árabe-islâmico através da viagem de IbnBattuta (1304-

1368)

Afonso Celso Malecha Teixeira (UFF)

Este trabalho disserta sobre o binômio identidade-alteridade no mundo árabe-islâmico medieval,

a partir do relato de viagem de IbnBattuta (1304-1368).

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49 Compreendemos a viagem não apenas como um deslocamento no espaço, mas também como

um fenômeno cultural a partir do qual podemos depreender as formas de como se dava a

construção da alteridade e, neste exercício, perceber as bases da identidade do viajante.

Portanto, estudar o livro de viagens de IbnBattuta nos permite compreender não só como os

muçulmanos percebiam os Outros, mas também como entendiam a si mesmos.

A partir da noção de umma(comunidade muçulmana), percebe-se uma unidade entre todos os

fiéis muçulmanos do mundo. Ao deslocar-se por toda a comunidade muçulmana, IbnBattuta é

testemunha de uma unidade cultural, na qual o sentimento de pertencimento a ummaé um dos

pilares fundamentais da identidade muçulmana. Entretanto, isso não o impede de estabelecer

uma hieraquia dentro dela. Na comunidade muçulmana, há aqueles que se aproximam mais do

ideal do bom muçulmano e outros que revelam-se perigosos para a unidade política da ummae

para o cumprimento da ortodoxia sunnita.

Em um contexto de fragmentação política, guerras religiosas internas, proclamação de diferentes

califados, IbnBattuta consegue dar provas da unidade, força e coesão da umma, apesar das

debilidades. Nosso viajante se apresenta como um fiel defensor dessa unidade, saudoso do

grande Califado, mas esperançoso que esse passado glorioso retorne.

A consolidação do Califado Abássida e a valorização do conhecimento pelos árabes

Dandara Arsi Prenda (UFF)

Este trabalho tem como objetivo fazer um balanço da conjectura histórica que se

encontra delimitada pelo recorte temporal que a fonte a ser utilizada, a obra Kalila e Dimna,

apresenta sendo este, respectivamente, o século VIII d.C. Neste sentido, a obra desenvolve-se no

período entre a transição do fim do Califado Omíada (datado entre 661-750) e as tentativas de

consolidação por parte dos soberanos que compuseram o preâmbulo do Califado Abássida

(desde a tomada do poder em 750, até o reinado de al-Mansur que se inicia em 754-75 e se

estende até 786 d. C.).

Porém muito além da queda de uma casa para a ascensão de outra, este momento de

transição aborda questões muito mais profundas, e que a obra revela de forma indireta, como a

questão da sucessão dos governantes, o maior problema do Império Islâmico desde a morte do

Profeta Muhammad.

Nestes moldes, analisar-se-á no presente trabalho, as questões acerca dos diversos

desafios e dificuldade para a formação de um Estado Islâmico. Serão analisados a formação e os

fundamentos das dissidências religiosas entre os muçulmanos, as correntes xiita e sunita, que se

constituíram em

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50 disputas, causando longo da história do Império Árabe fissuras que, conjuntamente, com outros

fatores levaram ao esfacelamento do poder do Califado.

Entrelaçado aos desdobramentos do Império Islâmico encontra-se a história do suposto

letrado IbnAlmuqaffa, tradutor da obra Kalila e Dimna. Ao mesmo tempo em que se

problematizará o recorte histórico supracitado, serão abordadas questões acerca das vicissitudes

do autor, analisando-se uma breve biografia, que se encontra no corpus documental. Com a

análise da vida deste letrado, em conjunto com a bibiografia, busca-se compreender a vida nas

cortes árabes medievais e, sobretudo, fazer uma reflexão acercadas disputas em busca do posto

de Califa.

Parte desta análise se apoia na trajetória de vida deste letrado, que ascende socialmente

enquanto os Omíadas estão no poder. Contudo, é na corte Abássida que o ousado letrado ganha

espaço e participa do jogo de poder que mais uma vez testa o Império com a questão da

sucessão legítima e reconhecida. O tradutor IbnAlmuqaffa possuía o cargo de escriba, auxiliar e

conselheiro de AbdullāhIbnAlī e de SulayymānIbnAlī, ambos tios do Califa AbūJafarAlmanṣūr,

e neste cenário, ambos disputavam com o sobrinho a autoridade e o reconhecimento do poder

perante o Império.

Portanto, o propósito deste trabalho é analisar este período histórico através das linhas

descritas por IbnAlmuqaffa nas vicissitudes de um livro e seu autor, porém, tendo como espinha

dorsal a questão do problema da autoridade do soberano e o seu reconhecimento.

Devshirme: Sistema de Recrutamento Infantil Militar Otomano (Séculos XIV-XV)

Lucas Martiniano Pereira (UNIABEU)

Através de uma análise centrada na Instituição Devshirme, prática de recrutamento de jovens

cristãos das regiões sob a tutela do Império Otomano, iniciado por volta do século XIII d.C.,

procura-se entender como a mesma influenciou o Exército a ponto de torná-los um dos povos

mais temidos no fim da Idade Média e início da Moderna. Pretende-se analisar também os

processos mais específicos desse recrutamento, onde os jovens tornavam-se escravos exclusivos

do Sultão Otomano, e da sua formação, educação dentro do mundo muçulmano e a

transformação que os fazem se tornar guerreiros exemplares, compondo a elite militar e a

camada mais alta da administração do sultanato.

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51 Mesa 2 – Dinâmicas de marginalização na Idade Média

Auditório (2° andar do bloco O) – 10:00 às 11:30

Coordenação: Wanderson Pereira

The medieval outsiders: pobreza e marginalização em fins da Idade Média

Flavia Vianna do Nascimento (UFF)

Os períodos finais da Idade Média – séculos XIV e XV – são caracterizados por uma crise do

sistema feudal. Um dos reflexos dessa crise é um desequilíbrio na organização social.

Marginalização, êxodo rural e revoltas populares são alguns dos traços deste desequilíbrio. Os

Estados procuraram agir contra esta situação, através de legislações de controle da força de

trabalho e de repressão á vadiagem.

A presente comunicação tem como objetivo entender as categorias “pobre”, “marginal” e

“vagabundo”, além de mostrar o quanto a crise econômica é concatenada com os processos de

destituição e marginalização. Usarei como fonte para o artigo a obra Lazarillo de Tormes,

escrita por autor anônimo, em espanhol, durante o século XVI. Apesar da datação, o texto traz

importantes indícios da situação social das camadas populares durante os séculos XIV e XV. É a

partir da análise dela que procurarei relacionar os processos de marginalização com a chamada

crise do sistema feudal.

Palavras-chave: Marginal – Literatura – Idade Média.

Pater Pauper: a manifestação política do Affectus Pietatis na condução dos pobres na

realeza Capetíngia (séc. XIII)

Wanderson Henrique Pereira (UFMG)

Nosso objetivo é entender a mobilização do conceito de affectus dentro das relações de poder

entre o rei e os súditos na política régia Capetíngia, sobretudo no reinado de Luís IX,

canonizado como São Luís. Para atingir esse objetivo, utilizaremos a Eruditio Regum et

principum, finalizado por volta de 1259 por Gilberto de Tournai, minorita e professor de

teólogia da universidade de Paris. O Eruditio é um tratado pedagógico inserido dentro da

literatura política dos Espelhos de príncipe, que eram direcinadosaos monarcas. Seu objetivo era

ensinar como os reis, príncipes e seus futuros descendentes deveriam governar de forma correta

seus reinos. Esses tratados políticos, geralmente encomendados pelos próprios reis, tendiam a

elaborar as diretrizes morais e éticas para o sucesso do governante, teorizando um modelo ideal

de realeza Cristã. Na obra em analise, atentaremos para as representações do rei, enquanto

aquele que deve sentir um profundo affectuspietatis pelos seus súditos, principalmente pelos

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52 mais pobres (pauper), dos quais o rei deve proteger assim como um pai protege seus filhos.

Nesse sentido o rei é representado no decorrer da obra como o pater pauper (pai dos pobres). O

rei deve demonstrar essa afeição por meio de ações caritativas direcionadas aos súditos no

decorrer da condução dos mesmos, demonstrando o amor do rei e em contrapartida esperando

recebê-lo dos próprios súditos.

Uma breve reflexão acerca da relação cidade-campo. O Foral de Guimarães (Portugal –

Séc. XI).

Matheus Gadioli Pires Camacho (UFF)

O presente trabalho consistirá num esforço inicial de análise do Foral de Guimarães, cuja

datação corresponde ao século XI, sendo concedido à cidade pelo Conde Dom Henrique. O foral

é um documento instituído por um senhor para uma comunidade que se submete a seu poder e

jurisdição, discriminando deveres e direitos mútuos, concedendo-lhe certo grau de autonomia

em troca de determinadas rendas. De natureza jurídica, tal documentação, além das normativas,

nos revela rendas diversas arrecadadas pelo senhor sobre o comércio, os produtos etc. Os forais

constituem uma espécie de janela para a compreensão de outra relação fundamental que se

estende aos dias atuais, mas com outra roupagem: a relação cidade-campo.

Desde a revolução agrícola, é possível dizer que um segmento social fundamental para a

reprodução da humanidade se faz presente, o campesinato. A historiografia por muito o abstraiu

da própria história, uma vez que os registros trabalhados pelos historiadores não se referem

diretamente ao campesinato, mas sempre aos senhores, a uma propriedade ou aos produtos.

Porém, se esquecem de que o senhor não pegava no arado para trabalhar o solo; a propriedade,

quando doada, levava consigo famílias ali alocadas, e os produtos eram fruto do trabalho

camponês. Será este tipo de olhar que buscaremos lançar sobre a fonte, reconhecendo os espaços

e as ações que fazem com que seja possível perguntar até onde estudar as cidades na Idade

Média também não é um estudo acerca do campesinato.

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53 Mesa 3 – Poder régio, ordem senhorial e justiça

Sala 310 (bloco N) – 10:00 às 11:30

Coordenação: Danielle Silva

Queenship – Considerações sobre o poder da Rainha medieval.

Danielle de Oliveira dos Santos Silva (UFRRJ)

Este trabalho tem por objetivo explorar de forma inicial o conceito de queenship. Esse conceito

tem sido trabalhado por historiadores anglo-saxões cujas pesquisas vêm sendo publicadas nos

últimos vinte anos, desde a década de 1990, e aparece de forma comparativa ao conceito

análogo de kingship que trata do poder do rei. Historiadores ibéricos também têm usado o termo

em inglês para definir o que viria a ser as prerrogativas da rainha medieval, por falta de uma

palavra que possa dar precisão ao termo nas línguas portuguesa e espanhola.

Partindo da leitura dos trabalhos de John CarmiParsons, de TheresaVann, e de outros autores

anglo saxões, temos tido contato com várias obras e coletâneas de artigos onde diversos

historiadores especialistas na área dissertam sobre a participação das rainhas da Idade Média nos

meandros do poder, e novas considerações sobre nosso objeto de estudo, as rainhas regentes,

estão surgindo em decorrência desta nova possibilidade de análise.

Nesta pesquisa têm sido tratadas questões pertinentes à rainha, com um recorte na Península

Ibérica e buscado analisar as oportunidades e possibilidades que as soberanas tiveram de

exercerem de fato o poder político nos países onde viveram. O estudo das mulheres na Idade

Média se divide entre a leitura dos discursos dos clérigos e a realidade. Se discursivamente as

mulheres medievais são mostradas como seres inferiores e dependentes, ao realizarmos as

leituras das fontes eclesiásticas, em outros documentos, como crônicas ou papéis de

chancelarias, podemos encontrar os vestígios da participação política das mulheres oriundas da

realeza nos assuntos referentes ao governo do reino.

Nesta pesquisa, interessa aprofundar quais as circunstâncias que levaram mulheres ao exercício

do poder. Quais os acontecimentos que tornavam a ranha apta a ser regente do reino? A

ausência do marido? A menoridade do filho? Ser a única herdeira disponível? Quais alianças

deveriam ser feitas para sustentar o poder feminino ante uma parentela masculina ansiosa por

suas próprias oportunidades de se impor e exercer o governo? Em quais momentos o reinado de

uma rainha era aceito como a melhor possibilidade para o reino?

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54 Os julgamentos contra os animas na Baixa Idade Média: o caso da porca de Falaise

Franklin Maciel Tavares Filho (UFF)

Este trabalho apresenta algumas considerações acerca dos julgamentos contra animais na Baixa

Idade Média. Na Europa Medieval, o julgamento de animais era comum, já que se acreditava

que, se eles eram responsáveis por crimes, deveriam responder por eles. Em 1386, um

julgamento na cidade francesa de Falaise condenou o réu à pena máxima, enforcamento em

praça pública, por cometer infanticídio, assassinato de criança. No dia da execução, o povo se

aglomerou para ver o espetáculo. Pela importância da solenidade, o carrasco recebeu um par de

luvas brancas. No centro do show estava a ré: uma porca.

A paz de Deus e seu papel na estruturação da ordem senhorial francesa (888-1095)

Lucas Moreira Calvo (Faculdade de São Bento do RJ)

A comunicação apresentará os resultados da monografia desenvolvida no curso de pós-

graduação lato sensu da Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro. O tema trabalhado foi o

papel da paz de Deus na consolidação da ordem senhorial francesa nos arredores do ano mil.

Para tal, analisamos o discurso das atas conciliares de Charroux (989) e Le Puy (994) e o

discurso do papa Urbano II no concílio de Clermont (1095). A paz de Deus geralmente é

interpretada como um movimento de pacificação contrário à anarquia e violência endêmica da

sociedade feudal, no entanto, este trabalho desconstrói esse tipo de interpretação, caracterizando

a paz de Deus como um movimento senhorial reformista que objetivava remodelar a ordem

social de acordo com os interesses eclesiásticos. Nesse sentido, longe de se opor à violência

cavaleiresca, a paz de Deus normatizou a cavalaria feudal, colaborando para construir uma

ordem social dominada por senhores e preservada pela violência, porém, submissa ao controle

da Igreja. Dessa forma, o trabalho teve como principais objetivos: (1) analisar as interpretações

“mutacionistas” e “antimutacionistas” sobre a paz de Deus e seu contexto; (2) examinar o

discurso materializado nas atas conciliares de Charroux e Le Puy e o discurso enunciado pelo

papa Urbano II no concílio de Clermont (1095); (3) compreender o papel da paz de Deus na

estruturação da ordem senhorial francesa.

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55 A justiça como pilar da realeza medieval inglesa (início do século XV)

Caio de Barros Martins Costa (UFRRJ)

Desde a grande obra de Marc Bloch sobre o caráter sobrenatural das realezas francesa e inglesa,

diversos trabalhos tinham como centralidade compreender os elementos que compunham a

ideologia política da era medieval. Com relação aos ingleses, diversas as pesquisas costumam

citar a sacralidade pautada na taumaturgia. A historiografia britânica em si pouca analisa os

modelos de rei existente na mentalidade da época, reservando-se principalmente no estudo do

militarismo dos séculos XIV e XV. Sendo assim, havia outros elementos da sacralidade na

Inglaterra medieval? E quais seriam tais elementos?

O presente trabalho é fruto de uma pesquisa monográfica ainda em andamento que busca a

compreensão dos elementos simbólicos que constituíam o ideal de rei na monarquia inglesa do

início do século XV. É utilizada como fonte principal da pesquisa a obra do poeta inglês

Thomas Hoccleve, The regimentofprinces. Busca-se analisar com a justiça - um dos elementos

supracitados - se constituía como um dos pilares da monarquia. Já citará Jean Jacques

Chevallier, que implantar a justiça é uma finalidade do poder político medieval, onde “realeza é

justiça; tirania é injustiça” (CHEVALLIER, 1982, p. 205).

A formação da Ordem de Cavalaria entre os séculos XII-XIII: Uma discussão

historiográfica

Diogo Rodrigues dos Santos (UERJ)

Em nossa exposição almejamos analisar as concepções historiográficas referentes a instituição

da Ordem de Cavalaria Medieval, com o recorte temporal nos séculos XII e XIII. Dessa forma,

nosso estudo pautou-se na produção dos seguintes pesquisadores: Marc Bloch, George Duby,

Jean Flori, Dominique Barthélemy, Alain Demurger além dos brasileiros Ricardo da Costa, e

Hilário Franco Júnior. O método do debate historiográfico torna-se um elemento central, para

que possamos observar a convergência e divergência, das perspectivas sobre o nosso objeto de

pesquisa e assim explanar a Cavalaria Medieval dos séculos XII-XIII não como um grupo

militar a cavalo, mas como uma Ordo (Ordem) com características próprias de um grupamento

específico.

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56 Mesa 4 – Igreja Católica: instituição e visões de mundo

Sala 510 (bloco O) – 11:30 às 13:00

Coordenação: Douglas Bandeira

AS RELAÇÕES MATRIMONIAIS NA REALEZA VISIGÓTICA E AS PRETENSÕES

POLÍTICAS DO BISPO ISIDORO DE SEVILHA

Alexsandra Pimentel França (UFMG)

Pretendemos investigar a dimensão política das relações matrimoniais régias, tendo em vista a

perspectiva de Isidoro de Sevilha sobre o matrimônio diante da situação política do reino

visigodo. O período estudado faz um aparato da história do casamento e busca, precisamente,

analisar o reino entre os séculos VI a VIII. A análise parte da interpretação dos acordos jurídicos

discorrido nos Concílios convocados nos séculos pretendidos e nas obras deixadas por Isidoro, o

bispo de Sevilha. O matrimonio faz alusão a questões políticas e como tal, é de acordo que, há

de existir uma relação direta entre, o seu desenvolvimento dentro de uma instituição de poder,

que legitima o matrimonio. Dirigimos nossos estudos à investigação sobre a relação de

Atanagildo com sua influente esposa Goswinta, que interviu fortemente na governança de seu

marido. As relações que sucederam desse enlace desencadearam em longos processos de

manobras políticas diante do instável cenário entre as casas régias merovíngia e visigoda.

Apontaremos para o papel desenvolvido pelas mulheres e sua importância na diplomacia entre

as distintas casas reais, merovíngia e visigoda. Pretendemos desenvolver uma analise no que diz

respeito ao grande projeto diplomático almejado pelos merovíngios e Goswinta em oposição ao

que o Bispo Isidoro de Sevilha pretendia em relação aos visigodos.

A confraria de Sancti Spiritus de Villalpando: Análise de uma confraria de clérigos (Sécs.

XIV-XV)

Douglas Ribeiro da Rosa Bandeira (UFF)

Esta apresentação consiste em apontamentos inicias de um projeto apresentado ao PIBIC-UFF

sob a orientação do Prof. Dr. Mário Jorge da Motta Bastos. A proposta de trabalho tem como

objetivo analisar as transformações ocorridas no patrimônio fundiário da confraria de

SanctiSpiritus de Villalpando, situado em Tierra de Campos (Espanha), durante os séculos XIV

e XV. Propomo-nos, essencialmente, a abordar os instrumentos, formas e iniciativas promovidas

pela confraria que deram ensejo à configuração de seu patrimônio fundiário durante a Baixa

Idade Média, considerando ainda as tendências dominantes no período. Basear-nos-emos na

análise da Documentación Medieval delArchivoParroquial de Villalpando (Zamora), conjunto

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57 de fontes que praticamente permaneceu inédita até a sua publicação, em 1988, sob a direção de

Ángel Vaca Lorenzo. A documentação contém duzentos e trinta e três unidades diplomáticas,

datadas entre os anos de 1278 e 1499, documentos que versam sobre compras, vendas, trocas e

doações de bens entre particulares e, em sua maioria, entre instituições.

Transição da práxis devocional: Corpus Mysticum e a construção do imaginário medieval

ocidental de sociedade por Santa Catarina de Siena (1347-1380)

Caio César Rodrigues (UFRRJ)

O projeto de pesquisa analisa através dos indícios coletados na obra Diálogo da Divina

Providência de Catarina de Sena, escrita entre 1377 e 1378, a construção e o entendimento de

aspectos particulares do imaginário social medieval Ocidental como parte idealizada de um

corpus mysticum de Cristo.O tema justifica-se em evidenciar num plano cultural os conflitos e

relações sociais de um mundo em transformação. As ideias de Catarina de Sena são frutos de

uma tradição anterior que passa por influxos de sua experiência de fé.

A partir de nossa análise, os indícios nos levam a concluir que a tradição cristã, através da

Patrística e do discurso místico, modificaram as representações e as práticas dos leigos

estabelecendo um habitus religioso, a saber, “um principio gerador de todos os pensamentos,

percepções e ações” que ajusta a práxis devocional, à visão política do mundo social. Essas

representações, segundo Bourdieu, dizem respeito à visão que um indivíduo ou um grupo

constroem de sua cultura ou sociedade, de forma a conter em seus discursos o peso do

imaginário acerca do cotidiano, e das percepções do mundo natural e o sobrenatural. Contudo,

por mais original que Catarina nos pareça, ela compartilha com muitos outros autores o

imaginário e as representações da sociedade medieval Ocidental. Bem como, não podemos

negligenciar sua participação nos significados compartilhados pela sociedade à qual pertence.

Mesa 5 – Representações da sociedade medieval

Auditório (2º andar do bloco O) – 11:30 às 13:00

Coordenação: Paula Justen

FLORENÇA E O DEBATE DOS SÁBIOS: O DISCURSO DA CIDADE MEDIEVAL DO

SÉC. XIV EM GIOVANNI VILLANI.

Vânia Vidal Luiz (UNIRIO)

Sob o contexto de efervescência urbana e cultural experimentado pela península italiana ao

longo dos séc. XIII XIV, Giovanni Villani, banqueiro e diplomata florentino elabora uma

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58 ambiciosa obra de cronística urbana – A Nuova Cronica – com o objetivo de exultar a grandeza,

a força e sobretudo o esplendor cultural de Florença em relação à Toscana com a construção da

imagem desta como uma cidade modelar ‘filha e exemplo de Roma’.

Modelar não apenas em sua configuração arquitetônica mas ao diálogo intelectual que

suscita na toscana, que a faz se equiparar ao fórum romano por excelência. Através do uso das

diferentes retóricas que permeiam o ambiente intelectual florentino e que constroem o conceito

de história expresso na vasta cronística urbana da região, composta pelo debate franciscano e

dominicano, pelas sucessivas incorporações míticas do diálogo entre o Antigo e o Novo, e os

embates políticos, Villani encontra a verdadeira “linguagem da cidade”, em que verdade e

ficção se misturam e entrelaçam, oferecendo-nos uma experiência única do fenômeno urbano

medieval.

Uma análise da pluralidade e trocas culturais através da literatura de viagens no

Mediterrâneo do século XII

Anna Carla Monteiro de Castro (UFF)

A comunicação tem por objetivo apresentar, em estágio preliminar, a pesquisa de doutorado, em

andamento, sobre relatos de viajantes no Mediterrâneo Ocidental no século XII. Partindo de

narrativas de origem cristã, muçulmana e judaica, a pesquisa tem como intenção demonstrar a

pluralidade deste mundo multifacetado, onde as trocas culturais são intensas, mesmo

considerando-se o período dos relatos, todos situados entre a Segunda e a Terceira Cruzadas.

Partindo das narrativas de IbnJubayr, al Idrisi, Benjamin de Tudela e de Richard de Templo, a

pesquisa tem por objetivo apontar a dinâmica e fluidez do mundo do Mediterrâneo Ocidental,

num momento de tensões que não impede o trânsito de pessoas e de ideias. Este mundo

apresenta-se como uma fronteira porosa, que embora pudesse reter certos elementos, é

plenamente fluida a outros. Vemos, assim, intenso fluxo na região e os relatos desses viajantes

revelam o encontro entre culturas díspares, as tensões criadas por estes contatos e o

estranhamento das partes envolvidas, fazendo do Mediterrâneo um espaço privilegiado para

compreensão das trocas reais e simbólicas entre culturas e das relações de alteridades advindas

desses encontros.

Problemáticas da historiografia da Alquimia

Bruno Sousa Silva Godinho (UNIRIO)

O texto a ser apresentado consiste em trecho de minha monografia de conclusão de curso,

“Alquimia e Cosmo: misticismo e concepção de mundo no século XV”. Pretendo expor as

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59 vertentes da incipiente historiografia da alquimia e suas críticas, assim como tentar demonstrar a

relevância dos estudos desta área para uma renovada compreensão do Medievo e Idade

Moderna.

A alquimia desempenha importante papel, embora ainda obscurecido pela historiografia

tradicional das Idades Média e Moderna, na construção do saber e das ciências modernas. Os

exemplos mais claros disso encontram-se na química e medicina. Estudiosos como Paracelso

estiveram ligados às tradições alquímicas e, consequentemente, ao hermetismo. Importa, pois,

mostrar como essa corrente de pensamento foi capaz de estruturar uma área específica do saber

(a alquimia) e quais as influências desta na construção do espectro das mentalidades e práticas

científicas e mesmo metafísicas na passagem do Medievo à Idade Moderna.

Discutir a historiografia da alquimia visa, portanto, buscar as melhores teorias e métodos de

aproximação e estudo deste tema para que se faça uma contribuição genuína à escrita da

História.

Renascimento cultural do século XX-XIII na tópica satírica dos Carmina Burana

Maycon da Silva Tannis (PUC-RIO)

Neste trabalho, pretendo analisar aspectos das transformações socioculturais verificadas no

“Renascimento Cultural do século XII” a partir da interpretação dos textos satíricos dos

chamados Carmina Burana. A partir dessas fontes, tentarei refletir sobre transformações

culturais no medievo europeu. A proposta se insere na longa tradição de estudos sobre o ”Riso”,

o Risível e o Satírico, que se estende desde Aristóteles aos tempos atuais, por conta da

capacidade destrutiva e construtiva que as diferentes formas de riso e humor possuem em todas

as épocas, até mesmo naquelas em que ele foi perseguido ou condenado. E esse trabalho partirá

da noção de Renascimento Cultural do Século XII, proposta por Charles Homer Haskins, em

constante diálogo com Jakob Burckhardt, e retomada mais tarde por Jacques Verger, tal

compreensão define um Renascimento Cultural do Século XII nasce como uma necessidade de

explicar as profundas transformações que ocorreram no período citado e de compreender como

essas transformações se mostram no relato cotidiano e da cultura. Para a compreensão do

contexto em que os poemas dos Carmina Burana, foram produzidos de modo a recompor os

interesses e estratégias presentes nos textos satíricos e que movem a relação entre ação crítica e

objeto criticado.

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60 Mesa 6 – Grupo de Estudos sobre História do Japão (GEHJA – CEIA – UFF)

Sala 310 (bloco N) – 11:30 às 13:00

Coordenação: Douglas Almeida

Os Disparos de Tanegashima: debatendo a introdução das armas de fogo no estilo de

combate samurai.

Douglas Magalhães Almeida (UFF)

Durante o período feudal japonês uma intensa tormenta fizera um navio Junco chinês ancorar

em uma de suas ilhas, desembarcando alguns aventureiros portugueses que haviam retornado de

Goa com artefatos bastante exóticos. O lorde da ilha japonesa de Tanegashima, Tokitaka foi o

primeiro a adquirir os incríveis arcabuzes com fecho de pederneira. A introdução das armas de

fogo no Japão, iniciadas por este episódio, produziram um dos primeiros grandes contatos da

cultura nipônica feudal com o Ocidente que já se modernizava, o que traria grande repercussão

na mentalidade de combate japonês.

Partindo da tese de John Keegan, “a guerra pode ser, entre muitas coisas, a perpetuação da

cultura por intermédio de seus próprios meios”, este trabalho tem como intenção analisar as

influências e consequências da inserção das armas de fogo no estilo de combate japonês, ainda

sob uma tradição feudal no séc. XVI, e como sua pratica e uso foi utilizada na cultura militar

samurai, debatendo polêmicas como a “proibição” de seu uso por afetar valores de combate

entre os guerreiros japoneses durante o SengokuJidai.

Processos de tumulação na antiguidade japonesa: o caso dos túmulos Kofun

Larissa Bianca Nogueira Redditt(UFRJ)

Durante o período Kofun, que se estende de 250 d.C. a 710 d.C., os líderes regionais e centrais

do arquipélago japonês eram enterrados em monumentos funerários de tipo tumulusKofuns, que

deram nome ao período. A presente comunicação busca analisar os processos de tumulação

japonesa durante as três fases do Período Kofun (inicial, média e final), abordando ainda o

debate das datações utilizadas para a história japonesa. Dada a impossibilidade da utilização de

documentação textual para grande parte do período abordado, uma vez que sua produção ainda

não existia no Japão, utilizaremos a cultura material para uma abordagem arqueológica do tema.

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61 Abordagens históricas em Mononoke Hime: narrativas, mensagens e ensino de história

através das animações japonesas.

Mateus Martins do Nascimento (UFF)

A relação entre mídia e mensagem não é nova. Desde a introdução contínua e intensa da cultura

ocidental pelos portos japoneses com a abertura cultural-econômica aos EUA, no séc. XIX, e

principalmente ao final da Segunda Guerra Mundial, houve uma resposta por meio da mídia a

fim de resgatar tradições e reforçá-la nos jovens, inclusive exportando para que os nipônicos

imigrantes também tivessem acesso. O resultado foi que de um território acostumado a assimilar

características do Ocidente, passou a influenciar os povos além de suas fronteiras orientais, não

se tratando apenas em tecnologia, mas em bens culturais. O Japão se tornou pop.

Este trabalho provém de debates realizados no âmbito do GEHJA durante todo o ano de 2014,

onde o foco é trabalhar o conceito de resistência cultural japonesa, proposto pela Prof.ª Célia

Sakurai, aplicado na famosa animação MononokeHime (Princesa Mononoke), produzido pelos

StudiosGhibli e estreado no final dos anos 90, onde encontramos vários elementos representados

da história e cultura japonesa, como a decadência dos Emishi/Ainu, a introdução das armas de

fogo e a veneração aos Kamis pelo Shintoísmo.

A poética da textualização cênica no Teatro Nô: reflexões e refrações entre o clássico

oriental e o moderno ocidental

Thiago Oliveira Carvalho (Estácio de Sá)

A partir do texto de Hagoromo (O manto de plumas) – emblemática peça do repertório Nô

atribuída a MotokiyoZeami –, na tradução de Haroldo de Campos (2006), pretende-se mapear

certos aspectos estilístico-temáticos relativos a uma operação de esvaziamento literário – por

uma espécie de teatralização da linguagem ou textualização do cênico – no próprio espaço do

texto: o código plástico-ornamental; o sincretismo entre texto, música e dança; o amortecimento

da trama. Esboça-se, neste sentido, uma espécie de fio “arqueológico” entre a tradição do teatro

clássico japonês e a formulação de um subgênero teatral moderno – o drama estático –,

constituindo, no limite, um quadro propulsor para o desenvolvimento do teatro vanguardista –

“não-textual” – teorizado por AntoninArtaud (2006). Assim, com base nas contribuições

semióticas de Roland Barthes (2007), é possível pensar o Nô como uma interface metonímica de

um “Japão” ancorado na experiência estética do vazio.

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Quinta-feira, 26 de março de 2015

História Moderna

Mesa 01 – O Brasil colonial setecentista

Sala 510 (bloco O) – 10:00 às 11:30

Coordenação: Douglas Santos

O nascimento de um herói: Bento do Amaral Coutinho e as disputas político-familiares no

Rio de Janeiro setecentista.

Fabio Lobão Marques dos Santos (UFF)

Os anos de 1710 e 1711 foram marcados, no Rio de Janeiro, pelas investidas corsárias

francesas. O desenrolar das arribadas, notadamente o sequestro da cidade pelas forças lideradas

por René Duguay-Trouin em 1711, levou a alterações substanciais no cotidiano dos moradores

locais. Dezenas, talvez centenas de mortes de ambos os lados foram contabilizadas. Uma dessas

mortes, contudo, mereceu grande destaque na documentação coeva. Trata-se de Bento do

Amaral Coutinho, membro de importante família da região da Guanabara.

Episódio extraordinário, a invasão de 1711 acabou por ser incorporada nos discursos da

época, passando a figurar como argumento político nas disputas entre bandos e famílias que se

desenrolavam em torno da eleição para os cargos da república, em especial a Câmara. Os

Azeredo Coutinho, cujas disputas com os Correia de Sá marcaram o início do século XVIII,

encabeçavam importante bando do qual fazia parte nossa personagem principal.

Bento do Amaral Coutinho foi alçado, nos anos subsequentes, à posição de herói. Sua

morte em combate sintetizou o espírito da varonia e da coragem e serviu para a construção da

mácula da covardia daqueles que somente fugiram e capitularam com o inimigo: o governador

Francisco de Castro Morais e seus aliados, os Correia de Sá.

Esta comunicação busca, desta forma, apresentar os elementos constitutivos dos

discursos daqueles que, aproveitando-se da devassa que o rei D. João V manda tirar acerca do

episódio da invasão de 1711, utilizaram a morte de um membro de seu bando para buscar apoio

a sua causa e fazer pesar sobre os adversários as culpas e responsabilidades pelo ocorrido.

Elite colonial e criminalidade no Rio de Janeiro setecentista.

Douglas Corrêa de Paulo Santos (UFF)

Na comunicação apresentada pretendo tratar da experiência de uma família senhorial

setecentista do Rio de Janeiro, os Gurgéis do Amaral. Família emergente na segunda metade do

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63 século XVII que se torna parte da elite colonial e cujos conflitos que travou com outras famílias

e oficiais da sociedade carioca foram marcados pelo uso da violência como método de disputa

contra seus inimigos. A partir desse caso pretendo demonstrar como a dinâmica sociedade

colonial, sobretudo do século XVIII forneceu oportunidades de ascensão sociais que os homens

e mulheres daquele tempo souberam aproveitar utilizando todas as armas que possuíram.

Objetiva demonstrar a eficácia dessa prática criminosa pela parentela que mesmo acusada de

terríveis atrocidades permaneceu ocupando postos na administração colonial e sendo prestigiada

no meio social. Ressalto assim que o poder de mando violento rural dos senhores de escravos

também poderia se transpor para os espaços urbanos da cidade, já que essas personagens

circulavam por todo Centro-Sul da América portuguesa. Concluo que o uso sistemático da

violência foi parte da cultura política dos bandos de elite que dominaram Brasil colônia.

Mesa 02 – Religião e religiosidade no Império Português

Auditório (2° andar do bloco O) – 10:00 às 11:30

Coordenação: Veronica Gomes

Na mira da Inquisição: as relações interétnicas dos padres sodomitas no Império

português

Veronica de Jesus Gomes (UFF)

Ancorada em processos dos Tribunais da Inquisição de Lisboa e de Goa, esta comunicação visa

analisar as relações interétnicas de quatro padres sodomitas, cujos intercursos sexuais

envolveram indivíduos pertencentes aos diferentes grupos étnicos do Império português, entre

os séculos XVII e XVIII. Ao que parece, a cor desses “parceiros” esteve diretamente ligada ao

lugar por eles ocupado na rígida hierarquia social do Antigo Regime. Desse modo, ser negro,

mulato, pardo, mameluco ou trigueiro significou, muitas vezes, estar numa posição subalterna,

demonstrando que cor e hierarquizações não foram elementos dissociados. Intenta-se observar a

utilização do poder e da violência, sem perder de vista as particularidades dessas relações, a

partir de uma perspectiva comparativa entre os distintos espaços do império.

Mouriscas judaizantes no Portugal do século XVI

Rachel Romano dos Santos (UFRJ)

Esta comunicação pretende a análise de processos inquisitoriais portugueses datados do século

XVI. Trata-se de processos de duas mouriscas (mouras convertidas ao Cristianismo), mãe e

filha, acusadas de Judaísmo pelo Tribunal do Santo Ofício de Lisboa, em 1558/9. Esta pesquisa

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64 tem como objetivo o estudo, através dos processos, das crenças e práticas religiosas relatadas,

bem como a motivação para o cruzamento cultural e religioso das duas principais minorias

étnicas de conversos em Portugal no século XVI, a saber, mouriscos e cristãos-novos de judeus.

Antônia Vaz (IANTT, Tribunal de Lisboa, processo nº 6732), mourisca proveniente do

Marrocos, fez parte da leva de imigrantes mouros/mouriscos feitos cativos pelos avanços

marítimos, militares e comerciais dos portugueses no Norte da África, na segunda década do

século XVI. Sua filha, Catarina Vaz (IANTT, Tribunal de Lisboa, processo nº12774), nascida

do seu relacionamento com um cristão-novo, mantém as práticas criptojudaicas aprendidas na

infância em sua vida adulta, conforme informado em seu processo.

As práticas observadas a partir da leitura dos processos inquisitoriais são o resultado das

interações culturais e sociais entre os mouriscos imigrantes, a comunidade de judeus conversos

e a sociedade cristã-velha. As mouriscas desta comunicação adotaram práticas sabidamente

ilícitas no reino luso, e mantiveram suas crenças, inclusive, no interior dos cárceres.

Cristãos-novos na Época Moderna: a emigração como estratégia de manutenção da fé

mosaica.

Gislaine Gonçalves Dias Pinto (UFMG)

O presente trabalho discutirá a atuação da Inquisição Portuguesa no que se refere à perseguição

aos cristãos-novos durante a Época Moderna. Buscar-se-á discutir os mecanismos utilizados -

por alguns sujeitos que compunham este grupo - para manter a fé mosaica numa sociedade em

que tal prática era proibida.

Antes de analisarmos o objeto aqui proposto, elucidaremos alguns elementos acerca da

sociedade inserida neste território no período que antecedeu a dita Reconquista, no intuito de

buscar compreender sua composição e os conflitos que surgiram devido a mudanças de poder e

efetivação de uma crença sobre as demais.

A título de exemplificação, analisaremos o segundo processo pelo qual passou o cristão-novo

Martinho da Cunha de Oliveira, processado duas vezes pelo Tribunal do Santo Ofício, por crime

de criptojudaísmo e levado a auto de fé em 24 de abril de 1747.

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65 Mesa 03 – Instituições e práticas religiosas no mundo Moderno

Sala 310 (bloco N) – 10:00 às 11:30

Coordenação: Caroline Guedes

A Companhia de Jesus e “Irmãos” Asiáticos: a relevância dos colégios e dos seminários na

Índia, no Japão e em Macau como suporte para as missões (1542-1606).

Jorge Henrique Cardoso Leão (UFF)

Reconhecida em 1540 pelo papado, a Companhia de Jesus foi utilizada como instrumento

difusor da doutrina católica nos espaços de presença europeia fora da Europa. Ao longo do

século XVI os jesuítas se instalaram na América Hispânica, no Brasil, na África, na Índia

Portuguesa e no Extremo Oriente, esse processo é conhecido pela historiografia recente como a

diáspora missionária. O trato com o outro sempre foi o principal obstáculo no processo de

evangelização. Por mais que tivessem uma boa formação e fossem adeptos de métodos lúdicos,

a mensagem cristã estava fadada a esbarra em questões relativas aos códigos linguísticos,

culturais e religiosos dos povos autóctones. Visando transpor essas barreiras, os inacianos

investiram em um projeto educacional baseado na edificação de colégios e seminários como

centros de formação de agentes nativos cristianizados que colaborassem com os padres na

difusão do evangelho, exercendo o papel de auxiliares, de tradutores ou de catequistas. Como

referência a essa estratégia, a presente comunicação tem por objetivo chamar a atenção para um

breve debate acerca da dinâmica estabelecida entre essas instituições no continente asiático,

enfatizando a formação e o papel desses “irmãos” asiáticos no cotidiano da Companhia de

Jesus em Goa, em Macau e no Japão. Como recorte cronológico, optou-se por iniciar em 1542

com a chegada de Francisco Xavier SJ ao continente asiático e por encerrar a análise em 1606,

com o falecimento do padre visitador Alessandro Valignano SJ, sendo um dos jesuítas que mais

contribuiu para a difusão dos colégios e dos seminários na região. Para auxiliar no

esclarecimento da questão proposta serão analisadas algumas fontes impressas, tais como, a

correspondência jesuítica e outras obras de época publicadas pelos inacianos.

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66 O Vilancico na Capela Real Portuguesa: o Natal de 1640

Laís Morgado Marcoje (UFRJ)

Embora seja pouco conhecido no Brasil, há uma vasta documentação de Vilancicos na

Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Beatriz Santos define-os como um gênero poético

musical. Partindo de obras como a de Rui Lopes, observa-se que o vilancico é oriundo de

pequenos versos, chamados de vilancetes,que no século XV passaram a ser acompanhados de

música. O vilancico teria surgido no final da Idade Média na região da Península Ibérica. Outro

fator importante que caracteriza os primeiros vilancicos é a presença de conteúdos profanos.

Deste modo, era um gênero cultivado fora das igrejas, além de estarem situados no campesinato.

Entretanto, o vilancico não fica restrito a este espaço, é aceito pela aristocracia e é introduzido

nas igrejas ibéricas. Estudos como o de Paul Laird demonstram o uso do vilancico para

engrandecer a figura do monarca. Este presente trabalho pretende analisar o uso de um vilancico

específico a partir da ótica dos já citados especialistas dentro da conjuntura da Restauração

Portuguesa de 1640.

Santos negros e identidade entre Rios na crise do Antigo Regime Colonial.

Caroline dos Santos Guedes (UFF)

A pesquisa propõe apresentar duas irmandades negras no mundo colonial ibérico. Estas são as

irmandades de Santo Elesbão e Santa Efigênia no Rio de Janeiro e a irmandade de San Baltasar

no Rio da Prata. A escolha de ambas instituições se dá em função de uma história conectada que

busca analisar conjunturas semelhantes, tais confrarias que são ibéricas, urbanas, coloniais,

destinadas a pessoas de cor e tem santos negros como patronos.

É importante analisar o controle dessas instituições por parte das autoridades, os

conflitos que as cercam, as hierarquias, o que essas irmandades significam para os negros em

meio ao cotidiano escravocrata e em que medida as mesmas são incorporadas na realidade

africana e afro-descendente.

Entre as fontes documentais estudadas para tal investigação estão os compromissos das

irmandades; Mapas do século XVIII; troca de correspondências entre autoridades e as

irmandades e permissões para trocar de igreja.

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67 Mesa 04 – O mundo Moderno nos séculos XVII e XVIII: múltiplas abordagens.

Sala 303 (bloco N) – 10:00 às 11:30

Coordenação: Alan Dutra

3˚ C E í P .

Luciano Cesar da Costa (UFF)

A presente comunicação visa entrelaçar abordagens teóricas e empíricas, tendo como ênfase o

período da Restauração Portuguesa e os conflitos políticos a ela inerentes. No plano teórico

utilizarei as obras de John Pocock e Quentin Skinner utilizando o importante conceito de

“linguagens políticas” para melhor expressar os diversos jogos políticos entre os nobres

cortesãos portugueses, tentando mapear suas linguagens entre 1640 e 1668. Entre as fontes

elencadas para a pesquisa tomaremos em análise a importante obra do 3˚ Conde de Ericeira, D.

Luís de Meneses, notável nobre português e membro preeminente da Academia Real de

História. Ericeira em sua principal obra, História de Portugal Restaurado, relata os diversos

conflitos políticos do período em especial aqueles que envolviam os dois irmãos reais, D. Pedro

e D. Afonso, que disputavam a coroa. A trama se complexifica quando percebemos que Ericeira

apoiava claramente o infante D. Pedro, tornando aquela linguagem política marcada pelo desejo

de reconhecimento e ascensão social por parte de D. Pedro. Assim, para contrapor as memórias

do conde utilizaremos outras fontes da época como Catasprophe e Anticatastrophe de Portugal.

Como desfecho dessa trama temos ainda o suicídio do conde, que segundo as fontes sofria de

“ataques de melancolia” e a marcante ascensão de D. Pedro ao trono.

Memórias de um soldado da fortuna ou os infortunos de um soldado realista? O caso de

Sir James Turner (1615–1686?).

Eduardo Garcia Cabral Pimenta (UFF)

Durante as guerras civis nas ilhas britânicas, muitos soldados, principalmente escoceses e

irlandeses que serviam em regimentos mercenários em guerras no continente, voltaram para

casa quando começaram a receber notícias alarmantes sobre o conflito eminente. A experiência

relatada nas diversas memórias escritas por esses soldados demonstram que, muitas vezes o

processo de lealdade a uma causa poderia se mostrar altamente conflituoso e instável,

principalmente quando seus interesses não se encontravam plenamente contemplados em

nenhum dos lados. Tendo no início da guerra se juntado aos presbiterianos escoceses para só

depois aderir a causa que alegava sempre ter sido fiel, o exmercenário escocês James Turner

(1615–1686?), passaria sua vida tendo que comprovar sua lealdade a causa realista, chegando

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68 até à ativamente perseguir presbiterianos recalcitrantes às reformas episcopais durante a

Restauração, ficaria para sempre lembrado por autores como Walter Scott como o típico

mercenário”. Esse trabalho, fruto de uma monografia em curso, tem como objetivo demonstrar

seus resultados parciais, construindo a partir de uma análise microsociológica das memórias de

James Turner, um sentido em meio aos conflitos e incertezas que o levaram a tais lealdades

transitórias e esperando poder também identificar indícios, a partir de outros realistas que o

cercavam e com quem conviveu, de como se constituiu politicamente a resistência realista

durante seus anos em exílio na década de 1650.

Palavras-chaves: Memória mercenários, Interregnum, inglês, conflitos.

A v v 1640 D “v ê ” I

século XVII.

Lívia Bernardes Roberge (UFF)

João Marcelo Vela (UFSC)

A Revolução Inglesa de 1640 caracteriza-se enquanto um evento histórico mundialmente

conhecido pelo clássico embate entre os roundheads de Oliver Cromwell e os cavaliers,

defensores de Charles I. Entretanto, trabalhos como o do historiador inglês Christopher Hill

romperam com esta dualidade de forças políticas apresentada pela historiografia tradicional,

revelando outros atores políticos que participaram da revolução. Um destes grupos era o dos

diggers, sendo o objetivo deste trabalho conceder-lhes maior visibilidade histórica, bem como

problematizar a característica pela qual se tornaram conhecidos: a da ocupação de terras

cercadas com base na força bruta. Como fontes foram utilizados os panfletos através dos quais

os diggers veiculavam suas ideias, produzidos entre os anos de 1640 e 1660.

O testamento moderno para além do cunho soteriológico.

Aryanne Faustina da Silva (UNIRIO)

Vista sob a perspectiva de muitos historiadores, a prática testamentária foi e é compreendida

como um “ato religioso” e, para além disso, tem se revelado uma fonte diversificada de estudo

no que se refere aos estudos sobre o passado. Entretanto, fica evidente que os testamentos ainda

não tiveram toda a sua potencialidade explorada. As pesquisas desenvolvidas a partir da

consulta aos documentos de “última vontade” se enquadraram em interpretações analíticas que

privilegiavam tanto a História Cultural - a partir do momento em que buscaram a compreensão

dos mecanismos dos rituais fúnebres de certos indivíduos, assim como o seu entendimento sobre

o além-túmulo –, quanto da História Social – quando se pretendeu explorar a forma como

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69 determinados grupos atuavam e se relacionavam dentro da dinâmica social em que faziam parte.

A presente comunicação visa abordar pontos que sinalizam o fato de que não existem, para o

âmbito da historiografia nacional, trabalhos que se dediquem à pesquisa da prática testamentária

moderna (no que tange à Europa e ao próprio Brasil, principalmente, o Rio de Janeiro

setecentista) visando os seus quesitos burocráticos e legais.

Mesa 05 – A questão indígena nas Américas: os casos espanhol e português.

Sala 510 (bloco O) – 11:30 às 13:00

Coordenação: Suelen Julio

Mulheres indígenas em espaços fronteiriços: uma discussão.

Suelen Siqueira Julio (UFF)

Na comunicação abordarei, de forma breve, uma discussão sobre o tema das fronteiras, nela

inserindo questões de etnicidade e gênero. Irei apontar algumas formas através das quais as

mulheres indígenas foram inseridas na sociedade colonial portuguesa, nos momentos de

expansão desta. Abordarei, especificamente, a capitania de Goiás entre a segunda metade do

século XVIII e a primeira do XIX, porém, irei apontar trabalhos de autores que tratam de temas

semelhantes em outros espaços fronteiriços.

Busco fornecer elementos para complexificar a imagem da contribuição das índias para a

história do Brasil, abordando-as em sua historicidade e problematizando algumas representações

estereotipadas sobre essas mulheres.

Tenho como fontes crônicas e documentos oficiais publicados na Revista do Instituto

Histórico e Geográfico Brasileiro; além de escritos de autoridades, consultas ao Conselho

Ultramarino e outros documentos existentes no Arquivo Ultramarino. A metodologia empregada

consistirá na leitura crítica das fontes e seu cruzamento com a bibliografia, que inclui trabalhos

sobre povos indígenas em diferentes tempos, espaços e etnias, bem como artigos sobre gênero e

história das mulheres, entre outros.

“Conhecer para dominar” v z í

Bernardino de Sahagún. México- século XVI

Daniella Machado Fraga (UFRJ)

Reconhecido por muitos estudiosos como primeiro etnógrafo da América, o franciscano

Bernardino de Sahagún (1499-1590) representou um dos mais atuantes religiosos no processo

de conquista territorial e cultural empreendido pelos espanhóis nos séculos XVI e XVII no

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70 México. A presente comunicação possui como objetivo, analisar as estratégias das apropriações

culturais indígenas a partir da obra: Historia General de Las cosas de la Nueva España,

produzida pelo franciscano em 1588.

Reunindo os mais variados temas acerca da organização social, cultural e política das

populações astecas anteriores a conquista espanhola em 1521, a obra, segundo o próprio

franciscano, serviria como um dicionário que facilitaria a comunicação entre as diferentes

composições linguísticas presentes na sociedade colonial mexicana.

As tensões resultantes do contato entre as culturas astecas e espanholas tornou o aprendizado da

língua um instrumento interessante para o delicado momento social de formação da sociedade

colonial mexicana. As estratégias de reconhecimento para diferenciar o que seria aceito como

veneração Católica ou prática herege deverão ser consideradas. O respaldo teórico dos conceitos

trabalhados por Serge Gruzinski como a ocidentalização do imaginário e a idolatria nos

ajudarão a pensar a problemática das construções dos discursos de dominação e missão religiosa

na Novo Mundo.

Palavras- chave: Idolatria, B.Sahagún, México, Cultura Nahua

“A h v A o

E ú ”.

Luiz Pedro Dario Filho (UFF)

Por muito tempo atravessada por teorias evolucionistas e raciais, a historiografia bandeirante

encontrou muitas dificuldades, ao longo de todo o século XX, para estabelecer as suas bases

dentro de sólida pesquisa histórica. Foi somente a partir da obra Negros da terra, escrita por

John M. Monteiro e publicada no Brasil em 1994, que o núcleo colonial do planalto paulista

passou, definitivamente, a se afastar das fronteiras da mitificação.

Nesta comunicação trabalharei com a obra Os primeiros troncos paulistas, publicada em

1936 pelo historiador Alfredo Ellis Júnior. Pretendo esmiuçar, mesmo que de forma breve, a

perspectiva teórica evolucionista com a qual o autor trabalhou e os seus efeitos para a

historiografia que trata da vila paulista colonial. Para tal missão, dialogarei também com o livro

Evolução do povo brasileiro, escrito por Oliveira Vianna em 1917, obra tambem relevante

dentro do pensamento evolucionista brasileiro.

Pela sua influência no tema, acredito que analisar a obra de Ellis Júnior é fundamental para que

se possa entender as bases sob as quais se solidificaram muitas das imagens cristalizadas a

respeito dos bandeirantes paulistas ao longo do século passado. É apenas na compreensão do seu

pensamento, em toda a sua complexidade, que acredito ser possível desconstruir por completo

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71 certos traços míticos que ainda resistem a acompanhar a percepção histórica sobre esses

colonos. E é isso que pretendo demonstrar nesse trabalho, mesmo que de forma ainda tímida.

Mesa 06 – Poder e política no Brasil oitocentista

Auditório (2° andar do bloco O) – 11:30 às 13:00

Coordenação: Alan Dutra

Luís dos Santos Vilhena: Pensamento Ilustrado na Colônia.

Gabriel de Abreu Machado Gaspar (UFF)

Luís dos Santos Vilhena nasceu em 1744 e no ano de 1787 foi designado para o lugar de mestre

régio de grego na Bahia. É autor de 24 cartas que descrevem e analisam a América Portuguesa

no final do século XVIII. As primeiras 20 cartas foram escritas na colônia e são destinadas a

"Filopono", que pode-se traduzir por "aquele que aprecia o esforço do trabalho", dedicadas ao

príncipe regente D. João. As demais, foram completadas em Portugal e endereçadas a

"Patrífilo", Rodrigo de Sousa Coutinho, Secretário da Marinha e do Ultramar (1795-1801). É

possível identificar um alinhamento entre as ideias do professor régio e as do ministro, ambos

em um espaço das Luzes portuguesas, preocupadas, sobretudo, em corrigir as deficiências da

administração e em promover a expansão da agricultura na colônia por meio de conhecimentos

práticos e de métodos mais racionais. Neste trabalho analisou-se a 24ª. Carta, publicada sob o

título de "Pensamentos políticos sobre a Colônia" destacando seu caráter ilustrado sob os

seguintes aspectos: suas considerações sobre a população, a proposta de uma lei de terras e as

duras críticas ao comércio.

O Alvará da Intendência-Geral de Polícia de 1760 e a pobreza na modernidade

Higor Camara da Silva (UFF)

Em 1760, foi decretado por D. José I, sob as orientações de Marquês de Pombal, um

alvará com força de lei em que se determinava a criação da Polícia da Corte, na tentativa de

promover a paz pública e reestabelecer a ordem social de todo o reino português. O documento,

que consta de 21 novas medidas para reformular a segurança pública de Portugal, reflete sobre

diversos problemas sociais urbanos que o reino enfrentava durante o século XVIII. Entre essas

medidas estão a criação do cargo de Intendente Geral de Polícia da Corte e do Reino,

responsável por repassar aos ministros tudo o que afetaria a tranquilidade pública. Essa e outras

iniciativas não surgiram por acaso; ao longo da segunda metade do século XVIII, Portugal foi

mais um dos muitos reinos buscando soluções para as altas taxas de criminalidade que

Page 73: Semana de História da UFF · impregnado de relativismo e tão pressionado por fetiches conservadores, como o que temos ... museus e educação. Formas de dominação na Idade Média:

72 infestavam, sobretudo, os centros urbanos. A pobreza, que durante séculos fazia parte da

estrutura social, começou a ser enxergada como um mal endêmico, que se prolifera cada vez

mais. Conhecidos como “vagabundos” e “ociosos”, diversos grupos foram associados ao crime

e à insalubridade nas cidades, e o Estado encabeçou o combate a esse cenário considerado

caótico para as elites lusitanas (e europeias). Esta comunicação pretende, a partir do decreto de

1760, contextualizar a criação da Intendência de Polícia de Lisboa, que funcionou como um

importante órgão contra a “vadiagem” em Portugal.

Mesa 07 – Relações coloniais e culturais no Império Português

Sala 310 (bloco N) – 11:30 às 13:00

Coordenação: Fernanda Fagundes

Boticas, funcionários do ultramar e intermediários do tráfico a serviço da cura: final do

século XVIII e início do século XIX Brasil/Angola.

Fernanda Ribeiro Rocha Fagundes (FIOCRUZ)

As reformas ilustradas nas ciências do final século XVIII em Coimbra, feitas pelo marquês de

Pombal em 1770, permitiram observar a formação de uma rede de conhecimentos úteis ao

Estado. Houve uma preocupação com as doenças e a saúde dos povos, isso refletiu em uma

maior valorização da botânica; a criação de órgãos específicos para cuidar da saúde, higiene

pública, fiscalizar e autorizar profissionais de cura (Protomedicato em 1782 e Fisicatura-Mor em

1808); a criação da Real Academia de Ciências em 1779, para promover o saber pratico em

proveito público; a Farmacopéia Geral do reino em 1794, para regular as boticas do ultramar; e

as Faculdades de medicina na América portuguesa em 1832. Essas transformações fortaleceram

a rede de comunicação, que o Império Ultramarino português montou ao longo dos séculos de

exploração dos domínios do ultramar. Segundo Ângela Domingues1 e Kury

2 os funcionários do

ultramar participavam de uma prática científica, rotina dos Impérios do final do século XVIII e

princípios do XIX. Eles articulavam o projeto integrado de colonização por meio de informação

cientifica coletada, de caráter prático, e que circulava por meio de panfletos, livros e impressos.

Dessa forma viajantes naturalistas, capitães- generais, médicos, cirurgiões- sangradores,

companhias religiosas coletavam informações úteis ao Estado, que circulavam conforme a nova

perspectiva global transcontinental de circulação de conhecimentos e objetos, em um sistema de

1 DOMINGUES, Ângela. Para um melhor conhecimento dos domínios coloniais: a constituição de redes de

informação no império português em finais dos setecentos. História, Ciência, Saúde- Manguinhos, Rio de Janeiro,

v.8, supl., 2001, pp.823-838. 2 KURY, Lorelai. Homens de ciência no Brasil: impérios coloniais e circulação de informação (1780- 1810).

História, Ciências, Saúde- Manguinhos, Rio de Janeiro, v.11, supl1, 2004, pp. 109-129.

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73 redes de indivíduos, informações e de alianças, inserida no contexto da História Atlântica, que

envolve tanto as costas atlânticas da América portuguesa e de Angola.

Tensões e relações de poder na montagem da colonização do Brasil.

Thaís Silva Félix Dias (UNIRIO)

A comunicação a ser apresentada busca compreender de que forma as relações entre o poder

central e os poderes periféricos, já existentes no Estado Moderno Português, foram

desenvolvidas na sociedade do Brasil colonial. Para isso pretende-se analisar as relações de

poder entre a metrópole portuguesa e sua colônia brasileira, representadas na relação entre o

Governo-Geral, sob a jurisdição do primeiro governador geral Tomé de Sousa, e a Capitania de

Pernambuco, administrada por Duarte Coelho, entre os anos de 1548 a 1553.

A escolha por esta delimitação cronológica corresponde ao período no qual Tomé de Souza

ficou no cargo como governador geral, representando assim um primeiro momento da

implantação do Governo-Geral na colônia. Da mesma forma a escolha é baseada na relevância

econômica que a capitania de Pernambuco tinha dentro da economia colonial lusa – considerada

uma das mais prósperas -, no prestígio que seu donatário possuía perante o monarca e nos tensos

diálogos que existiram entre o governador geral e Duarte Coelho, tensões expressas nas cartas

que ambos escreveram ao monarca D. João III no presente recorte cronológico.

A relevância da pesquisa está em abordar o Estado não apenas como uma representação

institucional do poder, mas também como resultado de práticas sociais historicamente

estabelecidas, ampliando a possibilidade de se compreender as estruturas estatais

historicamente, para além do recorte proposto.

Palavras chaves: Estado Moderno Português- Relações de Poder –Brasil Colonial

Representações femininas no Teatro de Antonio Ribeiro Chiado

Vanessa Gonçalves Bittencourt de Souza (UFF)

Ao longo do século XVI, o poeta português Antonio Ribeiro Chiado teria produzido cerca de

cinco peças teatrais, uma delas ainda desaparecida. Considerado um dos principais expoentes da

Escola Vicentina, Chiado desfrutou de certa fama em Lisboa até meados da década de 1550,

vindo a representar seu Auto da Natural Invenção na corte de D. João III. Atento aos costumes

populares e sempre disposto a satirizar as relações familiares e os abusos do clero, o poeta nos

oferece um retrato crítico sobre a sociedade portuguesa quinhentista. Entre os temas abordados

por Chiado em suas principais peças, o universo feminino certamente pode ser reconhecido

como um dos mais importantes e mais bem explorados. Assim sendo, o objetivo desta

Page 75: Semana de História da UFF · impregnado de relativismo e tão pressionado por fetiches conservadores, como o que temos ... museus e educação. Formas de dominação na Idade Média:

74 comunicação é analisar as representações sobre a mulher portuguesa no teatro de Antonio

Ribeiro Chiado.

Patronagem Científica de Dom Rodrigo de Souza Coutinho

Natalia Maria Andrade dos Santos (UERJ)

O trabalho aqui proposto é referente ao Ministro Dom Rodrigo de Souza Coutinho (Ministro do

Ultramar e da Marinha em Portugal do século XVIII e Ministro dos Estrangeiros e da Guerra no

Brasil Joanino) na área da História das Ciências. O tema principal se insere no contexto do

Iluminismo, na virada do século XVIII para o XIX. O objetivo é identificar as atividades de

patronagem que o Ministro pode ter realizado quando atuou tanto em Portugal, quanto no Brasil.

Pretendo observar e fazer um paralelo entre o que está nas fontes e o que se conhece do período

em questão. A intenção é demonstrar o papel ativo do Ministro Dom Rodrigo de Souza

Coutinho no incentivo às ciências e às artes. Esse tipo de atuação pode ser percebido em sua

correspondência como Ministro da Guerra, mas também em sua influência na imprensa

portuguesa e brasileira, mesmo após a sua morte. Aqui, vou tratar da patronagem científica de

Dom Rodrigo na correspondência do Ministério da Guerra no ano de 1808.

Sexta-feira, 27 de março de 2015

História Contemporânea

Mesa 01 – Universidades, Ditaduras e Movimentações políticas na 2ª metade do século XX

no Brasil

Auditório (2° andar do bloco O) – 10:00 às 11:30

Coordenação: Alan Dutra

“D U v ‘M z ’ U v ” h

sobre Educação Superior no Brasil da segunda metade do século XX.

Alan Dutra Cardoso (UFF)

Esta comunicação é fruto de uma primeira reflexão ao redor de questões relativas ao Ensino

Superior no Brasil, a partir das proposições levantadas pela Profa. Maria de Lourdes de

Albuquerque Fávero e das discussões ocorridas na disciplina Universidade e Ditadura,

conduzida pela Profa. Doutoranda Ludmila Gama (PPGH-UFF). O objetivo proposto é discutir

as propostas reformadoras do Plano Atcon e das contidas no Relatório da Comissão Meira

Mattos e sua ligação, no plano ideológico, com a Teoria do Capital Humano, objeto de

investigação do pedagogo Gaudêncio Frigotto. Em suma, propõe uma pequena análise de como

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75 se pensou, por parte de setores da classe dominante, as políticas educativas para as

Universidades do Brasil na segunda metade do século XX, assim como essas foram se

transformando e, aquelas, implantadas na sociedade brasileira a partir desse período.

O Curso de Mestrado em História da Universidade Federal Fluminense na década de

1970.

Wesley Rodrigues de Carvalho (UFF)

A comunicação, de caráter introdutório, apresentará características da pós-graduação em

História na UFF, principalmente no que se refere aos trabalhos discentes (as dissertações), ao

corpo docente e à sua organização burocrática. Trata-se de um esforço de compreensão da

prática historiográfica que considera como contexto de produção o espaço acadêmico e suas

formas de organização e política.

Órgãos de vigilância e controle na Ditadura Militar e a comunidade acadêmica: análise

documental a partir de ofícios confidenciais da Escola Politécnica da UFBA entre 1971 a

1974.

Anne Alves da Silveira (UFBA)

Ceci Bastos de Souza Pardo Casas (UFBA)

Louise Anunciação Fonseca de Oliveira (UFBA)

O intuito deste paper é o de apresentar a contribuição de uma intervenção arquivística junto aos

ofícios confidenciais da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia para levantar

informações sobre ações do Departamento de Polícia Federal (DPF) e da Assessoria Especial de

Segurança e Informação (AESI) na UFBA, durante o Golpe Militar de 1964, nessa unidade de

ensino. Apesar de tratarmos nesse trabalho de todos os membros perseguidos da comunidade

acadêmica, durante a ditadura militar, independente do cargo ou estágio de aprendizagem, será

priorizado as ações dos órgãos contra os docentes. Esta Assessoria, criada no âmbito da UFBA,

em 19 de novembro de 1972, e vinculada a Divisão de Segurança e Informação do Ministério da

Educação e Cultura (MEC/DSI), subsidiária do Sistema Nacional de Informação e

Contrainformação (Sisni), tinha como objetivo levantar informações sobre discentes, docentes e

funcionários da Universidade durante o período da ditadura militar, até então realizada pelo

DPF. No presente estudo, o foco é a descrição arquivística e a respectiva informação gerada a

partir desta para propiciar o acesso à informação. O estudo, de caráter exploratório e descritivo,

analisa os dados obtidos numa abordagem sócio-histórica, a fim de possibilitar sua inter-relação

com o contexto social no qual estavam inseridos. Como resultado desta pesquisa, as ações dos

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76 atores envolvidos foram reconstituídas na busca de uma compreensão dos fatos ocorridos na

Escola Politécnica.

Palavras-chave: Ditadura civil-militar. Acesso à informação. Departamento de Polícia Federal.

Assessoria de Segurança e Informação. Escola Politécnica. Universidade Federal da Bahia.

Ditadura e Judiciário: a atuação do judiciário no caso do atentado ao Riocentro (1981)

Rafaela Domingues Pereira (UFRJ)

Este trabalho tem como objetivo analisar a atuação e o comportamento do judiciário do Rio de

Janeiro diante do atentado ao Riocentro, em 1981. Para tanto, se parte de duas hipóteses, a

primeira de que o Regime Militar brasileiro se caracterizou pela preocupação com a

representação de uma legalidade e pelo normal fucionamento das instituições judiciais, já a

segunda que houve uma efetiva colaboração do judiciário com o regime, na medida em que o

processo judicial não busca apontar os culpados, mas somente representa um tratamento judicial

do episódio. Quanto a metodologia, a pesquisa orientou-se pela análise dos autos do processo,

em conjunto com pesquisa arquivística realizada no Arquivo Nacional (AN), Arquivo Público

do Estado do Rio de Janeiro (APERJ) e Biblioteca Nacional (BN), com coleta de dados sobre os

envolvidos no processo e também dos relatos da imprensa da época. Nossas conclusões

provisórias apontam que houve manipulação por parte dos encarregados do inquéritos policial-

militar, que foram utilizadas diferentes estratégias de construção de uma narrativa farsa acerca

do atentado nos inquérito e também que consenso entre militares e aparato da Justiça também

passava, pelo apoio das elites civis a Ditadura Militar.

Mesa 02 – Alemanha no século XX: diferentes perspectivas

Sala 510 (bloco O) – 10:00 às 11:30

Coordenação: Felipe Antunes

Utópica Inocência: Estudantes alemães na Primeira Guerra Mundial

Agatha de Souza Lopes (UFF)

Contradizendo a percepção da Universidade como ambiente teorético, trago ao debate o

episódio ocorrido em Langemarck, por ocasião da Primeira Batalha de Ypres, conhecido como

Massacre dos Inocentes (em alemão: Kindermord).

Tal artigo pretende desmistificar o imaginário que coroou jovens soldados do 4º Exército

Alemão como mártires ingênuos, trazendo em auxílio da análise todo um plano de fundo social

e moral rebentado nas universidades.

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77 Ao confrontar a teoria e a prática, resgata-se autores militares apreciados pela Geração

de 1914, como Clausewitz e Henri Jomini, traçando paralelos entre as estratégias dos manuais e

a realidade experimentada no front. Tal aproximação, feita também através de relatos e

publicações da época, dialoga com questões universais: motivação e ideário de massas, o fato

histórico segundo distintas percepções da mídia e sociedade, como decantar a realidade de

lendas cristalizadas por décadas.

Embaso-me, pois, teoricamente nos estudos do professor-historiador germanófilo

Konrad Jarausch. Em uma tentativa de propor um questionamento e mexer com distintas

interpretações e ideias – por exemplo, que estudantes são antagônicos a guerra, ou que civis

foram brutalmente assassinados – dá-se o artigo Utópica Inocência, cujas premissas

transcendem a Primeira Guerra Mundial e a Alemanha.

Palavras-chave: civis na guerra; estudantes na guerra; história social alemã; Massacre dos

Inocentes; Primeira Guerra Mundial.

A ascensão do nazismo na Alemanha: dos fracassos da revolução alemã ao papel do

stalinismo na ascensão de Hitler.

Felipe Mesquita Antunes (UFF)

O artigo busca elucidar o fenômeno da ascensão do nazismo na Alemanha à luz dos que

estiveram no lado extremo oposto. Ou seja, do ponto de vista da esquerda alemã e internacional,

investigando a ação de seus partidos operários em conexão com a classe trabalhadora alemã e o

papel exercido pelos organismos internacionais comunistas, sobretudo o papel da terceira

internacional sob o comando stalinista. Baseia-se em interpretações e textos de diferentes

autores sobre o processo da revolução alemã, passando pelos seus dilemas, atores sociais e

limites, e finaliza com ênfase nas análises do Trotskismo acerca da relação entre o Stalinismo e

o surgimento do Nazismo.

Memória e representações da Segunda Guerra Mundial em museus e memoriais alemães

(1950-2014)

Rafael Haddah Cury Pinto (UFF)

A Segunda Guerra Mundial, diante da magnitude dos acontecimentos relacionados, pode ser

considerada um dos conflitos mais decisivos e importantes na história da humanidade. Sua

influência pode ser percebida ainda nos dias atuais, através de fatos, ações, ideias e

representações, que remetem suas origens ao conflito bélico. A Alemanha, que iniciou as

hostilidades em 1939, apresentava um grau de destruição e desordem social de difícil

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78 mensuração em 1945; durante o processo de conquista do país pelos Aliados (Estados Unidos da

América - EUA, Grã-Bretanha, França e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS), a

representação e divulgação dos fatos que ocorriam estava diretamente ligada aos contextos

políticos em vigor no período. Além dos problemas ocasionados pelas disputas da Guerra Fria, a

Alemanha tinha ainda muitas questões internas a resolver no pós-guerra. O uso e as

representações da memória são, portanto, cruciais para entendermos como a compreensão dos

alemães acerca da Segunda Guerra Mundial foi construída a partir da década de 1950, e

permaneceram paulatinamente sendo reafirmadas ainda hoje. Após a reunificação alemã em

1989, diversas instituições que objetivam a abordagem da memória do conflito bélico surgiram,

com suas vertentes não tendo a “obrigação” de uma propaganda ideológica dicotômica, mas

sim, objetivos instrutivos e pedagógicos, diversificando seus focos de atuação e ampliando o

conhecimento sobre a guerra.

Mesa 03 – Imprensa em discussão na História

Sala 310 (bloco N) – 10:00 às 11:30

Coordenação: Vanessa Gonçalves

I H ó ’ N v M

Vanessa da Cunha Gonçalves (UFF)

No contexto das discussões em torno do futuro do país, a década de 1870 foi marcada por

movimentos que defendiam a abolição total da escravidão e a proclamação da república no

Brasil. E o papel da imprensa nesse momento é a de um canal de transmissão de culturas

políticas. O movimento da geração de 1870 – A partitr da perspectiva de Angela Alonso –

configurou-se no momento em que a antiga formação social colonial emergiu como tema dos

debates políticos. A década de 1870 é marcada pela redefinição de setores estratégicos na

política e também na sociedade brasileira, e é nesse contexto que O Novo Mundo está inserido.

Em outubro de 1870 foi publicado pela primeira vez O Novo Mundo – periódico fundado por

José Carlos Rodrigues (1844-1923). Tinha publicação mensal, era editado nos Estados Unidos,

em Português, para distribuição no Brasil - circulou até 1879.

O Novo Mundo “nasceu” em um ano emblemático da história do Brasil, um período em que a

discussão sobre os rumos do país e a identidade nacional ocupavam todos os cantos da

sociedade. Essa geração estava profundamente engajada na vida do país e interessada nos rumos

para o caminho do futuro. Foi palco de importantes debates político-sociais em um momento em

que havia uma intensa discussão sobre os alicerces da nação brasileira, ou seja, temas como a

abolição da escravidão, proclamação da república e também o destino dos escravos estavam

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79 recorrentemente sendo colocados em questão por diversos setores da sociedade.

A monarquia brasileira em folhetins: literatura e política na imprensa carioca (1882)

Elias Ferreira Bento (UFU)

Este trabalho tem por objetivo analisar três romances que versam sobre o roubo das jóias da

família real brasileira (1882), verificando de que forma surgem em meio à grande repercussão

que o episódio tomou na imprensa (jornais) e como os escritores ridicularizaram e teceram

várias críticas ao imperador. São eles: As jóias da coroa de Raul Pompéia (publicado no jornal

Gazeta de Notícias); Um roubo no Olimpo de Artur Azevedo (publicado no jornal Gazetinha); e

A ponte do catete, possivelmente de José do Patrocínio (publicado no jornal Gazeta da Tarde).

A utilização da literatura como fonte amplia os horizontes de análise sobre o passado, uma vez

que sua produção está intrinsecamente ligada à estrutura social, ao espaço e ao tempo em que foi

criada, trazendo em seu bojo as tensões de seu tempo, conflitos cotidianos, aspirações e projetos

para o futuro. Os trabalhos estão sendo desenvolvidos no sentido de se inserir autores e obras

literárias em processos históricos determinados, analisando de que literatura se está falando,

quais suas características e como determinado autor concebe sua obra, para captar elementos

que vão além do simples relato dos autores. Percebeu-se que a imagem do monarca é permeada

por uma série de ritos e símbolos que são partes integrantes e primordiais para o funcionamento

daquele sistema. Os trabalhos apontam no sentido de que é justamente na desconstrução dessa

imagem que os literatos vão trabalhar, em oposição à monarquia.

O Jornal do Commercio, o abolicionismo e o jogo político imperial: notas de pesquisa

Roger Aníbal Lambert da Silva (UFF)

Nosso objetivo nesta comunicação é discutir a relação entre o Jornal do Commercio e o

abolicionismo no âmbito do jogo político imperial. Não obstante se apresentasse como um

órgão dedicado especialmente ao comércio, o periódico era “uma publicação oficiosa do

governo”. Veremos que a partir de meados de 1884, durante o ministério Dantas, expressões

como “insurreição” e “sublevação” eram veiculadas em alguns jornais no sentido de construir

um quadro de insegurança e perigo à ordem pública, de modo a ressaltar a necessidade de

adesão ao gradualismo, mas também como arma política contra o ministério, sugerindo que era

indispensável uma inversão partidária para o restabelecimento da ordem pública. Neste

momento, o Jornal do Commercio se constituiu em um espaço de contestação à retórica da

ameaça – mobilizada contra o ministério Dantas – e de combate ao imobilismo escravista. Já

nos meses finais de 1887, durante o ministério Cotegipe, expressões como “insurreição” e

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80 “sublevação” eram veiculadas no Jornal do Commercio, também de modo a construir um clima

de perigo e ressaltar a necessidade de adesão ao gradualismo, mas agora como uma arma

política em defesa do ministério, sugerindo que era imprescindível a permanência do mesmo

para o restabelecimento da ordem pública. Sendo assim, neste momento, o Jornal do

Commercio se constituiu em um espaço de veiculação da retórica da ameaça – mobilizada em

defesa do ministério Cotegipe – e de combate à radicalização abolicionista.

Imprensa e historiografia: os jornais como fonte de pesquisa histórica

Carlos Henrique Ferreira Leite (UEL)

Este trabalho tem como objetivo analisar e problematizar o uso dos jornais enquanto fonte e

objeto de pesquisa para o conhecimento histórico. Neste sentido, buscamos apresentar as

discussões teóricas e metodológicas referentes as possíveis abordagens e caminhos que o

historiador deve seguir para fazer a História por meio da Imprensa.

Mesa 04 – Relações políticas, sociais, econômicas e culturais no Brasil Império

Sala 303 (bloco N) – 10:00 às 11:30

Coordenação: Gabriel Maraschin

Uma visão de mundo saquarema: ensaio sobre seus pensamentos políticos

Gabriel de Azevedo Maraschin (UNIRIO)

O objetivo desse artigo está em explorar o pensamento político dos conservadores, em especial

os saquaremas, no momento de construção do Estado Imperial entre os anos de 1830 e 1850.

Para isso, serão realizadas análises sobre Thomas Hobbes e Jeremy Bentham como modelos a

compreenderem a metodologia política saquarema e como esse pensamento se concretiza na

realização de obras públicas ao longo da década de 1840.

A realização desta pesquisa veio a partir dos estudos de montagem do trabalho final de

graduação da UFF, em 2012. Ao estudarmos a tributação como forma de construção do Estado,

podemos perceber, em cima das leituras de Ilmar Mattos (1990), que o pensamento conservador

se destaca no período do Regresso e se diferencia do pensamento dos ditos Liberais por

seguirem, de uma maneira geral, as visões de Hobbes sobre a necessidade de construção de um

Estado centralizado e soberano e o utilitarismo de Bentham no que tange a legitimar a vida

desse mesmo Estado e de suas classes políticas a partir da construção de uma legislação

moralista.

Portanto, tais autores servirão de base para um olhar mais preciso sobre a maneira de pensar

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81 politicamente, assim como a atuação prática, do grupo saquarema. Como políticos munidos da

filosofia da práxis, aplicaram seus conhecimentos em diversos setores da administração estatal,

como foi o caso das obras públicas no Rio de Janeiro, para a consolidação de um projeto

político que visava reproduzir a necessidade de uma sociedade escravocrata.

O Dicotômico Abreu e Lima: Monarquia Brasileira e Repúblicas Sul - Americanas no

Século XIX.

Monique Santana de Oliveira Sousa (UERJ – FFP)

Pertencente a dois mudos, o General Abreu e Lima, representa simultaneamente o embate entre

republicas Sul - Americanas e monarquia brasileira no século XIX, pernambucano, nascido em

1794, combatente nas guerras de emancipação ao lado de Simon Bolívar e defensor da

Monarquia brasileira na figura de D. Pedro, o General, acreditava que o sistema monárquico era

o melhor governo para o Brasil, pois não seria possível implantar um regime republicano em

uma sociedade escravista que dês dos primórdios da colonização não tinha bases solidas para

esse tipo de governo, porque não havendo a liberdade total, não seria possível aspirar

completamente à liberdade política.

Segundo ele “os governos são criados para os povos e não os povos para certa classe de

governo.” (ABREU E LIMA, 1835, P.38), deste modo, os brasileiros seriam independentes e

ricos, todavia, sempre teriam um regime monárquico porque apenas este manteria a ordem. De

acordo com Abreu e Lima, para construir um sistema republicano era necessário uma revolução

de princípios, e inserir o povo em um modelo de governo sem que haja uma mudança de

conceitos e idéias se resumiria a uma dissolução total visto que, os países republicanos adotaram

tal governo por revoluções e por reformas de suas respectivas sociedades, coisa está que não

ocorreu no Brasil, então, o único modelo que evitaria à anarquia e que se ajustava a sociedade

escravocrata brasileira era o sistema monárquico.

O ultramontanismo no Império: o caso de D. Antônio de Macedo Costa

Pedro Henrique Duarte Figueira Carvalho (UFF)

Em reação ao avanço do mundo moderno, o papado, ao longo do século XIX, tomou uma série

de medidas para recuperar sua supremacia e instituir um poder universal, entre elas estão: a

restauração da Companhia de Jesus em 1814 e promulgação do Syllabus em 1864 por Pio IX,

buscando reafirmar o primado da religião sobre a política, movimento denominado de

ultramontano. Neste trabalho, busco analisar como o ultramontanismo se desenvolveu no Brasil

através da figura de D. Antônio de Macedo Costa, bispo do Pará entre 1860 e 1890, e um dos

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82 principais envolvidos na Questão Religiosa, sendo preso em 1874 por suas convicções

ultramontanas, e que, junto com a prisão D. Vital Maria de Oliveira, acabou gerando atritos

futuros entre o Império e o papado. Como último ponto, busca-se analisar como a Questão

Religiosa, segundo José Murilo de Carvalho, constitui-se no principal desafio a soberania do

Império e como ela refletia a política religiosa do Estado.

Formação partidária e elite provincial maranhense em meados do Novecentos: a noção de

“P ”.

Arthur Roberto Germano Santos (UNIFESP)

Nas discussões recentes sobre a organização partidária no Brasil Império (da Regência à

Conciliação), tem-se enfatizado as diferenças ideológicas entre os dois principais partidos

politicos, bem como a relevância dessas clivagens para a aprovação das reformas institucionais

pelas quais o Estado brasileiro passou na primeira metade do novecentos. Essa discussão, no

entanto, quando voltada para a disputa partidária provincial, caracteriza-a como localista,

personalista, paroquial e contingencial, na contramão das interpretações que compreendem as

elites provinciais, e seus interesses, como parte fundamental da formação do estado nacional

brasileiro. Nesse sentido, este trabalho busca, a partir deste debate, analisar a organização

partidária maranhense na década de 40 do século XIX. A partir disto, tenta compreender a

estrutura partidária maranhense no periodo e o papel das elites provinciais na sua construção e

composição; tenta, ainda observar a pertinência (ou não) das noções de “Partido da Ordem” e

“Partido da Oposição” para a análise de uma esfera de poder para além do governo central.

Mesa 05 – Instituições e políticas econômico-sociais no Brasil Império

Sala 308 (bloco N) – 10:00 às 11:30

Coordenação: Marconni Marotta

Aposentadorias, pensões e mutualidade: a corrida pelo futuro assegurado no Segundo

Reinado.

Marconni Marotta (UFF)

Neste trabalho, pretendemos explorar a hipótese historiográfica de que, a ausência ou a presença

de sistemas estatais de previdência social influiu diretamente, respectivamente, na expansão e na

contração do fenômeno associativo no Brasil. Sobretudo, pretendemos testar esta hipótese para

o período do Segundo Reinado, em que os estudiosos argumentam que, a falta de políticas

públicas de proteção e assistência permitiu a proliferação de entidades, como as sociedades de

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83 socorros mútuos. Para isso, pretendemos explorar ao máximo a concepção de inexistência de

qualquer forma de amparo público no período imperial, como os estudiosos dos sistemas de

previdência estatal argumentam. Nesse sentido, estudaremos fontes que informam acerca da

prática de concessão de aposentadorias e pensões por parte do governo imperial. Prática, que

alcançava uma parcela significativa daqueles que eram considerados funcionários públicos civis,

políticos e militares. Portanto, será preciso compreender ainda o alcance da legislação imperial,

que, de certa forma, prescrevia o direito à aposentadoria e pensão aos diversos cargos. De modo

que, foi pela articulação destas normas, que um significativo grupo de pessoas fizeram

demandas por tais benefícios, na forma de direitos aos cidadãos. Por outro lado, a existência de

entidades mutualistas, expressa a busca pelo amparo de instituições de caráter securitário, de

âmbito privado, na ausência ou perante a pouca expressividade dos benefícios públicos.

Os trabalhadores e a cidade: a legislação da Câmara Municipal do Rio de Janeiro a

respeito do trabalho (1822-1889)

Anne Caroline Ferreira do Nascimento de Castro (UFF)

A Câmara Municipal do Rio de Janeiro instituiu diversos Códigos de Posturas (conjunto de leis

municipais), no período Imperial, estes buscavam regular aspectos da vida urbana no município,

entre quais o trabalho. Interessa-nos compreender a atuação da lei municipal na vida urbana

através dos Códigos de Posturas, com foco nos Códigos de 1830 e 1838. Pretende-se perceber

em que medida a legislação municipal lida com o surgimento de novas demandas de mão de

obra. Para isso dialoga-se com uma importante transformação na historiografia brasileira

contemporânea, que respeito à inclusão dos trabalhadores escravizados entre os objetos da

história social do trabalho. Com base na supracitada historiografia, busca-se dialogar sobre a

atuação do Estado na regulação do trabalho no Rio de Janeiro Imperial. Para alcançar tal

objetivo investigou-se de que forma os Códigos de Postura analisados versam sobre a questão

do trabalho e dos trabalhadores. Pretende-se ainda averiguar como se dava a construção dessas

leis, bem como os conflitos, pertinentes a esse processo, entre a Câmara e outras instâncias de

poder (governo central e Polícia). Busca-se igualmente compreender quais as leituras e

expectativas dos trabalhadores sobre tais posturas e suas instâncias de negociação, e, assim

colaborar para uma discussão sobre o papel das Câmaras Municipais no período Imperial.

A Guarda Municipal permanente na província de São Paulo (1834-1850).

Bruna Prudêncio Teixeira (UNIFESP)

A presente pesquisa tem como principal objetivo analisar a ação e organização da

Page 85: Semana de História da UFF · impregnado de relativismo e tão pressionado por fetiches conservadores, como o que temos ... museus e educação. Formas de dominação na Idade Média:

84 Guarda Municipal permanente na província de São Paulo entre os anos de 1834-1850. Para isso,

analisamos as leis referentes ao policiamento, levantadas no arquivo da ALESP, bem como,

correspondências entre polícia e governo disponíveis no APESP. A pesquisa tem como marco

inicial o ano de 1834, uma vez que, foi a partir do Ato Adicional que as províncias ganharam

autonomia legislativa e liberdade de atuação no âmbito do policiamento. Assim, sabendo que

havia outros corpos exercendo funções policiais, como, a Guarda Nacional e as Guardas

Policiais, buscamos compreender a organização e ação policial da Guarda Municipal

permanente, inserida no quadro de multiplicidades de forças que desempenhavam atividades

policiais no interior da província.

Nesse sentido, em paralelo à Guarda Municipal permanente, focamos nosso olhar,

sobretudo nas Guardas Policiais, analisando-as como instituições responsáveis pelo

policiamento das municipalidades. Com isso, no atual momento de pesquisa, comparando a

Guarda Municipal permanente com as demais, concluímos tratar-se da primeira tentativa de

profissionalização de um corpo responsável pela polícia, bem como a principal força policial

administrada diretamente pela capital provincial. Portanto, buscamos compreender a

organização e ação policial da Guarda, bem como a nova dinâmica de poder, instaurada a partir

do Ato Adicional, entre centro e municípios da província.

Mesa 06 – Cinema e Literatura no mundo contemporâneo

Sala 312 (bloco N) – 10:00 às 11:30

Coordenação: Vanessa Ferreira

Considerações acerca da literatura de viagem em Domingo F. Sarmiento e Paul Groussac

Daiana Pereira Neto (UFJF)

A literatura de viagem foi um gênero muito em voga no século XIX. Ao pensarmos nesse tipo

de literatura, geralmente a relacionamos a visão de viajantes europeus acerca do continente

latino-americano. Este trabalho tem o objetivo de privilegiar os trabalhos de dois autores, o

argentino, Domingo Faustino Sarmiento e do franco-argentino, Paul Groussac.

Ambos os autores possuem fortes relações com a Argentina. Sarmiento, autor mais conhecido

entre nós brasileiros, foi uma figura importante na construção de uma identidade nacional, sendo

suas obras consideradas fundamentais neste processo pós-independência. Me ocuparei

principalmente de um de seus textos de viagem chamado, Viajes por Europa, Africa i América

(1845-1847). O segundo autor Paul Groussac, nascido na França, se mudou aos 18 anos para a

Argentina, país no qual decidiu viver e onde faleceu em 1929. Seu trabalho possui vários pontos

de aproximação no que diz respeito a obra de Sarmiento, neste trabalho me dedicarei

Page 86: Semana de História da UFF · impregnado de relativismo e tão pressionado por fetiches conservadores, como o que temos ... museus e educação. Formas de dominação na Idade Média:

85 especialmente ao texto de viagem, Del Plata al Niágara.

Assim sendo, compreendo que suas obras possuem vários pontos de comparação, fornecendo

elementos que podem ajudar-nos a compreender as conjunturas nas quais viveram e atuaram.

A Idade da Terra: Glauber Rocha e a pluralidade latino-americana em perspectiva

Quezia da Silva Brandão (USP)

A comunicação objetiva realizar uma análise acerca da produção cinematográfica A Idade da

Terra (1980), do diretor Glauber Rocha, pensando as representações da América Latina

construídas pelo filme, síntese representativa do projeto político-cultural concebido pelo

cineasta brasileiro. Partindo da análise da trajetória do cineasta dentro do Movimento do Nuevo

Cine Latinoamericano, gestado na década de 1950 e iniciado nos anos 1960, o filme será

compreendido para além de uma inovação estética de cinema, como um projeto teórico para se

repensar a América Latina, valorizando as raízes afroíndias e reconsiderando o passado colonial

em termos de herança histórica e cultural. Abordando desde as questões colocadas pela

historiografia da América Latina até os pressupostos teórico-metodológicos concernentes à

relação Cinema e História, este trabalho propõe-se a apresentar – dentro de um recorte

específico a respeito da pluralidade cultural latino-americana explorada pelo filme – uma nova

perspectiva sobre a história do continente contribuindo para atenuar as resistências quanto ao

reconhecimento de uma identidade latino-americana no Brasil e colaborando com a atual

temática de integração territorial do continente.

O Protagonista de Cinema dos 60: os heróis masculinos da Nova Hollywood

Carlos Vinicius Silva dos Santos (UFRJ)

A comunicação pretende abordar a representação masculina operada em obras selecionadas do

conjunto de produções cinematográficas comumente denominado “Nova Hollywood”. Estas

obras, realizadas entre os anos finais da década de 1960 e o ano de 1980, veiculam personagens

masculinas caracterizadas por um complexo de elementos que os diferenciam dos tradicionais

heróis cinematográficos do cinema clássico hollywoodiano. Sublinhados pelo sentimento de

angústia, as personagens de parte significativa dos filmes do período pautam-se por um

comportamento errante, sempre em busca de seu lugar de pertencimento no mundo, ora

almejando compreender a realidade na qual se inserem, ora em flagrante oposição a esta mesma

realidade. Assim, objetiva-se examinar a constituição das personagens em contato direto com a

atmosfera do período, marcada pela contracultura dos anos 1960, bem como pelo desalento

ocasionado pela crise econômica, pela derrota no Vietnã e pelos escândalos políticos dos anos

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86 1970, nos Estados Unidos da América.

O olhar do Exílio: a representação de Cuba em Três Tristes Tigres (1965) de Guillermo

Cabrera Infante.

Pedro Henrique Leite (UFJF)

Partindo do pressuposto apontado pelo historiador mexicano Enrique Krauze (2010, p. 269) de

que a ficção pode iluminar processos históricos complexos, e também amparado em Roger

Chartier (1990, pp. 16-17) que propõe analisarmos “como determinada realidade cultural foi

construída, pensada, dada a ler”, proponho uma apresentação da obra Três Tristes Tigres (1965)

do escritor cubano Guillermo Cabrera Infante, levando em especial consideração o contexto do

exílio vivido pelo autor quando da composição do romance. Parto da concepção de que a obra é

fruto do complexo contexto político existente em Cuba no período subsequente à Revolução de

1959, podendo servir como um importante material de pesquisa, um espaço em que Infante

expressou seu olhar sobre o país na condição de exilado. O objetivo principal é perceber como a

produção cultural de um período histórico específico pode refletir um sistema próprio de

representação do mundo social criado por seus atores. Filio-me, sobretudo, à defesa feita por

Sidney Chalhoub e Leonardo Pereira (1998, p. 7) de pensar as obras literárias como produções

culturais conectadas à sociedade que as produz, pensando-as não em sua “suposta autonomia”

em relação ao meio, mas sim no modo como ela estabelece sua relação com a realidade social.

PALAVRAS CHAVE: Três Tristes Tigres, Guillermo Cabrera Infante, Exílio, Produção

Cultural.

Mesa 07 – As mulheres e seus papéis na História: múltiplas abordagens

Sala 314 (bloco N) – 10:00 às 11:30

Coordenação: Larissa Souza

O universo cangaceiro de muitas Marias: a entrada de mulheres no bando de Lampião

Helena Ferreira Lobão Diniz (UFF)

A partir da década de 1930 até 1938, muitas mulheres entraram para o bando de Lampião.

A presente comunicação pretende debater a participação feminina dentro deste grupo

bandoleiro, discutindo sua real atuação. Sob uma ótica de abordagem da História Cultural

pretende-se questionar as continuidades do comportamento feminino versus subversões

femininas dentro da estrutura social que se compôs o espaço do cangaço, como também

questionar o processo de criação do feminino naquela área. A introjeção de uma nova

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87 identidade, "o ser cangaceira", experiência nunca ocorrida em nenhum grupo de banditismo

social, gera grandes debates a respeito. As cangaceiras, mulheres advindas do sertão nordestino

desfrutaram desta experiência de formas distintas, porém algo em comum serviu como elo de

ligação no trajeto de Dadá, Maria Bonita, Lídia, Sila, Rosinha; todas elas e tantas outras

romperam com o binômio esposa/mãe, para executarem novos papéis pautados em liberdade no

exercício da sexualidade, o destino da maternidade e a própria formalização do matrimônio.

Embora tais mulheres tivessem uma autonomia em relação à estrutura coronelista, é

fundamental ressaltar que estas eram submetidas a uma estrutura de hierarquia e a um código de

honra no bando,sendo assim mulheres ainda atreladas a configuração patriarcal.

Mulheres anarquistas no Brasil: entre afirmações e invisibilidades (1890-1930)

Clara Iamê Ferreira Crível (UFF)

Esta pesquisa buscou evidenciar o universo de existência e militância das mulheres que

seguiram a ideologia anarquista, durante os anos compreendidos como a Primeira República,

entre o Rio de Janeiro e São Paulo – contexto este de maior destaque do anarquismo no Brasil.

Para tal, seguiu dois vieses de análise e problematizações. Ao se resgatar a história das mulheres

naquele movimento que é social, ideológico, cultural, artístico e que possui profundas críticas à

moral estabelecida, deparamo-nos com a lacuna histórica que vem tomando a memória da

militância a partir da perspectiva masculina dominante – o que em geral também é

negligenciada na própria historiografia e a invisibiliza. Por outro lado, procura afastar-se desta

escrita predominante masculina da história quando tornamos claros os movimentos e a produção

intelectual produzidos por aquelas mulheres. Deste modo, o trabalho insere-se nos estudos das

relações de gênero e metodologicamente proporciona caminhos para o desenvolvimento de uma

epistemologia feminista que pretende ser emancipadora, rompendo com o modelo

hierarquizante de produção de conhecimento e com o paradigma do homem-branco-

heterossexual como sujeito histórico universal.

Rádio Mulher: um instrumento de voz

Priscila de Oliveira Araújo (UERJ)

O presente trabalho foi elaborado por meio de uma entrevista com as três vozes que

comandam a Rádio Mulher, localizada no Complexo do Alemão, cuja programação é voltada

para temas como bem-estar, saúde, comportamento, tendo como foco maior o combate à

violência contra a mulher. O que torna essa rádio peculiar é o fato de ser comandada e

organizada por mulheres, uma vez que esse é, como outros instrumentos de comunicação,

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88 normalmente exclusivo do universo masculino, dando assim voz a este personagem tão atuante

e cada vez mais em voga na História, a mulher.

Tendo em vista que a Historia Oral dá voz à história não oficial, a dos oprimidos,

esquecidos, a dos “não heróis”, que com suas memórias, enriquecem a historia local e, se

ampliada seu foco, enriquecem também a historia nacional, a intenção desse trabalho é estudar

por meio da metodologia da História Oral um instrumento de voz dado à mulher, neste caso o

rádio.

Palavras-Chave: História Oral; História do Tempo Presente; Rádio; Mulher

Centro de Referência de Mulheres da Maré Carminha Rosa: implementação de Políticas

Públicas de Assistência (2004-2013)

Larissa Velasquez de Souza (FIOCRUZ)

Esta comunicação tem como principal objeto de investigação o Centro de Referência de

Mulheres da Maré Carminha Rosa (CRMMCR), criado em 2000, que se constitui como um

programa integrante do Núcleo de Estudos em Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-

DH), órgão suplementar do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do

Rio de Janeiro (CFCH/UFRJ). A atuação do Centro consiste em atender e oferecer

acompanhamento psicossocial e jurídico, orientar sobre as desigualdades de gênero e fortalecer

a cidadania das mulheres em situação de violência doméstica.

O objetivo geral deste trabalho é analisar o processo histórico de criação do Centro no contexto

de debates e conquistas sociais referentes aos direitos das mulheres, com destaque para a

atuação dos profissionais vinculados à instituição. Tal estudo está sendo realizado através da

análise das oficinas oferecidas no centro e seu papel na aplicação das políticas públicas de saúde

direcionadas a atenção a mulher vítima de violência doméstica, verificando como estas políticas

são implementadas no contexto específico da comunidade da Maré.

Estão sendo utilizadas as Legislações Federais e Estaduais referentes às políticas públicas para

as mulheres, a documentação do CRMMCR, com base teórica de análise na história das

mulheres, estudos de gênero e violência urbana, com foco no processo de constituição e

implementação das políticas públicas de assistência.

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89 Mesa 08 – Religião e Religiosidade no Brasil Contemporâneo

Sala 316 (bloco N) – 10:00 às 11:30

Coordenação: Leandro Silveira

Joãozinho da Goméia - A importância do babalorixá no município de Duque de Caxias.

Taís Fernanda Noronha (Universidade do Grande Rio)

Joãozinho da Goméia, que tem em seu registro de nascimento o nome João Alves Torres Filho,

nasceu no ano de 1914, no interior da Bahia, e veio para o Rio de Janeiro na década de 1940,

instalando-se em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde construiu a sua autoridade

como sacerdote religioso. O babalorixá iniciou a sua trajetória no candomblé na Bahia, tendo

destaque não apenas no campo religioso, mas na mídia baiana e carioca. Isto em razão de sua

relação com intelectuais do período, das performances como bailarino, das polêmicas nas quais

se envolvia, principalmente, com seguidores das religiões de matrizes africanas e por sua

atuação e participação no carnaval carioca. Nossa investigação tem como objetivo um debate

historiográfico referente ao processo histórico das religiões de matrizes africanas na região da

Baixada Fluminense, tendo como destaque a trajetória do pai de santo Joãozinho da Goméia e a

importância que o mesmo teve no município de Duque de Caxias. Neste recorte de nossa

pesquisa, procuramos compreender, entre os estudos referentes à trajetória daquele que foi

considerado o “Rei do Candomblé”, a notoriedade e a fama que Joãozinho da Goméia obteve

como pai de santo, não só em Duque de Caxias, mas em todo o Rio de Janeiro, não se

restringindo apenas ao campo religioso, mas também aos contatos com a mídia e integrantes da

alta sociedade carioca.

O entrelaçamento e dinâmicas das narrativas que constroem a memória do candomblé

carioca.

Blonsom de Faria Ramos (UFF)

O candomblé, religião de matriz afro-brasileira, atualmente tem sido alvo de uma crescente

visibilidade pública, seja pelos registros nos livros de tombo e da retórica de preservação dos

patrimônios culturais afro-brasileiros ou pelo crescente movimento de afirmação religiosa,

através de campanhas de liberdade religiosa e de sua consequente veiculação nos canais de

informação.

Percebemos que a historiografia sobre o candomblé no Rio de Janeiro é muito carente de

estudos aprofundados sobre a religião, sobretudo no tocante do contexto histórico. A nação

Efon (Lokiti Efon), fora fundada por volta de 1850 pelos africanos Tio Firmo de Osun (Babá

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90 Irufá

3) e Maria Bernarda da Paixão (Adebolui). A casa de culto fundada por eles, o Asé Yangbá

Oloroke ti Efon4, ou simplesmente como era chamado, o terreiro do Oloroke, ficava situada à

rua Antonio Costa, nº 12 – antiga travessa de Oloke, no bairro do Engenho Velho de Brotas –

Salvador – Bahia.

Em 1936 morre Maria Violão e na década de 1940, Cristovão se transfere para o Rio de Janeiro,

fixando-se no bairro do Pantanal, pertencente ao município de Duque de Caxias.

Complexos processos de disputas pela sucessão sacerdotal da casa desarticulam os adeptos, o

terreiro do Oloroke fora desativado, transformando-se assim o Ilê Asé Fon Ogun Anaueji Ibelé

Nioman – Asé Pantanal, a casa matriz da nação.

Sem uma casa matriz e com raríssimos iniciados deixados na Bahia, o Efon se populariza na

região sudeste, sobretudo a Baixada Fluminense e Região metropolitana do Rio de Janeiro.

Dois nomes se destacam nesse processo, Waldomiro Baiano, iniciado ainda na Bahia que veio

para o Rio de Janeiro junto com Cristovão e Alvinho de Omulu, iniciado no Asé Pantanal.

Ambos foram os pais de santo mais destacados o processo de difusão da nação, tanto no Rio de

Janeiro quanto em São Paulo. Nesse processo de construção e consolidação de uma rede de

sociabilidade, já na década de 1960/70 esses líderes tiveram conviveram com vários

correligionários de nações diversas, além de outras religiões, complexificando muitos dos seus

elementos rituais, emaranhando-os com outros elementos tradicionais de outros grupos,

construindo uma identidade adaptada aos novos locais onde se desenvolviam.

A temática das religiões afro-brasileiras é tradicionalmente domínio do campo da antropologia,

sendo que nestes estudos a história da comunidade/terreiro é destacada como contexto, quando

não é tratada como um simples conjunto de eventos cronológicos sem conexão com a vida em

sociedade, destacando-se nomes e momentos considerados relevantes numa escolha que nem

sempre privilegia a experiência do grupo, mas de indivíduos isolados.

A bibliografia especializada no tema do candomblé é em geral dividida em dois grupos,

denominados afrocêntricos e crioulistas. Embora na revisão bibliográfica do tema esses dois

grupos se destaquem, destacaremos as narrativas recolhidas e analisadas sob a perspectiva da

metodologia da História Oral.

Campanha da Fraternidade: o apoio da CNBB a Teologia da Libertação

Marcelo Macedo de Almeida (UERJ)

A pesquisa trata sobre como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aproximava

a Doutrina Social da Igreja com os ideais da Teologia da Libertação (TL) durante a segunda fase

da Campanha da Fraternidade (CF), entre 1973 e 1984.

3 As palavras entre parênteses referem-se aos nomes rituais, também chamados de orukó. 4 Primeiro templo que se tem notícias desse grupo religioso.

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91 A CNBB apoiava a ideologia da Teologia da Libertação nos textos da Campanha da

Fraternidade e essa mensagem era repassada aos fieis: clérigos e leigos. Explicitamente

defendido nos Textos-Base das CFs dessa Segunda Etapa, que foram voltados para a realidade

social do povo brasileiro e trata temas como fome, miséria, desemprego e pobreza como

“pecado social”.

Muitos trabalhos acadêmicos tratam o diálogo entre a Igreja Católica e a política no Brasil, mas

poucos relatando como era a voz oficial da Igreja, através da CNBB. Os que fazem relatam isso

através de cartas e documentos da entidade, mas nunca com uma série de documentos tão

abrangente como a Campanhas da Fraternidade, pois não dialoga apenas com clérigos e

interessados com o discurso da Igreja, mas com todos os fieis, uma vez que 40 dias no ano, no

período da Quaresma, o tema da campanha era pregado nas missas, chegando, assim, até o

povo.

Esta pesquisa tenta identificar como o tema da campanha era tratado nas diversas partes do

documento, voltados para sacerdotes, leigos, jovens e crianças. Através dos sermões propostos,

podemos ter um panorama de como esses padres tentavam entrelaçar ideias do marxismo com a

filosofia cristã, para conseguir esse feito eles compararam a “sociedade comunista” com o

chamado “Reino de Deus na Terra”, afirmando que tanto Marx e Cristo queriam construir uma

sociedade igualitária e sem excessos e apenas usavam, para isso, ferramentas distintas.

O anteparo do sagrado: a liga eleitoral católica e a indissolubilidade do casamento na

Constituição de 1934

Patrick Correa Monteiro (UFF)

O presente trabalho aborda a atuação da Liga Eleitoral Católica (LEC) na Constituição de 1934,

com vistas ao amparo constitucional da instituição matrimonial como vínculo indissolúvel.

Enfoca-se nesse contexto a articulação de intelectuais e políticos em torno da Igreja Católica, na

finalidade de se criar anteparos jurídicos contra determinados projetos liberais, destacando-se no

presente ensaio o dispositivo da indissolubilidade do casamento como barreira ao crescente

avanço dos debates sobre o divórcio no Brasil nas primeiras décadas do século XX.

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92 Mesa 09 – Brasil Império em debate

Sala 205 (bloco N) – 10:00 às 11:30

Coordenação: Daiane Azeredo

A Sociedade Cearense Libertadora e um projeto de abolição no Ceará (1881 – 1884)

Camila de Sousa Freire (UERJ – FFP)

O trabalho a ser apresentado é resultado da minha pesquisa da Monografia e da pesquisa de IC

na qual trabalho, que busca analisar a escrita da História Nacional nas primeiras décadas

republicanas. Na Monografia analiso o movimento abolicionista na Província do Ceará, que

culmina em sua abolição total em 1884, quatro anos antes da Lei Áurea, e que insere-se na

pesquisa de IC a partir do momento em que a abolição desta província será usada

posteriormente nesse processo de escrita da História Nacional, como um feito fortalecedor da

identidade nacional e regional.

O objetivo deste trabalho é analisar o movimento abolicionista cearense, a partir de conceitos

tais como: centro/periferia, identidade regional/nacional, radicalidade/conservadorismo e

alteridade; bem como as influências desses intelectuais e suas tentativas de legitimação. Para

tanto são usados os seguintes autores: Michael Pollak, Maurice Halbwaches, Anne-Marie

Thiesse, Benedict Anderson, Carlo Guinzburg, Tzvetán Todorov, Roger Chartier, Raimundo

Girão, Pedro A. de O. Silva, entre outros. O movimento abolicionista cearense é então analisado

a partir da atuação da Sociedade Cearense Libertadora, a principal sociedade abolicionista

daquela província, liderando o movimento; e seu jornal, o Libertador, no qual era exposta sua

propaganda. Dessa forma analiso o pioneirismo do abolicionismo cearense e suas relações com

as demais províncias do país, neste momento em lugar de destaque no movimento abolicionista

brasileiro.

A divulgação de uma Pedagogia politica conservadora por Justiniano José da Rocha em O

Brasil em 1843.

Tatiane Rocha de Queiroz (UNIRIO)

Este trabalho consiste no estudo e na análise de um dicionário Critico da Língua Política

publicado na seção Lições da Experiência do periódico O Brasil, no ano de 1843. O periódico

supracitado foi criado em 1840, pelos jornalistas Justiniano José da Rocha e Firmino Rodrigues

da S. a pedido do então Ministro da Justiça Paulino José Soares de Sousa, representante do

grupo político Regressista. Ele achava que as opiniões e os atos do governo, além de sua

publicidade oficial, deveriam ser explicitados e defendidos por um periódico que equilibrasse as

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93 discussões políticas que se davam na imprensa naquele período. Fato que demonstra que

imprensa no século XIX se tornou um grande polo irradiador de novas ideias políticas e de

fixação de ‘’velhos’’ significados.

De forma que em nossa análise partiremos do pressuposto de que o dicionário Critico da Língua

Política orientou e fixou significados que puderam informar a política, do grupo o qual

Justiniano J. da Rocha era coligado – partido regressista, futuro partido conservadores. Como

também a de seus opositores políticos – grupo progressista, futuro partido Liberal. Ou seja,

defendemos que competiu a esse dicionário instituir uma nova ‘linguagem política’’ que

servisse a instituição da ordem qual os regressistas- conservadores tanto almejavam estabelecer

como projeto de Estado e Nação.

Poder e barganha: mulheres cariocas no mercado creditício nas duas primeiras décadas

do século XIX

Daiane Estevam Azeredo (UFRRJ)

Este trabalho tem por objeto analisar como as mulheres se colocavam em uma sociedade do tipo

patriarcal e em que medida estas participaram como agentes no mercado creditício fluminense

entre os anos de 1800 e 1820. Pretendemos demonstrar por meio da análise de escrituras de

dívida, venda com débito e quitação do Primeiro Ofício de Notas do Rio de Janeiro que o fato

de ser mulher no período colonial brasileiro não inibiu as participações nas negociações e nem o

intercâmbio de crédito entre homens e mulheres. Acreditamos que mesmo com a premissa de

que o campo dos negócios deveria ser regido preferencialmente por algum homem da família,

algumas mulheres participaram como sujeitos ativos nas negociações creditícias. Dessa maneira,

pretendemos demonstrar quais foram as motivações econômicas e sociais que impulsionaram ou

impeliram essas mulheres a estabeleceram transações de crédito, atuando assim no sentido

contrário ao que a estrutura da sociedade determinava.

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94 Mesa 10 – Regionalismo em debate: estudos de caso

Sala 510 (bloco O) – 11:30 às 13:00

Coordenação: Pedro Silva

A prefeitura do Distrito Federal nos tempos de Dodsworth: administração e intervenção

urbana (1937-1945). Notas de uma pesquisa em andamento.

Pedro Sousa da Silva (UFF)

O presente trabalho tem o objetivo de apresentar os resultados iniciais da pesquisa sobre o

mandato do interventor Henrique Dodsworth no Rio de Janeiro dos tempos do Estado Novo. Tal

analise, a se foca sobre um período da História do Distrito federal onde centralização política e

repressão às oposições se combinaram com um programa de reformas do espaço público da

capital federal cujo maior símbolo foi a abertura da Avenida Presidente Vargas. Surgindo como

uma solução conservadora para estabilizar as disputas políticas decorrentes do repentino fim da

gestão de Pedro Ernesto, a interventoria de Henrique Dodsworth se prolongaria por

praticamente toda a duração da ditadura do Estado Novo. Analisar o estabelecimento deste

governo, junto às relações sociais implícitas nas intervenções no espaço urbano realizadas por

este governo se constitui como um horizonte de pesquisa, cujas perspectivas iniciais serão

apresentadas.

Os espaços de disputa de poder e as redes de sociabilidade da elite local de São João de

Meriti (1930-1937)

Romero Jasku Bastos (UNIRIO)

O presente trabalho tem por objetivo reconstruir as redes de sociabilidade e os espaços de

disputa de poder que forneceram a base para o surgimento de novos atores e para a manutenção

de certos grupos enquanto classe dominante em São João de Meriti, então distrito de Nova

Iguaçu, durante o período que se estende de 1930 até 1937, ano do golpe dá inicio ao Estado

Novo, período de exceção que altera radicalmente a dinâmica do jogo político na Baixada

Fluminense. Assim, a partir da análise e interpretação da forma de atuação de alguns dos

principais atores pertencentes às elites políticas locais de São João de Meriti, trata-se de

recuperar as redes de sociabilidade e os espaços de disputa de poder, procurando desvendar

como essas redes de sociabilidade e as disputas políticas no interior desses espaços interferiram

na maneira como as elites locais recrutavam seus membros e permitiram a manutenção de certos

grupos enquanto classe dominante num quadro de profundas mudanças e transformações que

também se fizeram sentir no município de Nova Iguaçu nos anos que se seguiram após a

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95 revolução de 1930, quando houve uma alteração no jogo político do município fluminense, com

antigas lideranças perdendo espaço e cedendo lugar a novos atores que surgiam.

A Caixa Estadual de Casas para o Povo – CECAP – e o interior paulista: a atuação de

uma autarquia governamental na construção de conjuntos habitacionais.

Michele Aparecida Siqueira Dias (UNIFESP)

A presente pesquisa de iniciação científica pretende refletir sobre as bases de atuação do

primeiro órgão do governo do Estado de São Paulo destinado a produção de habitação social, a

autarquia CECAP – Caixa Estadual de Casas para o Povo – durante o período da ditadura civil –

militar.

Segundo a historiografia da habitação social, o período militar foi caracterizado pela

institucionalização de órgãos federais para garantir recursos destinados ao financiamento de

moradias, ao mesmo passo em que as soluções construtivas utilizadas demonstravam um

interesse maior nos aspectos financeiros do que na inserção urbana e qualidade arquitetônica.

Esta pesquisa pretende analisar três conjuntos habitacionais promovidos pela CECAP no interior

de São Paulo (nas cidades de Taubaté, Serra Negra e Caçapava) durante a década de 1970 –

momento em que a autarquia propôs a construção de habitações de qualidade como parte de

uma política governamental para o desenvolvimento do interior do Estado. Para analise desta

pesquisa, pretendemos compreender como estes conjuntos habitacionais se inseriram na malha

urbana, seus pressupostos arquitetônicos modernos e o que foi efetivamente construído, em

meio a uma crise contemporânea da arquitetura moderna e a política habitacional empregada

pelo governo de São Paulo até o momento em que a autarquia foi desativada.

Enraizamento Político e Reforma Urbana: a Praça da República e o Porto de Niterói no

governo de Feliciano Sodré (1924-1927).

Guilherme dos Santos Cavotti Marques (UERJ – FFP)

Nas duas primeiras décadas do século XX, Niterói fora objeto de intervenções urbanas que,

apesar de menor escala quando comparadas as do Rio de Janeiro, se configuraram pela sua

relevância na transformação do espaço urbano e social, sendo igualmente compreendido como a

materialização de um novo projeto político.

Após duas décadas de domínio nilista, assentadas nas bases de poder locais, o plano político no

Estado do Rio de Janeiro passa por intensas mudanças durante a década de 1920, sobretudo após

a vitória de Artur Bernardes nas eleições presidenciais. Neste cenário, após sofrer importantes

defecções, o grupo capitaneado por Nilo Peçanha se enfraquece, perdendo espaço para a então

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96 oposição centrada na figura de Feliciano Sodré.

Por seu turno, Sodré viria a encampar um novo projeto urbano para a capital, possibilitado

através de empréstimos internacionais e acordos com o plano federal, com a construção de

estruturas que visariam, através da retórica política, dotar Niterói de maior independência frente

à cidade do Rio de Janeiro, reafirmando a sua capitalidade. Estas intervenções viriam a resultar

na construção da Praça da República e no Porto de Niterói, entre os anos de 1924-27.

Temos por objetivo destacar a dimensão política de tais intervenções, ou seja, para além de

estarem alinhadas aos interesses do novo grupo de poder, tais obras teriam por objetivo um

maior enraizamento de Sodré no Estado do Rio. Igualmente, procuraremos destacar as

diferenças entre os modelos de intervenção no espaço urbano entre os grupos chefiados por Nilo

Peçanha e Feliciano Sodré, afinal, enquanto o primeiro advogava uma intervenção de cunho

liberal, Sodré encampava o discurso da intervenção tutelada pelo Estado.

Mesa 11 – Discussões étnico-raciais na Contemporaneidade

Auditório (2° andar do bloco O) – 11:30 às 13:00

Coordenação: Alan Dutra

“V z A â N ó v os Estados Unidos

(1772-1897)”

Rafael Domingos Oliveira da Silva (UNIFESP)

Esta pesquisa consiste na análise de autobiografias e memórias escritas por negras e negros

escravizados e libertos, sobretudo em língua inglesa, entre 1772 e 1897. Procura-se

compreender essas narrativas por meio das dinâmicas da produção social da escrita e da

memória sobre a escravidão negra, a partir da noção de experiência. As slaves narratives, como

são conhecidos esses documentos, foram produzidas em torno da luta abolicionista ou por ela

foram utilizadas, e constituem um corpus textual com grande potencial para a compreensão

das complexas formas de construção de identidades e de lutas pela liberdade no contexto da

escravidão. Articulando saberes que circulavam no Atlântico, como as práticas de letramento e

cristianização, esses documentos representam as vozes de milhares de sujeitos escravizados

que, com sua agência, constituíram o Atlântico Negro. Esta comunicação busca apresentar a

potencialidade destes relatos para a historiografia da escravidão nas Américas, sugerindo

aproximações com a experiência da escravidão no Brasil.

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97 “D A ” M ó N v Ch

Science e Nação Zumbi na formação do Movimento Manguebeat (1980-1997)

Amanda Fará de Lucas (UFF)

O tema abordado por essa pesquisa perscruta as memórias e narrativas da banda pernambucana

Chico Science e Nação Zumbi na construção do movimento Manguebeat, entre os anos de 1980

e 1997.

Chico Science ficou conhecido por produzir uma obra musical que integra ritmos brasileiros e

ritmos internacionais. Em meio aos desafios da globalização, o grupo Chico Science e Nação

Zumbi ao lado de Mundo Livre S/A, Faces do Subúrbio, Sheik Tosado e Mestre Ambrósio,

reformularam conceitos de música no cenário brasileiro, além de levantar questões sobre a

política vigente as relações sociais do estado de Pernambuco.

Science se calcou na diversidade biológica dos manguezais e nos conceitos sobre o mangue

utilizados por Josué de Castro para caracterizar o cenário musical de Recife e Olinda. Chamou

então o movimento de Manguebeat, introduzindo a palavra beat, para qualifica-lo como a batida

do Mangue.

Neste sentido, a metodologia usada nesta pesquisa conta com aportes das áreas da História Oral

e da História e Música. Possui como base teórica os conceitos de hibridismo cultural apontado

por Néstor Canclini, os conceitos de memória, narrativa e identidade explicitado por diversos

historiadores, entre eles Pierre Laborie além do conceito de performance desenvolvido por Paul

Zumthor.

Museu e sociedade: os ecos do Museu Afro Brasil. Um estudo sobre o discurso da Museu e

o movimento negro brasileiro contemporâneo.

Ana Carla Hansen da Fonseca (UNIFESP)

Tomando por base a análise proferida por Hartog (2006) referente ao Presentismo e à obsessão

pela preservação da memória, a pesquisa, em andamento, visa analisar como tais fenômenos

contemporâneos acima referidos, fazem com que diferentes grupos coloquem em pauta

memórias que antes eram renegadas pela historiografia e memória oficial.

Neste contexto, busca-se analisar como o atual Regime de Historicidade e também as discussões

a respeito do Pan-Africanismo influenciaram a fundação do Museu Afro Brasil (MAB) na

cidade de São Paulo, no ano de 2004, e como este, por sua vez, influencia a sociedade na busca

da valorização da memória negra, através de seu discurso expositivo. Desta forma, a presente

pesquisa analisa o museu como um espaço ativo nas discussões políticas da sociedade, podendo

ser circunscrito em um conceito de “Museu-Partido”, por ter claramente pautas políticas

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98 defendidas a partir de sua expografia.

Futuramente, ainda em definição, a pesquisa pretende verificar a recepção do museu na

sociedade, especificamente através de grupos representantes de esferas do Movimento Negro,

que versam sobre o mesmo tema presente na instituição museológica, buscando verificar

aproximações e/ou distanciamentos quanto aos pontos defendidos pelo MAB.

Esta é uma pesquisa de nível de mestrado, realizado na Universidade Federal de São Paulo,

financiada pela CAPES.

Identidade, raça e classe: poesia e negritude de Solano Trindade (1940-1960)

Camila Pizzolotto Alves das Chagas (UFF)

O presente projeto tem como objeto de pesquisa as poesias de Solano Trindade e a relação entre

identidade negra, raça e classe social na obra do poeta e sua inserção no movimento negro, no

período que vai de 1940 até 1960. A pesquisa pretende aprofundar estudos iniciados na

monografia desenvolvida por mim no curso de História, onde comecei a analisar as relações

entre o movimento negro brasileiro, a poesia de Solano Trindade e a produção de um

contradiscurso presente em seus poemas que tinham como tema o candomblé.

Nascido em Pernambuco, em 1908, Trindade foi um dos primeiros poetas a introduzir temas,

ritmos e expressões do candomblé na poesia brasileira, valorizando a negritude e reivindicando

origens africanas. Colocou no centro das atenções uma simbologia que, embora fosse velha

conhecida dos descendentes de escravos, era nova dentro da poesia e dos círculos literários. O

poeta assume a identidade que vai levar ao longo da vida: é preto, pobre e proletário, de modo

que sua obra e militância estão diretamente ligadas a essas três características.

A luta em duas frentes vai definir a vida de Trindade. Se por um lado militava no movimento

negro, produzia poemas e textos sobre religiões afro-brasileiras e exaltava a afirmação de uma

identidade negra, por outro o poeta pernambucano não podia ignorar que a luta pelo fim do

racismo era uma luta pelo fim de toda e qualquer exploração, de nível internacional, que

juntasse todos os trabalhadores do mundo.

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99 Mesa 12 – Organizações e movimentações políticas no Brasil República

Sala 310 (bloco N) – 11:30 às 13:00

Coordenação: Raphael Duarte

Trajetória política do militante comunista João da Costa Falcão durante o Estado Novo

Geferson Santana de Jesus (UNIFESP)

A presente comunicação se propõe a refletir sobre o movimento antifascista no Estado da Bahia,

a partir das memórias do militante comunista, empresário e jornalista João da Costa Falcão. Ele

é considerado um dos mais importantes líderes do movimento político-partidário do Partido

Comunista do Brasil (PCB), e esteve envolvido juntamente com os comunistas da célula baiana

do PCB no movimento antifascista que se desenvolveu e propagou pelo território baiano com a

declaração de guerra de 1942, feita pelo Estado Novo do presidente Getúlio Dornelles Vargas

aos eixistas liderados por Adolf Hitler na Alemanha e Benito Mussolini na Itália. Essa grande

movimentação contou com a colaboração de multifacetados sujeitos sociais e políticos,

compondo um verdadeiro front que incentivou movimentos antifascistas em outros Estados

brasileiros. A partir das memórias desse comunista narradas em quarto livros (auto)biográficos,

nos incumbimos de refletir criticamente sobre esse movimento tentando entender suas

especificidades, e repercussões no cenário nacional, regional e local, especialmente sua

militância ferrenha contra o Eixo, pregando o ódio e destruição aos seus descendentes. Esta

reflexão, parte dos pressupostos teórico-metodológicos da chamada Nova História Política

formulados pelo historiador francês René Rémond, assim como das discussões teóricas

referentes ao campo da memória de Maurice Halbwachs, Pierre Nora, Michel Pollack, Jacques

Le Goff e Philippe Lejeune.

Partido dos Trabalhadores, cultura política e circulação de ideias

Raphael Fernandes Xavier Duarte (UFF)

A partir de um estudo atento da revista Teoria e Debate, de circulação interna do Partido dos

Trabalhadores, criada no ano de 1986, de suas interseções com o partido e dos fluxos dos seus

mais diversos agentes em seu interior; buscamos observar o movimento e o papel das ideias e

sua circulação para as mudanças do PT. Para tal analisamos da 1º a 50º edição da revista, que se

localizam no período histórico de 1987 a 2002, anos que coincidem com suas mudanças

fisionômicas. Acreditamos que seu intuito inicial seria ampliar e aperfeiçoar o processo de

circulação de ideias entre as camadas dirigentes, intelectuais do partido e a base militante,

contribuindo para formar um campo semântico comum, um universo cultural compartilhado,

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100 permitindo um sentimento de pertencimento e a construção de uma identidade militante e

partidária.

Nosso interesse reside no entendimento da revista quanto um espaço de sociabilidade distinto

dos espaços formais do partido, pois não era premente a disputa deliberada de ideias, mas pelas

suas características refletia estes enfrentamentos, porém, mobilizando outros recursos. Sendo

ponto de contato entre intelectuais ― profissionais do mundo das ideias ― dirigentes

partidários, políticos profissionais e militantes do partido, com suas formas diferenciadas de

apropriações, práticas e usos das ideias. Concluímos que a revista em suas seções refletiu o

percurso feito pelo PT em respostas às mudanças históricas que culminaram em alterações em

sua fisionomia.

Entre cartas: uma contribuição para o estudo da Revolução de 1924 em São Paulo e de

suas ligações com a Coluna Miguel Costa Prestes

Maria Clara Spada de Castro (UNIFESP)

Este mestrado tem como tema as ligações entre a revolta tenentista de 1924 na cidade de São

Paulo com a Coluna Miguel Costa Prestes, tendo como objeto de estudo os participantes destes

movimentos, sejam eles civis ou militares. Seu recorte historiográfico se inicia com o preparo da

rebelião em São Paulo ainda em 1923 e se encerra em 1927 quando os participantes da Coluna

Miguel Costa Prestes se exilaram na Bolívia.

O trabalho busca compreender, principalmente, por meio das cartas trocadas entre os

rebeldes e de suas trajetórias, como se deu a formação da chamada Coluna Miguel Costa Prestes

a partir da retirada das tropas revolucionárias da cidade de São Paulo em 27 de julho 1924, que

marcharam em direção a Foz do Iguaçu, onde se juntaram às tropas do capitão Luís Carlos

Prestes, optando, assim, pela tática de guerra de movimento.

Os agentes em questão não se limitam às lideranças, origem social, gênero ou profissão,

uma vez que os chamados "tenentes" também possuíam outras patentes, ou ainda, não as

possuíam como no caso dos operários e profissionais liberais que se envolveram nos

movimentos caracterizados como apenas militares na década 1920. Dessa maneira outras

questões permeiam o trabalho como de que forma estes movimentos se organizaram, a partir dos

interesses e objetivos particulares dos grupos diversos que a constituíram? quem eram estes

sujeitos? de onde vieram? como se inseriram no meio militar? de que forma se relacionavam no

dia-a-dia?

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101 Vem pra rua vem, ecoa em 2015? Uma análise das manifestações de 2013 sob uma

perspectiva jurídica-histórica

Elisabeth da Silva dos Passos (UERJ)

Luis Claudio Silva Miranda (UERJ)

Em 2013, as diversas capitais do país foram tomadas pelas multidões que requeriam a

diminuição do valor das passagens. Conseguiram o feito. Mas, em 2015, os aumentos foram

retomados e poucos foram às ruas. O que torna o evento de 2013 singular? E o que gerou este

distanciamento das ruas em 2015? Compreender este evento, não é uma tarefa fácil. Poucos

historiadores se posicionaram sobre o tema, ou mesmo os demais estudiosos das ciências sociais

e políticas. Ainda hoje, poucos se debruçam sobre este tema. Assim, devido ao tempo curto para

analisarmos as manifestações e suas consequências. Propomos-nos, nesta época de grandes

discussões políticas, nos centrarmos sobre uma das principais questões que emergiram após as

manifestações de 2013, que é a da Reforma Política. Percebe-se, inicialmente, a grande

dificuldade de se apreender o “fazer a política” nos moldes tradicionais, através da

representatividade dos partidos políticos ou mesmo de lideres, em suas atuações no Congresso

Nacional e nas Assembleias Legislativas Estaduais. Em novos tempos, novas formas e

questionamentos surgem. Nesta comunicação direcionaremos a nossa análise para a proposição

desta reforma política.

Mesa 13 – Discutindo Instituições, História e historiografia das relações raciais

Sala 303 (bloco N) – 11:30 às 13:00

Coordenação: Leandro Silveira

“Q v ?” I N M ú

Lamartine Babo.

Maria Clara Martins Cavalcanti (UFF)

A constituição do projeto de nação brasileira empreendido durante a Era Vargas foi

marcada pela necessidade da afirmação do país como um local de convívio harmônico entre as

três raças que o compunham. A identidade nacional que emergia colocava em voga a

valorização da mestiçagem e surgiam assim novos investimentos nas concepções das teorias

raciais no Brasil. O espaço da cultura popular não ficou a parte dessas concepções e a temática

da mestiçagem esteve presente em muitas produções musicais do período. O governo e os

intelectuais empreenderam um processo de valorização de determinadas manifestações culturais

populares a fim de delimitar o que era legitimamente brasileiro pelo seu caráter único, mestiço e

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102 por isso, estritamente nacional. Nesse sentido, percebe-se que tanto a produção intelectual sobre

a mistura das raças, quanto a produção musical popular, estabeleceram relações com o projeto

de identidade nacional que estava em voga no período. O que se pretende fundamentalmente

nesse trabalho é entender quais os elementos desse projeto de identidade nacional percorreram a

produção da música popular no governo Vargas, principalmente na voz do conhecido

compositor de marchinhas Lamartine Babo. Faz-se imprescindível pontuar que o contexto

social, político e econômico do país exercem uma influência considerável na produção musical

do período e entender quais elementos permeiam essa produção significa desvendar uma rede de

significados que se estabelecem de cima para baixo (do governo para os cantores), mas também

de baixo para cima.

Entrando pelo buraco da fechadura: de olho na janela e com os ouvidos na rua, a moral no

interior das Associações dos Homens de Cor

Emanoel da Cunha Germano (UFRJ)

Tendo em vista as novas pesquisas contemporâneas comprometidas a analisar o campo da pós-

abolição no contexto da realidade brasileira, poucas têm desafiado aspectos no que tange a

construção das moralidades nas associações dos homens de cor. Possivelmente a repercussão de

alguns trabalhos sobre o pós-emancipação dos escravos nas Américas, tem demonstrado

comparações relevantes, ao captar os diversos sentidos e significados o movimento histórico das

diversas experiências e perspectivas do pós-abolição no ambiente das ideias na sociedade

brasileira, e é claro que, com características próprias.

É chamando atenção para o interior das redes de sociabilidades que as associações dos homens

de cor vieram a se tornar um fenômeno com a virada do ultimo quartel do século XIX. Suas

formações foram elaboradas, frente uma sociedade pós-escravista, com a união de seus pares

para através delas ajudarem-se mutuamente. O aspecto que chama atenção desse processo é que

esses agentes eram formados tanto por escravos africanos cativos, quanto por libertos do treze

de maio, isso por meio de sindicatos, clubes, organizações, dentre outras congregações que

foram erigidas antes e após abolição de 1888.

Contudo, demonstrar-se-á no percorrer do trabalho, assim como, apresentará quão significativo

é compreendermos os aspectos que fomentaram as agências desses grupos que sistematizaram

todo um emaranhado de proposições históricas que hoje são analisadas à luz dos estudos sobre o

pós-emancipação.

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103 Além de uma partida de futebol: um campeonato na Província Ultramarina de Angola

Núbia Aguilar Moreno (UFF)

As praticas esportivas, desde a antiguidade, vinculam-se a um papel fundamental do âmbito

social. Com sua proliferação no século XIX, com uma associação a qualidade de vida, teremos

as mesmas estendendo-se ao continente africano. Mais do que jogos a serem realizados o

esporte é um intenso agente no processo de colonização, sendo uma via de penetração de

costumes e práticas portuguesas nas sociedades então ditas conquistadas, ao mesmo tempo em

que ele possui grande potencial de canalização das angustias e da resistência dos colonizados. O

objetivo desse trabalho é analisar a manifestação do esporte na sociedade de Angola no século

XX, mostrando como este reproduz um forte meio de resistência à situação colonial.

“ ” (1820-1830)

Ana Paula da Conceição Nascimento

O abandono da interpretação de uma África essencializada se mostra importante não apenas

para a compreensão da dinâmica própria dessa região, como também para a análise da formação

de identidades em diversos contextos ao longo do Atlântico. Assim,a perspectiva que contempla

a multiplicidade colabora para um maior entendimento da atuação e inserção de homens e

mulheres oriundos daquelas regiões, notadamente em situação de cativeiro. Consonante com

essa interpretação, diferentes autores empreendem pesquisas cujo foco temático aborda os

africanos e suas variadas designações e regiões de procedência.

Por outro lado, os estudos frequentam em demasia os registros relativos aos personagens

identificados como procedentes da África Ocidental, com especial atenção aos denominados

“negros minas”. Mas, para além dos grupos situados na supracitada denominação, procuramos

contemplar no presente estudo a trajetória de homens e mulheres que mantinham diferentes

ligações com a região identificada como Benguela e seus arredores. Os cenários de análise são

as cidades do Rio de Janeiro e Benguela. Por meio do levantamento de testamentos, inventários,

registros de batismos e anúncios de jornais procuramos identificar e analisar as diferentes

estratégias sociais de homens e mulheres que experienciaram viagens entre esses dois portos.

Assim, enfocamos histórias de indivíduos que trafegaram pelas margens do oceano Atlântico,

em situação de cativeiro ou em condição de livres com o intuito analisar os vínculos entre essas

duas regiões. Para tal objetivo, as experiências sociais cotidianas são contempladas no sentido

de melhor compreender como os escravos “benguelas” ou a população livre oriunda daquela

região elaboravam estratégias e construíam laços de sociabilidade, no contexto do Rio de

Janeiro, em conexão com o porto de Benguela.

Palavras-chaves: Benguela – Comércio – Identidade

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104 Mesa 14 – O rural brasileiro: múltiplas abordagens

Sala 308 (bloco N) – 11:30 às 13:00

Coordenação: Pedro Cassiano

Quando narrar é resistir: o processo de modernização do sertão mineiro na voz de velhos

sertanejos.

Gustavo Ferreira Fialho (UFF)

O sertão de Minas Gerais foi, de certo modo, imortalizado na obra de Guimarães Rosa como um

lugar místico, de muitas belezas naturais e grandes contadores de “casos”. É ainda, nas palavras

de Rosa, um “entre-lugar”, onde as oposições se misturam e são possíveis; bem e o mal, homem

e natureza, amor e violência, tradicional e moderno muitas vezes se confundem, fazendo

enriquecer a experiência dos homens e mulheres. A partir dos anos 60, entretanto, a região

passou por um processo de modernização, comum ao meio rural brasileiro. Não só a produção

agrícola e suas relações foram modificadas, mas também o intercâmbio cultural cidade-campo

intensificou-se, devido principalmente à expansão do rádio e televisão.

Assim, o homem do sertão perdia suas referências tradicionais. Esta comunicação pretende

refletir sobre a narrativa e a construção da memória de velhos sertanejos mineiros, os contadores

de “casos”, diante das mudanças ocorridas no meio rural brasileiro na segunda metade do século

XX. É possível, através de suas narrativas, alcançar um aspecto mais total deste processo de

modernização, que passe pela subjetividade dos agentes históricos e pelo conflito entre as visões

de mundo sertaneja e moderna. Ligados à tradição, estes sertanejos encontram em suas estórias a

possibilidade de resistirem.

Extensão rural e o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) – 1974-1979

Pedro Cassiano Farias de Oliveira (UFF)

O presente trabalho visa, através de uma análise da bibliografia e de documentos originais,

buscar a relação entre a criação da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural

(EMBRATER) e o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) lançado pelo governo

ditatorial do general Ernesto Geisel (1974-1979). O principal objetivo do referido plano era

estabelecer bases sólidas na economia para um novo ciclo de crescimento semelhante ao

ocorrido no período do suposto “milagre econômico brasileiro” (1968-1973) e dar legitimidade

ao regime autoritário civil/empresarial/militar. O Plano tinha o objetivo de enfrentar as crises

externas – fim do acordo de Breton Woods e crise do Petróleo – e internas – endividamento

externo altíssimo e inflação descontrolada – que o país herdou do “milagre econômico”. Para

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105 tal, o II PND apostou numa “marcha forçada” desenvolvimentista que incluía diretrizes para

valorização das empresas nacionais, investimento em energia, transporte, ciência e tecnologia,

contenção da estatização em áreas produtivas e limitação da atuação das empresas estrangeiras.

No II PND o setor agropecuário coube um duplo e contraditório papel: aumentar a

produção de alimentos e de produtos exportáveis para equilibrar a balança de pagamentos do

país (NETO, 1997). É a partir dessa diretriz que ocorre a criação, em 1974, da EMBRATER

como meio de promover a difusão técnica e tecnológica tanto produtores de alimentos e de

produtos exportáveis.

A criação da EMBRATER obedecia aos moldes da Empresa de Pesquisa Agropecuária

(EMBRAPA) criada um ano antes. Resumidamente, a extensão rural no Brasil apresentava-se

como uma proposta dita educativa de introduzir técnicas e tecnologias para produtores rurais

não modernizados. Longe de propostas reformistas e mantendo a distância de debates sobre a

estrutura agrária desigual no país, o extensionismo desde a sua criação privilegiaria pequenos

produtores rurais, sobretudo proprietários, por estes poderem obter recursos através de crédito

rural para implantarem as técnicas e tecnologias transmitidas sem a necessidade de aumentarem

sua propriedade. A EMBRATER manteria o atendimento aos pequenos produtores, apesar da

vinculação do crédito rural com o extensionismo não ser tão inseparável como antes. Contudo, a

empresa ao consagrar o produtivismo como principal objetivo da extensão, secundarizou a

questão da assistência de cunho mais social para os pequenos produtores. Assim, cursos de

economia doméstica, instrução de como fazer fossas e outras ações assistencialistas ficaram

perderam funcionários e importância.

Em 1979 a mudança nos cálculos dos juros do crédito rural aumentaram

significativamente os custos dos empréstimos eliminando o subsídio repassado aos produtores

rurais através de juros negativos. Assim, o crédito para investimentos que custeava a compra de

insumos agrícolas e maquinaria, estava escasso inclusive para àqueles que detinham maior

capital, os médios e grandes produtores e quase nulo para os pequenos. Isso dificultaria a ação

extensionista junto à pequenos produtores sendo um duro golpe e condenando a decadência do

extensionismo no meio rural na década de 80.

De qualquer forma, a ousadia na proposta do plano talvez tenha sido o seu “calcanhar de

Aquiles”, pois a concretização de todas as metas e diretrizes, já no final dos anos 70, foi

reformulada pelo Ministro do Planejamento – e mentor do II PND – João Paulo dos Reis

Velloso e pelo Ministro da Fazenda, Mario Henrique Simonsen. É nesse momento que vemos

que a EMBRATER que detinha um papel principal dar sinais de estagnação, pois não conseguia

dar prosseguimento nos objetivos de longo prazo.

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106 O Cangaço na pena do Velho Graça

Gabriela de Oliveira Nery Costa (UNIFESP)

Este trabalho é parte do desenvolvimento do projeto de mestrado “Sob papel e tinta: as classes

populares nos escritos de Graciliano Ramos durante o Estado Novo (1937-1945)”, desenvolvido

com financiamento da FAPESP.

Graciliano Ramos foi reconhecido como um grande escritor ainda em vida e a importância de

sua obra se refletiu, gradativamente, na produção de uma extensa bibliografia sobre seus

trabalhos - especialmente no campo da Crítica e Teoria Literária. Se este movimento é evidente,

e com foco principalmente em sua produção romanesca, o mesmo ainda não se dá no campo da

História e em escritos considerados, por vezes, periféricos: sua produção de crônicas, artigos e

cartas.

Esta proposta de comunicação tem como foco lidar com a produção do autor publicada na

imprensa durante o Estado Novo. Na busca por compreender Graciliano Ramos mediante as

contradições de seu tempo, vivenciando tensões e experiências que certamente se refletiram em

sua obra e em sua forma de ver o mundo, pretende-se tomar aqui as formas como o Velho Graça

colocava sob suas lentes e sob sua pena o Cangaço nordestino. Na tentativa de analisar as mais

diversas facetas deste movimento, Ramos caminha atento a aspectos importantes como as

relações de opressão as quais os sertanejos eram submetidos, a escassez e a insegurança

estrutural que rondavam as classes populares do sertão nordestino e os extensos domínios do

coronelismo, percepções estas que serão analisadas aqui a partir de artigos e crônicas produzidos

pelo autor.

Mesa 15 – Memória, bens culturais e artes em discussão

Sala 312 (bloco N) – 11:30 às 13:00

Coordenação: Adriana de Jesus

O IPHAN e os bens culturais de natureza imaterial: a busca por uma origem cultural

nacional (2000-2012)

Adriana Rodrigues de Jesus (UNIFESP)

Com base nas diretrizes estabelecidas pelas leis federais e pela prática de reconhecimento do

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN - que determinam o que é

patrimônio imaterial no Brasil, a pesquisa objetiva a reflexão sobre o que o Instituto legitima

como cultura nacional sob a perspectiva da categoria cultura intangível. Para tal, serão

analisados pedidos de registro que tiveram sua solicitação indeferida e\ou modificada pelo órgão

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107 na década de atuação desta política no país (2000 – 2012). A análise destas propostas abre a

possibilidade de compreensão sobre a concepção de identidades defendida pelo IPHAN; a

determinação do que seria cultura tradicional e popular; sua associação ao discurso de defesa da

diversidade cultural; as definições de “origem” e “cultura nacional” com um discurso

historicamente construído.

Os casos apontam, ao menos preliminarmente, o quanto a política de patrimônio imaterial está

alinhada não só ao repertório discursivo da UNESCO, mas também à trajetória dessa questão no

plano nacional. Assim, as razões para os seus indeferimentos apontam para um possível

conjunto de elementos que norteiam as avaliações do IPHAN no tocante à patrimonialização de

bens de natureza intangível. As práticas do órgão, bem como as fontes documentais analisadas,

sugerem que a questão da patrimonialização compõem um conjunto não homogêneo de

interesses e entendimentos, evidenciando na ação do reconhecimento e registro, avanços,

limites, disputas e (in)definições.

Lina Bo Bardi: arquiteta sobre o manto da memória

Luiza Batista Amaral (PUC-RIO)

A arquiteta italiana Lina Bo Bardi chega ao Brasil em 1946 trazendo a crença no poder

transformador da arquitetura. O olhar de Bo Bardi para arquitetura encontra o de Walter

Benjamin para a história, ambas feitas de rastros, de simplicidade de pequenos pontos de

experiência. A “arquitetura pobre” se transforma em “história pobre”, não no sentido denotativo

da palavra, mas na possibilidade de se fazer história através de narrativas, pequenas gotas de

vivência que lentamente caem sobre o concreto duro, e aos poucos vão cobrindo a arquitetura

com o manto da experiência.

A valorização da vivência e da narrativa oferecida nos projetos de Bo Bardi vão de encontro ao

movimento artístico contemporâneo brasileiro, profundamente marcado pela valorização do

sensorial. A arquitetura de Lina Bo Bardi se faz como os Bichos de Lygia Clark, um objeto

inicialmente incógnito que ganha vida através do tocar, do sentir do público, e aos poucos no

encontro do subjetivo com a estrutura, esta vai se tornando obra. Diante da dimensão relacional

proposta pela arquiteta em suas edificações, é possível afirmar que estas quebram com uma

cronologia histórica fundada em passado presente e futuro, valorizando o tempo da narrativa e

da experiência, assim tomando o tempo agora (Jetztzeit) como única possibilidade de se

perceber a história, feita pelos fragmentos e pelos rastros de Benjamin.

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108 Retratos do Brasil: Fotografia Pública nos arquivos do IBGE

Marcus Vinicius de Oliveira da Silva (UFF)

A presente comunicação irá abordar a Fotografia Pública no Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE). Com uma reflexão da prática fotográfica e composição da imagem técnica,

elementos usados também para pensar o conceito norteador da exposição, a abordagem dará

destaque para a Coleção dos Trabalhos Geográficos de Campo, elencando duas expedições para

exemplificar as questões levantadas inicialmente e mostrar, a partir delas, as contribuições do

projeto de pesquisa, que está inserido, para os pesquisadores da área e as instituições portadoras

desses acervos.

Conseguirei? Paulo Menten e o Campo das Artes em meados da Década de 1960 em São

Paulo: Táticas de Inserção

Priscilla Perrud Silva (UEL)

De acordo com as proposições conceituais de Michel de Certeau, entendemos que o artista

visual paulistano Paulo Menten (1927-2011) se utilizou de táticas a fim de alcançar sua

principal estratégia, que era a de expor suas obras na Bienal de São Paulo, esta que visava

acima de tudo, sua inserção definitiva no campo das artes no período de meados da década de

1960, quando decidiu enfim deixar seu trabalho como bancário e seguir em definitivo a carreira

artística. Enquanto um artista com a carreira em ascensão, Paulo Menten havia se proposto a ser

aceito nesta exposição em específico por conta de sua importância para meio artístico nacional e

internacional. Pois ele acreditava que, expondo nesse evento, consumaria sua inserção neste

campo e consolidaria seu reconhecimento enquanto artista, lugar social que almejava. Por meio

da laboração e efetivação de tais táticas, o artista alcançou enfim sua estratégia quando

participou de duas Exposições Bienais Internacionais de São Paulo: a IX Bienal de São Paulo

em 1967 e a X Bienal de São Paulo em 1969. Nossa interpretação deste movimento se baseia na

discussão da trajetória, tanto pessoal como profissional do artista, por meio do uso de

documentos de caráter pessoal, aliada à problematização da atuação individual mediante a um

determinado grupo, pensando-se nos movimentos de produção da arte, buscando neste

questionamento uma zona de intersecção entre as dimensões históricas, sociais, e culturais do

meio artístico.

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109 Mesa 16 – Literatura e escrita da História

Sala 314 (bloco N) – 11:30 às 13:00

Coordenação: Vanessa Ferreira

Gonçalves de Magalhães e Santiago Nunes Ribeiro: visões sobre a história da literatura

brasileira

Thais Ferreira Pilotto (UERJ)

Neste trabalho busco analisar duas correntes de interpretação da história da literatura

brasileira na primeira metade do século XIX. A primeira empreendida por Domingo José

Gonçalves de Magalhães com a publicação do Ensaio sobre a história da literatura do Brasil na

revista romântica Nitheroy no ano de 1836 e a segunda iniciada alguns anos depois por Santiago

Nunes Ribeiro, com a publicação do artigo Da nacionalidade da literatura brasileira na revista

romântica Minerva Brasiliense, no ano de 1843. Temos assim, duas linhas de interpretação

sobre a história da literatura brasileira, que revelam concepções de literatura, história e história

da literatura, uma na qual Magalhães afirma que a literatura brasileira só surge, de fato, a partir

da emancipação política e outra sustentada por Santiago que defendera a existência de uma

literatura que podia ser chamada de brasileira desde a colônia, na medida em que este

considerava a literatura a expressão de um povo, de suas condições físicas e sociais.

Sendo assim, minha proposta neste trabalho será traçar uma comparação entre esses dois

discursos, assim como apresentar as influências que os mesmos sofreram e a importância de

ambos no movimento romântico. A escolha desses dois letrados justifica-se pela influência que

tinham em suas redes intelectuais e pelos seus esforços em construir uma história para a

incipiente literatura brasileira e com isto contribuir para a construção de um sentimento

nacional.

Conflito político em quadrinhos: o embate entre catolicismo e comunismo na obra Tintim

no País dos Sovietes

Morgana O. Rocha da Silva (UFRRJ)

O quadrinho Tintim no País dos Sovietes foi lançado na Bélgica, no período entre guerras, mais

exatamente em 1929. Como muitas histórias em quadrinhos, o personagem surgiu nas páginas

de um jornal, no caso, um periódico católico, dirigido pelo padre Norbert Wallez. A obra deu

inícios às aventuras de Tintim, personagem que tomou proporção mundial.

O que se nota na leitura do quadrinhos (que após publicados no jornal, foram reunidos em um

único livro) é um discurso de constante desvalorização da experiência soviética. Neste

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110 exemplar, Tintim viaja como um repórter do próprio jornal o qual seu autor publica os

quadrinhos, o Le Petit Vingtème, com a companhia de seu cachorro, que na tradução para o

português chama-se Milu.

Ao longo do quadrinhos, Tintim sofre diversos atentados por parte do governo soviético e

apresenta a URSS com uma visão extremamente negativa. Além da violência, são constantes as

representações de carestia, associadas às ações do governo soviético. O quadrinhos poderia ser

visto como uma crítica ao modo como se deu a implementação do comunismo na URSS, se não

houvesse como impulso para o discurso de desqualificação uma corrente política católica belga.

O personagem foi criado com a influência do padre Wallez, que sugeriu que Tintim fosse um

modelo de jovem católico, aconselhando o autor que o personagem tivesse como primeira

aventura a URSS. Portanto, além de uma crítica específica ao regime soviético, o quadrinhos

carrega consigo o conflito entre uma corrente política relacionada ao catolicismo e o

comunismo.

Mesa 17 – Produções literárias: um diálogo com a História

Sala 316 (bloco N) – 11:30 às 13:00

Coordenação: Daniel da Silva

“D oi inventado o Feuilleton-Roman, e do sucesso de Alexandre Dumas (1836-

1850)”.

José Roberto Silvestre Saiol (UERJ)

O século XIX francês acompanhou a conformação do chamado Movimento Romântico,

profundamente marcado pela influência das duas grandes revoluções do século XVIII: a

Revolução Industrial e a Revolução Francesa. Acompanhou também a difusão do Romance

enquanto gênero literário plenamente consolidado. Este trabalho pretende discutir a emergência

do Romance-Folhetim – e, sobretudo, o Romance-Folhetim histórico – na França, bem como

realizar algumas considerações acerca de sua relação com a ficção e com o processo de

“democratização da imprensa”. Apresenta ainda um pouco da trajetória de sucesso de Alexandre

Dumas (1802-1870) – a quem se atribui o mérito de conceder ao gênero folhetinesco sua “forma

definitiva” – a partir da categoria de “escritor rentável”.

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111 A teoria do riso em Stendhal: as diferentes percepções do humor.

Daniel Eveling da Silva (UFJF)

O texto “Diário Literário”, que compõem a edição portuguesa de “Do Riso: um ensaio

filosófico sobre um tema difícil,” de Stendhal problematiza, pela visão do autor, algumas

percepções de como a comicidade poderia ser percebida na França do período oitocentista e no

período anterior. Ao analisar a linguagem usada e as metáforas empregadas, por Stendhal, posso

notar alguns pontos de vista para a composição de uma “estrutura do riso” que podem ser

separadas em diferentes percepções do cômico, e sua apresentação cultural e social. Tais

divisões poderiam ser: o gracejo; o bom tom; as conveniências; as alegrias. Dessa forma,

pretendo estabelecer alguns apontamentos de como a teoria do riso, em Stendhal, pode ser

percebida no período e sua recuperação, pode ser percebida com aspectos semelhantes com a

história cultural do humor. Visto percebo que Stendhal estabeleceu uma historicidade sobre as

questões relativas ao humor e ao riso, bem como concepções filosóficas que permeiam o tema.

A literatura como arma no processo de libertação da África: o caso de Chinua Achebe.

Giovanni Garcia Mannarino (UFF)

Este trabalho tem como objetivo analisar a utilização da literatura como mecanismo de embate

cultural e resistência no processo de libertação da África a partir de meados do século XX. Farei

um estudo de caso sobre o projeto literário e a obra do autor nigeriano Chinua Achebe. Seus

romances, que tomam a história da Nigéria como cenário desde o início do colonialismo até a

independência, contribuem não só para a construção de identidades e da nacionalidade, mas

também para combater as imagens negativas sobre a África e os africanos que circulavam pelos

romances europeus sobre o continente.

Mesa 18 – Diálogos no mundo contemporâneo

Sala 205 (bloco N) – 11:30 às 13:00

Coordenação: Guidyon Lima

Presidencialismo de Coalizão: As alianças possíveis no início da suposta homogeneização

do Estado Nacional

José Marcio Figueira Junior (Universidade do Grande Rio)

O pensamento histórico que utiliza como instrumento o termo “presidencialismo de coalizão”,

de Sergio Abranches, possui em caráter principal a discussão contemporânea sobre os fios

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112 condutores entre a sociedade e os representantes escolhidos pela mesma dentro da atual

democracia brasileira. Ao buscar certas características no passado, são perceptíveis as

transformações no formato do presidencialismo, as alianças que nascem e morrem em seu

interior, e as consequências das movimentações entre seus agentes. Ao observar certo período

pós-golpe civil-militar, em 1964, a análise histórica revela que, apesar de parecer um efeito de

homogeneidade por conta da centralização do Estado Nacional nas mãos dos militares, é de

extrema verossimilidade a existência de grupos heterogêneos e da existência de laços políticos

entre eles, tanto dentro quanto fora da administração do Regime, o que leva a uma reflexão

acerca do espaço que mora entre os representantes e representados dentro da atual democracia.

Portanto, pensar historicamente e ligar pontos entre esses fenômenos e os atuais, principalmente

em meio ao aparecimento das ideias sobre reformas na política brasileira, é de grande

importância para que vários fundamentos possam ser rediscutidos, inclusive o criado por Sergio,

pensando sobre a diminuição do espaço entre a sociedade e seus representantes.

Ódio na rede: homofobia e extrema-direita do tempo presente, perspectivas a partir da

análise do stromfront.org.

Luiz Paulo de Araújo Magalhães (UFRRJ)

Falar de extrema direita é falar de um campo político-ideológico amplo e diverso em suas

manifestações. É possível afirmar que quando tratamos do campo, tratamos com projetos de

mundo que são, entre outras coisas, excludentes, geralmente baseados em nacionalismos

racistas e defensores de formas autoritárias e /ou totalitárias de governo (HAINSWORTH,

2008:8 ; EATWEL e MUDDE 2004:6,10; IGNAZI 2003:6). Neste trabalho pretendo lançar

perspectivas sobre se e como a homofobia se relaciona a tais projetos e em que medida.

A internet tem sido espaço privilegiado para a divulgação de material, propaganda e

organização do campo em questão (EATWELL, 2004). As fontes utilizadas aqui são textos

publicados no sítio stromfront.org, submetidos à análise qualitativa

No caso identificamos que as manifestações de discursos homofóbicos derivam de

compreensões da homossexualidade como um corporamento legitimado e produzido no espaço

público por aquilo que nas fontes é chamado de “agenda gay” supostamente controlada por

judeus e/ou como uma ameça para a construção do nacionalismo branco e da manutenção de

valores morais tradicionais.

A análise permite sugerir que a homofobia não é mais um tema marginal para o campo em

questão e revela que a atenção dispensada a ela é tão considerável quanto temas mais

tradicionais, como o racismo e totalitarismo. Contudo, esta constatação deriva do caso estudado

e merece ser considerada provisória até que um número maior de casos possam ser estudados.

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113 Sob o olhar da Nação: Os concursos de beleza como objeto historiográfico.

Filipe Oliveira da Silva (UFF)

Meyre Valle Teixeira (UFF)

Este artigo tem por finalidade propor algumas possibilidades analíticas para os concursos de

beleza no Brasil. Para dado objetivo, toma-se como investigação peculiar os concorridos

eventos do "Miss Brasil" que elegem a representação feminina da Nação. Explorando esta

seleção estética, segmentamos os fios que tecem este texto em três momentos bem definidos: em

primeiro lugar, estabelecemos uma crítica textual à abordagem historiográfica diante deste

objeto específico. Em seguida, traçamos, em sentido amplo, a historicidade dos concursos de

beleza neste país. Cientes disso, projetamos, por fim, horizontes de discussão historiográfica que

enfatiza a pluralidade de fontes, temas e abordagens para a investigação de tal competição.

Fora do Eixo: perspectivas de diálogo nas experiências de produção cultural, ativismo e

redes

Guidyon Augusto Almeida Lima (UFMG)

O objetivo desta comunicação é expor uma análise da estrutura das linhas de diálogo, instituídas

pela rede de coletivos e instituições culturais Fora do Eixo, nos âmbitos de produção cultural,

ativismo social (incluindo análise superficial do midiativismo), e a articulação em redes.

Tomando como aporte teórico principal a obra “Novos Bárbaros – A Aventura Política do Fora

do Eixo”, do cientista social Rodrigo Savazoni, onde utilizaremos dados disponíveis em meios

digitais para explicitar o processo de parcerias e correlações com o cenário sociocultural, ao

qual a rede prezou e se articulou ao longo de seu processo de construção e consolidação (2005 –

2013). Buscaremos apontar como o Fora do Eixo instituiu um diálogo com os mais diversos

movimentos do cenário sociocultural, através de suas próprias perspectivas de produção,

ativismo e ideologia. Em fase final da análise, seguiremos depurando os processos de

articulação da Rede com seus parceiros, e expondo os resultados destes para uma composição de

nova perspectiva de cultura, ativismo em rede e movimentos sociais.

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114 Mesa 19 – Instituições políticas e comerciais no Brasil República

Sala 210 (bloco N) – 11:30 às 13:00

Coordenação: Luan Siqueira

Mercadão de Madureira: Comércio de animais e tradição

Danilo Monteiro Firmino (UERJ – FFP)

O presente trabalho tem como objetivo ser complemento do projeto “A pulsão romântica em

transe. Um estudo comparativo da religiosidade afro brasileira na Alemanha e em Portugal”,

desenvolvido pela Prof. Dra. Joana Bahia (professora associada da UERJ/Faculdade de

Formação de Professores, doutora em Antropologia Social pelo Museu

Nacional/PPGAS/UFRJ). Uma das propostas do projeto principal era dar continuidade ao estudo

no Brasil, com a análise das redes sociais tanto no plano familiar e pessoal, no que tange às

conexões religiosas formadas pelos atores sociais em trânsito na Alemanha, Brasil e Portugal.

Tal pesquisa analisa sua história comercial, a influência inicial dos imigrantes portugueses e a

gradual importância que as religiões afro-brasileiros adquirem no Mercadão. Na primeira etapa,

foi realizado trabalho de campo e entrevistas com dois comerciantes de artigos religiosos, uma

pessoa responsável pelo marketing e publicidade do referido mercado e oito pessoas no setor

das ervas e flores. Nessa nova etapa, entrevistamos os comerciantes de animais, para

compreender a importância do comércio de animais para definição de parte importante da

identidade do referido mercado, essa pautada em aspectos das religiões de matrizes africanas.

Em um primeiro momento foi possível concluir que o sacrifício dos animais servem não apenas

de alimento para os próprios orixás, tornando-se o ponto alto do contato entre a divindade e o

adepto, mas também para um dos aspectos definidores desse comércio. Ervas e animais são

considerados os artigos centrais definidores da ideia de fluxo e troca de energia que circulam

entre orixás e pessoas e também usados pelos seus comerciantes como elementos simbólicos na

construção e manutenção de uma ideia de tradição do mercado.

Palavras-chave: Mercadão de Madureira, religião, comércio de animais, tradição

Movimentação militar no atlântico Sul: A Marinha do Brasil, os acordos diplomáticos e a

revitalização dos meios navais brasileiros (1941-1945)

Andre Luiz Melo Tinoco Nogueira (UNIRIO)

O presente texto tem como objetivo abordar sobre a movimentação beligerante no Atlântico Sul,

os acordos firmados, bem como abordar a participação da Marinha do Brasil, suas condições

estruturais e logísticas referentes as condições bélicas e de seus meios navais, antes e durante a

declaração de beligerância entre Brasil e países do Eixo e as ações que se desenvolveram no

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115 contexto da II GM, precisamente no que diz respeito à missões realizadas no decorrer da

Campanha do Atlântico. A aliança com os Estados Unidos por meio de acordos, permitiu o

aperfeiçoamento e avanço brasileiro em melhorias navais, e preparar nossa frota naval para as

ações no Atlântico. Alianças se deram por acordos que consistiam em uma assistência

econômica, financeira e militar, e vendas de armas, como pelo Lend and Lease, suprindo as

demandas na questão de armamentos e suprimentos, como pelo adestramento e recursos obtidos,

o qual gerou aumento do nosso efetivo bélico naval e ofereceu suporte na capacitação dos

jovens marinheiros sem experiência na guerra submarina. A documentação refere-se aos

registros e ofícios organizados pelo Estado Maior da Armada e encontrados no Arquivo da

Marinha–DPHDM/RJ), com informações para análise das operações navais brasileiras,

principalmente na missão dos comboios de navios que faziam a escolta de navios mercantes e

patrulhamento das linhas marítimas de logística entre os portos aliados.

“Maçonaria, política e sociedade em fins do Império e início da Primeira República: a

L j V ”

Luan Mendes de Medeiros Siqueira (UFRRJ)

O presente trabalho está voltado para a análise das relações entre a Maçonaria (sociedade secreta

que teve presença marcante na independência do país, em 1822, e na proclamação da República,

em 1889), a sociedade e a política brasileira no período assinalado. É importante assinalar, a

bibliografia pertinente, em geral, vem sublinhando as ligações entre importantes lideranças

políticas do país, como José Bonifácio, D. Pedro I, José Maria da Silva Paranhos (o Visconde do

Rio Branco) e a maçonaria. Compreender o papel desempenhado por esta instituição em

diferentes contextos, os temas que mobilizaram a sociedade secreta e o perfil de seus membros

são objetivos desse projeto. Para viabilizar esse estudo, tomamos como fonte os livros de atas,

de presença e de movimentação financeira da Loja capitular Visconde do Rio Branco. A partir

desses documentos, visa-se analisar os temas, discussões políticas e sociais abordados entre os

membros da maçonaria e como essa instituição se posicionou em diferentes momentos no

cenário brasileiro do período a ser estudado. Através dessas atas é possível acompanhar as

reuniões, a frequencia dos participantes, as contribuições financeiras, locais de moradia,

propostas de construção de obras, cooperações e os seus respectivos “pseudônios” adotados

dentro da loja maçônica. A pesquisa prevê ainda a utilização do método prosopográfico, com o

objetivo de traçar, através de um estudo biográfico coletivo, o perfil dos membros da maçonaria.