Semana 54 - A História de Jesus Segundo Lucas - 1 · 1Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do...

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Semana 54 - A História de Jesus Segundo Lucas - 1 Texto: Lucas 4 a 13 Estação 29 Lucas 4 Versículos 1 a 44 1Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto, 2onde, durante quarenta dias, foi tentado pelo Diabo. Não comeu nada durante esses dias e, ao fim deles, teve fome. 3O Diabo lhe disse: "Se és o Filho de Deus, manda esta pedra transformar-se em pão". 4Jesus respondeu: "Está escrito: 'Nem só de pão viverá o homem'". 5O Diabo o levou a um lugar alto e mostrou-lhe num relance todos os reinos do mundo. 6E lhe disse: "Eu te darei toda a autoridade sobre eles e todo o seu esplendor, porque me foram dados e posso dá-los a quem eu quiser. 7Então, se me adorares, tudo será teu". 8Jesus respondeu: "Está escrito: 'Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto'". 9O Diabo o levou a Jerusalém, colocou-o na parte mais alta do templo e lhe disse: "Se és o Filho de Deus, joga-te daqui para baixo. 10Pois está escrito: " 'Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, para o guardarem; 11com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra'". 12Jesus respondeu: "Dito está: 'Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus'". 13Tendo terminado todas essas tentações, o Diabo o deixou até ocasião oportuna. 14Jesus voltou para a Galileia no poder do Espírito, e por toda aquela região se espalhou a sua fama. 15Ensinava nas sinagogas, e todos o elogiavam. 16Ele foi a Nazaré, onde havia sido criado e no dia de sábado entrou na sinagoga, como era seu costume. E levantou-se para ler. 17Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías. Abriu-o e encontrou o lugar onde está escrito: 18"O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas-novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos 19e proclamar o ano da graça do Senhor". 20Então ele fechou o livro, devolveu-o ao assistente e assentou-se. Na sinagoga todos tinham os olhos fitos nele; 21e ele começou a dizer-lhes: "Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir". 22Todos falavam bem dele e estavam admirados com as palavras de graça que saíam de seus lábios. Mas perguntavam: "Não é este o filho de José?" 23Jesus lhes disse: "É claro que vocês me citarão este provérbio: 'Médico, cura-te a ti mesmo! Faze aqui em tua terra o que ouvimos que fizeste em Cafarnaum' ". 24Continuou ele: "Digo a verdade: Nenhum profeta é aceito em sua terra. 25Asseguro a vocês que havia muitas viúvas em Israel no tempo de Elias, quando o céu foi fechado por três anos e meio e houve uma grande fome em toda a terra.

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Semana 54 - A História de Jesus Segundo Lucas - 1

Texto: Lucas 4 a 13

Estação 29

Lucas 4

Versículos 1 a 44

1Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto, 2onde, durante quarenta dias, foi tentado pelo Diabo. Não comeu nada durante esses dias e, ao fim deles, teve fome. 3O Diabo lhe disse: "Se és o Filho de Deus, manda esta pedra transformar-se em pão". 4Jesus respondeu: "Está escrito: 'Nem só de pão viverá o homem'". 5O Diabo o levou a um lugar alto e mostrou-lhe num relance todos os reinos do mundo. 6E lhe disse: "Eu te darei toda a autoridade sobre eles e todo o seu esplendor, porque me foram dados e posso dá-los a quem eu quiser. 7Então, se me adorares, tudo será teu". 8Jesus respondeu: "Está escrito: 'Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto'". 9O Diabo o levou a Jerusalém, colocou-o na parte mais alta do templo e lhe disse: "Se és o Filho de Deus, joga-te daqui para baixo. 10Pois está escrito: " 'Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, para o guardarem; 11com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra'". 12Jesus respondeu: "Dito está: 'Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus'". 13Tendo terminado todas essas tentações, o Diabo o deixou até ocasião oportuna. 14Jesus voltou para a Galileia no poder do Espírito, e por toda aquela região se espalhou a sua fama. 15Ensinava nas sinagogas, e todos o elogiavam. 16Ele foi a Nazaré, onde havia sido criado e no dia de sábado entrou na sinagoga, como era seu costume. E levantou-se para ler. 17Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías. Abriu-o e encontrou o lugar onde está escrito: 18"O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas-novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos 19e proclamar o ano da graça do Senhor". 20Então ele fechou o livro, devolveu-o ao assistente e assentou-se. Na sinagoga todos tinham os olhos fitos nele; 21e ele começou a dizer-lhes: "Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir". 22Todos falavam bem dele e estavam admirados com as palavras de graça que saíam de seus lábios. Mas perguntavam: "Não é este o filho de José?" 23Jesus lhes disse: "É claro que vocês me citarão este provérbio: 'Médico, cura-te a ti mesmo! Faze aqui em tua terra o que ouvimos que fizeste em Cafarnaum' ". 24Continuou ele: "Digo a verdade: Nenhum profeta é aceito em sua terra. 25Asseguro a vocês que havia muitas viúvas em Israel no tempo de Elias, quando o céu foi fechado por três anos e meio e houve uma grande fome em toda a terra.

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26Contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, senão a uma viúva de Sarepta, na região de Sidom. 27Também havia muitos leprosos em Israel no tempo de Eliseu, o profeta; todavia, nenhum deles foi purificado - somente Naamã, o sírio". 28Todos os que estavam na sinagoga ficaram furiosos quando ouviram isso. 29Levantaram-se, expulsaram-no da cidade e o levaram até o topo da colina sobre a qual fora construída a cidade, a fim de atirá-lo precipício abaixo. 30Mas Jesus passou por entre eles e retirou-se. 31Então ele desceu a Cafarnaum, cidade da Galileia, e, no sábado, começou a ensinar o povo. 32Todos ficavam maravilhados com o seu ensino, porque falava com autoridade. 33Na sinagoga havia um homem possesso de um demônio, de um espírito imundo. Ele gritou com toda a força: 34"Ah!, que queres conosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos destruir? Sei quem tu és: o Santo de Deus!" 35Jesus o repreendeu, e disse: "Cale-se e saia dele!" Então o demônio jogou o homem no chão diante de todos e saiu dele sem o ferir. 36Todos ficaram admirados e diziam uns aos outros: "Que palavra é esta? Até aos espíritos imundos ele dá ordens com autoridade e poder, e eles saem!" 37E a sua fama se espalhava por toda a região circunvizinha. 38Jesus saiu da sinagoga e foi à casa de Simão. A sogra de Simão estava com febre alta, e pediram a Jesus que fizesse algo por ela. 39Estando ele em pé junto dela, inclinou-se e repreendeu a febre, que a deixou. Ela se levantou imediatamente e passou a servi-los. 40Ao pôr do sol, o povo trouxe a Jesus todos os que tinham vários tipos de doenças; e ele os curou, impondo as mãos sobre cada um deles. 41Além disso, de muitas pessoas saíam demônios gritando: "Tu és o Filho de Deus!" Ele, porém, os repreendia e não permitia que falassem, porque sabiam que ele era o Cristo. 42Ao romper do dia, Jesus foi para um lugar solitário. As multidões o procuravam e, quando chegaram até onde ele estava, insistiram que não as deixasse. 43Mas ele disse: "É necessário que eu pregue as boas-novas do Reino de Deus noutras cidades também, porque para isso fui enviado". 44E continuava pregando nas sinagogas da Judeia. Os versículos 1 a 13 nos apresentam a tentação de Jesus por Satanás, logo após o Seu batismo e a Sua unção com o Espírito Santo e logo antes do início de Seu ministério. Quando pensamos na tentação de Jesus, normalmente lembramos apenas das 3 investidas de Satanás narradas neste texto, mas, se atentarmos para o versículo 2, vemos que a tentação se deu ao longo de 40 dias e que essas 3 são apenas as últimas tentativas do Diabo de subjulgá-lO. Cabem aqui algumas considerações, visto que Tiago 1.13 nos informa que Deus não pode ser tentado por Satanás. Não obstante Jesus ser Deus, Ele é tentado assim mesmo, o que certamente parece incoerente. A única explicação plausível para isso é dada por Paulo em Filipenses 2.6-8. Ali somos informados a respeito do “esvaziamento”

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de Jesus, que abriu mão de Seus poderes divinos. Nesta condição de “Deus desativado” foi dado a Satanás o direito de tentá-lO. É importante, contudo, que a condição de “Deus desativado” não implica no fato de Jesus deixar de ser Deus, mas apenas no fato de que Sua condição de Deus não estava em uso. A importância disso é muito grande, porque resolve um problema cristológico que está há 2.000 anos sem definição. Adão morreu primeiro espiritualmente (no dia em que comeu do fruto proibido) e fisicamente só quase 1.000 anos depois. Dessas duas mortes, sem dúvida, a mais danosa e mais importante foi a espiritual. Quando falamos da morte substitutiva de Jesus, é óbvio que Jesus teria que ter morrido ambas as mortes para ser um substituto perfeito, mas a ideia de Jesus Deus, morrer espiritualmente e ir para o inferno é rejeitada por quase todos, mas concede ao fato de Jesus tomar sobre Si os nossos pecados fazendo-Se pecado por nós (IICoríntios 5.21) um status de meia verdade, bastante embaraçoso. O fato de Jesus Deus estar “desativado” permite, aqui, que Jesus morra espiritualmente como homem, sem que Jesus Deus seja atingido, tanto que Seu espírito divino é devolvido ao Pai antes de Jesus homem morrer fisicamente. É importante notar que a primeira tentação de Satanás não é no sentido de que Jesus peque, porque não haveria pecado algum no fato de Jesus transformar pedra em pão para satisfazer a sua fome. Por outro lado, ao usar Seu poder divino em benefício próprio, Jesus Deus estaria sendo reativado e a Sua morte substitutiva ficaria inviabilizada. Satanás é bem mais esperto do que por vezes pensamos. Maiores informações sobre o tema cristológico apresentado acima são fornecidas em /50/. Nos versículos 14 a 30 Lucas descreve o início do ministério de Jesus Cristo na Galileia, comentando que Ele operava pelo poder do Espírito Santo, com a Sua fama se espalhando por toda aquela região e com todos encantados com Seus milagres e ensinos até chegar a Nazaré. Em Nazaré, a cidade onde Ele crescera e onde todos O conheciam, a Sua fama havia despertado grande curiosidade, porque Ele nunca fizera ali tais coisas. Quando entrou na sinagoga no sábado, segundo o Seu costume, foi-Lhe franqueada a palavra e Ele escolheu como base para seu sermão o texto de Isaías 61.1-2a. Trata-se da descrição do início do ministério do Messias, com o Espírito Santo ungindo o Suas ações. A exemplo do que ocorrera em outros lugares, as pessoas ficaram muito admiradas pela autoridade com que falava, mas ao mesmo tempo se escandalizaram quando perceberam que Ele estava declarando ser Ele o Messias e que seria rejeitado por eles. Furiosos, resolveram levá-Lo para um local onde havia um precipício, de onde O jogariam.

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Ele Se deixou levar até lá, mas no momento de jogá-lO, simplesmente passou entre eles, porque não era chegada a Sua hora. Um livramento interessante do Espírito Santo. A terceira parte deste capítulo, que se estende do versículo 31 até o final, diz respeito à continuidade do ministério de Jesus, com sinais e prodígios em Cafarnaum. Sua autoridade sobre os demônios, que O reconheciam como o Filho de Deus, e a forma como pregava e curava todos os doentes, fez com que a Sua fama se espalhasse rapidamente. Lucas 5

Versículos 1 a 39

1Certo dia Jesus estava perto do lago de Genesaré, e uma multidão o comprimia de todos os lados para ouvir a palavra de Deus. 2Viu à beira do lago dois barcos, deixados ali pelos pescadores, que estavam lavando as suas redes. 3Entrou num dos barcos, o que pertencia a Simão, e pediu-lhe que o afastasse um pouco da praia. Então sentou-se e do barco ensinava o povo. 4Tendo acabado de falar, disse a Simão: "Vá para onde as águas são mais fundas", e a todos: "Lancem as redes para a pesca". 5Simão respondeu: "Mestre, esforçamo-nos a noite inteira e não pegamos nada. Mas, porque és tu quem está dizendo isto, vou lançar as redes". 6Quando o fizeram, pegaram tal quantidade de peixes que as redes começaram a rasgar-se. 7Então fizeram sinais a seus companheiros no outro barco, para que viessem ajudá-los; e eles vieram e encheram ambos os barcos, ao ponto de começarem a afundar. 8Quando Simão Pedro viu isso, prostrou-se aos pés de Jesus e disse: "Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador!" Jesus disse a Simão: "Não tenha medo; de agora em diante você será pescador de homens". 9Pois ele e todos os seus companheiros estavam perplexos com a pesca que haviam feito, 10como também Tiago e João, os filhos de Zebedeu, sócios de Simão. 11Eles então arrastaram seus barcos para a praia, deixaram tudo e o seguiram. 12Estando Jesus numa das cidades, passou um homem coberto de lepra. Quando viu Jesus, prostrou-se com o rosto em terra e rogou-lhe: "Se quiseres, podes purificar-me". 13Jesus estendeu a mão e tocou nele, dizendo: "Quero. Seja purificado!" E imediatamente a lepra o deixou. 14Então Jesus lhe ordenou: "Não conte isso a ninguém; mas vá mostrar-se ao sacerdote e ofereça pela sua purificação os sacrifícios que Moisés ordenou, para que sirva de testemunho". 15Todavia, as notícias a respeito dele se espalhavam ainda mais, de forma que multidões vinham para ouvi-lo e para serem curadas de suas doenças. 16Mas Jesus retirava-se para lugares solitários e orava.

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17Certo dia, quando ele ensinava, estavam sentados ali fariseus e mestres da lei, procedentes de todos os povoados da Galileia, da Judeia e de Jerusalém. E o poder do Senhor estava com ele para curar os doentes. 18Vieram alguns homens trazendo um paralítico numa maca e tentaram fazê-lo entrar na casa, para colocá-lo diante de Jesus. 19Não conseguindo fazer isso, por causa da multidão, subiram ao terraço e o baixaram em sua maca, através de uma abertura, até o meio da multidão, bem em frente de Jesus. 20Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse: "Homem, os seus pecados estão perdoados". 21Os fariseus e os mestres da lei começaram a pensar: "Quem é esse que blasfema? Quem pode perdoar pecados, a não ser somente Deus?" 22Jesus, sabendo o que eles estavam pensando, perguntou: "Por que vocês estão pensando assim? 23Que é mais fácil dizer: 'Os seus pecados estão perdoados', ou: 'Levante-se e ande'? 24Mas para que vocês saibam que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados" - disse ao paralítico - "eu digo a você: Levante-se, pegue a sua maca e vá para casa". 25Imediatamente ele se levantou na frente deles, pegou a maca em que estivera deitado e foi para casa louvando a Deus. 26Todos ficaram atônitos e glorificavam a Deus e, cheios de temor, diziam: "Hoje vimos coisas extraordinárias!" 27Depois disso, Jesus saiu e viu um publicano chamado Levi, sentado na coletoria, e disse-lhe: "Siga-me". 28Levi levantou-se, deixou tudo e o seguiu. 29Então Levi ofereceu um grande banquete a Jesus em sua casa. Havia muita gente comendo com eles: publicanos e outras pessoas. 30Mas os fariseus e aqueles mestres da lei que eram da mesma facção queixaram-se aos discípulos de Jesus: "Por que vocês comem e bebem com publicanos e pecadores?" 31Jesus lhes respondeu: "Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. 32Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento". 33E eles lhe disseram: "Os discípulos de João jejuam e oram frequentemente, bem como os discípulos dos fariseus; mas os teus vivem comendo e bebendo". 34Jesus respondeu: "Podem vocês fazer os convidados do noivo jejuar enquanto o noivo está com eles? 35Mas virão dias quando o noivo lhes será tirado; naqueles dias jejuarão". 36Então lhes contou esta parábola: "Ninguém tira um remendo de roupa nova e o costura em roupa velha; se o fizer, estragará a roupa nova, além do que o remendo da nova não se ajustará à velha. 37E ninguém põe vinho novo em vasilha de couro velha; se o fizer, o vinho novo rebentará a vasilha, se derramará, e a vasilha se estragará. 38Ao contrário, vinho novo deve ser posto em vasilha de couro nova. 39E ninguém, depois de beber o vinho velho, prefere o novo, pois diz: 'O vinho velho é melhor!' " Este capítulo narra a continuidade do ministério de Jesus e a chamada dos primeiros discípulos. É muito interessante, por exemplo, a forma como Jesus Se aproxima de

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Simão Pedro, utilizando o seu barco como púlpito para falar à multidão (versículo 3), para depois mostrar a ele ser igualmente senhor da pesca (versículos 4 a 7). Na realidade o Seu sucesso foi tão surpreendente, que Pedro não pôde deixar de ver nEle o próprio Deus, cuja santidade fez ressaltar, para ele mesmo, os seus pecados. Neste momento Jesus usa de Sua graça e o convida para ser pescador de homens, convite ao qual atenderam, também, os irmãos Tiago e João, filhos de Zebedeu e sócios de Pedro (versículo 10). A forma como deixam os seus barcos (cheios de peixes) e seguem a Jesus, mostram o tipo de decisão que Deus espera de nós em relação à nossa escolha de segui-lO. Os versículos seguintes nos mostram a cura de um leproso em estado avançado da enfermidade e de muitos enfermos a seguir. O versículo 17 nos mostra a multidão se ajuntando para ouvir Jesus e vê-lO praticando curas, mas há uma nota que vale a pena ressaltar: E o poder do Senhor estava com Ele para curar os doentes. Embora Jesus fosse Deus, devemos lembrar que Sua parte divina estava “desativada”, pelo que todos os milagres realizados por Ele eram obra de Deus Pai, realizada através do Espírito Santo. Jesus mesmo confirma isso em João 14.10. O mesmo versículo 17 nos informa que a fama de Jesus chegara às autoridades religiosas, de modo que havia ali reunidos também vários fariseus e mestres da lei, que queriam saber a respeito de Jesus. Esta oportunidade surgiu quando um paralítico, que não pudera chegar perto do Mestre, é abaixado à Sua presença pelo telhado da casa onde estava falando. O fato de Jesus começar perdoando os seus pecados, ao invés de curá-lo, certamente foi uma provocação de Jesus às descrentes autoridades da lei, para que pudesse ensiná-los. Diante de sua indignação, Jesus, então, cura o paralítico, mostrando ter autoridade tanto para perdoar pecados como curar. No versículo 27 temos a chamada de Mateus (Levi), um coletor de impostos, que de igual modo larga tudo para seguir a Jesus. Ao trazer Jesus e Seus discípulos para uma refeição em sua casa, ele, um pecador segundo o critério da época, por ajudar os romanos, provoca, novamente, a indignação das autoridades religiosas. Estes questionam a falta de critério de Jesus, por aceitar se relacionar com um pecador como Mateus. É nesta ocasião que Jesus tem a oportunidade de declarar que veio chamar os pecadores e não os justos ao arrependimento (versículo 32). Derrotados em seu argumento, os fariseus e mestres engatilham rapidamente uma outra pergunta, qual seja: por que os discípulos de Jesus não jejuavam? A resposta de Jesus, sobre não o fazerem naquela ocasião porque Ele estava entre eles, veio acompanhada de uma explicação, baseada em dois exemplos, que não necessariamente foi compreendida por todos. O primeiro diz respeito a se evitar remendar roupas velhas com tecidos novos, porque o tecido novo fará romper o velho. O segundo, com a mesma mensagem, fala de colocar vinho novo em recipientes novos, pois do contrário o recipiente se rompe. Este segundo vem acompanhado de um comentário sobre o fato do vinho velho ser mais apreciado.

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Jesus está trazendo ensinamentos novos que, de certa forma, estão sendo ouvidos pelos Seus ouvintes dentro do âmbito do Judaísmo. O Judaísmo em apreço abrange o legalismo que os mestres da lei introduziram ao longo do tempo. É justamente este que Jesus assemelha a tecido velho (rompido) e a odres velhos. Por outro lado, Sua mensagem, sobre o plano salvador de Deus, se faz representar pelo tecido novo e pelo vinho novo. Fica claro aqui que a Sua mensagem não pode ser usada dentro dos conceitos do Judaísmo legalista, porque eles são incompatíveis. A Lei veio de Deus através de Moisés, mas o legalismo judaico veio do homens, corrompendo o espírito da Lei. Qualquer tentativa de interpretar os ensinos de Jesus dentro dos conceitos legalistas produz ruptura (assim como do tecido velho e como dos odres velhos). Além disso, os fariseus e mestres da Lei não estão interessados no vinho novo do Evangelho, porque acham que o vinho velho é melhor. Lucas 6

Versículos 1 a 49

1Certo sábado, enquanto Jesus passava pelas lavouras de cereal, seus discípulos começaram a colher e a debulhar espigas com as mãos, comendo os grãos. 2Alguns fariseus perguntaram: "Por que vocês estão fazendo o que não é permitido no sábado?" 3Jesus lhes respondeu: "Vocês nunca leram o que fez Davi quando ele e seus companheiros estavam com fome? 4Ele entrou na casa de Deus e, tomando os pães da Presença, comeu o que apenas aos sacerdotes era permitido comer e os deu também aos seus companheiros". 5E então lhes disse: "O Filho do homem é Senhor do sábado". 6Noutro sábado, ele entrou na sinagoga e começou a ensinar; estava ali um homem cuja mão direita era atrofiada. 7Os fariseus e os mestres da lei estavam procurando um motivo para acusar Jesus; por isso o observavam atentamente, para ver se ele iria curá-lo no sábado. 8Mas Jesus sabia o que eles estavam pensando e disse ao homem da mão atrofiada: "Levante-se e venha para o meio". Ele se levantou e foi. 9Jesus lhes disse: "Eu pergunto: O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar a vida ou destruí-la?" 10Então, olhou para todos os que estavam à sua volta e disse ao homem: "Estenda a mão". Ele a estendeu, e ela foi restaurada. 11Mas eles ficaram furiosos e começaram discutir entre si o que poderiam fazer contra Jesus. 12Num daqueles dias, Jesus saiu para o monte a fim de orar, e passou a noite orando a Deus. 13Ao amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze deles, a quem também designou apóstolos: 14Simão, a quem deu o nome de Pedro; seu irmão André; Tiago; João; Filipe; Bartolomeu; 15Mateus; Tomé; Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado zelote;

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16Judas, filho de Tiago; e Judas Iscariotes, que veio a ser o traidor. 17Jesus desceu com eles e parou num lugar plano. Estavam ali muitos dos seus discípulos e uma imensa multidão procedente de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e de Sidom, 18que vieram para ouvi-lo e serem curados de suas doenças. Os que eram perturbados por espíritos imundos ficaram curados, 19e todos procuravam tocar nele, porque dele saía poder que curava todos. 20Olhando para os seus discípulos, ele disse: "Bem-aventurados vocês os pobres, pois a vocês pertence o Reino de Deus. 21Bem-aventurados vocês que agora têm fome, pois serão satisfeitos. Bem-aventurados vocês que agora choram, pois haverão de rir. 22Bem-aventurados serão vocês quando os odiarem, expulsarem e insultarem, e eliminarem o nome de vocês, como sendo mau, por causa do Filho do homem. 23"Regozijem-se nesse dia e saltem de alegria, porque grande é a sua recompensa no céu. Pois assim os antepassados deles trataram os profetas. 24"Mas ai de vocês os ricos, pois já receberam sua consolação. 25Ai de vocês que agora têm fartura, porque passarão fome. Ai de vocês que agora riem, pois haverão de se lamentar e chorar. 26Ai de vocês quando todos falarem bem de vocês, pois assim os antepassados deles trataram os falsos profetas. 27"Mas eu digo a vocês que estão me ouvindo: Amem os seus inimigos, façam o bem aos que os odeiam, 28abençoem os que os amaldiçoam, orem por aqueles que os maltratam. 29Se alguém bater em você numa face, ofereça-lhe também a outra. Se alguém tirar de você a capa, não o impeça de tirar a túnica. 30Dê a todo aquele que pedir, e se alguém tirar o que pertence a você, não lhe exija que o devolva. 31Como vocês querem que os outros lhes façam, façam também vocês a eles. 32"Que mérito vocês terão se amarem aos que os amam? Até os pecadores amam aos que os amam. 33E que mérito terão se fizerem o bem àqueles que são bons para com vocês? Até os pecadores agem assim. 34E que mérito terão se emprestarem a pessoas de quem esperam devolução? Até os pecadores emprestam a pecadores, esperando receber devolução integral. 35Amem, porém, os seus inimigos, façam-lhes o bem e emprestem a eles, sem esperar receber nada de volta. Então, a recompensa que terão será grande e vocês serão filhos do Altíssimo, porque ele é bondoso para com os ingratos e maus. 36Sejam misericordiosos, assim como o Pai de vocês é misericordioso. 37"Não julguem e vocês não serão julgados. Não condenem e não serão condenados. Perdoem e serão perdoados. 38Deem e será dado a vocês: uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante será dada a vocês. Pois a medida que usarem também será usada para medir vocês". 39Jesus fez também a seguinte comparação: "Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois no buraco? 40O discípulo não está acima do seu mestre, mas todo aquele que for bem preparado será como o seu mestre.

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41"Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? 42Como você pode dizer ao seu irmão: 'Irmão, deixe-me tirar o cisco do seu olho', se você mesmo não consegue ver a viga que está em seu próprio olho? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão. 43"Nenhuma árvore boa dá fruto ruim, nenhuma árvore ruim dá fruto bom. 44Toda árvore é reconhecida por seus frutos. Ninguém colhe figos de espinheiros, nem uvas de ervas daninhas. 45O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca fala do que está cheio o coração. 46"Por que vocês me chamam 'Senhor, Senhor' e não fazem o que eu digo? 47Eu mostrarei com quem se compara aquele que vem a mim, ouve as minhas palavras e as pratica. 48É como um homem que, ao construir uma casa, cavou fundo e colocou os alicerces na rocha. Quando veio a inundação, a torrente deu contra aquela casa, mas não a conseguiu abalar, porque estava bem construída. 49Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as pratica é como um homem que construiu uma casa sobre o chão, sem alicerces. No momento em que a torrente deu contra aquela casa, ela caiu, e a sua destruição foi completa". Jesus enfrentou problemas com a hipocrisia da interpretação que os mestres e fariseus davam à lei de Deus. Este capítulo começa mais um evento em que essa hipocrisia estava em jogo. Os discípulos de Jesus estavam passando por um campo de plantação de milho e colheram, cada um, uma espiga, que descascaram e comeram. Obviamente pegar uma espiga para matar a fome e trabalhar colhendo espigas de milho são atos bem distintos, mas no legalismo judaico as autoridades viam as duas coisas como a mesma. Quando atacaram Jesus, em função da atitude de Seus discípulos, Jesus retrucou com outra pergunta, relativa a uma situação paralela, quando Davi tinha comido dos pães da proposição que recebera do Sumo Sacerdote Aquimeleque (ISamuel 21). Ele o fizera independente do fato de ser proibido, porque tratava-se apenas de matar a fome, com um pão que havia sido substituído naquele dia. Como eles não tiveram resposta a dar, Jesus Se limitou a dizer que o Filho do Homem era Senhor também do sábado (versículo 5). Em um sábado subsequente Jesus Se defrontou mais uma vez com o mesmo tipo de legalismo ao entrar numa sinagoga onde havia um homem com a mão aleijada. As autoridades queriam ver se Ele curaria no sábado, porque isso configuraria trabalho e, portanto, crime. Antes, contudo, que eles sequer pudessem acusá-lO, Jesus esclareceu, através de pergunta feita aos presentes, se o sábado era um dia dedicado a fazer o bem ou o mal. Ficou claro que a cura daquele homem tanto poderia como deveria ser feita ali no sábado, porque se tratava de um bem feito em seu favor (versículos 6 a 11).

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Os versículos 12 a 16 apresentam a lista completa dos discípulos escolhidos por Jesus, incluindo os 4 que já haviam sido indicados no capítulo anterior. É muito significativo que essa escolha tenha sido antecedida por um noite inteira de oração (versículo 12), pelo que devemos nos perguntar até que ponto nossas escolhas são precedidas por nossos pedidos de orientação divina. No restante deste capítulo, os versículos 17 a 49 apresentam a versão de Lucas do Sermão da Montanha. As pessoas vinham de toda a terra de Israel para ouvir o que Ele tinha para dizer, para serem curadas ou simplesmente para testemunhar os maravilhosos milagres que faziam parte do dia a dia de Jesus. Este sermão é mencionado por Mateus e por Lucas, sendo que Mateus apresenta 9 ou 10 bem-aventuranças (dependendo da tradução), enquanto Lucas se limita a 4. Isso não chega a surpreender, porque Mateus estava presente e Lucas não. Por outro lado, Lucas apresenta 4 mal-aventuranças correspondentes, que Mateus omite. Basicamente, podemos resumir o Sermão da Montanha dizendo que se trata de um conjunto de ensinos práticos segundo os quais Deus espera que os Seus filhos vivam. Os ensinos em apreço são claros e não exigem explicações, mas é interessante que Jesus os encerre dizendo que não basta ouvir o que Ele está dizendo e, sim, colocar em prática. Aquele que ouve e coloca em prática, Ele compara a um homem que constrói a sua casa sobre a rocha, pois em vindo a tempestade ela resiste. Por outro lado, aquele que ouve, mas não pratica, é similar àquele que construiu a sua casa sem fundação, pelo que esta certamente vai ruir quando vier a tempestade. Lucas 7

Versículos 1 a 50

1Tendo terminado de dizer tudo isso ao povo, Jesus entrou em Cafarnaum. 2Ali estava o servo de um centurião, doente e quase à morte, a quem seu senhor estimava muito. 3Ele ouviu falar de Jesus e enviou-lhe alguns líderes religiosos dos judeus, pedindo-lhe que fosse curar o seu servo. 4Chegando-se a Jesus, suplicaram-lhe com insistência: "Este homem merece que lhe faças isso, 5porque ama a nossa nação e construiu a nossa sinagoga". 6Jesus foi com eles. Já estava perto da casa quando o centurião mandou amigos dizerem a Jesus: "Senhor, não te incomodes, pois não mereço receber-te debaixo do meu teto. 7Por isso, nem me considerei digno de ir ao teu encontro. Mas dize uma palavra, e o meu servo será curado.

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8Pois eu também sou homem sujeito a autoridade e com soldados sob o meu comando. Digo a um: Vá, e ele vai; e a outro: Venha, e ele vem. Digo a meu servo: Faça isto, e ele faz". 9Ao ouvir isso, Jesus admirou-se dele e, voltando-se para a multidão que o seguia, disse: "Eu digo que nem em Israel encontrei tamanha fé". 10Então os homens que haviam sido enviados voltaram para casa e encontraram o servo restabelecido. 11Logo depois, Jesus foi a uma cidade chamada Naim, e com ele iam os seus discípulos e uma grande multidão. 12Ao se aproximar da porta da cidade, estava saindo o enterro do filho único de uma viúva; e uma grande multidão da cidade estava com ela. 13Ao vê-la, o Senhor se compadeceu dela e disse: "Não chore". 14Depois, aproximou-se e tocou no caixão, e os que o carregavam pararam. Jesus disse: "Jovem, eu digo, levante-se!" 15O jovem sentou-se e começou a conversar, e Jesus o entregou à sua mãe. 16Todos ficaram cheios de temor e louvavam a Deus. "Um grande profeta se levantou dentre nós", diziam eles. "Deus interveio em favor do seu povo." 17Essas notícias sobre Jesus espalharam-se por toda a Judeia e regiões circunvizinhas. 18Os discípulos de João contaram-lhe todas essas coisas. Chamando dois deles, 19enviou-os ao Senhor para perguntarem: "És tu aquele que haveria de vir ou devemos esperar algum outro?" 20Dirigindo-se a Jesus, aqueles homens disseram: "João Batista nos enviou para te perguntarmos: 'És tu aquele que haveria de vir ou devemos esperar algum outro?' " 21Naquele momento Jesus curou muitos que tinham males, doenças graves e espíritos malignos, e concedeu visão a muitos que eram cegos. 22Então ele respondeu aos mensageiros: "Voltem e anunciem a João o que vocês viram e ouviram: os cegos veem, os aleijados andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e as boas-novas são pregadas aos pobres; 23e feliz é aquele que não se escandaliza por minha causa". 24Depois que os mensageiros de João foram embora, Jesus começou a falar à multidão a respeito de João: "O que vocês foram ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? 25Ou, o que foram ver? Um homem vestido de roupas finas? Ora, os que vestem roupas esplêndidas e se entregam ao luxo estão nos palácios. 26Afinal, o que foram ver? Um profeta? Sim, eu digo a vocês, e mais que profeta. 27Este é aquele a respeito de quem está escrito: " 'Enviarei o meu mensageiro à tua frente; ele preparará o teu caminho diante de ti'. 28Eu digo que entre os que nasceram de mulher não há ninguém maior do que João; todavia, o menor no Reino de Deus é maior do que ele". 29Todo o povo, até os publicanos, ouvindo as palavras de Jesus, reconheceram que o caminho de Deus era justo, sendo batizados por João. 30Mas os fariseus e os peritos na lei rejeitaram o propósito de Deus para eles, não sendo batizados por João. 31"A que posso, pois, comparar os homens desta geração?", prosseguiu Jesus. "Com que se parecem?

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32São como crianças que ficam sentadas na praça e gritam umas às outras: " 'Nós tocamos flauta,mas vocês não dançaram; cantamos um lamento, mas vocês não choraram'. 33Pois veio João Batista, que jejua e não bebe vinho, e vocês dizem: 'Ele tem demônio'. 34Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e vocês dizem: 'Aí está um comilão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores'. 35Mas a sabedoria é comprovada por todos os seus discípulos." 36Convidado por um dos fariseus para jantar, Jesus foi à casa dele e reclinou-se à mesa. 37Ao saber que Jesus estava comendo na casa do fariseu, certa mulher daquela cidade, uma pecadora, trouxe um frasco de alabastro com perfume 38e se colocou atrás de Jesus, a seus pés. Chorando, começou a molhar-lhe os pés com suas lágrimas. Depois os enxugou com seus cabelos, beijou-os e os ungiu com o perfume. 39Ao ver isso, o fariseu que o havia convidado disse a si mesmo: "Se este homem fosse profeta, saberia quem nele está tocando e que tipo de mulher ela é: uma pecadora". 40Então lhe disse Jesus: "Simão, tenho algo a dizer a você". "Dize, Mestre", disse ele. 41"Dois homens deviam a certo credor. Um lhe devia quinhentos denários e o outro, cinquenta. 42Nenhum dos dois tinha com que lhe pagar, por isso perdoou a dívida a ambos. Qual deles o amará mais?" 43Simão respondeu: "Suponho que aquele a quem foi perdoada a dívida maior". "Você julgou bem", disse Jesus. 44Em seguida, virou-se para a mulher e disse a Simão: "Vê esta mulher? Entrei em sua casa, mas você não me deu água para lavar os pés; ela, porém, molhou os meus pés com suas lágrimas e os enxugou com seus cabelos. 45Você não me saudou com um beijo, mas esta mulher, desde que entrei aqui, não parou de beijar os meus pés. 46Você não ungiu a minha cabeça com óleo, mas ela derramou perfume nos meus pés. 47Portanto, eu digo, os muitos pecados dela lhe foram perdoados; pois ela amou muito. Mas aquele a quem pouco foi perdoado, pouco ama". 48Então Jesus disse a ela: "Seus pecados estão perdoados". 49Os outros convidados começaram a perguntar: "Quem é este que até perdoa pecados?" 50Jesus disse à mulher: "Sua fé a salvou; vá em paz". O primeiro versículo deste capítulo deixa claro que o Sermão da Montanha foi pronunciado às portas de Cafarnaum, pelo que, terminada a pregação, Jesus entrou na cidade, onde foi procurado por alguns religiosos que pediam em favor de um centurião romano, cujo servo estava enfermo. De acordo com a narração de Lucas, este centurião era muito benevolente para com o povo judeu, tanto que construiu para eles a sinagoga da cidade. Por isso mesmo os religiosos insistiam com Jesus para que fosse à sua casa. Quando já estavam quase chegando, o centurião mandou um dos seus amigos dizer a Jesus que ele não era digno que Ele entrasse em sua casa. Seu poder, contudo, era

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tamanho que bastava uma palavra dEle para que o servo fosse curado. Ele falou ainda que entendia de autoridade, pelo fato de ser centurião e estar sob autoridade, bem como porque tinha 100 soldados sob seu comando. Por isso mesmo sabia que uma palavra pronunciada por alguém como Jesus, que tinha autoridade sobre as enfermidades, era suficiente. Jesus admirou-se muito pelo fato do centurião ter tamanha fé, de modo que o atendeu prontamente, sarando o seu servo, fato esse confirmado por seus amigos quando chegaram de volta à casa do centurião (versículo 11). Saindo Jesus de Cafarnaum, dirigiu-Se para uma cidade próxima de Nazaré chamada Naim (ver figura 2).

Figura 2 - Cidade de Naim, próxima a Nazaré, na região da Galileia Quando lá chegava, havia um cortejo fúnebre deixando a cidade, com uma viúva chorando a perda de seu único filho. Jesus imediatamente sentiu compaixão pela viúva, a quem pediu para que não chorasse, enquanto pedia ao jovem morto que se levantasse. Esta foi a primeira ressurreição realizada por Jesus que as escrituras registram, sendo também o Seu milagre mais espetacular realizado até então, de modo que a Sua fama chegou até a Judeia, onde João Batista tomou conhecimento da mesma e mandou dois de seus discípulos procurá-lO para perguntar se Ele era o que havia de vir ou se outro ainda viria (versículo 19). Certamente a pergunta de João nos surpreende, porque a essa altura João mesmo já dera testemunho a Seu respeito, dizendo ser Ele o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Como agora ele poderia ter dúvida?

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João, a essa altura, estava na prisão e talvez esperasse que Jesus o fosse livrar, ou talvez a prolongada prisão tenha tido um efeito negativo sobre a sua fé. Seja como for, Jesus não respondeu à sua pergunta, mas mostrou sinais que certamente convenceriam João de Quem Ele realmente era (versículos 21 a 23). Nos versículos 24 a 35 Jesus falou à multidão sobre João Batista e os seus ensinamentos a respeito dEle. Dentre as coisas que falou, chama a nossa atenção o versículo 28, onde Jesus declara que: “entre os que nasceram de mulher não há ninguém maior do que João; todavia, o menor no Reino de Deus é maior do que ele". Não temos dificuldade de entender que João Batista seja tão bem avaliado entre os que nasceram de mulher, mas ficamos sem entender porque ele seria o último do reino dos céus. Devemos nos lembrar que João pertence ainda ao regime da Lei e o seu batismo é um batismo de arrependimento dentro deste regime. Dentre os religiosos deste regime, João está recebendo de Jesus a primazia, porque realmente se trata de uma pessoa notável. Infelizmente, contudo, ele não alcançou o regime da graça, onde todos recebem o poder do Espírito Santo de uma forma que ele não conheceu. Todos os que assim receberam o Espírito, são tratados por Jesus, como superiores a ele, não por uma questão de mérito, mas porque o Espírito faz toda a diferença. Os versículos finais de 36 a 50 narram a refeição para a qual Jesus foi convidado na casa de um fariseu chamado Simão, onde surgiu uma prostituta para lavar os Seus pés com suas lágrimas, enxugá-los com seus cabelos, beijá-los e ungi-los com perfume. Ao constatar aquilo, Simão imediatamente fez mal juízo de Jesus, achando que Ele, se profeta fosse, não Se deixaria tocar por aquela mulher pecadora. É nesta situação que Jesus propõe a Simão a pergunta que leva ao ensino sobre a verdadeira gratidão e a associação da mesma com o perdão recebido. Desta forma Ele chama a atenção para a gratidão da mulher pelo fato de seus muitos pecados terem sido perdoados. O capítulo se encerra maravilhosamente, com Jesus dizendo à mulher para ir em paz, porque sua fé a salvara! Lucas 8

Versículos 1 a 56

1Depois disso Jesus ia passando pelas cidades e povoados proclamando as boas-novas do Reino de Deus. Os Doze estavam com ele, 2e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e doenças: Maria, chamada Madalena, de quem haviam saído sete demônios; 3Joana, mulher de Cuza, administrador da casa de Herodes; Susana e muitas outras. Essas mulheres ajudavam a sustentá-los com os seus bens. 4Reunindo-se uma grande multidão e vindo a Jesus gente de várias cidades, ele contou esta parábola:

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5"O semeador saiu a semear. Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do caminho; foi pisada, e as aves do céu a comeram. 6Parte dela caiu sobre pedras e, quando germinou, as plantas secaram, porque não havia umidade. 7Outra parte caiu entre espinhos, que cresceram com ela e sufocaram as plantas. 8Outra ainda caiu em boa terra. Cresceu e deu boa colheita, a cem por um". Tendo dito isso, exclamou: "Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!" 9Seus discípulos perguntaram-lhe o que significava aquela parábola. 10Ele disse: "A vocês foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino de Deus, mas aos outros falo por parábolas, para que " 'vendo, não vejam; e ouvindo, não entendam'. 11"Este é o significado da parábola: A semente é a palavra de Deus. 12As que caíram à beira do caminho são os que ouvem, e então vem o Diabo e tira a palavra do seu coração, para que não creiam e não sejam salvos. 13As que caíram sobre as pedras são os que recebem a palavra com alegria quando a ouvem, mas não têm raiz. Creem durante algum tempo, mas desistem na hora da provação. 14As que caíram entre espinhos são os que ouvem, mas, ao seguirem seu caminho, são sufocados pelas preocupações, pelas riquezas e pelos prazeres desta vida, e não amadurecem. 15Mas as que caíram em boa terra são os que, com coração bom e generoso, ouvem a palavra, a retêm e dão fruto, com perseverança. 16"Ninguém acende uma candeia e a esconde num jarro ou a coloca debaixo de uma cama. Ao contrário, coloca-a num lugar apropriado, de modo que os que entram possam ver a luz. 17Porque não há nada oculto que não venha a ser revelado e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz. 18Portanto, considerem atentamente como vocês estão ouvindo. A quem tiver, mais lhe será dado; de quem não tiver, até o que pensa que tem lhe será tirado". 19A mãe e os irmãos de Jesus foram vê-lo, mas não conseguiam aproximar-se dele, por causa da multidão. 20Alguém lhe disse: "Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem ver-te". 21Ele lhe respondeu: "Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam". 22Certo dia Jesus disse aos seus discípulos: "Vamos para o outro lado do lago". Eles entraram num barco e partiram. 23Enquanto navegavam, ele adormeceu. Abateu-se sobre o lago um forte vendaval, de modo que o barco estava sendo inundado, e eles corriam grande perigo. 24Os discípulos foram acordá-lo, clamando: "Mestre, Mestre, vamos morrer!" 25Ele se levantou e repreendeu o vento e a violência das águas; tudo se acalmou e ficou tranquilo. "Onde está a sua fé?", perguntou ele aos seus discípulos. Amedrontados e admirados, eles perguntaram uns aos outros: "Quem é este que até aos ventos e às águas dá ordens, e eles lhe obedecem?" 26Navegaram para a região dos gerasenos, que fica do outro lado do lago, frente à Galileia.

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27Quando Jesus pisou em terra, foi ao encontro dele um endemoninhado daquela cidade. Fazia muito tempo que aquele homem não usava roupas, nem vivia em casa alguma, mas nos sepulcros. 28Quando viu Jesus, gritou, prostrou-se aos seus pés e disse em alta voz: "Que queres comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te que não me atormentes!" 29Pois Jesus havia ordenado que o espírito imundo saísse daquele homem. Muitas vezes ele tinha se apoderado dele. Mesmo com os pés e as mãos acorrentados e entregue aos cuidados de guardas, quebrava as correntes e era levado pelo demônio a lugares solitários. 30Jesus lhe perguntou: "Qual é o seu nome?" "Legião", respondeu ele; porque muitos demônios haviam entrado nele. 31E imploravam-lhe que não os mandasse para o Abismo. 32Uma grande manada de porcos estava pastando naquela colina. Os demônios imploraram a Jesus que lhes permitisse entrar neles, e Jesus lhes deu permissão. 33Saindo do homem, os demônios entraram nos porcos, e toda a manada atirou-se precipício abaixo em direção ao lago e se afogou. 34Vendo o que acontecera, os que cuidavam dos porcos fugiram e contaram esses fatos na cidade e nos campos, 35e o povo foi ver o que havia acontecido. Quando se aproximaram de Jesus, viram que o homem de quem haviam saído os demônios estava assentado aos pés de Jesus, vestido e em perfeito juízo, e ficaram com medo. 36Os que o tinham visto contaram ao povo como o endemoninhado fora curado. 37Então, todo o povo da região dos gerasenos suplicou a Jesus que se retirasse, porque estavam dominados pelo medo. Ele entrou no barco e regressou. 38O homem de quem haviam saído os demônios suplicava-lhe que o deixasse ir com ele; mas Jesus o mandou embora, dizendo: 39"Volte para casa e conte o quanto Deus fez a você". Assim, o homem se foi e anunciou na cidade inteira o quanto Jesus tinha feito por ele. 40Quando Jesus voltou, uma multidão o recebeu com alegria, pois todos o esperavam. 41Então um homem chamado Jairo, dirigente da sinagoga, veio e prostrou-se aos pés de Jesus, implorando-lhe que fosse à sua casa 42porque sua única filha, de cerca de doze anos, estava à morte. Estando Jesus a caminho, a multidão o comprimia. 43E estava ali certa mulher que havia doze anos vinha sofrendo de hemorragia e gastara tudo o que tinha com os médicos; mas ninguém pudera curá-la. 44Ela chegou por trás dele, tocou na borda de seu manto, e imediatamente cessou sua hemorragia. 45"Quem tocou em mim?", perguntou Jesus. Como todos negassem, Pedro disse: "Mestre, a multidão se aglomera e te comprime". 46Mas Jesus disse: "Alguém tocou em mim; eu sei que de mim saiu poder". 47Então a mulher, vendo que não conseguiria passar despercebida, veio tremendo e prostrou-se aos seus pés. Na presença de todo o povo contou por que tinha tocado nele e como fora instantaneamente curada. 48Então ele lhe disse: "Filha, a sua fé a curou! Vá em paz". 49Enquanto Jesus ainda estava falando, chegou alguém da casa de Jairo, o dirigente da sinagoga, e disse: "Sua filha morreu. Não incomode mais o Mestre".

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50Ouvindo isso, Jesus disse a Jairo: "Não tenha medo; tão somente creia, e ela será curada". 51Quando chegou à casa de Jairo, não deixou ninguém entrar com ele, exceto Pedro, João, Tiago e o pai e a mãe da criança. 52Enquanto isso, todo o povo estava se lamentando e chorando por ela. "Não chorem", disse Jesus. "Ela não está morta, mas dorme." 53Todos começaram a rir dele, pois sabiam que ela estava morta. 54Mas ele a tomou pela mão e disse: "Menina, levante-se!" 55O espírito dela voltou, e ela se levantou imediatamente. Então Jesus lhes ordenou que dessem de comer a ela. 56Os pais dela ficaram maravilhados, mas ele lhes ordenou que não contassem a ninguém o que tinha acontecido. Este capítulo começa com uma breve citação das pessoas que acompanhavam Jesus em Seu ministério, para logo depois apresentar a parábola do semeador e a explicação de Jesus da mesma (versículos 5 a 18). Não obstante a explicação de Jesus, ainda há autores que conseguem confundir a interpretação desta parábola. A semente é a Palavra de Deus, enquanto o semeador é aquele que a prega. Os diferentes tipos de terrenos são pessoas que a recebem diferentemente, começando por aqueles que não a recebem, passando por aqueles que a recebem a princípio e logo abandonam, aqueles que a recebem bem, mas depois a deixam sufocar por outros interesses e finalmente aqueles que a recebem e permanecem. Estes últimos são os que produzem fruto. Ao final de Sua explicação, Jesus apresenta duas declarações adicionais, que são aplicáveis àqueles que recebem a Palavra. Estes a colocam num lugar visível, pelo que fica claro a todos que eles a receberam (versículo 16). O versículo 17 nos diz que a real posição das pessoas em relação à Palavra não ficará oculta, ou seja, ela será conhecida de todos com o passar do tempo. Aqueles que a receberam continuarão a ser enriquecidos pela mesma, enquanto aqueles que declaram tê-la recebido, mas que na realidade não a vivem, estes perderão até o que pensam que têm (versículo 18). Os versículos 19 a 21 nos informam que Maria e seus outros filhos queriam falar com Jesus, mas que não conseguiam se aproximar devido à multidão. Informado disso, Jesus deixou claro que Sua prioridade, naquele momento, era para aqueles que O ouviam. O texto a respeito de Jesus acalmando a tempestade, durante a travessia do Mar da Galildia, é apresentado nos versículos 22 a 25. Embora os discípulos se admirassem sobremaneira pelo fato dEle ser Senhor também da tempestade, devemos lembrar que tudo que Ele fazia era praticado pelo poder do Espírito Santo, motivo pelo qual Ele depois diria aos discípulos que eles mesmos poderiam fazer o mesmo (João 14.12). Os versículos 26 a 39 narram o episódio da expulsão dos demônios que ocupavam o corpo de um gadareno que veio ao encontro de Jesus tão logo este saltou do barco quando concluíram a travessia do Mar da Galileia. O texto é claro e dispensa esclarecimentos, mas é interessante ressaltar a forma como os demônios O conheciam e sabiam também que pela palavra de Jesus não mais poderiam permanecer ali. O fato

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de Jesus permitir que os demônios entrassem nos porcos mostra que Ele só conhecia o futuro que Lhe era revelado pelo Espírito Santo. Neste caso, Ele dificilmente o teria permitido, se conhecesse, antecipadamente, o prejuízo que causaria aos donos dos 2.000 porcos. Esse, certamente, foi um dos motivos pelos quais os gadarenos pediram que Ele Se retirasse. Já de volta do lado de Cafarnaum, Jesus foi bem recebido pela multidão, desejosa de ver mais milagres, mas ali se encontrava também Jairo, o líder da sinagoga, cuja filha estava à beira da morte, motivo pelo qual pediu a Jesus que o acompanhasse para casa para ali curá-la. Eles se puseram a caminho, mas Jesus andava com dificuldade devido à multidão que O comprimia. Em meio a essa multidão, aproximou-se dEle, para tocá-lO, uma mulher que gastara todo o seu dinheiro com médicos sem conseguir ser curada. Seu desejo foi realizado, mas Jesus não permitiu que ela permanecesse oculta e quis saber quem O havia tocado, porque Ele tinha mais para dar a ela que a simples cura. Jesus é assim, Ele tem tudo para nos dar, mas por vezes queremos apenas satisfazer o nosso desejo imediato. Nesse caso, Ele queria que ela voltasse redimida para casa e Seu objetivo foi alcançado. Claro que essa demora imprevista implicou naquilo que Jairo tanto quis evitar, qual seja, a morte de sua filha, mas Jesus pediu a ele um crédito de fé e isso era tudo que se fazia necessário. Pouco depois Jesus já realizava a Sua segunda ressurreição e o texto se encerra com Jairo e sua mulher maravilhados com a restauração de sua filha. Lucas 9

Versículos 1 a 62

1Reunindo os Doze, Jesus deu-lhes poder e autoridade para expulsar todos os demônios e curar doenças 2e os enviou a pregar o Reino de Deus e a curar os enfermos. 3E disse-lhes: "Não levem nada pelo caminho: nem bordão, nem saco de viagem, nem pão, nem dinheiro, nem túnica extra. 4Na casa em que vocês entrarem, fiquem ali até partirem. 5Se não os receberem, sacudam a poeira dos seus pés quando saírem daquela cidade, como testemunho contra eles". 6Então, eles saíram e foram pelos povoados, pregando o evangelho e fazendo curas por toda parte. 7Herodes, o tetrarca, ouviu falar de tudo o que estava acontecendo e ficou perplexo, porque algumas pessoas estavam dizendo que João tinha ressuscitado dos mortos; 8outros, que Elias tinha aparecido; e ainda outros, que um dos profetas do passado tinha voltado à vida.

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9Mas Herodes disse: "João, eu decapitei! Quem, pois, é este de quem ouço essas coisas?" E procurava vê-lo. 10Ao voltarem, os apóstolos relataram a Jesus o que tinham feito. Então ele os tomou, e retiraram-se para uma cidade chamada Betsaida; 11mas as multidões ficaram sabendo, e o seguiram. Ele as acolheu e falava-lhes acerca do Reino de Deus e curava os que precisavam de cura. 12Ao fim da tarde os Doze aproximaram-se dele e disseram: "Manda embora a multidão para que eles possam ir aos campos vizinhos e aos povoados, e encontrem comida e pousada, porque aqui estamos em lugar deserto". 13Ele, porém, respondeu: "Deem-lhes vocês algo para comer". Eles disseram: "Temos apenas cinco pães e dois peixes - a menos que compremos alimento para toda esta multidão". Mas ele disse aos seus discípulos: "Façam-nos sentar-se em grupos de cinquenta". 14(E estavam ali cerca de cinco mil homens.) 15Os discípulos assim fizeram, e todos se assentaram. 16Tomando os cinco pães e os dois peixes e, olhando para o céu, deu graças e os partiu. Em seguida, entregou-os aos discípulos para que os servissem ao povo. 17Todos comeram e ficaram satisfeitos, e os discípulos recolheram doze cestos cheios de pedaços que sobraram. 18Certa vez Jesus estava orando em particular, e com ele estavam os seus discípulos; então lhes perguntou: "Quem as multidões dizem que eu sou?" 19Eles responderam: "Alguns dizem que és João Batista; outros, Elias; e, ainda outros, que és um dos profetas do passado que ressuscitou". 20"E vocês, o que dizem?", perguntou. "Quem vocês dizem que eu sou?" Pedro respondeu: "O Cristo de Deus". 21Jesus os advertiu severamente que não contassem isso a ninguém. 22E disse: "É necessário que o Filho do homem sofra muitas coisas e seja rejeitado pelos líderes religiosos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da lei, seja morto e ressuscite no terceiro dia". 23Jesus dizia a todos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. 24Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa, este a salvará. 25Pois que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder-se ou destruir a si mesmo? 26Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, o Filho do homem se envergonhará dele quando vier em sua glória e na glória do Pai e dos santos anjos. 27Garanto a vocês que alguns que aqui se acham de modo nenhum experimentarão a morte antes de verem o Reino de Deus". 28Aproximadamente oito dias depois de dizer essas coisas, Jesus tomou a Pedro, João e Tiago e subiu a um monte para orar. 29Enquanto orava, a aparência de seu rosto se transformou, e suas roupas ficaram alvas e resplandecentes como o brilho de um relâmpago. 30Surgiram dois homens que começaram a conversar com Jesus. Eram Moisés e Elias. 31Apareceram em glorioso esplendor e falavam sobre a partida de Jesus, que estava para se cumprir em Jerusalém.

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32Pedro e os seus companheiros estavam dominados pelo sono; acordando subitamente, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele. 33Quando estes iam se retirando, Pedro disse a Jesus: "Mestre, é bom estarmos aqui. Façamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés e uma para Elias". (Ele não sabia o que estava dizendo.) 34Enquanto ele estava falando, uma nuvem apareceu e os envolveu, e eles ficaram com medo ao entrarem na nuvem. 35Dela saiu uma voz que dizia: "Este é o meu Filho, o Escolhido; ouçam-no!" 36Tendo-se ouvido a voz, Jesus ficou só. Os discípulos guardaram isto somente para si; naqueles dias, não contaram a ninguém o que tinham visto. 37No dia seguinte, quando desceram do monte, uma grande multidão veio ao encontro dele. 38Um homem da multidão bradou: "Mestre, rogo-te que dês atenção ao meu filho, pois é o único que tenho. 39Um espírito o domina; de repente ele grita, lança-o em convulsões e o faz espumar; quase nunca o abandona e o está destruindo. 40Roguei aos teus discípulos que o expulsassem, mas eles não conseguiram". 41Respondeu Jesus: "Ó geração incrédula e perversa, até quando estarei com vocês e terei que suportá-los? Traga-me aqui o seu filho". 42Quando o menino vinha vindo, o demônio o lançou por terra, em convulsão. Mas Jesus repreendeu o espírito imundo, curou o menino e o entregou de volta a seu pai. 43E todos ficaram atônitos ante a grandeza de Deus. Estando todos maravilhados com tudo o que Jesus fazia, ele disse aos seus discípulos: 44"Ouçam atentamente o que vou dizer: O Filho do homem será traído e entregue nas mãos dos homens". 45Mas eles não entendiam o que isso significava; era-lhes encoberto, para que não o entendessem. E tinham receio de perguntar-lhe a respeito dessa palavra. 46Começou uma discussão entre os discípulos acerca de qual deles seria o maior. 47Jesus, conhecendo os seus pensamentos, tomou uma criança e a colocou em pé, a seu lado. 48Então lhes disse: "Quem recebe esta criança em meu nome está me recebendo; e quem me recebe está recebendo aquele que me enviou. Pois aquele que entre vocês for o menor, este será o maior". 49Disse João: "Mestre, vimos um homem expulsando demônios em teu nome e procuramos impedi-lo, porque ele não era um dos nossos". 50"Não o impeçam", disse Jesus, "pois quem não é contra vocês, é a favor de vocês." 51Aproximando-se o tempo em que seria elevado aos céus, Jesus partiu resolutamente em direção a Jerusalém. 52E enviou mensageiros à sua frente. Indo estes, entraram num povoado samaritano para lhe fazer os preparativos; 53mas o povo dali não o recebeu porque se notava que ele se dirigia para Jerusalém. 54Ao verem isso, os discípulos Tiago e João perguntaram: "Senhor, queres que façamos cair fogo do céu para destruí-los?" 55Mas Jesus, voltando-se, os repreendeu, dizendo: "Vocês não sabem de que espécie de espírito vocês são, pois o Filho do homem não veio para destruir a vida dos homens, mas para salvá-los";

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56e foram para outro povoado. 57Quando andavam pelo caminho, um homem lhe disse: "Eu te seguirei por onde quer que fores". 58Jesus respondeu: "As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça". 59A outro disse: "Siga-me". Mas o homem respondeu: "Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai". 60Jesus lhe disse: "Deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos; você, porém, vá e proclame o Reino de Deus". 61Ainda outro disse: "Vou seguir-te, Senhor, mas deixa-me primeiro voltar e despedir-me da minha família". 62Jesus respondeu: "Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus". Os primeiros 10 versículos deste capítulo falam do primeiro treinamento prático que Jesus organizou para os Seus discípulos. Ele fez com que andassem pelas cidades, aos pares, pregando o Evangelho do Reino e curando os enfermos. Notícias disso se espalharam pela nação e chegaram até ao palácio de Herodes, que ficou confuso, querendo saber o que estava acontecendo. Os próprios discípulos ficaram encantados com o poder que lhes fora outorgado, mas quando retornaram e queriam contar tudo a Jesus, lá estava novamente a multidão sequiosa dos ensinos e das curas que Ele provia. O dia declinava, quando os discípulos alertaram Jesus para que despedisse a multidão porque precisavam se alimentar, mas Ele pediu aos discípulos que eles mesmos providenciassem refeição para toda a multidão (versículo 13). O desfecho dessa narração é que Jesus multiplicou a oferta de um único jovem (João 6.9), que abriu mão de seus cinco pães e dois peixes para alimentar mais de 5 mil homens, sem falar de mulheres e crianças. No versículo 20 Lucas registra o evento em que Pedro reconhece que Jesus é o Cristo, que seria enviado por Deus. Sabemos, contudo, através de Mateus 16.17, que isso provinha de Deus e não da perspicácia de Pedro. Na continuidade deste texto Jesus dá aos discípulos uma visão geral da abrangência de Sua missão na Terra e da salvação que dela resultaria, mas desta vez a compreensão dos discípulos já não é a mesma (ver versículo 45). No versículo 27 Jesus prevê que alguns discípulos O veriam sendo glorificado e isso efetivamente ocorreu poucos dias depois quando subiram a um monte para orar somente Jesus, acompanhado de Pedro, Tiago e João. Ele Se transfigurou diante deles, enquanto conversava com Moisés e Elias sobre os eventos pelos quais passaria. Quando desceram do monte, já havia uma multidão esperando por Ele devido a um pai, que trouxera seu filho epilético para que Jesus curasse o seu filho endemoniado. Não

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obstante os efeitos da enfermidade serem claramente os de uma epilepsia, a Bíblia deixa claro que a origem da enfermidade era satânica (versículo 42). Mais uma vez foram derrotados por Jesus tanto Satanás como a enfermidade do menino. No versículo 44 Jesus voltou a falar sobre o Seu sacrifício, mas não só os discípulos não entendiam, como ficamos sabendo que era essa a vontade do Pai. Certamente os discípulos teriam outro ânimo se soubessem, desde o princípio, que Jesus seria morto pelos religiosos judaicos. Na verdade eles estavam tão despreparados para isso, que sua discussão girava em torno de qual deles seria o maior no reino de Deus. Foi necessário, portanto, que Jesus os repreendesse através do exemplo de uma criança (versículo 48). Os versículos 49 a 55 trazem dois exemplos das atitudes dos discípulos, mostrando que mesmo após mais de 2 anos de ministério, eles ainda entendiam muito pouco sobre o papel salvador de Jesus. Nos versículos 57 a 62 Jesus mostra aos discípulos o quanto era necessário priorizar o Reino de Deus para poderem seguir a Ele. Lucas 10

Versículos 1 a 42

1Depois disso o Senhor designou outros setenta e dois e os enviou dois a dois, adiante dele, a todas as cidades e lugares para onde ele estava prestes a ir. 2E lhes disse: "A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Portanto, peçam ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para a sua colheita. 3Vão! Eu os estou enviando como cordeiros entre lobos. 4Não levem bolsa, nem saco de viagem, nem sandálias; e não saúdem ninguém pelo caminho. 5"Quando entrarem numa casa, digam primeiro: Paz a esta casa. 6Se houver ali um homem de paz, a paz de vocês repousará sobre ele; se não, ela voltará para vocês. 7Fiquem naquela casa e comam e bebam o que derem a vocês, pois o trabalhador merece o seu salário. Não fiquem mudando de casa em casa. 8"Quando entrarem numa cidade e forem bem recebidos, comam o que for posto diante de vocês. 9Curem os doentes que ali houver e digam-lhes: O Reino de Deus está próximo de vocês. 10Mas, quando entrarem numa cidade e não forem bem recebidos, saiam por suas ruas e digam: 11Até o pó da sua cidade, que se apegou aos nossos pés, sacudimos contra vocês. Fiquem certos disto: o Reino de Deus está próximo. 12Eu digo: Naquele dia, haverá mais tolerância para Sodoma do que para aquela cidade.

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13"Ai de você, Corazim! Ai de você, Betsaida! Porque se os milagres que foram realizados entre vocês o fossem em Tiro e Sidom, há muito tempo elas teriam se arrependido, vestindo roupas de saco e cobrindo-se de cinzas. 14Mas no juízo haverá menor rigor para Tiro e Sidom do que para vocês. 15E você, Cafarnaum: será elevada até ao céu? Não; você descerá até o Hades! 16"Aquele que dá ouvidos a vocês está me dando ouvidos; aquele que os rejeita está me rejeitando; mas aquele que me rejeita está rejeitando aquele que me enviou". 17Os setenta e dois voltaram alegres e disseram: "Senhor, até os demônios se submetem a nós, em teu nome". 18Ele respondeu: "Eu vi Satanás caindo do céu como relâmpago. 19Eu dei a vocês autoridade para pisarem sobre cobras e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo; nada lhes fará dano. 20Contudo, alegrem-se, não porque os espíritos se submetem a vocês, mas porque seus nomes estão escritos nos céus". 21Naquela hora, Jesus, exultando no Espírito Santo, disse: "Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e cultos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, pois assim foi do teu agrado. 22"Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém sabe quem é o Filho, a não ser o Pai; e ninguém sabe quem é o Pai, a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho o quiser revelar". 23Então ele se voltou para os seus discípulos e lhes disse em particular: "Felizes são os olhos que veem o que vocês veem. 24Pois eu digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vocês estão vendo, mas não viram; e ouvir o que vocês estão ouvindo, mas não ouviram". 25Certa ocasião, um perito na lei levantou-se para pôr Jesus à prova e lhe perguntou: "Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna?" 26"O que está escrito na Lei?", respondeu Jesus. "Como você a lê?" 27Ele respondeu: " 'Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento' e 'Ame o seu próximo como a si mesmo'". 28Disse Jesus: "Você respondeu corretamente. Faça isso e viverá". 29Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: "E quem é o meu próximo?" 30Em resposta, disse Jesus: "Um homem descia de Jerusalém para Jericó, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto. 31Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado. 32E assim também um levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado. 33Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, quando o viu, teve piedade dele. 34Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele. 35No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e lhe disse: 'Cuide dele. Quando eu voltar, pagarei todas as despesas que você tiver'. 36"Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?"

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37"Aquele que teve misericórdia dele", respondeu o perito na lei. Jesus lhe disse: "Vá e faça o mesmo". 38Caminhando Jesus e os seus discípulos, chegaram a um povoado onde certa mulher chamada Marta o recebeu em sua casa. 39Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo a sua palavra. 40Marta, porém, estava ocupada com muito serviço. E, aproximando-se dele, perguntou: "Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude!" 41Respondeu o Senhor: "Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; 42todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada". Os primeiros 24 versículos deste capítulo falam a respeito de um segundo treinamento prático ao qual Jesus sujeitou os Seus discípulos aos pares (os 12 e outros 60), para que pregassem o Evangelho do Reino, curassem os enfermos e expulsassem os demônios. É interessante a forma como Jesus Se alegra com os discípulos pelo sucesso de suas missões, mas Ele aproveitou para alertá-los, dizendo que maior recompensa é o fato de terem os seus nomes escritos no Livro da Vida. Nos versículos 25 a 37 Jesus foi confrontado por um perito da Lei sobre o que seria necessário para a salvação. Jesus lhe devolveu a sua pergunta, indagando o que a Lei tinha para dizer a respeito, ao que o mestre da Lei respondeu citando os primeiros dois mandamentos. Para não ficar com cara de bobo, por perguntar aquilo que já sabia, ele aproveitou para perguntar a Jesus quem era o seu próximo. Foi neste contexto que Jesus nos transmitiu o maravilhoso ensino sobre a associação do sentimento de misericórdia com a demonstração de amor ao próximo. Numa de suas visitas a seus amigos Lázaro, Marta e Maria, esta ficou embevecida ouvindo os ensinos que Ele transmitia aos homens, enquanto Marta ficou sozinha trabalhando para servi-los. Chateada por estar fazendo tudo sozinha, Marta pediu a Jesus que chamasse a atenção de Maria. Surpreendentemente, Jesus classificou as atividades das duas e considerou a escolha de Maria como superior ao serviço da casa. Obviamente não se trata de desmerecer o serviço caseiro, mas, sim, de ressaltar o fato de que há coisas mais importantes, que podem e devem ser priorizadas. Lucas 11

Versículos 1 a 54

1Certo dia Jesus estava orando em determinado lugar. Tendo terminado, um dos seus discípulos lhe disse: "Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou aos discípulos dele". 2Ele lhes disse: "Quando vocês orarem, digam: " Pai! Santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. 3Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano.

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4Perdoa-nos os nossos pecados, pois também perdoamos a todos os que nos devem. E não nos deixes cair em tentação". 5Então lhes disse: "Suponham que um de vocês tenha um amigo e que recorra a ele à meia-noite e diga: 'Amigo, empreste-me três pães, 6porque um amigo meu chegou de viagem, e não tenho nada para lhe oferecer'. 7"E o que estiver dentro responda: 'Não me incomode. A porta já está fechada, e eu e meus filhos já estamos deitados. Não posso me levantar e dar a você o que me pede'. 8Eu digo: Embora ele não se levante para dar-lhe o pão por ser seu amigo, por causa da importunação se levantará e lhe dará tudo o que precisar. 9"Por isso digo: Peçam, e será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta será aberta. 10Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e àquele que bate, a porta será aberta. 11"Qual pai, do meio de vocês, se o filho pedir um peixe, em lugar disso lhe dará uma cobra? 12Ou, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? 13Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai que está nos céus dará o Espírito Santo a quem o pedir!" 14Jesus estava expulsando um demônio que era mudo. Quando o demônio saiu, o mudo falou, e a multidão ficou admirada. 15Mas alguns deles disseram: "É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa demônios". 16Outros o punham à prova, pedindo-lhe um sinal do céu. 17Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: "Todo reino dividido contra si mesmo será arruinado, e uma casa dividida contra si mesma cairá. 18Se Satanás está dividido contra si mesmo, como o seu reino pode subsistir? Digo isso porque vocês estão dizendo que expulso demônios por Belzebu. 19Se eu expulso demônios por Belzebu, por quem os expulsam os filhos de vocês? Por isso, eles mesmos estarão como juízes sobre vocês. 20Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso demônios, então chegou a vocês o Reino de Deus. 21"Quando um homem forte, bem armado, guarda sua casa, seus bens estão seguros. 22Mas, quando alguém mais forte o ataca e o vence, tira-lhe a armadura em que confiava e divide os despojos. 23"Aquele que não está comigo é contra mim, e aquele que comigo não ajunta espalha. 24"Quando um espírito imundo sai de um homem, passa por lugares áridos procurando descanso e, não o encontrando, diz: 'Voltarei para a casa de onde saí'. 25Quando chega, encontra a casa varrida e em ordem. 26Então vai e traz outros sete espíritos piores do que ele, e entrando passam a viver ali. E o estado final daquele homem torna-se pior do que o primeiro". 27Enquanto Jesus dizia estas coisas, uma mulher da multidão exclamou: "Feliz é a mulher que te deu à luz e te amamentou". 28Ele respondeu: "Antes, felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e lhe obedecem". 29Aumentando a multidão, Jesus começou a dizer: "Esta é uma geração perversa. Ela pede um sinal milagroso, mas nenhum sinal lhe será dado, exceto o sinal de Jonas.

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30Pois, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, o Filho do homem também o será para esta geração. 31A rainha do Sul se levantará no juízo com os homens desta geração e os condenará, pois ela veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão e agora está aqui quem é maior do que Salomão. 32Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração e a condenarão; pois eles se arrependeram com a pregação de Jonas, e agora está aqui quem é maior do que Jonas. 33"Ninguém acende uma candeia e a coloca em lugar onde fique escondida ou debaixo de uma vasilha. Ao contrário, coloca-a no lugar apropriado, para que os que entram possam ver a luz. 34Os olhos são a candeia do corpo. Quando os seus olhos forem bons, igualmente todo o seu corpo estará cheio de luz. Mas, quando forem maus, igualmente o seu corpo estará cheio de trevas. 35Portanto, cuidado para que a luz que está em seu interior não sejam trevas. 36Logo, se todo o seu corpo estiver cheio de luz, e nenhuma parte dele estiver em trevas, estará completamente iluminado, como quando a luz de uma candeia brilha sobre você". 37Tendo terminado de falar, um fariseu o convidou para comer com ele. Então Jesus foi e reclinou-se à mesa; 38mas o fariseu, notando que Jesus não se lavara cerimonialmente antes da refeição, ficou surpreso. 39Então o Senhor lhe disse: "Vocês, fariseus, limpam o exterior do copo e do prato, mas interiormente estão cheios de ganância e de maldade. 40Insensatos! Quem fez o exterior não fez também o interior? 41Mas deem o que está dentro do prato como esmola e verão que tudo ficará limpo em vocês. 42"Ai de vocês, fariseus, porque dão a Deus o dízimo da hortelã, da arruda e de toda a sorte de hortaliças, mas desprezam a justiça e o amor de Deus! Vocês deviam praticar estas coisas, sem deixar de fazer aquelas. 43"Ai de vocês, fariseus, porque amam os lugares de honra nas sinagogas e as saudações em público! 44"Ai de vocês, porque são como túmulos que não são vistos, por sobre os quais os homens andam sem o saber!" 45Um dos peritos na lei lhe respondeu: "Mestre, quando dizes essas coisas, insultas também a nós". 46"Quanto a vocês, peritos na lei", disse Jesus, "ai de vocês também!, porque sobrecarregam os homens com fardos que dificilmente eles podem carregar, e vocês mesmos não levantam nem um dedo para ajudá-los. 47"Ai de vocês, porque edificam os túmulos dos profetas, sendo que foram os seus próprios antepassados que os mataram. 48Assim vocês dão testemunho de que aprovam o que os seus antepassados fizeram. Eles mataram os profetas, e vocês lhes edificam os túmulos. 49Por isso, Deus disse em sua sabedoria: 'Eu mandarei a vocês profetas e apóstolos, dos quais eles matarão alguns, e a outros perseguirão'. 50Pelo que, esta geração será considerada responsável pelo sangue de todos os profetas, derramado desde o princípio do mundo:

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51desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário. Sim, eu digo a vocês, esta geração será considerada responsável por tudo isso. 52"Ai de vocês, peritos na lei, porque se apoderaram da chave do conhecimento. Vocês mesmos não entraram e impediram os que estavam prestes a entrar!" 53Quando Jesus saiu dali, os fariseus e os mestres da lei começaram a opor-se fortemente a ele e a interrogá-lo com muitas perguntas, 54esperando apanhá-lo em algo que dissesse. Os primeiros 13 versículos deste capítulo lidam com o ensino de Jesus aos Seus discípulos sobre oração, incluindo a versão de Lucas da oração que conhecemos como o “Pai Nosso”. Há alguns pontos aqui que devem ser ressaltados, quais sejam: - O perdão de Deus exige que também perdoemos; - Nós, às vezes, damos só para nos livrarmos do pedinte incômodo, mas Deus dá porque nos ama; - Por isso mesmo, quem pede, recebe; quem busca, encontra; e quem bate, se lhe abre; - O contexto de querermos que Seu nome seja glorificado e que venha o Seu Reino é marcante para o sucesso dessa empreitada. Neste contexto o Espírito Santo pedindo através de nós, pelo fato de não sabermos como devemos pedir (Romanos 8.26) é vital. No versículo 14 Jesus expulsava um demônio de um homem mudo, que não falava porque o demônio era mudo. É interessante que restrições que parecem naturais possam ter origem satânica! No texto que se estende até o versículo 22 Jesus Se defende dos pensamentos daqueles que O acusavam de comandar os demônios pelo poder de Satanás. Ele deixa claro que se trata de um pensamento sem sentido, pois implicaria em Satanás ter uma casa dividida, pelo que seria derrotada por si mesma. Ele aproveita, contudo, para apresentar algumas informações sobre a forma de agir do inimigo. Findos esses ensinos, uma mulher presente declarou uma bem-aventurança para Maria, mas Jesus a retrucou dizendo que bem-aventurado é aquele que ouve as palavras de Deus e as coloca em prática. Com a cura supracitada, aumentou a multidão à volta de Jesus, pelo que Ele continuou ensinando ao povo sobre o sinal que alguns Lhe pediam que provesse para provar quem Ele era realmente. Ele disse que Ele seria o sinal para aquela geração incrédula da mesma forma como Jonas foi um sinal para os ninivitas. Assim, os ninivitas testemunhariam contra a Sua geração porque Ele era maior que Jonas (versículo 32). De igual forma a Rainha de Sabá, que veio ouvir Salomão, testemunharia contra aquela geração, por Ele, Jesus, ser maior que Salomão (versículo 31). Nos versículos 33 a 36 Jesus fala à multidão sobre a forma como eles olham para os Seus ensinos. Neste contexto, Ele diz que os olhos são a luz do corpo. Se essa luz for

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boa, então, o comportamento deles será bom. Se, contudo, eles denegrirem os Seus ensinos, então, todo o comportamento deles será nefasto. Mesmo tendo aceito um convite para almoçar na casa do fariseu que o convidara, Jesus percebeu as críticas não externadas do seu hospedeiro, que o reprovou mentalmente por não ter lavado as mãos segundo o cerimonial da legislação judaica. Em função disso, Ele começou a criticar a hipocrisia geral dos fariseus. Os mestres da lei, que estavam presentes, retrucaram dizendo que daquela forma Jesus também ofendia a eles. Jesus, contudo, não diminuiu as críticas e começou a falar também das hipocrisias deles. Não é sem razão que os fariseus e os mestres da lei se juntaram, nos versículos 53 e 54, para tentar pegá-lO em algo do que dissesse. Lucas 12

Versículos 1 a 59

1Nesse meio tempo, tendo-se juntado uma multidão de milhares de pessoas, ao ponto de atropelarem umas às outras, Jesus começou a falar primeiramente aos seus discípulos, dizendo: "Tenham cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. 2Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido. 3O que vocês disseram nas trevas será ouvido à luz do dia, e o que vocês sussurraram aos ouvidos dentro de casa, será proclamado dos telhados. 4"Eu digo a vocês, meus amigos: Não tenham medo dos que matam o corpo e depois nada mais podem fazer. 5Mas eu mostrarei a quem vocês devem temer: temam àquele que, depois de matar o corpo, tem poder para lançar no inferno. Sim, eu digo a vocês, a esse vocês devem temer. 6Não se vendem cinco pardais por duas moedinhas? Contudo, nenhum deles é esquecido por Deus. 7Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados. Não tenham medo; vocês valem mais do que muitos pardais! 8"Eu digo a vocês: Quem me confessar diante dos homens, também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus. 9Mas aquele que me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus. 10Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado. 11"Quando vocês forem levados às sinagogas e diante dos governantes e das autoridades, não se preocupem com a forma pela qual se defenderão, ou com o que dirão, 12pois naquela hora o Espírito Santo ensinará o que deverão dizer".

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13Alguém da multidão lhe disse: "Mestre, dize a meu irmão que divida a herança comigo". 14Respondeu Jesus: "Homem, quem me designou juiz ou árbitro entre vocês?" 15Então lhes disse: "Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens". 16Então lhes contou esta parábola: "A terra de certo homem rico produziu muito. 17Ele pensou consigo mesmo: 'O que vou fazer? Não tenho onde armazenar minha colheita'. 18"Então disse: 'Já sei o que vou fazer. Vou derrubar os meus celeiros e construir outros maiores, e ali guardarei toda a minha safra e todos os meus bens. 19E direi a mim mesmo: Você tem grande quantidade de bens, armazenados para muitos anos. Descanse, coma, beba e alegre-se'. 20"Contudo, Deus lhe disse: 'Insensato! Esta mesma noite a sua vida será exigida. Então, quem ficará com o que você preparou?' 21"Assim acontece com quem guarda para si riquezas, mas não é rico para com Deus". 22Dirigindo-se aos seus discípulos, Jesus acrescentou: "Portanto eu digo a vocês: Não se preocupem com sua própria vida, quanto ao que comer; nem com seu próprio corpo, quanto ao que vestir. 23A vida é mais importante do que a comida, e o corpo, mais do que as roupas. 24Observem os corvos: não semeiam nem colhem, não têm armazéns nem celeiros; contudo, Deus os alimenta. E vocês têm muito mais valor do que as aves! 25Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida? 26Visto que vocês não podem sequer fazer uma coisa tão pequena, por que se preocupar com o restante? 27"Observem como crescem os lírios. Eles não trabalham nem tecem. Contudo, eu digo a vocês que nem Salomão, em todo o seu esplendor, vestiu-se como um deles. 28Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, quanto mais vestirá vocês, homens de pequena fé! 29Não busquem ansiosamente o que comer ou beber; não se preocupem com isso. 30Pois o mundo pagão é que corre atrás dessas coisas; mas o Pai sabe que vocês precisam delas. 31Busquem, pois, o Reino de Deus, e essas coisas serão acrescentadas a vocês. 32"Não tenham medo, pequeno rebanho, pois foi do agrado do Pai dar o Reino a vocês. 33Vendam o que têm e deem esmolas. Façam para vocês bolsas que não se gastem com o tempo, um tesouro nos céus que não se acabe, onde ladrão algum chega perto e nenhuma traça destrói. 34Pois, onde estiver o seu tesouro, ali também estará o seu coração. 35"Estejam prontos para servir e conservem acesas as suas candeias, 36como aqueles que esperam seu senhor voltar de um banquete de casamento; para que, quando ele chegar e bater, possam abrir-lhe a porta imediatamente. 37Felizes os servos cujo senhor os encontrar vigiando, quando voltar. Eu afirmo que ele se vestirá para servir, fará que se reclinem à mesa, e virá servi-los. 38Mesmo que ele chegue de noite ou de madrugada, felizes os servos que o senhor encontrar preparados.

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39Entendam, porém, isto: se o dono da casa soubesse a que hora viria o ladrão, não permitiria que a sua casa fosse arrombada. 40Estejam também vocês preparados, porque o Filho do homem virá numa hora em que não o esperam". 41Pedro perguntou: "Senhor, estás contando esta parábola para nós ou para todos?" 42O Senhor respondeu: "Quem é, pois, o administrador fiel e sensato, a quem seu senhor encarrega dos seus servos, para lhes dar sua porção de alimento no tempo devido? 43Feliz o servo a quem o seu senhor encontrar fazendo assim quando voltar. 44Garanto que ele o encarregará de todos os seus bens. 45Mas suponham que esse servo diga a si mesmo: 'Meu senhor se demora a voltar', e então comece a bater nos servos e nas servas, a comer, a beber e a embriagar-se. 46O senhor daquele servo virá num dia em que ele não o espera e numa hora que não sabe e o punirá severamente e lhe dará um lugar com os infiéis. 47"Aquele servo que conhece a vontade de seu senhor e não prepara o que ele deseja, nem o realiza, receberá muitos açoites. 48Mas aquele que não a conhece e pratica coisas merecedoras de castigo, receberá poucos açoites. A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido. 49"Vim trazer fogo à terra, e como gostaria que já estivesse aceso! 50Mas tenho que passar por um batismo, e como estou angustiado até que ele se realize! 51Vocês pensam que vim trazer paz à terra? Não, eu digo a vocês. Ao contrário, vim trazer divisão! 52De agora em diante haverá cinco numa família divididos uns contra os outros: três contra dois e dois contra três. 53Estarão divididos pai contra filho e filho contra pai, mãe contra filha e filha contra mãe, sogra contra nora e nora contra sogra". 54Dizia ele à multidão: "Quando vocês veem uma nuvem se levantando no ocidente, logo dizem: 'Vai chover', e assim acontece. 55E quando sopra o vento sul, vocês dizem: 'Vai fazer calor', e assim ocorre. 56Hipócritas! Vocês sabem interpretar o aspecto da terra e do céu. Como não sabem interpretar o tempo presente? 57"Por que vocês não julgam por si mesmos o que é justo? 58Quando algum de vocês estiver indo com seu adversário para o magistrado, faça tudo para se reconciliar com ele no caminho; para que ele não o arraste ao juiz, o juiz o entregue ao oficial de justiça, e o oficial de justiça o jogue na prisão. 59Eu digo que você não sairá de lá enquanto não pagar o último centavo". A multidão que ouvia Jesus já chegara a milhares de pessoas e Ele continuava falando a respeito da hipocrisia dos fariseus. A hipocrisia consiste em insistir numa mentira escondendo uma parte da verdade, mas o que Jesus diz nos versículos 2 e 3 é que toda a verdade há de ser revelada, pelo que sua hipocrisia será derrotada. Os fariseus e as autoridades religiosas hipócritas não estão lá para serem temidas, porque o máximo que podem fazer é mandar matar o corpo. Já o temor de Deus é

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diferente, porque Ele é O que tem a palavra final no destino eterno. Assim, é a Ele que se deve obediência, e não aos fariseus. O cuidado de Deus para com os Seus pode ser visto até nos animais, como os pardais, por exemplo. Já nós valemos muito mais que os pardais; portanto, Deus certamente terá o cuidado devido para conosco. Os versículos 8 a 10 falam de nossa atitude em relação a Jesus, que é a providência divina para a nossa salvação. Se quisermos ser confessados por Jesus diante do Pai, urge que primeiro nós O confessemos como nosso Salvador. A recíproca é igualmente verdadeira. Já a atuação de Deus através de Jesus se faz pelo Espírito Santo. Se negamos a divindade de Jesus, estamos negando o Espírito Santo e toda a obra que Ele faz através de Jesus. Para quem assim procede não há perdão, porque tampouco pode haver arrependimento. Aqueles que seguem a Jesus não devem temer quando forem levados diante das autoridades religiosas do templo ou da sinagoga, porque o mesmo Espírito Santo há de guiá-los (versículos 11 e 12). Neste momento de Seu discurso Jesus foi interrompido por alguém da multidão que pedia que Ele resolvesse uma briga que estava tendo com seu irmão sobre herança. Jesus imediatamente respondeu que Ele não fora constituído árbitro entre os dois (versículo 14), mas engatou o assunto ganância logo a seguir. No âmbito deste assunto, Ele contou primeiro a parábola do rico insensato, que após grande colheita disse a si mesmo que se tranquilizasse porque tinha estocados bens para muitos anos com os quais poderia viver por muito tempo. Deus o chamou, contudo, pois ele morreria naquela noite; portanto, para quem seria deixado tudo que ele juntara? No versículo 21 Jesus introduz, portanto, o conceito de ser rico para com Deus, em contrapartida ao desejo de uma pessoa de ser rica para si mesma. Ele Se virou, então, para os Seus discípulos e falou da necessidade de não terem preocupações quanto ao que comer ou vestir, porque Deus cuida de suas vidas e a vida é muito mais importante que o alimento. De igual forma, Ele cuida do corpo e este é muito mais importante que a vestimenta. Como eles não poderiam fazer algo tão pequeno quanto acrescentar uma hora à extensão de suas vidas, não há porque se preocuparem com qualquer coisa. Eles deveriam, isso sim, buscar primeiro o Reino de Deus e todas as demais coisas lhes seriam acrescentadas (versículo 31). Tornando-se ricos para Deus, o seu tesouro estaria nos céus e onde este estivesse, ali estaria também o seu coração (versículo 34). A partir do versículo 35, Jesus passou a falar a eles sobre a necessidade de servir com fidelidade, mesmo que seu senhor se ausentasse. Mesmo que não soubessem do dia

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do seu retorno, eles deveriam estar sempre prontos para a sua chegada. Seu comportamente e sua prontidão devem ser como a de um guarda que não sabe quando chega o ladrão, mas precisa estar sempre pronto. Pedro ficou confuso e perguntou se aquilo que Jesus estava dizendo era aplicável apenas a eles, discípulos, ou a todos. Aparentemente Jesus não respondeu, mas Ele disse que bem aventurado é o servo que estiver trabalhando fielmente quando da volta de Seu Senhor. Este, como prêmio, receberá todos os Seus bens para administrar. Assim sendo, a resposta é aplicável a todo aquele que quiser se tornar servo de Jesus Cristo. Jesus continuou dizendo, contudo, que a quem muito for dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido. Moisés foi um excelente exemplo dessa prática divina. Deus foi amigo dele como de nenhum outro, mas foi extremamente exigente com ele devido a um deslize de fé, impedindo que entrasse na Terra Prometida. O versículo 49 introduz uma mudança interessante. Jesus diz que está prestes a ser introduzida uma grande mudança como se Ele fosse botar fogo na Terra. Aparentemente Ele está falando da Nova Aliança que está para ser instaurada e em relação à qual as pessoas serão obrigadas a se posicionar. Assim sendo, embora Ele tenha vindo trazer paz à Terra, Ele, de igual modo, trouxe consigo o juízo de Deus para aqueles que não crerem. Já o versículo 12 fala claramente de Sua ansiedade em relação à cruz, mas não em relação à Sua morte física, do contrário sua declaração no versículo 4 seria uma hipocrisia. Ele fala claramente do horror de ter que Se tornar pecado por nós, conforme previsto em IICoríntios 5.21. Era a morte espiritual, Sua ida ao inferno e Sua ressurreição que tanto O afligiam. Ele teria que ser separado de Deus pelo pecado do mundo. Os versículos 51 a 59 deixam claro de que maneira a vinda de Jesus vai trazer dissensões. Ele nos dá a Sua paz, mas esta é dada apenas àqueles que O aceitam. Para aqueles que O rejeitam, Ele é um fator de divisões, que ocorrerão no seio da própria família (versículos 52 e 53). Assim sendo, os versículos 54 a 59 representam um apelo para que todos estejam atentos à necessidade de reconciliação com Deus, da mesma forma como se faz necessária a reconciliação entre oponentes no mundo. Lucas 13

Versículos 1 a 35

1Naquela ocasião, alguns dos que estavam presentes contaram a Jesus que Pilatos misturara o sangue de alguns galileus com os sacrifícios deles. 2Jesus respondeu: "Vocês pensam que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros, por terem sofrido dessa maneira? 3Eu digo que não! Mas, se não se arrependerem, todos vocês também perecerão.

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4Ou vocês pensam que aqueles dezoito que morreram, quando caiu sobre eles a torre de Siloé, eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? 5Eu digo que não! Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão". 6Então contou esta parábola: "Um homem tinha uma figueira plantada em sua vinha. Foi procurar fruto nela, e não achou nenhum. 7Por isso disse ao que cuidava da vinha: 'Já faz três anos que venho procurar fruto nesta figueira e não acho. Corte-a! Por que deixá-la inutilizar a terra?' 8"Respondeu o homem: 'Senhor, deixe-a por mais um ano, e eu cavarei ao redor dela e a adubarei. 9Se der fruto no ano que vem, muito bem! Se não, corte-a' ". 10Certo sábado Jesus estava ensinando numa das sinagogas, 11e ali estava uma mulher que tinha um espírito que a mantinha doente havia dezoito anos. Ela andava encurvada e de forma alguma podia endireitar-se. 12Ao vê-la, Jesus chamou-a à frente e lhe disse: "Mulher, você está livre da sua doença". 13Então lhe impôs as mãos; e imediatamente ela se endireitou e passou a louvar a Deus. 14Indignado porque Jesus havia curado no sábado, o dirigente da sinagoga disse ao povo: "Há seis dias em que se deve trabalhar. Venham para ser curados nesses dias, e não no sábado". 15O Senhor lhe respondeu: "Hipócritas! Cada um de vocês não desamarra no sábado o seu boi ou jumento do estábulo e o leva dali para dar-lhe água? 16Então, esta mulher, uma filha de Abraão a quem Satanás mantinha presa por dezoito longos anos, não deveria no dia de sábado ser libertada daquilo que a prendia?" 17Tendo dito isso, todos os seus oponentes ficaram envergonhados, mas o povo se alegrava com todas as maravilhas que ele estava fazendo. 18Então Jesus perguntou: "Com que se parece o Reino de Deus? Com que o compararei? 19É como um grão de mostarda que um homem semeou em sua horta. Ele cresceu e se tornou uma árvore, e as aves do céu fizeram ninhos em seus ramos". 20Mais uma vez ele perguntou: "Com que compararei o Reino de Deus? 21É como o fermento que uma mulher misturou com uma grande quantidade de farinha, e toda a massa ficou fermentada". 22Depois Jesus foi pelas cidades e povoados e ensinava, prosseguindo em direção a Jerusalém. 23Alguém lhe perguntou: "Senhor, serão poucos os salvos?" 24"Esforcem-se para entrar pela porta estreita, porque eu digo a vocês que muitos tentarão entrar e não conseguirão. 25Ele lhes disse: Quando o dono da casa se levantar e fechar a porta, vocês ficarão do lado de fora, batendo e pedindo: 'Senhor, abre-nos a porta'. "Ele, porém, responderá: 'Não os conheço, nem sei de onde são vocês'. 26"Então vocês dirão: 'Comemos e bebemos contigo, e ensinaste em nossas ruas'. 27"Mas ele responderá: 'Não os conheço, nem sei de onde são vocês. Afastem-se de mim, todos vocês, que praticam o mal!' 28"Ali haverá choro e ranger de dentes, quando vocês virem Abraão, Isaque e Jacó e todos os profetas no Reino de Deus, mas vocês excluídos. 29Pessoas virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e ocuparão os seus lugares à mesa no Reino de Deus.

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30De fato, há últimos que serão primeiros e primeiros que serão últimos". 31Naquela mesma hora, alguns fariseus aproximaram-se de Jesus e lhe disseram: "Saia e vá embora daqui, pois Herodes quer matá-lo". 32Ele respondeu: "Vão dizer àquela raposa: Expulsarei demônios e curarei o povo hoje e amanhã e no terceiro dia estarei pronto. 33Mas preciso prosseguir hoje, amanhã e depois de amanhã, pois certamente nenhum profeta deve morrer fora de Jerusalém! 34"Jerusalém, Jerusalém, você, que mata os profetas e apedreja os que são enviados a você! Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram! 35Eis que a casa de vocês ficará deserta. Eu digo que vocês não me verão mais até que digam: 'Bendito o que vem em nome do Senhor'". O principal assunto de Jesus nos Seus ensinamentos neste capítulo é a salvação. O capítulo começa com um evento recente, no qual Pilatos havia mandado matar alguns galileus enquanto eles estavam sacrificando a Deus. Aparentemente esperavam ouvir que se tratava de homens pecadores, que Deus havia castigado pela mão de Pilatos. A resposta dEle, contudo, foi exatamente o oposto. Eles não eram mais pecadores que os outros galileus, como tampouco os 18 moradores de Jerusalém, que haviam morrido num acidente recente da queda de uma torre na cidade, eram mais pecadores que os demais habitantes da cidade. Ele os advertiu, contudo, que o papel deles era de arrependimento dos seus pecados, para estarem prontos quando Deus os chamasse. No âmbito do mesmo assunto, ele contou uma parábola sobre uma figueira que não dava fruto, a qual o dono mandou que seu funcionário cortasse, mas este pediu mais um tempo para adubá-la para ver se, então, daria fruto. Se não desse, então, poderia ser cortada. A interpretação da parábola é clara e mostra que Deus é paciente, querendo que todos produzam frutos de arrependimento, mas que essa paciência tem limite. Nos versículos 10 a 17 Lucas narra outro evento de cura realizado por Jesus no sábado numa sinagoga, onde o dirigente ficou indignado com Jesus por fazê-lo no sábado e criticou os enfermos que estavam ali buscando cura. O argumento de Jesus, que chamou o dirigente de hipócrita, é simplesmente fantástico. Ele disse ao dirigente, que era inconcebível que ele achasse certo soltar o seu animal e levá-lo para beber água no sábado, e O criticasse por libertar a mulher, muito mais valiosa diante de Deus, de sua enfermidade no sábado. O texto nos diz que Seus oponentes, o dirigente e demais oficiais da sinagoga ficaram envergonhados pela sua hipocrisia. Nos versículos 18 a 21 Jesus fez duas comparações no tocante a como seria o Reino de Deus. Primeiro o comparou a um grão de mostarda, de tamanho ínfimo, e ressaltou o tamanho da árvore no qual se torna. Depois comparou, também, com o fermento que, adicionado à massa, a faz crescer muito. O crescimento do Reino de Deus se faz e fará também nos mesmos moldes. No versículo 22 somos informados que Jesus continuava em Sua última viagem até Jerusalém, onde seria preso e morto. No caminho ele pregava nas cidades pelas quais

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passava e, numa delas, alguém Lhe perguntou se o número de pessoas salvas seria pequeno. Jesus respondeu indiretamente dizendo que a porta de entrada nos céus era pequena e que poucos a adentrariam, motivo pelo qual deveriam se esforçar nesse sentido. Além disso, Ele falou que um dia a porta se fecharia e que de nada valeriam os argumentos de quem ficasse de fora. Ele falou, ainda, que muitos viriam de outras nações e se assentariam com Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas, mas que aqueles que não tivessem passado a porta ficariam de fora chorando. Nos versículos 30 a 35, Jesus responde a alguns fariseus que vieram dizer a Ele para fugir, porque Herodes estava vindo para matá-lO. A resposta dEle é curiosa, porque parece fazer alusão à Sua morte e ressurreição no terceiro dia e no último versículo ele parece prever a destruição de Jerusalém após a Sua morte.