Seleção de Materiais segundo a Resistência à Temperatura

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Seleção de Materiais segundo a Resistência à Temperatura EM 833 Profa. Cecília Zavaglia

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Seleção de Materiais segundo a Resistência à

Temperatura

EM 833Profa. Cecília Zavaglia

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Fluência

A fluência é definida como uma deformação plástica que ocorre num corpo quando submetido a uma carga constante aplicada, a um determinado nível de temperatura, durante um prolongado período de tempo.

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Fluência Os metais e as ligas metálicas em geral não estão sujeitos ao fenômeno da fluência à temperatura ambiente, contudo a partir de um determinado nível a deformação plástica começa a aparecer , caracterizando‑se como um fenômeno termicamente ativado (comumente acima de 0,4 da temperatura de fusão do metal

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Falha por FluênciaA falha por fluência em metais pode resultar de uma excessiva deformação plástica do componente ou da ruptura desse componente.Exemplos típicos de sistemas mecânicos sujeitos à fluência: vasos de pressão, turbinas a gás e motores aeronáuticos; contudo, todos os sistemas operando as altas temperaturas, sob consideráveis níveis de tensão, estão sujeitos ao aparecimento da fluência.

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Falha por FluênciaA analise microscópica dos metais submetidos a fluência permite identificar diversos mecanismos pelas quais ela pode se manifestar:

1. movimentação de discordâncias ao longo de planos de deslizamentos superando barreiras com a ativação térmica

2. ascensão de discordâncias conduzindo a formação de estrutura de sub‑grãos,

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Falha por Fluência 3. deslizamento de contornos de grãos

4. difusão de vacâncias • A presença de elementos de liga em

solução sólida ou na forma de, precipitados influenciam. o desenvolvimento desses mecanismos

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Ensaios de fluência e curva de fluência

Podem ser conduzidos com diferentes tipos de tensão; porém é comum o uso de esforço de tração devido a facilidade de aplicação. Nesse ensaio, realizado a um determinado nível de temperatura e a uma carga ou tensão constante, pode-se determinar a velocidade de fluência, o nível do esforço de tração para ruptura e a fluência total em todos esses estágios.

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Representação do ensaio de fluência

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Curva de fluênciaNão considerando a deformação elástica inicial (εo), a fluência pode ser de dois tipos:

1. Transitório, quando surge somente o primeiro estágio

2. Contínuo, quando ocorrem os três estágios

Esses tipos podem ser característicos de um metal em função dos níveis de tensão e de temperatura aplicados no ensaio

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Curva de fluência1. Com um carregamento ocorre uma deformação

inicial elástica e plástica; nesse primeiro estágio ‑ estágio transitório ou de fluência primaria) ‑ a velocidade de fluência, ou seja, a relação d/dt decresce com o tempo.

2. A partir de um determinado tempo, e nível de deformação correspondente, a velocidade de fluência assume um valor constante diferente de zero, caracterizando o 2º estágio ou a fluência secundária.

3. Ao final desse processo, pode surgir o 3º estágio ou a fluência terciária, onde a velocidade de fluência é crescente,conduzindo o corpo ensaiado à ruptura.

 

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Propriedades da curva de fluência

Da curva de fluência se extrai uma propriedade importante para a definição do comportamento do material metálico em altas temperaturas: a velocidade mínima de fluência. Nesse caso, é importante indicar o nível de tensão (em MPa) a uma. dada temperatura (em OC), que provoca uma determinada velocidade de fluência (em %/h). Para um dado nível de temperatura, a relação de "tensão versus velocidade mínima de fluência", colocada num diagrama. bi‑logarítmico, apresenta‑se comumente na forma de uma linha reta. Essa propriedade é extraída do estágio secundário da fluência

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Curva de Fluência

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No estágio terciário, quando ocorre a ruptura, determina-se uma outra importante propriedade: o tempo necessário para provocar a ruptura, para determinados níveis de temperatura e tensão aplicados. A relação "tensão versus tempo de ruptura", à temperatura constante, em diagrama. bi‑logarítmico, pode ser aproximada por uma linha reta que contém pontos de inflexão quando ocorrem sensíveis mudanças microestruturais no material metálico devido a solicitação em altas temperaturas.

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Velocidade de deformação versus tempo, para ensaio com carga

constante

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Resistência à FluênciaA resistência à fluência corresponde, portanto, ao nível de tensão que causa uma determinada velocidade mínima de fluência. A resistência à ruptura por fluência se refere à tensão que conduz a uma determinada vida sob fluência. Ambas são definidas para níveis constantes de temperatura.

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Fluência para Metais

A fluência é a deformação progressiva de um material a uma tensão constante. Sob certas condições o material pode até sofrer fratura. Uma larga faixa de comportamento de fluência é evidente quando são feitas comparações em termos de tensão, temperatura e tempo, que são os parâmetros que descrevem o processo de fluência. Normalmente a taxa de fluência é mais alta e o tempo até a fratura é menor quando a temperatura e (ou) a tensão aplicada são aumentados.

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Fluência para MetaisEstruturas metálicas para trabalho a temperatura ambiente são projetadas baseando-se nas suas resistências ao escoamento e à tração. Essas propriedades, na maioria dos metais, à temperatura ambiente, são independentes do tempo. Entretanto, uma importante característica da resistência a alta temperatura, é que é sempre necessário considerá-la com relação a uma escala de tempo. A resistência a elevadas temperaturas depende tanto da taxa de deformação, como do tempo de exposição. Um metal submetido a um carregamento constante, a uma temperatura elevada, vai escoar, sofrendo um aumento de comprimento dependente do tempo.

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Fluência para MetaisA curva de fluência de engenharia de um metal é determinada pela aplicação de uma carga constante num corpo de prova de tração mantido a uma temperatura constante , e a deformação (alongamento) do corpo de prova é determinado em função do tempo. A duração de tais testes varia de alguns meses até alguns anos.

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Ligas metálicas resistentes à fluência

Os mecanismos usados para aumentar a resistência à fluência são semelhantes aqueles usados para aumentar a resistência mecânica a temperatura ambiente, ou seja:

  Endurecimento por solução sólida  Endurecimento por solubilização e precipitação ( de partículas de segunda fase muito finas)

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Quais materiais metálicos devem ser usados em temperaturas:

1. Abaixo de 150oC – O chumbo é o único metal de engenharia que não deve ser usado acima da temperatura ambiente, pois mesmo a essas temperaturas ( próximo da amb.) ele pode sofrer fluência. Se resistência ao amolecimento é necessária, cobre eletrolítico resistente ao recozimento é indicado, com uma pequena quantidade de cádmio (C11100), ou cobre com prata (C11400), que podem ser usados a temperaturas até 200oC.

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2.    De 150 a 400oC- Ligas de magnésio : Mg-RE ( terras raras)-Zr Mg-RE-Zn—Zr, Mg-Th-Zr e Mg-Al-Zn podem ser usadas até 315oC. Ligas contendo Th são as de maior resistência à fluência e as de Mg-Al-Zn são as de menor resistência. As ligas de Al tem resistência à fluência maior que as de Mg, sendo que algumas ligas podem ser usadas por um curto tempo até 480oC.

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3. De 400 a 600 oC- Aços de baixa liga são usados para essa faixa de temperatura se o custo não é um fator importante e se alta densidade é aceitável. Acima de 400oC, aços ligados ao Mo tem sua resistência à fluência aumentada. Aços Cr-Mo e Cr-Mo-V podem ser utilizados a até cerca de 500oC. As ligas de titânio α tem o melhor desempenho quanto à fluência de todas as ligas de Ti, enquanto que as ligas β tem o pior. As ligas α+ β, como a Ti-6Al-4V São limitadas a uma máxima temperatura de uso de 450oC. As ligas α tem uma temperatura limite um pouco superior a essa. As ligas de Ti não podem ser utilizadas acima de 600oC porque são susceptíveis a fragilização e oxidação superficial.

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4. De 600 a 650oC – Para essa faixa de temperatura os fatores importantes para a seleção são : resistência à oxidação e resistência à fluência. Os aços inoxidáveis ferríticos e austeníticos são os recomendados. Os ferríticos são os mais baratos , mas tornam-se susceptíveis à fragilização a partir de 475oC se o teor de Cr excede a 13%. Eles também são difíceis de soldar. A principal vantagem dos ferríticos sobre os austeníticos são a sua maior resistência à oxidação.

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5. De 650 a 1000oC- Quatro grupos de materiais metálicos são usados nessa faixa de temperatura: aços inoxidáveis austeníticos, super ligas ferro-níquel, super ligas de níquel e super ligas de cobalto. As temperaturas limites de uso de aços austeníticos é de 750oC. A liga AISI 316 é a mais resistente à fluência. As super ligas Fe-Ni contem grandes quantidades de Fe e são endurecidas por precipitação de carbonetos ou compostos intermetálicos. As super ligas de Ni contém 30 a 35% de Ni a acima de 30% de Cr. Pequenas quantidades de Al, Ti, Nb, Mo, Hf e W são adicionados para aumentar a resistência mecânica, à corrosão e ao calor. As superligas de Co são endurecidas por uma combinação de carbonetos e elementos em solução sólida.

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6.      1000oC e acima- Os metais refratários como o W, Ta, Nb, Mo e suas ligas podem ser usados até 1500oC. Entretanto, coberturas protetoras são requeridas para serviço em ambientes oxidantes em temperaturas acima de 425-500oC, dependendo do material.

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Máxima temperatura de uso de alguns metais

Metal Temp.Fusão(oC)

Máxima T uso(oC)

Máxima T na prática (oC)

Al 660 350 0,56

Cu 1083 630 -

Ni 1453 880 0,74

Fe 1536 930 0,47-0,57

Ti 1668 1020 0,4

Zr 1852 1150 -

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Máxima temperatura de uso de alguns metais ( continuação)

Metal Temp.Fusão(oC)

Máxima T uso(oC)

Máxima T na prática (oC)

Cr 1900 1180 0,6

Hf 2222 1370 -

Nb 2468 1550 0,54

Mo 2610 1650 -

Ta 2996 1910 -

W 3410 2160 0,76

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Fluência para CerâmicasUma das vantagens das cerâmicas sobre os metais é a sua habilidade em suportar temperaturas de serviço tão altas como 1650oC. A resistência à temperatura das cerâmicas é caracterizada por severas propriedades térmicas como resistência à fluência, expansão térmica, condutibilidade térmica e resistência ao choque térmico.

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Fluência para CerâmicasPara cerâmicas estruturais, especialmente Si3N4 prensado a quente, a taxa de fluência pode ser controlada ajustando a composição e, então, as propriedades das fases dos contornos de grão. A resistência à fluência do SiC também é afetada pelas fases intergranulares, mas as taxas de fluência desse material são baixas.

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Fluência para CerâmicasComparadas com os óxidos, cerâmicas covalentes de silício possuem baixos coeficientes de expansão térmica, o que pode aumentar a resistência ao choque térmico. A expansão térmica desses materiais é função da fase sólida e não é muito afetada pela porosidade e por impurezas. SiC possui expansão térmica 50 % superior do que Si3N4. A expansão térmica deste último material é função da quantidade de óxido intergranular presente.

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Fluência para CerâmicasA variação da expansão térmica com a temperatura é muito importante nos vidros porque tensões termicamente induzidas são uma função da taxa de expansão. Tanto as dimensões lineares como o volume do vidro mudam com a temperatura, sendo que a taxa volumétrica é três vezes a taxa de expansão linear.

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Fluência para CerâmicasA capacidade calorífica e a condutibilidade térmica também devem ser consideradas para aplicações de cerâmicas em altas temperaturas, pois essas duas propriedades indicam resistência a tensões térmicas. Para óxidos e carbonetos, a capacidade calorífica aumenta com a temperatura aumenta com a temperatura até 1000oC. Para temperaturas superiores, pouco efeito se nota na capacidade calorífica. Para os vidros e os vitro-cerâmicos, nota-se o mesmo efeito, ou seja a capacidade calorífica aumenta com o aumento da temperatura.

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Max.T de uso em curto tempo e max. T para que nào ocorra fluência de óxidos cerâmicos

covalentes

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T fusão ou de dissociação, max.T de uso (tempo curto), máx. T para não ocorrer fluência para

cerâmicas cov.

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Fluência para polímeros e compósitos

Os plásticos e compósitos podem ser usados numa larga faixa de temperatura. Porém quase todas as propriedades dos plásticos, incluindo as propriedades físicas, mecânicas, elétricas e químicas são dependentes da temperatura. Consequentemente, a temperatura freqüentemente é considerada um parâmetro importante no "design".

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Fluência para polímeros e compósitos

Os termofixos usualmente tem maior resistência à temperatura que os termoplásticos, devido ao seu alto grau de ligações cruzadas. Entretanto, eles são substituídos pelos termoplásticos de engenharia resistentes a altas temperaturas, tais como o poli-éter-éter-cetona (PEEK) ou o poli-sulfeto de fenileno (PPS). Esses materiais tem a vantagem de serem moldáveis por injeção.

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Fluência para polímeros e compósitos

Embora novas resinas epoxies possam ser usadas a temperaturas contínuas de 100 a 180oC, seu uso na prática é limitado a 150oC. Poli-imidas termofixas são usadas em composições para altas temp, reforçadas com fibras de grafite na faixa de 260 a 290oC.Polímeros cristais líquidos sem reforço (LCPs), baseados em poliésters aromáticos, possuem boas propriedades mecânicas a temperaturas abaixo de 300oC. Temperaturas de deflexão a 1,8 MPa são tão altas quanto 350oC.

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Fluência para polímeros e compósitos

LCPs injetáveis ou extrudáveis são também utilizadas no processamento de equipamentos resistentes a altas temperaturas e a produtos químicos e na confecção de componentes eletrônicos, como conectores e soquetes. LCPs, baseados em poliésters aromáticos possuem um potencial para a confecção de compósitos avançados, principalmente usando grafita na forma de tecido, como reforço.

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Máximas temp. de uso de polímeros