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SELECÇÃO DE ÁREAS PARA A CONSERVAÇÃO DE VERTEBRADOSSELECÇÃO DE ÁREAS PARA A CONSERVAÇÃO DE VERTEBRADOS
NO PARQUE NATURAL DA RIA FORMOSANO PARQUE NATURAL DA RIA FORMOSA
Fátima Amaro2 e Luís Cancela da Fonseca1,3 [email protected]; [email protected]
1FCMA, Universidade do Algarve, campus de Gambelas, 8005-139 Faro. 2 CEVDI/Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Av. Padre Cruz 1649-016 Lisboa
3 Laboratório Marítimo da Guia/IMAR, Estrada do Guincho, 2750-374 CascaisGuia Marine LaboratoryGuia Marine Laboratory
Grande laguna poli-euhalina (ca. 10500 ha de zonahúmida), delimitada por um sistema de ilhas-barreira eligada ao mar por várias barras de maré. Devido àinexistência de rios permanentes, somente um curso deágua (Gilão) fornece um aprovisionamento de água doce aolongo de todo o ciclo anual. Ameijoas (Ruditapesdecussatus) e Ostras (Crassostrea sp) constituiem asprincipais produções aquáticas.
Bª Esmoriz
Ria de Aveiro
Ribª de Seixe
S. Martinho do Porto
Lagoa de Óbidos
Lagoa de Melides
Lagoa de Santo André
LgªAlbufeira
Lgª Ribª de Moinhos
Lagoa da Sancha
Ribª deAljezur
Lagª da Carrapateira
Vila Nova Milfontes
Figueira da Foz
Caminha
Sagres
Vila Real de Stº António
Ria do Alvor Ria de PortimãoRia Formosa
Caldeira de Tróia
Ria Formosa (também um Parque Natural Ria Formosa (também um Parque Natural –– PNRF) PNRF)
Ria Ria FormosaFormosa
Zona Húmida10 500 ha
CanaisÁrea Subtidal
3 500 ha
Pisciculturas500 ha
Salinas1 000 ha
Zonas arenosas elodosas
Área Intertidal2 000 ha Sapais
3 500 ha
©
A utilização dos sistemas lagunares e dos estuários pelo Homem foi continua ao longoda história. A sua elevada produtividade primária determina, tanto a sua função deviveiros para muitas espécies de moluscos, crustáceos e peixes que os utilizam durantea sua fase juvenil, retornando aos oceanos para se reproduzirem, como o papel quedesempenham na alimentação, quer de muitos animais marinhos migradores, quer deinúmeras espécies de aves. Assim se tornaram locais privilegiados para a colecta debivalves, caranguejos, camarões, peixes e aves para o consumo humano.
Parque Natural da Ria Parque Natural da Ria Formosa: importânciaFormosa: importância para a para aconservação da biodiversidadeconservação da biodiversidade
! Zona Húmida de importância internacional;
! Zona de invernada de aves provenientes doNorte e Centro da Europa;
! Zona de passagem importante para as migraçõesentre o Norte da Europa e África;
... e a respectiva importância e relevânciapara a avifauna. Sempre a referência àsaves! No sentir conservacionista colectivo, opapel das aves e de outras espéciesemblemáticas tem sido preponderante.
! Possibilita a nidificação a espécies cujos habitats têm vindo a regredir;
! Abriga um número muito significativo de indivíduos pertencentes àavifauna aquática;
! Fauna e flora importantes para a conservação;
! Abrigo para espécies raras em Portugal;
© Lúcio Alves
19901990
19951995
! Abandono e reconversão de salinas;
! Implementação de aquacultura intensiva esemi-intensiva;
Ameaças à diversidade biológica no PNRFAmeaças à diversidade biológica no PNRF
Ameaças à diversidade biológica no PNRF
• Extracção de areias;
• Construções clandestinas nas ilhas;
• Erosão costeira;
Ameaças à diversidade biológica no PNRF
• Poluição orgânica dos efluentes orgânicos;
• Poluição dos solos;
• Descida do nível freático devido à abertura indiscriminada de furos;
• Caça ilegal;
• Desrespeito pelos períodos de defeso e pelas dimensões de captura autorizadas;
• Cães e gatos assilvestrados por todo a área do Parque;
• Motocross.
Ameaças à diversidade biológica no PNRF
© Humberto Guerreiro
A ocupação das ilhas-barreiraA ocupação das ilhas-barreiraaumentou a seguir a 1974. Osaumentou a seguir a 1974. Ospoderes central e local em Portugalpoderes central e local em Portugaltêm sido incapazes de lidar comtêm sido incapazes de lidar comeste tipo de ilegalidades (o mesmoeste tipo de ilegalidades (o mesmotem acontecido com o ICN ). Otem acontecido com o ICN ). Ocidadão continua... (uns julgam-secidadão continua... (uns julgam-secom todos os direitos; outros têm acom todos os direitos; outros têm acerteza de que a legislação só secerteza de que a legislação só seaplica a alguns...)aplica a alguns...)
19961996
19781978
19741974
19861986
19961996
Ameaças à diversidade biológica no PNRF
Objectivos do trabalhoObjectivos do trabalho
! Estabelecer prioridades de conservação para as espécies de vertebrados
terrestres existentes no PNRF;
! Definir (como exercício) locais possíveis para a sua preservação.© Lúcio Alves
Integrar os dados numSistema de Informação
Geográfica.Sugerir medidas paraa conservação dasespécies ocorrentesno PNRF.
Compilar dados
referentes à biologia,
ecologia e distribuição
das espécies na área de
estudo.
Metodologia
MétodosMétodos de ordenação - os locais a proteger são seleccionados de de ordenação - os locais a proteger são seleccionados de
acordo com o valor dos critérios acordo com o valor dos critérios escolhidos;escolhidos;
© Humberto Guerreiro
Estatuto de conservação (EC)=
LV+ Berna + Bona + DH + DA + IUCN
Estatuto no Livrovermelho dosvertebrados de Portugal(LV)
Convenção de Berna (Berna)
Convenção de Bona (Bona)
Directiva Habitats (DH)
Directiva Aves (DA)
Estatuto no Livro Vermelhoda IUCN (IUCN)
Selecção de espécies prioritáriaspara a conservação no PNRF
Estatuto Biogeográfico (EBg)=
G + P
Distribuição Global (G)
Distribuição em Portugal (P)
Especialização em termosde habitat (H)Dependência para areprodução (R)
Sensibilidade (Sen)=
H + R
VEE=EC+EBg+Sen
Valor Ecológico da Espécie
Selecção de espécies prioritáriaspara a conservação no PNRF
© Rui Cunha
Avaliação das diferenças sazonais naAvaliação das diferenças sazonais naavifauna dos diferentes biótopos no PNRFavifauna dos diferentes biótopos no PNRF
! Definição dos principaisbiótopos do PNRF (através daadaptação das unidades devegetação cedidas pelo PNRF);
! Associação das espécies deaves a cada um dos biótopos.
Selecção de Áreas para a conservação das espéciesSelecção de Áreas para a conservação das espéciesprioritárias no PNRFprioritárias no PNRF
ResNet – algoritmos de selecção
Alvo de conservação - espécies
Algoritmos de selecção - seleccionam os locais de modo a obter amáxima representação das características naturais pretendidasminimizando os custos.
Princípios incorporados no ResNet
Raridade Complementaridade Riqueza
as espécies sãoordenadas inversamentepela frequência do seuaparecimento noconjunto de dados;
os sítios são ordenadoscom base no número deespécies que contêm eque ainda não foramrepresentadas;
os locais são ordenadoscom base no número deespécies presentes(poderá ou não serutilizada do início desteprocesso).
Selecção de Áreas para a conservação das espéciesSelecção de Áreas para a conservação das espéciesprioritárias no PNRFprioritárias no PNRF
48,5%66 (1 introdução)32Mamíferos
62,9%252156Aves
64,2%28 (1 introdução)18Répteis
70,59%1712Anfíbios
EC/EP X 100Número de espécies que
ocorrem em PortugalContinental
Número de espéciesque ocorrem no
PNRF
ResultadosResultados
Número de espécies consideradas de ocorrência regular no PNRF e suacomparação com Portugal Continental
14. Ciconia ciconia (42)
15. Circus pygargus (42)
16. Mauremis leprosa (42)
17. Lutra lutra (41)
18. Pelobates cultripes (41)
19. Anas strepera (40)
20. Charadrius alexandrinus (40)
21. Ixobrychus minutus (39)
22. Discoglossus galganoi (38)
23. Elanus caeruleus (38)
24. Sylvia undata (38)
25. Circus cyaneus (37)
26. Egretta garzetta (37)
1. Porphyrio porphyrio (64)
2. Platalea leucorodia (61)
3. Glareola pratincola (57)
4. Recurvirostra avosetta (57)
5. Circus aeroginosus (54)
6. Sterna albifrons (52)
7. Burhrinus oedicnemus (49)
8. Phoenicopterus ruber (49)
9. Chamaeleo chamaeleon (47)
10. Himantopus himantopus (46)
11. Ardea purpurea (44)
12. Alytes cisternasii (43)
13. Emys orbicularis (43)
Ordenação das 26 espécies prioritárias(VEE ! 40%) do PNRF
30
56
352032
30
64
10 10
Caniçal/juncal
Matos
Pinhal
Charcos temporários
Cursos de água
Lagos e lagoas
Salinas
Dunas
Praias
Número total de espécies emvários biótopos do PNRF
16
37
23
10
15 14
20
7
1
7
128
1014 15
39
1
97 7
40
31
52
00
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Can
içal
/jun
cal
Mat
os
Pinh
al
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tem
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rios
Cur
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de
água
Lago
s e
Lago
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Sal
inas
Dun
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Prai
as
Núm
ero
de
espé
cies
ResidentesInvernantesEstivais
Número de espécies de avesresidentes, invernantes e estivais queocorrem em vários biótopos do PNRF
2 1
5 4 58
2 11
1
1
2
2
11
02468
1012
Can
içal
/jun
cal
Mat
os
Pinh
al
Char
cos
tem
porá
rios
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sos
de
água
Lago
s e
Lago
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Sal
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Dun
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Prai
as
Núm
ero
de
espé
cies
Estivais prioritáriasInvernantes prioritáriasResidentes prioritárias
Número total de espécies prioritáriasem diferentes biótopos do PNRF
Foram consideradas 20 das 26 espécies prioritárias para a análisedevido à falta de dados de distribuição para as espécies de anfíbios(Alytes cisternasii, Pelobates cultripes e Discoglossus galganoi) etrês das espécies de aves (Elanus caeruleus, Sylvia undata e Circuscyaneus);
Foram analisadas 262 quadrículas e 99 delas faziam parte da áreade distribuição total das espécies consideradas;
Áreas para a conservação das espécies prioritárias no PNRFÁreas para a conservação das espécies prioritárias no PNRF
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PNRF: Dados de distribuição global(presença/ausência) das espécies prioritárias
PNRF: selecção dos locais pela área. Apreto os sítios seleccionados seforem escolhidos 15% da área para aconservação. A vermelho os sítiosadicionais se 25% da área foremdestinados para a conservação
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© Rui Cunha
Considerações finaisConsiderações finais
A maioria das espécies de aves que frequentamo PNRF são também residentes na área.
Porphyrio porphyrio (camão) espécie que obteve o maior valor ecológico eactual símbolo do PNRF. Responsabilidade acrescida devido à reduzidadistribuição desta espécie em Portugal.
As restantes espécies de aves, incluíndo aquelas que têm estatuto desfavorável anível europeu ou nacional, apresentam no PNRF um efectivo elevado, o que conferea esta AP uma grande importância para a respectiva conservação.
Só foram encontrados dados de distribuição para as espéciesprioritárias répteis.
Os Anfíbios são o grupo que apresenta a informação mais escassa na área do PNRF.
Com 25% da área seleccionada para a conservação ficam incluídos os biótoposmais representativos do PNRF (salinas, pinhal, caniçal,juncal, lagoas e cursosde água, dunas, praias e zonas de sapal).
As espécies prioritárias de vertebrados terrestres definidas poderãofuncionar como espécies “umbrella” (espécies cuja conservação implica aconservação de outras que com elas co-ocorrem).
No entanto, os resultados constituem um instrumento de trabalho uma vezque o ResNet não considera factores como o tamanho das populações, aviabilidade das espécies, a qualidade do habitat ou a dinâmica demetapopulações.
Pinhais e matos constituem, depois das salinas, os dois biótopos que albergammaior número de espécies. Assim, será importante:
! Controlar e fiscalizar a caça ilegal;
! Condicionar as áreas mais sensíveis ao turismo,
! Interditar/fiscalizar o corte maciço de árvores e a destruição da vegetação;
! Controlar a circulação de veículos;
! Ordenar a ocupação urbana;
! Vigiar eficientemente as várias áreas do Parque mais sujeitas à ocorrênciade práticas ilegais (e.g. deposição de detritos sólidos).
©!Lúcio Alves
As salinas, para além deapresentarem um maiornúmero de espécies em geral etambém de espéciesprioritárias, possuem ainda omaior número de espéciesinvernantes, o que significaque se poderão estudarmedidas de conservação maisdireccionadas para esta épocado ano.
Salinas:
! Manter a exploração artesanal e extensiva;
! Manter os níveis de tranquilidade elevados;
! Sensibilizar encarregados e proprietários para manterem o nível daágua nas principais zonas de alimentação e para encherem ostanques abastecedores apenas após a época de reprodução;
! Promover o sal artesanal com a criação de marcas nacionais.
FimFimObrigado pela vossa atenção!!
A biodiversidade, juntamente com oselementos notáveis da geologia,geomorfologia, paleontologia epaisagem devem ser considerados comovalores patrimoniais. O reconhecimentoe a consciencialização de que, talcomo o nosso património histórico ecultural, este património constituitambém uma riqueza nacional, comvalor não só em termos científicos,éticos e ecológicos mas também sob oponto de vista sócio-económico,estético, recreativo e cultural, torna-se na primeira atitude que importaadoptar colectivamente.