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Simbolismo e Metodologia de Design no desenvolvimento de livro infantil de temática religiosa Symbolism and Design Methodology in development of children's Book of religious thematic Resumo O presente artigo apresenta a aplicação do método de projeto em design elaborado pelo designer e artista italiano Bruno Munari na concepção e elaboração do projeto gráfico de um livro infantil ilustrado, de temática religiosa, cujo foco é a apropriação por parte de crianças a partir dos 03 anos de idade quanto ao significado dos símbolos e ícones tradicionais característicos da Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia. Para isso, foi realizada uma revisão de literatura compreendendo os aspectos relacionados ao contexto de encontro e convergência entre simbolismo, religiosidade, design e literatura infantil, dando base para subsequente aplicação das 12 etapas propostas pelo método. Como resultado, foi desenvolvido um e-book ilustrado em parceria com a comunidade da Igreja Sirian Ortodoxa em São Luís, composto de páginas de conteúdo catequético e interativo, demonstrando a eficácia do método no desenvolvimento de projetos multidisciplinares. Palavras-chave: Metodologia de projeto, Livro ilustrado, Igreja Sirian Ortodoxa.

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Simbolismo e Metodologia de Design no desenvolvimento de livro infantil de temática religiosa

Symbolism and Design Methodology in development of children's Book of religious thematic

ResumoO presente artigo apresenta a aplicação do método de projeto em design elaborado

pelo designer e artista italiano Bruno Munari na concepção e elaboração do projeto

gráfico de um livro infantil ilustrado, de temática religiosa, cujo foco é a apropriação

por parte de crianças a partir dos 03 anos de idade quanto ao significado dos

símbolos e ícones tradicionais característicos da Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia.

Para isso, foi realizada uma revisão de literatura compreendendo os aspectos

relacionados ao contexto de encontro e convergência entre simbolismo,

religiosidade, design e literatura infantil, dando base para subsequente aplicação das

12 etapas propostas pelo método. Como resultado, foi desenvolvido um e-book

ilustrado em parceria com a comunidade da Igreja Sirian Ortodoxa em São Luís,

composto de páginas de conteúdo catequético e interativo, demonstrando a eficácia

do método no desenvolvimento de projetos multidisciplinares.

Palavras-chave: Metodologia de projeto, Livro ilustrado, Igreja Sirian Ortodoxa.

AbstractThis article introduces the application of the project method in design elaborated by

the designer and Italian artist Bruno Munari in the conception and elaboration of the

graphic design of a religious-thematic book, whose focus is the symbolic

appropriation by children from of the 03 years of age as to the meaning of traditional

symbols and icons characteristic of the Syriac Orthodox Church of Antioch. For this,

a literature revision was conducted comprising the aspects related to the context of

encounter and convergence between symbolism, religiosity, design and children's

literature, giving the basis for subsequent application of the 12 steps proposed by the

method. As a result, a illustrated e-book was developed in partnership with the

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community of the Siriac Orthodox Church in São Luís, composed of pages of

catechetical content and interactive, demonstrating the effectiveness of the method in

the development of multidisciplinary projects.

Keywords: Design Methodology, Illustrated book, Syriac Orthodox Church

1. Introdução

As religiões e suas complexas relações com a humanidade sempre

apresentaram-se como um fenômeno comum e determinante à história registrada

através dos séculos, tendo e ainda sendo normativas em diversas sociedades e,

sempre, direta ou indiretamente presente no cotidiano das pessoas. Nesse contexto,

é comum observar que, ainda nos primeiros anos de vida, muitas crianças são

indiretamente expostas ou sistematicamente apresentadas à uma riqueza de

símbolos religiosos de acordo com o grupo no qual estão inseridas, valendo-se estes

de suas próprias experiências particulares, como a frequência a um determinado

tempo ou o uso de algum objeto ou símbolo religioso como adorno, até a exploração

de toda gama de ferramentas midiáticas como filmes, livros, revistas e a internet em

suas diversas sub ferramentas.

No tocante as publicações impressas, as estatísticas mostram que é grande e

crescente a quantidade de livros cuja temática religiosa é a pauta principal das

publicações. Tal afirmação pode ser constatada tomando como exemplo o Brasil,

cuja diversidade religiosa é parte inerente de sua formação histórica e social, ainda

que historicamente determinados grupos confessionais tenham se sobreposto a

outros em função da própria conjuntura social vigente. Dados de 2015 demonstram

que 16,24% dos exemplares impressos no país foram de temática religiosa

(DEAECTO, 2016), abrangendo um leque variado de religiões, o que reflete o

contínuo processo de equilíbrio confessional, ainda que majoritariamente cristão.

Observa-se, contudo, um permanente declínio geral nas vendas de livros impressos

no país, que em 2016 apresentou, segundo Colombo (2017), queda de 10,8% em

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comparação ao ano anterior, causando preocupação com o futuro do mercado,

sobretudo por estar circunscrito em um cenário de crise em diversos setores,

especialmente o econômico. Tal cenário, no entanto, não é acompanhado pelo

contexto dos livros de temática religiosa, que continuam no ápice da preferência dos

leitores brasileiros.

Para atender a um público tão diversificado e, em seu conjunto, cada vez mais

crescente, os profissionais envolvidos no setor devem focar-se nas características e

necessidades do mesmo, atentando às particularidades de suas crenças, ritos e

demais práticas devocionais, bem como ao cruzamento e evolução das relações dos

fiéis/usuários com as novas formas de interação dentro de uma contemporaneidade

tão plural. Dessa realidade multifacetada, o recorte feito para os fiéis da Igreja Sirian

Ortodoxa de Antioquia (ISOA) revela um perfil de usuários fortemente ligados ao

caráter tradicional e de preservação de suas celebrações e ritos, desde o uso de

trajes específicos e replicação de ornamentos simbólicos próprios em seus templos,

buscam a ininterrupta transmissão dos ensinamentos cristãos a partir dessa

tradição, orientando, sobretudo, acerca da rica e secular simbologia da Igreja Sirian

Ortodoxa, refletindo sua universalidade e atemporalidade doutrinal.

É nesse contexto que o presente trabalho propõe o desenvolvimento do projeto

de um livro ilustrado infantil, de caráter catequético e interativo, acerca dos principais

símbolos relacionados à religião cristã, dentro da tradição preservada pela Igreja

Sirian Ortodoxa de Antioquia, a partir da experiência de discentes de Iniciação

Científica (IC) em visitas de campo à Paróquia Sirian Ortodoxa Santo Efrém, missão

da Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia (ISOA) na cidade de São Luís, estado do

Maranhão. Para isso, o projeto do livro foi desenvolvido utilizando o método do autor

Bruno Munari, tendo a metodologia compreendido ainda revisão de literatura em sua

problematização e coleta de dados através de visitas in loco, sendo este artigo um

relato desta aplicação, desenvolvida por alunos do curso Design Bacharelado da

Universidade CEUMA, Instituição de Ensino Superior (IES) da mesma cidade.

2. Livros de temática religiosa

Conforme matéria publicada em 2016 pelo website do Jornal da Universidade de

São Paulo (USP), escrita pela professora Marisa Deaecto, há no Brasil uma

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preferência por títulos religiosos, dado que, excetuando-se os livros didáticos, fariam

das publicações religiosas as mais procuradas. De um total de 52.497 títulos

produzidos no ano de 2015, o que corresponde a um total de 446.848.571

exemplares segundo Deaecto (2016), o correspondente a livros de temática religiosa

chega a marca dos 19,62% dos impressos, superando os 16,24% do ano anterior

(CASARIN, 2016).

A autora cita pesquisa realizada pelo Instituto Pró-livro (associação de caráter

privado e sem fins lucrativos sediada em São Paulo - SP), com o apoio da

Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares, da Câmara Brasileira do Livro

e do Sindicato Nacional dos Editores de Livro, executada pelo IBOPE Inteligência

(anteriormente Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística), realizada com

187.803.031 participantes. A pesquisa gerou o livro intitulado “Retratos da Leitura no

Brasil 4” com organização de Zoara Failla, lançado pela editora Sextante em 2016,

que demonstra a preferência supra citada, com a utilização de amostragem brasileira

em todas as faixas etárias, de ambos os sexos. Conforme os resultados, 32% das

crianças na faixa etária entre 5 a 10 anos de idade leem a Bíblia, com número

chegando a 31% na amostra entre leitores de 11 e 13 anos, sendo que “a soma de

Bíblia e livros religiosos lidos atinge, em média, mais de 70% dos gêneros citados

pela população com mais de 30 anos” (FAILLA, 2016, p. 32), dado que não pode ser

desassociado do entendimento do consumo desses gêneros por crianças pela

própria relação de dependência dessas por parte dos adultos.

A pesquisa sugere, ainda, um crescente aumento da leitura de livros religiosos no

Brasil em todas as faixas etárias. Enquanto em 2014 eles representaram 16%, em

2015 chegou a 26%. Para a autora, uma “explicação para essa elevação no número

de livros religiosos e Bíblia pode estar no aumento de indivíduos pentecostais e

evangélicos no Brasil” (FAILLA, 2016, p. 33), uma vez que a mesma pesquisa

demonstrou que 25% dos entrevistados declararam-se adeptos de comunidades

cristãs evangélicas ou evangélicas pentecostais, ainda que a amostragem da

pesquisa demonstre que a maioria dos leitores possui formação religiosa de base

cristã católica, o que correspondeu a 57% dos participantes (FAILLA, 2016)

enquanto a de ramos tradicionais do protestantismo, como metodistas, luteranos e

batistas, chegaram a apenas 3%. As diferenças nos números, no então, não

desviam o olhar da certeza de que, considerando que todas as ramificações são

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pertencentes a uma única religião, o cristianismo, a pesquisa aponta 85% da

amostra formada por cristãos, revelando um potencial sem igual para produções

nesse seguimento até mesmo em grupos menores não contemplados na pesquisa,

como das Igrejas Orientais Ortodoxas, ramo cristão a qual pertente a Igreja Sirian

Ortodoxa de Antioquia (objeto do presente estudo) que chegou ao Brasil na primeira

metade do século XX e atualmente possui comunidades em 14 estados brasileiros.

2.1 Os livros infantis

Em cada fase do desenvolvimento humano são observadas características

distintas que dividem os livros por assunto ou faixa etária, voltando sua indicação (ou

não) para leitura de/para crianças. Piaget (1998) é evocado pela literatura por

demonstrar a Teoria da Epistemologia Genética, desenvolvida por ele e que afirma

que o desenvolvimento intelectual se desenvolve em quatro fases, que vão de 0 a 2

anos (estágio da inteligência sensório-motora), de 2 a 7 anos (do pensamento pré-

operacional), de 7 a 11 anos (das operações concretas) e de 11 aos 15 anos (das

operações formais). Segundo o autor, na segunda etapa, que consiste no estágio do

pensamento pré-operacional, é que a criança entra na fase conceitual e

representacional, expressando-se por meio de símbolos que representam outras

coisas. É nesse contexto que fundamenta-se a escolha do público utilizado na

presente pesquisa, formado por crianças a partir dos 03 anos de idade.

Kamisaki, Amantini e Silva (2008) afirmam que é entre os 2 e os 16 anos de idade

que os indivíduos absorvem e percebem com mais facilidade os estímulos a eles

apresentados, caracterizando essa fase como uma descoberta do mundo, momento

em que valores e demais conhecimentos devem ser ensinados. Neste sentido, o

livro se apresenta como uma fonte de conhecimento que pode ser utilizada desde

cedo, onde cada faixa etária será influenciada em ambientes variados, seja em casa,

na escola, nos locais religiosos, entre outros, o que corresponde ao pensamento de

Munari (2008), que ressalta que é na infância que o interesse pela leitura é

despertado com maior facilidade.

É figura da mãe (ou responsável do sexo feminino) que influenciará

primeiramente o gosto pela leitura na faixa etária de 5 a 10 anos de idade, valor que

corresponde a 23% dos casos e, em segundo lugar, com 11% dos casos, a algum

docente (FAILA, 2016). Na faixa etária de 11 a 13 anos de idade, os dados

apresentaram resultados de 22% e 12%, respectivamente. Assim, a família tem

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papel primordial neste processo, lendo para a criança e, junto dela, demonstrando o

prazer e o valor da leitura. É relevante frisar que as crianças abaixo dos 5 anos de

idade não foram mencionadas na pesquisa. Acredita-se que isso tenha uma ligação

direta com o fato de que as crianças começam a ler apenas quando passam a

frequentar a escola, por volta dos 2 ou 3 anos de idade, o que não descarta a

possibilidade do desenvolvimento do hábito de manuseio e descoberta dos livros

mesmo antes da alfabetização. Nesse sentido, “como leitoras as crianças adquirem

meios para agir sobre o mundo e no mundo” (SILVA, p 09, 2010) e, por exemplo, ao

dar enfoque nas publicações de temática religiosa, é possível a construção de uma

base de valores religiosos, pertencentes a particularidade de cada família, que

poderão influenciar ao longo de sua vida.

“Não há dúvidas de que a mediação, quando promovida pelo

professor, pelo bibliotecário, pela família, por um voluntário ou

outro agente leitor é poderosa no despertar do interesse pela

leitura. Os dados da pesquisa não questionam essa verdade,

mas sim apontam para o número de brasileiros que não tiveram

a oportunidade de encontrar alguém – na sua escola, na sua

família, e até na biblioteca que algum dia frequentou – que lhe

oferecesse um livro; que convidasse para uma roda de leitura;

que lesse para ele; que o presenteasse com livros; ou, ainda,

que perguntasse o que achou de um livro que indicou para ler”

(FAILLA, 2016, p. 25).

Dessa forma, acredita-se que a família pode contribuir significativamente para a

mediação de conhecimentos acerca da confissão religiosa a qual pertence e quer,

evidentemente, transmitir para suas crianças, o que não é algo novo, haja visto que

desde períodos remotos, as sociedades, em suas diversas organizações, transmitem

seus conhecimentos e experiencias religiosas aos seus descendentes como parte

de sua própria identidade. No contexto do presente estudo, por exemplo, antes de

dormir os pais podem utilizar o livro para falar um pouco sobre a igreja e seus

símbolos, identificando-os através de desenhos. Esta é a proposta apresentada no

projeto do livro neste trabalho apresentado.

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3. Projeto gráfico

A pesquisa de Failla (2016) ainda traz contribuições ao presente estudo ao

apresentar que os principais fatores que influenciam na escolha de um livro são o

tema ou assunto, correspondendo a 30% dos resultados, seguidos de 12%

referentes ao autor, com título, capa e dicas de terceiros correspondendo a 11%

cada. Na faixa etária de 5 a 13 anos de idade, que corresponde ao escopo desta

pesquisa (considerando as ressalvas citadas no item 2.1), a capa de um livro

apresenta-se como o principal motivo de escolha. Este dado toca diretamente a

função do design enquanto entidade integrante e formadora de todo processo de

desenvolvimento de um livro, interna e externamente, sendo a base da

problematização inicial do projeto.

A problematização é, portanto, a base metodológica inerente a qualquer projeto

de design, haja visto que, por princípio e conceito, este é indissociável de uma

sistematização através de um ou mais métodos, híbridos ou não, o que ainda

contrasta com realidade de mercado que insistem em chamar de design produções

sem planejamento através de uma metodologia alicerçada por métodos consagrados

na literatura, o que torna cada vez mais importante a apresentação desses métodos

aos discentes, acompanhada de práticas que proporcionem experiencias factuais,

buscando o aprimoramento no domínio metodológico de projeto. Dessa maneira,

cabe aos docentes proporcionar oportunidades de aplicação de métodos projetuais

em projetos de design aos discentes, o que é também parte da presente pesquisa.

3.1 O uso de métodos projetuais em design

Para o desenvolvimento de uma pesquisa e/ou de quaisquer projetos de design, a

literatura apresenta uma rica gama de autores que propõem métodos de

desenvolvimento de projetos. Pode-se citar, entre os mais conhecidos, Bernard

Löbach, em seu livro intitulado Design industrial: bases para a configuração dos

produtos industriais (2001), Mike Baxter, em Projeto de Produto – guia prático para

novos produtos (2003), e Bruno Munari, em Das Coisas Nascem Coisas (1998), o

que leva a ratificação de que as “metodologias, métodos e processos são inerentes

ao design e deflagraram a necessidade, cada vez maior, da pesquisa” (MOURA,

2011, p. 2). A autora afirma ainda que:

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“A questão do método ou processo de design, a relação

metodologia científica e metodologia do design ou metodologia

do projeto ou, ainda, metodologia projetual, bem como o papel

da pesquisa no campo do design são temas recorrentes e que

continuam sendo estudados, investigados e propostos. Ou

seja, o tema apresenta grande importância, especialmente, se

visto a luz da contemporaneidade” (MOURA, 2011, p. 3).

É possível ainda afirmar que a garantia do desenvolvimento de qualquer projeto

está exatamente na metodologia projetual, pois a abordagem científica “direciona,

objetivando a ideia na resposta à proposta, na procura da solução” (TAVARES,

2009, p. 14).

4. Materiais e métodos

Este documento corresponde a uma pesquisa de caráter exploratório e descritivo

com abordagem qualitativa, desenvolvida por discentes do Curso de Design

Bacharelado da Universidade CEUMA, para o desenvolvimento de um livro ilustrado

infantil. Diante do objeto de estudo apresentado, foi realizado um levantamento

histórico, com a literatura disponível em língua portuguesa e junto a visitas in loco na

Paróquia Sirian Ortodoxa Santo Efrém da ISOA em São Luís.

O projeto do livro foi desenvolvido conforme a proposta metodológica do livro Das

Coisas Nascem Coisas (1998) do autor Bruno Munari, que apresenta como

sistematização projetual as seguintes etapas:

a) Problema;

b) Definição do problema;

c) Componentes do problema;

d) Coleta de dados;

e) Análise de dados;

f) Criatividade;

g) Materiais e técnicas;

h) Experimentação;

i) Modelo;

j) Verificação;

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k) Desenho Construtivo;

l) Solução.

Todas as etapas foram utilizadas no desenvolvimento do projeto proposto nesta

pesquisa, tendo como ápice do projeto de integração dos discentes, pós as devidas

definições e coletas, a etapa de Criatividade, realizada através de desenhos

inicialmente feitos à mão livre, utilizando somente lápis, grafite e caneta preta, sendo

posteriormente digitalizados, editados e coloridos por meio dos softwares como o

Adobe Photoshop e melhorados através de vetorizações com o Adobe Illustrator.

4.1 Resultados e discussões

Desde o início da pesquisa buscou-se seguir o método do Bruno Munari,

passando por cada uma das etapas por ele exigidas. Dessa forma, os discentes

puderam observar e experimentar como é possível a utilização de um método no

desenvolvimento de artefatos de Design.

4.1.1 Problema, Definição do Problema e Componentes do Problema

A primeira etapa, portanto, correspondeu ao Problema, apresentado em

conjuntos por docentes e discentes como um “projeto de livro catequético” pela

própria natureza de seu conteúdo. O processo se deu por encontros presenciais

para apresentação do tema pelos orientadores aos discentes e consequente

delimitação do que seria desenvolvido pela pesquisa.

Na etapa seguinte chamada Definição do Problema, o autor Bruno Munari

propõe a definição dos aspectos específicos do problema, o qual é também

apresentado como briefing em outros contextos, ou mesmo no design (FREITAS,

2013). Seu modelo, com etapas de elaboração de projetos de design gráfico, muitas

vezes é utilizado em outros projetos de design. O autor explica que “no processo de

desenvolvimento de produtos gráficos, a lógica é parecida com as dos produtos

industriais. Porém percebemos que, a uma certa preocupação entorno do ‘cliente’,

ou seja, da pessoa que contratou o designer para o desenvolvimento de

determinado projeto” (FREITAS, p. 09, 2013). Na presente pesquisa, o público alvo

corresponde às crianças que desejam conhecer o patrimônio símbolo da ISOA,

característico de sua identidade. Assim, teve-se por Definição do Problema um

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“projeto gráfico de um livro catequético ilustrado temático da Igreja Sirian Ortodoxa

de Antioquia para crianças a partir de 3 anos de idade”.

A decomposição do problema em partes é trazida por Freitas (2013) como a

caracterização da etapa seguinte, chamada Componentes do Problema. Assim,

realizou-se a seguinte decomposição: 1. História da Igreja; 2. Liturgia ortodoxa

siríaca; 3. Vestes Litúrgicas; 4. Objetos litúrgicos; 5. Hierarquia clerical; 6.

Simbolismo, cores e formas; 7. Ilustração, tipografia, materiais e formatos de livros

infantis.

Essas três etapas interdependentes compõem a problematização do projeto e

apontam os requisitos necessários para as etapas seguintes.

4.1.2 Coleta de Dados e Análise de DadosA orientação da problematização, especialmente na decomposição do problema

em componentes, deu base para que a etapa de Coleta de Dados fosse iniciada a

partir de fichamentos colhidos dos seguintes livros: 1. A Igreja Sirian Ortodoxa de

Antioquia (YACOUB, 2013); 2. Catecismo da Igreja Ortodoxa Siríaca – Perguntas e

Respostas (KALLARRARI, 2012); 3. Gestos e Objetos sagrados (NAKKOUD, 2014);

4. Identidade da Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia (NAKKOUD, 2011); 5. Um Olhar

Sobre a Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia (ZAKKA, 2014).

Como parte ainda da Coleta de Dados, foi realizada a técnica de Pesquisa de

Similares (FREITAS, 2013), complementada por pesquisas de campo em lojas

especializadas e/ou setores de livros infantis em São Luís, com supervisão dos

orientadores, visando identificar e catalogar os aspectos constituintes dos livros

infantis a venda no mercado, no que tange as características das ilustrações,

diagramação, formatos e uso de cores, texturas e interatividade. A Coleta de Dados

foi ainda embasada nos resultados das visitas à Paróquia Sirian Ortodoxa Santo

Efrém em São Luís, localizada na Rua Projetada, nº 160, Jardim SM2, no bairro

Bequimão (www.comunidadesantoefrem.com.br), buscando proporcionar aos

pesquisadores um contato direto com a dinâmica celebrativa e comunitária da Igreja

e sua tradição, que possui uma missão em São Luís desde setembro de 2008. Na

ocasião, após a celebração, uma roda de perguntas foi feita junto ao Pároco da

comunidade (ver Figura 1).

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Figura SEQ Figura \* ARABIC 1: Roda de perguntas feitas pelos discentes ao párocoDessa forma, foi possível realizar um levantamento iconográficos dos elementos

constituintes do contexto na qual os fiéis (usuários) estão inseridos, elemento

imprescindível para o desenvolvimento do livro dentro dos objetivos definidos pelo

projeto. O levantamento gerou um catálogo de vetorizações de elementos

iconográficos do objeto de estudo em questão. As Figuras de 02 a 06 apresentam

parte dos resultados do levantamento iconográfico realizado e suas respectivas

vetorizações.

Figura 2: Padrões tradicionais de bordados presentes nos paramentos litúrgicos dos

diáconos e sacerdotes.

Fonte: Arquivo Pessoal

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Figura 3: Elementos simbólicos mesclados em diversos objetos e demais alfaias.

Fonte: Arquivo Pessoal

Figura 4: Vestes talares dos diversos graus hierarquicos.

Fonte: Arquivo Pessoal

Dada a coleta e a apropriação dos elementos constituintes do contexto estudado,

partiu-se para Análise dos Dados, que serviriam de base para geração de ideias.

Esta etapa realizou-se durante os encontros presenciais na Universidade CEUMA,

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analisando e selecionando os dados colhidos a partir das atividades desenvolvidas

durante a etapa de Coleta de Dados. Esta análise é imprescindível para o processo

pois há a “análise das partes e qualidade funcionais dos similares”, além da

“compreensão do que não se deve fazer do projeto” (FREITAS, p. 10, 2010).

No tocante ao levantamento realizado junto a livros similares voltados para o

público infantil, foi possível observar algumas diferenças entre livros indicados para

crianças com até 03 anos de idade e a partir dos 03 anos de idade, como por

exemplo diferenças na coloração e acabamento das ilustrações.

Figura 5: Exemplo de livro para crianças até os 3 anos (esq.) e de livro para crianças

a partir dos 3 anos.

Fonte: Website Livraria Cultura Infantil

É possível observar na figura 05, à esquerda, uma capa de livro infantil marcada

por cores sólidas e acabamento limpo, enquanto na capa à direita, é possível notar

um maior número de tonalidades diferentes de uma mesma cor, devido ao

sombreamento e o acabamento esfumaçado de alguns detalhes, bem como uma

hierarquia de informações menos alinhada. Foi observado, inclusive, que a tipografia

é mais regular para o público de menor faixa etária nos exemplos analisados,

fazendo um paralelo ao momento de desenvolvimento da leitura dessa faixa etária,

com letra bastão no título dos livros e nos textos que narram histórias, o que

expressa a defesa de Cagliari (1999) que afirma que o aprendizado de letras

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cursivas, também chamadas de “a mão” é indicado para crianças já alfabetizadas,

ou seja, que já entendem a lógica de um sistema de escrita organizado.

Figura 6: Exemplos A, B e C de livro para crianças.

Fonte: Website Livraria Cultura Infantil

Dentro dos exemplos selecionados, foram observadas algumas características

como a quantidade de páginas, o tipo de acabamento e a existência de jogos e

demais conteúdos interativos, contudo, o principal aspecto considerado

correspondeu ao seu projeto gráfico. Elementos como ilustração e tipografia foram

analisados, como mostra a Tabela 1:

Exemplo A Exemplo B Exemplo C

Título da obra Doces princesas Dinossauros

incríveis

Eu amo você do

jeito que é

Subtítulo -- -- --

Nº de páginas 10 10 32

Tipo de acabamento

Capa dura e miolo

cartonado

Capa dura Capa mole

Principais cores

Rosa, verde e azul Laranja, verde e

azul

Amarelo, laranja

e azul

Tipo de traço Com contorno Com contorno Com contorno

Tipo de coloração

Preenchimento

com degradê, com

Preenchimento

com degradê, sem

Preenchimento

com degradê,

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sombreamento

sutil

sombreamento com

sombreamento

sutil

Quantidade de planos

Três Três Um

Quantidade de tipos (tipografia)

Dois Dois Dois

Estilo da tipografia principal

Negrito, reta, sem

serifa, somente a

primeira letra em

caixa alta

Negrito, reta, sem

serifa, somente a

primeira letra em

caixa alta

Negrito, reta,

sem serifa,

somente a

primeira letra

em caixa alta

Jogos Sim, quebra-

cabeça

Sim, quebra-

cabeça

Não consta

Tabela 1: Características identificadas em livros de temática livre.

Fonte: Elaborado pelo autor, com base na pesquisa realizada..

.

De modo geral, os livros possuíam uma média de 15 páginas, em sua maioria

com capa dura. A maior parte das capas analisadas foram ilustradas com a

utilização de contornos bem definidos, em formas mais estilizadas, coloridas em

degradê suave, com sombreamento em uma composição com dois planos (o

personagem principal em primeiro plano, um cenário em segundo plano) ou três

(colocando o personagem principal em destaque). As cores mais presentes foram o

azul e o verde, somado a uma cor quente. Quanto à tipografia, foi observando uma

constância de letra bastão, com negrito no título do livro e conteúdo formado por

letras retas, não serifadas e somente a primeira letra em caixa alta.

O mesmo perfil de análise foi utilizado para livros infantis de temática religiosa a

venda no mercado, como os apresentados na Figura 06.

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Figura 7: Exemplos A, B e C de livros infantis de temática religiosa a venda no

mercado.

Fonte: Website Cia dos Livros

Com base nos exemplos selecionados, foi desenvolvida a Tabela 2, formada

exclusivamente por livros infantis de temática religiosa, com as características do

projeto gráfico. Os livros geralmente possuíam capa mole, porém com jogos e

atividades interativas.

Exemplo A Exemplo B Exemplo C

Título da obra O nascimento de

Jesus

Nascimento de

Jesus

O nascimento de

Jesus

Subtítulo -- Aprendendo com

a Bíblia

--

Número de páginas

8 16 10

Tipo de acabamento

Capa mole Capa mole Com textura e

capa dura

4 principais cores encontradas

Azul, verde,

amarelo e branco

Azul escuro, azul

claro, amarelo e

salmão

Amarelo, azul,

vermelho e

marrom

Tipo de traço Maior parte sem Com contorno Com contorno

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contorno

Tipo de coloração

Preenchimento

com degradê

sutil, com

sombreamento.

Preenchimento

com degradê, com

sombreamento

Preenchimento

com degradê,

com

sombreamento

Quantidade de planos

Dois Um Três

Quantidade de tipos (tipografia)

Dois Três Dois

Estilo da tipografia principal

Negrito, reta,

sem serifa,

somente a

primeira letra em

caixa alta

Negrito, reta, sem

serifa, em caixa

alta

Sem negrito, reta

sutilmente

cursiva, somente

a primeira letra

em caixa alta

Jogos Sim, quebra

cabeça

Não consta Sim, porém não

especificadas

Tabela 2: Características identificadas em livros de temática religiosa.

Fonte: Elaborado pelo autor, com base na pesquisa realizada.

A maior parte fez o uso de contornos bem definidos, em formas simplificadas,

porém com um maior número de personagens, coloridos com preenchimento

degradê suave, com sombreamento. A composição comumente trazia dois ou três

planos (personagens bíblicos participando de uma cena em primeiro plano e um

cenário com elementos simbólicos em segundo plano). As cores mais presentes

foram a azul, verde, branco e amarelo. Quanto à tipografia, novamente foi observada

uma constância da letra bastão, em negrito no título, letra reta e não serifada, com

apenas a primeira letra em caixa alta.

Quanto às características para definição dos personagens, foi identificado que na

maioria dos desenhos, as personagens possuíam o tamanho da cabeça um pouco

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maior em relação ao tamanho do corpo. Os olhos limitavam-se a pequenos pontos,

nariz arredondado e boca com traços simples. Essas características indicam a

necessidade de formas simples para facilitar a identificação pelas crianças, o que foi

fundamental para o planejamento dos personagens do livro desta pesquisa. A partir

desses dados, foi possível iniciar o processo de desenvolvimento das primeiras

ideias, bem como do roteiro do livro, compondo a etapa de Criatividade.

4.1.3 Criatividade, Materiais e Técnicas e Experimentação

Nesta etapa, a equipe foi dividida em dois grupos, com base nas habilidades e

identificação pessoal dos discentes com as atividades a serem realizadas, sob

supervisão dos docentes orientadores. Um grupo ficou responsável pela criação dos

desenhos e outro com o conteúdo textual e simbólico do livro.

Para Löbach (2001), “gerar ideias é a produção das diversas alternativas

possíveis para solucionar um problema em questão” (LÖBACH, p. 153, 2001).

Portanto, nessa etapa foram feitos os esboços das propostas (personagens,

diagramação etc) como atividade domiciliar e no próprio Laboratório Escritório

Escola, do Campus Renascença da Universidade CEUMA, durante os encontros

presenciais. Os desenhos eram feitos a partir do confronto das definições iniciais do

projeto com os dados colhidos e suas análises, convergindo ideias e gerando

propostas de solução, nos diversos âmbitos que compunham o projeto,

especialmente em seu patrimônio simbólico, próprio da natureza do tema.

Figura 8: discentes participantes do projeto durante a etapa de Criatividade

Fonte: Arquivo pessoal

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Ainda compondo a etapa de Criatividade, foi definido que o livro seria

desenvolvido com conteúdo concentrado em 30 páginas. Apesar de ser uma

quantidade não tão usual em livros para crianças dessa faixa etária, pois na

pesquisa de similares a média foi de 10 páginas, o valor foi considerado pela

natureza do conteúdo, em seu caráter instrutivo e de integração com o meio no qual

os usuários estão inseridos. Várias páginas são em formato duplo, intercaladas por

páginas de conteúdo interativo, sendo estes concentrados no final do livro. A partir

disso, o roteiro foi elaborado na seguinte ordem:

• Capa;

• Contracapa: página em branco;

• Página 1 (simples): página convite com a personagem principal (Sofia)

olhando para a igreja;

• Página 2 e 3 (dupla): página introdutória com história;

• Página 4 (simples): Sofia encontra o irmão na porta da igreja;

• Página 5 (simples): Sofia e seu irmão estão entrando na igreja;

• Página 6 e 7 (dupla): Sofia pergunta ao irmão o que há de legal na igreja e ele

vai citando alguns itens;

• Página 8 (simples): Sofia pergunta ao irmão o que tem no altar da igreja;

• Página 9 (simples): Página com jogo no qual vários artefatos aparecem

identificados;

• Página 10 e 11 (dupla): Sofia pergunta ao irmão sobre as roupas dos clérigos;

• Página 12 e 13 (dupla): Os clérigos são apresentados;

• Página 14 (simples): Texto explicativo sobre o que os diáconos fazem;

• Página 15 (simples): Sofia lembra que as mulheres podem ser diaconisas;

• Página 16 e 17 (dupla): Texto explicativo sobre quem são os padres;

• Página 18 e 19 (dupla): Texto explicativo sobre os símbolos da igreja;

• Página 20 e 21 (dupla): Os sacramentos são explicados com várias cenas;

• Página 22 e 23 (dupla): O padre aparece com os paramentos “flutuando”,

identificados;

• Página 24 (simples): Ilustração do padre com paramento completo.

• Página 25 (simples): Página interativa com jogo sobre a roupa dos padres;

• Páginas 26, 27, 28, 29 e 30: Conteúdo interativo.

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O roteiro permitiu a construção de um storyboard com o planejamento da lógica

sequencial da história proposta. O storyboard consiste no esboço sequencial das

ilustrações que serão desenvolvidas para o livro. Dessa forma foi possível o

planejamento de todo o livro, prevendo páginas simples e duplas.

Figura 9: Storyboard desenvolvido pelos alunos

Fonte: Arquivo pessoal

A partir da conclusão, devidamente revisada pelos docentes orientadores, dessas

etapas, os discentes puderam trabalhar na seleção e definição de materiais para

execução do projeto, compondo a etapa de Materiais e Técnicas propostas pelo

método escolhido. Esta etapa é caracterizada pela coleta e seleção de informações

referentes a materiais e tecnologias disponíveis para realização do projeto

(FREITAS, 2013) de acordo com os requisitos definidos nas etapas iniciais. Dessa

forma, visando compatibilizar a riqueza das ilustrações com a qualidade do material

disponibilizado para o público, haja visto que será manuseado também por crianças,

configurou-se como material para a confecção dos livros os seguintes itens listados:

● Milo em papel Couché com acabamento fosco 120 g/m²;

● Dimensões: 300 x 500 mm (miolo);

● 500 mm total com página aberta (miolo);

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● Capa com impressão em papel Couché de 115 g/m², sobre papel Paraná

277 g/m² nas dimensões 31x51 cm.

A etapa de Experimentação foi realizada através de confirmação das definições

feitas na etapa anterior junto a gráficas que trabalham na produção desse perfil de

material, visando otimização do uso de matéria prima e custos de produção, o que

gerou mudanças quanto ao formato, adequando o projeto as dimensões do formato

padrão A3 (297 x 420 mm) que melhor respondia a questões de corte ordinário

usados no mercado, o que não apresentou mudanças substanciais na configuração

do projeto.

4.1.1 Modelo, Verificação, Desenho Construtivo e Solução

A partir da conclusão das etapas anteriores, os discentes puderam partir para

construção dos Modelos, tanto dos personagens (em diversos ângulos e posições),

elementos de cenário (área externa e interna da Igreja) e de composição com o texto

(balões e quadros) com características adequadas ao conjunto apresentado no

catálogo de vetorizações desenvolvido no item 4.1.2, quanto da “boneca” do livro em

si (Figura 10), podendo a partir disso aplicar o Modelo a etapa de Verificação.

Figura 10: Capa da boneca do livro

Fonte: Arquivo pessoal

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Com a impressão dos modelos em papel Couché fosco, verificou-se que a

predominância de tons de amarelo dificultava a identificação de elementos de

expressão dos personagens, além de deixar a leitura cansativa, devido aos tons

quentes e ao alto contraste, especialmente com a cor preta. Diante da identificação

dessa questão, foram propostas mudanças nas paletas utilizadas nas composições

gráficas, resultando a melhoria da leitura e identificação dos elementos gráficos e

simbólicos (Figura 11).

Figura 11: Exemplo de página interna com paleta de cores revisada

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 12: Páginas internas no livro que compõem o Desenho Construtivo

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Fonte: Arquivo Pessoal

Dadas as revisões e conclusão dos modelos, devidamente verificados, os

discentes puderam partir para a etapa de Desenho Construtivo, que converge

todas as instruções para execução do artefato. Quanto a tipografia, foi definido o uso

do tipo Yanone Kaffeesatz (Figura 13) do estúdio de design alemão Yanone (com

licença livre para uso comercial), em formato bastão com traços suaves, em

concordância com as definições e reflexões anteriores.

Figura 13: Tipografia Yanone Kaffeesatz

Fonte: https://www.yanone.de/

Os desenhos e definições foram reunidos em formato digital (Figura 12)

desenvolvido com o software Adobe Illustrator padronizado para impressão (com

margens, sangria etc), respondendo aos requisitos do projeto e caracterizando a

Solução do Problema proposto.

5. Conclusão

Considerando a complexidade do tema proposto, que exigiu dos envolvidos no

projeto uma imersão em um contexto distinto do que ordinariamente é encontrado

como experiência religiosa no ocidente, condicionando os participantes a uma

releitura de conceitos e quebra de paradigmas pessoais quanto a tradição religiosa

cristã, o projeto deu-se com um resultado satisfatório, especialmente nos

levantamentos e procedimentos próprios da metodologia projetual específica do

design.

A ênfase do próprio tema do projeto, ou seja, o trabalho com métodos projetuais

de design e o estudo de símbolos, demonstrou todo seu potencial de desafio aos

profissionais de design no desenvolvimento de artefatos, permitindo aos discentes

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envolvidos no projeto uma experiência única naquilo que diferencia o design das

demais áreas de conhecimento que permeiam o processo criativo: o projeto.

Ainda, o projeto conduziu os discentes a produção de ferramentas não previstas

inicialmente, como o catálogo de vetorizações, o que caracteriza também a

metodologia projetual em design como um processo dinâmico de obtenção de

resultados, resultando numa constante revisão de requisitos e ampliação do uso de

técnicas e ferramentas de projeto.

6. Referências Bibliográficas

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