Sedna, A Deusa Mutilada - Fernando Fernandes (Astrolo

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ASTROLOGIA, ASTRONOMIA E MITOLOGIA Sedna, a deusa mutilada Fernando Fernandes Sedna, o planetóide recém-descoberto além da órbita de Plutão, ganhou o nome de uma deusa esquimó mutilada e traída que simboliza a iminência do desastre ambiental que ameaça nossos oceanos. Conheça o triste mito da mulher que se casou com um cão, foi esfaqueada pelo pai e carrega caranguejos nos cabelos. Em 15 de março de 2004 astrônomos americanos confirmaram oficialmente a descoberta de mais um planeta - ou planetóide - no sistema solar, que recebeu o nome de Sedna. A classificação de planeta parece, em princípio, pouco apropriada, seja pelas reduzidas dimensões (menor do que Plutão e pouco maior do que Quaoar, descoberto em 2001), seja pelo ainda insuficiente volume de informações sobre a órbita desse longínquo e gélido corpo celeste. Entretanto, por menor que seja e por menos que se saiba sobre ele, Sedna é o mais importante objeto encontrado desde a descoberta de Plutão, em 1930. E mais: descobertas de corpos celestes costumam coincidir com a ampliação dos horizontes civilizatórios, como se cada novo planeta representasse a emergência de um novo processo na consciência humana.

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ASTROLOGIA, ASTRONOMIA E MITOLOGIA

Sedna, a deusa mutilada Fernando Fernandes

Sedna, o planetóide recém-descoberto além da órbita de Plutão, ganhou o nome de uma deusa esquimó mutilada e traída que simboliza a iminência do desastre ambiental que

ameaça nossos oceanos. Conheça o triste mito da mulher que se casou com um cão, foi esfaqueada pelo pai e carrega

caranguejos nos cabelos.

Em 15 de março de 2004 astrônomos americanos confirmaram oficialmente a descoberta de mais um planeta - ou planetóide - no sistema solar, que recebeu o nome de Sedna. A classificação de planeta parece, em princípio, pouco apropriada, seja pelas reduzidas dimensões (menor do que Plutão e pouco maior do que Quaoar, descoberto em 2001), seja pelo ainda insuficiente volume de informações sobre a órbita desse longínquo e gélido corpo celeste. Entretanto, por menor que seja e por menos que se saiba sobre ele, Sedna é o mais importante objeto encontrado desde a descoberta de Plutão, em 1930. E mais: descobertas de corpos celestes costumam coincidir com a ampliação dos horizontes civilizatórios, como se cada novo planeta representasse a emergência de um novo processo na consciência humana.

Novos planetas no céu, mudanças na Terra

DESCOBERTA QUANDO CORRELAÇÕES

Afirmação do Heliocentrismo (Copérnico, Galileu e Kepler)

De 1543 a 1611

Absolutismo monárquico Mercantilismo Racionalismo Cientificismo Cristandade dividida: católicos x protestantes

Urano 1781

Revolução Industrial Ascensão social da burguesia Afirmação do capitalismo e da livre empresa Revoluções americana e francesa Enciclopedismo

Netuno 1846

Socialismo utópico e Manifesto Comunista Organização do proletariado Progressiva substituição do carvão pelo petróleo na indústria Movimentos nacionalistas e étnicos Anestésicos

Plutão 1930

Nazismo e Fascismo - Estado autoritário e anulação da individualidade Desemprego em doses maciças Desenvolvimento da energia nuclear Propaganda a serviço do poder Cultura de massa

Quaoar 2001

Nova modalidade de terrorismo Confronto entre civilizações Guerra tecnológica com motivações arcaicas (Estados Unidos x Talibãs)

Sedna 2004 Distúrbios climáticos inéditos Aprofundamento do confronto entre civilizações

Desde a antiguidade, considerava-se que Saturno representava o limite entre nosso sistema e o restante do universo. Tanto na visão geocêntrica quanto heliocêntrica, Saturno era o último planeta visível, o mais distante, a fronteira final. O progressivo avanço científico permitiu a descoberta de Urano, em 13 de março de 1781, pelo astrônomo inglês William Herschel. Tudo quanto Urano passou a simbolizar tem relação com as grandes questões sociais daquele momento histórico, em que a Revolução Industrial preparava terreno para a Revolução Francesa e a afirmação do estado burguês. A descoberta de Netuno acontece em 23 de setembro de 1846, num período em que o socialismo e os movimentos de massa ganham terreno. Já Plutão, descoberto em 1930, entra em cena no momento da ascensão do nazi-fascismo e dos avanços com a energia nuclear.

Nesta seqüência é possível, então, contextualizar eventos mais recentes, como as descobertas de Quaoar e Sedna. Considerando que os novos

corpos celestes sempre expressam desafios emergentes, basta observar o que vai pelo mundo no momento em que Sedna se revelou aos astrônomos. A conclusão é bastante óbvia: Sedna coincide com os alertas mais dramáticos já emitidos pela natureza e pelos cientistas encarregados de monitorá-la.

A temporada de inverno 2003/2004 foi a mais fria já registrada nos Estados Unidos e na Europa desde o século XIX. Nova Iorque, por exemplo, viu-se às voltas com um clima semelhante ao do Labrador, no litoral canadense, muito mais ao norte. As mortes pelo frio surpreenderam a França e países vizinhos. Enquanto isso, a desertificação se espalha pelo Rio Grande do Sul e pela região subsaariana, na África, em contraste com as enchentes que fazem transbordar açudes no nordeste brasileiro. E se alguém ainda duvidada de que algo está errado, o ciclone - ou furacão? - que atingiu o litoral de Santa Catarina na madrugada de 28 de março acabou de tirar as últimas dúvidas.

O Pentágono sabe muito bem o que está acontecendo. No dia 9 de fevereiro a revista americana Fortune publicou matéria divulgando o relatório Climate Collapse, The Pentagon's Weather Nigthmare (Colapso Climático, o Pesadelo do Pentágono) em que resume as conclusões do estudo sobre as mudanças climáticas no mundo encomendado pela agência americana de defesa. Em 22 de fevereiro a revista britânica The Observer publica nova matéria sobre o mesmo tema, desta vez com grande repercussão em todos os meios de comunicação de massa. Jamais os cientistas foram tão enfáticos. As previsões, absolutamente sombrias, ultrapassam em gravidade até mesmo as preocupações dos grupos ambientalistas, freqüentemente acusados de fazerem tempestade em copo d'água. Desta vez, aliás, não se trata de copo d'água, mas sim de toda a água do planeta.

Segundo o estudo do Pentágono, a Terra está próxima do ponto de ruptura em que o clima pode modificar-se repentinamente. Um cenário bastante plausível é que isso venha a acontecer entre 2010 e 2020, como resultado do aquecimento global e do conseqüente derretimento das geleiras do Ártico. A água doce liberada das geleiras, somada ao aumento do volume de chuvas em outras regiões, reduziria a salinidade da Corrente do Golfo, tornando-a menos densa. Assim, a corrente deixaria de ser submarina e ficaria retida na superfície, sem forças para alcançar as regiões do Atlântico Norte e da Europa Ocidental. Os efeitos seriam o congelamento de boa parte dos países europes, como Inglaterra, Holanda e França. Icebergs seriam vistos até mesmo em Portugal. A temperatura cairia em média três graus em todo o Hemisfério Norte. Seria uma mini-idade do gelo.

Paralelamente, a temperatura estaria subindo nas áreas tropicais. Em muitas regiões do planeta haveria mais chuvas e inundações. As mudanças no habitat natural provocariam a extinção de até metade das espécies hoje existentes, com drástica redução no estoque disponível de alimentos. Os efeitos seriam terríveis para a economia e as comunidades humanas. Países superpovoados, como Japão e Coréia, teriam hordas famélicas prontas a invadir vizinhos com áreas desocupadas, como a Rússia. Um

quarto da população mundial poderia morrer em conflitos bélicos, desastres naturais ou simplesmente de fome.

O estudo do Pentágono considera perfeitamente possível esse cenário apocalíptico e vai direto ao ponto ao apontar a futura necessidade de defender militarmente os Estados Unidos contra multidões de imigrantes miseráveis e desesperados.

Toda essa discussão acontece exatamente entre a descoberta de Sedna, em novembro, e a divulgação da notícia, em março. E, seja por coincidência, seja por uma escolha intencional dos astrônomos, o nome do novo planetóide remete a uma divindade do Ártico cujo mito põe o dedo na ferida mais sensível da tragédia ambiental. Vejamos o mito e suas conexões astrológicas.

Sedna, a mulher do marido-pássaro

Navegando no fundo do oceano:

Novos planetas no céu, mudanças na Terra Sedna, a mulher do marido-pássaro Sedna, mulher do cão e mulher-esqueleto Traduzindo o mito astrologicamente Sedna e o alinhamento de maio de 2000 Outras opiniões sobre Sedna

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Sedna, a deusa mutilada

Fernando Fernandes

Início do artigo | Parte 2

Sedna, a mulher do marido-pássaro

Como os mitos do povo Inuit são transmitidos por via oral, registram-se diversas variações em torno do mesmo tema, dependendo da memória ou da imaginação de cada contador de histórias. Os relatos sobre Sedna, que ocupam um lugar fundamental na cosmogonia ártica, são apresentados sob uma enorme variedade de formas, mas alguns detalhes sempre estão presentes, constituindo o cerne do mito. Vamos a ele.

Sedna, filha de um grande caçador de uma comunidade litorânea, era uma jovem formosa e já em idade de casar. Diversos moços de sua aldeia já se haviam apresentado como pretendentes, mas ela recusara todos. O pai manifestava preocupação, pois estava ficando idoso e não poderia manter Sedna indefinidamente. O melhor destino que uma jovem esquimó pode esperar é casar-se com um caçador jovem e forte, capaz de sustentá-la com os frutos da caça e da pesca. Mas Sedna não se interessava por nenhum pretendente, parecendo esperar por alguém especial.

Um dia apareceu na aldeia um visitante bem apessoado, de aparência sedutora e vestido com belas peles. Prometeu a Sedna que, se ela o aceitasse em casamento, teria sempre uma tenda limpa e confortável, peles macias para dormir e a melhor carne que o Ártico pudesse dar. Disse ainda que garantiria o sustento de seu pai, enviando-lhe periodicamente a caça que a velhice já não lhe permitia obter com tanta fartura outrora.

Encantada, Sedna aceitou a proposta e foi levada por seu novo marido para uma ilha distante. Lá, descobriu a dura verdade: o homem que parecia tão bonito e simpático despiu-se das peles e mostrou ser um fulmar (ave de rapina do Ártico) disfarçado. O marido-pássaro era cruel e de péssimo caráter, mantendo Sedna praticamente prisioneira. Dava-lhe para comer apenas restos de peixe cru e,

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como casa, uma tenda terrivelmente suja e cheia de furos por onde entrava o vento gelado. Sedna chorava todos os dias, e o vento levava seus lamentos para muito longe.

Um dia, ao ouvir os gemidos de Sedna que chegavam com a ventania, seu pai resolveu visitá-la. Desconfiava que algo não andava bem, já que nunca recebera os alimentos que o marido-pássaro um dia prometera. Saiu então, em seu caiaque, remando pelo oceano gelado, em busca da ilha para onde a filha fora levada. Ao chegar perto, ouviu nitidamente os lamentos de Sedna e apressou as remadas. Chegando lá, encontrou a filha infeliz e maltratada. Como o marido-pássaro estava longe, o pai aproveitou para fugir com de Sedna no caiaque, rumando rapidamente para a aldeia nativa. Contudo, a viagem era longa. Em dado momento, pai e filha ouviram gritos e ruflar de asas. Era o marido-pássaro que, tendo descoberto a fuga, vinha furioso, seguido por outras aves de rapina, para buscar a esposa de volta. O pai tentou remar mais rápido, mas de nada adiantou: o marido-pássaro atacou o caiaque com violência e, tocando o mar com a ponta da asa, ordenou que ondas gigantescas se levantassem, tal como nas piores tempestades.

A situação tornou-se desesperadora. Em pânico, o pai de Sedna percebeu que a única forma de salvar a pele seria livrando-se da filha, já que era a ela que o marido-pássaro queria. Então, para surpresa de Sedna, o velho caçador empurrou-a no mar, para que o marido a pegasse. Mas Sedna não tinha nenhuma intenção de morrer, nem de voltar para o terrível marido: com toda a força, agarrou-se com as mãos à lateral do caiaque, num esforço para voltar para bordo. O marido-pássaro ficou furioso e invocou novas ondas ainda maiores. O pai, cada vez mais desesperado, sacou então seu facão de caça e começou a cortar os dedos de Sedna, num esforço para obrigá-la a soltar o barco. Os dedos decepados da jovem foram caindo ao mar, um a um, e transformando-se nas espécies que até hoje habitam as águas do Ártico. Assim surgiram os peixes, as baleias, as focas, os elefantes-marinhos e os outros animais que servem de alimento para o povo Inuit.

Depois de perder todos os dedos, Sedna não conseguiu mais manter-se agarrada ao caiaque. Lentamente afundou nas águas, enquanto as ondas se acalmavam e seu pai conseguia fugir. Mas Sedna não morreu. Desde então vive nos abismos do oceano profundo, onde se transformou na Deusa dos Mares. A fauna do Ártico é sua companhia constante. Quando os homens atentam contra a natureza, quando se deixam levar pelo ódio e pelos interesses mesquinhos, quando não amam seus semelhantes, o peso dos pecados do povo Inuit chega ao coração de Sedna, que se põe a soluçar. Então, todos os animais do Ártico se postam em torno dela, no fundo do oceano, o que faz faltar comida para os caçadores e pescadores. As ondas se levantam, agitadas, e o vento traz tempestades. Vem então uma época de desolação e fúria dos elementos, trazendo a fome para a comunidade.

Para que as coisas voltem ao normal, faz-se necessário um ritual de purificação. É quando entra em cena a xamã da comunidade (uma mulher sábia e conhecedora dos segredos da natureza) que promove um rito em que todos confessam seus erros, penitenciando-se e fazendo promessas de não mais maltratar a terra em que vivem. Então, a xamã entra em transe e vai em busca de Sedna no fundo do

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oceano. Conversa docemente com a deusa, relatando o arrependimento e as promessas de seu povo. Depois desembaraça e penteia os cabelos negros de Sedna, retirando deles com cuidado as algas e os caranguejos. A deusa das águas vai se acalmando aos poucos e pára de chorar. Compadecida com os homens, libera mais uma vez os animais marinhos para que subam à superfície e se ofereçam como alimento.

Sedna, mulher do cão e mulher-esqueleto

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ASTROLOGIA, ASTRONOMIA E MITOLOGIA

Sedna, a deusa mutilada

Fernando Fernandes

Início do artigo | Parte 3

Sedna, a mulher do cão

Há uma variante do mito de Sedna em que, muito antes de casar-se com o marido-pássaro, deixa seu pai enfurecido ao rejeitar o noivo que ele escolhera. Então, o velho grita: "Você me desonrou e me envergonhou! Já que não quer o noivo que escolhi, que fique com o meu cachorro, único noivo digno de uma filha que envergonha o pai!"

Acontece que o cachorro do velho ouvira tudo com muita atenção. À noite, enquanto todos dormem, ele a visita e toma como companheira. Quando o pai acorda e descobre o que aconteceu, sente-se ainda mais desonrado e decide isolar a filha numa ilha deserta. Para que mais serviria uma moça que dorme com um cão? Mas o cachorro realmente gosta de Sedna, principalmente porque ela agora carrega no ventre os frutos daquela noite de amor. Assim, todos os dias o animal nada até a ilha em que Sedna está presa, levando nas costas um embornal cheio de alimentos.

Os mitos de Sedna refletem as duras condições de vida do povo Inuit.

O velho pai, desconfiado e enciumado, vigia o cão e descobre o que está acontecendo. Decide então trocar a comida que ele carrega no embornal por pesadas pedras. Quando o marido-cão pula na água, o peso das pedras faz com que ele afunde e morra afogado. Sem alimentos, Sedna decide salvar os filhos, distribuindo-os por dois caiaques: num vão todos os filhos do marido-cão que também nasceram com aparência de cachorros. Estes chegam à terra firme e se transformam nos ancestrais do homem branco. No outro barco vão os filhos de Sedna que nasceram com aparência humana. Estes também chegam a terra firme e se transformam nos ancestrais do povo Inuit.

Tempos depois, arrependido, o velho pai decide resgatar Sedna de seu exílio. Trazida de volta para a aldeia, ela vive triste até o dia em que chega um belo estranho... que nada mais é do que o marido-pássaro que já conhecemos.

Sedna, a mulher-esqueleto

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Uma outra lenda de grande interesse, também pertencente ao ciclo de Sedna, é a da mulher-esqueleto. Conta-se que um jovem pescador chegou com seu caiaque em uma região de águas profundas e jogou a rede. Ao puxá-las, sentiu que elas traziam algo grande e pesado. Imaginando tratar-se de um peixe avantajado, puxou com todo o entusiasmo até trazer à tona a horrível visão de uma mulher-esqueleto. Era o corpo de Sedna, comido pelos peixes e deteriorado pela longa permanência nas águas abismais. Apavorado, o pescador pôs-se a remar a toda velocidade. Entretanto, quanto mais rápido remava, mais rápido o esqueleto era arrastado atrás dele, pois os ossos haviam-se enroscado nas redes de pesca. Chegando em terra, o pescador se pôs a correr com quantas pernas tinha. Como levava com ele a rede, a mulher-esqueleto vinha junto, pulando e chacoalhando os ossos. O pescador pulou para sua tenda, achando que ali estaria protegido, e levou um enorme susto ao descobrir que o esqueleto entrara com ele. Conseguindo superar a sensação de pavor, só então o rapaz tomou coragem para olhar com mais atenção a mulher-esqueleto e descobrir que ela só o seguira porque seus ossos descarnados estavam enroscados na rede. Então, pela primeira vez o pescador sentiu compaixão por aquela mulher agora transformada num monte de ossos. Aproximou-se, tomou coragem e começou a desembaraçar os ossos dos fios da rede. Aos poucos, libertou todo os ossos do esqueleto e deitou-os cuidadosamente sobre uma confortável pele de urso. Encerrado o trabalho, e percebendo que nada mais podia fazer por aquele esqueleto que um dia fora uma mulher, foi dormir com uma lágrima a escorrer dos olhos.

Acontece que, depois de dormir um tempo imemorial no fundo do oceano, a mulher-esqueleto sentiu-se confortável e aquecida pela pele de urso. Então ela acordou, viu seu benfeitor a dormir e viu também a lágrima a escorrer-lhe do olho. Como a mulher-esqueleto tinha sede, levantou-se e bebeu a lágrima do pescador. E bebeu muito e muito, porque sua sede vinha de muito longe. Depois percebeu que o pescador fizera comida, e comeu um pouco dela. E como sua fome vinha de muito longe, ela comeu e comeu e comeu, até sentir-se aquecida por dentro. E aos poucos a carne foi de novo cobrindo seus ossos, e seus cabelos cresceram belos outra vez, e seu corpo foi tomando forma. Quando o pescador acordou, descobriu que uma linda mulher dormia a seu lindo. Não é preciso dizer que os dois ficaram juntos desde então, e que jamais faltou boa pesca para ele, pois ela sempre sabia lhe dizer onde jogar a rede.

Para resumir, é importante ressaltar alguns pontos que são comuns a todas as lendas:

· Sedna recusa os pretendentes "normais", o que a acaba levando a uma situação-limite: ter de aceitar como marido um pretendente que sequer pertence à espécie humana.

· O marido-pássaro de Sedna consegue levá-la para a ilha à custa de disfarces, mentiras e promessas não cumpridas.

· O pai de Sedna tenta salvá-la, mas na hora em que a moça mais necessita dele, acovarda-se e tenta livrar-se da filha para salvar a própria pele.

· Dos dedos de Sedna, cortados em algumas lendas, quebrados ou congelados em outras, nasce toda a vida marinha.

· Mesmo traída, infelicitada e abandonada no fundo do mar, Sedna continua a prover a vida do povo na superfície, permitindo que a fauna marinho do Ártico se ofereça como alimento para os homens. Contudo, Sedna sofre com os desvios humanos. Seus soluços e sua inquietação provocam desequilíbrios climáticos e fome.

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· Só mediante um ato de purificação coletiva a xamã consegue fazer contato com Sedna e restabelecer as condições propícias à vida.

Isto é o básico. A questão que nos interessa é: por que uma deusa dos esquecidos esquimós da região ártica é, de repente, projetada nos céus e elevada à condição de "patrona" do possível décimo planeta? Qual o simbolismo por trás do fenômeno?

Traduzindo o mito astrologicamente

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ASTROLOGIA, ASTRONOMIA E MITOLOGIA

Sedna, a deusa mutilada

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Traduzindo o mito astrologicamente

Sedna é seguidamente submetida, seqüestrada, traída e mutilada por figuras do mundo masculino. Pensemos nas correspondências astrológicas presentes no mito: tanto o pai quanto os pretendentes que ela dispensa são caçadores, ou seja, são representações do homo faber, aquele que já desenvolveu a perícia para produzir ferramentas e com elas dominar o entorno. Esta ampliação de capacidades materiais resulta do conhecimento técnico (algo que pode ser associado a Mercúrio e a seus signos, Gêmeos e Virgem, assim como às casas 3 e 6) e se transforma também em poder no âmbito social, o que nos conduz diretamente a Saturno. Os dois homens fundamentais na vida de Sedna são figuras em parte Mercúrio e em parte Saturno: o marido-pássaro (elemento Ar) - que voa e controla as forças da natureza para seus propósitos e o velho pai, um Saturno que exerce um papel mercuriano ao levar e trazer pretendentes para a escolha da filha. Quando Sedna tenta livrar-se do marido-pássaro agarrando-se às bordas do caiaque, seus dedos (Gêmeos, Mercúrio) são cortados, o que a impele inexoravelmente para o fundo do oceano. O simbolismo é rico, comportando várias interpretações:

- a desconexão entre o feminino e o masculino, o inconsciente (o fundo do oceano) e a consciência (o elemento Ar, a superfície);- a dramatização da tensão essencial entre os signos mercuriais (Gêmeos e Virgem, ligados à técnica e ao conhecimento) e seus opostos, Sagitário e Peixes, ligados à fé, à comunhão com forças mais amplas e à integração com o todo;- o rompimento violento do pacto com a natureza e com as forças da vida, consubstanciadas em Sedna e em seu elemento, a água salgada do fundo do mar (em analogia com o ambiente do útero).

Ao romper com a natureza, o homem deixa de compreender os grandes ciclos e entra em descompasso com o cosmo, o que leva ao des-astre. As guerras e o desequilíbrio ambiental são as conseqüências diretas dessa atitude irrefletida, o que obriga a uma tentativa de reconexão que só é possível mediante o acionamento das forças femininas (a sensibilidade, a compaixão, o movimento de comunhão com o todo). Ao mergulhar no oceano e pentear os cabelos de Sedna, a xamã entra outra vez em contato com as forças arcaicas do elemento Água (peixes, caranguejos) e recupera a percepção dos ritmos essenciais.

A variante do mito que aparece na história da mulher-esqueleto também fala de compaixão e empatia, resgatando sob outra forma a importância dos elementos femininos - Água e Terra - que precisam contrabalançar o excessivo ímpeto destrutivo dos elementos masculinos - Ar e Fogo - quando desconectados dos demais. Finalmente, o casamento de Sedna com o cão indica que ela ainda preserva a capacidade de interagir com os seres naturais.

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Astrologicamente, o mito de Sedna tem analogia com conteúdos relacionáveis a diversos signos e planetas. Peixes e Netuno são associações óbvias, especialmente se considerarmos que o mundo toma consciência do novo corpo celeste com Urano transitando pelos primeiros graus do signo que rege os oceanos. Mas os elementos cancerianos e lunares também estão presentes, seja pelos caranguejos nos cabelos seja pela ligação da deusa com o ciclo de produção do alimento. Neste sentido, Sedna é uma deusa nutriz, uma grande mãe.

Sedna é ainda uma negação de Saturno e Mercúrio, o que a associa novamente a Câncer (exílio de Saturno) e também a Peixes (exílio de Mercúrio). É claro que também podemos pensar em Sagitário, mas a dinâmica pisciana do martírio e da compaixão parece ser mais adequada a essa deusa sofrida e mutilada.

Todavia, nada explica melhor o simbolismo da deusa dos Inuit quanto uma faceta pouco explorada de Touro, que é o de ser o exílio de Plutão, ou o lugar onde a possibilidade da destruição radical e absoluta precisa ser enfrentada mediante o desenvolvimento da absoluta inclusividade. Não se trata apenas da inclusividade pisciana, feita de dissolução de limites e de integração psíquica, mas de um conceito mais amplo e mais palpável, que envolve a compreensão de que toda a vida planetária está integrada numa única teia. Falamos de sustentabilidade, conceito auto-explicativo em sua conotação terráquea e fixa. E quando lembramos tal conceito, não nos referimos apenas à natureza que nos provê do que necessitamos, mas da possibilidade de esta natureza regenerar-se e recompor recursos para a continuidade do ciclo da vida. É o ciclo equilibrado da destruição e da recomposição, a dinâmica contrastante de Plutão e Sedna que se expressa na oposição Touro-Escorpião.

Não se trata de defender que Sedna seja o novo regente de Touro, ao menos no que tange à interpretação de cartas individuais.[*] Corpos celestes tão lentos e invisíveis, como Quaoar e Sedna, não sinalizam processos que possam ser trabalhados exclusivamente no nível pessoal, mas sim as grandes questões que civilizações inteiras são obrigadas a confrontar. Na medida em que a globalização e a tecnologia impõem novas possibilidades até então impensáveis, como a da destruição violenta de toda a humanidade, surgem novas entidades celestes que corporificam tais situações no plano simbólico. Sedna pertence a este domínio, e sua descoberta pode ser considerada como um foco que se acende sobre um problema de enfrentamento inadiável.

Sedna e o alinhamento de maio de 2000

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ASTROLOGIA, ASTRONOMIA E MITOLOGIA

Sedna, a deusa mutilada

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Início do artigo | Parte 5

Sedna e o alinhamento de maio de 2000

Segundo informação do astrólogo Mario F.Raskovsky, de Salta, Argentina, que manteve contato direto com um dos descobridores de Sedna, o astrônomo Chadwick A. Trujillo, a primeira identificação do planetóide aconteceu precisamente às 6 horas 32 minutos e 57 segundos UT, em Pasadena, Califórnia, no dia 14 de novembro de 2003. Naquele momento Sedna encontrava-se em 15º3'44" de Touro, bem próximo do Meio do Céu.

Descoberta de Sedna - 14.11.2003, 6h32m57s UT - Pasadena, California - 33n19, 116w52.

Sedna estava também em oposição ao Sol em Escorpião - ativando exatamente o eixo da sustentabilidade e da reciclagem. Com Leão no Ascendente, o Sol é o regente da carta e seu posicionamento na casa 4 chama a atenção para a necessidade de iluminar questões estruturais. Entretanto, o fato mais impressionante é a forma como Sedna ativa o mapa do grande alinhamento de 3 de maio de 2000. Naquela ocasião, os sete planetas visíveis estiveram juntos em

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Touro, sendo que Sol, Júpiter e Saturno apresentavam-se em graus muito próximos da posição atual de Sedna.

O mapa da descoberta de Sedna (planetas internos) e o grande alinhamento em Touro de maio de 2000 (planetas externos, com destaque para a conjunção Sol-

Júpiter-Saturno). Sedna está marcado em vermelho.

Trata-se, portanto, de uma reiteração do significado daquele alinhamento, que já analisamos em detalhes na edição nº 23 de Constelar (maio de 2000). Eis alguns trechos do artigo escrito há quatro anos, que comparava o alinhamento em Touro com o anterior, quando os sete planetas visíveis se reuniram em Aquario, em 1962:

O novo alinhamento ocorre em Touro, signo que, ao contrário de Aquário, traz de volta para o primeiro plano as duas preocupações básicas da humanidade, desde seus primórdios: alimentação e segurança. Em torno destes dois conceitos centrais, articulam-se outros, como o de valor (atributo de Vênus, regente de Touro), território, relação com o mundo físico e vida econômica. Para expressar com mais intensidade o contraponto entre os dois alinhamentos, agora é Urano, o regente moderno de Aquário, que está de fora a confrontar por quadratura os planetas em Touro. (...) Os desafios não resolvidos do alinhamento anterior voltarão à tona sob outra ótica, o que revela uma padrão de continuidade, reforçado por envolver a cruz dos signos fixos e aspectar também as posições planetárias do eclipse de agosto de 99.

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Constelar

Considerando que Touro é signo vinculado à Terra e à natureza, a presença ali dos sete planetas clássicos coloca em evidência a questão ambiental em escala planetária. No marco da conjunção Júpiter-Saturno, os próximos meses ou anos devem mostrar um foco permanente na qualidade de vida. Há duas possibilidades: o início real de ações de grande porte com vistas a deter a degradação ambiental e preservar a biodiversidade (preservação é um atributo taurino) ou o aprofundamento do atual quadro de crise, com o risco de comprometimento permanente de solos e florestas, avanço da desertificação, queda na produtividade da agropecuária e aumento das áreas de fome endêmica.

Sabemos hoje que a crise já atinge níveis de saturação. O Protocolo de Kioto, que poderia gerar condições reais de reversão do quadro, vem sendo sabotado pelos Estados Unidos, país responsável por 25% da devastação ambiental do planeta. Estamos correndo para o desastre. Resta a Sedna chorar no fundo do oceano pela mutilação do planeta.

Leia também: Outras opiniões sobre Sedna

Leia outros artigos de Fernando Fernandes.

Navegando no fundo do oceano:

Novos planetas no céu, mudanças na Terra Sedna, a mulher do marido-pássaro Sedna, mulher do cão e mulher-esqueleto Traduzindo o mito astrologicamente Sedna e o alinhamento de maio de 2000 Outras opiniões sobre Sedna

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POLÊMICA

Outras opiniões sobre Sedna

Pesquisa de Constelar

Escreve William Lonzar, de Campinas:

O signo de Touro é regido por Vênus, que também rege Libra, assim como Mercúrio é regente de Gêmeos e Virgem. Há tempos aguarda-se que os astrônomos venham a descobrir planetas cujas características possam determinar sua co-regência sobre um destes signos. Enquanto isto não ocorre, Vênus e Mercúrio respondem satisfatoriamente pelas qualidades dos mesmos. Entretanto, Sedna foi dado a conhecer em sua órbita pelo signo de Touro. Talvez possa estar indicando uma possível passagem pelo seu domicílio. Além disso, se levarmos em conta a seqüência dos regentes, pelo zodíaco, verificamos que Urano rege Aquário, Netuno - Peixes, Plutão co-regente em Áries e Sedna, na seqüência, seria co-regente em Touro. Por outro lado, Sedna poderia ser co-regente em Libra, uma vez que viria após Plutão, que rege Escorpião.

Sedna foi batizado com o nome da deusa do mar dos Inuits (que são as tribos do Ártico) e que na mitologia seria responsável pela criação de todos os seres marinhos. A intuição dos astrônomos veio em função das gélidas temperaturas do astro. Mas oficialmente o objeto é conhecido com o código 2003 VB12.

Seria este batismo um indicador inconsciente das qualidades astrológicas de Sedna? Mar, gelo, criação, mulher... Touro é signo do elemento Terra, enquanto Libra do elemento Ar. Touro é feminino, yin, enquanto Libra é masculino, yang. Touro é frio e seco. Libra é quente e úmido. Talvez Touro leve pequena vantagem nesta comparação. São características a se pensar.

(http://wlonzar.sites.uol.com.br)

Efemérides no Astrodienst:

O site Astrodienst disponibilizou efemérides de Sedna (ainda sujeitas a controvérsia), que podem ser utilizadas no cálculo online do mapa (o serviço é grátis). De acordo com tais efemérides, Sedna estaria em 7º44' de Áries no dia 1º de janeiro de 1900; entrou em Touro entre 1965 e 1967 e desde então vem avançando lentamente por esse signo. Eis o link para as efemérides:

http://www.astro.com/swisseph/sedna.htm

Nomes de planetas são aleatórios?

O astrólogo paulista Everton Batista Ribeiro questiona, na lista de discussão Zigurat, o fato de que quem nomeia novos planetas são astrônomos sem nenhum conhecimento astrológico e com duvidosa base em mitologia. Assim, nada garante que a relação entre o nome dos novos corpos celestes e suas correspondências simbólicas possam realmente ser levadas em conta.

Já Barbara Abramo, ferrenha defensora da Astrologia Clássica, foi ainda mais radical: "Quero deixar claro que de primeiro não vai ser um pedaço de pedra circulando por aí que irá me convencer que a astrologia nao funciona bem do jeito

Constelar

http://www.constelar.com.br/revista/edicao70/sedna6.php (1 of 2)21/9/2004 23:08:22

Constelar

que está. As is." Mesmo assim, Barbara admite que possa existir alguma correspondência por sincronicidade entre a descoberta de Sedna e o atentado que matou mais de 200 pessoas em Madri, na Espanha, em 11 de março.

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