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SECRETARIA DO ESTADO DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

IES: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

(UNIOESTE)

NÚCLEO REGIONAL DE CASCAVEL

NOME – VERA LUCIA MIRANTE CHIELI

TÍTULO - O PERFIL PROFISSIONAL DO PROFESSOR DE GEOGRAFIA NO

MUNICIPIO DE VERA CRUZ DO OESTE - PR VERA CRUZ DO OESTE 2011

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A – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO UNIOESTE – Marechal Cândido Rondon

ÁREA: Geografia

ALUNA - PDE: Vera Lucia Mirante Chieli

INTERVENÇÃO: Professores da Educação Básica – Ensino Fundamental e Médio

MUNICÍPIO: Vera Cruz do Oeste

ORIENTAÇÃO: Prof. Dr. Edson dos Santos Dias - UNIOESTE

NRE: Cascavel

Escola de Implementação: Colégio Estadual Vital Brasil - EFM

B - TEMA DE ESTUDO DO PROFESSOR PDE

- O perfil e a visão do professor de Geografia sobre o ensino dessa disciplina na

Educação Básica

C - TÍTULO

- O perfil profissional do professor de Geografia no município de Vera Cruz do

Oeste - PR

D – JUSTIFICATIVA DO TEMA DE ESTUDO

Sendo a escola uma instituição de responsabilidade social, deve ela em sua

proposta de ação assegurar um trabalho para possibilitar o entendimento e a

reflexão sobre a realidade da sociedade nas quais os alunos estão inseridos e a

complexidade das relações que nela existem. Conforme asseguram as Diretrizes

Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná a Geografia foi e ainda é

uma importante área de pesquisa acadêmica.

O tema abordado nesse trabalho se constitui a partir da necessidade de

pesquisar e analisar o perfil e a visão dos professores de Geografia sobre o ensino

dessa disciplina na Educação Básica das escolas estaduais do município de Vera

Cruz do Oeste/PR, sendo eles Colégio Estadual Marquês de Paranaguá e Colégio

Estadual Vital Brasil. Tal pesquisa busca entender como os professores, sujeitos

históricos, com seus hábitos e costumes, valores e crenças, podem encontrar na

escola o espaço público para transmitir e desenvolver conhecimentos adquiridos ao

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longo de sua trajetória escolar, e avaliar o grau de satisfação em sua atividade

profissional. Nesse processo, alunos e professores da Educação Básica farão parte

da investigação por meio de entrevistas e questionários que darão suporte aos

levantamentos necessários para um discussão que colabore no sentido da criação

de melhores condições no processo de ensino e aprendizagem.

O tema enfoca as questões mais pertinentes à nossa formação sendo elas:

as exigências do século atual, com relação à profissão docente; a subjetividade e as

relações humanas; os novos paradigmas educacionais, as mudanças no setor

profissional, a ética profissional, o surgimento de novos modelos de formação do

profissional da educação; as exigências de uma formação cada vez mais

continuada. (KULLOK, 2000, p.10)

Veicula - se com freqüência, no meio educacional, a ideia de que o

professor deveria ser um profissional mais dedicado e que trabalhasse por vocação.

Kullok nos faz refletir sobre quem julga o professor:

Atualmente, os professores são acusados de quase tudo. São culpados do fracasso da educação, da falência do sistema educacional, da não aprendizagem dos seus alunos, entre outros. No entanto, pouco se pergunta que profissional é este, o professor? Quais as condições em que se deu sua formação? Que oportunidades lhes tem sido oferecidas nos últimos tempos? Quais as suas reais condições de sobrevivência? (KULLOCK, 2000, p. 13).

A autora ainda escreve que no passado, aos professores em sala de aula

era solicitado o que segue:

Até alguns anos atrás, os professores eram exigidos apenas no tocante ao seu compromisso com sala de aula, com o domínio do conteúdo a ser trabalhado, com o resultado da sua turma. Atualmente, as funções docentes passam por uma série de exigências para a qual o professor nem sempre está preparado e, ao invés de se lhe oferecer condições de atualização resolve-se condená-lo pelo insucesso (KULLOK, 2000, p. 13 -14).

A Secretaria da Educação do Estado do Paraná fez um trabalho de discussão

junto aos professores, nos últimos anos, para repensar e analisar o que está posto

no PCN. A partir desses estudos foi possível, em 2008, estruturar as Diretrizes

Curriculares do Ensino de Geografia, onde está clara a visão de um ensino

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amplificado que promova uma educação socializadora que valorize a aprendizagem

dos conhecimentos acumulados e construídos pela história da humanidade.

Cremos que a educação institucional e a formação em Geografia tem de se

afirmar em seu valor verdadeiramente significativo para o ser humano. (SOMMA,

1998, p.164). Até que ponto a concepção de ensino de Geografia influencia o

professor a se descobrir como educador? O profissional adequa-se ou garante-se

de condições emocionais e estruturais, para a realização de um trabalho docente

eficaz?

E – PROBLEMA / PROBLEMATIZAÇÃO Ensinar e aprender é tarefa aparentemente simples para qualquer educador,

porém muito complexa a nomeação desta integridade, que é o papel central da

educação. Ensinar nos envia à construção de conhecimentos. O ensino só terá

sentido quando for construído e isso somente será possível com o comprometimento

por parte do professor\educador que precisa problematizar, questionar, provocar,

confrontar com o aluno.

Só aprendemos a ser professor através de um processo de experiências,

reflexões, leituras, aprendizado contínuo e de estratégias para resolver velhos e

novos problemas, adquirindo informações com a atualidade.

Sócrates, o filósofo, diria que fundamentado no diálogo e na discussão nos

levaria a descoberta de novos conhecimentos em nós mesmos e consequentemente

a uma visão da realidade muito mais verdadeira. Cabe então a necessidade de

questionar e descobrir:

- Como se forma a identidade profissional de um professor ao longo de sua carreira?

- Do quê precisamos para nos sentirmos “bons professores”?

- Qual é a responsabilidade do ensino da Geografia no ensino regular, além de

oportunizar ao aluno diversas possibilidades interpretativas do espaço geográfico?

-Em seu trabalho, o professor é crítico? Ele sente que desperta o senso crítico no

aluno?

- Qual a sua visão sobre o trabalho com a Geografia na Educação Básica?

-Qual é o seu perfil? Que tendências filosóficas, que teorias da educação

fundamentaram o processo de sua formação como educador?

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Para irmos mais adiante ao trabalho de pesquisa a partir da apreensão do

significado ou sentido de sua formação profissional inicial e continuada e do perfil do

professor, buscarmos subsídios para agir com inovações e desenvolver em suas

práticas novas perspectivas nas ações de formação de professores. Esse estudo vai

se basear na investigação junto aos oito (08) professores efetivos do Quadro Próprio

do Magistério (QPM) de Geografia dos Colégios Estaduais Marquês de Paranaguá e

Vital Brasil do município de Vera Cruz do Oeste – PR. Também serão aplicados

questionários a pelo menos uma turma de cada um desses professores

entrevistados.

Atualmente, a função de professor vem passando por um processo de

muitas mudanças, exigências e cobranças para qual nem sempre ele está

preparado, principalmente aquele educador que trabalha com alunos de Ensino

Fundamental.

Kullok, afirma que há algum tempo o que está acontecendo com a profissão docente

é um:

[...] „mal-estar‟ [...] que afeta a personalidade do professor como resultado das condições psicológicas e sociais em que exerce a docência devido à mudança social acelerada. Portanto, dentre os fatores de mudança apresentados, encontra-se o aumento das exigências em relação ao professor, pois exige-se hoje que, além de saber a matéria que leciona, o professor seja facilitador da aprendizagem, pedagogo eficaz, organizador do trabalho de grupo, e que, para além do ensino, cuide do equilíbrio psicológico e afetivo dos alunos, da integração social e da educação sexual, etc. Porém, apesar de se exigir que cumpram todas estas novas tarefas, não houve mudanças significativas na formação dos professores. Como resultado, produziu-se um aumento da confusão no que diz respeito

às competências de que o professor necessita para exercer a complexa função que se lhe atribuiu (KULLOCK, 2000, p. 14).

Segundo Pontuschka (1982, p.66), nas aulas de Geografia o professor

deve estabelecer diálogo com os alunos para formular questões e tentar dar

respostas através de discussão e interação com os colegas, de maneira que suas

experiências, suas ideias e suas reflexões possam ser compartilhadas e filtradas no

debate em sala de aula.

Portanto, para que o professor possa desempenhar com competência a

função que ora escolheu é necessário que haja mudanças significativas na formação

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continuada do professor. No que diz respeito às competências de que o professor

necessita para exercer a complexa função que se lhe atribui, segundo Maisa kullok

(2000, p.14) o desenvolvimento de fontes de informações alternativas como Tv,

Internet, vídeo conferências, apresentações multimídias, etc., têm contribuído muito

para o desgaste do trabalho docente, pois ele enfrenta a necessidade de integrar ao

seu trabalho o potencial informativo destas fontes existentes.

Algumas décadas atrás o professor primário ou secundário que dispunha de

uma formação superior, gozava de “status” social e cultural. Hoje se observa que

mudou essa consideração social pelo professor, estabelecidos a partir dos critérios

econômicos, ou seja, com a desvalorização salarial do professor, produziu-se então

uma desvalorização social da profissão de professor.

Sem deixar de mencionar as transformações ocorridas nas últimas duas

décadas com a mudança dos conteúdos curriculares, permanece ainda a escassez

de recursos materiais e as condições de trabalho que atingem consideravelmente a

relação professor aluno que ora mantém vinculo com o campo das teorias críticas da

educação priorizando diferentes formas de ensinar, de aprender e avaliar.

O professor reflexivo consegue motivar os alunos para a realização de um

trabalho coletivo e comprometido com a melhor forma de aprendizagem.

Segundo Castrogiovanni- (1998, p. 83), com as tecnologias modernas, os

meios de comunicação passam a orientar, a conduzir o comportamento social. Eles

ultrapassam fronteiras políticas e culturais. Rompem com as barreiras lingüísticas,

com os regimes políticos e religiosos, com as desigualdades e diversidades

socioeconômicas. Portanto, é preciso que o professor desenvolva habilidades para

realizar este trabalho comprometido na sala de aula, onde o processo de ensino

aprendizagem possibilite que o aluno construa conceitos a partir da compreensão do

aprendizado, do poder ser diferente nas interpretações tratadas pela Geografia.

Essa busca pela formação e mudanças deverá ser uma constante na

formação do professor e para tal, é preciso estar aberto às transformações e ao

conhecimento que está disponível. O educador deve querer e estar sempre disposto

a mudar e renovar a sua prática pedagógica, deve buscar uma nova forma de

ensinar, mesmo tendo pleno domínio dos conteúdos de sua respectiva disciplina,

acham-se atados a uma prática que parece surtir pouco resultado e, por isso

mesmo, está se tornando extremamente cansativa e estafante.

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OBJETIVOS: GERAL E ESPECÍFICO Objetivo Geral: Traçar o perfil profissional do professor de Geografia do município de Vera

Cruz do Oeste - PR, por meio de suas práticas docentes, habilidades, competências

e sobre o seu processo de formação profissional, suas limitações, seu bem estar e

satisfação profissional.

Objetivo Específico:

•Pesquisar de que maneira ocorre a construção da identidade do professor

de Geografia e quais os aspectos que mais a influenciam. Isso ocorrerá através da

entrevista individual com os educadores.

• Descrever e analisar as representações de professores de Geografia em

formação, a respeito da construção dos seus conhecimentos, e o reflexo da mesma

na constituição de suas identidades profissionais.

- Analisar a realidade escolar na qual o professor de Geografia atua em

relação ao ensino/aprendizagem a partir da interação entre educador e educando

por meio de questionários aplicados com alunos da Educação Básica.

G – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA / REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Desenvolver habilidades para dispor um pensamento lógico é hoje um dos

caminhos mais importantes para se adquirir competência profissional. Contudo, a

responsabilidade de agir com os alunos é ainda mais importante.

No sentido da palavra, professor é aquele que ensina uma ciência, uma

arte, uma técnica, uma disciplina, ou seja, ser professor refere-se a uma atividade

especializada, uma profissão, cujo objetivo é de ensinar determinados conteúdos,

sejam eles artísticos, técnicos ou científicos.

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A busca de conhecimento pela melhoria da qualidade de ensino na vida do

professor deve ser contínua. Partindo desse conhecimento deve-se pensar que a

ação do professor é um desafio diário, principalmente quando se deseja fazer do

aluno um cidadão crítico, criativo, consciente e atuante na sociedade em que vive.

Desse modo, a formação do docente é uma atividade profissional de grande

responsabilidade social, que requer do educador competência e compromisso. Com

isso o professor apodera-se de uma definição ímpar, com relação à condição para a

aprendizagem permanente e para o desenvolvimento pessoal, cultural e profissional.

É na escola, no contexto de trabalho, que os professores enfrentam e resolvem

problemas, elaboram e modificam procedimentos, criam e recriam estratégias de

trabalho e, com isso, vão promovendo mudanças pessoais e profissionais.

(LIBANEO, 2004, p. 227).

Esses fatores não podem ser os únicos indicadores para se analisar uma

crise de identidade profissional do professor. Existem outros indicadores a serem

consideradas como crenças, valores éticos e morais, representações adquiridas e

construídas pelos professores.

Desenvolver um trabalho em sala de aula pressupõe que o professor tenha

uma postura de mediador, de atuar propondo problemas para que o aluno, a

partir do seu conhecimento prévio, possa, no grupo, criar situações-problema e

desafios, transformando o conhecimento de senso comum em conhecimento

científico. Porém, essas questões estão relacionadas com a postura do professor

diante do seu conhecimento e o do aluno − e como essa tem a ver com a

apropriação que se faz da concepção de Educação e de Geografia.

Além do problema do conteúdo específico, entendemos que a formação

do professor da Educação Básica não leva em conta a ação psicopedagógica que

o capacite a compreender sua prática, a aprendizagem dos aluno e as

contradições vivenciadas por ele no dia-a-dia. Muitas vezes o professor não tem

clareza sobre seu papel, em uma ação em que a construção de conceitos e a

aprendizagem significativa são determinantes, com isso o processo ensino

aprendizagem já começa debilitado.

Existe uma grande necessidade de programas de formação continuada

que busquem proporcionar uma melhoria a esses profissionais. Alguns teóricos da

educação, como Esteves (1991, p.98), afirmam que é preciso atuar simultaneamente

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em várias frentes quando se trata do sistema educacional: formação inicial,

formação continuada, material de apoio, relação “responsabilidades-horário e

trabalho-salário”.

É de suma importância que no processo ensino/aprendizagem, os alunos

também sejam incluídos, nos diferentes espaços e nas diferentes relações de

trabalho, sentindo-se assim, como agentes na sua criação e determinando qual a

sua atuação enquanto cidadão responsável diante dos problemas da nossa

comunidade e nosso país.

Atuando nessas frentes, pode-se garantir uma melhoria na qualidade do

ensino, pois à medida que o professor tiver condições de trabalho, será possível

cobrar-lhe o aperfeiçoamento na relação ensino aprendizagem.

Os reflexos desse processo são bem visíveis nos comportamentos e

representações que os professores constroem sobre sua profissão.

Cabe questionarmos, sobre o que os professores pensam sobre sua

profissão.

Conforme descreve Somma:

Cremos que a educação institucional e a formação em geografia têm de se afirmar em seu valor verdadeiramente significativo para o ser humano. É difícil para o professor de geografia ensinar e investigar simultaneamente, mas é possível realizar uma ação reflexiva que indique uma atitude de permanente busca de elementos que facilitem o ensino. Essa busca inclui a descoberta das dificuldades que nós mesmos geramos. (SOMMA, 2003, p.164).

Ao longo dos anos tem sido imposto pelos legisladores da política

educacional o perfil do professor, o que deve ou não ser ensinado e como deve ser

ensinado. Há algum tempo vêm sendo exigido dos professores que estejam em

contínua formação, para que eles possam estar sempre atualizados. Em parte é

contraditória esta exigência, uma vez que eles precisam cumprir regras/critérios que

muitas vezes são impostos pelas secretarias e núcleos de educação.

Sacristán afirma que “no essencial, a profissão docente não detém a

responsabilidade exclusiva sobre a atividade educativa, devido à existência de

influências mais gerais (políticas, econômicas, culturais)” (SACRISTÁN, 1995, p. 68).

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Ainda que nós, professores, tenhamos que nos defrontarmos com a

realidade que nos é imposta, é importante estarmos em constante formação, pois,

no passado o maior bem adquirido pelo homem era a terra, que possuía valor de

uso e de troca. Já na contemporaneidade, conforme afirma Linhares estamos

passando por um momento em que:

Se a riqueza foi, outrora, medida por bens materiais visíveis (terras, casas, gado, tamanho e potência dos exércitos), atualmente está materializada na posse de um tipo de conhecimento – o tecnológico - implicando mais do que em máquinas, na atuação de mulheres e homens (LINHARES, 2000, p. 35).

Pensar sobre o ensino de Geografia tem sido um motivo muito expressivo

para se questionar a Geografia. Afinal, produzir conhecimento geográfico, expor

teorias, para muitos de nós, tem a finalidade do aprendizado, pois que, envolvidos

com o Ensino Básico ou no nível universitário – pela formação de professores, esta

tem sido uma questão muito presente e necessária.

Do ponto de vista da Geografia como disciplina, algo que vem sendo

discutido por algumas décadas, conforme mencionado por Pontuschka (1982, p. 65)

é a contribuição desta disciplina para o cidadão-estudante conhecer a influência dos

vários instrumentos e meios de comunicação para formação de valores na

população. É necessário que os alunos tenham consciência que estes meios têm

poder de formar opiniões para estimular o desejo de consumo e de criar novas

necessidades.

Estas são algumas das reflexões que merecem um olhar especial, por

parte do professores de Geografia. A sociedade precisa de homens que saibam

pensar e que saibam viver na coletividade. Aqui está o grande poder e desafio da

Escola e dos educadores: praticar com os alunos o pensar pela totalidade, pela

contradição, pela interação, pela dialética e a colaborar com a formação da

integralidade do ser humano.

A bibliografia pesquisada nos aponta a importância dos professores serem

profissionais reflexivos para a qualidade da aprendizagem. A formação continuada

torna o professor sensível e com habilidades em conhecer as necessidades de seus

alunos para atendê-los, tornando o processo ensino-aprendizagem um momento de

interação, além de estarem produzindo junto um novo conhecimento.

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Se no ambiente escolar o aluno não for motivado, fora desse ambiente, ele

encontrará motivação através de ações. Freire confirma sobre estas questões:

Quando os estudantes realmente querem alguma coisa, movem céus e terra para consegui-la. Encontram carros baratos, e pechincham o seguro, arranjam emprego de meio período durante o Natal, conseguem o aparelho de som mais barato, ou uma nova guitarra [...] Em tais circunstâncias, empenham sua sagacidade. (FREIRE, 1986, p. 16-17).

Portanto, é preciso entender como se dá o processo de construção do

conhecimento, que desperte no aluno a motivação para construir seu próprio

conhecimento e de elaborar e reelaborar as suas ideias, confrontando o que já sabe

com as novas informações e com o conhecimento por ele produzido.

As experiências do professor residem nas possibilidades que ele recebe ao

longo de sua vida cotidiana. A partir dessas experiências, a reflexibilidade abre

espectro para que o professor construa sua identidade como profissional e como

indivíduo. É com base nas alterações paradigmáticas que o perfil do professor vai

sendo transformado, ou seja, na medida em que todas as áreas do saber, do saber

fazer e da inserção das novas tecnologias passam por inovações, o saber do

professor passa também por um processo de reformulações.

Sobre ser professor reflexivo Perrenoud pondera que o professor:

[...] revê mentalmente seu trabalho e a situação por ele organizada e vivenciada, ou que está sendo preparada para aperfeiçoar o conjunto de seus atos. Por isso se diz dele que é um „praticante reflexivo‟: ele retorna, sempre em seu pensamento, para contemplar-se dentro da situação criada. A reflexão sustenta o progresso; ao mesmo tempo, é sua conseqüência (PERRENOUD, 2001, p. 44).

Quando se fala sobre o professor reflexivo, sua formação, seu trabalho,

suas competências e habilidades cabe-nos lembrar que sua atuação se dá num

conjunto muito próprio, um local no qual o professor vai encontrar muitas

dificuldades, vai deparar com resistências, enfrentar situações adversas e, apesar

disso, desempenhar seu papel da melhor forma, para um cidadão crítico, autônomo

e preparado a enfrentar e vencer desafios.

ESTRATÉGIA DE AÇÃO

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As estratégias a serem adotadas no decorrer deste trabalho constituem nas

seguintes etapas:

1- Divulgação do projeto junto às Direções, Equipes Pedagógicas e professores

dos Estabelecimentos de Ensino: Colégio Estadual Vital Brasil e Colégio

Estadual Marquês de Paranaguá.

2- Aprofundamento teórico com seleção de leitura de textos que contemplem

literatura condizente com o assunto, enfatizando as teorias, conceitos e ideias

atuais na área de Geografia, tais como: Diretrizes Curriculares da Educação

Básica, livros de Geografia, sites da internet, revistas, artigos e outros.

3- Elaboração do Projeto de Pesquisa e Intervenção, sob orientação de um

professor da IES (Instituto de Ensino Superior) da UNIOESTE (Universidade

Estadual do Oeste do Paraná).

4- As entrevistas/questionários deverão acontecer com os alunos e professores

de Geografia da Educação Básica do município de Vera Cruz do Oeste com

atividades a serem realizadas através da aplicação de questionários aos

alunos de oito turmas, conforme número de professores. E com a aplicação

de entrevistas com os professores durante o horário de trabalho (na hora

atividade do professor), em momentos de reuniões pedagógicas (com prévia

autorização da Direção da Escola).

5- Levantamento bibliográfico para busca de referências teóricas com base nos

conceitos: função da escola e dos professores; formação e atuação do

professor e novas tendências para o ensino da Geografia.

6- Organização de todas as informações e dados obtidos durante o

desenvolvimento do projeto acerca do perfil do professor, dificuldades de

atuação e necessidades de formação.

7- Elaboração do Artigo Final.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CALAI, H. C. Geografia em Sala de Aula. Porto Alegre: UFRGS/AGB, 4ª Edição,

1998.

CASTROGIOVANI, A. C. et al.(Orgs.) Geografia em Sala de Aula: Porto Alegre:

UFRGS/AGB, 4ª Edição, 1998.

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CUNHA, Maria Isabel da O bom professor e sua prática. 4. ed. São Paulo:

Papirus, 1994.

DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 3. ed. São Paulo: Autores Associados, 1998.

ESTEVE, J. M. Mudanças sociais e função docente. In NÓVOA, A. (org).

Profissão Professor. Porto: Porto ed. 1995, p. 93 124

KULLOK, M. G. B. As Exigências da Formação do Professor na Atualidade.

INEP – Alagoas, ed. EDUFAL, 2000.

LACOSTE, Yves. A Geografia - Isso serve, em primeiro lugar para fazer a

guerra. Campinas, São Paulo: Papirus, 2002.

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5 ed.

São Paulo, 2004

LINHARES, Célia Frazão. O direito ao saber com sabor: supervisão e formação de

professores na escola pública. In: JUNIOR, Celestino Alves da Silva; RANGEL, Mary

et al. (Orgs.). Nove olhares sobre a supervisão. Campinas: Papirus, 1997. p. 59-

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PONTUSCHKA, Nídia Nacib. Reflexões sobre a presença de Geografia no Ensino Médio. Revista Geográfica de Ensino. UFMG – Departamento de Geografia. Belo Horizonte. 1982. REGO, Nelson, CASTROGIOVANI. A. C., KAERCHER. Nestor André. (Orgs.)

GEOGRAFIA – Práticas Pedagógicas para o Ensino Médio. Porto Alegre: Artmed,

2007.

SECRETRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO; Diretrizes Curriculares de Geografia

para a Educação Básica - 2008. Paraná.

SILVEIRA BUENO, minidicionário da Língua Portuguesa – Edição para o Ensino

Fundamental – FTD - 2001.

SOMMA, M. L. Geografia em Sala de Aula: práticas e reflexões. Porto Alegre:

UFRGS/AGB, 4ª Edição, 1998, p.164

http://www.artigonal.com/ciencia-artigos/o-professor-reflexivo-e-sua-mediacao-na-

pratica-pedagogica-formando-sujeitos-criticos-parte-2-2843409.html pesquisado em

11/04/2011.

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