SECRETARIA DE ESTADO DE OBRAS SEOBRAS RJ · Paulo Roberto Haddad Weslem Rodrigues Faria Wilson...
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SECRETARIA DE ESTADO DE OBRAS – SEOBRAS RJ
ESTUDO DE IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS POTENCIAIS DOS
INVESTIMENTOS DO PRODETUR NACIONAL - RIO DE JANEIRO
RELATÓRIO FINAL
SÃO PAULO
MARÇO/2010
EQUIPE TÉCNICA
Eduardo Amaral Haddad (Coordenador e Responsável Técnico)
Ana Maria Bonomi Barufi
Carlos Roberto Azzoni
Fernando Salgueiro Perobelli
Moisés Diniz Vassallo
Paulo Roberto Haddad
Weslem Rodrigues Faria
Wilson Rabahy
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO _____________________________________________________________________ 1
1 TURISMO SUSTENTÁVEL E DESENVOLVIMENTO REGIONAL ______________________ 4
1.1 O TRIPÉ DO TURISMO SUSTENTÁVEL: COMPETITIVIDADE ECONÔMICA, EQUIDADE SOCIAL E
PRESERVAÇÃO AMBIENTAL ______________________________________________________________ 6
1.2 POLÍTICAS ESPECÍFICAS DE PROMOÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO TURISMO SUSTENTÁVEL _______ 17
2 METODOLOGIA ________________________________________________________________ 25
2.1 REGIONALIZAÇÃO _______________________________________________________________ 29
3 BASELINE ______________________________________________________________________ 31
3.1 CENÁRIO TENDENCIAL____________________________________________________________ 31
3.2 FLUXOS DE TURISTAS ____________________________________________________________ 34
3.2.1 Dimensionamento __________________________________________________________ 34
3.2.2 Projeção _________________________________________________________________ 37
3.3 PERFIL DE GASTOS DOS TURISTAS ___________________________________________________ 41
4 CENÁRIOS _____________________________________________________________________ 45
4.1 PREMISSAS DOS CENÁRIOS _________________________________________________________ 45
4.2 FECHAMENTOS __________________________________________________________________ 46
5 RESULTADOS __________________________________________________________________ 48
5.1 GASTOS ADICIONAIS DOS TURISTAS _________________________________________________ 48
5.2 FLUXOS ECONÔMICOS MARGINAIS (ADICIONAIS) _______________________________________ 57
5.3 INDICADORES PARA O ESTADO DO RIO DE JANEIRO ______________________________________ 66
5.4 INDICADORES REGIONAIS _________________________________________________________ 80
5.5 EFEITOS SOBRE ATIVIDADES CARACTERÍSTICAS DO TURISMO (ACT) ________________________ 88
ANEXO: LIÇÕES DAS EXPERIÊNCIAS DO PRODETUR/NE II ____________________________ 97
1
APRESENTAÇÃO
O Governo do Estado do Rio de Janeiro, representado pela Secretaria de Estado de
Turismo, Esporte e Lazer, acordaram com o Banco Interamericano de Desenvolvimento –
BID uma operação de crédito para implantar uma pauta de investimentos, que passou a
compor o PRODETUR Nacional – Rio de Janeiro (PRODETUR RJ – BR-L1210),
programa estabelecido pelo Ministério do Turismo.
Pela primeira vez o PRODETUR Nacional contempla o Estado do Rio de Janeiro e, neste
sentido, passou a ser um instrumento de alta prioridade para o desenvolvimento econômico
de todo o Estado e diminuição das diferenças regionais existentes.
Na sua composição inicial, o PRODETUR RJ se baseou nos estudos realizados para a
elaboração do Plano Estratégico do Governo do Estado e do Plano de Desenvolvimento
Integrado do Turismo Sustentável – PDITS. Os Planos levam em consideração as
tendências da economia nacional e mundial, além de considerar algumas tendências de
desenvolvimento do Estado, principalmente na área turística.
Neste contexto, o PRODETUR RJ busca potencializar a sustentabilidade da atividade
turística, a partir da vocação do Estado e das atuais tendências sobre as regiões do interior
do Estado e da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ). A requalificação das
regiões interiorizadas resultará na criação de novos postos de emprego, na geração de
renda, na contenção dos fluxos migratórios em direção aos novos pólos industriais, e na
melhoria da qualidade de vida da população residente nos pólos turísticos identificados pelo
PRODETUR NACIONAL.
O PRODETUR RJ tem como objetivos específicos e resultados esperados:
Interiorização do turismo no Estado
o Incremento no gasto médio do turista
o Redução da sazonalidade
o Incremento do tempo de permanência do turista
2
Melhoria do perfil da demanda turística
o Incremento no gasto médio do turista
o Diversificação dos segmentos turísticos
Os investimentos previstos no Programa se apresentam na seguinte forma:
Tipo de Fonte US$ (milhões) %
FONTE EXTERNA
Banco Interamericano de Desenvolvimento / BID 112.000.000 60%
FONTES INTERNAS
Contrapartida Nacional / Estado do Rio de Janeiro 75.000.000 40%
TOTAL 187.000.000 100,00%
O Programa prevê seus investimentos organizados em cinco componentes. Os
investimentos em infraestrutura e serviços objetivam melhorar a acessibilidade aos destinos
turísticos, prover os serviços públicos adequados aos fluxos turísticos (saneamento
ambiental, urbanização de áreas turísticas), e investimentos importantes destinados a
desenvolver e valorizar os recursos turísticos (especialmente recuperação e preservação de
patrimônio natural e histórico-cultural, sinalização, entre outros).
COMPONENTESUS$
(X 1.000)%
1: Estratégia de Produto Turístico 86.200 46,20%
2: Estratégia de Comercialização 9.000 4,81%
3: Fortalecimento Institucional 9.000 4,81%
4: Infra-estrutura de Serviços Básicos 55.100 29,47%
5: Gestão Ambiental 12.600 6,74%
ENCARGOS, GERENCIAMENTO, SUPERVISÃO
E AUDITORIA15.100 8,07%
TOTAL 187.000 100%
O presente estudo, realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE –
apresenta os resultados da avaliação de impacto destes investimentos visando subsidiar,
com informações objetivas, sob a ótica socioeconômica, o Governo do Estado do Rio de
Janeiro.
3
O estudo proposto atinge os seguintes objetivos:
Avalia os impactos socioeconômicos dos investimentos do PRODETUR RJ, a partir
do enfoque de que se trata de uma atividade econômica adicional, estruturante do
espaço regional;
Neste contexto, apresenta as estimativas dos impactos econômicos, diretos, indiretos
e induzidos, produzidos nos níveis da atividade econômica dos sub-pólos, do
restante do Estado e do País, propiciados pelo conjunto de todas as atividades
associadas às fases de implantação dos investimentos (2010-2013) e dos efeitos
sobre mudanças das matrizes de gastos dos turistas (2013-2020), em termos dos
aumentos de produção, de valor adicionado ou PIB, de massa salarial e emprego, e
de arrecadação de ICMS no Estado do Rio de Janeiro, que não seriam observados se
o projeto não ocorresse.
O relatório compreende os produtos associados às estimativas dos impactos
socioeconômicos (produção, PIB, massa salarial, emprego, arrecadação) espacializados; e
às avaliações e aspectos indicativos da reestruturação espacial.
4
1 TURISMO SUSTENTÁVEL E DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Na última década, o Brasil realizou um conjunto grandioso de projetos de investimento em
turismo, liderados pelo PRODETUR no Nordeste. A expectativa é a de que esses projetos
possam contribuir para aliviar a pobreza nas áreas em que se localizam, a par do
inquestionável processo de crescimento econômico que nelas desencadeiam. A
preocupação com esta questão deriva do fato de que são frequentes as experiências de
investimentos em resorts turísticos altamente subsidiados com recursos públicos, que se
constituem muitas vezes em verdadeiros enclaves econômicos nas localidades onde se
situam. Nelas os investidores se apropriam do capital natural sem impactar
significativamente as condições de vida das populações pobres residentes no seu entorno
espacial ou sem se preocupar em apoiar programas de desenvolvimento de fornecedores ou
de arranjos produtivos locais.
Não há dúvida que os novos investimentos em atividades turísticas nas áreas periféricas do
País contribuíram para resultados muito positivos nas nossas contas externas, no nível geral
de emprego, nas taxas de crescimento do PIB, etc. Mas, ainda resta dúvida sobre os
benefícios que teriam aportado para os habitantes dessas áreas. Será que, na concepção e na
implementação desses projetos de investimento, não estaria embutido um conflito entre os
critérios de eficiência econômica e de equidade social?
A análise das experiências dos ciclos de expansão de diferentes economias nacionais e
regionais no pós-II Grande Guerra não revela a existência de nenhuma correlação geral e
sistemática entre o processo de crescimento econômico e a distribuição de renda e de
riqueza neste processo.
Constatou-se que a compatibilidade entre o crescimento econômico e o desenvolvimento
social não se processa espontaneamente. O desenvolvimento social não se revelou como
um subproduto cronológico do crescimento econômico. De fato, a experiência histórica
vem demonstrando que a simples mobilização intensiva dos fatores de produção pode
5
reproduzir, agora sim, de forma espontânea, as condições sociais iniciais que lhe deram
sustentação.
Em princípio, não se pode afirmar que os critérios de eficiência econômica e de equidade
social (ou de distribuição de renda e de riqueza) que orientam a seleção e a prioridade de
projetos de investimentos sejam mutuamente exclusivos. Um programa ou projeto de
investimento, como o de melhoria da competitividade de um arranjo produtivo local de
turismo, pode se enquadrar no critério de eficiência e no critério de distribuição, pois, de
um lado, aumenta os fluxos de comercialização, as margens de lucro empresariais, e, enfim,
a competitividade setorial e, ao mesmo tempo, pode beneficiar a formação de mão de obra
local em áreas menos desenvolvidas ou estimular nelas iniciativas de micro e pequenos
empreendedores. O que interessa ressaltar é a ênfase ou a intencionalidade dada ao
programa ou projeto.
É preciso, pois, definir, os procedimentos operacionais através dos quais é possível
combinar a eficiência empresarial ou microeconômica dos investimentos em turismo
com a busca do desenvolvimento humano das populações das áreas em que se
localizam. Há, neste ponto, duas instituições que têm registrado detalhadamente as
experiências internacionais bem sucedidas nesta direção: o Projeto Pro-Poor Tourism
(PPT), financiado pelo Department for International Development (DFID) do Reino Unido
e a OMT (Organização Mundial do Turismo). O próprio MINTUR e o BID consideram, na
formação do PRODETUR, que as propostas mais adequadas de políticas públicas do setor
devem ter, como ponto de partida, o estabelecimento de portas de saída para a pobreza
regional.
Não faltam experiências em que mirar, nem concepções adequadas de turismo sustentável
nas burocracias especializadas ou até mesmo capacidade de planejamento nos quadros
técnicos dessas burocracias para desenhar políticas, programas e projetos que articulem os
investimentos em capital físico, capital humano e capital social em torno das atividades
turísticas. Entretanto, como se trata de investimentos que envolvem os três níveis de
governo, complexas relações entre o interesse público e o interesse privado, além de intensa
6
transversalidade nas burocracias públicas, a sua implementabilidade dependerá
intensamente da função de coordenação geral no processo de planejamento.
1.1 O TRIPÉ DO TURISMO SUSTENTÁVEL: COMPETITIVIDADE ECONÔMICA, EQUIDADE
SOCIAL E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL
A primeira questão que se coloca para a promoção do turismo sustentável nos dois
pólos fluminenses (Litoral e Serra) do Plano de Desenvolvimento Integrado do
Turismo Sustentável do Rio de Janeiro (PDITS/RJ) é a de que os seus investimentos
possam contribuir para a formação de um ciclo de crescimento econômico sustentado
nas suas áreas de influência. Os investimentos no segmento produtivo de turismo somente
poderão dar suporte para a configuração deste ciclo, desde que mantenham elevado grau de
eficiência microeconômica. Não se podem contabilizar os benefícios distributivos dos
projetos de investimento no turismo sustentável se o seu crescimento não é sustentado
ao longo do tempo, por falta de competitividade sistêmica e dinâmica. Este
crescimento é uma condição necessária, embora não suficiente, para o processo de
desenvolvimento sustentável.
Em geral, quando se pretende definir quais são as potencialidades de crescimento
econômico de uma região ou de um município, a partir da sua dotação de recursos
turísticos, é preciso estar ciente de que o conceito de potencialidade de recursos é
econômico e não físico. Ou seja, o valor de um recurso turístico depende da estrutura
da demanda, dos custos relativos de produção, dos custos de acessibilidade das
inovações tecnológicas adotadas no ambiente macroeconômico etc.
A questão dos custos relativos é crítica: uma oportunidade favorável à exploração de um
potencial turístico, em alguma localidade ou região pode não ser explorada devidamente
por causa da existência de uma melhor oportunidade em outra localidade ou região do país
ou do exterior. Portanto, a incorporação das noções de custo de oportunidade e de
concorrência são importantes para a melhor compreensão do conceito de competitividade
interregional e internacional dos projetos de investimento no setor de turismo. Ou seja, o
7
significado do que “a dotação de recursos turísticos” de uma região ou localidade muda
com a dinâmica do crescimento econômico, com os determinantes da demanda final
(preferências dos consumidores, distribuição de renda, política cambial, etc.), com as
condições tecnológicas de produção (surgimento de novos produtos e novos processos),
com a organização do sistema produtivo e de seu arcabouço político-institucional
(legislação ambiental, normas de segurança, etc.).
Além do mais, muitas vezes uma região apresenta condições locacionais favoráveis para a
implantação de novas atividades turísticas (qualidade do capital natural, logística, etc.), mas
os investimentos não se realizam por questões de natureza político-institucional (legislação
ambiental inapropriada ou inflexível, movimentos sociais locais com interesses difusos,
falta de suporte das autoridades estaduais ou locais, etc.).
É difícil imaginar a sobrevivência de atividades econômicas de qualquer natureza e em
qualquer escala produtiva numa região, que não disponham de competitividade dinâmica
em termos de preço e de qualidade para enfrentar a oferta de bens e serviços equivalentes,
disponíveis em outros municípios e localidades com melhores condições de acessibilidade,
de qualidade dos serviços e de preços. Neste sentido, é preciso, inicialmente, que se
distingam as vantagens econômicas espúrias das vantagens competitivas dinâmicas
específicas de cada região ou localidade.
As vantagens competitivas espúrias são aquelas que não se sustentam no longo prazo, por
estarem fundamentadas apenas em incentivos fiscais e financeiros recorrentes (que podem
desaparecer a partir das exigências de um programa de estabilização econômica ou de um
projeto de reforma tributária), no uso predatório dos recursos naturais do ecossistema (que
podem se restringir ou por limitações físicas ou por legislação ambiental), na sobre-
exploração da força de trabalho (que pode encontrar resistências políticas ou legais com o
avanço da redemocratização), ou na informalidade e na clandestinidade de suas operações
(que podem chocar-se com a modernização e eficácia dos sistemas tributários e
previdenciários).
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As vantagens competitivas dinâmicas de uma região ou localidade são aquelas que não
apenas resistem aos desafios dos processos de globalização e de integração da economia
nacional, mas, também, aproveitam adequadamente as oportunidades criadas por estes
processos. As atividades econômicas para se tornarem globalmente competitivas,
dependem de sua eficiência operacional e de seu posicionamento estratégico. Para
alcançar maiores ganhos, é necessário servir segmentos atrativos de mercado; esses novos
segmentos requerem diferentes capacidades e exigem que se aumente a eficiência
operacional1. As empresas para se tornarem vencedoras dependem de sua eficiência
operacional (redução de custos, ganhos de produtividade etc.) e de seu posicionamento
estratégico (estratégia de diferenciação de produtos, estratégia de diversificação,
estratégia de custos baixos):
a rentabilidade de uma empresa é definida pela atratividade da indústria em que
compete e a eficiência operacional com que ela compete;
as empresas que competem em segmentos lucrativos e sustentáveis são atrativas e
líderes operacionais, tornando-se vencedoras e desfrutando de maiores ganhos;
as mudanças mais fáceis e rápidas são frutos de melhorias na eficiência operacional;
para alcançar maiores ganhos, é necessário servir segmentos atrativos; esses novos
segmentos requerem diferentes capacidades e exigem, mais uma vez, que se
aumente a eficiência operacional;
também é possível migrar para um segmento mais atrativo em primeiro lugar, e,
mais tarde, aumentar a eficiência operacional, apesar de ser mais difícil;
a migração de um segmento para outro mais atrativo implica em ganhos crescentes,
até que a empresa se torne líder em competição.
Vale a pena destacar as conclusões gerais de Michael Porter sobre a competitividade
sistêmica de um país ou de uma região: a) a competitividade não pode ser vista como um
fenômeno macroeconômico, impulsionado por variáveis como taxas de câmbio, taxas de
1 Fairbanks, M. and Lindsay, S. Plowing The Sea – Nurturing the Hidden Sources of Growth in the Developing World. HBS Press, 1997. Porter, M. E. Vantagem Competitiva. Editora Campus, 1989 (3ª edição). Haddad, P. R. “Tendências Recentes do Comércio Internacional e suas Implicações para a Economia de Minas”, Cadernos BDMG, abril, 2003.
9
juros e déficits governamentais; b) a competitividade não é função de mão de obra barata
ou de recursos naturais abundantes; c) as empresas de uma região ou de um país não terão
êxito se não basearem suas estratégias no progresso e na inovação, numa disposição de
competir, no conhecimento realista de seu ambiente nacional/regional/local e de como
melhorá-lo; d) as empresas bem sucedidas concentram-se, com frequência, em
determinadas cidades, aglomerados urbanos ou estados dentro do país; e) o processo de
globalização das economias nacionais não exclui a importância de localidades que
proporcionam um ambiente fértil para as empresas de indústrias específicas.
O Pólo Serra e o Pólo Litoral do PDITS/RJ poderão adquirir maiores chances de
gerarem um ciclo de crescimento econômico sustentado regional e local se não
dependerem apenas de fatores macroeconômicos para a sua sobrevivência (taxa de
câmbio desvalorizada, por exemplo); se não dependerem de vantagens competitivas
espúrias; se enfatizarem posicionamento estratégico mais desenvolvido e abrangente,
sem perda de maior eficiência operacional. Para que os dois pólos turísticos sejam
competitivos, é preciso que as empresas que neles atuam sejam competitivas, que as
cadeias produtivas em que se inserem sejam competitivas (formadores e prestadores
de serviços competitivos) e que as regiões onde se localizam sejam também
competitivas (serviços de segurança pública, de saúde pública, de educação básica de
boa qualidade etc.).
Se os dois Pólos do PDITS/RJ conseguirem incentivar a localização e a implantação de
novos projetos de investimento privado em turismo nas regiões do Litoral e da Serra, estes
projetos podem elevar os seus níveis de produção, de renda, de emprego e da base
tributável a um ritmo mais intenso do que o crescimento de sua população, sem que,
entretanto, ocorra um processo de desenvolvimento sustentável. Os valores per capita do
produto e da renda regional se expandem, denotando, basicamente, que a área de influência
dos projetos estará vivendo uma etapa favorável na sua trajetória de crescimento econômico
e que, em média, estará havendo um aumento na quantidade de bens e serviços à disposição
dos seus habitantes. Se as taxas de crescimento do PIB e da renda per capita da região se
10
mantiverem positivas e elevadas por um longo período, pode-se afirmar que foi encontrada
uma alternativa de expansão sustentada da sua economia por meio dos investimentos em
turismo.
Este processo de crescimento econômico irá depender, principalmente, da capacidade da
região para atrair recursos (financeiros, tecnológicos, institucionais, etc.) nacionais e
internacionais, públicos e privados, através de diferentes modalidades (negociação de
projetos, transferências intergovernamentais de natureza não constitucional, etc.).
Dependerá, também, dos impactos que as políticas macroeconômicas (monetária, cambial,
fiscal) e setoriais (transporte, energia, etc.) terão sobre a economia regional. Estas políticas,
comandadas principalmente pelo Governo Federal, geram condições externas às decisões
regionais que podem ou estimular ou frear o crescimento econômico da região, de acordo
com os rebatimentos específicos delas sobre sua estrutura produtiva. Quase sempre, estas
políticas são predominantes e capazes de explicar o crescimento econômico e a evolução da
renda de uma determinada região.
Por outro lado, o processo de desenvolvimento de uma região, que pressupõe o seu
crescimento econômico, dependerá, fundamentalmente, da sua capacidade de
organização social e política, que se associa ao aumento da autonomia regional para a
tomada de decisões, ao aumento da capacidade para reter e reinvestir o excedente
econômico gerado pelo seu processo de crescimento regional, a um crescente processo de
inclusão social, a um processo permanente de conservação e preservação do ecossistema
regional. Esta capacidade de organização social da região é o fator endógeno por
excelência para transformar o crescimento em desenvolvimento, através de uma
complexa malha de instituições e de agentes de desenvolvimento, articulados por uma
cultura regional e por um projeto político regional2.
2 Boisier, S. El Dificil Arte de Hacer Región. Centro de Estudios Regionales Andinos, Cusco, Peru, 1992. Higgins, B. and Savoie, D. J. Regional Development: Theories and Their Application. Transaction Publishers, 1995. Capello, R. Regional Economics, Routledge, 2007.
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Segundo esta concepção, o desenvolvimento de uma determinada região pressupõe:
um crescente processo de autonomia decisória;
uma crescente capacidade regional de captação e reinversão do excedente
econômico;
um crescente processo de inclusão social (inclusive digital);
uma crescente consciência e ação ambientalista;
uma crescente sincronia intersetorial e territorial do crescimento;
uma crescente percepção coletiva de pertencer à região.
Não se pode subestimar o papel da negociação e da atração de recursos como mecanismo
de promoção do crescimento econômico de uma região. Em geral, uma região não dispõe
dos recursos humanos, financeiros, tecnológicos e organizacionais para dar solução aos
problemas que têm de enfrentar, necessitando, portanto, de atrair estes recursos de
instituições públicas e privadas, no país ou no exterior. Estas instituições têm custos de
oportunidade na alocação dos recursos que comandam, pois estes são, em geral, escassos e
têm aplicações alternativas.
Assim, no caso brasileiro, o Governo Federal não pode privilegiar uma dada região ainda
que economicamente deprimida e procurar zerar o seu quadro de carências sociais,
atendendo todas as necessidades básicas de sua população, pois, por limitação de recursos,
teria de reduzir a oferta de serviços públicos e semi públicos (em termos de quantidade e
qualidade) em outras regiões e localidades, com repercussões políticas adversas. Da mesma
forma, os órgãos da Administração Indireta do Governo Federal (autarquias, empresas e
fundações) não podem realizar investimentos de infraestrutura de grande porte em uma
dada região (eixos de transporte, telecomunicações, linhas de transmissão de energia
elétrica, etc.), sem que aí estejam identificados fatores que irão garantir níveis adequados de
utilização da capacidade instalada, sob pena de sofrerem os ônus políticos de decisões
questionáveis pela opinião pública. Quanto às instituições privadas e estatais que
comandam recursos de investimentos diretamente produtivos, estas não migrarão seus
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capitais para uma região, a não ser que vislumbrem inequívocas oportunidades de negócios
rentáveis.
Ora, como é impraticável que a população de uma região possa manter nível adequado de
padrão de vida, baseando-se apenas em transferências e subsídios públicos e privados
extrarregionais duradouramente, torna-se indispensável dimensionar as suas
potencialidades internas, disponíveis para induzir investimentos de infraestrutura
econômica e investimentos diretamente produtivos, os quais poderão promover processos
de crescimento dos seus níveis de emprego e de renda. Assim, como passo inicial para se
analisar o processo de desenvolvimento de uma região, é preciso identificar se esta tem
efetivamente um elevado potencial de crescimento econômico ou os problemas de sua
população terão de ser equacionados através dos efeitos limitados das políticas distributivas
de transferências intergovernamentais. É importante destacar que os avanços da ciência e
tecnologia têm redefinido o conceito de potencial econômico e têm aberto novos rumos
para o desenvolvimento de áreas estagnadas ou deprimidas.
Entretanto, mesmo que o processo de negociação e de atração de recursos para uma região
seja bem sucedido e que se consiga acelerar o seu ritmo de crescimento econômico, ter-se-á
atingido tão somente as condições necessárias (mas não suficientes) para a realização de
um processo de desenvolvimento. Uma concepção adequada de desenvolvimento
regional ou local deve conter, como elemento essencial, um crescente processo de
inclusão social.
Neste sentido, constatou-se, em diversos países, que a compatibilidade entre o crescimento
econômico e o desenvolvimento social não ocorre espontaneamente3. Da aplicação das
estratégias que se firmaram no pressuposto de que os objetivos redistributivos e de
equidade ficassem subordinados à manutenção do crescimento acelerado do PIB, concluiu-
se que a redução das desigualdades não foi atingida através de impactos indiretos gerados
3 CEPAL, Equidad y Transformación Productiva: Un Enfoque Integrado. Santiago e Chile, 1992. MMACPDS. Agenda 21 Brasileira, Brasília, 2002. Schwartzman, S. Pobreza, Exclusão Social e Modernidade: uma introdução ao mundo contemporâneo, Augurium, 2004, Sen, A. Development as Freedom, Anchor Books, 2000.
13
pela prioridade atribuída aos critérios de eficiência. Admitiu-se, em princípio, que,
expandindo-se o produto e a base tributável da economia seria mais fácil para o poder
público manipular maiores recursos, capazes de favorecer soluções para os problemas
econômicos e sociais dos segmentos mais pobres da população; vale dizer, acreditava-se
que o desenvolvimento social seria um subproduto cronológico do crescimento econômico.
Assim, o poder indutor do crescimento econômico propicia maior diferenciação dos
sistemas sociais sem, contudo, gerar mais equidade, pois esta não é impulsionada por
nenhum mecanismo auto-sustentado, porquanto os efeitos genuínos do crescimento
econômico estão estruturalmente vinculados aos imperativos da acumulação e à lógica da
diferenciação social.
Não basta que se identifiquem oportunidades de investimentos no setor de turismo e
as formas de mobilizá-las, uma vez que a implantação e a operação destes
investimentos podem resultar em processos socialmente excludentes para a população
local e gerar apenas um ciclo restrito de crescimento econômico. O desenvolvimento
social não é um subproduto cronológico do crescimento econômico. Os dois Pólos do
PDTIS/RJ, ao serem concebidos, deverão definir projetos e atividades que articulem
adequadamente critérios de eficiência econômica com critérios de equidade social.
Feitas estas considerações sobre alguns aspectos essenciais do processo de
desenvolvimento regional e local, resta destacar a importância que muitos analistas vêm
atribuindo às diferentes formas de capital físico e de capital social neste processo. Para
eles, os problemas de regiões que acumularam um grande atraso econômico, que perderam
seu dinamismo ou que pretendem mobilizar suas potencialidades econômicas, não se
limitam à expansão da sua capacidade produtiva (mais investimentos em projetos de
infraestrutura econômica ou em projetos diretamente produtivos) ou do seu capital físico.
Celso Furtado afirmava que “o verdadeiro desenvolvimento é, principalmente, um processo
de ativação e canalização de forças sociais, de melhoria da capacidade associativa, de
exercício da iniciativa e da criatividade. Portanto, trata-se de um processo social e cultural,
e apenas secundariamente econômico. O desenvolvimento ocorre quando, na sociedade, se
14
manifesta uma energia capaz de canalizar, de forma convergente, forças que estavam
latentes ou dispersas. Uma verdadeira política de desenvolvimento terá que ser a expressão
das preocupações e das aspirações dos grupos sociais que tomam consciência de seus
problemas e se empenham em resolvê-los4”.
Sergio Boisier tem insistido que o desenvolvimento de uma região ou localidade, no longo
prazo, depende profundamente da sua capacidade de organização social e política para
modelar o seu próprio futuro (processo de desenvolvimento endógeno), o que se
relaciona, em última instância, com a disponibilidade de diferentes formas de capital social
ou capitais intangíveis na região ou localidade (Quadro 1.1).
Percebe-se, com maior clareza, o conceito de desenvolvimento endógeno em situações de
assimetria no retrocesso econômico. Por exemplo: se uma economia desenvolvida se
atrofia ou involui por causa de um evento exógeno (por exemplo, países da Europa após a
II Grande Guerra) e assume os indicadores de renda per capita, de comércio e de
produtividade típicos de uma economia subdesenvolvida, quando recebe novos estímulos e
incentivos (por exemplo, financiamentos e apoio técnico do Plano Marshall) a sua reação é
rápida e acelerada, por causa de sua capacidade endógena de mobilizar capitais tangíveis e
intangíveis (empreendedorismo, parcerias público-privada etc.) para promover a retomada
do desenvolvimento econômico e social.
4 Furtado, C. A Nova Dependência. Paz e Terra, 1982. Ver também suas reflexões sobre o tema do desenvolvimento no livro da coleção “Os Economistas”, publicado pela Abril Cultural: Teoria e Política de Desenvolvimento Econômico. Sobre o pensamento dos principais autores que analisaram a questão do capital social no processo de desenvolvimento, ver Augusto Franco – Capital Social, Instituto de Política, Millennium, Brasília, 2004.
15
Quadro 1.1. Formas de capitais intangíveis determinantes do processo de
desenvolvimento regional
Algumas Formas de
Capitais Intangíveis
Especificação
1. Capital Institucional
As instituições ou organizações públicas e privadas existentes na região: o seu
número, o clima de relações interinstitucionais (cooperação, conflito,
neutralidade), o seu grau de modernidade.
2. Capital Humano O estoque de conhecimentos e habilidades que possuem os indivíduos que residem
na região e sua capacidade para exercitá-los.
3. Capital Cívico A tradução de práticas de políticas democráticas, de confiança nas instituições, de preocupação pessoal com os assuntos públicos, de associatividade entre as esferas
públicas e privadas, etc.
4. Capital Social O que permite aos membros de uma comunidade confiar um no outro e cooperar
na formação de novos grupos ou em realizar ações em comum.
5. Capital Sinergético
Consiste na capacidade real ou latente de toda a comunidade para articular de
forma democrática as diversas formas de capital intangível disponíveis nessa
comunidade.
O Pólo Serra e o Pólo Litoral se localizam em áreas do Estado do Rio de Janeiro onde
estão alguns dos seus ecossistemas mais preciosos e sensíveis. Não se pode pensar na
promoção e no desenvolvimento destes Pólos sem delimitar com adequada
especificidade como os projetos de investimento público e privado irão impactar os
ecossistemas em sua área de influência direta ou indireta. Daí colocar-se a questão da
preservação ambiental no tripé de um processo de desenvolvimento sustentável.
O processo de desenvolvimento ambiental sustentável se caracteriza por5:
a primeira função dos recursos naturais é prover insumos para o sistema produtivo,
que objetiva produzir bens de consumo e de capital para criar bem estar ou utilidade
para a população;
o meio ambiente é, também, o receptor de última instância de resíduos que vêm da
produção, do consumo ou dos próprios sistemas naturais; a diferença básica entre os
sistemas naturais e econômicos é que os sistemas naturais tendem a reciclar os seus
resíduos, ainda que parcialmente;
5 Pearce, D. W. and Turner, R. K. Economics of Natural Resources and the Environment, Johns Hopkins, 1991. Lawn, P. Frontier Issues in Ecological Economics, EE, 2007. Common, M. and Stagl, S. Ecological Economics, Cambridge, 2005 Vivien, F. D. Le développement soutenable, La Découverte, 2005.
16
para se dar sustentabilidade aos recursos renováveis, é preciso cuidados para utilizá-
los a uma taxa que não seja maior do que sua capacidade regenerativa;
a terceira função do meio ambiente é a de oferecer utilidade diretamente, na forma
de prazer estético e conforto espiritual; se dispuserem-se resíduos em excesso à
capacidade assimilativa, o meio ambiente é prejudicado nesta terceira função.
Uma definição operacional para o desenvolvimento sustentável do ponto de vista ambiental
envolve a maximização dos benefícios líquidos do desenvolvimento econômico, sujeito à
manutenção dos serviços e da qualidade dos recursos naturais ao longo do tempo. Esta
manutenção implica, desde que seja possível, a aceitação das seguintes regras gerais:
utilizar os recursos renováveis a taxas menores ou iguais à taxa natural que podem
regenerar;
otimizar a eficiência com que recursos não renováveis são usados, sujeito ao grau de
substituição entre recursos e ao progresso tecnológico;
manter sempre os fluxos de resíduos no meio ambiente no nível igual ou abaixo de
sua capacidade assimilativa;
a vegetação nativa e os ecossistemas críticos devem ser preservados, reabilitados
e/ou restaurados; adicionalmente, a exploração futura do capital natural deveria se
restringir a áreas intensamente modificadas pelas atividades humanas prévias (por
exemplo: produção de biodiesel de dendê em áreas degradadas da Floresta
Amazônica).
As decisões sobre as formas de se utilizarem, sustentavelmente, os recursos naturais de uma
região não podem ser tomadas sem que haja uma valoração econômica destes recursos, pois
estes apresentam muitas opções alternativas para o desenvolvimento regional. Eles podem
ser preservados; ou seja, nenhum uso humano é permitido na sua exploração. Eles podem
ser conservados; ou seja, a ação antrópica pode ocorrer, desde que sejam mantidos os
serviços e a qualidade dos recursos naturais ao longo do tempo. Assim, há um grande
espectro de opções de conservação, principalmente quando se leva em consideração os
demais objetivos de desenvolvimento de uma região (geração de emprego, redução da
17
pobreza absoluta, etc.) e os respectivos trade-off, os quais se definem, economicamente, a
partir de seus custos e benefícios sociais relativos. No fundo, o desafio é mostrar que os
valores econômicos resultantes do uso sustentável dos recursos ambientais da região são
superiores aos valores gerados pelas atuais formas de intervenção nas suas economias.
O processo de desenvolvimento do turismo sustentável do Pólo Serra e do Pólo Litoral
do PDITS/RJ implica em estabelecer uma estratégia que incorpore os impactos
ambientais dos projetos de investimento público e privado nas suas áreas de influência
direta e indireta. É preciso: a) estender, para estas áreas, as melhores práticas e
experiências de desenvolvimento do turismo que vêm sendo conduzidas em diversos
ecossistemas do país; b) incorporar, nos critérios de avaliação dos projetos de investimentos
que irão usufruir de incentivos fiscais e financeiros, os custos e os benefícios das
externalidades ambientais; c) priorizar programas e projetos que possam contribuir para
soluções articuladas de problemas sociais de pobreza com o equilíbrio dos ecossistemas
locais (exemplo: saneamento básico; extrativismo com manejo sustentável na Mata
Atlântica e dos recursos costeiros etc.) e promover uma crescente consciência e ação
ambientalista nos processos de expansão da produção e do consumo na região.
1.2 POLÍTICAS ESPECÍFICAS DE PROMOÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO TURISMO
SUSTENTÁVEL
As regiões e os municípios brasileiros, que têm no turismo a sua base econômica, ou nos
quais o turismo é uma das atividades econômicas motrizes de seu crescimento, têm de
dispor de uma política pública com características específicas. É evidente que esta
especificidade não dispensa estas regiões e municípios de se beneficiarem de políticas
compensatórias (renda mínima, seguro-desemprego, previdência, cesta básica, salário
mínimo) e de políticas estruturais (regularização fundiária, educação, microcrédito,
infraestrutura), uma vez que as populações locais têm características estruturais típicas que
se enquadram nos objetivos sociais destas políticas de alívio da pobreza.
18
Entretanto, as formas de articulação das atividades turísticas com as comunidades locais,
através dos mercados de trabalho, assim como as formas de inserção destas atividades no
processo de desenvolvimento local, através de seus diferentes impactos e transbordamentos
em termos de custos e benefícios, levam a que sejam necessárias a concepção e a
implementação de políticas públicas específicas para o turismo sustentável. Podem-se
destacar três destas formas de articulação e de inserção, com suas especificidades:
normalmente, os projetos de investimento no turismo são de natureza estruturante; têm uma
grande propensão a se tornarem enclaves econômicos regionais e locais; apresentam uma
delicada relação com o capital natural onde se localizam.
Há muitos projetos de desenvolvimento que contribuem para a consolidação da economia
regional onde se localizam, por meio de ações e medidas que eliminam pontos de
estrangulamento, que complementam as cadeias de valor, que mobilizam recursos ociosos,
e que buscam superar os obstáculos à continuação do desenvolvimento observado no
passado. Estes são os denominados projetos de natureza incremental. Por outro lado, há
projetos que são capazes, pela sua dimensão e por sua complexidade, de mudar os padrões
e as tendências de desenvolvimento das regiões e localidades em que se localizam, ora
reestruturando com profundidade as condições econômicas e sociais, ora mobilizando
potencialidades de expansão produtiva ainda não exploradas. Estes são os denominados
projetos estruturantes, entre os quais, normalmente, pode-se classificar os projetos de
desenvolvimento do turismo sustentável.
As atividades de turismo sustentável apresentam características comuns: elas se
concentram, normalmente, em um território bem delimitado que define sua identidade
cultural; elas aglomeram espacialmente um conjunto de empresas e empreendedores que
têm, entre si, maior ou menor nível de cooperação e de confiança; elas se especializam na
oferta de serviços orientados para o consumo final e dentro de uma cadeia de valor, com
maior ou menor grau de extraterritorialidade; para se desenvolver, elas não podem
prescindir de uma articulação ampla e diversificada com muitas instituições públicas e
privadas que conduzem políticas sociais e setoriais. Ora, quando se pensa em formular e
19
executar políticas públicas para promover e desenvolver atividades com estas
características, a metodologia mais apropriada é a que se relaciona com os arranjos
produtivos locais.
Arranjos Produtivos Locais podem ser definidos como “aglomerações de empresas,
localizadas em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e mantêm
algum vínculo de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros
atores locais, tais como: governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e
pesquisa”. Ou de forma mais genérica, arranjo produtivo local é uma concentração micro
espacial de empresas de qualquer porte com grau diferenciado de coesão e características
comuns, que pode ser: a) horizontal, no mesmo setor ou setores conexos (couros e sapatos;
madeira e móveis, etc.); b) vertical, setores estruturados em uma cadeia produtiva; c) misto,
com estruturação setorial horizontal e vertical (proteína animal industrializada no Oeste
Catarinense, por exemplo)6. Há atualmente mais de 300 experiências de promoção e
desenvolvimento de APLs sendo implementadas no Brasil, muitas das quais com
financiamento do BID.
O MINTUR tem considerado que, além dos projetos de investimento público e privado para
promover e desenvolver um potencial turístico em determinada região ou localidade, é
preciso implementar políticas públicas para o alívio ou redução da pobreza e a preservação
dos ecossistemas tendo a concepção de turismo sustentável como vetor referencial. Essas
políticas compreendem os seguintes investimentos:
6 Cassiolato, J. E. e Lastres, H. M. M. “Aglomerações, Cadeias e Sistemas Produtivos e de Inovação” in Cluster – Revista
Brasileira de Competitividade, ano 1, no. 1, abril/julho 2001. Instituto Metas, B. Horizonte. A revista Cluster – Revista Brasileira de Competitividade apresenta, em seus diversos números, um glossário bem elaborado sobre estes conceitos, reproduzidos parcialmente neste texto. Haddad, P. R. “Etapas de Organização de um Cluster Produtivo: uma exposição diagramática”, in Cluster – Revista Brasileira de Competitividade”, abril/julho de 2002. Ver também toda a bibliografia relativa ao Projeto SEBRAE/PROMOS/BID que foi pioneiro e inovador no desenvolvimento das experiências de APL no Brasil; ver, particularmente, Metodologia de Desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais – Projeto Promos/SEBRAE/BID, SEBRAE, 2004. Breschi, S. and Malerba, F. (ed.) Clusters, Networks and Innovation, Oxford University Press, 2007.
20
Investimentos no Capital Humano
o Promoção da inserção da população local no mercado de trabalho
oferecido pelo turismo através da oferta de capacitação profissional
adequada com ênfase nas faixas de população local de menor nível de
escolaridade;
o Gestão para o estabelecimento, nos destinos, de unidades educativas, tanto
para a educação formal quanto para a capacitação em áreas específicas
diretamente aplicáveis às atividades turísticas;
o Ações públicas de facilidades para a inclusão digital da população;
o Campanhas de conscientização da população, dos governos locais e dos
turistas e demais interessados no desenvolvimento sustentável do setor.
Investimentos no Capital Físico
o As obras de infraestrutura de titularidade governamental devem ser
inclusivas para o total da população local e não apenas às instalações de
complexos turísticos, de regiões de veraneio e de áreas de atrativos turísticos
localizados;
o As áreas de ocupação informal, constituídas ou crescidas em função da
atração de população pela dinamização do turismo, devem ser objeto de
projetos de urbanização e regularização ou novas habitações, se em
áreas de risco;
o Incentivo do uso de materiais e insumos de produção local, como forma
de dinamização da economia local, bem como de geração de oportunidades
de mercado.
Investimentos no Capital Social
o Obrigatoriedade da formulação de planejamento, dimensionamento e
estruturação dos destinos turísticos previamente à sua comercialização;
o Apoio e crédito para a regularização dos imóveis em situação fundiária
informal, sob risco de perda pela especulação imobiliária, causada pela
21
implantação de infraestrutura pública, principalmente estradas, ou pelo
crescimento da própria atividade turística;
o Medidas sociais compensatórias para a instalação de empreendimentos
turísticos de grande porte, que privilegiem a população local e nativa;
o Privilegiar a comunidade local e nativa, na oferta de empregos gerados
direta e indiretamente pela atividade turística;
o Promoção de geração de oportunidades de prestação de serviços e
fornecimento de bens para as classes menos favorecidas da população local,
tanto com estímulo a atenção à qualidade dos produtos quanto pela indução
à organização deste comércio;
o Incentivo à criação de microempresas comunitárias ou cooperativas para
prestação de serviços turísticos deve ser estimulado, com apoio técnico,
organizacional e mercadológico que permita o acesso a créditos;
o Oferta de crédito/microcrédito compatível com as atividades
desenvolvidas no destino;
o Ações de incentivo a organização e fortalecimento das comunidades
locais (empoderamento da sociedade local);
o A oferta de serviços públicos ampliados por pressão da necessidade da
população flutuante de turistas devem ser dimensionados incluindo toda a
população local;
o Formulação de políticas de incentivo aos governos locais para o
fortalecimento de sua governabilidade e capacidade de se beneficiar da
renda gerada pelo turismo, a ser revertida em serviços à população local.
Usualmente, a implementação de um processo de desenvolvimento de turismo sustentável
envolve problemas de coordenação institucional entre diferentes setores da
administração direta (Ministérios, Secretarias etc.) e da administração indireta (BNDES,
FINEP, IBAMA, BNB etc.) dos três níveis de governo; entre diferentes equipes técnicas
interdisciplinares com suas idiossincrasias próprias (ambientalistas, especialistas em obras
22
de infraestrutura etc.); entre as agências públicas e as organizações não governamentais; e,
principalmente, entre os próprios setores organizados da sociedade civil.
As instituições, que participam de um processo de desenvolvimento do turismo sustentável,
tendem a desenvolver o seu espaço próprio de decisão, fechando-se em torno de missões e
temas programáticos específicos e, ao mesmo tempo, protegendo-se quanto às tentativas de
interferências das atividades de coordenação externa. Por exemplo: um programa de gestão
ou de formação de recursos humanos para o turismo sustentável não pode prescindir da
cooperação das instituições, públicas e privadas, vinculadas às políticas educacionais e de
formação de recursos humanos na região em que se localizam os projetos de investimento.
Assim, quando lhes é solicitada a cooperação para executar determinadas atividades do
programa, é necessário considerar a questão recorrente da heterogeneidade das diferentes
organizações envolvidas, quanto ao seu grau de maturidade institucional (há aquelas que
ainda não firmaram sua identidade), à sua capacidade de decisão e de implementação (há as
que costumam paralisar diante de escolhas a fazer), à sua cultura profissional, etc.
Estes fatores podem explicar, ainda que parcialmente, os diversos exemplos de conflitos
institucionais em torno das políticas de desenvolvimento do turismo sustentável, resultando
em impasses decisórios (paralisantes ante escolhas críticas), em predominância de
elementos irracionais (confundindo objetivos com instrumentos) e desperdício de recursos
(por meio da sobreposição de funções e das disputas por liderança).
Um programa de desenvolvimento do turismo sustentável deve conceber a
coordenação das entidades públicas e privadas, atuantes na região, em função de
problemas rigorosamente focalizados no nível de subprogramas e projetos. As suas
ações devem ser de natureza pragmática em busca de resultados operacionais,
envolvendo a mediação de conflitos e disputas, a eliminação de setorialismos
injustificáveis, a promoção de consensos, a busca do dinamismo real em lugar das
divisões formais, etc., para fazer acontecer os objetivos e metas do programa.
23
Enfatiza-se que muitos dos problemas reais com a gestão de um processo de
desenvolvimento do turismo sustentável não estão tanto em sua concepção e planejamento,
mas na sua implementação, ou seja, nas dificuldades que têm as instituições em “fazer
coisas certas” e “fazer certo as coisas certas”. As chances de sucesso na implementação
de um programa ou projeto de corte transversal são muito reduzidas, usualmente, se o
seu nível de especificidade é baixo; ou seja: 1) se é reduzida a extensão em que é possível
especificar, para uma determinada atividade, os objetivos a serem atingidos, os métodos
para atingir estes objetivos e as formas de controlar os seus bons resultados, assim como
premiar os atores responsáveis por estes resultados; 2) se são limitados os seus efeitos em
termos de intensidade, dos prazos para se tornarem aparentes, do número de pessoas e
atividades afetadas, e das possibilidades práticas de traçar os próprios efeitos. Em geral,
quanto maior o grau de especificidade de um programa ou projeto, mais intensos,
imediatos, identificáveis e focalizados serão os seus efeitos. A ausência de especificidade
de um programa torna a sua gestão mais complexa e difícil, pois permite às estruturas
organizacionais que o implementam maior latitude e graus de liberdade na interpretação ad
hoc das suas normas e regulamentações7
É possível identificar um conjunto de motivos para que os diferentes atores e instituições
envolvidos na implementação de um programa de desenvolvimento sustentável possam
concordar com os seus objetivos e, ainda assim, opor (ou simplesmente deixar de facilitar)
meios para executá-lo: a) incompatibilidade direta com outros compromissos: os atores
podem concordar com os méritos do programa, mas considerar que este é incompatível com
outras de suas metas organizacionais; b) nenhuma incompatibilidade direta, mas uma
preferência para outros programas ou projetos; c) compromissos simultâneos com outros
programas e projetos que demandam, crescentemente, o uso alternativo de seu tempo e
atenção; d) dependência de atores para os quais o programa não tem um sentido de
7 Israel, A. Institutional Development: Incentives to Performance. Johns Hopkins, World Bank, 1989, USA.
North, D. C. Institutions, Institutional Change and Economic Performance, Cambridge University Press,
1990. Chavance, B. L’economie institutionnelle, La Découverte, 2007.
24
urgência, ou de atores com forte adesão aos objetivos do programa, mas sem poder de
decisão etc.
Ou seja, nenhum ator regional, público ou privado, tende a exprimir desacordo quanto aos
objetivos de um processo de desenvolvimento sustentável. Estes objetivos são considerados
meritórios do ponto de vista da opinião pública local, estadual ou nacional, sendo
“politicamente correto” um cidadão e uma organização responsáveis manifestar propensão
a apoiá-lo. Contudo, isto não significa que esteja pronto para tomar decisões, motivado para
promover desobstruções ou eliminar pontos de estrangulamento, a fim de chegar a acordos
necessários para acelerar a execução do programa.
Numa região menos desenvolvida, o processo de implementação de programas e projetos
de desenvolvimento do turismo sustentável é uma tarefa árdua e complexa, uma vez que as
instituições locais carecem de recursos humanos, materiais e organizacionais para adquirir
eficiência e eficácia em suas ações programáticas. Trata-se, contudo, de desafios a serem
superados por meio de esforço endógeno e da construção de parcerias múltiplas. Numa
região mais desenvolvida com estrutura produtiva mais diversificada, os efeitos
multiplicadores (diretos, indiretos e induzidos) são mais amplos, embora possam ocorrer
maiores dificuldades de coordenação dos protagonistas e das instituições que apresentam
idiossincrasias próprias, resistências a compartilhar decisões e elevados custos de
oportunidade para o envolvimento participativo dos atores locais. Por outro lado, os
projetos das áreas mais desenvolvidas, por sua escala e complexidade, aumentam os graus
de liberdade que dispõem para o alívio da pobreza das populações locais, como é o caso
dos Pólos da Serra e do Litoral do PDITS/RJ.
Neste contexto, o estudo que se segue buscará quantificar os efeitos potenciais dos
investimentos do PRODETUR RJ.
25
2 METODOLOGIA
O instrumental utilizado para a elaboração dos cenários do estudo refere-se a um sistema
integrado de modelagem para geração de cenários temporais, tendo como núcleo central um
modelo EGC (modelo EFES – Economic Forecasting Equilibrium System). O modelo
EFES foi desenvolvido no âmbito do Projeto SIPAPE (Sistema Integrado de Planejamento
e Análise de Políticas Econômicas) –, em curso na FIPE e no Núcleo de Economia
Regional e Urbana da USP – Nereus, cujo objetivo geral é a especificação e implementação
de um sistema de informações integrado para projeção macroeconômica, setorial e regional,
e análise de políticas econômicas.8 Como parte deste projeto, este modelo de equilíbrio
geral computável (EGC) está integrado a um modelo macroeconômico de equilíbrio geral
dinâmico (EGD), permitindo a geração de resultados desagregados para até 55 setores e
110 produtos, consistentes com cenários internacionais e macroeconômicos
preestabelecidos. Outro módulo importante associado ao SIPAPE é o módulo interestadual
EGC, denominado B-MARIA – Brazilian Multisectoral And Regional/Interregional
Analysis9, em sua versão calibrada para o Estado do Rio de Janeiro (Figura 2.1.).
O modelo EFES é um modelo especificado com componentes de dinâmica suficientes para
gerar projeções temporais para a economia brasileira. Dessa forma, pode-se projetar
trajetórias de nível de atividade por setor, uma característica até agora pouco explorada em
modelos EGC no Brasil. Dentro da estratégia de implementação do modelo, podemos
definir, esquematicamente, os vários estágios de simulação para a obtenção das projeções
dos cenários econômicos consistentes, considerando a integração dos vários módulos. A
utilização do modelo EFES em simulações de projeção possibilita a produção de resultados
estruturais e macroeconômicos sobre a evolução da economia brasileira no período de
estudo (2007-2020).
8 Haddad, E. A., e Domingues, E. P. (2001). “EFES – Um Modelo Aplicado de Equilíbrio Geral para a
Economia Brasileira: Projeções Setoriais para 1999-2004”. Estudos Econômicos, 31(1). 9 Haddad, E. A. (1999). Regional inequality and structural changes: lessons from the Brazilian experience.
Aldershot, Ashgate.
Haddad, E. A. and G.J.D. Hewings (2005). “Market Imperfections in a Spatial Economy: Some Experimental
Results,” The Quarterly Review of Economics and Finance 45: 476-496.
26
Uma importante etapa, antes da geração dos cenários futuros, refere-se às simulações
históricas. As simulações históricas são utilizadas para a atualização do banco de dados do
modelo e a determinação de tendências de mudanças tecnológicas e de preferências. O
modelo foi calibrado, inicialmente, para 2004, ano mais recente para o qual estavam
disponíveis as informações completas necessárias para sua implementação. Entretanto,
informações parciais vêm sendo liberadas para anos mais recentes, o que torna possível
atualizar os coeficientes estruturais do modelo a partir destes dados.10
Para o período
histórico entre o ano de referência e os anos mais recentes, podem-se observar movimentos
em muitas das variáveis que, normalmente, são determinadas endogenamente em modelos
EGC.
Para se acomodarem as novas variáveis exógenas, devem-se endogeneizar algumas
variáveis exógenas. O resultado final destas simulações permite-nos, como sugerido acima,
atualizar nosso banco de dados para um ano mais recente que serve como ano “0” de nossas
projeções.
No ambiente de projeção, o modelo é alimentado por projeções macroeconômicas do
modelo EGD. Entre as informações utilizadas, está a evolução da inflação, da taxa de
câmbio, do consumo das famílias, dos gastos do governo, do investimento agregado e das
exportações. Como insumo ao modelo EFES fazem parte também projeções de
especialistas e cenários sobre alterações nas preferências e tecnologia. Políticas setoriais
específicas também são introduzidas nas simulações de projeção. Alimentado com estas
informações, o modelo EFES produz projeções estruturais e macroeconômicas para a
economia brasileira. A evolução da oferta doméstica e externa (importações) dos bens pode
ser observada, assim como as variações do nível de atividade, investimento e estoque de
capital em cada um dos setores de atividade do modelo. Indicadores macroeconômicos
como volume de importações, saldo comercial, emprego e PIB também podem ser
acompanhados. Deve ser destacado que esse amplo conjunto de resultados é totalmente
10 Neste trabalho, o banco de dados foi atualizado para 2007.
27
consistente com as informações de entrada do modelo, com a estrutura da economia
brasileira e com a teoria econômica estabelecida.
Deve-se ressaltar que as projeções do modelo não representam previsões, stricto sensu, para
a economia brasileira. Os resultados derivados do modelo refletem trajetórias das variáveis
endógenas para cenários exógenos específicos. A grande vantagem deste instrumental
refere-se à sua flexibilidade na geração de cenários para a economia brasileira dentro de um
arcabouço teórico de equilíbrio geral totalmente baseado em fundamentos econômicos.
Apesar de limitações associadas a hipóteses restritivas sobre o comportamento dos agentes
econômicos e incertezas sobre os parâmetros e coeficientes do modelo, a utilização do
modelo EFES mostra-se bastante promissora e flexível, podendo salientar algumas
aplicações genéricas, tais como: a) geração de projeções setoriais baseadas em cenários
macroeconômicos alternativos; b) análise dos impactos de políticas econômicas sobre
trajetórias de crescimento da economia; c) integração com modelos regionais objetivando a
geração de resultados para estados e regiões do país.
Neste trabalho, utiliza-se ainda uma extensão interregional do modelo EFES (EFES-REG),
desenvolvida para geração das decomposições regionais dos resultados das simulações em
nível estadual. Os coeficientes estruturais das regiões são utilizados (e atualizados a cada
sub-período) nos processos de calibragem e re-calibragem do modelo. A obtenção destes
coeficientes dá-se a partir de informações provenientes de uma matriz interrregional de
insumo-produto, desenvolvida no âmbito deste projeto.
Uma vez estabelecida a trajetória de referência para a contextualização das magnitudes dos
impactos (Cenário Tendencial sem os investimentos do PRODETUR RJ), o próximo passo
é definir os desvios em relação a essas trajetórias proporcionados pela realização dos
investimentos e pelo aumento projetado dos fluxos/gastos dos turistas nas regiões de
destino. O modelo B-MARIA-RJ e o sistema interregional, integrados ao modelo EFES,
permitem que estes impactos sobre variáveis macroeconômicas, setoriais e regionais sejam
calculados. O modelo B-MARIA-RJ garante a consistência dos resultados de equilíbrio
geral no nível estadual, enquanto o módulo interregional permite que os resultados sejam
28
alocados nos vários níveis sub-regionais de acordo com propriedades de um sistema de
insumo-produto interregional. As informações que alimentam os choques no sistema são:
(i) alocação temporal-regional-institucional dos gastos com investimentos incrementais no
período 2010-2013; e (ii) alocação temporal-regional-institucional dos gastos adicionais
com turismo a partir de 2013. Uma vez traduzidos estes efeitos em mudanças em variáveis
do modelo EGC, podemos proceder às estimativas dos impactos socioeconômicos do
PRODETUR RJ.
Figura 2.1. Janela de abertura do modelo B-MARIA-RJ
29
2.1 REGIONALIZAÇÃO
A elaboração do sistema interregional de insumo-produto, no âmbito deste projeto, teve
como base de informações os fluxos de produtos entre microrregiões brasileiras, estimados
pela FIPE. O modelo considerou sete regiões internas ao Estado do Rio de Janeiro e uma
região residual (Resto do Brasil). A regionalização utilizada procurou estabelecer uma
relação bem próxima à delimitação das fronteiras geográficas dos sub-pólos. Como há sub-
pólos cujos limites estão contidos em mais de uma microrregião, e microrregiões que
contêm municípios de dois sub-pólos distintos, optamos por alocar as microrregiões nos
sub-pólos turísticos baseados na localização dos municípios turísticos principais, gerando
uma aproximação espacial das áreas dos sub-pólos no modelo de simulação.
O Quadro 2.1, abaixo, apresenta a relação utilizada entre sub-pólos e microrregiões
homogêneas.
Quadro 2.1. Regionalização do módulo interestadual
Sub-pólo Microrregiões
Metropolitano Rio de Janeiro
Baía da Ilha Grande
Itaguaí
Bacia de São João
Lagos
Macaé
Macacu-Caceribu
Nova Friburgo
Serrana
Barra do Piraí
Vassouras
Agulhas Negras Vale do Paraíba Fluminense
Resto do RJ Demais microrregiões do Estado
Costa Verde
Costa do Sol
Serra Verde Imperial
Vale do Café
30
O Quadro 2.2 sintetiza a relação de dependência interregional direta no modelo,
apresentando as estrutura dos fluxos de comércio entre as regiões. É importante ressaltar o
papel de polarização exercido pelo sub-pólo Metropolitano na economia fluminense, uma
vez que se coloca como origem e destino relevante dos fluxos intra-estaduais.
Quadro 2.2. Estrutura agregada dos fluxos interregionais, Brasil (em % do total)
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Verde Imperial Vale do Café Agulhas Negras Resto do RJ Resto do Brasil TOTAL
Metropolitano 4,265 0,078 0,247 0,145 0,036 0,106 0,124 1,646 6,648
Costa Verde 0,082 0,071 0,007 0,003 0,001 0,003 0,006 0,099 0,273
Costa do Sol 0,261 0,003 0,343 0,010 0,003 0,019 0,046 0,851 1,535
Serra Verde Imperial 0,143 0,002 0,011 0,159 0,001 0,003 0,007 0,052 0,377
Vale do Café 0,033 0,001 0,003 0,001 0,044 0,019 0,002 0,030 0,133
Agulhas Negras 0,138 0,012 0,025 0,006 0,014 0,264 0,008 0,380 0,847
Resto do RJ 0,124 0,002 0,041 0,010 0,002 0,006 0,283 0,585 1,052
Resto do Brasil 1,830 0,061 0,392 0,090 0,033 0,311 0,324 76,913 79,954
Resto do mundo 0,608 0,026 0,125 0,036 0,010 0,097 0,073 8,207 9,182
TOTAL 7,484 0,255 1,194 0,459 0,144 0,829 0,872 88,763 100,000
Ori
gem
Destino
Fonte: EFES-REG.
31
3 BASELINE
Esta seção apresenta os resultados de nosso baseline, ou seja, as trajetórias de referência
para a contextualização das magnitudes dos impactos. Apresentaremos, a seguir, (i) as
informações para a trajetória de PIB e PIB per capita para as regiões do estudo; (ii) as
estimativas das matrizes de fluxos de turistas; e (iii) estimativas de perfil de gastos de
turistas domésticos e internacionais bem como indicadores médios de permanência.
3.1 CENÁRIO TENDENCIAL
O objetivo desta seção é delinear o Cenário Tendencial para a economia brasileira e suas
regiões, com o foco na economia fluminense, tendo como resultado de interesse a geração
de projeções de variáveis econômicas, baseadas em hipóteses sobre o comportamento de
agregados macroeconômicos, mudanças tecnológicas e de preferências, projeções
demográficas, alterações no cenário internacional e informações sobre a tendência dos
investimentos setoriais/regionais. São apresentadas projeções para o PIB e PIB per capita
para oito regiões brasileiras (sete dentro do Estado do Rio de Janeiro), além da economia
mundial.11
O Cenário Tendencial aqui apresentado caracteriza uma situação provável para as
economias brasileira e fluminense no futuro, dadas as restrições sob as quais operam e as
suposições feitas sobre alguns de seus aspectos estruturais fundamentais, tais como, taxa de
investimento, padrão de consumo das famílias, evolução da produtividade em alguns
setores etc. Essa situação é resultante das suposições feitas, das restrições presentes, e da
experiência de evolução da economia em passado relativamente recente. Basicamente, o
Cenário Tendencial deve ser entendido como uma situação para a qual caminharão as
economias do País e do Estado do Rio de Janeiro, na hipótese de que os fatores e políticas
presentes nesse passado recente continuem a exercer alguma influência no período de
11 Para maiores informações, ver atualização do Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT).
32
projeção. Como salientado, o propósito destas estimativas é contextualizar a magnitude dos
impactos do PRODETUR RJ em um contexto temporal consistente.
A Tabela 3.1 apresenta as estimativas das trajetórias de crescimento do PIB e PIB per
capita para o período 2010-2020.
33
Tabela 3.1. Cenário tendencial – baseline: PIB, PIB per capita
A. PIB (USD milhões de 2008), 2010-2020
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Metropolitano 116.428 119.122 124.781 131.199 137.379 144.331 151.387 156.842 163.637 170.592 177.744
Costa Verde 5.961 6.038 6.183 6.333 6.492 6.659 6.816 6.980 7.150 7.327 7.453
Costa do Sol 16.272 16.707 17.201 17.722 18.271 18.850 19.393 19.960 20.553 21.175 21.689
Serra Verde Imperial 9.486 9.691 9.967 10.253 10.549 10.857 11.151 11.456 11.770 12.094 12.333
Vale do Café 2.335 2.425 2.474 2.524 2.575 2.628 2.680 2.734 2.790 2.846 2.881
Agulhas Negras 11.537 11.517 11.804 12.101 12.408 12.725 13.044 13.372 13.711 14.060 14.289
Resto do RJ 17.611 17.748 18.033 18.326 18.626 18.934 19.255 19.584 19.921 20.266 20.499
Resto do Brasil 1.341.183 1.386.080 1.444.949 1.512.690 1.581.762 1.652.496 1.724.653 1.796.730 1.870.160 1.944.081 2.018.896
Brasil 1.520.811 1.569.329 1.635.392 1.711.148 1.788.062 1.867.480 1.948.379 2.027.657 2.109.692 2.192.441 2.275.785
GR
P (
USD
mill
ion
s 2
00
8)
B. PIB per capita (taxa de crescimento anual), 2008-2020
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Metropolitano - 3,95 -1,05 1,45 2,16 4,60 4,99 4,56 4,91 4,93 3,65 4,38 4,29 4,24
Costa Verde - -0,39 -0,30 -0,19 0,07 1,10 1,11 1,13 1,16 1,35 1,35 1,36 1,36 0,58
Costa do Sol - 0,68 0,85 1,06 1,42 1,66 1,69 1,72 1,75 1,85 1,87 1,89 1,91 1,29
Serra Verde Imperial - 1,49 1,59 1,67 2,16 2,84 2,86 2,88 2,90 2,90 2,92 2,93 2,94 2,16
Vale do Café - 2,23 2,42 2,65 3,86 2,00 2,01 2,02 2,03 2,15 2,16 2,17 2,17 1,37
Agulhas Negras - -1,04 -0,91 -0,81 -0,64 2,01 2,03 2,05 2,07 2,23 2,24 2,25 2,27 1,35
Resto do RJ - 0,47 0,49 0,51 1,04 1,87 1,88 1,90 1,91 2,10 2,11 2,12 2,13 1,55
Resto do Brasil - 4,53 -0,84 1,30 2,32 3,19 3,61 3,47 3,36 3,50 3,30 3,19 3,04 2,92
World - 1,81 -2,25 1,91 3,08 3,33 3,45 2,89 2,89 2,50 2,50 2,50 2,50 2,50Per
cap
ita
GR
P (
per
cen
tage
chan
ge)
34
3.2 FLUXOS DE TURISTAS
3.2.1 Dimensionamento
Para se avaliar os impactos do PRODETUR RJ associados aos incrementos esperados nos
gastos totais dos turistas (seja pela intensificação dos fluxos de turistas, pelo aumento dos
gastos médios, ou pelo aumento do tempo de permanência), é fundamental que se tenha
uma ideia dos fluxos atuais e dos fluxos projetados na ausência dos investimentos.
Estas informações, contudo, estão disponibilizadas parcialmente e em fontes dispersas. Para
se obter uma estimativa sobre os fluxos de turistas entre pares de origem e destino, no
contexto de nossa modelagem, combinamos algumas fontes de informações sobre fluxos de
turistas domésticos e internacionais, tendo sido necessário utilizar um modelo de geração e
demanda de viagens para calibrar uma matriz de fluxos de turistas para o ano-base 2007, a
partr de informações parciais.
Assim, para a geração do baseline, foi necessário alocar os turistas estrangeiros e
domésticos para os destinos contemplados no estudo. Para tanto, utilizamos um conjunto de
hipóteses baseadas em indicadores estruturais do setor de turismo no Estado do Rio de
Janeiro. Dada a falta de dados censitários e séries de tempo, ativemo-nos em informações
parciais recentes para alocação dos turistas nos vários destinos.
As principais informações (fontes) utilizadas foram: a) turismo doméstico: estimativa de
fluxos de viagens para o Rio de Janeiro, com origem dentro e fora do Estado
(FIPE/EMBRATUR); b) turismo internacional: estimativa do número de turistas
estrangeiros na Cidade do Rio de Janeiro (EMBRATUR); c) procedência dos turistas nos
principais destinos dos sub-pólos (TurisRIO); d) dados sobre população e PIB para os
municípios do Estado do Rio de Janeiro (IBGE); e) quantitativos de meios de hospedagem
para os sub-pólos; f) distância e tempo de viagem entre as principais cidades das sete
regiões fluminenses contempladas no modelo (geoprocessamento).
Para o turismo internacional, foram utilizados dados históricos sobre turismo receptivo para
o período 1991-2007 (EMBRATUR), considerando os números de turistas no Brasil e no
Rio de Janeiro.
O dimensionamento do turismo doméstico baseou-se em informações do estudo
“Caracterização e dimensionamento do turismo doméstico no Brasil – 2007”, elaborado
pela própria FIPE para o Ministério do Turismo. O total de pessoas x viagens (turistas
domésticos) em 2007 foi estimado em 281.175 mil. Deste total, o Estado do Rio de Janeiro
foi o destino de 26.261 mil, ou 9,3% do total. Outra informação relevante é que do total
turistas x viagens com destino ao Rio de Janeiro, 21.828 mil (83,1%) teriam se originado
no próprio Estado.
Com base nestes grandes números e com as informações da TurisRIO sobre procedência
dos turistas nos sub-pólos, estimamos os números de turistas estrangeiros e de outros
estados, restando ainda desagregar os fluxos intra-estaduais. Para tal fim, calibramos um
modelo gravitacional, utilizando como fator de atração a oferta de leitos nos principais
destinos e como fator de geração a população das regiões emissoras. Ainda, utilizamos
como fator de impedância o tempo de viagem entre as principais cidades de cada região.
Os resultados para o ano-base são apresentados a seguir.
36
Quadro 3.1. Estimativa dos fluxos de turistas entre pares de origem e destino, 2007
Ano-base: 2007
Turistas (1000)
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras Resto_RJ Total
Metropolitano 0,0 2218,7 3543,2 1502,7 248,2 1779,8 361,7 9654,3
Costa Verde 277,8 0,0 12,5 2,5 2,1 36,6 2,0 333,6
Costa do Sol 349,5 9,9 0,0 3,3 0,8 8,2 12,4 384,1
Serra 809,7 10,6 17,8 0,0 1,7 8,9 2,0 850,7
Vale do Café 66,0 4,5 2,2 0,8 0,0 6,9 0,5 81,0
Agulhas Negras 214,9 35,3 10,1 2,0 3,1 0,0 1,6 267,0
Resto_RJ 552,4 24,8 192,5 5,8 2,9 20,8 0,0 799,2
Resto do Brasil 4597,4 1044,5 2039,1 475,4 19,7 371,1 1,7 8548,9
Exterior 1558,0 233,0 330,7 41,2 3,0 1,1 5,0 2172,0
TOTAL 8425,8 3581,4 6148,2 2033,6 281,6 2233,4 387,1 23091,0
% Destino
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras Resto_RJ Total
Metropolitano 0,0 23,0 36,7 15,6 2,6 18,4 3,7 100,0
Costa Verde 83,3 0,0 3,8 0,7 0,6 11,0 0,6 100,0
Costa do Sol 91,0 2,6 0,0 0,8 0,2 2,1 3,2 100,0
Serra 95,2 1,3 2,1 0,0 0,2 1,0 0,2 100,0
Vale do Café 81,5 5,6 2,7 1,0 0,0 8,5 0,6 100,0
Agulhas Negras 80,5 13,2 3,8 0,7 1,2 0,0 0,6 100,0
Resto_RJ 69,1 3,1 24,1 0,7 0,4 2,6 0,0 100,0
Resto do Brasil 53,8 12,2 23,9 5,6 0,2 4,3 0,0 100,0
Exterior 71,7 10,7 15,2 1,9 0,1 0,1 0,2 100,0
TOTAL 36,5 15,5 26,6 8,8 1,2 9,7 1,7 100,0
% Origem
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras Resto_RJ Total
Metropolitano 0,0 62,0 57,6 73,9 88,2 79,7 93,4 41,8
Costa Verde 3,3 0,0 0,2 0,1 0,8 1,6 0,5 1,4
Costa do Sol 4,1 0,3 0,0 0,2 0,3 0,4 3,2 1,7
Serra 9,6 0,3 0,3 0,0 0,6 0,4 0,5 3,7
Vale do Café 0,8 0,1 0,0 0,0 0,0 0,3 0,1 0,4
Agulhas Negras 2,6 1,0 0,2 0,1 1,1 0,0 0,4 1,2
Resto_RJ 6,6 0,7 3,1 0,3 1,0 0,9 0,0 3,5
Resto do Brasil 54,6 29,2 33,2 23,4 7,0 16,6 0,4 37,0
Exterior 18,5 6,5 5,4 2,0 1,1 0,1 1,3 9,4
TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Ori
gem
Destino
Ori
gem
Destino
Ori
gem
Destino
3.2.2 Projeção
A matriz de 2007 foi projetada até 2020 tendo sido utilizado como fator de expansão a
relação entre variação anual do PIB per capita da região emissora (Tabela 3.1.) e uma
elasticidade demanda por turismo em relação ao PIB per capita da região emissora de 1,5.12
Informações adicionais sobre expectativa de turistas ligados aos grandes eventos esportivos
previstos para o Brasil (V Jogos Mundiais Militares, Copa das Confederações, Copa do
Mundo e Jogos Olímpicos) foram incorporadas às projeções tendenciais.
Os resultados são apresentados a seguir.
12 Crouch, G. (1995), “A Meta-Analysis of Tourism Demand”, Annals of Tourism Research, Vol. 22(1), pp.
113–18.
Tsounta, E. (2008), “What Attracts Tourists to Paradise?”, IMF Worling Paper
38
Quadro 3.2. Projeção dos fluxos de turistas entre pares de origem e destino, 2008-2020
2008
Turistas (1000)
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras Resto_RJ Total
Metropolitano 0,0 2350,3 3753,3 1591,8 262,9 1885,3 383,2 10226,7
Costa Verde 276,2 0,0 12,5 2,5 2,1 36,4 2,0 331,6
Costa do Sol 353,1 10,0 0,0 3,3 0,8 8,3 12,6 388,0
Serra 827,8 10,9 18,2 0,0 1,7 9,1 2,1 869,8
Vale do Café 68,2 4,7 2,3 0,8 0,0 7,1 0,5 83,7
Agulhas Negras 211,6 34,7 9,9 2,0 3,1 0,0 1,6 262,9
Resto_RJ 556,3 25,0 193,8 5,8 2,9 21,0 0,0 804,9
Resto do Brasil 4910,0 1115,5 2177,8 507,7 21,0 396,4 1,8 9130,3
Exterior 1600,3 239,3 339,7 42,3 3,1 1,1 5,1 2231,0
TOTAL 8803,5 3790,4 6507,5 2156,2 297,7 2364,7 408,9 24328,9
2009
Turistas (1000)
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras Resto_RJ Total
Metropolitano 0,0 2313,2 3694,0 1566,7 258,8 1855,5 377,1 10065,3
Costa Verde 275,0 0,0 12,4 2,4 2,1 36,2 2,0 330,1
Costa do Sol 357,6 10,1 0,0 3,3 0,8 8,4 12,7 393,0
Serra 847,5 11,1 18,6 0,0 1,7 9,3 2,1 890,5
Vale do Café 70,7 4,9 2,4 0,9 0,0 7,4 0,5 86,7
Agulhas Negras 208,7 34,2 9,8 1,9 3,0 0,0 1,6 259,3
Resto_RJ 560,4 25,2 195,3 5,9 2,9 21,1 0,0 810,8
Resto do Brasil 4848,1 1101,5 2150,3 501,3 20,8 391,4 1,8 9015,1
Exterior 1546,3 231,2 328,3 40,9 3,0 1,1 5,0 2155,8
TOTAL 8714,3 3731,4 6411,1 2123,4 293,2 2330,5 402,9 24006,7
2010
Turistas (1000)
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras Resto_RJ Total
Metropolitano 0,0 2363,4 3774,2 1600,7 264,4 1895,8 385,3 10283,8
Costa Verde 275,3 0,0 12,4 2,4 2,1 36,1 2,0 330,4
Costa do Sol 364,7 10,3 0,0 3,4 0,9 8,5 12,9 400,7
Serra 872,2 11,4 19,1 0,0 1,8 9,6 2,2 916,2
Vale do Café 73,8 5,1 2,5 0,9 0,0 7,7 0,6 90,5
Agulhas Negras 207,1 33,8 9,6 1,9 3,0 0,0 1,6 257,0
Resto_RJ 567,0 25,4 196,8 5,9 3,0 21,3 0,0 819,4
Resto do Brasil 5007,4 1122,9 2192,1 511,1 21,2 399,0 1,8 9255,4
Exterior 1640,7 237,9 337,7 42,1 3,1 1,1 5,1 2267,6
TOTAL 9008,2 3810,1 6544,4 2168,4 299,4 2379,1 411,5 24621,0
2011
Turistas (1000)
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras Resto_RJ Total
Metropolitano 0,0 2440,2 3896,8 1652,7 273,0 1957,4 397,8 10617,8
Costa Verde 280,1 0,0 12,4 2,4 2,1 36,1 2,0 335,2
Costa do Sol 378,1 10,5 0,0 3,5 0,9 8,7 13,2 414,9
Serra 913,5 11,8 19,7 0,0 1,8 9,9 2,3 959,0
Vale do Café 79,1 5,4 2,6 1,0 0,0 8,1 0,6 96,8
Agulhas Negras 208,6 33,5 9,5 1,9 3,0 0,0 1,6 258,1
Resto_RJ 584,8 25,8 199,8 6,0 3,0 21,6 0,0 841,1
Resto do Brasil 5431,4 1161,9 2268,3 528,8 21,9 412,8 1,9 9827,0
Exterior 1908,0 248,8 353,3 44,0 3,2 1,2 5,4 2563,9
TOTAL 9783,6 3937,8 6762,4 2240,3 308,9 2455,9 424,7 25913,6
Ori
gem
Destino
Ori
gem
Destino
Destino
Ori
gem
Destino
Ori
gem
Quadro 3.2. Projeção dos fluxos de turistas entre pares de origem e destino, 2008-2020
2012
Turistas (1000)
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras Resto_RJ Total
Metropolitano 0,0 2608,4 4165,5 1766,6 291,8 2092,4 425,2 11350,0
Costa Verde 280,1 0,0 12,6 2,5 2,2 36,7 2,0 336,1
Costa do Sol 381,7 10,7 0,0 3,5 0,9 8,9 13,5 419,4
Serra 938,6 12,3 20,6 0,0 1,9 10,3 2,4 986,0
Vale do Café 80,4 5,5 2,7 1,0 0,0 8,4 0,6 98,5
Agulhas Negras 211,3 34,5 9,8 2,0 3,1 0,0 1,6 262,2
Resto_RJ 591,9 26,5 205,4 6,2 3,1 22,3 0,0 855,4
Resto do Brasil 5423,7 1217,4 2376,8 554,1 22,9 432,6 2,0 10029,5
Exterior 1797,2 261,3 370,9 46,2 3,4 1,3 5,6 2485,9
TOTAL 9704,9 4176,7 7164,3 2382,1 329,3 2612,8 453,0 26823,1
2013
Turistas (1000)
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras Resto_RJ Total
Metropolitano 0,0 2803,7 4477,3 1898,9 313,7 2249,0 457,1 12199,6
Costa Verde 284,8 0,0 12,8 2,5 2,2 37,3 2,1 341,7
Costa do Sol 391,4 11,0 0,0 3,6 0,9 9,2 13,9 430,0
Serra 978,8 12,8 21,4 0,0 2,0 10,7 2,5 1028,2
Vale do Café 82,8 5,7 2,8 1,0 0,0 8,6 0,6 101,5
Agulhas Negras 217,7 35,6 10,1 2,0 3,2 0,0 1,7 270,2
Resto_RJ 608,6 27,2 211,2 6,4 3,2 22,9 0,0 879,5
Resto do Brasil 5713,6 1283,3 2505,3 584,1 24,2 456,0 2,1 10568,6
Exterior 1887,6 274,8 390,1 48,6 3,6 1,3 5,9 2611,8
TOTAL 10165,1 4454,1 7631,1 2547,1 352,9 2795,0 485,8 28431,0
2014
Turistas (1000)
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras Resto_RJ Total
Metropolitano 0,0 2995,4 4783,4 2028,7 335,1 2402,7 488,3 13033,6
Costa Verde 291,9 0,0 13,0 2,6 2,2 38,0 2,1 349,8
Costa do Sol 404,4 11,3 0,0 3,7 0,9 9,4 14,2 444,0
Serra 1027,7 13,4 22,4 0,0 2,1 11,2 2,6 1079,3
Vale do Café 85,8 5,9 2,9 1,1 0,0 8,9 0,7 105,1
Agulhas Negras 226,1 36,7 10,4 2,1 3,3 0,0 1,7 280,3
Resto_RJ 630,4 28,0 217,3 6,6 3,3 23,5 0,0 909,0
Resto do Brasil 6137,6 1350,1 2635,7 614,5 25,4 479,7 2,2 11245,1
Exterior 2067,1 286,7 407,0 50,7 3,7 1,4 6,2 2822,7
TOTAL 10871,1 4727,3 8092,0 2709,8 376,0 2974,8 517,9 30268,9
2015
Turistas (1000)
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras Resto_RJ Total
Metropolitano 0,0 3215,8 5135,5 2178,0 359,8 2579,6 524,3 13992,9
Costa Verde 294,6 0,0 13,2 2,6 2,3 38,6 2,1 353,5
Costa do Sol 412,0 11,6 0,0 3,8 1,0 9,6 14,6 452,6
Serra 1065,3 14,0 23,3 0,0 2,2 11,7 2,7 1119,1
Vale do Café 87,9 6,0 3,0 1,1 0,0 9,1 0,7 107,8
Agulhas Negras 231,3 37,8 10,8 2,1 3,4 0,0 1,8 287,1
Resto_RJ 643,7 28,8 223,5 6,7 3,4 24,2 0,0 930,3
Resto do Brasil 6306,5 1418,0 2768,3 645,4 26,7 503,9 2,3 11671,2
Exterior 2050,1 299,1 424,6 52,9 3,9 1,4 6,4 2838,4
TOTAL 11091,4 5031,1 8602,2 2892,7 402,5 3178,2 554,8 31752,9
Ori
gem
Destino
Ori
gem
Destino
Ori
gem
Destino
Ori
gem
Destino
40
Quadro 3.2. Projeção dos fluxos de turistas entre pares de origem e destino, 2008-2020
2016
Turistas (1000)
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras Resto_RJ Total
Metropolitano 0,0 3453,7 5515,3 2339,1 386,4 2770,4 563,0 15027,9
Costa Verde 309,6 0,0 13,5 2,7 2,3 39,4 2,2 369,6
Costa do Sol 434,7 11,9 0,0 3,9 1,0 9,9 15,0 476,4
Serra 1137,7 14,6 24,4 0,0 2,3 12,2 2,8 1193,9
Vale do Café 92,8 6,2 3,0 1,1 0,0 9,4 0,7 113,4
Agulhas Negras 245,9 39,1 11,1 2,2 3,5 0,0 1,8 303,6
Resto_RJ 681,8 29,7 230,5 7,0 3,5 25,0 0,0 977,4
Resto do Brasil 7138,1 1492,5 2913,7 679,3 28,1 530,3 2,4 12784,5
Exterior 2512,1 310,3 440,5 54,9 4,0 1,5 6,7 3329,9
TOTAL 12552,7 5358,0 9152,1 3090,1 431,0 3398,1 594,6 34576,7
2017
Turistas (1000)
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras Resto_RJ Total
Metropolitano 0,0 3642,5 5816,9 2467,0 407,5 2921,9 593,8 15849,6
Costa Verde 307,8 0,0 13,8 2,7 2,4 40,2 2,2 369,1
Costa do Sol 436,6 12,3 0,0 4,0 1,0 10,2 15,4 479,6
Serra 1163,4 15,2 25,4 0,0 2,4 12,7 2,9 1222,0
Vale do Café 93,9 6,4 3,1 1,2 0,0 9,7 0,7 115,1
Agulhas Negras 247,9 40,4 11,5 2,3 3,6 0,0 1,9 307,5
Resto_RJ 687,2 30,7 237,8 7,2 3,6 25,8 0,0 992,2
Resto do Brasil 7024,5 1566,4 3057,9 712,9 29,5 556,6 2,5 12950,3
Exterior 2252,9 321,9 457,0 56,9 4,2 1,5 6,9 3101,4
TOTAL 12214,1 5635,7 9623,5 3254,2 454,1 3578,6 626,5 35386,8
2018
Turistas (1000)
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras Resto_RJ Total
Metropolitano 0,0 3881,6 6198,7 2628,9 434,3 3113,6 632,8 16889,9
Costa Verde 313,8 0,0 14,1 2,8 2,4 41,0 2,3 376,3
Costa do Sol 448,6 12,6 0,0 4,2 1,1 10,5 15,9 492,8
Serra 1213,5 15,9 26,5 0,0 2,5 13,3 3,1 1274,7
Vale do Café 96,9 6,6 3,2 1,2 0,0 10,1 0,7 118,8
Agulhas Negras 256,0 41,7 11,9 2,4 3,7 0,0 2,0 317,7
Resto_RJ 708,4 31,6 245,4 7,4 3,7 26,6 0,0 1023,1
Resto do Brasil 7341,5 1641,3 3204,3 747,1 30,9 583,2 2,6 13551,0
Exterior 2323,6 334,0 474,2 59,1 4,3 1,6 7,2 3203,9
TOTAL 12702,4 5965,4 10178,3 3452,9 482,8 3799,9 666,5 37248,2
2019
Turistas (1000)
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras Resto_RJ Total
Metropolitano 0,0 4131,5 6597,8 2798,2 462,2 3314,1 673,5 17977,3
Costa Verde 319,9 0,0 14,4 2,8 2,5 41,9 2,3 383,7
Costa do Sol 461,1 13,0 0,0 4,3 1,1 10,8 16,3 506,5
Serra 1266,2 16,6 27,7 0,0 2,6 13,9 3,2 1330,1
Vale do Café 100,0 6,9 3,4 1,2 0,0 10,4 0,8 122,6
Agulhas Negras 264,5 43,2 12,3 2,4 3,8 0,0 2,0 328,2
Resto_RJ 730,5 32,6 253,2 7,6 3,8 27,4 0,0 1055,3
Resto do Brasil 7658,2 1716,2 3350,5 781,1 32,3 609,8 2,8 14151,0
Exterior 2397,3 346,5 491,9 61,3 4,5 1,7 7,5 3310,7
TOTAL 13197,6 6306,5 10751,2 3659,0 512,8 4029,9 708,4 39165,4
Destino
Ori
gem
Destino
Ori
gem
Destino
Ori
gem
Destino
Ori
gem
Quadro 3.2. Projeção dos fluxos de turistas entre pares de origem e destino, 2008-2020
2020
Turistas (1000)
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras Resto_RJ Total
Metropolitano 0,0 4394,0 7016,9 2975,9 491,6 3524,6 716,3 19119,4
Costa Verde 322,5 0,0 14,5 2,9 2,5 42,2 2,3 386,9
Costa do Sol 469,6 13,2 0,0 4,4 1,1 11,0 16,6 515,9
Serra 1306,3 17,1 28,6 0,0 2,7 14,3 3,3 1372,3
Vale do Café 101,9 7,0 3,4 1,3 0,0 10,6 0,8 125,0
Agulhas Negras 269,7 44,0 12,6 2,5 3,9 0,0 2,1 334,7
Resto_RJ 746,9 33,4 259,1 7,8 3,9 28,1 0,0 1079,2
Resto do Brasil 7976,3 1791,5 3497,4 815,4 33,8 636,6 2,9 14753,7
Exterior 2474,2 359,5 510,4 63,6 4,6 1,7 7,7 3421,8
TOTAL 13667,4 6659,7 11342,9 3873,7 544,0 4269,1 752,1 41108,8
Destino
Ori
gem
3.3 PERFIL DE GASTOS DOS TURISTAS
Um conjunto de informações relevantes, necessárias para parametrizar os choques do
modelo, refere-se ao perfil de gastos dos turistas nas regiões de destino do Estado do Rio de
Janeiro. Consideramos, inicialmente, informações sobre o perfil do turismo doméstico a
partir de estimativas presentes em estudos da FIPE, elaborados para a EMBRATUR, sobre
caracterização e dimensionamento do turismo doméstico no Brasil. A partir dos micro-
dados da pesquisa referente a 2007, pode-se gerar informações sobre composição dos
gastos em quatro dos seis sub-pólos, a saber: Metropolitano, Costa Verde, Costa do Sol e
Serra Verde Imperial. As informações para os dois outros sub-pólos – Vale do Café e
Agulhas Negras – foram consideradas similares às do sub-pólo Serra Verde Imperial. Para
o último destino fluminense – Resto do RJ – utilizou-se procedimento residual a partir de
informações adicionais sobre a composição dos gastos médios no Estado como um todo. As
estimativas brutas do estudo encontram-se na Tabela 3.2.
42
Tabela 3.2. Turismo doméstico – Composição dos gastos médios dos visitantes*,
por sub-pólo (em BRL 2007)
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras
Pacotes 111,85 95,96 55,12 5,47 5,47 5,47
Transporte (Origem-Destino-Origem) 395,20 162,03 161,78 113,30 113,30 113,30
Transporte Local 54,15 14,32 31,59 11,57 11,57 11,57
Hospedagem 178,15 187,37 168,40 109,98 109,98 109,98
Alimentação 248,13 224,37 249,10 129,69 129,69 129,69
Compras Pessoais 242,96 90,67 101,17 92,40 92,40 92,40
Passeios e Atrações Turísticas 89,70 85,21 83,62 52,24 52,24 52,24
Diversão Noturna 57,19 102,84 92,32 30,20 30,20 30,20
Outros 47,57 1,36 8,31 0,37 0,37 0,37
TOTAL 1424,90 964,14 951,41 545,22 545,22 545,22
Destino
* Realizados pelos residentes em um domicílio.
Fonte: FIPE.
Os itens “pacotes” e “transporte (origem-destino-origem)” foram excluídos da composição
dos gastos considerados no vetor de choques associados a gastos dos visitantes nos destinos
turísticos. No caso dos gastos com “pacotes”, utilizamos a informação dos gastos como
fator de alteração dos níveis de gastos locais, uma vez que parte considerável dos gastos
associados a este item traduzem-se em gastos na região de destino, principalmente em
hospedagem, alimentação e passeios e atrações turísticas. Os gastos com deslocamentos de
viagem foram desconsiderados.
Considerando, ainda, informações da Pesquisa FIPE/EMBRATUR sobre número de
pessoas envolvidas nas viagens realizadas pelos residentes nos domicílios e o tempo médio
de permanência, pode-se obter os gastos médios per capita por turista/dia (doméstico). Os
valores foram transformados em USD 2008 com a aplicação do índice INPC, do IBGE, e
considerando-se um taxa de câmbio média de 2 BRL/USD. Os resultados são apresentados
na Tabela 3.3.
Tabela 3.3. Turismo doméstico – Composição dos gastos médios per capita ao dia,
por sub-pólo (em USD 2008)
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras
Transporte Local 1,80 0,37 0,98 0,78 0,78 0,78
Hospedagem 5,93 4,88 5,24 7,37 7,37 7,37
Alimentação 8,26 5,84 7,75 8,69 8,69 8,69
Compras Pessoais 8,09 2,36 3,15 6,19 6,19 6,19
Passeios e Atrações Turísticas 2,99 2,22 2,60 3,50 3,50 3,50
Diversão Noturna 1,90 2,68 2,87 2,02 2,02 2,02
Outros 1,58 0,04 0,26 0,02 0,02 0,02
TOTAL 30,55 18,39 22,85 28,57 28,57 28,57
Número de pessoas 1,6 3,2 2,6 2,3 2,3 2,3
Tempo médio de permanência (dias) 9,8 6,5 6,7 3,4 3,4 3,4
Ajuste "pacote" 1,122 1,136 1,075 1,013 1,013 1,013
Destino
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da FIPE/EMBRATUR.
Para parametrização do modelo, os itens de gasto foram mapeados para cinco produtos do
modelo, a saber “comércio” (compras pessoais); “transporte de passageiro” (transporte
local); “alojamento e alimentação” (hospedagem e alimentação); “serviços prestados às
famílias” (passeios e atrações turísticas); e “outros serviços” (diversão noturna e outros).
Para o turismo internacional, utilizamos informações sobre a estrutura percentual dos
gastos dos turistas estrangeiros durante os Jogos Panamenricanos de 2007, realizados no
Rio de Janeiro, e do Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, realizado anualmente em São
Paulo. Adicionalmente, a publicação “Perfil do Turista Internacional que Visita o Rio”, da
Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, informa-nos que o gasto per capita ao dia do turista
estrangeiro é de USD 83,43.13
Segundo estas fontes de dados, a composição dos gastos
diários dos turistas estrangeiros na Cidade do Rio de Janeiro pode ser aproximada pelas
proporções apresentadas na Tabela 3.4.
13 Dados de 2006; por aproximação, utilizaremos os mesmos valores em USD 2008.
44
Tabela 3.4. Turismo internacional – Composição dos gastos médios per capita ao dia,
Cidade do Rio de Janeiro (em USD 2008)
Item de gasto USD
Comércio 19,29
Transporte de passageiros 4,69
Alojamento e alimentação 41,14
Serviços prestados às famílias 14,58
Outros serviços 3,73
TOTAL 83,43
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da FIPE, FIA e Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro.
A regionalização destas informações baseou-se nas diferenças interregionais dos níveis de
gastos médios do turismo doméstico nos destinos do Estado do Rio de Janeiro. Manteve-se,
assim, a estrutura da composição dos itens de gasto, alterando-se os valores totais
proporcionalmente às diferenças verificadas. Os resultados encontram-se na Tabela 3.5.
Tabela 3.5. Turismo internacional – Composição dos gastos médios per capita ao dia,
por sub-pólo (em USD 2008)
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras
Comércio 19,29 11,75 13,82 16,28 16,28 16,28
Transporte de passageiros 4,69 2,86 3,36 3,96 3,96 3,96
Alojamento e alimentação 41,14 25,07 29,48 34,73 34,73 34,73
Serviços prestados às famílias 14,58 8,88 10,45 12,31 12,31 12,31
Outros serviços 3,73 2,27 2,67 3,15 3,15 3,15
TOTAL 83,43 50,83 59,79 70,43 70,43 70,43
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da FIPE, FIA e Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro.
4 CENÁRIOS
Este capítulo apresenta as hipóteses para a geração dos cenários associados ao PRODETUR
RJ. Além das premissas sobre os parâmetros de turismo, são também explicitadas as
hipóteses de financiamento dos gastos adicionais dos turistas.
Os efeitos dos investimentos consideram duas fases distintas: (i) a primeira referente à fase
de implantação dos investimentos previstos (2010-2013); e (ii) a segunda referente aos
efeitos sobre turismo, no período 2013-2020.
Foram desenhados três cenários associados aos efeitos diretos do PRODETUR RJ sobre o
perfil dos turistas no sub-pólos. Os cenários foram elaborados de modo que os efeitos
previstos no Cenário 1 tendem a ser ampliados nos cenários subseqüentes, de maneira
gradativa. Assim, pode-se considerar o Cenário 1 como o mais conservador, o Cenário 2
como um cenário intermediário, e o Cenário 3 como o mais otimista.
4.1 PREMISSAS DOS CENÁRIOS
Cenário 1. (i) Aumento gradativo do fluxo de turistas para os sub-pólos Costa Verde e
Costa do Sol, a partir de 2013, atingindo 10% em 2020. Para os sub-pólos do Pólo Serra,
este aumento atingiria 5% em 2020; (ii) para o sub-pólo Metropolitano, pressupõe-se um
aumento de 10% nos gastos dos turistas com passeios e atrações turísticas e uma
permanência média de 10 dias (saindo de 9,79), em que se considera um aumento gradativo
a partir de 2013.
Cenário 2. (i) Às premissas do Cenário 1, acrescenta-se a hipótese de aumento gradativo
do tempo médio de permanência nos demais sub-pólos, a partir de 2013: Costa Verde (de
6,45 dias em 2013, para 7,00 dias em 2020); Costa do Sol (de 6,68 para 7,00); sub-pólos do
Pólo Serra (de 3,40 para 3,60).
46
Cenário 3. (i) Este cenário parte do Cenário 2, considerando aumentos maiores nos fluxos
de turistas para os sub-pólos Costa Verde e Costa do Sol (12% em 2020), e para os sub-
pólos do Pólo Serra (6% em 2020).
As informações referentes à fase de implantação dos investimentos foram regionalizadas a
partir de informações disponibilizadas pela SEOBRAS-RJ. Desta forma, a alocação
regional-temporal-institucional seguiu a composição apresentada na Tabela 4.1.
Tabela 4.1. Regionalização dos investimentos do PRODETUR RJ (USD milhões)
BID GERJ BID GERJ BID GERJ BID GERJ BID GERJ
Metropolitano 4.060 32.000 12.190 0 0 0 510 0 16.804 32.000
Costa Verde 5.702 5.000 10.150 2.500 8.961 0 510 0 24.956 7.500
Costa do Sol 998 0 6.641 0 6.539 0 510 0 15.454 0
Serra Verde Imperial 3.661 0 15.722 2.500 3.633 0 510 0 24.644 2.500
Vale do Café 533 0 4.541 400 2.470 0 510 0 8.334 400
Agulhas Negras 9.319 23.200 13.819 9.400 0 0 510 0 21.808 32.600
Total 24.273 60.200 63.063 14.800 21.603 0 3.060 0 112.000 75.000
2010 2011 2012 2013 Total
Fonte: SEOBRAS-RJ.
4.2 FECHAMENTOS
Uma questão fundamental refere-se ao financiamento dos gastos adicionais ao longo do
período de projeção. Para os gastos da fase de implantação, partiu-se do pressuposto que os
investimentos do BID não impactarão as contas estaduais no período de projeção, enquanto
a contrapartida será financiada com redução (aumento) do superávit (déficit) fiscal do
Estado.
No caso dos gastos adicionais dos turistas, consideramos duas hipóteses alternativas,
associadas a caracterizações distintas dos resultados. No fechamento “A”, os gastos
adicionais dos turistas seriam financiados por reduções equivalentes nos gastos com
consumo nas respectivas regiões de origem, o que representaria um efeito substituição
induzido na cesta de bens dos viajantes. No fechamento “B”, estes gastos adicionais
seriam financiados por redução da poupança pessoal, maximizando os efeitos
multiplicadores dos gastos. Destarte, na análise subseqüente dos resultados, consideraremos
seis casos distintos, com os resultados referentes aos cruzamentos dos três cenários com os
dois fechamentos.
48
5 RESULTADOS
Os resultados dos impactos econômicos sobre produção, PIB (valor adicionado), massa
salarial, emprego e arrecadação de ICMS são apresentados a seguir, considerando-se seus
efeitos desagregados espacialmente. Pode-se isolar os efeitos específicos sobre os sub-
pólos, bem como identificar impactos estaduais e nacionais, informações extremamente
relevantes para a tomada de decisão dos formuladores de política nos vários níveis de
governo.
A apresentação dos resultados e a avaliação do PRODETUR RJ será feita considerando,
inicialmente, os efeitos diretos das hipóteses para os parâmetros de turismo no Estado sobre
a estrutura de gastos adicionais dos turistas. A seguir, apresentaremos os efeitos sistêmicos
sobre fluxos adicionais das variáveis de interesse, seguido de uma avaliação dos impactos
estaduais, regionais e setoriais com a utilização de indicadores sintéticos.
5.1 GASTOS ADICIONAIS DOS TURISTAS
As premissas dos três cenários, explicitadas na seção 4.1, refletem-se diretamente nos
gastos totais dos turistas, domésticos e internacionais, por região de destino.
Como mencionado, a sequência dos cenários sugere uma magnificação dos efeitos a partir
do Cenário 1. A Figura 5.1 ilustra este fato. Entretanto, os efeitos sobre a composição da
origem dos gastos (turismo doméstico e internacional) se altera ao longo do tempo, com o
aumento da participação dos gastos dos turistas estrangeiros (Figura 5.2).
Figura 5.1. Gastos adicionais dos turistas no Estado do Rio de Janeiro (em USD mil)
0
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
300.000
350.000
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
USD
1.0
00
Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3
50
Figura 5.2. Estrutura dos gastos adicionais dos turistas no Estado do Rio de Janeiro:
Cenários 1, 2 e 3 (em % do total)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Cenário 1 Internacional Cenário 1 Doméstico
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Cenário 2 Internacional Cenário 2 Doméstico
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Cenário 3 Internacional Cenário 3 Doméstico
As hipóteses para o sub-pólo Metropolitano, que não se alteram nos três cenários, são
dominantes no Cenário 1. À medida que se incluem hipóteses mais favoráveis para os
efeitos sobre o tempo de permanência nos demais sub-pólos (Cenário 2) e, adicionalmente,
maior intensificação dos fluxos de turistas com destino a estas regiões (Cenário 3), os
efeitos sobre gastos tornam-se relativamente mais descentralizados a partir do sub-pólo
Metropolitano (Figura 5.3).
Neste contexto, o Pólo Litoral configura-se como a região turística mais afetada pelos
investimentos do PRODETUR RJ. Os aumentos potenciais dos gastos dos turistas no Pólo
Serra tendem a se concentrar, ao longo do tempo, no sub-pólo Serra Verde Imperial.
Em termos relativos, contudo, o ranking das participações dos sub-pólos nos aumentos dos
gastos do turista se altera nos três cenários sugerindo: (i) uma interiorização do turismo; e
(ii) aumentos relativos expressivos nos sub-pólos Costa Verde e Serra Verde Imperial
(Figura 5.4).
As estimativas detalhadas por sub-pólo e por origem dos turistas encontram-se no Quadro
5.1.
52
Figura 5.3. Regionalização dos gastos adicionais dos turistas no Estado do Rio de
Janeiro: Cenários 1, 2 e 3 (em USD mil)
0
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
USD
1.0
00
Cenário 1
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras
0
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
USD
1.0
00
Cenário 2
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras
0
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
USD
1.0
00
Cenário 3
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras
Figura 5.4. Composição regional dos gastos adicionais dos turistas no Estado do Rio
de Janeiro: Cenários 1, 2 e 3 (em % do total)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Cenário 1
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Cenário 2
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Cenário 3
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras
54
Quadro 5.1. Projeção dos gastos adicionais dos turistas no Estado do Rio de Janeiro
(em USD mil)
A. TOTAL
Cenário 1
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras TOTAL
2013 10.565 11.714 25.225 2.541 347 2.714 53.108
2014 22.758 12.412 26.716 2.702 370 2.889 67.847
2015 34.636 13.185 28.361 2.883 396 3.086 82.546
2016 53.371 14.007 30.118 3.077 424 3.300 104.297
2017 63.705 14.714 31.639 3.239 447 3.475 117.219
2018 79.449 15.547 33.417 3.435 475 3.690 136.012
2019 96.270 16.408 35.254 3.638 504 3.913 155.988
2020 113.997 17.300 37.152 3.850 535 4.146 176.979
Cenário 2
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras TOTAL
2013 10.565 17.853 25.225 4.410 347 2.714 61.115
2014 22.758 25.487 26.716 6.691 370 2.889 84.911
2015 34.636 34.125 28.361 9.290 396 3.086 109.894
2016 53.371 43.822 30.118 12.229 424 3.300 143.265
2017 63.705 54.068 31.639 15.327 447 3.475 168.660
2018 79.449 65.701 33.417 18.873 475 3.690 201.605
2019 96.270 78.483 35.254 22.785 504 3.913 237.209
2020 113.997 92.488 37.152 27.089 535 4.146 275.406
Cenário 3
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras TOTAL
2013 10.565 20.220 30.270 4.922 417 3.257 69.652
2014 22.758 28.021 32.059 7.239 444 3.467 93.988
2015 34.636 36.844 34.033 9.879 475 3.704 119.571
2016 53.371 46.740 36.142 12.863 509 3.960 153.585
2017 63.705 57.165 37.967 15.998 536 4.170 179.541
2018 79.449 69.007 40.101 19.591 570 4.428 213.145
2019 96.270 82.008 42.305 23.550 605 4.696 249.434
2020 113.997 96.243 44.582 27.905 642 4.975 288.343
TOTAL
TOTAL
TOTAL
55
Quadro 5.1. Projeção dos gastos adicionais dos turistas no Estado do Rio de Janeiro
(em USD mil)
B. TURISMO INTERNACIONAL
Cenário 1
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras TOTAL
2013 4.030 1.802 3.117 116 9 3 9.076
2014 8.838 1.880 3.251 121 9 3 14.103
2015 13.166 1.961 3.392 127 9 3 18.658
2016 21.538 2.035 3.519 131 10 4 27.237
2017 24.176 2.111 3.651 136 10 4 30.088
2018 29.961 2.190 3.788 141 10 4 36.095
2019 36.111 2.272 3.930 147 11 4 42.475
2020 42.650 2.357 4.078 152 11 4 49.252
Cenário 2
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras TOTAL
2013 4.030 2.746 3.117 202 9 3 10.106
2014 8.838 3.860 3.251 300 9 3 16.262
2015 13.166 5.076 3.392 408 9 3 22.054
2016 21.538 6.366 3.519 522 10 4 31.958
2017 24.176 7.757 3.651 644 10 4 36.243
2018 29.961 9.256 3.788 776 10 4 43.796
2019 36.111 10.869 3.930 918 11 4 51.843
2020 42.650 12.603 4.078 1.070 11 4 60.416
Cenário 3
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras TOTAL
2013 4.030 3.110 3.740 225 10 4 11.119
2014 8.838 4.244 3.902 325 11 4 17.323
2015 13.166 5.481 4.071 434 11 4 23.166
2016 21.538 6.790 4.223 549 12 4 33.116
2017 24.176 8.201 4.382 673 12 4 37.448
2018 29.961 9.721 4.546 806 12 5 45.052
2019 36.111 11.357 4.716 949 13 5 53.151
2020 42.650 13.115 4.893 1.102 13 5 61.779
INTERNACIONAL
INTERNACIONAL
INTERNACIONAL
56
Quadro 5.1. Projeção dos gastos adicionais dos turistas no Estado do Rio de Janeiro
(em USD mil)
C. TURISMO DOMÉSTICO
Cenário 1
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras TOTAL
2013 6.535 9.912 22.109 2.425 339 2.711 44.031
2014 13.920 10.532 23.464 2.581 361 2.886 53.744
2015 21.471 11.223 24.968 2.756 387 3.083 63.888
2016 31.833 11.972 26.599 2.946 414 3.296 77.061
2017 39.529 12.603 27.988 3.103 437 3.471 87.131
2018 49.487 13.357 29.629 3.294 464 3.686 99.917
2019 60.158 14.136 31.324 3.492 493 3.909 113.513
2020 71.347 14.943 33.074 3.698 523 4.141 127.727
Cenário 2
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras TOTAL
2013 6.535 15.107 22.109 4.208 339 2.711 51.009
2014 13.920 21.627 23.464 6.391 361 2.886 68.649
2015 21.471 29.049 24.968 8.882 387 3.083 87.840
2016 31.833 37.456 26.599 11.708 414 3.296 111.306
2017 39.529 46.311 27.988 14.682 437 3.471 132.417
2018 49.487 56.445 29.629 18.097 464 3.686 157.809
2019 60.158 67.614 31.324 21.867 493 3.909 185.366
2020 71.347 79.885 33.074 26.019 523 4.141 214.990
Cenário 3
Metropolitano Costa Verde Costa do Sol Serra Vale do Café Agulhas Negras TOTAL
2013 6.535 17.110 26.531 4.697 407 3.253 58.532
2014 13.920 23.777 28.157 6.915 434 3.463 76.665
2015 21.471 31.364 29.962 9.445 464 3.700 96.405
2016 31.833 39.950 31.919 12.314 497 3.956 120.469
2017 39.529 48.964 33.585 15.326 524 4.166 142.093
2018 49.487 59.285 35.555 18.785 557 4.423 168.093
2019 60.158 70.651 37.589 22.601 592 4.691 196.283
2020 71.347 83.128 39.689 26.803 628 4.970 226.565
DOMÉSTICO
DOMÉSTICO
DOMÉSTICO
57
5.2 FLUXOS ECONÔMICOS MARGINAIS (ADICIONAIS)
Em termos agregados, os investimentos do PRODETUR RJ possuem um impacto potencial
sobre o crescimento dos sub-pólos, do Estado do Rio de Janeiro e do País. Como em nosso
modelo os fluxos são anuais, podemos interpretar a diferença resultante do ajuste aos
choques, nos vários cenários, como uma variação no fluxo de renda da economia,
representando um desvio de uma trajetória de controle subjacente, dada pelo baseline
(Figura 5.5).
Antes de contextualizarmos estes impactos, apresentaremos nesta seção os valores para os
fluxos marginais de variáveis econômicas selecionadas, a saber: valor bruto da produção,
PIB, massa salarial, emprego (em termos de equivalente-homem-ano – EHA) e arrecadação
de ICMS. O Quadro 5.2 apresenta estas estimativas para os três cenários, considerando os
dois fechamentos alternativos.
Figura 5.5. Definição esquemática dos efeitos marginais do PRODETUR RJ
2007
PIB com PRODETUR RJ
PIB sem PRODETUR RJ
Fluxos marginais
2010 2013 2020
Simulação histórica
Investimentos Efeitos sobre turismo
58
Quadro 5.2. Projeção dos efeitos marginais do PRODETUR em variáveis econômicas
selecionadas, 2010-2020
A. Cenário 1A
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Metropolitano 29.755 24.154 5.867 5.320 16.885 28.893 48.524 58.786 74.914 92.155 110.386
Costa Verde 4.446 4.816 2.972 10.793 11.254 11.971 12.773 13.417 14.204 15.020 15.873
Costa do Sol 8.235 10.173 5.045 23.485 24.302 25.770 27.401 28.717 30.310 31.956 33.664
Serra Verde Imperial 1.899 4.766 996 2.131 2.066 2.135 2.297 2.285 2.354 2.417 2.503
Vale do Café 965 1.219 357 370 322 348 390 408 441 475 513
Agulhas Negras 22.302 18.141 2.457 2.995 2.528 2.683 2.875 2.993 3.163 3.339 3.530
Resto do RJ 2.003 2.009 638 81 -52 -114 -132 -233 -301 -374 -438
Resto do Brasil 75.748 68.672 18.818 -14.887 -21.240 -25.375 -29.583 -34.760 -40.074 -45.746 -51.716
Brasil 145.354 133.950 37.152 30.288 36.066 46.310 64.545 71.613 85.011 99.242 114.317
Metropolitano 15.782 12.456 2.943 937 6.818 12.913 22.951 28.159 36.382 45.176 54.479
Costa Verde 2.328 2.571 1.641 5.439 5.661 6.018 6.417 6.736 7.128 7.534 7.959
Costa do Sol 3.598 4.806 2.588 11.829 12.232 12.957 13.760 14.409 15.194 16.004 16.846
Serra Verde Imperial 989 2.627 545 1.020 935 921 939 884 857 822 796
Vale do Café 489 641 193 186 157 170 190 198 214 230 248
Agulhas Negras 11.139 8.938 1.039 1.508 1.285 1.359 1.449 1.505 1.585 1.667 1.757
Resto do RJ 976 984 307 -37 -125 -180 -221 -293 -357 -424 -488
Resto do Brasil 28.078 25.442 6.972 -7.700 -10.923 -13.340 -16.132 -18.954 -22.096 -25.449 -28.990
Brasil 63.379 58.465 16.229 13.182 16.041 20.819 29.354 32.645 38.906 45.559 52.608
Metropolitano 5.991 4.782 1.147 1.243 3.838 6.515 10.869 13.165 16.756 20.595 24.652
Costa Verde 967 1.052 653 2.467 2.580 2.750 2.942 3.095 3.282 3.477 3.680
Costa do Sol 1.545 1.991 1.041 5.280 5.478 5.812 6.176 6.479 6.840 7.214 7.601
Serra Verde Imperial 394 1.022 212 458 444 458 489 488 502 515 532
Vale do Café 211 271 81 77 65 71 79 82 88 95 102
Agulhas Negras 4.501 3.608 419 662 574 608 648 673 709 746 786
Resto do RJ 385 394 129 -1 -35 -55 -69 -96 -118 -143 -165
Resto do Brasil 11.598 10.499 2.873 -2.862 -4.062 -4.926 -5.898 -6.920 -8.039 -9.232 -10.491
Brasil 25.591 23.619 6.555 7.323 8.882 11.231 15.235 16.966 20.021 23.266 26.696
Metropolitano 1.021 761 169 613 1.549 2.484 3.982 4.791 6.038 7.371 8.777
Costa Verde 183 204 132 953 1.003 1.067 1.138 1.196 1.266 1.338 1.413
Costa do Sol 169 278 179 2.035 2.137 2.268 2.409 2.528 2.670 2.815 2.966
Serra Verde Imperial 76 206 42 178 182 192 206 212 223 234 246
Vale do Café 31 46 15 27 26 28 31 33 36 38 41
Agulhas Negras 848 671 65 229 220 233 249 260 275 290 306
Resto do RJ 70 73 24 -3 -10 -13 -16 -21 -25 -29 -33
Resto do Brasil 1.840 1.667 457 -422 -586 -701 -807 -959 -1.107 -1.265 -1.432
Brasil 4.237 3.905 1.083 3.610 4.521 5.559 7.192 8.040 9.375 10.792 12.286
Metropolitano 289 242 61 199 417 638 990 1.181 1.475 1.788 2.119
Costa Verde 43 46 27 215 227 242 258 271 288 304 322
Costa do Sol 85 101 48 461 484 514 548 576 609 644 679
Serra Verde Imperial 20 45 10 47 49 53 58 61 65 69 73
Vale do Café 9 11 3 7 7 8 9 9 10 11 12
Agulhas Negras 220 180 26 55 53 56 61 64 68 72 77
Resto do RJ 27 27 9 7 6 7 8 9 10 11 12
Gro
ss o
utpu
t (U
SD
thou
sand
s 20
08)
GR
P (U
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200
8)W
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paym
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SD
thou
sand
200
8)EH
AIC
MS
(USD
tho
usan
d
2008
)
59
Quadro 5.2. Projeção dos efeitos marginais do PRODETUR em variáveis econômicas
selecionadas, 2010-2020
B. Cenário 1B
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Metropolitano 29.755 24.154 5.867 23.605 37.561 52.169 74.839 87.597 106.791 127.275 148.846
Costa Verde 4.446 4.816 2.972 11.354 11.931 12.769 13.715 14.478 15.407 16.373 17.377
Costa do Sol 8.235 10.173 5.045 24.897 26.054 27.878 29.952 31.625 33.657 35.768 37.957
Serra Verde Imperial 1.899 4.766 996 3.308 3.614 4.080 4.710 5.121 5.688 6.287 6.914
Vale do Café 965 1.219 357 567 559 629 724 785 870 960 1.055
Agulhas Negras 22.302 18.141 2.457 3.571 3.244 3.546 3.919 4.186 4.537 4.905 5.289
Resto do RJ 2.003 2.009 638 1.343 1.531 1.804 2.199 2.440 2.785 3.150 3.534
Resto do Brasil 75.748 68.672 18.818 36.264 42.657 51.717 65.101 73.064 84.633 96.928 109.847
Brasil 145.354 133.950 37.152 104.911 127.152 154.592 195.158 219.296 254.369 291.647 330.818
Metropolitano 15.782 12.456 2.943 11.671 18.913 26.489 38.254 44.879 54.844 65.479 76.680
Costa Verde 2.328 2.571 1.641 5.744 6.032 6.458 6.941 7.329 7.802 8.295 8.806
Costa do Sol 3.598 4.806 2.588 12.551 13.137 14.053 15.092 15.933 16.952 18.011 19.109
Serra Verde Imperial 989 2.627 545 1.646 1.775 1.992 2.281 2.472 2.734 3.010 3.299
Vale do Café 489 641 193 290 283 319 367 398 441 487 535
Agulhas Negras 11.139 8.938 1.039 1.758 1.601 1.744 1.918 2.045 2.210 2.383 2.564
Resto do RJ 976 984 307 591 669 789 962 1.067 1.218 1.379 1.547
Resto do Brasil 28.078 25.442 6.972 14.212 16.706 20.192 25.330 28.395 32.842 37.566 42.529
Brasil 63.379 58.465 16.229 48.462 59.117 72.036 91.145 102.519 119.043 136.610 155.069
Metropolitano 5.991 4.782 1.147 4.736 7.786 10.956 15.887 18.658 22.831 27.285 31.976
Costa Verde 967 1.052 653 2.604 2.743 2.938 3.161 3.340 3.558 3.785 4.020
Costa do Sol 1.545 1.991 1.041 5.469 5.713 6.094 6.519 6.869 7.290 7.725 8.176
Serra Verde Imperial 394 1.022 212 699 756 847 968 1.049 1.159 1.275 1.397
Vale do Café 211 271 81 130 129 145 168 182 202 224 246
Agulhas Negras 4.501 3.608 419 773 714 777 854 910 983 1.059 1.139
Resto do RJ 385 394 129 237 266 312 378 419 476 538 602
Resto do Brasil 11.598 10.499 2.873 5.559 6.519 7.887 9.905 11.108 12.853 14.708 16.657
Brasil 25.591 23.619 6.555 20.208 24.625 29.958 37.840 42.534 49.352 56.598 64.213
Metropolitano 1.021 761 169 1.177 2.186 3.200 4.790 5.675 7.016 8.448 9.956
Costa Verde 183 204 132 989 1.045 1.116 1.194 1.258 1.336 1.416 1.499
Costa do Sol 169 278 179 2.066 2.175 2.314 2.464 2.592 2.743 2.900 3.061
Serra Verde Imperial 76 206 42 230 247 272 303 325 354 385 417
Vale do Café 31 46 15 36 37 41 46 49 54 59 64
Agulhas Negras 848 671 65 245 241 259 281 297 318 340 362
Resto do RJ 70 73 24 47 53 62 76 84 96 108 121
Resto do Brasil 1.840 1.667 457 1.291 1.554 1.881 2.363 2.650 3.068 3.511 3.977
Brasil 4.237 3.905 1.083 6.081 7.538 9.145 11.518 12.932 14.984 17.166 19.458
Metropolitano 289 242 61 333 568 808 1.182 1.391 1.706 2.043 2.398
Costa Verde 43 46 27 220 233 249 267 281 298 317 335
Costa do Sol 85 101 48 472 497 530 567 598 635 673 712
Serra Verde Imperial 20 45 10 57 62 69 78 84 92 101 110
Vale do Café 9 11 3 9 9 10 12 13 14 15 16
Agulhas Negras 220 180 26 60 59 64 70 74 80 86 92
Resto do RJ 27 27 9 17 19 23 27 31 35 39 44
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Quadro 5.2. Projeção dos efeitos marginais do PRODETUR em variáveis econômicas
selecionadas, 2010-2020
C. Cenário 2A
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Metropolitano 29.755 24.154 5.867 2.270 10.294 18.138 32.916 38.064 48.119 58.511 69.047
Costa Verde 4.446 4.816 2.972 16.357 23.105 30.947 39.785 49.068 59.632 71.236 83.953
Costa do Sol 8.235 10.173 5.045 30.270 38.713 48.777 60.061 71.723 84.963 99.401 115.110
Serra Verde Imperial 1.899 4.766 996 3.740 5.498 7.640 10.149 12.651 15.578 18.798 22.363
Vale do Café 965 1.219 357 599 811 1.136 1.518 1.897 2.345 2.840 3.388
Agulhas Negras 22.302 18.141 2.457 4.819 6.425 8.950 11.841 14.838 18.309 22.144 26.379
Resto do RJ 2.003 2.009 638 62 -93 -181 -228 -360 -466 -583 -692
Resto do Brasil 75.748 68.672 18.818 -21.269 -34.832 -47.118 -60.581 -75.746 -92.313 -110.352 -129.857
Brasil 145.354 133.950 37.152 36.849 49.922 68.289 95.460 112.136 136.166 161.995 189.691
Metropolitano 15.782 12.456 2.943 -1.435 1.712 4.617 10.962 12.265 15.897 19.538 23.076
Costa Verde 2.328 2.571 1.641 8.243 11.631 15.575 20.020 24.689 30.001 35.836 42.231
Costa do Sol 3.598 4.806 2.588 15.252 19.502 24.563 30.234 36.100 42.757 50.016 57.916
Serra Verde Imperial 989 2.627 545 1.825 2.652 3.676 4.868 6.071 7.473 9.017 10.733
Vale do Café 489 641 193 299 401 562 751 939 1.160 1.406 1.677
Agulhas Negras 11.139 8.938 1.039 2.436 3.267 4.546 6.007 7.528 9.287 11.231 13.379
Resto do RJ 976 984 307 -64 -182 -270 -349 -461 -571 -690 -808
Resto do Brasil 28.078 25.442 6.972 -10.656 -17.207 -23.368 -30.392 -37.794 -46.060 -55.024 -64.684
Brasil 63.379 58.465 16.229 15.900 21.775 29.900 42.102 49.336 59.945 71.330 83.521
Metropolitano 5.991 4.782 1.147 595 2.441 4.239 7.572 8.791 11.106 13.508 15.955
Costa Verde 967 1.052 653 3.736 5.283 7.078 9.103 11.227 13.644 16.299 19.207
Costa do Sol 1.545 1.991 1.041 6.814 8.735 11.012 13.559 16.201 19.197 22.463 26.018
Serra Verde Imperial 394 1.022 212 807 1.186 1.649 2.188 2.731 3.363 4.059 4.829
Vale do Café 211 271 81 126 170 239 320 400 495 600 717
Agulhas Negras 4.501 3.608 419 1.076 1.460 2.031 2.685 3.364 4.150 5.019 5.979
Resto do RJ 385 394 129 -10 -53 -83 -109 -147 -185 -225 -265
Resto do Brasil 11.598 10.499 2.873 -4.002 -6.486 -8.797 -11.408 -14.201 -17.307 -20.680 -24.320
Brasil 25.591 23.619 6.555 9.143 12.738 17.370 23.911 28.366 34.464 41.044 48.119
Metropolitano 1.021 761 169 492 1.290 2.063 3.372 3.983 4.996 6.066 7.179
Costa Verde 183 204 132 1.449 2.060 2.760 3.548 4.377 5.320 6.356 7.492
Costa do Sol 169 278 179 2.635 3.411 4.302 5.298 6.333 7.506 8.786 10.178
Serra Verde Imperial 76 206 42 313 468 652 862 1.079 1.329 1.604 1.908
Vale do Café 31 46 15 46 66 92 122 153 190 230 274
Agulhas Negras 848 671 65 384 551 766 1.011 1.268 1.563 1.890 2.251
Resto do RJ 70 73 24 -6 -16 -23 -30 -39 -48 -59 -69
Resto do Brasil 1.840 1.667 457 -599 -962 -1.302 -1.663 -2.092 -2.551 -3.051 -3.591
Brasil 4.237 3.905 1.083 4.714 6.868 9.310 12.521 15.061 18.305 21.823 25.622
Metropolitano 289 242 61 194 405 618 959 1.139 1.418 1.715 2.026
Costa Verde 43 46 27 327 464 622 800 987 1.199 1.433 1.689
Costa do Sol 85 101 48 596 771 973 1.200 1.435 1.701 1.992 2.308
Serra Verde Imperial 20 45 10 81 121 168 223 278 342 413 490
Vale do Café 9 11 3 12 18 24 32 40 50 60 72
Agulhas Negras 220 180 26 92 130 181 239 299 369 446 531
Resto do RJ 27 27 9 8 9 12 16 18 22 26 30
Gro
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Quadro 5.2. Projeção dos efeitos marginais do PRODETUR em variáveis econômicas
selecionadas, 2010-2020
D. Cenário 2B
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Metropolitano 29.755 24.154 5.867 27.979 46.873 67.078 96.066 115.596 142.463 171.409 202.280
Costa Verde 4.446 4.816 2.972 17.129 24.231 32.468 41.762 51.497 62.585 74.764 88.102
Costa do Sol 8.235 10.173 5.045 32.181 41.529 52.594 65.056 77.859 92.435 108.332 125.616
Serra Verde Imperial 1.899 4.766 996 5.305 7.875 10.920 14.478 18.020 22.158 26.707 31.693
Vale do Café 965 1.219 357 869 1.205 1.669 2.211 2.750 3.383 4.082 4.849
Agulhas Negras 22.302 18.141 2.457 5.600 7.579 10.516 13.887 17.355 21.373 25.808 30.683
Resto do RJ 2.003 2.009 638 1.745 2.385 3.171 4.144 5.004 6.050 7.187 8.418
Resto do Brasil 75.748 68.672 18.818 47.437 66.442 89.798 119.316 144.572 175.733 209.632 246.291
Brasil 145.354 133.950 37.152 138.245 198.119 268.213 356.920 432.652 526.180 627.920 737.932
Metropolitano 15.782 12.456 2.943 13.678 23.185 33.329 47.991 57.723 71.207 85.723 101.189
Costa Verde 2.328 2.571 1.641 8.659 12.242 16.402 21.096 26.010 31.608 37.755 44.486
Costa do Sol 3.598 4.806 2.588 16.226 20.944 26.521 32.799 39.252 46.596 54.605 63.312
Serra Verde Imperial 989 2.627 545 2.649 3.917 5.429 7.190 8.954 11.011 13.272 15.752
Vale do Café 489 641 193 442 609 844 1.118 1.390 1.711 2.064 2.451
Agulhas Negras 11.139 8.938 1.039 2.772 3.767 5.227 6.901 8.627 10.625 12.831 15.257
Resto do RJ 976 984 307 768 1.047 1.393 1.822 2.202 2.663 3.165 3.708
Resto do Brasil 28.078 25.442 6.972 18.638 26.128 35.277 46.807 56.722 68.929 82.211 96.579
Brasil 63.379 58.465 16.229 63.833 91.839 124.423 165.724 200.881 244.349 291.626 342.735
Metropolitano 5.991 4.782 1.147 5.509 9.431 13.590 19.637 23.603 29.131 35.079 41.411
Costa Verde 967 1.052 653 3.927 5.560 7.450 9.585 11.819 14.364 17.159 20.220
Costa do Sol 1.545 1.991 1.041 7.069 9.112 11.523 14.228 17.023 20.198 23.660 27.426
Serra Verde Imperial 394 1.022 212 1.128 1.671 2.317 3.068 3.821 4.699 5.664 6.722
Vale do Café 211 271 81 199 276 382 506 629 773 933 1.108
Agulhas Negras 4.501 3.608 419 1.226 1.682 2.333 3.080 3.851 4.743 5.727 6.810
Resto do RJ 385 394 129 308 416 551 718 867 1.047 1.243 1.455
Resto do Brasil 11.598 10.499 2.873 7.278 10.178 13.745 18.244 22.107 26.866 32.043 37.643
Brasil 25.591 23.619 6.555 26.643 38.325 51.891 69.066 83.719 101.819 121.508 142.795
Metropolitano 1.021 761 169 1.286 2.418 3.572 5.319 6.373 7.905 9.547 11.287
Costa Verde 183 204 132 1.500 2.133 2.857 3.674 4.532 5.508 6.581 7.757
Costa do Sol 169 278 179 2.676 3.472 4.384 5.405 6.465 7.667 8.978 10.404
Serra Verde Imperial 76 206 42 382 572 794 1.049 1.310 1.612 1.944 2.309
Vale do Café 31 46 15 58 84 116 154 192 237 286 340
Agulhas Negras 848 671 65 406 584 812 1.071 1.341 1.653 1.997 2.376
Resto do RJ 70 73 24 61 83 110 143 173 209 248 291
Resto do Brasil 1.840 1.667 457 1.704 2.431 3.286 4.364 5.289 6.430 7.670 9.013
Brasil 4.237 3.905 1.083 8.072 11.776 15.931 21.179 25.675 31.220 37.252 43.777
Metropolitano 289 242 61 382 674 976 1.422 1.707 2.110 2.542 3.002
Costa Verde 43 46 27 334 475 636 818 1.009 1.227 1.466 1.728
Costa do Sol 85 101 48 611 793 1.003 1.239 1.482 1.759 2.060 2.389
Serra Verde Imperial 20 45 10 94 140 195 258 322 396 477 566
Vale do Café 9 11 3 14 21 29 38 48 59 71 85
Agulhas Negras 220 180 26 98 140 195 257 321 396 478 569
Resto do RJ 27 27 9 22 30 40 52 62 75 90 105
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Quadro 5.2. Projeção dos efeitos marginais do PRODETUR em variáveis econômicas
selecionadas, 2010-2020
E. Cenário 3A
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Metropolitano 29.755 24.154 5.867 884 8.791 16.496 31.121 36.151 46.049 56.274 66.632
Costa Verde 4.446 4.816 2.972 18.496 25.394 33.403 42.419 51.865 62.616 74.417 87.341
Costa do Sol 8.235 10.173 5.045 34.893 43.636 54.032 65.674 77.653 91.262 106.083 122.192
Serra Verde Imperial 1.899 4.766 996 4.151 5.937 8.110 10.654 13.185 16.148 19.404 23.008
Vale do Café 965 1.219 357 658 874 1.203 1.590 1.974 2.427 2.928 3.482
Agulhas Negras 22.302 18.141 2.457 5.304 6.944 9.509 12.442 15.476 18.991 22.873 27.157
Resto do RJ 2.003 2.009 638 73 -81 -168 -215 -345 -451 -567 -675
Resto do Brasil 75.748 68.672 18.818 -24.301 -38.071 -50.581 -64.296 -79.689 -96.513 -114.818 -134.597
Brasil 145.354 133.950 37.152 40.157 53.425 72.004 99.390 116.270 140.528 166.595 194.539
Metropolitano 15.782 12.456 2.943 -2.520 539 3.341 9.574 10.788 14.305 17.823 21.232
Costa Verde 2.328 2.571 1.641 9.320 12.784 16.812 21.347 26.097 31.503 37.437 43.937
Costa do Sol 3.598 4.806 2.588 17.584 21.986 27.214 33.065 39.091 45.933 53.386 61.487
Serra Verde Imperial 989 2.627 545 2.028 2.869 3.908 5.118 6.335 7.755 9.317 11.052
Vale do Café 489 641 193 328 432 595 786 976 1.201 1.449 1.723
Agulhas Negras 11.139 8.938 1.039 2.684 3.533 4.832 6.316 7.855 9.637 11.605 13.778
Resto do RJ 976 984 307 -70 -189 -277 -356 -469 -579 -698 -816
Resto do Brasil 28.078 25.442 6.972 -12.080 -18.726 -24.987 -32.124 -39.631 -48.013 -57.096 -66.879
Brasil 63.379 58.465 16.229 17.274 23.228 31.438 43.726 51.043 61.743 73.224 85.514
Metropolitano 5.991 4.782 1.147 305 2.126 3.896 7.197 8.391 10.674 13.042 15.452
Costa Verde 967 1.052 653 4.224 5.806 7.639 9.704 11.865 14.325 17.024 19.980
Costa do Sol 1.545 1.991 1.041 7.855 9.845 12.196 14.824 17.538 20.616 23.970 27.614
Serra Verde Imperial 394 1.022 212 895 1.281 1.750 2.297 2.846 3.486 4.190 4.968
Vale do Café 211 271 81 138 183 253 335 416 512 618 736
Agulhas Negras 4.501 3.608 419 1.187 1.579 2.159 2.823 3.511 4.307 5.186 6.157
Resto do RJ 385 394 129 -10 -53 -83 -109 -147 -184 -225 -265
Resto do Brasil 11.598 10.499 2.873 -4.547 -7.067 -9.418 -12.073 -14.906 -18.057 -21.477 -25.165
Brasil 25.591 23.619 6.555 10.048 13.699 18.393 24.998 29.512 35.678 42.328 49.477
Metropolitano 1.021 761 169 438 1.231 1.999 3.303 3.908 4.916 5.980 7.086
Costa Verde 183 204 132 1.640 2.264 2.979 3.783 4.627 5.587 6.640 7.794
Costa do Sol 169 278 179 3.041 3.844 4.764 5.791 6.855 8.060 9.374 10.801
Serra Verde Imperial 76 206 42 348 506 692 905 1.124 1.378 1.656 1.964
Vale do Café 31 46 15 51 71 97 128 160 196 237 281
Agulhas Negras 848 671 65 426 596 815 1.064 1.323 1.623 1.954 2.318
Resto do RJ 70 73 24 -7 -16 -24 -30 -40 -49 -60 -70
Resto do Brasil 1.840 1.667 457 -683 -1.052 -1.398 -1.767 -2.202 -2.668 -3.175 -3.723
Brasil 4.237 3.905 1.083 5.253 7.443 9.924 13.177 15.755 19.042 22.606 26.453
Metropolitano 289 242 61 192 403 615 956 1.136 1.415 1.711 2.021
Costa Verde 43 46 27 370 510 671 853 1.043 1.259 1.497 1.757
Costa do Sol 85 101 48 688 869 1.078 1.311 1.552 1.826 2.124 2.448
Serra Verde Imperial 20 45 10 90 131 179 234 290 355 426 505
Vale do Café 9 11 3 13 19 26 34 42 52 62 74
Agulhas Negras 220 180 26 102 141 192 251 312 383 461 547
Resto do RJ 27 27 9 9 11 13 17 20 23 27 32
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Quadro 5.2. Projeção dos efeitos marginais do PRODETUR em variáveis econômicas
selecionadas, 2010-2020
F. Cenário 3B
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Metropolitano 29.755 24.154 5.867 30.049 49.083 69.444 98.599 118.278 145.319 174.446 205.508
Costa Verde 4.446 4.816 2.972 19.365 26.625 35.036 44.518 54.421 65.707 78.092 91.647
Costa do Sol 8.235 10.173 5.045 37.040 46.705 58.122 70.961 84.099 99.064 115.367 133.073
Serra Verde Imperial 1.899 4.766 996 5.896 8.508 11.599 15.208 18.793 22.984 27.588 32.631
Vale do Café 965 1.219 357 961 1.304 1.775 2.325 2.871 3.513 4.220 4.997
Agulhas Negras 22.302 18.141 2.457 6.181 8.201 11.184 14.607 18.118 22.190 26.679 31.613
Resto do RJ 2.003 2.009 638 1.962 2.617 3.419 4.409 5.285 6.348 7.504 8.755
Resto do Brasil 75.748 68.672 18.818 52.899 72.274 96.039 125.999 151.645 183.264 217.641 254.800
Brasil 145.354 133.950 37.152 154.353 215.315 286.619 376.627 453.511 548.389 651.538 763.024
Metropolitano 15.782 12.456 2.943 14.629 24.201 34.417 49.156 58.956 72.520 87.120 102.673
Costa Verde 2.328 2.571 1.641 9.788 13.450 17.698 22.487 27.487 33.183 39.435 46.275
Costa do Sol 3.598 4.806 2.588 18.677 23.555 29.309 35.777 42.398 49.938 58.152 67.072
Serra Verde Imperial 989 2.627 545 2.945 4.233 5.769 7.555 9.341 11.424 13.713 16.221
Vale do Café 489 641 193 489 660 898 1.176 1.452 1.776 2.134 2.526
Agulhas Negras 11.139 8.938 1.039 3.061 4.077 5.560 7.259 9.007 11.032 13.265 15.719
Resto do RJ 976 984 307 863 1.148 1.501 1.938 2.324 2.793 3.303 3.855
Resto do Brasil 28.078 25.442 6.972 20.803 28.440 37.751 49.456 59.526 71.914 85.386 99.951
Brasil 63.379 58.465 16.229 71.256 99.763 132.904 174.804 210.492 254.581 302.507 354.294
Metropolitano 5.991 4.782 1.147 5.879 9.826 14.013 20.089 24.083 29.641 35.621 41.988
Costa Verde 967 1.052 653 4.440 6.108 8.039 10.217 12.489 15.080 17.922 21.033
Costa do Sol 1.545 1.991 1.041 8.142 10.255 12.744 15.532 18.401 21.662 25.214 29.072
Serra Verde Imperial 394 1.022 212 1.254 1.807 2.462 3.223 3.986 4.875 5.852 6.922
Vale do Café 211 271 81 220 298 406 532 657 803 965 1.142
Agulhas Negras 4.501 3.608 419 1.355 1.820 2.482 3.240 4.020 4.924 5.921 7.017
Resto do RJ 385 394 129 346 457 595 765 916 1.099 1.299 1.514
Resto do Brasil 11.598 10.499 2.873 8.120 11.076 14.706 19.274 23.197 28.026 33.277 38.954
Brasil 25.591 23.619 6.555 29.755 41.647 55.447 72.873 87.749 106.110 126.071 147.643
Metropolitano 1.021 761 169 1.338 2.474 3.632 5.383 6.441 7.977 9.624 11.369
Costa Verde 183 204 132 1.697 2.344 3.084 3.917 4.790 5.784 6.875 8.070
Costa do Sol 169 278 179 3.087 3.910 4.852 5.905 6.994 8.228 9.574 11.036
Serra Verde Imperial 76 206 42 426 619 844 1.102 1.367 1.672 2.009 2.378
Vale do Café 31 46 15 65 91 124 162 201 246 296 351
Agulhas Negras 848 671 65 451 632 863 1.126 1.400 1.716 2.064 2.448
Resto do RJ 70 73 24 68 91 118 152 183 219 259 303
Resto do Brasil 1.840 1.667 457 1.904 2.645 3.514 4.609 5.549 6.706 7.964 9.325
Brasil 4.237 3.905 1.083 9.035 12.804 17.031 22.357 26.922 32.548 38.665 45.278
Metropolitano 289 242 61 406 699 1.003 1.451 1.738 2.142 2.577 3.039
Costa Verde 43 46 27 378 522 687 872 1.067 1.288 1.531 1.797
Costa do Sol 85 101 48 704 892 1.109 1.352 1.602 1.886 2.196 2.532
Serra Verde Imperial 20 45 10 104 152 207 271 335 410 493 583
Vale do Café 9 11 3 16 23 31 40 50 61 74 87
Agulhas Negras 220 180 26 109 152 207 270 335 411 494 586
Resto do RJ 27 27 9 25 33 43 55 66 79 94 109
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64
A título de ilustração, apresentamos a seguir os efeitos sobre o PIB regional das regiões
fluminenses nos seis cenários. Esta análise preliminar não é suficiente, contudo, para uma
avaliação sistemática do PRODETUR RJ. As informações contidas nos mapas permitem
apenas que se tenha uma primeira visualização dos efeitos no último ano de projeção
(2020).
Apesar de pontual, esta análise sugere que os impactos futuros terão um foco espacial não
desprezível, com efeitos maiores no Pólo Litoral que no Pólo Serra (em 2020). Em relação
a diferenças entre as duas famílias de cenários, A e B, percebe-se que nos cenários da
família A, que considera um efeito substituição dos gastos em turismo – estes gastos são
financiados pela redução dos gastos com consumo nas regiões emissoras – os efeitos sobre
o sub-pólo metropolitano são menos intensos, uma vez que tal região é a principal emissora
de turistas para os demais sub-pólos do interior/litoral. Similarmente, o restante do Estado é
impactado negativamente via efeitos substituição (os residentes deixam de gastar no resto
do RJ para gastar nos pólos turísticos) nos cenários A, enquanto nos cenários B acaba por
se beneficiar pelos vazamentos dos efeitos multiplicadores.
Além disso, por não considerar os efeitos de financiamento do turismo pela redução do
consumo na origem, os efeitos dos cenários da família B tendem a ser maiores.
65
Figura 5.6. Distribuição regional dos fluxos marginais do PIB em 2020
Cenário 1A Cenário 2A Cenário 3A
Cenário 1B Cenário 2B Cenário 3B
66
5.3 INDICADORES PARA O ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Existem vários critérios parciais que podem ser utilizados para analisar e avaliar
alternativas de projetos de investimentos. De acordo com o enfoque da produtividade
marginal dos investimentos, procura-se maximizar o produto nacional ou regional, a
produtividade marginal dos investimentos (ou de outros recursos escassos) em diferentes
aplicações ou projetos; este enfoque para a seleção de projetos não é usualmente utilizado,
entre outros motivos, por causa das dificuldades de se quantificar o produto marginal
atribuível a um dado fator de produção em determinada utilização. A utilização do modelo
EGC neste estudo apresenta-se como alternativa metodológica para preencher esta lacuna.14
Como visto, podemos interpretar a diferença resultante do ajuste aos choques como uma
variação no fluxo de renda da economia, representando um desvio de uma trajetória de
controle subjacente (Figura 5.7). Assim, podemos utilizar os resultados das simulações para
projetar o fluxo marginal de riquezas na economia. Calculamos o valor presente (VP) de
um fluxo marginal do PIB, sob uma taxa de desconto de 12%. Os valores utilizados
referem-se aos efeitos das simulações em USD mil de 2008. Esta análise pode ser feita
considerando sub-períodos de interesse: em nosso caso, consideramos os sub-períodos
2010-2015 e 2010-2020, para obter uma perspectiva de maturação do Programa. As
estimativas são reportadas nas Tabelas 5.1 e 5.2, que incluem o VP dos fluxos marginais do
PIB e, também, um indicador da produtividade marginal dos investimentos (PMI),
calculado como a razão entre o VP dos fluxos marginais do PIB e o VP dos investimentos,
ambos em 2010.
14
Ver Haddad, E. A. (2004). “Retornos Crescentes, Custos de Transporte e Crescimento Regional”. Tese de
Livre-Docência, FEA, Universidade de São Paulo.
67
Figura 5.7. Interpretação dos resultados dos efeitos PRODETUR RJ15
2007
Resumo (macro) Impacto ao longo do tempo
(VP das diferenças – fluxos marginais)
2010 2013 2020
Simulação histórica
Investimentos Efeitos sobre turismo
PIB com PRODETUR RJ
PIB sem PRODETUR RJ
15 Os valores dos fluxos para elaboração dos cálculos encontram-se na seção 5.2.
68
Tabela 5.1. Critérios parciais para avaliação dos investimentos do PRODETUR RJ:
VP dos fluxos marginais do PIB do Rio de Janeiro (em USD mil de 2008)
A. 2010-2015
A B
Cenário 1 123.547 152.914
Cenário 2 146.067 196.678
Cenário 3 151.739 207.396
B. 2010-2020
A B
Cenário 1 246.448 326.554
Cenário 2 358.304 547.756
Cenário 3 371.573 573.154
Taxa de desconto = 12% a.a.
A - Gastos dos turistas financiados com redução do consumo
B - Gastos dos turistas financiados com redução da poupança
69
Tabela 5.2. Critérios parciais para avaliação dos investimentos do PRODETUR RJ:
Produtividade Marginal dos Investimentos16
A. 2010-2015
A B
Cenário 1 0,713 0,882
Cenário 2 0,842 1,134
Cenário 3 0,875 1,196
B. 2010-2020
A B
Cenário 1 1,421 1,883
Cenário 2 2,066 3,159
Cenário 3 2,143 3,305
Taxa de desconto = 12% a.a.
A - Gastos dos turistas financiados com redução do consumo
B - Gastos dos turistas financiados com redução da poupança
VP dos investimentos = USD 173.394 mil
16
O inverso desta relação refere-se à relação incremental capital-produto, que nos informa sobre o nível de
investimento necessário para gerar uma unidade adicional de valor adicionado.
70
Os resultados mostram que a produtividade marginal do PRODETUR RJ é magnificada no
longo prazo. À medida que o projeto matura, os ganhos de produtividade tornam-se
maiores, pois há uma complementaridade potencial entre os investimentos do Progrma e a
atração de gastos crescentes (exógenos) nas regiões, relação captada no modelo através das
hipóteses sobre gastos adicionais de turistas. Os indicadores aqui definidos tornam-se
bastante úteis em um contexto de avaliação de projetos alternativos: neste caso, a escolha
deveria recair naquele com maior PMI. Vale notar que outros indicadores parciais para
avaliação de projetos podem ser derivados a partir dos resultados do modelo.
Uma visão alternativa para o critério de produtividade marginal dos investimentos, que foca
nos efeitos sobre o PIB, é o de produto marginal dos investimentos, que foca nos efeitos
sobre o valor bruto da produção (VBP). As Tabelas 5.3 e 5,4 apresentam os resultados para
o VP dos fluxos marginais do VBP e, também, um indicador da produto marginal dos
investimentos (VPMI), calculado como a razão entre o VP dos fluxos marginais do VBP e
o valor do investimento, novamente sob a perspectiva do Estado do rio de Janeiro.
71
Tabela 5.3. Critérios parciais para avaliação dos investimentos do PRODETUR RJ:
VP dos fluxos marginais do VBP do Rio de Janeiro (em USD mil de 2008)
A. 2010-2015
A B
Cenário 1 251.755 303.439
Cenário 2 303.220 392.062
Cenário 3 316.091 413.763
B. 2010-2020
A B
Cenário 1 503.823 645.396
Cenário 2 760.640 1.093.426
Cenário 3 790.851 1.144.858
Taxa de desconto = 12% a.a.
A - Gastos dos turistas financiados com redução do consumo
B - Gastos dos turistas financiados com redução da poupança
72
Tabela 5.4. Critérios parciais para avaliação dos investimentos do PRODETUR RJ:
Produto Marginal dos Investimentos
A. 2010-2015
A B
Cenário 1 1,452 1,750
Cenário 2 1,749 2,261
Cenário 3 1,823 2,386
B. 2010-2020
A B
Cenário 1 2,906 3,722
Cenário 2 4,387 6,306
Cenário 3 4,561 6,603
Taxa de desconto = 12% a.a.
A - Gastos dos turistas financiados com redução do consumo
B - Gastos dos turistas financiados com redução da poupança
VP dos investimentos = USD 173.394 mil
73
Podemos pensar também em termos de outros indicadores, como massa salarial criada
marginalmente pelos investimentos do PRODETUR RJ e arrecadação de ICMS para o
Estado do Rio de Janeiro. Utilizando a mesma abordagem do cálculo dos indicadores de
PMI e de VPMI, obtemos os resultados apresentados nas Tabelas 5.5 a 5.8.
Em modelos dinâmicos, o conceito dos indicadores marginais dos investimentos, em um
determinado ponto do tempo, confunde-se com o conceito de multiplicadores estáticos.
Assim, os resultados apresentados nas Tabelas 5.2, 5.4, 5.6 e 5.8 podem ser interpretados
como multiplicadores de PIB, produção, massa salarial e arrecadação de ICMS,
respectivamente. Temos assim que, sob o ponto de vista das despesas agregadas associadas
aos investimentos do PRODETUR RJ, a injeção de USD 187 milhões (USD 173,4 milhões
em VP em 2010) na implantação das ações do Programa, o multiplicador de produção
apurado (Tabela 5.4), considerando-se uma taxa de desconto de 12% a.a., ficaria entre
2,9 e 6,6, dependendo do cenário. Significa dizer que a iniciativa privada injetaria entre
USD 355 e 1.047 milhões nas cadeias produtivas associadas ao turismo no Rio de Janeiro
nos próximos 10 anos.
O impacto equivalente na economia brasileira seria de USD 364 milhões a USD 1.629
milhões, em valor presente em 2008. Em outras palavras, para cada USD 1,00 investido
pelo PRODETUR RJ, entre USD 1,10 a USD 8,39 adicionais seriam gerados em toda a
economia até 2020. Nota-se que o intervalo, neste caso, é bastante amplo, sendo os
resultados bastante sensíveis tanto às hipóteses de trajetórias futuras dos parâmetros que
definem os gastos dos turistas nas regiões do estudo, como às hipóteses de financiamento
dos gastos.
Entretanto, no conjunto de hipóteses mais conservadoras (Cenário 1A), os efeitos do
PRODETUR RJ já se mostram bastante relevantes, principalmente para a economia
fluminense.
74
Tabela 5.5. Critérios parciais para avaliação dos investimentos do PRODETUR RJ:
VP dos fluxos marginais da massa salarial do Rio de Janeiro (em USD mil de 2008)
A. 2010-2015
A B
Cenário 1 53.287 63.099
Cenário 2 65.063 81.959
Cenário 3 68.008 86.588
B. 2010-2020
A B
Cenário 1 109.823 136.627
Cenário 2 168.701 231.967
Cenário 3 175.626 242.937
Taxa de desconto = 12% a.a.
A - Gastos dos turistas financiados com redução do consumo
B - Gastos dos turistas financiados com redução da poupança
75
Tabela 5.6. Critérios parciais para avaliação dos investimentos do PRODETUR RJ:
Massa Salarial Marginal dos Investimentos
A. 2010-2015
A B
Cenário 1 0,307 0,364
Cenário 2 0,375 0,473
Cenário 3 0,392 0,499
B. 2010-2020
A B
Cenário 1 0,633 0,788
Cenário 2 0,973 1,338
Cenário 3 1,013 1,401
Taxa de desconto = 12% a.a.
A - Gastos dos turistas financiados com redução do consumo
B - Gastos dos turistas financiados com redução da poupança
VP dos investimentos = USD 173.394 mil
76
Tabela 5.7. Critérios parciais para avaliação dos investimentos do PRODETUR RJ:
VP dos fluxos marginais da arrecadação de ICMS do Rio de Janeiro (em USD mil de
2008)
A. 2010-2015
A B
Cenário 1 3.778 4.167
Cenário 2 5.047 5.717
Cenário 3 5.361 6.097
B. 2010-2020
A B
Cenário 1 8.864 9.931
Cenário 2 15.258 17.767
Cenário 3 16.000 18.668
Taxa de desconto = 12% a.a.
A - Gastos dos turistas financiados com redução do consumo
B - Gastos dos turistas financiados com redução da poupança
77
Tabela 5.8. Critérios parciais para avaliação dos investimentos do PRODETUR RJ:
Arrecadação de ICMS Marginal dos Investimentos
A. 2010-2015
A B
Cenário 1 0,022 0,024
Cenário 2 0,029 0,033
Cenário 3 0,031 0,035
B. 2010-2020
A B
Cenário 1 0,051 0,057
Cenário 2 0,088 0,102
Cenário 3 0,092 0,108
Taxa de desconto = 12% a.a.
A - Gastos dos turistas financiados com redução do consumo
B - Gastos dos turistas financiados com redução da poupança
VP dos investimentos = USD 173.394 mil
78
Em termos de absorção de mão-de-obra, os investimentos totais realizados gerariam
impacto médio no Estado de 1.754 EHA, na fase de implantação dos investimentos (2010-
2012).
No período 2013-2020, fase em que os efeitos do PRODETUR RJ sobre o turismo
potencialmente se verificariam, o Programa apresentaria um impacto sobre o emprego de
aproximadamente 8.500 a 20.000 EHA (média anual durante o período), com absorção
crescente ao longo do período17
; ou seja, o equivalente ao trabalho de até 20.000
profissionais adicionais, em média, por um ano, em relação às projeções do Cenário
Tendencial (Tabela 5.9).
Em relação à “geração” de empregos, vale a pena destacar que o custo médio total de
“criação” de um emprego associado ao PRODETUR RJ equivale ao desembolso médio de
aproximadamente USD 9.210 a USD 21.790. Deve-se ressaltar que a absorção crescente ao
longo do período sugere uma natureza permanente destes postos de trabalho.
Tabela 5.9. Efeitos do PRODETUR RJ sobre geração de emprego no Estado do Rio de
Janeiro: Média do período 2013-2020, em equivalente-homem-ano (EHA)
A B
Cenário 1 8.582 9.816
Cenário 2 16.254 19.337
Cenário 3 17.040 20.303
Taxa de desconto = 12% a.a.
A - Gastos dos turistas financiados com redução do consumo
B - Gastos dos turistas financiados com redução da poupança
Um último indicador para o Estado do Rio de Janeiro, que nos permite contextualizar as
magnitudes dos efeitos do PRODETUR RJ, pode ser construído a partir da relação entre o
VP dos fluxos marginais do PIB estadual e o valor do PIB estadual em 2010. As
estimativas são apresentadas na Tabela 5.10, revelando que os efeitos acumulados ao longo
17 Ver Quadro 5.2.
79
do período de projeção situam-se entre 0,137 e 0,319% do PIB projetado para o Estado do
Rio de Janeiro em 2010.
Tabela 5.10. Valor presente dos fluxos marginais do PIB do Estado do Rio de Janeiro,
em % do PIB de 2010
A B
Cenário 1 0,137 0,182
Cenário 2 0,199 0,305
Cenário 3 0,207 0,319
Taxa de desconto = 12% a.a.
A - Gastos dos turistas financiados com redução do consumo
B - Gastos dos turistas financiados com redução da poupança
80
5.4 INDICADORES REGIONAIS
Que regiões mais se beneficiariam com a realização dos investimentos do PRODETUR RJ?
Os resultados da Tabela 5.11, ilustrados para as regiões fluminenses nas Figuras 5.9 e 5.10,
evidenciam a distribuição regional dos efeitos do Programa, em termos das participações
regionais nos efeitos sobre PIB e emprego. Outro indicador, apresentado na Figura 5.8,
refere-se ao VP dos fluxos marginais acumulados associados à geração de riqueza nos dois
Pólos, bem como no restante do Estado e no restante do País.
Tais resultados revelam que (i) os efeitos regionais dependem das hipóteses sobre
financiamento dos gastos adicionais do turismo (cenários “A” versus “B”); (ii) os efeitos
associados aos cenários considerados tendem a se concentrar no Pólo Litoral, com efeitos
não desprezíveis no Pólo Serra.
Em relação aos fechamentos adotados, percebe-se que o financiamento com redução do
consumo nas regiões de origem dos turistas afeta negativamente as grandes regiões
emissoras que não recebem fluxos adicionais de turistas (nas simulações, Resto do RJ e
Resto do Brasil) para contrabalançar o efeito de redução no consumo dos residentes. Assim,
na família de cenário “A”, em que esta hipótese opera, acabam sendo desfavorecidas pelo
PRODETUR RJ, devido a este efeito de “desvio de gastos”. Neste caso, as regiões
receptoras dos fluxos adicionais de turistas são relativamente mais favorecidas,
internalizando a maior parte dos efeitos totais.
Uma situação distinta emerge quando se “permite” que os gastos adicionais com turismo
sejam financiado com redução da (taxa de) poupança pessoal. Neste caso, as regiões
emissoras não percebem uma redução no consumo dos residentes, sendo beneficiadas pelos
vazamentos em um sistema interregional integrado. Neste caso, é claro que não apenas os
pólos turísticos fluminenses seriam beneficiados, mas também outras regiões do Estado e
outros Estados brasileiros.
81
Em relação à sequência dos cenários – Cenários 1, 2 e 3 – revela-se uma perda esperada
gradativa de participação do sub-pólo Metropolitano nos efeitos totais, tanto de PIB como
de emprego, uma vez que os efeitos diretos dominantes das hipóteses do Cenário 1 neste
sub-pólo tornam-se menos fortes nos Cenários 2 e 3. Interessante notar o papel polarizador
da RMRJ, que atua na direção de internalizar parte dos efeitos multiplicadores
(principalmente na família “B”), fazendo com que a redução relativa do papel dominante no
conjunto de premissas do Cenário 1 seja menos fortemente percebida.
A título de exemplo, o sub-pólo Metropolitano concentraria, por um lado, entre 19,65%
(3A) e 47,97% (1A) dos efeitos sobre o PIB – família de cenários A – e , por outro lado,
entre 26,57% (3B) e 36,31% (1B) – família “B”.
A Tabela 5.12, que mostra a relação entre a participação regional nos efeitos totais de
variáveis selecionadas e as respectivas participações regionais nos investimentos do
PRODETUR RJ, permite-nos avaliar o grau de apropriação relativa dos benefícios do
Programa. Indicadores maiores que um sugerem melhor desempenho neste quesito,
mostrando maior capacidade de internalização relativa dos efeitos socioeconômicos.
Destaca-se, aqui, em todos os cenários, o sub-pólo da Costa do Sol.
Finalmente, os indicadores apresentados na Tabela 5.13 oferecem uma perspectiva da
importância relativa do Programa para as economias regionais, colocando em perspectiva
os benefícios acumulados (em termos de PIB). Este indicador, mensurado, para cada região,
pela relação entre o VP dos fluxos marginais do PIB regional e o valor projetado do PIB
regional em 2010, revela que as perspectivas do PRODETUR RJ tendem a ser mais
relevantes, em termos de magnitudes relativas, para as economias da Costa Verde e da
Costa do Sol.
82
Figura 5.8. Valor presente dos fluxos marginais do PIB regional (em USD mil de 2008)
-20.000
30.000
80.000
130.000
180.000
230.000
280.000
Cenário_1A Cenário_2A Cenário_3A Cenário_1B Cenário_2B Cenário_3B
USD
1.0
00
Pólo Litoral Pólo Serra Resto do RJ Resto do Brasil
83
Tabela 5.11. Distribuição regional dos efeitos do PRODETUR RJ (em %)
PIB Emprego PIB Emprego
Metropolitano 47,97 60,58 36,31 44,50
Costa Verde 13,11 14,58 6,92 9,56
Costa do Sol 26,95 30,80 14,45 19,68
Serra Verde Imperial 3,10 2,59 2,64 2,48
Vale do Café 0,83 0,41 0,56 0,38
Agulhas Negras 10,82 3,17 5,75 2,26
Resto do RJ 0,50 -0,25 1,22 0,65
Resto do Brasil -3,28 -11,87 32,15 20,49
Brasil 100,00 100,00 100,00 100,00
PIB Emprego PIB Emprego
Metropolitano 21,96 26,44 27,19 24,85
Costa Verde 30,22 29,14 11,66 17,69
Costa do Sol 45,60 41,83 18,07 25,04
Serra Verde Imperial 8,17 7,22 4,19 5,13
Vale do Café 1,48 1,03 0,73 0,75
Agulhas Negras 15,42 8,49 6,13 5,26
Resto do RJ 0,23 -0,26 1,19 0,67
Resto do Brasil -23,08 -13,89 30,83 20,60
Brasil 100,00 100,00 100,00 100,00
PIB Emprego PIB Emprego
Metropolitano 19,65 24,85 26,57 23,98
Costa Verde 31,33 29,44 11,82 17,82
Costa do Sol 48,37 43,26 18,71 25,82
Serra Verde Imperial 8,32 7,19 4,19 5,11
Vale do Café 1,50 1,02 0,73 0,75
Agulhas Negras 15,50 8,47 6,03 5,24
Resto do RJ 0,21 -0,25 1,19 0,68
Resto do Brasil -24,89 -13,97 30,76 20,61
Brasil 100,00 100,00 100,00 100,00
Cenário 3
A B
A B
Cenário 1
Cenário 2
A B
PIB = VP dos fluxos marginais; Emprego = média anual de EHA
84
Figura 5.9. Participação regional no valor presente dos fluxos marginais do PIB, 2010-2020
Cenário 1A Cenário 2A Cenário 3A
Cenário 1B Cenário 2B Cenário 3B
85
Figura 5.10. Participação regional na geração de emprego – EHA, média 2010-2020
Cenário 1A Cenário 2A Cenário 3A
Cenário 1B Cenário 2B Cenário 3B
86
Tabela 5.12. Relação entre participação regional nos efeitos totais e participação
regional nos investimentos do PRODETUR
PIB Emprego PIB Emprego
Metropolitano 1,84 2,32 1,39 1,71
Costa Verde 0,76 0,84 0,40 0,55
Costa do Sol 3,26 3,73 1,75 2,38
Serra Verde Imperial 0,21 0,18 0,18 0,17
Vale do Café 0,18 0,09 0,12 0,08
Agulhas Negras 0,37 0,11 0,20 0,08
PIB Emprego PIB Emprego
Metropolitano 0,84 1,01 1,04 0,95
Costa Verde 1,74 1,68 0,67 1,02
Costa do Sol 5,52 5,06 2,19 3,03
Serra Verde Imperial 0,56 0,50 0,29 0,35
Vale do Café 0,32 0,22 0,16 0,16
Agulhas Negras 0,53 0,29 0,21 0,18
PIB Emprego PIB Emprego
Metropolitano 0,75 0,95 1,02 0,92
Costa Verde 1,81 1,70 0,68 1,03
Costa do Sol 5,85 5,23 2,26 3,12
Serra Verde Imperial 0,57 0,50 0,29 0,35
Vale do Café 0,32 0,22 0,16 0,16
Agulhas Negras 0,53 0,29 0,21 0,18
Cenário 2
A B
Cenário 3
A B
Cenário 1
A B
87
Tabela 5.13. Valor presente dos fluxos marginais do PIB regional, em % dos
respectivos valores projetados do PIB regional em 2010
A B A B A B
Metropolitano 0,044 0,050 0,039 0,052 0,038 0,053
Costa Verde 0,187 0,194 0,604 0,621 0,642 0,661
Costa do Sol 0,133 0,134 0,299 0,303 0,326 0,330
Serra Verde Imperial 0,023 0,028 0,104 0,113 0,109 0,118
Vale do Café 0,016 0,019 0,068 0,073 0,071 0,077
Agulhas Negras 0,022 0,024 0,087 0,090 0,091 0,094
Rio de Janeiro 0,097 0,105 0,176 0,195 0,185 0,206
Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3
Taxa de desconto = 12% a.a. A - Gastos dos turistas financiados com redução do consumo
B - Gastos dos turistas financiados com redução da poupança
88
5.5 EFEITOS SOBRE ATIVIDADES CARACTERÍSTICAS DO TURISMO (ACT)
Esta seção apresenta resultados dos efeitos do PRODETUR nos sub-pólos sobre atividades
características do turismo (ACT). Não existe, no Brasil, estimativas oficiais de Contas
Satélites do Turismo. Em um estudo recente, fruto de acordo de cooperação técnica entre o
IBGE, o Ministério do Turismo e o Instituto Brasileiro de Turismo – EMBRATUR, foram
apresentadas informações relacionadas ao turismo no País, com base nas estatísticas sobre a
produção (oferta) de bens e serviços, os gastos (demanda) das famílias, e as características
da mão-de-obra ocupada (emprego) desse setor. Para tal, foram consolidados os resultados
de pesquisas econômicas e domiciliares regularmente produzidas pelo IBGE, como a
Pesquisa Anual de Serviços – tanto o levantamento básico quanto o Suplemento Produtos e
Serviços – a Pesquisa de Orçamentos Familiares, e a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios, tendo como referencial o ano de 2003.18
O nível de agregação setorial do ferramental utilizado em nosso estudo não permite que se
afiram resultados para as ACTs de maneira tão detalhada como no referido estudo do
IBGE. Todavia, podemos avaliar os efeitos regionais sobre ACTs nos sub-pólos a partir de
uma primeira aproximação da decomposição dos resultados agregados. A estratégia é: (i)
identificar os setores responsáveis pela produção dos bens e serviços associados aos gastos
dos turistas (Compras Pessoais, Transporte Local, Hospedagem, Alimentação, Passeios e
Atrações Turísticas, Diversão Noturna, Outros); e (ii) analisar os efeitos sobre este grupo de
setores.
Com informações sobre as matrizes de produção regionais, os setores do modelo associados
a ACTs são: comércio, transporte, serviços de alojamento e alimentação, e outros serviços.
Apresentaremos, a seguir, os efeitos sobre PIB, massa salarial e empregos das ACTs.
Consideraremos apenas o período 2013-2020, quando os efeitos do PRODETUR RJ sobre
turismo são incluídos nas premissas dos cenários.
18 http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/industria/economia_turismo/default.shtm
89
O Quadro 5.3 apresenta as estimativas dos fluxos marginais para as variáveis selecionadas
para os três cenários, considerando os dois fechamentos alternativos.
A partir das informações contidas no Quadro 5.3, podemos avaliar a importância relativa
dos setores selecionados, fortemente relacionados às ACTs, nos resultados do PRODETUR
RJ. A Tabela 5.14 identifica a participação das ACTs nos resultados agregados. Esta
participação refere-se às participações destas atividades no valor presente dos fluxos
marginais (PIB e massa salarial) e no emprego médio do período 2013-2020 (em EHA)
Alguns pontos merecem destaque. Em primeiro lugar, na hipótese de financiamento do
turismo pela redução do consumo nas regiões de origem (família “A”), percebe-se um
efeito de realocação produtiva de atividades não diretamente relacionados ao turismo para
ACTs. Este movimento fica claro quando analisamos os resultados para os indicadores do
sub-pólo Metropolitano, que, além de se beneficiar com aumentos adicionais nos gastos de
turistas, também se caracteriza como a principal região fluminense emissora de turista para
os demais sub-pólos.
Em segundo lugar, quando se elimina o efeito substituição (família “B”), os resultados
apontam para uma participação das ACTs – em todas as variáveis e em todas as regiões –
superior a 50% dos efeitos totais. O papel preponderante das ACTs nos efeitos totais sugere
também a existência de um núcleo duro dentro da cadeia produtiva do turismo nas regiões,
em que se caracterizam aspectos de APLs potencialmente exploráveis.
Finalmente, outro ponto a ser destacado refere-se às magnitudes relativas das participações
das ACTs nas variáveis analisadas. Olhando para os resultados da coluna “B”, evidencia-se
que as ACTs tendem a internalizar uma menor fração do valor adicionado regional e, em
certa medida, da massa salarial, potencializando, por outro lado, a absorção de mão de obra
na região. Em outras palavras, as ACTs caracterizar-se-iam, em termos relativos, por
atividades de baixo valor agregado para as regiões, com alto potencial de geração de
empregos com remuneração média mais baixa.
90
Quadro 5.3. Projeção dos efeitos marginais do PRODETUR sobre ACTs em variáveis econômicas selecionadas , 2013-
2020
A. Cenário 1A
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Metropolitano 3.720 9.209 14.568 23.085 27.744 34.875 42.497 50.534
Costa Verde 4.978 5.272 5.600 5.957 6.255 6.612 6.981 7.365
Costa do Sol 10.784 11.404 12.096 12.838 13.475 14.223 14.995 15.793
Serra Verde Imperial 1.010 1.048 1.094 1.144 1.177 1.222 1.266 1.314
Vale do Café 137 145 154 165 173 183 194 205
Agulhas Negras 1.168 1.228 1.306 1.392 1.459 1.544 1.631 1.723
Metropolitano 1.644 4.073 6.444 10.214 12.273 15.428 18.799 22.355
Costa Verde 2.313 2.450 2.603 2.769 2.908 3.074 3.247 3.426
Costa do Sol 4.979 5.266 5.586 5.929 6.224 6.570 6.928 7.297
Serra Verde Imperial 444 461 482 505 521 541 562 584
Vale do Café 60 63 67 72 75 80 85 90
Agulhas Negras 518 544 579 616 646 683 722 762
Metropolitano 640 1.565 2.467 3.901 4.684 5.884 7.166 8.518
Costa Verde 929 984 1.046 1.113 1.169 1.235 1.304 1.376
Costa do Sol 1.986 2.101 2.229 2.366 2.484 2.623 2.765 2.913
Serra Verde Imperial 175 183 192 202 209 218 227 237
Vale do Café 24 25 27 28 30 32 33 35
Agulhas Negras 203 214 227 242 254 268 283 299
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2020
B. Cenário 1B
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Metropolitano 5.674 11.408 17.034 25.863 30.776 38.222 46.176 54.556
Costa Verde 5.133 5.454 5.811 6.202 6.528 6.918 7.322 7.741
Costa do Sol 10.880 11.527 12.247 13.024 13.689 14.471 15.280 16.115
Serra Verde Imperial 1.121 1.201 1.290 1.393 1.473 1.573 1.677 1.786
Vale do Café 153 164 177 191 203 217 232 248
Agulhas Negras 1.224 1.301 1.397 1.505 1.590 1.697 1.808 1.924
Metropolitano 2.514 5.054 7.545 11.457 13.631 16.928 20.450 24.161
Costa Verde 2.388 2.538 2.704 2.886 3.038 3.220 3.408 3.603
Costa do Sol 5.025 5.325 5.658 6.018 6.326 6.688 7.062 7.449
Serra Verde Imperial 499 535 575 622 658 703 750 799
Vale do Café 68 73 79 86 91 98 105 112
Agulhas Negras 541 575 617 664 701 748 796 847
Metropolitano 934 1.896 2.838 4.320 5.142 6.389 7.722 9.127
Costa Verde 957 1.016 1.083 1.155 1.215 1.288 1.363 1.440
Costa do Sol 2.004 2.124 2.257 2.400 2.523 2.668 2.817 2.972
Serra Verde Imperial 196 210 225 243 257 275 293 312
Vale do Café 27 29 31 34 36 38 41 44
Agulhas Negras 210 224 240 257 272 289 308 327
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Quadro 5.3. Projeção dos efeitos marginais do PRODETUR sobre ACTs em variáveis econômicas selecionadas , 2013-
2020
C. Cenário 2A
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Metropolitano 3.203 8.098 12.768 20.490 24.306 30.452 36.972 43.779
Costa Verde 7.594 10.841 14.518 18.649 23.006 27.955 33.391 39.348
Costa do Sol 13.988 18.209 22.962 28.266 33.791 40.045 46.866 54.286
Serra Verde Imperial 1.786 2.705 3.754 4.943 6.194 7.628 9.210 10.954
Vale do Café 242 368 514 680 853 1.053 1.275 1.521
Agulhas Negras 2.032 3.072 4.273 5.637 7.067 8.716 10.538 12.547
Metropolitano 1.416 3.582 5.648 9.067 10.753 13.472 16.356 19.368
Costa Verde 3.528 5.038 6.748 8.670 10.697 13.000 15.530 18.302
Costa do Sol 6.458 8.407 10.602 13.052 15.605 18.494 21.646 25.074
Serra Verde Imperial 786 1.192 1.655 2.180 2.732 3.366 4.064 4.834
Vale do Café 106 161 225 298 374 462 560 668
Agulhas Negras 900 1.362 1.894 2.499 3.133 3.864 4.672 5.562
Metropolitano 561 1.394 2.190 3.503 4.156 5.205 6.319 7.482
Costa Verde 1.417 2.024 2.712 3.485 4.300 5.226 6.244 7.360
Costa do Sol 2.576 3.354 4.230 5.209 6.227 7.381 8.639 10.009
Serra Verde Imperial 310 470 653 861 1.079 1.329 1.605 1.909
Vale do Café 42 64 89 118 148 182 221 263
Agulhas Negras 353 535 743 981 1.229 1.516 1.833 2.183
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Quadro 5.3. Projeção dos efeitos marginais do PRODETUR sobre ACTs em variáveis econômicas selecionadas , 2013-
2020
D. Cenário 2B
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Metropolitano 5.955 12.006 17.992 27.227 32.574 40.512 49.008 57.985
Costa Verde 7.809 11.152 14.936 19.191 23.671 28.763 34.357 40.485
Costa do Sol 14.115 18.400 23.223 28.609 34.213 40.559 47.480 55.008
Serra Verde Imperial 1.932 2.930 4.069 5.361 6.714 8.266 9.978 11.861
Vale do Café 263 399 556 734 920 1.135 1.374 1.637
Agulhas Negras 2.105 3.184 4.426 5.839 7.316 9.018 10.900 12.971
Metropolitano 2.640 5.321 7.973 12.067 14.435 17.952 21.717 25.695
Costa Verde 3.633 5.189 6.951 8.933 11.020 13.393 15.999 18.855
Costa do Sol 6.520 8.499 10.728 13.218 15.809 18.743 21.943 25.424
Serra Verde Imperial 859 1.304 1.810 2.385 2.987 3.678 4.439 5.277
Vale do Café 117 178 248 328 411 507 613 731
Agulhas Negras 931 1.409 1.958 2.583 3.237 3.990 4.823 5.739
Metropolitano 974 1.982 2.976 4.516 5.400 6.719 8.130 9.620
Costa Verde 1.456 2.080 2.786 3.581 4.418 5.370 6.416 7.562
Costa do Sol 2.600 3.390 4.279 5.273 6.307 7.478 8.755 10.144
Serra Verde Imperial 337 512 710 936 1.172 1.443 1.742 2.071
Vale do Café 46 70 98 129 162 200 242 288
Agulhas Negras 363 550 764 1.008 1.263 1.558 1.883 2.241
GR
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Quadro 5.3. Projeção dos efeitos marginais do PRODETUR sobre ACTs em variáveis econômicas selecionadas , 2013-
2020
E. Cenário 3A
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Metropolitano 2.969 7.845 12.494 20.193 23.989 30.112 36.606 43.386
Costa Verde 8.598 11.917 15.671 19.887 24.320 29.357 34.886 40.939
Costa do Sol 16.158 20.520 25.429 30.901 36.576 43.002 50.004 57.612
Serra Verde Imperial 1.994 2.927 3.993 5.200 6.466 7.919 9.519 11.284
Vale do Café 269 398 546 714 889 1.092 1.317 1.566
Agulhas Negras 2.266 3.324 4.544 5.929 7.377 9.047 10.892 12.925
Metropolitano 1.312 3.470 5.526 8.935 10.613 13.321 16.194 19.194
Costa Verde 3.995 5.538 7.284 9.246 11.308 13.652 16.225 19.042
Costa do Sol 7.459 9.474 11.741 14.269 16.890 19.860 23.095 26.611
Serra Verde Imperial 877 1.289 1.760 2.293 2.852 3.493 4.200 4.978
Vale do Café 118 174 239 313 390 479 578 687
Agulhas Negras 1.005 1.474 2.014 2.628 3.270 4.011 4.829 5.730
Metropolitano 524 1.355 2.148 3.457 4.107 5.153 6.262 7.422
Costa Verde 1.605 2.225 2.927 3.716 4.545 5.488 6.524 7.657
Costa do Sol 2.976 3.780 4.685 5.694 6.740 7.926 9.218 10.622
Serra Verde Imperial 346 508 694 905 1.126 1.379 1.658 1.966
Vale do Café 46 69 94 123 154 189 228 271
Agulhas Negras 394 578 791 1.031 1.283 1.574 1.895 2.248
GR
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Quadro 5.3. Projeção dos efeitos marginais do PRODETUR sobre ACTs em variáveis econômicas selecionadas , 2013-
2020
F. Cenário 3B
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Metropolitano 6.092 12.153 18.149 27.395 32.752 40.701 49.209 58.198
Costa Verde 8.841 12.257 16.121 20.463 25.022 30.205 35.894 42.121
Costa do Sol 16.300 20.727 25.707 31.262 37.017 43.537 50.641 58.358
Serra Verde Imperial 2.155 3.170 4.326 5.637 7.007 8.579 10.312 12.217
Vale do Café 293 432 591 772 960 1.178 1.420 1.686
Agulhas Negras 2.349 3.445 4.706 6.141 7.636 9.361 11.266 13.361
Metropolitano 2.701 5.387 8.043 12.141 14.514 18.036 21.806 25.790
Costa Verde 4.114 5.704 7.503 9.526 11.649 14.064 16.715 19.618
Costa do Sol 7.529 9.574 11.876 14.444 17.104 20.119 23.403 26.972
Serra Verde Imperial 959 1.410 1.924 2.508 3.117 3.817 4.588 5.435
Vale do Café 131 193 264 345 429 526 634 753
Agulhas Negras 1.039 1.524 2.082 2.717 3.379 4.142 4.985 5.912
Metropolitano 994 2.003 2.998 4.540 5.425 6.746 8.158 9.650
Costa Verde 1.649 2.286 3.007 3.818 4.670 5.639 6.703 7.867
Costa do Sol 3.003 3.819 4.737 5.762 6.824 8.027 9.338 10.762
Serra Verde Imperial 376 553 755 984 1.223 1.498 1.801 2.133
Vale do Café 52 76 104 136 169 207 250 296
Agulhas Negras 405 595 813 1.060 1.319 1.617 1.946 2.308
GR
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96
Tabela 5.14. Participação das “atividades características do turismo” nos efeitos
regionais do PRODETUR RJ (acumulado 2013-2020)
PIB Massa salarial Emprego PIB Massa salarial Emprego
Metropolitano 1,017 0,944 0,978 0,671 0,716 0,904
Costa Verde 0,926 0,940 0,977 0,892 0,912 0,966
Costa do Sol 0,931 0,958 0,982 0,862 0,921 0,973
Serra Verde Imperial 1,241 1,046 0,982 0,612 0,643 0,794
Vale do Café 0,850 0,893 0,892 0,516 0,507 0,723
Agulhas Negras 0,932 0,926 0,965 0,767 0,762 0,908
PIB Massa salarial Emprego PIB Massa salarial Emprego
Metropolitano 2,185 1,256 1,046 0,555 0,602 0,845
Costa Verde 0,931 0,952 0,982 0,910 0,932 0,975
Costa do Sol 0,934 0,962 0,983 0,872 0,928 0,975
Serra Verde Imperial 1,017 0,999 1,000 0,749 0,781 0,895
Vale do Café 0,902 0,929 0,960 0,658 0,650 0,841
Agulhas Negras 0,931 0,925 0,968 0,842 0,835 0,941
PIB Massa salarial Emprego PIB Massa salarial Emprego
Metropolitano 2,553 1,309 1,054 0,545 0,592 0,840
Costa Verde 0,931 0,953 0,982 0,910 0,932 0,975
Costa do Sol 0,934 0,962 0,983 0,873 0,929 0,975
Serra Verde Imperial 1,018 1,001 1,001 0,749 0,781 0,895
Vale do Café 0,905 0,932 0,962 0,657 0,649 0,841
Agulhas Negras 0,932 0,925 0,968 0,842 0,835 0,941
Cenário 3
A B
Cenário 1
A B
Cenário 2
A B
PIB e massa salarial = VP dos fluxos marginais; Emprego = média anual de EHA.
97
ANEXO: LIÇÕES DAS EXPERIÊNCIAS DO PRODETUR/NE II
O PRODETUR/NE II é um programa de turismo sustentável que caminha para um
processo de consolidação em suas experiências nos diversos pólos no Nordeste brasileiro.
Assim, ao se formular a concepção de dois pólos (Litoral e Serra) no PDITS/RJ, não há
como deixar de se fazer algumas observações sobre a implementação.
Em primeiro lugar, as Figuras A.1 e A.2 mostram que os municípios nordestinos
beneficiários do Programa são de baixo nível de crescimento econômico, medido pelos seus
valores de PIB per capita, e de baixo nível de desenvolvimento humano, medido pelo
IDHM. É evidente que há alguns destes municípios que constituem exceções,
particularmente as Capitais dos Estados no Nordeste. O que teria ocorrido com estes dois
indicadores ao longo do tempo, durante a fase de implantação do PRODETUR?
98
Figura A.1. Municípios do PRODETUR/NE II: IDHM 2000
99
Figura A.2. Municípios do PRODETUR/NE II: Posição do PIB per capita em relação
à média brasileira 2003
100
O PIB mede o total de bens e serviços finais (o seu cálculo elimina transações
intermediárias) produzido dentro do País, do Estado ou do Município, por residentes e não
residentes. O procedimento adotado para o seu cálculo baseia-se na distribuição pelos
municípios do valor adicionado das atividades econômicas das Contas Regionais do Brasil,
construídas pelos órgãos estaduais de estatísticas sob a coordenação do Departamento de
Contas Nacionais (DECNA) do IBGE. O PIB mede resultados das atividades econômicas
realizadas independentemente da sua contribuição para o bem estar social e de sua
distribuição entre grupos e famílias da sociedade.
O PIB e o seu crescimento não são, contudo, uma medida adequada para indicar as
diferenças de padrão de vida médio dos brasileiros que vivem em diferentes Estados,
Regiões e Municípios, uma vez que: a) no cálculo do PIB, estima-se o valor total da
produção de bens e serviços agregado em cada Estado, Região ou Município, sem se retirar
deste valor a parcela da renda líquida enviada para outros Estados, Regiões ou Municípios;
b) como o crescimento econômico das áreas periféricas ocorreu, nas últimas décadas, com
intensa participação de capitais incentivados das regiões mais desenvolvidas do país ou do
exterior, é muito significativa a parcela dos rendimentos destes capitais que é computada na
estimativa do PIB, e que não entra na composição da renda regional, e é esta renda segundo
Keynes que é relevante para o bem estar das populações locais. Na renda regional, são
incorporados os valores das transferências governamentais (Bolsa-família, Previdência
Social, Lei Orgânica de Assistência Social com benefícios continuados, etc.) que
contribuem para que possa ser financiado o consumo familiar.19
Observa-se, também, que o IBGE registra o valor do PIB no município onde se localiza a
sede da organização produtiva ou da sua atividade básica, o que cria distorções muito
significativas. Por exemplo: quando uma grande empresa aérea transferiu parte significativa
de seus serviços para o Aeroporto Internacional em Confins, um município com apenas 5
19
Ver sobre este assunto, o Relatório Stiglitz-Sen-Fitoussi, publicado em junho de 2009 (http://www.stiglitz-
sen-fitoussi.fr/documents/draft_summary.pdf).
101
mil habitantes, o seu PIB per capita tornou-se o maior entre os municípios de Minas Gerais.
De qualquer forma, há quatro entre os dez municípios que estão vinculados à economia
petrolífera, com elevadíssimos valores do PIB per capita, os quais têm um desempenho de
razoavelmente bom a razoavelmente medíocre quando se considera o Índice FIRJAN de
Desenvolvimento Municipal, um equivalente ao IDHM.
O Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM) tem as seguintes características:
As fontes de dados são oficiais e sua metodologia permite a comparação
quantitativa serial e temporal dos municípios analisados, possibilitando inclusive a
agregação por Estados. A comparação entre municípios ao longo do tempo mostra,
com precisão, se uma melhor posição no ranking se deveu a fatores exclusivos de
um determinado município ou à piora dos demais. A comparação absoluta de cada
município permite medir se a efetividade das políticas públicas resulta em melhores
condições socioeconômicas da população.
Os dados da FIRJAN mais específicos para os municípios e utilizados para medir as
três áreas (emprego e renda, educação e saúde) que compõem o índice, são os de
2006. Em cada uma dessas áreas, os Municípios, Capitais e Estados do País podem
ser comparados entre si no grupo a que pertencem, isolada e evolutivamente. Para
efeito de comparação, o IFDM também foi calculado para 2000, o que permite uma
análise ao longo do tempo.
O IFDM varia numa escala de 0 (pior) a 1 (melhor) para classificar o
desenvolvimento humano do País, dos Estados e dos Municípios. Os critérios de
análise estabelecem quatro categorias: baixo (de 0 a 0,4), regular (0,4001 a 0,6),
moderado (de 0,6001 a 0,8) e alto (0,8001 a 1) desenvolvimento municipal. A
média brasileira totalizou 0,7376.
O indicador IFDM-Emprego & Renda acompanha a movimentação e as
características do mercado formal de trabalho, cujos dados são disponibilizados pelo
Ministério do Trabalho. As variáveis acompanhadas por este indicador são: Taxa de
Geração de Emprego formal sobre o Estoque de Empregados e sua Média Trienal;
102
Saldo Anual Absoluto de Geração de Empregos; Taxa Real de Crescimento do
Salário Médio Mensal e sua Média Trienal; e, Valor Corrente do Salário Médio
Mensal Valor do Brasil em 2006: 0,7642;
O indicador IFDM-Educação capta tanto a oferta quanto a qualidade da educação
do ensino fundamental e pré-escola, conforme competência constitucional dos
municípios. As variáveis acompanhadas por este indicador são: Taxa de
Atendimento no Ensino Infantil; Taxa de Distorção Idade-série; Percentual de
Docentes com Curso Superior; Número Médio Diário de Horas-Aula; Taxa de
Abandono Escolar; e, Resultado Médio no Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica Valor do Brasil em 2006: 0,6787;
Por sua vez, o indicador IFDM-Saúde visa avaliar a qualidade do Sistema de Saúde
Municipal referente à Atenção Básica. As variáveis acompanhadas por este
indicador são: Quantidade de Consultas Pré-Natal; Taxa de Óbitos Mal-Definidos;
e, Taxa de Óbitos Infantis por Causas Evitáveis Valor do Brasil em 2006: 0,7699.
O IFDM é, em muitos aspectos, uma medida mais precisa do que o IDHM pois este
indicador, ao ter que ser padronizado pelo PNUD para quase 180 países do Mundo, acaba
sendo determinado pelos países onde o sistema de informações é menos desenvolvido.
As Tabelas A.1, A.2 e A.3 mostram as variações das variáveis do IFDM e de seus
componentes para o período de 2000 a 2006 nos municípios beneficiários do PRODETUR
em três pólos do Programa: Pólo Costa do Sol (CE), Pólo Litoral Sul (BA) e Pólo Costa do
Descobrimento (BA). Observa-se que, em geral, dos 40 municípios beneficiários no
conjunto dos três Pólos, apenas 3 tiveram variação negativa no IFDM durante o período e
25 tiveram uma variação positiva do IFDM superior à respectiva variação do próprio
Estado. Observa-se, também, que entre as variações dos componentes (emprego e renda,
saúde, educação) num total de 120, apenas 16 têm valor negativo.
Além desta visão macroscópica, pode-se analisar algumas perspectivas internas de cada
Pólo do PRODETUR/NE II.
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Tabela A.1. Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM): Estado do Ceará,
Municípios no ólo Costa do Sol (variação % 2000-2006)
ESTADO E MUNICÍPIOS IFDM EMPREGO E RENDA EDUCAÇÃO SAÚDE
CEARÁ 17,90% 59,6% 24,4% 13,2%
POSIÇÃO UNIDADE DA FEDERAÇÃO 14ª 23ª 8ª 8ª
MUNICÍPIOS PÓLO COSTA DO SOL
São Gonçalo do Amarante 62,97% 208,50% 30,80% 48,70%
Jijoca de Jericoacoara 60,13% 147,00% 44,00% 47,00%
Trairi 47,68% 104,10% 53,60% 24,80%
Barroquinha 46,75% 54,30% 60,20% 32,60%
Itarema 41,09% 23,10% 44,30% 50,30%
Viçosa do Ceará 36,52% 34,80% 37,50% 36,40%
Paraipaba 34,15% 52,10% 33,80% 27,20%
Caucaia 32,18% 63,80% 27,20% 13,30%
Chaval 31,74% 0,20% 42,20% 36,00%
Camocim 24,55% 36,10% 22,70% 20,40%
Cruz 23,77% 1,60% 45,00% 18,10%
Amontada 23,74% -9,80% 34,30% 34,60%
Itapipoca 17,49% 1,60% 28,60% 17,40%
Fortaleza 15,95% 31,80% 12,60% 2,60%
Granja 10,92% -2,60% 30,90% 3,00%
Aquiraz 8,68% 5,20% 21,20% 1,50%
Acaraú 6,17% -29,20% 20,80% 19,60%
Paracuru 5,03% -15,30% 19,90% 13,30%
Fonte: FIRJAN.
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Tabela A.2. Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM): Estado da Bahia,
Municípios no Pólo Litoral Sul (variação % 2000-2006)
ESTADO E MUNICÍPIOS IFDM EMPREGO E RENDA EDUCAÇÃO SAÚDE
BAHIA 17,0% 57,7% 28,2% 4,8%
POSIÇÃO UNIDADE DA FEDERAÇÃO 16ª 25ª 5ª 22ª
MUNICÍPIOS PÓLO LITORAL SUL
Taperoá 37,0% 84,7% 64,2% 10,6%
Itacaré 34,9% 46,9% 44,7% 20,8%
Igrapiúna 30,9% 58,0% 21,5% 22,0%
Ilhéus 29,2% 63,7% 23,9% 9,1%
Cairu 29,1% 13,5% 55,1% 20,7%
Camamu 27,9% 42,1% 25,5% 21,8%
Maraú 21,0% 14,9% 16,4% 27,5%
Canavieiras 18,9% -7,6% 50,3% 20,1%
Uruçuca 12,8% -3,1% 37,0% 4,9%
Ituberá 11,0% -12,8% 22,6% 19,2%
Valença 5,9% -24,7% 35,9% 11,7%
Uma 5,2% -16,0% 5,0% 23,6%
Nilo Peçanha 4,4% -19,4% 1,3% 22,2%
Santa Luzia -1,8% -49,3% 20,2% -2,1%
Fonte: FIRJAN.
Tabela A.3. Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM): Estado da Bahia,
Municípios no Pólo Costa do Descobrimento (variação % 2000-2006)
ESTADO E MUNICÍPIOS IFDM EMPREGO E RENDA EDUCAÇÃO SAÚDE
BAHIA 17,0% 57,7% 28,2% 4,8%
POSIÇÃO UNIDADE DA FEDERAÇÃO 16ª 25ª 5ª 22ª
MUNICÍPIOS PÓLO COSTA DO DESCOBRIMENTO
Caravelas 38,1% 15,8% 88,4% 25,0%
Belmonte 34,8% 57,0% 68,4% 11,2%
Prado 28,0% 55,2% 30,0% 18,6%
Mucuri 23,3% 50,7% 11,0% 9,6%
Porto Seguro 21,7% 19,3% 38,0% 13,9%
Nova viçosa 15,7% 11,4% 26,5% 12,8%
Alcobaças -1,5% -40,1% 32,4% 14,8%
Santa Cruz Cabrália -9,8% -32,0% 24,3% -10,6%
Fonte: FIRJAN.
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Entre os Pólos turísticos do PRODETUR/NE II, há duas experiências de promoção e
desenvolvimento de arranjos produtivos locais: no Pólo São Luís (MA) e no Pólo Costa
dos Corais (AL). Estas experiências fazem parte de programas estaduais de mobilização
para o desenvolvimento de arranjos e territórios produtivos nos Estados do Maranhão
(PAPL/MA) e de Alagoas (PAPL/AL). Os principais benefícios esperados destes
Programas são: o aumento da interação e da cooperação entre produtores e
empreendedores; maior atração de capitais de investimentos; aumento do dinamismo
empresarial local; redução dos custos e riscos empresariais; promoção de inovações
tecnológicas; maior agilidade e flexibilidade da mão de obra; melhoria da qualidade de vida
das populações locais. Os Programas pretendem tornar-se um dos mecanismos do processo
de planejamento governamental para promover a inclusão social de milhares de
trabalhadores, famílias e empreendedores que operam no mundo dos micro e pequenos
negócios. Particularmente em Alagoas, o PAPL é considerado o principal programa
produtivo de inclusão social do Estado. Em 2006, Maranhão e Alagoas apresentam os
piores valores do IFDM entre as 27 Unidades da Federação.
Em ambos Programas, adotou-se uma metodologia (SWOT, MRP, etc.) para identificar, por
meio de uma diagnose participativa, os pontos fracos, as oportunidades e a situação
desejada, como base para a construção da agenda de mudanças e os planos de ação dos
APLs. Os problemas identificados e as ações previstas permitem estabelecer uma
programação plurianual bem detalhada em termos de serviços de desenvolvimento do APL
(ver Quadro A.1).
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Quadro A.1. Tipos de Serviços Comunitários que o Comitê Gestor de um APL pode
Prestar às Empresas Componentes
Grupos de Serviços Tipos de Serviços
Promoção e Marketing Participação em feiras internacionais
Organização de missões comerciais no exterior
Identificação de parceiros comerciais no exterior Pesquisa e acompanhamento dos mercados
Confecção de material promocional
Exposições permanentes de venda
Vendas em conjunto
Promoção de marcas de produtos
Promoção de marcas territoriais
Promoção através de presença na internet
Outros serviços de promoção e marketing
Tecnológicos e Técnicos Testes de qualidade de produtos
Certificação de qualidade de produto
Assistência para certificação de qualidade de processo
Desenvolvimento de novos produtos Modelagem em CAD
Utilização de máquinas de alta tecnologia
Assistência para inovação tecnológica
Publicação de informações técnicas
Apoio à realização de projetos especiais
Outros serviços tecnológicos e técnicos
Capacitação Capacitação gerencial
Especialização profissional
Formação profissional direcionada
Outros serviços de capacitação
Financeiros Garantia de crédito (fundo de aval)
Informações sobre fontes de financiamento
Outros serviços financeiros
Infraestrutura Reaproveitamento de resíduos industriais
Tratamento de efluentes Outros serviços de infraestrutura
Administrativos Assistência jurídica, sindical, trabalhista, previdenciária e fiscal
Informações sobre normas técnicas, ambientais e comerciais
Processamento de folhas de pagamento para artesãos
Assistência no registro de patentes
Arbitragem de controvérsias
Apoio na organização de viagens e nas traduções
Acompanhamento e estatísticas setoriais
Outros serviços administrativos
Fonte: FGV/SEBRAE-RJ.
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Os resultados destacam alguns problemas e ações de APLs típicos dos arquétipos da
economia de subsistência, de vantagem comparativa, ou de crescimento tradicional,
comuns aos Pólos do PRODETUR/NE II20
: a) inexistência de informações e estudos sobre
a capacidade assimilativa do meio ambiente (a fragilidade do ambiente dos corais, por
exemplo); b) sociedades locais pouco mobilizadas e sensibilizadas para as atividades
turísticas como geradoras de oportunidades; c) baixo grau de densidade na cadeia produtiva
do Pólo (dez a doze atividades versus mais de cinquenta nas cadeias produtivas dos
benchmarks de turismo sustentável, por exemplo); d) limitado conhecimento sobre a
posição relativa do Pólo em que se inserem, demonstrando incapacidade para determinar o
seu nível de competitividade em relação aos concorrentes; e) reduzida cooperação
interfirmas e ausência de relações estreitas de parcerias nos processos de inovação e de
aperfeiçoamento; f) fracasso na integração à montante por meio das atividades fornecedoras
e distância em relação aos usuários finais; g) limitado conhecimento sobre os seus
consumidores e ausência de pesquisas de mercado, sem identificar as demandas que podem
atender; etc.
Como se pode garantir que este conjunto de ações irá contribuir para aliviar as
condições de pobreza nas áreas de influência dos APLs, mesmo considerando que elas
venham a ser implementadas com eficiência (redução de custos, efeitos sinergéticos
interinstitucionais etc.)?
As diferentes ações públicas e privadas de desenvolvimento de um APL poderão afetar a
distribuição da renda e da riqueza em suas áreas de atuação, através de benefícios derivados
dos salários e dos rendimentos privados gerados pelas atividades produtivas e, também, dos
benefícios dos projetos sociais não diretamente produtivos (por exemplo, treinamento e
capacitação de residentes para adequá-los ao perfil da mão de obra). Na análise dos efeitos
20 Fairbanks, M. and Lindsay, S. Plowing The Sea – Nurturing the Hidden Sources of Growth in the Developing World. HBS Press, 1997 (há tradução em português). Monitor do Brasil – Aumentando a Competitividade do Nordeste Brasileiro. São Paulo, 2000. SEBRAE/FINEP/CNPq – Interagir Para Competir, Brasília, 2002 (seleção de artigos de diversos especialistas em promoção de arranjos produtivos e inovativos no Brasil e no exterior).
108
distributivos desses projetos não diretamente produtivos, é importante introduzir a
dimensão temporal. À medida que a ênfase está na solução de problemas sociais pela
alocação de fundos em programas diretamente ligados a esse setor, a estratégia é de curto
prazo (políticas sociais de natureza compensatória). Quando se introduz a dimensão de
longo prazo, a estratégia de desenvolvimento tem de considerar que o uso alternativo de
fundos em projetos com efeitos distributivos positivos (a mobilização de arranjos
produtivos locais em áreas de alto risco social, por exemplo) pode melhorar
consideravelmente as carências existentes e vir a se constituir em solução mais adequada e
com maior sustentabilidade.
No longo prazo, eficiência econômica e distribuição social da renda estão bastante
interligadas, quase sempre desde que haja intencionalidade de se integrarem estes objetivos.
O desenvolvimento social tem como fundamento uma concepção mais ampla de bem estar
de todos os habitantes, que envolve o bem estar físico, moral e espiritual, e não apenas a
obtenção de algum bem ou serviço determinado. Esta concepção implica em que o
planejamento tanto das políticas sociais quanto do portfólio de investimentos sociais tem
que ser integrado, e não se constituir apenas em uma lista de decisões e de ações
estratégicas, organizadas de maneira segmentada e parcial por diferentes especialistas.
Em função do processo de implementação destes APLs de turismo sustentável no
PRODETUR/NE II, dez observações de natureza operacional merecem destaque:
uma das maiores dificuldades para fazer a transição dos Pólos, de uma economia
tradicional para o ambiente de uma economia moderna, está nos modelos mentais e
de aprendizado das empresas e dos empreendedores, ou seja, dificuldades para a
adoção de sistemas de crenças que contribuem para melhor criar e distribuir renda e
riqueza;
os empreendedores dos Pólos têm propensão a ações baseadas em vantagens
comparativas que não são sustentáveis, uma vez que os seus produtos, serviços e
processos são facilmente replicáveis em outras regiões com potencial turístico
equivalente;
109
a questão do sequenciamento das ações de um plano é crítica: não basta realizar
coisas importantes de forma ocasional e isolada (eventuais cursos de
empreendedorismo, por exemplo) ou de forma extemporânea (abertura de linhas de
financiamento para modernização tecnológica das redes de serviços de turismo
antes de avançar a capacidade empresarial para lidar com as exigências das novas
estruturas organizacionais, por exemplo); há uma interdependência temporal e
causal entre as ações de desenvolvimento de um APL que precisam ser respeitadas
(o treinamento da força de trabalho local sem que se avancem as oportunidades
estimula a migração de capital humano para outros Pólos de turismo, por exemplo);
dificuldades para a construção de um sistema de parcerias públicas e privadas
que dêem sustentabilidade e implementabilidade aos planos de ação dos Pólos;
normalmente, estas parcerias se restringem a eventos e não se estruturam como
processos de trabalho;
em períodos de demanda insuficiente, há uma opção pela estratégia de custos baixos
e não pela estratégia de diferenciação de produtos e serviços; as estratégias de
baixos custos são sustentáveis quando baseadas em inovações duradouras (logística,
novos processos e novos mercados, etc.); por outro lado, a estratégia de
diferenciação traz vantagens de pioneirismo e permite comandar um prêmio sobre
os preços e tarifas (turismo ecológico, turismo de eventos, etc.);
o grau de participação dos protagonistas locais na concepção, planejamento e
controle dos planos de ação tem um custo de oportunidade, o qual poderá ser
maior ou menor dependendo de vários fatores: o ciclo de negócios, a natureza do
produto ou serviço, a qualidade da liderança local, o nível de desenvolvimento
local, etc.;
há dois protagonistas indispensáveis no processo de planejamento dos APLs, o seu
gestor, que se responsabiliza pela coordenação executiva do plano de ação, e o
especialista, que tem conhecimento experimentado dos mercados, das tecnologias,
das linhas de financiamento, etc. que se relacionam a cada APL;
110
entre todos os tipos de ações que aparecem num plano de ação de promoção e
desenvolvimento do APL, algumas têm um conteúdo distributivo de renda e de
riqueza mais destacado e de sinal inequívoco, tais como: a) a capacitação
(palestras, cursos gerenciais, cursos profissionalizantes) dos receptivos, da hotelaria,
dos restaurantes e afins, dos condutores em ecoturismo, do pessoal de transporte, do
comércio local e da comunidade, a qual amplia os leques de oportunidades de
empregos de melhor qualidade para as populações locais e desenvolve também o
empreendedorismo de pequenos negócios a nível local; b) o acesso ao crédito, por
meio da articulação junto às instituições financeiras de linhas de créditos para os
micro e pequenos empreendedores; c) disponibilidade de infraestrutura
especializada que afeta a produtividade total dos fatores de produção,
particularmente as melhorias direcionadas aos serviços de apoio, de saneamento
básico e de reciclagem de resíduos sólidos;
as instituições-parceiras, que são indispensáveis para a execução dos planos de
ação, devem ser trabalhadas cuidadosamente para compreender melhor o escopo
dos planos de ação, a fim de que o processo de negociação flua com maior
flexibilidade operacional;
o processo de promoção e de desenvolvimento de um APL é, essencialmente,
uma arte de negociação, de obtenção de consensos, de gestão compartilhada e de
mobilização de recursos latentes locais.