SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo...

25

Transcript of SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo...

Page 1: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde
Page 2: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL-PDE

COMO MOTIVAR OS ALUNOS NA APRENDIZAGEM EM MATEMÁTICA POR

MEIO DE JOGOS E ENIGMAS.

Professor PDE: Gilmar Dutra1

Orientador: Sérgio Flávio Schmitz2

RESUMO

Este artigo visa demonstrar a importância da exploração do universo lúdico

dos estudantes como meio de auxiliá-los no aprendizado de Matemática.

Inicialmente, investigaram-se as contribuições das atividades lúdicas enquanto

recurso didático e, posteriormente, pesquisou-se uma série de jogos matemáticos a

partir dos quais objetivou-se a exploração de temas afins. Com efeito, procurou-se

evidenciar que o emprego de materiais concretos e lúdicos, de maneira intercalada

aos conteúdos, contribui para a eficácia da assimilação dos saberes aritméticos.

Destacou-se também que, à medida que surgem dificuldades, manifesta-se a

1Professor da Rede Pública do Estado do Paraná, participante do Programa de Desenvolvimento da

Educação (PDE). E-mail: [email protected].

2 Professor Orientador. Departamento de Matemática, Universidade Estadual do Paraná.

E-mail: [email protected]

Page 3: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

necessidade de propostas pedagógicas e recursos didáticos que auxiliem, tanto os

professores em sua prática docente, quanto os alunos na construção do

conhecimento. Para tanto, os jogos matemáticos têm um papel primacial, a ponto de

sobressair como um recurso didático capaz de promover um ensino e aprendizagem

mais dinâmicos, possibilitando trabalhar o formalismo próprio da disciplina de

maneira atrativa e desafiadora, comprovando que a Matemática está também

presente nas relações sociais e culturais.

Palavras chave: Matemática. Jogos. Enigmas. Ensino. Aprendizagem.

INTRODUÇÃO

A Matemática tem sido considerada, historicamente, uma ciência rigorosa,

abstrata, de difícil compreensão. Tal perspectiva engendrou uma prática pedagógica

impessoal e, por vezes, dissociada da realidade, o que tornou o processo de ensino

e aprendizagem um fenômeno cercado de dificuldades.

Sabe-se que ainda vigora no meio educacional a ideia de que o aluno deve

demonstrar sua aprendizagem mediante a reprodução do que o professor ensinou.

Porém, esse modelo de ensino tem sido cada vez mais contestado, uma vez que a

reprodução de atividades não significa compreensão – e, consequentemente, não

contribui para a construção de conhecimentos. Todavia, a despeito dos eventuais

insucessos em relação ao modelo didático consolidado, é mister salientar que a

Matemática desempenha um papel singular na formação intelectual do estudante,

permitindo a este, entre outras coisas, o desenvolvimento do raciocínio lógico e a

capacidade de resolver problemas, condições fundamentais para o exercício da

cidadania.

Fazer com que a Matemática, apesar de sua complexidade, possa ser

devidamente assimilada pelos estudantes é um grande desafio para os educadores.

Diante dessa árdua tarefa, segundo defendemos, a perspectiva lúdica pode ser um

caminho profícuo.

Com efeito, os jogos e enigmas constituem um excelente recurso, pois levam

o aluno a desempenhar um papel ativo na construção de seu conhecimento.

Page 4: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

Envolvem também a compreensão e a aceitação de regras, fatores essenciais no

desenvolvimento da autonomia e do pensamento lógico. Exigem, outrossim, que os

alunos interajam, tomem decisões e criem novas regras. Ademais é um ingrediente

indispensável no relacionamento entre as pessoas, bem como uma possibilidade

para que afetividade, o prazer, o interesse, o autoconhecimento, a cooperação, a

autonomia e a criatividade se desenvolvam.

Assim, as atividades lúdicas podem concorrer para um trabalho de formação

de atitudes, levando o educando a enfrentar desafios e a lançar-se na busca de

soluções.

Em face do exposto, para corroborar com a perspectiva aqui propugnada – a

de que os recursos lúdicos podem contribuir para o ensino e aprendizagem de

Matemática – este artigo se apresenta. Os conteúdos escolhidos serão as quatro

operações com números naturais, seguidas, respectivamente, da resolução de

problemas congêneres. O público alvo serão os alunos do 6° ano do Ensino

Fundamental. Os jogos serão selecionados a partir de bibliografias afins, e outros

serão criados com a participação dos alunos.

DESENVOLVIMENTO

I – O lúdico e o saber

De acordo com Vigotsky (1989, p. 94-95), “o aprendizado das crianças

começa muito antes de elas frequentarem a escola. No convívio familiar, elas já

tiveram experiências análogas, lidando, ainda que de forma não sistemática, com

quantidades, operações de divisão, adição, subtração, determinação de tamanhos,

entre outras”. Consequentemente, as crianças têm a sua própria aritmética pré-

escolar, a qual educadores e psicólogos não podem ignorar.

Para D’Ambrósio (1986, p. 44), “o verdadeiro espírito da Matemática é

representado pela capacidade de exemplificar situações reais, reuni-las

adequadamente, de maneira a permitir a utilização de técnicas e resultados

conhecidos em um novo contexto. Ou seja, é transferir o aprendizado resultante de

uma determinada situação para uma situação nova”. Eis o ponto crucial do

aprendizado da Matemática e talvez o objetivo maior do seu ensino.

Page 5: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

Em consonância com a concepção pedagógica dos pensadores supracitados,

defendemos que a utilização didática dos jogos e enigmas contempla

imperiosamente todos os requisitos necessários para uma prática de ensino eficaz,

uma vez que esses procedimentos, além de estimuladores do crescimento pessoal,

são muito importantes para o desenvolvimento das habilidades sociais. Ademais, é

notória a existência de um grande contingente de alunos que têm vergonha de fazer

perguntas para esclarecer suas dúvidas, razão pela qual a Matemática se torna um

problema para ele. Entretanto, a aplicação dos jogos e enigmas surge como uma

oportunidade de socializar esse público, visto que implica a participação da equipe

na solução do problema proposto pelo professor – este, por sua vez, deverá ter um

planejamento organizado, no qual estejam dispostos jogos e enigmas que

provoquem o aluno na busca pelos resultados.

As atividades lúdicas de que fazemos menção são as mais variadas. Muitas já

vêm sendo aplicadas por professores em sala de aula. Cada docente deve, portanto,

partir do perfil de sua turma tendo em vista o conteúdo que pretende explorar,

escolhendo o que julgar mais apropriado.

Uma grande causa de equívoco na educação atual é o baixo índice de

aceitação e de incorporação da tecnologia no processo educacional. “Ainda existe

muita resistência, por parte dos professores, em tomar novas posições e

aperfeiçoar-se para tal. Faz-se necessário rever nossas concepções e não persistir

no tradicional, isso demonstra conformismo e acomodação”. (D’Ambrósio,

1999).

Com todas as mudanças e as novas tecnologias que estão em andamento no

mundo atual, não podemos admitir que a escola continue centrada na transmissão

de informações por meio da decoreba e de operações matemáticas

descontextualizadas. É preciso, pois, inserir o estudante em uma situação-problema

ou em um texto informal – e as atividades lúdicas são o recurso ideal para isso – a

fim de explorar operações como soma, subtração, multiplicação e divisão. Essa

abordagem permitirá ao aluno resolver situações cotidianas que envolvam cálculos

matemáticos, tais como: compra a prazo, consumo de água, de energia elétrica,

vendas de produtos agrícolas, entre outras.

Page 6: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

II – A Matemática e o panorama educacional atual

Refletindo acerca do ensino atual e analisando a forma como a Matemática

vem sendo ensinada, percebemos que ela não tem correspondido às necessidades

do aluno no que tange à formação para a cidadania. Por conseguinte, muita coisa

precisa ser mudada no intuito de que a disciplina deixe de ser um terror para os

alunos. Urge aos professores delinear atividades que despertem o interesse e a

motivação dos estudantes, permitindo uma interação entre ambos mediante o saber

matemático, possibilitando a busca das significações dos conceitos a serem

construídos.

Conforme afirma D’Ambrosio, “muito pouco do que se faz em Matemática é

transformado em algo que possa representar um verdadeiro progresso no sentido de

melhorar a qualidade de vida. É inadmissível que aceitemos esse fato sem

contestação, como um fato consumado, e não façamos esforços para mudá-lo”

(1986, p.22).

Com efeito, aos olhos dos alunos, o professor é muito importante, visto que o

auxílio deste lhes possibilita a construção de uma imagem positiva a respeito da

proposta de trabalho realizada. Assim, o docente deve tornar-se um investigador,

acompanhando o aluno na realização de suas tarefas. Nessa linha de raciocínio,

muitos professores e pesquisadores têm procurado meios alternativos para reverter

a decadência do ensino, buscando tornar a Matemática interessante, provocadora e

instigante.

Consoante a isso, este projeto configura uma alternativa oportuna, acordada

com os devidos fins do campo de saber em questão. Afinal, as questões que

permeiam a problemática aqui levantada vêm ao encontro, não somente de nossas

expectativas didáticas, como também das necessidades dos estudantes, porquanto

nosso prospecto incide sobre questões que estão presentes no cotidiano, e a

metodologia disposta anela pelo universo lúdico partindo de materiais concretos.

Evidentemente, há diferenças significativas entre o “gostar da Matemática” e o

“dominar a Matemática”. Estamos cientes de que a perspectiva lúdica não implica

diretamente o conhecimento pleno da disciplina. Não obstante, acreditamos que a

Page 7: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

conjunção entre o prazer e o aprender pode ser um primeiro e decisivo passo para a

inserção do estudante no egrégio universo da Aritmética.

III – O papel das atividades lúdicas na formação do educando

Diante dos fatos relatados, aduzimos, como sugestão – ainda que longínqua

–, para uma peremptória transformação do ensino de Matemática, a utilização

didática dos jogos e enigmas. Acreditamos que essa estratégia pedagógica poderá

recuperar o interesse dos alunos, contribuindo para a minoração de suas

dificuldades. A partir das relações cotidianas, bem como da utilização de Matemática

em situações-problema, os jogos constituir-se-ão um elemento motivacional,

tornando as aulas mais atraentes, produtivas e interessantes – além de dar maiores

oportunidades de participação aos alunos, proporcionando, assim, momentos de

aprendizagem mais significativos.

Destarte, advogamos que a ludicidade, elemento chave deste projeto, pode

engendrar e fomentar as seguintes potencialidades:

a) Iniciativa – O jogo proporciona o espírito de iniciativa, privilegiando uma postura

ativa.

b) Imaginação – A imaginação e a criatividade são normalmente pilares essenciais

para um bom desempenho numa disputa.

c) Comunicação – Em qualquer jogo de grupo a comunicação é estimulada, quer no

papel de emissor, quer no de receptor.

d) Pesquisa – O jogo estimula o espírito e a capacidade de pesquisa, com o objetivo

de desenvolver conhecimentos e competências.

e) Memória – O jogo desenvolve a capacidade de memorização, seja de regras,

estratégias ou outras.

f) Raciocínio lógico – Os enigmas contribuem efetivamente para o desenvolvimento

do raciocínio lógico, visto que o exercício do pensar é a condição sine qua non para

atividades desse gênero.

Page 8: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

g) Competição – Normalmente os jogos incentivam a competição em busca da

vitória ou de uma posição de superioridade.

h) Autonomia – O jogo desenvolve a autonomia, quer em termos cognitivos, quer em

termos afetivos.

i) Estratégias – No jogo, buscam-se estratégias conducentes a atingirem os

objetivos.

j) Discussão – A discussão e o debate facilitam a aprendizagem e o aperfeiçoamento

das competências.

k) Ética – Os jogos podem contribuir para o desenvolvimento de uma cultura de

respeito recíproco, destacando os valores éticos e morais.

Além de todos os elementos supracitados, tendo como prisma os quatro

pilares da educação, segundo o pensamento do célebre político francês Jacques

Delors – aprender a ser, aprender a conviver, aprender a fazer e aprender a

conhecer –, julgamos que nossa proposta lhes é consentânea, conforme o que

segue:

– Aprender a ser – A abordagem lúdica contribui para o autoconhecimento, a

imaginação, o ânimo e a criatividade; desenvolve também a personalidade, gerando

na criança uma maior capacidade, segurança, liberdade de pensamento e de

discernimento. Torna-a, pois, tanto quanto possível, responsável pelos seus atos.

– Aprender a conviver – Os jogos educam a criança para evitar o conflito e, quando

este for inevitável, a resolvê-lo pacificamente. Desenvolve também a compreensão

do outro e a percepção das interdependências, sobretudo em razão de se realizar

projetos em comum. Induz, também, ao respeito às normas culturais, religiosas e

políticas que regulamentam as relações entre as nações e os seres que compõem

uma coletividade.

– Aprender a fazer – Os jogos e atividades afins contribuem para tornar as pessoas

aptas a enfrentar diversas situações por meio do trabalho em equipe, ou seja, para o

convívio social. Auxilia-as a descobrir os próprios limites e condicionamentos,

desvelando-lhe a harmonia ou a desarmonia presente na vida individual e social.

Page 9: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

– Aprender a conhecer – Os jogos matemáticos podem ser um recurso importante

para a aquisição de competências matemáticas nucleares, fundamentais para a vida

do cotidiano. Por meio da utilização de jogos, os alunos são estimulados a utilizar o

raciocínio, a capacidade de concentração e a criatividade na resolução de situações

problemáticas.

IV – As atividades lúdicas e a Matemática

Os jogos de natureza didática são, amiúde, motivo de interesse, paixão e

motivação – quer pelos profissionais da educação, quer pelos cidadãos em geral.

Por esse motivo, alguns professores lançam mão de tal recurso, sempre que

possível e com o devido enquadramento curricular, na sala de aula. Para tanto, em

sintonia com a peculiaridade de cada jogo, os docentes ordenam suas práticas nos

espaços de que a escola dispõe – laboratórios, salas, saguão, biblioteca, etc.

Ademais, convém ressaltar que o estudante, por sua vez, desempenha um

papel ativo nesse processo, uma vez que a perspectiva em questão exige dele o

desenvolvimento do raciocínio e da autonomia, além da interação com seus colegas.

Portanto, os jogos e enigmas matemáticos, desde que bem contextualizados,

permitem ao aluno a aquisição e a assimilação de conceitos em várias vertentes da

Matemática. Também o desenvolvimento da capacidade crítica e o espírito

colaborativo são estimulados, contribuindo para isso as interações que se

estabelecem durante a abordagem, a realização, a conclusão e a avaliação dos

jogos utilizados.

O aluno vê o jogo como uma brincadeira e, por isso, liberta-se das pressões,

vivenciando um clima de experimentação. Aprender brincando é muito valioso para a

criança, pois o “brincar” faz parte de seu mundo – sem contar o fato de constituir um

elemento provocador, já que ela se sente desafiada a encontrar uma solução para

os problemas apresentados.

V – A METODOLOGIA

Na intenção de estimular a motivação, o interesse e a aprendizagem de

Matemática por parte do aluno, a utilização de jogos como recurso didático é um

caminho insigne para os fins propostos neste projeto.

Page 10: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

Em vista de que a aprendizagem seja estimulada, de modo que os alunos

sintam prazer no decurso dos trabalhos, a metodologia deve ser ativa e de tipo

qualitativa. Urge que ela contemple um reforço positivo sempre que se considere

oportuno. Requer-se, pois, do professor:

- elogio perante a persistência na realização das tarefas;

- estruturação das tarefas a se desenvolver, bem como um acompanhamento

constante e individualizado;

- escolha de jogos diversificados, quer em termos de materiais utilizados, quer em

termos de objetivos a atingir;

- seleção de jogos que estimulem a capacidade de concentração, memorização,

atenção e comunicação;

- tarefas que apelem ao concreto, como meio de aquisição de novos conceitos.

O interesse em buscar novas atividades que despertem a curiosidade dos

estudantes é essencial para a superação dos obstáculos existentes. Os métodos e

materiais adequados funcionam como motivação para os alunos com déficit de

aprendizagem. Por isso, há a necessidade de se utilizar meios diferenciados, além

de muita dedicação por parte do professor. Conforme mencionamos alhures, a

Matemática é vista como uma matéria difícil, na qual os alunos encontram muitos

obstáculos em adquirir conhecimentos, de modo que poucos conseguem aprender.

Certamente, a falta de contextualização dos conteúdos é uma das maiores

responsáveis pela resistência dos jovens ao universo das operações aritméticas.

Em contrapartida, a utilização de jogos e enigmas como estratégia de ensino-

aprendizagem na sala de aula é um recurso pedagógico que tem apresentado bons

resultados, pois cria situações que permitem ao aluno desenvolver métodos de

resolução de problemas, estimulando a sua criatividade e participação.

Por conseguinte, visando amenizar as dificuldades de aprendizagem, nossa

proposta apresenta uma gama de atividades lúdicas que, segundo cremos, poderão

levar o aluno a transcender os liames da “decoreba”, gerando nele uma

compreensão mais aprofundada dos tópicos em estudo. Ademais, a proposta ora

Page 11: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

planeada induz o jovem – quando for necessário –, num processo dinâmico, à busca

de auxílio do docente e dos demais colegas para resolver as questões.

Nossa abordagem, pois, apresenta os jogos matemáticos como um

instrumento para o ensino das operações com números naturais, e os enigmas

como um meio de explorar as situações-problema. Em ambos os casos, para se

vencer, exige-se do aluno o uso de estratégias, de modo que ele tem que se

envolver, aprimorando as habilidades que compõem o raciocínio, vivenciando

momentos de interação com o professor, além da troca de experiências com os

colegas.

Com efeito, para a consecução desta proposta, optamos pela turma do sexto

ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual de Rio do Salto. Essa escolha foi

norteada pela percepção das dificuldades enfrentadas por esse público no que tange

aos cálculos, à resolução de problemas e às quatro operações com números

naturais.

No início deste trabalho, foi elaborado um teste diagnóstico a fim de verificar

os conhecimentos dos alunos em relação a conteúdos e competências considerados

de maior pertinência ao respectivo grupo. Uma vez que se tratava de alunos recém-

promovidos das séries iniciais do Ensino Fundamental, nossa aferição pautou-se por

questões básicas, que abarcavam a comunicação matemática, o raciocínio

matemático e a resolução de problemas nos domínios temáticos dos cálculos das

quatro operações com números naturais. Os resultados obtidos pelos alunos, de um

modo geral, foram insatisfatórios, sobretudo em relação às quatro operações, à

resolução de problemas e aos cálculos. Com base nesses dados, procuramos

selecionar jogos adequados no intuito de sanar os referidos déficits.

A metodologia utilizada durante a realização dos jogos englobava as

seguintes estratégias de intervenção:

- apreciação dos jogos utilizados, mediante a verificação se eles cumpriam as

expectativas criadas, quer em relação ao professor, quer em relação aos alunos.

Para isso, foi importante observar a reação dos alunos, em especial sua motivação,

a apresentação de soluções, o desejo de aprender mais, o bem-estar na sala de

Page 12: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

aula, os debates, as discussão, em suma, as aprendizagens geradas ou

consolidadas;

- a apresentação, de nossa parte enquanto professores, de questões que estimulem

o raciocínio e a comunicação entre os alunos. Também o dever de elogiar sempre

que considerássemos oportuno, de modo a motivar os alunos para os objetivos

almejados.

- o acompanhamento individual nas situações em que os alunos não conseguiam

superar as suas dificuldades, incentivando-o a não perder o interesse, de modo que

o jogo continuasse a ser uma atividade de permanente desafio.

Tendo em conta as características dos alunos, a seleção dos diferentes tipos

de jogos a utilizar teria de ir ao encontro das suas necessidades, visando o

desenvolvimento de competências e a aprendizagem dos conteúdos. Desse modo,

procuramos, na medida do possível, instigar os alunos, de forma versátil, a sentir

motivação e atração pelos jogos, possibilitando a relação destes com os conteúdos.

Com isso, acreditamos ter despertado nesse grupo a autoconfiança, a capacidade

de organização, de concentração, de socialização, de cooperação, além do espírito

crítico.

VI – Os objetivos

O ensino da Matemática, a exemplo do que acontece em outros campos do

saber, vai-se modificando ao longo dos tempos, como consequência do

desenvolvimento social, cultural e tecnológico. Tal realidade exige do professor

novas metodologias, em vista de que sua prática assegure ao estudante uma melhor

compreensão dos conteúdos, a construção de estratégias, o desenvolvimento das

competências e a aquisição de novos conhecimentos. Consoante a esse prospecto,

nosso projeto teve como escopo as seguintes metas:

Incentivar o aluno a pensar, a associar ideias, a criar, a pesquisar, a fazer novas

descobertas e, acima de tudo, a ter autonomia de pensamento.

Relacionar conteúdo e realidade por meio do lúdico.

Exercitar técnicas de cálculo mental com números naturais.

Demonstrar que os conceitos matemáticos são úteis para compreender o

mundo, de modo que - compreendendo-o – se possa atuar melhor sobre ele.

Page 13: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

Praticar e fixar as quatro operações básicas da Matemática.

Encaminhar e orientar os alunos na resolução de problemas que envolvam os

vários significados de cada uma das quatro operações.

Fomentar a participação em jogos, brincadeiras e desafios, em conformidade

com os respectivos conteúdos matemáticos trabalhados, garantido a assimilação

destes de forma lúdica e agradável.

Construir jogos específicos, próprios para a aprendizagem da tabuada.

Desenvolver a capacidade de respeitar regras.

VII – Jogos e enigmas

Chegamos, pois, ao âmago do nosso projeto, que é a seleção dos jogos a

serem utilizados como recurso didático. Em concomitância a cada um deles, seguem

as respectivas explicações, bem como os devidos desdobramentos.

1 – Jogo da maior soma

Número de participantes: dois.

Material:

Um tabuleiro contendo uma certa quantidade de números (o professor que

escolhe). Nesse caso, o tabuleiro é composto por vários números.

Dois lápis de cores diferentes.

Objetivos:

Compreender que a Matemática também se aprende brincando;

Reconhecer a importância do raciocínio para o seu cotidiano

Regras:

Cada participante, na sua jogada, faz um traço, unindo dois pontos consecutivos,

na horizontal ou na vertical.

Quando o participante fizer o traçado e este fechar um quadrado, ele contará os

pontos da seguinte forma:

O triplo, se o número no interior do quadrado for ímpar;

O dobro, se o número no interior do quadrado for par.

Page 14: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

Caso o traçado feche ao mesmo tempo dois quadrados, o participante deverá

adicionar os números que estão no interior dos dois quadrados. A quantidade de

pontos obedece a regra citada anteriormente.

Quem obtiver mais pontos é o vencedor.

Veja:

2. JOGO DE DOMINÓ

O jogo de dominó prevê trabalhar a atividade para que os alunos possam

interagir socialmente, possibilitando que o desenvolvimento de estratégias e

reflexões das atitudes sejam compartilhadas.

Objetivos

Compreender que a Matemática também se aprende brincando;

Page 15: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

Reconhecer a importância do raciocínio para o seu cotidiano;

Fazer com que o aluno aprenda a trabalhar em equipe respeitando a opinião de

cada colega.

Recuperar a deficiência de estudos;

Metodologia

Iniciamos a aula expondo aos alunos o tema a ser trabalhado (as quatro

operações com números naturais). O dominó foi confeccionado pelos estudantes..

Regras do jogo

Número de Jogadores: 2 a 4.

Jogo: Embaralham-se as cartas sobre a mesa, com suas faces viradas para

baixo.

Decide-se quem vai começar jogando.

Cada jogador escolhe sete cartas para si.

O primeiro jogador coloca uma de suas cartas sobre a mesa, com a face voltada

para cima.

O 2º jogador coloca uma carta que faça par com uma das duas pontas da carta já

colocada.

Caso o jogador não tenha uma carta que faça par, passa a sua vez de

jogar e vai para o próximo jogador. E assim sucessivamente.

Vence aquele que ficar sem nenhuma carta na mão; caso isso não ocorra,

vence quem tiver menos cartas na mão.

3 – JOGO DA MEMÓRIA

Número mínimo de jogadores: 2 alunos

Regras do jogo

Neste jogo, os pares deveriam ser encontrados da seguinte forma: o cálculo com

seu respectivo resultado.

Os alunos ficam dispostos em círculo.

As cartas devem estar todas viradas para baixo.

Cada aluno vira duas cartas com o objetivo de encontrar seus pares. O aluno que

encontrar mais pares vence o jogo.

Page 16: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

O jogo da memória pode conter quantas cartas o professor achar necessário,

podendo também variar as operações.

Faz-se um jogo somente de subtração e divisão.

O professor deverá verificar os maiores obstáculos do aluno, aproveitando desses

dados para reforçar os cálculos.

Objetivos:

Estimular o desenvolvimento de habilidades matemáticas, como: adição,

subtração, multiplicação e divisão.

Estimular o desenvolvimento da capacidade de executar operações matemáticas

mentalmente, de modo correto.

O jogo da memória será confeccionado junto com os alunos em sala de aula.

4. Jogo do Bingo

Regulamento do Bingo:

Todos os alunos da turma participarão da prova.

Seguir-se-á o esquema do bingo comum (diagonal, vertical, quatro cantos e

cartela cheia).

O professor gritará os números da tabuada, e o aluno marcará o resultado na

cartela. Ex: 8 x 9 = 72

Os pontos serão distribuídos de acordo com a melhor classificação, conforme o

disposto abaixo:

1º lugar: 40 pontos

2º lugar: 30 pontos

3º lugar: 20 pontos

Page 17: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

Cartela do jogo do bingo

5 - Jogo do Montão

Assunto: Pode ser aplicado a diversos conteúdos.

Número de participantes: Grupo de 4 alunos.

Material: 10 cartões coloridos (questões).

20 cartões com respostas.

Objetivos do Jogo:

Desenvolver a autonomia e o trabalho em equipe.

Trabalhar conceitos e procedimentos específicos de um determinado conteúdo.

Resolver algoritmos e desenvolver técnicas de cálculos.

Desenvolver o raciocínio do aluno.

Resolver problemas.

Avaliar o poder matemático do aluno.

Realizar procedimentos e cálculos.

Page 18: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

Desenvolvimento:

Colocar os cartões com questões matemáticas em um monte – todos virados

para baixo.

Espalhar os cartões com as respostas sobre a carteira, virados para cima.

Faz-se um sorteio para ver com quem inicia o jogo.

Cada um, em sua vez, retira um cartão aleatório do monte; em seguida observa se

encontra a resposta correta. Se pegar o cartão com a resposta correta, segura

para si os dois cartões; do contrário, devolve a resposta em cima da mesa, e o

cartão com a questão no monte. Ainda tem a opção de não pegar nenhum cartão

com a resposta, devolvendo o cartão de pergunta, de modo que ele deve se

colocado por baixo de todos.

Vence o jogo quem fizer maior número de pontos. Uma resposta correta vale 5

pontos; uma resposta errada, menos 5 pontos; não responder, 0 pontos.

6 – Enigma I

Justificativa:

Após o professor repassar os conteúdos, trazer atividades que possa atrair o aluno de

forma em que ele lembre o que estudou e estude o que realmente não aprendeu.

Objetivo:

Estimular o raciocínio lógico e atrair os alunos de maneira que eles nem percebam

que estão resolvendo exercícios de Matemát

Ações:

O professor levará enigmas para resolverem na sala de aula que será desenvolvida

em forma de “competição” entre os alunos. Cada questão certa valerá cinco pontos.

Quem acertar mais será o campeão.

Em seguida pedir para eles trazerem de casa alguns enigmas para resolverem em

sala de aula.

7 – Campeonato de enigmas

Justificativa:

Sendo final de ano temos que trazer atividades onde possamos atrair o aluno de

forma em que ele lembre e estude Matemática de um jeito indireto e que o mesmo

nem perceba que está estudando.

Page 19: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

Objetivos:

Estimular o raciocínio lógico e atrair os alunos de maneira que eles nem

percebam que estão resolvendo atividades de Matemática.

Metas:

Estimular o raciocínio;

Reforçar o aprendizado;

Estimular os alunos a trabalhar em equipe.

Metodologia:

Dividir a turma em quatro equipes e distribuir as atividades abaixo para resolvê-

las. A equipe que acertar mais será o vencedor do Campeonato.

VIII – A resposta dos alunos

A utilização desses jogos no ensino de Matemática teve um papel relevante

em situações de aprendizagem, contribuindo para o desenvolvimento de várias

características, tais como a tomada de atitudes, a expressão corporal, além de uma

evolução no que tange aos aspectos cognitivos, afetivos e morais.

Com efeito, entre as várias contribuições que os jogos e enigmas

proporcionaram, vale destacar:

a) A capacidade de operacionalização, que começa quando a criança se depara

com situações concretas que exigem soluções. Assim, os jogos serviram de

estímulo para soluções lógicas e coerentes, desenvolvendo, pois, as

potencialidades do estudante, permitindo que este avaliasse os resultados,

comparando-os à vida real.

b) Os desafios propostos pelos jogos ofereceram motivação ao aluno, levando-o a

construir conceitos, ampliando o domínio do conhecimento.

c) Por meio dos jogos, as crianças revelaram suas inclinações, suscitando fatores

como a vocação, o caráter, a autonomia, contribuindo para o desenvolvimento de

relações de respeito e confiança em si e nos colegas.

Page 20: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

d) Os jogos contribuíram para o despertar de valores morais, visto que a criança, a

partir de sua vivência e de sua observação, constrói regras sobre o que é certo ou

errado, libertando-se de sua heteronomia, isto é, uma obediência cega, sem

questionamento. Isso ocorre porque a criança não atingiu sua autonomia, uma vez

que o autônomo tem suas próprias convicções sobre o que é certo ou errado,

independentemente das recompensas e punições.

e) Por meio dos jogos, os alunos tímidos liberaram as emoções reprimidas, o que

lhes angariou a oportunidade de se mostrar e de conhecer seus colegas. Dessa

maneira, eles se sentiram seguros, porquanto compreenderam estar inseridos no

grupo.

IX – A Avaliação

A avaliação deste projeto foi contínua. Por meio de uma série de

observações, emitimos um valor sobre a evolução do aluno no aprendizado dos

conteúdos matemáticos estudados. Assim, o objetivo da avaliação foi, num primeiro

momento, diagnosticar como estava se efetivando o processo ensino-aprendizagem

e, ulteriormente, de coletar informações para corrigir possíveis distorções

observadas. Em suma, o processo avaliativo delineado neste projeto nos permitiu

obter informações acerca das habilidades, das atitudes e dos procedimentos dos

alunos em todas as situações. Dessa maneira, valorizou-se o crescimento do aluno

na interação com o grupo, sem escusar o aspecto qualitativo.

As diferentes formas e instrumentos de avaliação – atividades, provas,

trabalhos, seminários, etc. – a despeito de uma possível inviabilidade – visto que o

projeto já apresentava um conjunto muito copioso de atividades – integraram com

galhardia nossa proposta, sem prejuízo desta. Por conseguinte, evidenciamos, nesta

pesquisa, que um trabalho inovador e diferenciado em sala de aula pode, sem

dúvida, contribuir para a melhoria do ensino. Apesar das dificuldades enfrentadas a

partir do confronto com situações reais – característica imprescindível para o fim

com o qual anelávamos –, esta forma de ensinar mostrou-se exequível.

Constatamos que ela permite estimular e provocar o raciocínio, resgatando o

interesse dos alunos em aprender Matemática por meio de circunstâncias

contextualizadas e cotidianas.

Page 21: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

Vimos, consequentemente, que o aluno não pode ser encarado como um

receptáculo de informações. Ele é um agente de cultura, um ser ativo e, por isso,

capaz de superar as convenções e promover transformações. Dessa forma, muitos

aspectos puderam ser observados por nós.

O professor é sempre orientado a não usar um único instrumento de

avaliação, por exemplo, a aplicação de provas. Consoante a isso, esta proposta

comprovou que, no processo de aferição, o docente pode mensurar o nível de

apropriação dos conteúdos mediante uma abordagem congênere à exposta no

presente artigo. Destarte, durante a execução de um trabalho em grupo, é mister ao

professor ficar atento à qualidade dos questionamentos levantados pelos alunos,

bem como ás discussões e decisões destes sobre a natureza do problema

abordado.

Atestamos, pois, com base nesta inestimável experiência, que os jogos

matemáticos, desde que bem contextualizados, podem permitir – em razão do

desenvolvimento do raciocínio – a aquisição de conceitos em várias vertentes da

Matemática. Também o desenvolvimento da capacidade crítica e espírito

colaborativo são estimulados, contribuindo, para isso, as interações decorrentes da

abordagem lúdica.

CONCLUSÃO

Ao término deste projeto, após um acurado exame de todas as etapas

percorridas, desde o momento da escolha do tema até a sua efetivação em sala de

aula, é com satisfação que constatamos os memoráveis resultados obtidos.

Na aplicação didática dos jogos matemáticos, procuramos levar os alunos a

uma melhor compreensão dos conteúdos, fomentando, nesse público, o

desenvolvimento de competências necessárias para a consecução de uma

educação matemática para a vida.

Com efeito, em conformidade com o perfil dos alunos atendidos por este

projeto, a perspectiva lúdica aqui propugnada almejou conjugar entretenimento com

aprendizagem. Vimos, pois, que a utilização didática dos jogos serviu para atrair o

interesse dos alunos com relação à aprendizagem de Matemática, além de reforçar

outros aspectos importantes, como a recreação e a socialização.

Page 22: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

Nossa abordagem inicial mostrou que os alunos, em grande parte, não

querem raciocinar; eles preferem algo pronto e acabado. Demonstram uma postura

passiva em relação à aula, visto que estão acostumados a ver o professor como

transmissor de conhecimentos. Esperam, assim, receber explicações e participar

apenas fazendo perguntas ou resolvendo exercícios. Todavia, o emprego de jogos e

enigmas foi um mecanismo pelo qual buscamos quebrar esse paradigma, tirando o

enfoque de uma Matemática construída apenas de maneira exata, pronta e

acabada, centrada na prática de exercícios de memorização, e almejamos suscitar

um novo sentido aritmético, no qual o cotidiano de cada um possa ser apreendido

matematicamente.

Consequentemente, nossa abordagem assegurou um espaço para a

criatividade, despertando o interesse e a curiosidade do estudante de modo a

favorecer a aprendizagem deste. Além disso, as atividades contribuíram para um

processo de reflexão mais amplo, envolvendo a vida como um todo – razão pela

qual acreditamos ter cooperado para a consecução de uma Matemática crítica e

reflexiva.

A abordagem do ensino da matemática, introduzindo jogos e enigmas, quer

como estratégia de desenvolvimento cognitivo, quer como recurso didático, propiciou

um clima muito favorável à aprendizagem. O envolvimento e a participação dos

alunos na realização das tarefas propostas foram mais ativos do que numa didática

tradicional. Também a comunicação, que pode ser escrita ou verbal, foi estimulada,

e a interação aluno-aluno e aluno-professor ampliou-se. Como consequência, a

aquisição de conceitos matemáticos por parte dos estudantes revelou-se mais

significativa.

Vimos, entretanto, que a disposição das atividades lúdicas, bem como a

escolha dos devidos materiais, não assegurariam, automaticamente, o sucesso de

nossa proposta. Coube a nós uma postura abnegada, visto que, nesse tipo de

abordagem, urge ao professor um elevado grau de atenção e dinamismo. Desse

modo, foi possível fazer não somente um “resgate” dos conteúdos básicos, mas

também empreender um avanço para conteúdos mais complexos.

Outro fator relevante a se destacar foi a construção, por parte dos alunos, de

materiais a serem utilizados nos jogos. Tal feito os edificou, não somente nos

Page 23: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

aspectos cognitivos, como também nos motores – além de propiciar momentos de

interação e socialização.

Este trabalho também possibilitou a interdisciplinaridade, em especial com as

áreas de Arte e Educação Física. Com efeito, as diferentes disciplinas não podem

funcionar como compartimentos estanques, mas devem interagir umas com as

outras, de modo a promover um saber universalizado.

De tudo o que foi exposto, fica a certeza de que o papel do professor

modifica-se ao longo do tempo; a responsabilidade é cada vez maior porque a

sociedade, no seu todo, assim o exige. Logo, para cumprir portentosamente a

sublime missão de ensinar, é necessária uma atualização constante. Urge, pois, um

incessante trabalho de pesquisa em vista de construção permanente do

conhecimento. Simultaneamente, as metodologias de ensino-aprendizagem devem

ser adaptadas às demandas decorrentes da conjuntura atual.

Portanto, o ensino da Matemática não pode estar desvinculado da realidade.

Não deve ser visto como algo inacessível, a ponto de inviabilizar no educando a

sede pelo precioso saber. Certamente, para mudarmos essa imagem, teremos um

grande desafio. Nós, professores, devemos trabalhar criativamente para estimular o

aluno, de modo que ele atinja um desenvolvimento pleno de suas potencialidades.

Em lugar de simplesmente imitar, repetir e seguir o que o professor fez e ensinou, o

aluno pode e deve vivenciar o fenômeno matemático, descobrindo, por si só,

maneiras peculiares de resolver as questões. Para que isso ocorra, é mister que o

professor crie oportunidades e dê condições para o jovem descobrir e realizar suas

descobertas. Para tanto, a abordagem lúdica, conforme se comprovou neste

trabalho, pode ser um caminho imprescindível.

Page 24: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

REFERÊNCIAS

CARAÇA, Bento de Jesus. Conceitos fundamentais da Matemática. Lisboa, Livraria

Sá da Costa Editora, 1975.

CARRAHER, Terezinha; Carraher, David; Schliemann, Ana Lúcia – Na

vida dez, na escola zero. Ed. Cortez, São Paulo,1991.

CARVALHO, Dione Lucchesi de. Metodologia do Ensino da Matemática. 2°ed São

Paulo: Cortez, 1994- Coleção Magistério 2° grau.

CHAVES, Maria Isaura de Albuquerque. Um modelo de Modelagem Matemática

para o Ensino Médio - artigo_CNNECIM- NPI/UFPA 2004 Acesso

13/05/2006 http://www.ufpa.br/npadc/gemm/documentos/docs/artigo_CNNECIM.pdf

CHEVALLARD, Yves ; BOSCH, M. & GASCÓN, J. Estudar Matemáticas: o elo

perdido entre o ensino e a aprendizagem. Tradutora Daisy Vaz de Moraes. Porto

Alegre: Artmed Editora, 2001.

________ La Transposición Didáctica: del saber sabio al saber enseñado. Editora

Aique, Argentina, 1991.

CORRÊA, Roseli de Alvarenga. A Modelagem: o Texto e a História inspirando

Estratégias na Educação Matemática. Dissertação de Mestrado - Instituto de

Geociências e Ciências Exatas – UNESP. Rio Claro, 1992.

COLL, César Salvador. Currículos Devem Mudar. Artigo Revista Nova Escola,

Edição Nº 167, Novembro de 2003. Entrevista realizada em Barcelona,

02-06-1999. Acesso 20/03/2007.

http://novaescola.abril.com.br/index.htm?ed/167_nov03/html/falamestre

________ Psicologia da educação. Artes Médicas. Porto Alegre: 1999

FIORENTINI, Dario. LORENZATO, Sergio, “Investigação em Educação

Matemática – percursos teóricos e metodológicos” ed. Autores Associados. 2006.

Page 25: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - Paraná · 2014-04-22 · secretaria de estado da educaÇÃo universidade estadual do oeste do paranÁ unioeste programa de desenvolvimento educacional-pde

FIORENTINI, Dario. Alguns Modos de Ver e Conceber o Ensino da Matemática no

Brasil: Campinas. Revista Zetetiké n° 4(3), 1-37 . 1995

FIORENTINI, Dario (org.). Formação de professores de Matemática:

explorando novos caminhos com outros olhares. Campinas: Mercado de letras,

2003.

FREIRE, Paulo. O compromisso político do educador com a pesquisa. Palestra

proferida na Fundação Educacional Regional Jaraguaense - FERJ. Jaraguá do

Sul, 16 de out. 1995.