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Secretaria de Estado da Educação Universidade Estadual de Londrina Programa de Desenvolvimento Educacional Escola e Família: Unidas no Resgate da Autoridade no Processo Educacional Caderno de Apoio Material Didático apresentado no Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria de Estado da Educação do Paraná em parceria com a Universidade Estadual de Londrina. Professora PDE – Rita de Cássia Squizzato Professor Orientador IES – Juarez Gomes Londrina – PR 2008

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Secretaria de Estado da Educação Universidade Estadual de Londrina

Programa de Desenvolvimento Educacional

Escola e Família: Unidas no Resgate da Autoridade no Processo Educacional

Caderno de Apoio

Material Didático apresentado no Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria de Estado da Educação do Paraná em parceria com a Universidade Estadual de Londrina. Professora PDE – Rita de Cássia Squizzato Professor Orientador IES – Juarez Gomes

Londrina – PR 2008

Governador do Estado do Paraná

Roberto Requião

Secretário de Estado da Educação

Mauricio Requião de Mello e Silva

Diretor Geral

Ricardo Fernandes Bezerra

Superintendente da Educação

Yvelise Freitas de Souza Arco-Verde

Reitor da Universidade Estadual de Londrina

Wilmar Sachetin Marçal

Coordenador da Pró-Reitoria de Extensão - UEL

Paulo Bassani

Vice-Coordenador da Pró-Reitoria de Extensão - UEL

José Roberto Pinto de Souza

Centro de Educação Comunicação e Arte - UEL

Departamento de Educação

Professor Orientador

Juarez Gomes

Realização:

Rita de Cássia Squizzato

Professora PDE - Área – Pedagogia

Núcleo Regional de Educação – Londrina

Colaboradores:

José Rodrigues “Zero” – Ilustração

Mayla Janaina da Silva Damásio – Revisão de Texto

SUMÁRIO

Apresentação ...................................................................................................................... 4

Temas e Sub-Temas Abordados

1 A Importância da Família na Constituição do ser humano.................................. 7

2 Necessidades Básicas das Crianças ..................................................................... 7

2.1 As crianças precisam de um sentido de significado ................................................. 8

2.2 As crianças precisam amar e ser amadas................................................................. 9

2.2.1 A importância do Contato Físico................................................................................ 9

2.2.2 A importância das Palavras de Afirmação............................................................... 10

2.2.3 A importância da Qualidade de Tempo ................................................................... 10

2.2.4 A importância de Presentear ................................................................................... 11

2.3 A importância das Atitudes de Serviço .................................................................... 12

2.4 As crianças precisam de Segurança ....................................................................... 13

2.5 As crianças precisam de Disciplina ......................................................................... 13

2.5 As crianças precisam de Aceitação......................................................................... 17

2.6 As crianças precisam de Religião............................................................................ 19

3 Temperamento, aprendizagem e sociedade influem no comportamento humano

................................................................................................................................. 21

4 Principais aspectos do Desenvolvimento Humano........................................... 22

4.1 Algumas características da Infância ........................................................................ 23

4.2 Algumas características da Pré-adolescência e Adolescência................................ 23

5 Importantes cuidados com os Meios de Comunicação ..................................... 25

6 Conversando sobre Drogas.................................................................................. 26

7 Conversando sobre Sexualidade ........................................................................ 27

Conclusão ............................................................................................................. 30

Referências Bibliográficas ....................................................................................... 32

4

Escola e Família: Unidas no Resgate da Autoridade no Processo

Educacional

APRESENTAÇÃO

A Secretaria de Estado da Educação do Paraná, em parceria com as Universidades

Estaduais e Federal do Paraná, proporciona aos Professores da Rede Pública do Estado o

Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, voltado a oferecer uma Formação

Continuada com objetivo de melhorar a qualidade da Educação Básica do Paraná, bem

como propiciar um intercâmbio entre estas e as Universidades para a conquista desta

melhoria.

A Proposta de trabalho para os Professores – PDE, no período de vigência desta

primeira turma do Programa (2007 –2008) se organiza da seguinte forma:

• Participar de Cursos, Eventos e Estudos Sistemáticos com Temas Educacionais diversos;

• Participar (enquanto Tutores) de um Grupo de Trabalho em Rede - GTR, ofertado aos

Professores da Rede Estadual;

• Elaborar Plano de Trabalho e Executar uma Proposta de Intervenção no Estabelecimento

de Ensino no qual atua;

• Elaborar Material Didático para utilizá-lo na implementação da Proposta de Intervenção,

bem como disponibilizá-lo aos professores da rede.

A partir do desenvolvimento do Plano de Trabalho cujo título é “O Ato de (des)

considerar o outro enquanto sujeito no processo educacional e suas implicações na

construção de relações de autoridade autênticas”, e da Proposta de Intervenção que

será organizar “Grupo de Reflexão” com Professores, Funcionários e Pais dos alunos da

Comunidade Escolar em que o Professor PDE atua, surgiu o interesse na elaboração

deste Caderno de Apoio como um recurso didático, onde consta os principais Temas que

a comunidade escolar apontou (via questionário) ter interesse e necessidade em discutir.

Este Caderno de Apoio aborda temas atuais, porém, não tem a pretensão de

apresentá-los em profundidade ou mesmo de forma conclusiva, tendo sim o objetivo de

subsidiar Profissionais da Educação (Professores Pedagogos, Professores das diferentes

disciplinas, Diretores e Funcionários) e Famílias na discussão de questões relativas à

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importância de uma Educação Integral e Coerente por parte da Família e da Escola na

formação das crianças e adolescentes.

Compreendendo Família e Escola como as Instituições que possuem maior poder na

Constituição e Formação das gerações vindouras, advindo daí a importância de buscarem

ações integradas e complementares em seus espaços de atuação distintos, que permitam

as crianças e adolescentes sentirem-se acolhidos, cuidados e respeitados em seu percurso

de desenvolvimento.

A LDB 9394/96 em alguns de seus artigos, estabelece enquanto Princípios,

Organização e Objetivos da Educação Básica solidificar vínculos entre os Estabelecimentos

e Ensino e as Famílias em prol de uma Formação Integral, como se segue:

Dos Princípios e Fins da Educação Nacional

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos

ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu

preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (...)

Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema

de ensino, terão a incumbência de: (...)

VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da

sociedade com a escola; (...)

Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola

pública, iniciando-se aos 6(seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão,

mediante:(...)

IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de

tolerância recíproca em que se assenta a vida social.

Assim, alguns Objetivos a que nos propormos através da implementação deste

“Grupo de Reflexão” são:

• Oferecer um espaço para o diálogo entre os diferentes segmentos da comunidade escolar

sobre Temas importantes e que possam conduzir a ações mais coerentes e eficazes na

Educação das crianças e adolescentes;

• Propiciar uma articulação entre Família e Escola, visando melhores resultados na

educação das crianças e adolescentes;

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• Contribuir para a superação de atitudes preconceituosas e rotuladoras presentes entre os

diferentes segmentos da comunidade escolar;

• Estreitar laços de solidariedade da Escola com a Família, e da Família para com seus

membros;

• Oportunizar, através das discussões, o discernimento das funções específicas de cada

Instituição de Ensino (Família e Escola), e a importância do desenvolvimento de ações

integradas, que contribuam com a formação de seres humanos mais saudáveis intelectual

e afetivamente.

Para a condução desta proposta de intervenção selecionamos alguns

Encaminhamentos Metodológicos:

• Leitura coletiva dos textos contidos no Caderno de Apoio, em seguida promover as

discussões;

• Oferecer material complementar Vídeos de Sensibilização e textos curtos (literários,

jornalísticos ou científicos) para leitura, análise, discussões e levantamento de ações

práticas possíveis afim de melhorar as relações inter-pessoais entre adultos (educadores),

crianças e adolescentes;

• Convite a Profissionais Específicos (Terapeuta Familiar, Psicólogo, Membro do Conselho

tutelar, Médico entre outros) de interesse do grupo para expor suas experiências sobre os

Temas em Questão e trazer contribuições no processo de reflexão sobre Educação das

Crianças e Adolescentes.

Conforme pesquisa anterior com a comunidade escolar os Encontros ocorrerão

mensalmente e no período noturno. A participação está desvinculada de obrigatoriedade, no

entanto, pretende-se incentivar a participação da comunidade escolar, destacando a

importância da contribuição de cada um para o Grupo de Reflexão e os possíveis retornos

de melhorias nas inter-relações familiares, escolares e na formação integral das crianças e

jovens. No encerramento de cada encontro será feito uma avaliação informal buscando

identificar as falhas e possíveis melhorias a serem efetivadas, bem como propor metas

comuns ao grupo (ou individuais) a partir das reflexões realizadas que poderão ser

realimentadas nos próximos encontros.

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1. TER OU SER FAMÍLIA?

Ter família não é garantia de felicidade. É preciso sentir desejo de Ser família. O

desejo será a garantia da continuidade, mesmo nas mais difíceis situações.

Convivemos com diferentes modelos de Famílias - Independente do Modelo, essas

Famílias Reais têm funções imprescindíveis na constituição do Ser Humano.

Ser Família é uma tarefa que exige dedicação, doação e até mesmo sacrifícios, atos

que só com muito Amor somos capazes de exercer.

DE FILHOTES IMATUROS A HUMANOS

“A família é que transforma filhotes imaturos em humanos capazes de ingressar na

cultura e na sociedade. Mas, para atingir esse objetivo, pais e mães / responsáveis se

valem de alguns recursos básicos que ajudam a criança e o jovem a serem adultos. A

eficiência em atingir tal meta só é possível com o equilíbrio de todos os recursos”

(MUÑIZ,1999,p.27).

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2. NECESSIDADES BÁSICAS DAS CRIANÇAS

2.1 As Crianças Precisam de um Sentido de Significado

• A atitude que temos enquanto pais em relação a nós mesmos é básica e irá afetar a

auto-estima de nossos filhos. Se nós, enquanto pais, temos um sentido de dignidade e

valor, iremos transmitir isso a nossos filhos;

• Deixe que seu filho ajude em casa. Crescer é ser necessário. Elogiar a criança desde

cedo, quando ela faz pequenos serviços, dá-lhe a sensação de significado.

• Apresente seu filho a outros. Quando os pais ou outras pessoas consideram a criança

digna de ser apresentada pelo nome, isso contribui para que ela desenvolva um senso

de dignidade.

• Deixe que a criança fale por si mesma. Nós muitas vezes humilhamos uma criança

falando por ela. Ao fazermos isso advertimos a criança de que ela é insignificante e

desqualificada para falar por si mesma.

• Dê a criança o privilégio da escolha e respeite suas opiniões sempre que possível. As

crianças devem ter oportunidades para escolher, aprendendo a viver com os resultados

de suas decisões.

• Dê atenção a seu filho – Nós transmitimos a nosso filho que ele é importante e

significativo quando dedicamos tempo para ouvir suas preocupações e alegrias.

• Encoraje o sentimento de dignidade e importância, confiando ocasionalmente a seu filho

coisas que lhe causem surpresa.

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2.2 AS CRIANÇAS PRECISAM AMAR E SER AMADAS

“O amor incondicional é uma luz-guia que ilumina a escuridão e que permite que nós, ao

exercermos a nossa missão de pais, saibamos onde estamos e o que necessitamos fazer

enquanto educamos nosso filho. Sem esse tipo de amor, a paternidade e a maternidade

são desnorteadas e confusas.(...) O amor incondicional é aquele que independe de

qualquer coisa”. (CHAPMAN e CAMPBELL,1999,p.22)

Nós, adultos, amamos nossos filhos, mas, nem sempre eles sabem disso. Por isso,

uma condição importante para intervir no desenvolvimento dos mais jovens é a

capacidade do adulto para expressar afeto. Expressar afeto envolve falar de afeto.

Quando o afeto é praticado no dia a dia, os pais conseguem colocar melhor os limites, já

que, junto com o afeto, a criança recebe a garantia de que os limites não significam

punição, nem perda do amor dos pais.

FALANDO A LINGUAGEM DE AMOR DE NOSSOS FILHOS

2.2.1 A Importância do Contato Físico

“Um dia, papai Marcus estava levando a filha Tatiana, que era pequenininha, para a escola.

Ela lhe disse espontaneamente que para ela, a parte mais importante do corpo não era o

“célebro” nem o coração, mas a mão, “porque é com ela que a gente toca e faz carinho”. Ela

foi tão convincente que seu pai acreditou piamente no que ela disse (WEBER,2007, p.7).

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2.2.2 A Importância das Palavras de Afirmação

“Na expressão do amor, as palavras são muito importantes. Palavras de afeto e de

carinho, palavras de elogio e encorajamento, palavras positivas de instrução (...) todas

elas expressam a mesma frase: “EU ME IMPORTO COM VOCÊ”. Tais palavras são

como uma chuva morna e gentil irrigando o solo; elas nutrem o senso interior de valor e

segurança da criança. Apesar de tais palavras serem ditas muito rapidamente, elas

marcam a memória das crianças de forma indelével, usufruindo dos benefícios pelo resto

de suas vidas” (CHAPMAN E CAMPBELL, 1999, p.48).

Refletindo sobre a diferença entre: Afeto e Amor - Expressar apreciação pelo que a criança É. Elogios - Expressar elogio pelo que a criança FAZ, o objetivo é

surpreender seu filho realizando algo de bom e louvável e então elogiá-lo

por aquela atitude. Isso demanda muito mais esforço do que surpreendê-lo

fazendo algo errado e então condená-lo por isso.

2.2.3 A Importância da Qualidade de tempo

“Qualidade de tempo é atenção concentrada. Isto significa dar ao seu filho atenção

exclusiva. (...) O fator mais importante na qualidade de tempo não é o acontecimento em

si, mas o fato de que vocês estão realizando algo juntos” (CHAPMAN E CAMPBELL,

1999, p.65,66).

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2.2.4 A Importância de Presentear

“O ato de dar e receber presentes pode ser uma poderosa expressão de amor, no

momento em que são dados e por muitos anos depois. Os presentes mais significativos

tornam-se símbolos de amor e aqueles que transmitem amor sincero fazem parte da

linguagem do amor” (CHAPMAN E CAMPBELL, 1999, p.78).

“Em nossa apressada e dinâmica sociedade, com os pais freqüentemente fora de casa

durante o período em que seus filhos estão em atividade, e com mais da metade do

contingente de mães trabalhando fora do lar, há um enorme sentimento de culpa por não

se gastar tempo suficiente com a família.

Na tentativa de compensar a falta de envolvimento pessoal com os filhos, muitos pais

estão tentando usar o ato de dar presentes como remédio universal” (...)(CHAPMAN E

CAMPBELL, 1999, p.83).

“Os presentes devem ser expressões genuínas de amor. Se eles são apenas um

pagamento por serviços prestados ou um tipo de suborno emocional, você não deve

chamá-los de presentes, mas dar-lhes um nome mais adequado pelo que eles na

realidade são” (CHAPMAN E CAMPBELL, 1999, p.85).

Refletindo sobre o ato de presentear:

• Excesso de presentes perde seu significado especial, a criança possuirá mais

brinquedos do que é capaz de usufruir...

• Presentear implica em escolhas significativas em vez de impressionantes...

• Jamais compre um brinquedo não essencial se você não puder pagar por ele (...) e que

exponha seu filho a um sistema de valores muito diferente daquele adotado por sua

família.

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2.2.5 A Importância das Atitudes de Serviço

“A paternidade é uma vocação orientada para o serviço. No dia em que você descobriu

que teria um filho, foi designado para um trabalho de tempo integral. As atitudes de

serviço exigem muito dos pais, tanto física quanto emocionalmente” (CHAPMAN E

CAMPBELL, 1999, p.92).

“Em virtude de o servir ser diário e rotineiro, até os melhores pais precisam parar para

refletir de vez em quando sobre as formas como estão agindo, para assegurar-se de que

suas atitudes de serviço estão realmente comunicando amor aos filhos”“(CHAPMAN E

CAMPBELL, 1999, p.98).

“No entanto, a essência da família repousa na cooperação, necessitamos estabelecer

vínculos de apoio, de serviço, de troca. Precisamos dar condições às pessoas para que

se sintam necessárias, importantes, fazendo parte de nossa estrutura” (MENEZES,

2005,p.107).

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2.3 As Crianças Precisam de Segurança • A maneira como nos relacionamos com nosso cônjuge, com nossos pais..., afeta a

educação que oferecemos aos nossos filhos. Relacionamentos constantemente

conflituosos, tensos, geram insegurança, incertezas e sofrimento nos filhos. Não se

trata de negar as diferenças, mas resolvê-las com amor pode ajudar os filhos a

enfrentar a vida realisticamente.

• As separações, morte de familiares, viagens prolongadas... enfim a ausência, pelos

mais diferentes motivos, de pessoas queridas desencadeiam instabilidade emocional

profunda (confusão, raiva, medo, dor, ansiedade, tristeza).

• A Mobilidade contínua gera incertezas, impede o fortalecimento de vínculos mais

amplos (amigos, escola e comunidade), e em muitos casos interrompe, inclusive, o

apoio e estabilidade proporcionadas pela família mais ampla (avós, tios, tias, primos...).

• A ausência de disciplina adequada gera insegurança.

2.4 As Crianças Precisam de Disciplina

O relacionamento entre pais e filhos deve ser bom, sendo uma das principais

funções dos pais estabelecer limites de comportamento.

Disciplinar significa ensinar, estabelecer regras de comportamento claras e

coerentes com o objetivo de ordenar, organizar nossa vida, a vida de nossa família.

Disciplina é uma ordem, um regulamento necessário para o bom funcionamento

de uma organização. Entretanto, disciplina não quer dizer controle repressivo, violento,

que poderá gerar impotência, revolta, agressividade.

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“Pais permissivos e comodistas abrem mão de regras e limites e nunca dizem não aos

filhos. Para tudo dá-se um jeito, tudo é permitido para que o filho fique quieto, satisfeito

e não incomode. Os filhos não têm resistência à frustração, o dia-a-dia tem de ser

como eles querem. Definitivamente, não sabem enfrentar oposição. Evitar coisas

assim, evitar o consumismo e fortalecer o comportamento ético, os bons hábitos, o

autocuidado agora são atitudes vitais” (MENEZES, 2005, p.111)

Acho que estamos fazendo muito as vontades dele!

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Refletindo sobre o ato de disciplinar:

• Amor Incondicional – Nosso filho precisa estar seguro de nosso amor, esse

amor que separa a pessoa do comportamento. Pratiquem o amor incondicional, e só

então disciplinem.

• Fortalecer a capacidade de resiliência do filho - desenvolvimento da

capacidade de lidar mais efetivamente com o estresse, com os desafios de cada dia,

recuperar-se das frustrações, resolver problemas e ter expectativas realistas

(Weber,2007,p.27).

• Consistência – As crianças estão em processo de aprendizagem constante. “É

fundamental lembrar que comportamento educativo deve ser coerente, consistente.

Atitudes vacilantes como um dia dizer não, no outro “deixar pra lá” produzem a criança

desobediente. Ela fica sempre na expectativa de ser o dia do sim” (GOMIDE, 2005,

p.38).

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• Coerência entre os educadores – União dos pais em relação à

orientação dos filhos. Os pais/responsáveis devem constantemente conversar e

chegar num acordo sobre “qual o objetivo final que desejam alcançar na educação

do filho?” e agirem juntos, um complementando o outro.

• Valores, regras e limites são decididos pela família – as regras devem

ser claras, justas, apropriadas à idade da criança e ter supervisão e monitoria.

Devemos exigir, somente quando tivermos segurança e meios de cobrar as regras

estabelecidas; só assim seremos respeitados.

• Sabedoria, imaginação, paciência, persistência – Compreender o

porquê do comportamento ajuda na tomada de decisão.

• Usar conseqüências lógicas - os filhos devem saber com antecedência

as regras e as conseqüências, evitando as punições corporais.

• A ameaça não controla o comportamento - A ameaça se dá quando

sinalizamos um castigo que tanto os pais como os filhos sabem que não será

cumprido. A ameaça não é capaz de mudar ou de enfraquecer o comportamento

indesejado. Ela apenas torna a relação entre pais e filhos aversiva,

desagradável, irritante e desgastante. Quando os pais descumprem,

sucessivamente, as regras por eles estabelecidas, ensinam aos filhos três

atitudes indesejáveis: (1) que as regras não são para serem cumpridas; (2) que

a autoridade (pais ou professores) pode ser desrespeitada; além de (3) ensinar

a manipulação emocional. Esta aprendizagem terá sérias conseqüências para

as atitudes futuras da criança ou do adolescente. Aprender que as regras

podem ser descumpridas leva os jovens a não aceitarem normas sociais

(GOMIDE,2005,p.17).

Não gosto de sopa!

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A criança que não aprende a ter limite cresce com uma deformação na percepção do

outro. Só ela importa, o seu querer, o seu bem-estar, o seu prazer. O egocentrismo,

natural nos primeiros anos, mas que deve diminuir, nesses casos, nessa etapa, está

exacerbado, só cresce.

As conseqüências são muitas e freqüentemente bem graves:

• desinteresse pelos estudos

• falta de concentração

• falta de capacidade de suportar quaisquer mínimas dificuldades

• falta de persistência

• desrespeito pelo outro – colegas, irmãos, familiares e pelas autoridades em

geral (ZAGURY, 2005,p.43).

2.5 As Crianças Precisam de Aceitação

Como demonstramos falta de aceitação?

• As críticas constantes à criança criam sentimentos de fracasso, rejeição e

desajuste;

• Comparar a criança com outros transmite falta de aceitação. Não existe duas

pessoas iguais e comparar uma com a outra é uma grande injustiça;

• Esperar que a criança realize os sonhos que os pais não puderam realizar, faz

com que ela sinta que não é aceita;

Agora não!

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• A super-proteção de uma criança, no geral, contribui para o seu sentimento de

não–aceitação, incapacidade, insegurança;

• Esperar demais do filho pode criar sentimento de não-aceitação.

Como demonstramos aceitação?

• Reconhecer o filho como único;

• Ajudar a criança a descobrir satisfação em seus empreendimentos;

• Deixe que a criança saiba que você a ama e realmente a aprecia;

• Aceite os amigos de seu filho;

• Mantenha um relacionamento sincero e genuíno com a criança;

• Ouça o que seu filho diz;

• Trate seu filho como uma pessoa de valor;

• Permita que seu filho cresça e desenvolva seu modo único, próprio.

Agora não, depois da novela.

Mãe posso conversar com você?

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Atitudes Positivas Atitudes Negativas Elogios, fazer pedidos. Rótulos, xingamentos, críticas.

Encorajar Reclamar Ouvir Conclusões precipitadas Consistência, coerência Indecisão, incoerência

Regras claras, limites definidos Regras arbitrárias

Controle e calma ao castigar Decisões impulsivas

Repreensão de acordo com a ofensa Humilhações em público

Como pais e educadores, devemos nos lembrar constantemente que o propósito da

disciplina é corrigir um comportamento errado, ajudar a criança a desenvolver a

autodisciplina.

2.6 As crianças precisam de uma Religião

“Um pai não pode simplesmente dizer a seu filho qual o caminho que ele deve

seguir. Caso sua influência deva ter valor, ele deve ser tudo que espera que o filho

seja. Os pais não devem apenas conhecer o caminho e mostrá-lo. Eles precisam

igualmente seguir esse caminho” (Dresher,1999,p.95).

20

A LDB9394/96 expõe:

Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação

básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas

de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do

Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. (Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional 9394/96 e Lei n.º 9475/97).

As Diretrizes Curriculares do Paraná também ratifica a importância da formação

religiosa:

“Tendo em vista que o conhecimento religioso constitui patrimônio da humanidade,

conforme a legislação brasileira que trata do assunto, o currículo do Ensino

Religioso pressupõe”:

- “colaborar com a formação da pessoa” (...). (Diretrizes Curriculares do PR –

Ensino Religioso,p.14, 2007).

As experiências religiosas (independente de qual seja) fortalecem as relações no

dia a dia familiar e contribuem na formação integral do ser humano por todo seu

percurso existencial. Muitas indagações, incertezas e dúvidas em relação à vida só

podem ser apreendidas através da religiosidade.

21

3. Temperamento, Aprendizagem e Sociedade influem no Comportamento Humano

RAÍZES E ASAS É muito difícil criar e cuidar dos filhos, pois é preciso dar-lhes raízes e asas ao

mesmo tempo.

Desde o nascimento acompanhamos e participamos do crescimento de nossos

filhos. Neste percurso a cada dia aumenta nossa responsabilidade em mantermos a

coerência nos limites, o que colabora para o fortalecimento das raízes necessárias ao

desenvolvimento emocional sadio. O vínculo familiar mais amplo é de extrema

importância, os avós e tios são muito eficientes na transmissão da cultura e dos

valores da família. São as pequenas grandes coisas da infância que fazem o

adolescente recorrer primeiro a família diante dos problemas próprios da idade. A

possibilidade de contatos com outras famílias permite que a criança identifique e

valorize as diferenças e se sinta pertencente (raiz) e amada na sua família.

“A escola é um dos primeiros vôos”. Um teste para o pequeno pássaro. Um teste

para os pais, que o vêem experimentar as primeiras e desengonçadas batidas de asas

pelas redondezas do ninho.

Na adolescência dos filhos, também chegamos a uma fase de transição, na qual

mais avaliamos nossa capacidade de dar raízes e criar asas, criar raízes e dar asas.

“Aí eles experimentam vôos maiores, riscos maiores, e necessitam, como nunca, de

um grande banco de referências para poder ter para onde voltar e descansar da

viagem, para de novo partir e de novo retornar, para sair” (ZAMBERLAN, 1999.p.35).

Família

Família

Ampliada

Escola

Igreja

Amigos

(Lazer)

Meios de

Comunicação

Trabalho

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4. Desenvolvimento Humano

O desenvolvimento humano ocorre desde a concepção até a morte, porém cada ser

humano apresenta características (particulares e sociais) e ritmo próprio de

desenvolvimento. As modificações no desenvolvimento não são radicais, mas gradual

e contínua.

Por estar em constante processo de desenvolvimento e aprendizagem não se pode

compreender por completo o ser humano, ele sempre reserva surpresas e imprevistos.

Entretanto, algumas características gerais marcam o desenvolvimento humano. Alguns

pesquisadores estabelecem fases de desenvolvimento as quais obedecem certa

seqüência, apesar das variações quanto à idade, características e ambiente social do

mesmo.

- Pré-natal

- Infância - de zero a 12 anos

- Adolescência - dos 12 aos 18 ou 21 anos

- Idade adulta - dos 21 aos 60 anos

- Velhice - dos 60 anos ou mais.

Nesta análise focaremos as fases da infância e mais detidamente a adolescência, por

serem a população atendida na educação escolar e onde as transformações são mais

marcantes.

Durante este percurso o crescimento, desenvolvimento e aprendizagens devem

conduzir e propiciar a maturidade: emocional, social, intelectual e física. Os vários tipos

de maturidade estão interligados, um não se desenvolve sem que os outros também se

desenvolvam.

Maturidade emocional – diz respeito à expressão e ao controle das emoções nas

diversas idades. Parte fundamental da vida humana.

Maturidade social – compreenda a evolução da sociabilidade, no sentido de

superação do egocentrismo infantil, na contribuição para o bem-estar social e a

participação nas decisões de interesse social.

Maturidade física – engloba o desenvolvimento das características físicas,

estatura, peso, sexo, ser canhoto, etc.

Maturidade intelectual – refere-se à maneira como a pessoa vai conhecendo a si

mesma e ao mundo que a cerca.

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4.1 Infância

Pré – Adolescência - 10 a 12 anos aproximadamente a Adolescência

Meninas: Desenvolvimento mais acelerado no período correspondente

• Fazer parte de grupos do mesmo sexo;

• Utilizam tempo com amigos – esportes, teatro, passeios, festas, música, telefone...;

• Desorganização – quartos, materiais escolares...;

• Dificuldade em guardar segredos, então as fofocas fazem vítimas o tempo todo,

amizades duradouras acabam repentinamente... Felizmente fazem as pazes com

facilidade.

• Falas dramáticas, tais como “a minha vida acabou, nunca mais vou ter amigas”...

• Diferenças hormonais fazem a diferença, início do interesse por meninos;

• Transição entre criança e adulto, ora tem comportamento de criança, ora exige

tratamento de adulto...

• Sensibilidade extremada - choram com facilidade, encrencam com os pais, ficam

emburradas, necessitam de privacidade, discussões com irmãos.

Momento presente

(imediatista)

Passado – Presente – Futuro

Linguagem reduzida

Linguagem rica em expressões e

Idéias

Dependência de locomoção

Autonomia e destrezas moto

Capacidade de

Concentração e atenção reduzidas

Concentração e atenção cada vez

mais ampla

Raciocínio ingênuo e

egocêntrico

Aumento da capacidade de

raciocínio

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Meninos: nesta fase os meninos estão mais próximos do universo infantil

do que do universo adolescente.

• Há variações entre os meninos nessa idade quanto ao desenvolvimento físico (pele,

voz, altura, desproporcionalidade de pés e braços), para uns acontece mais tarde

esse crescimento abrupto (estirão).

• Preocupação do menino nesta idade é ter certeza de que é “normal”, é a idade da

comparação;

• Mudanças súbitas de humor, num momento estão doces, e no minuto seguinte

gritam com irmãos, explosões repentinas tanto com pais, irmãos e amigos;

• Necessidade de aceitação dos amigos (identificação com grupo – vestuário,

música, vocabulário, aparência...);

• Adoram vídeos-game, esportes, música...;

• Necessidade de auto-afirmação, tomar decisões por si, fogem dos beijos e

manifestações de carinho dos pais especialmente se forem em público.

• Onipotência juvenil – É a mania de Deus dos adolescentes. Essa é uma das fases

mais complicadas no relacionamento entre pais e filhos.(...) A ilusão onipotente de

que jamais vão engravidar, paira sobre eles... Nesta fase, muitos querem ter

autonomia para escolher seus programas, vida sexual, experimentar drogas, beber

muito, correr de carro, abusar de esportes radicais, viajar sem destino na certeza

absoluta de que nada de ruim irá acontecer justamente com eles, etc. Mais ainda,

dependem dos seus pais para financiarem seus programas (TIBA, 2005,p.53). Em

função desse conjunto de transformações, a adolescência é uma fase de grande

vulnerabilidade para a saúde, caso os adolescentes não tenham à sua volta

ambientes familiar, social e institucional de apoio para o atendimento de suas

necessidades.

25

5. Refletindo sobre os Meios de Comunicação:

As crianças e adolescentes estão construindo no dia a dia sua

compreensão de mundo, tudo que eles vivenciarem não deve ser

ignorado e contribui, com certeza, para sua formação.

• Quanto tempo diário pais e filhos assistem TV ou acessem a Internet ? Esse tempo

tem interferido na qualidade do convívio familiar?

• Quais são seus ídolos ? Suas referências ? Seus modelos de sucesso e felicidade?

• Os modelos de relacionamentos estão em concordância com os valores que

queremos para nossa família?

• Quantas cenas de violência nossas crianças e adolescentes estão sujeitas

diariamente?

• Quantas vezes a programação transmite conceitos simplistas sobre superação de

vícios, sucesso pessoal e financeiro rápidos, mágicos.

• Quantas exposições ao erotismo, incentivo a sexualidade, banalização nos

relacionamentos, do sofrimento humano, da morte?

• Quantas vezes são conduzidos a associarem apenas bens materiais a realização

humana?

• Os modelos de famílias apresentados na maioria das programações estão em

sintonia com aquele que você procura vivenciar?

• Quantas mensagens associadas à supervalorização da aparência física das

pessoas e a busca desenfreada da juventude eterna e ao individualismo

exacerbado?

• Entendemos que a principal finalidade / objetivos das programações é induzir a

comportamentos de consumo alienado, provocando as febres passageiras de

consumo não apenas de bens materiais, mas de comportamentos?

• Preocupamos-nos em discutir e conduzir uma reflexão sobre as programações

assistidas?

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6. O que é droga?

Hoje a medicina define droga como qualquer substância capaz de alterar as funções

dos organismos vivos, provocando mudanças fisiológicas e de comportamento.

As Drogas são classificadas:

• Depressoras (álcool, tranqüilizantes ou ansiolíticos, inalantes, solventes e os

opiáceos ou narcóticos), Estimulantes (cocaína, nicotina , moderadores de

apetite e cafeína) e Perturbadoras (maconha, LSD, certos cogumelos e o

ecstasy) de acordo com as alterações que provocam junto ao Sistema Nervoso

Central (SNC).

• Lícitas são substâncias cuja produção, comercialização e consumo são

permitidos legalmente e amplamente aceitos cultural e socialmente. Ilícitas são

substâncias cuja produção, comercialização e consumo são proibidos

legalmente e amplamente condenados cultural e socialmente.

O que torna a criança, adolescente e jovem vulnerável as drogas?

Efetivamente, muitas pessoas buscam nas drogas um apoio para enfrentar

as situações difíceis.

• Ausência de comunicação e entendimento familiar;

• Incapacidade de tolerar frustrações;

• Ambiente familiar favorável ao uso de cigarros, bebidas alcoólicas; abuso na

utilização de medicamentos;

• Proliferação das drogas e facilidade de obtenção e preços baixos;

• Necessidade de sentir aceito e respeitado em “grupo de amigos” e no “mundo

dos adultos”;

• Necessidade de auto-afirmação, busca por novidades e aventuras;

• Superar timidez, a fim de “se soltar”, “ficar alegre”, e até ter coragem de abordar

uma pessoa paquerada;

• Tentativa de resolver problemas familiares ou conjugais com o uso de bebidas

alcoólicas, no intuito de suportar um casamento ou esquecer mágoas.

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Quais são os sinais que o jovem dá que ele está se metendo em encrencas?

• Mudanças abruptas de comportamento: geralmente irritabilidade, isolamento

dos familiares, rompimento de relações antigas;

• Queda repentina de desempenho escolar: piora de notas, problemas

disciplinares, faltas e tentativas de matar aulas, impedem que as informações

escolares cheguem aos pais;

• Mentiras, tentativa freqüente de minimizar a situação. Promessas de melhora de

comportamento quebradas. Mentiras cada vez mais fantasiosas e negação

progressiva da realidade;

• Pequenos atos de delinqüência: venda de utensílios pessoais, como tênis ou

relógio, que podem terminar em mentiras do tipo “fui assaltado, perdi”. Aumento

de solicitações de dinheiro, com justificativas frágeis para o pedido. Sumiço de

coisas de dentro de casa, objetos domésticos, usados para fazer dinheiro para

comprar drogas;

• Alterações de hábitos de sono (menor necessidade de sono ou pelo contrário,

sonolência importante) e apetite (emagrecimento motivado), irregularidade de

hábitos alimentares (alternância de jejuns prolongados com períodos de grande

voracidade);

• Envolvimento com amigos “novos” que o jovem hesita em trazer para o convívio

familiar. Episódios freqüentes de brigas de turmas, com uso de violência;

• O jovem passa cada vez mais tempo fora de casa, geralmente envolvidos em

atividades para obter e usar a droga. Olhos freqüentemente vermelhos, coriza

constante ou dificuldade de concentração, memória e raciocínio podem ser

sinais de uso recente de drogas.

É Importante Frisar:

Qualquer um desses sinais, quando isolado, não serve para “comprovar” que o jovem

está usando drogas! Serve, apenas, para chamar a atenção de que o jovem precisa de

um olhar mais atento para descobrir o que se passa com ele.

Os adolescentes sentem-se freqüentemente pressionados a enfrentar situações para

as quais não estão preparados. É assim que muitos adolescentes aprisionam-se nos

papéis de “doidão”, “malvado” ou “problemático”, quando na verdade, por trás dessa

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“máscara”, há apenas uma grande insegurança com relação a determinadas situações

de vida, um mal-estar intenso frente às relações familiares, de amizade, amorosas e a

falta de competência para tomar decisões mais adequadas e solucionar problemas.

7. Sexualidade

A adolescência é uma etapa de nossas vidas marcada por uma porção de

transformações: no corpo, nos sentimentos, nas relações com os outros. É um tempo

de conhecer, descobrir, experimentar. Todo o crescimento que acontece nessa fase

tem um objetivo importante: o amadurecimento físico e emocional.

Porque é importante conversar sobre sexualidade nessa fase?

As modificações corporais despertam novos desejos, sentimentos, medos e

ansiedades. Na adolescência iniciam-se os namoros e o ficar. Tudo muda muito rápido,

tão rápido que é difícil adaptar-se a essas transformações, o que gera insegurança.

Sabe-se que os adolescentes, no mundo inteiro, estão começando a vida sexual cedo,

o que os deixam expostos, riscos como o de uma gravidez indesejada ou de contrair

doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS.

A orientação e a informação podem minimizar tudo isso, e ajudar o adolescente a viver

essa etapa com menos dúvidas e medo, permitindo, assim, um crescimento saudável e

feliz.

Contudo, não é só sobre sexualidade que é importante conversar. Buscar informações

e orientações sempre, sobre todos os assuntos que lhes despertem dúvidas e/ou

interesse é fundamental.

Refletindo sobre a sexualidade:

A sexualidade é um campo muito amplo da vida, abrangendo todas as áreas do ser e

do viver. Sexualidade vai muito além de “sexo” e “transa”. Por isso mesmo, é tão

importante.

• Ao desenvolver o sentido do certo e do errado e aprender a respeitar e a cuidar

do próprio corpo , sempre respeitando o outro, chegará a ser mais homem ou

mais mulher na mesma medida em que aprender a controlar os seus diversos

instintos, inclusive o instinto sexual. Isto se denomina auto-domínio ou controle

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de si próprio. E é mais homem ou mulher quem mais auto-domínio tem. E todos

nós precisamos de auto-domínio em todas as esferas da vida.

• Os jovens estão expostos a imagens sexuais através dos meios de

comunicação. A pressão social e dos colegas pode dever-se ao fato de que o

sexo se apresenta como algo atrativo, prazeroso e próprio dos adultos, sem as

conseqüências negativas nem as possibilidades que implica.

• Reduzir a atividade sexual precoce e perigosa exige muito mais que informação

sobre “sexualidade e contracepção”: é preciso "ensinar-lhes como e por que

dizer 'não"'.

• Muitas campanhas publicitárias referentes à sexualidade em vez da educação

do caráter e da promoção dos valores fundamentais da vida, o que transparece

é o primado do relativo e do transitório, do prazer sem consciência, da diluição

do sentido de responsabilidade, da eleição do preservativo "através de meios

mecânicos" e de "apoio técnico para a utilização dos meios contraceptivos"

como os elementos principais da chamada educação sexual dos adolescentes e

jovens. E se a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis é, em si

mesma, uma atitude correta e que importa fortalecer, esse objetivo deve, em

primeiro lugar, colocar-se ao nível da educação de valores e não

exclusivamente da disponibilização gratuita (leia-se: paga pelos contribuintes)

de meios e técnicas mecânicas.

• As conseqüências de uma vida sexual imatura, irresponsável e inconseqüente

são muitas: Danos físicos – doenças sexualmente transmissíveis DSTs

(gonorréia, sífilis, verrugas genitais, cancro, herpes genital, hepatite B e a

infecção por HIV- Aids), Gravidez Precoce (conflitos pessoais, familiares,

problemas na saúde , nos estudos (abandono), no desenrolar do relacionamento

amoroso (união incerta, separação conflituosa), dificuldades econômicas,

desistência de projetos futuros... e Danos psicológicos (auto-estima, sentimento

de culpa, frustrações, humilhação, ressentimento ...)

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Conclusão

Refletir sobre o resgate da autoridade no processo educacional me reportou a

questionar, analisar e refletir sobre situações e decisões que, enquanto educadores

(pais e professores) nos deparamos quotidianamente. A condução positiva ou negativa

desde as mais simples ações pode acarretar facilidades ou dificuldades nas relações

interpessoais, bem como comprometer todo um percurso educacional das crianças e

adolescentes. Necessitamos de vigilância constante sobre nossos próprios atos se

pretendemos realmente construir relações humanas sólidas baseadas na justiça,

solidariedade, tolerância e amor, pois, o construir é permanente, e às vezes suscetível

ao desânimo, decepções, ao sentimento de solidão. Para nos fortalecermos nessa

tarefa, somar esforços e estabelecer prioridades quanto aos objetivos e caminhos que

queremos trilhar e perseverar nele, torna-se fundamental. Permitir que as pequenas

conquistas cotidianas nos sirvam de combustível para que outras possam ocorrer.

Permitir-se um autêntico envolvimento com o outro, procurando enxergá-lo como uma

extensão de nossa própria humanidade é condição indispensável àquele que se

compromete com a formação de seres humanos. No decorrer de todo

esse trabalho ficou evidente que apesar de toda complexidade do homem, a sua

necessidade básica de amar e ser amado é aquela que o possibilitará viver com

dignidade, amor próprio e respeito as diferentes formas de vida. Porém viver e

manifestar esse sentimento tão imprescindível pode ser simples para alguns, no

entanto muito difícil para outros. Equívocos em nome do amor têm sido muito comuns,

confusões, enganos e sofrimentos. Amar não é tão somente um sentimento e sim

atitude diante de si mesmo, da vida e do outro.

Quando abordei sobre as relações interpessoais entre pais e filhos pude também

transportá-las para as relações entre professores e alunos, pois a essência na

conquista de relacionamentos afetivamente positivos não muda, apesar da

especificidade de cada Instituição.

Enquanto Instituição Escolar construir coletivamente e perseverar na

implementação de uma Proposta Político Pedagógica Humanizadora, refletir sobre as

ações individuais e coletivas, vinculando-as aos objetivos educacionais a que nos

propomos, contribuirá na construção de relações de autoridade autênticas que

necessitamos e almejamos, como nos lembra Paulo Freire:

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“Assim como não posso ser professor sem me achar capacitado para ensinar certo e bem os conteúdos

de minha disciplina não posso, por outro lado, reduzir minha prática docente ao puro ensino daqueles

conteúdos. Esse é um momento apenas de minha atividade pedagógica. Tão importante quanto ele, o

ensino dos conteúdos é o meu testemunho ético ao ensiná-los. É a decência com que o faço. É a

preparação científica revelada sem arrogância, pelo contrário, com humildade. É o respeito jamais

negado ao educando, a seu saber de “experiência feito” que busco superar com ele. Tão importante

quanto o ensino dos conteúdos é a minha coerência na classe. A coerência entre o que digo, o que

escrevo e o que faço.

É importante que os alunos percebam o esforço que faz o professor ou a professora procurando sua

coerência. É preciso também que este esforço seja de quando em vez discutido na classe. Há situações

em que a conduta da professora pode parecer aos alunos contraditória. Isto se dá quase sempre quando

o professor simplesmente exerce sua autoridade na coordenação das atividades na classe e parece aos

alunos que ele, o professor, exorbitou de seu poder. Às vezes, é o próprio professor que não está certo

de ter ultrapassado o limite de sua autoridade ou não.” (FREIRE, 1997. p.116.)

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Paulo: Mundo Cristão, 1999.

DRESCHER, John M. Sete necessidades básicas da criança. São Paulo: Mundo Cristão,

1999.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São

Paulo: Paz e Terra, 1997. p.116.

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Políticas de Saúde: Projeto de Promoção da Saúde; Ministério da educação: Secretaria de

Educação a Distância: TV Escola, 2002.

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RELIGIOSO PARA O ENSINO FUNDAMENTAL. (EM REVISÃO) CURITIBA 2007

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