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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO - SUED
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE
Ficha para Catálogo Artigo Final
Professor PDE/2010
Título Impactos Causados no Meio Ambiente Pela Monocultura da Cana-de-Açúcar no Município de Umuarama -Paraná
Autor Eva da Veiga
Escola de Atuação C. E. Bento Mossurunga Ensino Fund. Médio e Normal
Município da Escola Umuarama
Núcleo Regional de Educação
Umuarama
Orientador Hélio Silveira
Instituição de Ensino Superior
Universidade Estadual de Maringá - UEM
Área do Conhecimento/Disciplina
Geografia
Relação Interdisciplinar
História
Público Alvo Alunos do 1º Ano – Ensino Médio
Localização Avenida Aracajú, Nº 1590, Zona VII, CEP.87.503-370- Umuarama PR
Resumo Este artigo teve como objetivo debater os impactos da monocultura da cana-de-açúcar, junto aos alunos do1º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Bento Mossurunga localizado em Umuarama, Paraná. Para o desenvolvimento da proposta de intervenção foram realizadas atividades diferenciadas que envolveram exposição oral do conteúdo, palestra, vídeos ilustrativos, jogos, pesquisas na internet, debates e trabalhos em grupo, sobre os impactos adversos causados pela monocultura da cana-de-açúcar no meio ambiente, vídeos ilustrativos e jogos. Concluiu-se que a cana-de-açúcar apresenta impactos negativos como a erosão,
compactação e contaminação do solo, bem como aos recursos hídricos, mas também positivos, como um importante agente econômico para a geração de riquezas para o país. A preocupação da comunidade científica e da sociedade com a sustentabilidade do planeta contribui para a possibilidade de cultivo orgânico da cultura da cana-de-açúcar. Isso tem levado os produtores a adequar a atividade agrícola a uma ação que seja ambientalmente correta e economicamente viável, crescendo a procura por métodos alternativos ao controle químico, abrindo, desta forma, grande oportunidade para a implementação de pesquisas com agentes de controle biológico.
Palavras-chave impactos, monocultura, cana-de-açúcar, ensino e aprendizagem
EVA DA VEIGA
IMPACTOS CAUSADOS NO MEIO AMBIENTE PELA MONOCULTURA
DA CANA-DE-AÇÚCAR NO MUNICÍPIO DE UMUARAMA - PR
MARINGÁ – PR 2012
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL PDE
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL – PDE
EVA VEIGA
IMPACTOS CAUSADOS NO MEIO AMBIENTE PELA MONOCULTURA
DA CANA-DE-AÇÚCAR NO MUNICÍPIO DE UMUARAMA - PR
Artigo realizado como apresentação do Projeto do Programa de Desenvolvimento Educacional. Orientador: Dr. Hélio Silveira
MARINGÁ – PR 2010
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IMPACTOS CAUSADOS NO MEIO AMBIENTE PELA MONOCULTURA
DA CANA-DE-AÇÚCAR NO MUNICÍPIO DE UMUARAMA - PR
Autora: Eva da Veiga1
Orientador: Hélio Silveira2
Resumo
Este artigo teve como objetivo debater os impactos da monocultura da cana-de-açúcar, junto aos alunos do1º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Bento Mossurunga localizado em Umuarama, Paraná. Para o desenvolvimento da proposta de intervenção foram realizadas atividades diferenciadas que envolveram exposição oral do conteúdo, palestra, vídeos ilustrativos, jogos, pesquisas na internet, debates e trabalhos em grupo, sobre os impactos adversos causados pela monocultura da cana-de-açúcar no meio ambiente, vídeos ilustrativos e jogos. Concluiu-se que a cana-de-açúcar apresenta impactos negativos como a erosão, compactação e contaminação do solo, bem como aos recursos hídricos, mas também positivos, como um importante agente econômico para a geração de riquezas para o país. A preocupação da comunidade científica e da sociedade com a sustentabilidade do planeta contribui para a possibilidade de cultivo orgânico da cultura da cana-de-açúcar. Isso tem levado os produtores a adequar a atividade agrícola a uma ação que seja ambientalmente correta e economicamente viável, crescendo a procura por métodos alternativos ao controle químico, abrindo, desta forma, grande oportunidade para a implementação de pesquisas com agentes de controle biológico.
Palavras-chave: impactos, monocultura, cana-de-açúcar, ensino e
aprendizagem.
1Graduada em Geografia. Professora da Rede Estadual de Ensino do Paraná.
2 Professor Vinculado ao Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Maringá UEM.
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1 Introdução
Esse artigo é resultado da pesquisa desenvolvida no Programa de
Desenvolvimento Educacional, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná
(PDE/PR). As ações apresentadas foram implementadas junto aos docentes da
disciplina de Ciências do Ensino Fundamental no Colégio Estadual Bento
Mossurunga do município de Umuarama da região noroeste do estado do Paraná,
enfocando os impactos causados no meio ambiente pela monocultura da cana-
de-açúcar.
O estudo resultou da busca para a explicação de muitas indagações que,
no cotidiano da prática profissional dos professores de Geografia ficam sem
respostas, principalmente, quando se trata de subsidiar a compreensão dos
alunos acerca dos impactos causados no meio ambiente em razão da
monocultura da cana-de-açúcar.
Atualmente, os impactos ambientais decorrentes favoráveis e
desfavoráveis da cana-de-açúcar têm sido objeto de discussão em diversos
fóruns, com importantes avanços nos últimos dez anos, principalmente, voltado à
agricultura intensiva (monocultura), como é caso do cultivo da cana-de-açúcar
que contribui para alterar as características do meio (físico, biológico e
socioeconômico), reduzindo a biodiversidade, e refletindo de formas diferentes
sobre a biota local (MACHADO & HABIB, 2010).
A monocultura da cana-de-açúcar tem impactos positivos e negativos no
meio ambiente. O impacto ambiental é definido pela Resolução do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 01/86, de 23/01/86 (Art. 1º) como:
[...] qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente [...] resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente afete: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições sanitárias e estéticas do meio ambiente; e a qualidade dos recursos ambientais.
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A discussão sobre a monocultura da cana-de-açúcar é muito polêmica,
sobretudo, frente à problemática dos efeitos causados ao meio ambiente,
podendo trazer diversas implicações de maneira direta ou indireta ao meio
ambiente (BRAUNBECK; OLIVEIRA, 2006).
Dentre as principais implicações advindas da monocultura da cana-de-
açúcar Barbosa (2006) menciona que esta é uma planta de crescimento muito
rápido. Por exigir muito do solo em termos nutricionais pode ocasionar um rápido
empobrecimento. Outra questão importante é a utilização intensiva de um sistema
de irrigação, que comumente gera uma relativa pressão sobre os recursos
hídricos. Além das situações mencionadas é necessário considerar a utilização
intensiva de agrotóxicos para o seu cultivo, que exige um manejo monitorado para
não causar prejuízos ao solo e à poluição das águas à medida em os resíduos
advindos destes agrotóxicos adentram os cursos d’água.
Por sua vez, Zorato (2006) afirma que como em qualquer outra cultura
intensiva, a monocultura da cana-de-açúcar provoca impactos ambientais
negativos, como a contaminação do solo, da água, a degradação ambiental em
função do desmatamento, a poluição do ar causada pela queima da cana
anteriormente ao corte e muitos outros fatores que, juntamente com estes,
precisam ser analisados cuidadosamente.
O cultivo da cana-de-açúcar tem efeitos nocivos no meio ambiente,
contribuindo para a erosão, compactação e contaminação do solo, bem como dos
recursos hídricos. Os agrotóxicos utilizados no seu cultivo têm efeitos adversos
sobre o solo, rios e lençóis freáticos, bem como na atmosfera causando
incômodos à população, sobretudo, na época das colheitas, em razão das
queimadas (ZORATTO, 2006).
Contudo, as atividades que envolvem o cultivo da cana-de-açúcar e
produção de etanol, fazem parte dos setores da economia que vem produzindo
riqueza para todo o país, com impactos positivos na economia local de
repercussões permanentes. Em primeiro lugar, pela criação de empregos diretos,
aumento da renda e, consequentemente, do consumo, e crescimento da atividade
comercial de uma determinada região. Essa atividade proporciona a ampliação
dos estabelecimentos já existentes e a criação de novos, desde os mais básicos,
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como padarias, supermercados, postos de combustíveis, até os mais sofisticados,
como lojas e até shoppinng centers (PROJETO AGORA, 2010).
No Brasil, a atividade da cana-de-açúcar se destaca, por sua importância
socioeconômica e pela alta competitividade internacional de alguns de seus
constituintes. O setor emprega cerca de 1,18 milhões de trabalhadores diretos e
indiretos, gerando 4,1% das exportações e contribuindo com cerca de
aproximadamente 8% do Produto Interno Bruto agrícola (CARVALHO et al.,
2008).
Portanto, a opção pela temática “impactos da monocultura da cana-de-
açúcar” considera que a sociedade passa por um período marcado por
preocupações ambientais resultantes das transformações que o ser humano tem
provocado no meio ambiente. Tais transformações podem ser observadas nas
alterações ambientais em todo o planeta.
Muitas das mudanças ocorridas na configuração da paisagem no território
brasileiro são decorrentes de práticas desprovidas de preocupação com o ser
humano no trato com os elementos que compõem o meio ambiente. Segundo
Barbosa (2006), em razão das dificuldades econômicas encontradas por
pequenos produtores em fazer produzir as suas terras, muitos têm arrendado
suas propriedades para os donos das usinas para cultivo da cana-de-açúcar.
Para muitos agricultores, tal prática se apresenta como uma alternativa
econômica bastante viável, o que também favorece a expansão do cultivo da
cana-de-açúcar em amplas áreas, causando impactos sócio-ambientais
expressivos. Portanto, este artigo teve como objetivo debater os impactos da
monocultura da cana-de-açúcar junto aos alunos do Ensino Médio.
2 Impactos da Monocultura da Cana-de-açúcar
Historicamente, a cana-de-açúcar é um dos principais produtos agrícolas
do Brasil, sendo cultivada desde a época da colonização. A cultura da cana-de-
açúcar tem um grande destaque sócio-econômico no Brasil (ÚNICA, 2002).
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A atividade agrícola canavieira está relacionada de forma direta à
agroindústria, com a finalidade de suprir as necessidades da fabricação de açúcar
e álcool e da pequena produção agroartesanal (rapadura, mel e aguardente). A
tendência histórica da atividade é da acentuação dos grandes produtores do
açúcar e do álcool, em um processo de concentração de capital e centralização
da produção (MONTEIRO, 2011).
Nos últimos anos, a procura por etanol nas destilarias, tem contribuído
para o crescimento da área de cultivo e da produção de cana-de-açúcar, elevando
a porcentagem deste produto no mercado do agronegócio industrial. Assim, cerca
de 60% de toda a produção da cana-de-açúcar tem sido transformada em álcool
anidro e álcool hidratado, sendo produzido por safra o equivalente a 14 bilhões de
litros no país (BARROS, 2010).
O Brasil é considerado o país mais competitivo do mundo no complexo
sucroalcooleiro, detendo os maiores níveis de produtividade, rendimento e
menores custos de produção, quando comparado a outros países. Atualmente,
conta com 329 usinas de açúcar e álcool em operação, com a expectativa de que
este número salte para aproximadamente 400 unidades em 2012. A tendência de
crescimento do preço do petróleo, aliado à necessidade de redução de emissão
de poluentes na atmosfera, tem aumentado significativamente as vendas dos
veículos bicombustíveis, o que deverá impulsionar de forma crescente as
demanda interna e externa por álcool, sendo necessário grande volume de
investimentos (PAGEL, 2006).
Segundo Pagel (2006), o governo brasileiro tem estimulado a produção
de álcool como combustível através do Programa Nacional do Álcool (Proálcool).
O referido programa, embora tenha sido criado em 1975, somente teve estímulo
na década de 80, após a crise do petróleo, em 1979. Nesse momento houve um
grande crescimento em investimentos e subsídios para o cultivo da cana. Por
essa razão, as áreas de produção de cana-de-açúcar têm apresentado um
aumento contínuo, especialmente, na região Centro-Oeste do Brasil.
Desde meados da década de 70 até o final dos anos 80, o estímulo à
produção de álcool combustível deu novo impulso à agroindústria canavieira no
Brasil. O Estado de São Paulo é considerado o maior produtor, com mais da
metade desta área plantada. Dados do Instituto de Economia Agrícola - IEA
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demonstra que a área de cana destinada à indústria no Estado cresceu 30% nos
últimos cinco anos, passando de 2,5 milhões de hectares em 2001 para 3,4
milhões/hectares em 2006. Na região oeste de São Paulo, para onde mais
avançam os canaviais, a cana representa cerca de 15% da área agricultável. Em
2010, trinta novas usinas passaram a funcionar e a cana passará a ocupar 29%
da área (ROCHA, 2010).
O crescimento expressivo da produção de cana-de-açúcar, no Brasil tem
determinado importantes mudanças no que se refere ao aspecto agroambiental.
Os números do setor canavieiro impressionam pela grande extensão da área cultivada. A cana-de-açúcar ocupa cerca de 6 a 6,5 milhões de ha de terras, o equivalente a 1,5 % dos solos cultivados do Brasil, caracterizando um sistema de monocultivo que tem especial significado econômico e social para o país. Um levantamento da oferta de cana-de-açúcar no mundo, referente ao período 1990-2000 (FAO e IBGE), consolida o Brasil e a Índia como líderes da produção. O país produz por volta de 370 milhões de tonelada de cana por ano, o que equivale a 27 % da produção mundial. Nos últimos 5 anos o mercado cresceu, seguidamente, 10 % ao ano, exigindo, dessa forma, planejamentos estratégicos e mudanças de tecnologia para garantir uma alta produtividade, competitividade e harmonia com as questões ambientais. Em média, 55 % da cana brasileira é convertida em álcool e 45 % em açúcar. As receitas em divisas estão variando entre US$ 1,5 a 1,8 bilhões por ano, representando cerca de 3,5 % do total das exportações brasileira (MACHADO & HABIB, 2010).
No Paraná, a cana-de-açúcar teve um aumento de 6,60% na área
plantada, passando de 410,9 para 490,4 mil hectares. Já o aumento da
produtividade foi bem mais significativo. O Estado passará a produzir 15,20% a
mais, passando de 69.365 para 79.890 quilos/hectare. A safra de cana-de-açúcar
do Paraná terá um crescimento de 22,7% segundo levantamento feito pela
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mantendo a condição de
segundo maior produtor de álcool e na região Sul do Brasil. São Paulo se mantém
na liderança, responsável por 59,9% da produção brasileira. (PARANÁ, 2011).
Segundo Corazza (2006), a produção nacional de etanol aumentou de
638 milhões de litros anuais na primeira metade da década de 70, para um
volume aproximado de 16 bilhões de litros anuais nos anos 90. Nas Usinas de
açúcar e álcool, o processamento da cana é realizado com a utilização intensa de
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água, energia térmica e eletromecânica, cuja fonte central decorre da queima, nas
caldeiras, do próprio bagaço de cana.
A indústria alcooleira caracteriza-se pela produção de uma grande
quantidade de resíduos, que apenas recentemente, ganharam o status de
subprodutos, tais como bagaço, a torta de filtro e a vinhaça. Conforme Andrade
e Diniz (2007), nas usinas de álcool, a queima de bagaço de cana gera poluentes,
tais como: material particulado, monóxido e dióxido de carbono e óxidos de
nitrogênio. O material particulado está associado ao residual de cinzas, fuligens e
outros materiais, provocando efeitos estéticos negativos em razão de sua cor
escura, causando incômodos ao bem estar público por sua precipitação nas
residências.
A fração inalável penetra nos pulmões, diminuindo a capacidade
respiratória. A geração de cinzas ocorre durante a queima do bagaço nas
caldeiras. Ela depende da composição química elementar da biomassa e da
quantidade de impurezas, não combustíveis, introduzidas na caldeira.
Já a vinhaça é produzida e utilizada durante toda a safra canavieira que,
em geral, vai de maio a dezembro. Ao ser aplicada no solo, a vinhaça provoca
uma série de modificações nas suas características químicas e físicas,
principalmente no pH, CTC, Carbono orgânico, retenção de água, condutividade
elétrica, porosidade, afetando, ainda, a população e a atividade de
microorganismos do solo (FONTES, 1987).
A vinhaça é composta de material químico, que pode ser percolado e
lixiviado para o lençol freático. Segundo Barros (2010), a dinâmica dos
constituintes da vinhaça no solo interfere nos aspectos físicos e químicos e a
possível poluição do lençol freático. Há um pequeno risco do potássio e do nitrato
em poluir a água subterrânea em razão da irrigação com vinhaça, haja vista que a
lixiviação de íons abaixo da profundidade máxima de observação (1,20 m) das
unidades coletoras é pequena. Por outro lado, a ação do solo na redução da
matéria orgânica é, de maneira geral, mais eficaz na camada superficial de 10 a
15 cm e, em decorrência da aplicação de vinhaça, de forma mais intensa, até a
profundidade de 24 cm.
A utilização da vinhaça resulta na alteração das propriedades do solo sob
diferentes aspectos: morfológico, físico, químico e biológico. A infiltração da
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vinhaça até a água subterrânea indisponibiliza a sua potabilidade uma vez que
transfere para o lençol freático, altas concentrações de amônia, magnésio,
alumínio, ferro, manganês, cloreto e matéria orgânica (ZORATTO, 2006).
Em virtude do uso intensivo de soda cáustica nas operações industriais,
verifica-se significativo aporte de sódio no solo. Uma vez que este elemento
químico apresenta potencial para colmatar, salinizar e erodir solos arenosos e
considerando a predominância deste tipo de solo, a disposição da vinhaça no solo
pode ser considerada potencialmente poluidora (ANDRADE; DINIZ, 2007).
Qualquer atividade agrícola, na medida em que emprega recursos
naturais, como água e solo utiliza de insumos e defensivos químicos, como
fertilizantes e praguicidas, apresenta algum impacto ambiental. O cultivo da cana-
de-açúcar traz impactos adversos ao meio ambiente, pois de um único plantio
pode-se fazer de cinco a sete colheitas. Após cada ciclo faz-se altos
investimentos para que a renovação do canavial proporcione boa produtividade
na colheita seguinte. Dentre os possíveis investimentos, encontra-se o custo com
pesticidas para o controle de insetos pragas e ervas daninha, os quais provocam
prejuízos danosos à cultura (MONTEIRO, 2011).
Atualmente, para controlar esses organismos são utilizados agrotóxicos3
de alto risco. Tais produtos, além de elevar o custo da cultura, apresentam
persistência prolongada ao meio ambiente, podendo eliminar partes significativas
de populações de organismos benéficos, e ainda serem levados pelas águas das
chuvas, pelo processo de lixiviação, para mananciais aquáticos, podendo
contaminar peixes e outras espécies de seres vivos. Devido à toxidade dos
agrotóxicos, em qualquer atividade realizada com estes produtos sempre vai
existir determinado risco ocupacional (MACHADO NETO, 1997). O autor entende
que o risco de um agrotóxico depende da sua toxidade, da forma como é usado e
do grau de exposição ocupacional.
3 Os agrotóxicos são usados na prevenção ou controle de doenças, de pragas, na regulação do
crescimento das plantas, ou como desfolhante ou dessecante. No combate químico a pragas e doenças, podemos classificar os agrotóxicos como: Inseticidas – ação de combate a insetos, larvas e formigas; Acaricidas – combater a família dos aracnídeos; Fungicidas – ação de combate a fungos; Herbicidas – ação de combate a ervas daninhas ou plantas invasoras e matos; Nematicidas – ação de combate a nematóides; Molusquicidas – ação de combate a moluscos; Raticidas – ação de combate a ratos; e Fumigantes – ação de combate a insetos, bactérias e roedores (MONTEIRO, 2011).
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A produção de cana-de-açúcar traz impactos diversos no meio ambiente,
incluindo a redução da biodiversidade, causada pelo desmatamento e pela
implantação de monocultura; a contaminação das águas superficiais e
subterrâneas e do solo, por meio da prática excessiva de adubação química,
corretivos minerais e aplicação de herbicidas e defensivos agrícolas; a
compactação do solo, pelo tráfego de máquinas pesadas, durante o plantio, tratos
culturais e colheita; o assoreamento de corpos d’água, devido à erosão do solo
em áreas de reforma; a emissão de fuligem e gases de efeito estufa, na queima,
ao ar livre, de palha, durante o período de colheita; os danos à flora e fauna,
causados por incêndios descontrolados; o consumo intenso de óleo diesel, nas
etapas de plantio, colheita e transporte; e a concentração de terras, rendas e
condições subumanas do trabalho do cortador de cana (ANDRADE; DINIZ, 2007).
A presença da palha no campo contribui para a redução da incidência de
energia luminosa sobre o solo, protegendo-o do impacto direto das gotas de
chuva que dificultam o processo de fotossíntese e a germinação de algumas
plantas invasoras, presentes no banco de sementes do solo. A prática de
submeter os canaviais à despalha com uso de fogo, contribui para a emissão de
material particulado (MP), hidrocarbonetos, monóxido de carbono (CO), dióxido
de carbono (CO2), óxidos de nitrogênio (NOx), óxidos de enxofre (SOx) para a
atmosfera. Também, contribui para o aumento da temperatura do solo com perda
de nitrogênio e bactérias.
São afugentadas as aves, mamíferos, anfíbios e répteis que procuram
abrigo e alimento nos talhões de cana. A emissão de fuligem e fumaça atinge
núcleos urbanos, a quilômetros de distância, causando incômodos generalizados
aos moradores. Os problemas respiratórios da população aumentam e são
gerados efeitos estéticos indesejáveis na atmosfera e nos quintais, provocando
aumento do consumo de água para limpeza (MACHADO & HABIB, 2010).
A vinhaça, por exemplo, é altamente poluidora, mas, nas lavouras é um
fertilizante de qualidade. Já o bagaço que sobra das moendas é reutilizado dentro
da própria usina, como gerador de energia. O melaço, o mel do qual não é
possível extrair mais açúcar é utilizado como ração animal, servindo de
suplementação para atletas e componentes de outros produtos.
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No processo de transformação da matéria prima, nada se perde e, como
toda indústria produz resíduos, a cana-de-açúcar também. Conforme Projeto
Agora (2010), nos últimos anos, pesquisadores e produtores têm se empenhado
em ampliar as possibilidades de transformação dos resíduos em produtos de valor
comercial. O fim da queima na colheita manual pode também trazer benefícios,
pois além da redução de emissões, pode-se fazer uso sustentável da palha.
Estima-se que, para cada tonelada de cana cortada, 165 quilos de palha sejam
produzidos. Metade disso pode ficar no campo após o corte, auxiliando na
fertilização do solo e no combate à erosão e ao crescimento de ervas daninhas. O
restante pode ser transformado em energia para as usinas e, dentro de alguns
anos, o etanol de celulose, também chamado de etanol de segunda geração
(PROJETO AGORA, 2001).
Portanto, a cana-de-açúcar apresenta impactos negativos em alguns
aspectos que estão sendo estudados, mas também positivos. Não é, pois só uma
planta já incorporada à cultura brasileira, mas, também, um importante agente
econômico capaz de gerar riquezas e abrir fronteiras para o futuro do país. Contar
a sua história, explicar seus desdobramentos negativos, e positivos, refletir,
sobretudo, acerca de suas qualidades é uma tarefa importante, que contribuirá
para que professores e alunos se abram para novos conhecimentos.
3 Estratégias de Ação
As atividades foram desenvolvidas com os alunos do 1º ano do Ensino
Médio do Colégio Estadual Bento Mossurunga localizado em Umuarama, Paraná,
num total de 30 (trinta) alunos. Para o desenvolvimento da proposta de
intervenção foram realizadas as seguintes atividades:
- Exposição oral do conteúdo: o professor trabalhou os conteúdos
oralmente sempre que necessário, em conformidade com os objetivos propostos;
histórico da cana-de-açúcar no Brasil, considerando que esta já foi a base
econômica do país; histórico no Paraná, mais especificamente na região de
Umuarama com destaque nas vantagens e desvantagens dessa monocultura
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para o município de Umuarama; produtos e subprodutos gerados pela cana-de-
açúcar. Por meio de um fluxograma será explicitado os pontos positivos e
negativos da produção da cana-de-açúcar.
Para a realização da palestra foi convidado um especialista do Instituto
Ambiental do Paraná (IAP) da cidade de Umuarama para explorar os fatores
favoráveis e desfavoráveis da monocultura da cana-de-açúcar.
As pesquisas na internet4 pelos os alunos foram focadas sobre as
principais características agronômicas que regulam o desenvolvimento da cultura
da cana-de-açúcar como o clima, solo e formas de cultivo.
Já os debates e trabalhos em grupos foram realizados pelo professor e
alunos sobre os impactos adversos causados da monocultura da cana-de-açúcar
no meio ambiente. Utilizou-se ainda de alguns vídeos5 ilustrativos sobre a
temática proposta, e atividades em forma de jogos: “Quem é quem no mundo da
cana-de-açúcar”, para completar o estudo aplicado ao tema.
4 Resultados e Discussão da Implementação
Antes de abordar os impactos da monocultura da cana-de-açúcar, no
primeiro encontro, o professor estabeleceu as discussões sobre a história da
cana-de-açúcar, desde a antiguidade até os dias atuais. Para compreender a
história de um povo, segundo Hernández (2000) é preciso conhecer a cultura da
qual procedem.
Inicialmente, o professor trabalhou o texto proposto por Machado (2011)
intitulado “A História da Cana-de-açúcar”, a seguir, propondo aos alunos uma
reflexão sobre a história da cana-de-açúcar no Brasil.
Foi explicado com base em Machado (2011) que a cana-de-açúcar é,
talvez, o único produto de origem agrícola destinado à alimentação que ao longo
dos séculos foi alvo de disputas e conquistas, mobilizando homens e nações.
4 <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-
acucar/arvore/CONTAG01_20_3112006152934.html> 5<http://www.youtube.com/watch?v=8luAUuzfkK8>; <http://www.youtube.com/watch?v=r1L12FuO-
To>; <http://www.youtube.com/watch?v=Fas7SBUe6Hg>
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Esta cultura chegou ao Brasil com Cristóvão Colombo, genro de um grande
produtor de açúcar na Ilha Madeira, introduziu o plantio da cana na América, em
sua segunda viagem ao continente, em 1493, onde hoje é a República
Dominicana. Oficialmente, foi Martim Affonso de Souza que em 1532 trouxe a
primeira muda de cana ao Brasil e iniciou seu cultivo na Capitania de São Vicente.
Lá, ele próprio construiu o primeiro engenho de açúcar. Mas foi no Nordeste,
principalmente nas Capitanias de Pernambuco e da Bahia, que os engenhos de
açúcar se multiplicaram.
Machado (2011) relata que depois de várias dificuldades, após 50 anos, o
Brasil passou a monopolizar a produção mundial açúcar. As regiões produtoras,
especialmente as cidades de Salvador e Olinda prosperaram rapidamente. Em
1630 os holandeses invadiram o Brasil permanecendo em Pernambuco até 1654,
quando foram expulsos. Para diminuir a dependência do açúcar brasileiro, os
holandeses iniciaram a produção açucareira no Caribe e mais tarde os próprios
ingleses e franceses fizeram o mesmo em suas colônias, acabando com o
monopólio do açúcar brasileiro.
Foi também explicado com base no texto de Machado (2011), que a
descoberta do ouro no final do século XVII nas Minas Gerais retirou do açúcar o
primeiro lugar na geração de riquezas, cuja produção se retraiu até o final do
século XIX. Mesmo assim, no período do Brasil Império de (1500-1822) a renda
obtida pelo comércio do açúcar atingiu quase duas vezes à do ouro e quase cinco
vezes à de todos os outros produtos agrícolas juntos, tais como café, algodão,
madeiras, etc.
No início do século XIX, Napoleão dominou a Europa. Seus inimigos, os
ingleses, promoveram o bloqueio continental em 1806, graças ao seu maior poder
naval. Impedido de receber o açúcar de suas colônias ou de outros lugares além-
mar, Napoleão incentivou a produção de açúcar a partir da beterraba, graças à
técnica desenvolvida por Andrés Marggraf, químico prussiano, em 1747
(MACHADO, 2011).
O uso de novas máquinas, técnicas e equipamentos conforme Machado
(2011) possibilitou às novas indústrias tanto de beterraba, como de cana, um
novo patamar tecnológico de produção e eficiência, impossível de ser atingido
pelos engenhos tradicionais. Aliado a esses fatores, o fim da escravatura acabou
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com o modelo de produção de quatro séculos. No Brasil, os engenhos persistiram
enquanto as modernas fábricas se multiplicavam e novas regiões produtoras
surgiram como a África do Sul, Ilhas Maurício e Reunião, Austrália e em colônias
inglesas, francesas ou holandesas. Somente na metade do século XIX é que
medidas para reverter essa situação começaram a ser tomadas.
Ao final do século XIX, o Brasil vivia a euforia do café (70% da produção
mundial estavam aqui). Após a abolição da escravatura, o governo brasileiro
incentivou a vinda de europeus para suprir a mão-de-obra necessária às fazendas
de café, no interior paulista. Os imigrantes, de maioria italiana, adquiriram terra e
grande parte optou pela produção de aguardente a partir da cana. Inúmeros
engenhos se concentraram nas regiões de Campinas, Itu, Moji-Guaçu e
Piracicaba. Mais ao norte do estado, nas vizinhanças de Ribeirão Preto, novos
engenhos também se formaram. Na virada do século, com terras menos
adequadas ao café, Piracicaba, cuja região possuía três dos maiores Engenhos
Centrais do estado e usinas de porte, rapidamente se tornou o maior centro
produtor de açúcar de São Paulo. A partir da década de 1910, impulsionados pelo
crescimento da economia paulista, os engenhos de aguardente foram
rapidamente se transformando em usinas de açúcar, dando origem aos grupos
produtores mais tradicionais do estado na atualidade.
Para controlar a produção surgiu o IAA (Instituto do Açúcar e Álcool),
criado pelo governo Vargas em 1933. O IAA adotou o regime de cotas, que
atribuía a cada usina uma quantidade de cana a ser moída, a produção de açúcar
e também a de álcool. A aquisição de novos equipamentos ou a modificação dos
existentes também precisava de autorização do IAA.
No início da década de 50, São Paulo ultrapassou a produção do
Nordeste, quebrando uma hegemonia de mais de 400 anos. As constantes
alterações na cotação do açúcar no mercado internacional e os equipamentos
obsoletos forçaram uma mudança de atitude para a manutenção da rentabilidade.
Coube à Copersucar - cooperativa formada em 1959 por mais de uma centena de
produtores paulistas para a defesa de seus preços de comercialização a iniciativa
de buscar novas tecnologias para o setor. A indústria açucareira da Austrália e a
África do Sul representavam o modelo de modernidade desejada. Do país
africano vieram vários equipamentos modernos (MACHADO, 2011).
18
Na agricultura, a busca por novas variedades de cana mais produtivas e
mais resistentes às pragas e doenças, iniciada em 1926, por ocasião da
infestação dos canaviais pelo mosaico, foi também intensificada e teve início o
controle biológico de pragas. Entidades como Copersucar, o IAC (Instituto
Agronômico de Campinas) e o IAA-Planalçucar foram responsáveis por esses
avanços. Esse período de renovação culminou com a elevação dos preços do
açúcar no mercado internacional que atingiram a marca histórica de mais de US$
1000.00 a tonelada (MACHADO, 2011).
No final da década de 70, apareceram os adoçantes sintéticos, com
amplas campanhas publicitárias, para concorrer com o açúcar. Paralelamente nos
EUA, o principal mercado consumidor de açúcar, desenvolveu-se a produção de
xaropes de frutose, obtidos a partir do milho, para uso industrial, substituindo o
açúcar em alimentos e refrigerantes. No início da década de 80, o xarope de
frutose ocupou mais de 50% do mercado que originalmente era do açúcar. As
usinas brasileiras se beneficiaram porque possuía o álcool como salvaguarda.
Apesar das dificuldades, da globalização, da rápida mudança de paradigmas a
que está submetida, a indústria açucareira brasileira continua em expansão. Sua
produção no final do milênio chegou a 300.000.000 de toneladas de cana
moída/ano em pouco mais de 300 unidades produtoras; 17 milhões de toneladas
de açúcar e 13 bilhões de litros de álcool. A procura por diferenciação e produtos
com maior valor agregado é constante. Novos sistemas de administração e
participação no mercado são rapidamente incorporados. O setor não mais se
acomoda à resignação do passado e busca novas alternativas, como a co-
geração de energia elétrica (MACHADO, 2011).
Partindo da compreensão de que os alunos são sujeitos ativos do
processo de ensino e aprendizagem foi sugerido um debate sobre o conteúdo
abordado. Posteriormente, foram apresentados dois vídeos como atividade
complementar: O vídeo lustrou os 500 anos de Brasil como canal da cana-de-
açúcar, com as implicações advindas da produção e comercialização do produto
gerado.
Após, a apreciação do vídeo, professor e alunos discutiram os aspectos
relevantes do documentário, enfatizando os diversos conflitos vivenciados pela
população na época e a influência na sociedade brasileira. Foi debatido sobre a
19
importância da cana na produção de riquezas e o poder econômico gerados por
esta cultura desde o início da colonização até os dias atuais. Foi observado
através das discussões que o trabalho nas lavouras de cana está entre os mais
árduos e mal remunerados como é o caso do cortador de cana.
Na sequência, a turma foi dividida em grupos e os alunos foram
instigados a apontar resumidamente por escrito os aspectos implicados na
história da monocultura da cana no Brasil, tendo como base as discussões
realizadas, pesquisas na internet, sugerindo que fosse abordado o ontem e hoje.
Foi Martin Afonso de Souza, em 1932 que trouxe as primeiras mudas de cana-de-açúcar para o Brasil, essas primeiras mudas chegaram no nordeste brasileiro. Depois disto, o imperador D. Pedro II mandou criar um programa de modernização da produção de açúcar, mas esse projeto não deu muito certo. Foi assim que surgiram os Engenhos Centrais, que deviam trabalhar na moagem da cana e no seu processamento em açúcar. Foi depois da 1ª guerra mundial que aumentou o preço do açúcar porque a indústria européia foi destruída. Esse aumento do preço ajudou os fazendeiros a tentarem substituir a produção de café por cana de açúcar. Na atualidade, a produção de açúcar e de álcool ajudam a aumentar a produção de cana-de-açúcar e isso contribuiu para que muitas pessoas mudassem do campo para a cidade. No Paraná, a produção de café passou por muitos problemas, com a geada negra e com a crise do café, por isso, produzir cana passou a ser uma boa forma de continuar produzindo coisas no campo (Produção Coletiva dos Alunos).
A escrita do texto foi compreendida não como mera coleta de
informações, mas como um processo dinâmico, pressupondo o questionamento
reconstrutivo acerca das questões pontuadas pelos grupos. As atividades foram
realizadas em sala de aula, sob a orientação e o olhar sempre atento da
professora. O acompanhamento contínuo dos grupos permitiu que os alunos e
professor atuassem como sujeitos ativos do processo de construção de
conhecimento (GASPARIN, 2005).
No segundo encontro tratamos da monocultura da cana-de-açúcar. Essa
oficina foi iniciada com a leitura do texto intitulado “Características Agronômicas”.
Os alunos receberam uma cópia do texto para leitura e discussão em duplas.
Posteriormente, o professor ilustrou o conteúdo em slides, e explicações orais
sobre o texto.
20
Com base em Marin (2011) discutimos que o conhecimento das
demandas agronômicas de uma cultura agrícola é imprescindível para o sucesso
na atividade e fator essencial para a obtenção de rendimentos economicamente
aceitáveis, com impacto ambiental mínimo. Neste contexto, deve-se cuidar para
que a alocação de uma determinada espécie em uma região seja compatível com
as características agroclimáticas adequadas ao desenvolvimento e produção da
cultura. No caso da cana-de-açúcar as principais características agronômicas que
regulam o desenvolvimento da cultura estão descritas abaixo:
Quanto ao clima explicamos embasados em Marin (2011), que a cultura
da cana-de-açúcar se adapta muito bem às regiões de clima tropical, quente e
úmido, cuja temperatura predominante varie entre 19 e 32º C e onde as chuvas
sejam bem distribuídas, com precipitação acumulada acima de 1000 milímetros
por ano. A cultura conta com duas fases principais de desenvolvimento:
crescimento vegetativo: fase em que a planta é favorecida pelo clima úmido e
quente; maturação: quando temperaturas mais amenas e a baixa disponibilidade
de água favorecem o acúmulo de sacarose.
No Paraná, sobretudo, na região noroeste a deficiência hídrica durante o
inverno é mais acentuada, exigindo, uma pequena suplementação hídrica para
viabilizar a rebrota das soqueiras e a manutenção dos níveis de produtividade.
Segundo Marin (2011), apesar de a cana-de-açúcar se desenvolver em solos de
baixa fertilidade ou com condições físicas desfavoráveis, a cana-de-açúcar é uma
cultura que responde aos solos férteis e fisicamente adequados, atingindo altas
produtividades nestas condições. Os solos ideais para o desenvolvimento da cana
são bem arejados e profundos, com boa retenção de umidade e alta fertilidade. O
valor do pH em cloreto de cálcio deve ser de aproximadamente seis.
As pesquisas para desenvolvimento de novas cultivares de cana-de-
açúcar geneticamente melhoradas são conduzidas por instituições públicas,
universidades e empresas privadas, visando o lançamento de variedades
adaptadas às diferentes condições de clima e solo, bem como à produção de
canas em áreas afetadas por pragas e doenças (MARIN, 2011).
Foi discutido que os impactos ambientais decorrentes produção da cana-
de-açúcar têm sido objeto de discussão em diversos fóruns, com importantes
avanços nos últimos dez anos. A despeito disso, observa-se que o debate, muitas
21
vezes, tem extrapolado a esfera essencialmente ambiental e envolvido questões
econômicas e sociais.
Comentamos que a colheita é a etapa mais sensível do processo
produtivo da cana, em razão das queimadas. A vigilância da sociedade e dos
governantes frente a esse tema repercute em medidas para promover uma
relação menos impactante entre a agricultura e o meio ambiente. Os selos de
garantia são concedidos pelas empresas certificadoras, em consonância com as
práticas ambientais sustentáveis, permitindo aos produtores atingir mercados
exigentes em relação à qualidade e à procedência dos produtos. Para o
consumidor, o selo significa a garantia da aquisição de produtos saudáveis e
ambientalmente corretos. Diante da obrigação de conciliar qualidade com pouco
impacto ambiental, a certificação habilita as empresas brasileiras a participarem
de mercados mais exigentes e a figurarem como importantes elementos na
regulação da competitividade entre elas.
O diagnóstico agroambiental viabiliza o levantamento das principais
características e condições ambientais da área observada. As informações são
fundamentais para o proprietário rural que passa a planejar a conservação ou a
recuperação do solo, conforme o caso, e avaliar as condições da terra após
determinado período de plantio (MARIN, 2011). Após a leitura e explicações pelo
professor foi realizada uma roda de conversa sobre as principais características
agronômicas que regulam o desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar como
o clima, solo e formas de cultivo.
Como atividade complementar, os alunos fizeram pesquisas na internet
sobre as principais características agronômicas que regulam o desenvolvimento
da cultura da cana-de-açúcar como o clima, solo e formas de cultivo. Na tentativa
de situar o Município de Umuarama, no rol de outros municípios no Paraná
algumas considerações foram feitas pelo professor mediador.
O Paraná está em terceiro lugar no ranking dos estados produtores,
perdendo apenas para São Paulo e Alagoas, e não é difícil de verificar essa
expansão: basta andar pelas estradas, principalmente na região norte e noroeste
do Estado. Mesmo São Paulo sendo o grande produtor nacional, o Paraná
representa hoje a maior expectativa de expansão da lavoura sucroalcooleira e já é
o segundo maior produtor nacional de álcool (OLIVEIRA, 2007).
22
Segundo dados da Secretaria de Agricultura do Paraná (2011),
atualmente a produção está concentrada nos municípios de Umuarama (30%),
Maringá (16%), Jacarezinho (13%), Paranavaí (13%), Londrina (11%), Cornélio
Procópio (5%), Campo Mourão (4%), Apucarana (3%) e Ivaiporã (3%). As
previsões são de que esses números aumentem em cerca de 7%, principalmente
com o aumento da produção em Umuarama e Paranavaí.
No Paraná tem aumentado muito a produção de cana-de-açúcar para a produção e açúcar e de álcool. Na região de Umuarama têm várias usinas e por isso, cada vez mais é necessário aumentar a produção de cana, isso se dá porque o solo e o clima da região são favoráveis para esta produção. O problema é a queima que é realizada para colher a cana é poluente e por isso a indústria tem que investir para melhorar essa situação. Além disto, a produção de cana ajuda a expulsar as pessoas do campo, porque ela ocupa uma extensão de terra muito grande e não precisa de mão-de-obra direta, ou seja, de pessoas morando no campo. Essa produção é boa e ruim ao mesmo tempo, porque ajuda a região a se desenvolver, mas não é boa para as pessoas que moram no campo e tem que mudar para a cidade e além disto, a poluição da cana é ruim para o meio ambiente. Outra coisa é que o aumento dessa produção diminui a produção de alimentos e isso não é bom para as pessoas (Produção Coletiva dos alunos).
Na sequência foram discutidas as vantagens e desvantagens da
monocultura da cana, com destaque nos produtos e subprodutos gerados pela
cana-de-açúcar.
Com base em Oliveira (2007) explicamos que a cana vem se expandindo
sobre as terras consideradas as mais férteis do Estado do Paraná. É a cultura que
apresenta a melhor relação entre renda gerada e parcela do solo ocupada: a cana
ocupa desde as grandes fazendas às pequenas propriedades. Na região noroeste
apresenta a maior expansão da indústria sucroalcooleira no Estado do Paraná.
Um dos motivos desta expansão está ligado à fertilidade das terras,
disponibilidade da mão de obra, facilidade de transporte da produção e
proximidade com o estado de São Paulo (em vários sentidos esta região
paranaense dá motivos para ser considerada como uma extensão do território
paulista).
Outro fator que favorece o cultivo da cana nessa região é a pouca
ocorrência de geadas, que em outras regiões do Estado é bastante elevada.
23
Outro fator que deve ser levado em conta diz respeito ao interesse das empresas
transnacionais de agroquímicos, sementes e maquinários. Há muitos interesses
em jogo e a lucratividade deste setor tem crescido muito em razão do aumento da
demanda internacional do álcool, motivada pela crise do petróleo (OLIVEIRA,
2007).
No terceiro encontro tratamos de aspectos importantes sobre os
derivados da cana-de-açúcar. Para subsidiar o conteúdo, os alunos fizeram
pesquisas na internet utilizando o laboratório de informática da escola. Os alunos
foram divididos em grupos e cada grupo ficou responsável para pesquisar: o
açúcar, a cachaça e o álcool.
Após as pesquisas realizadas, leitura, análise e discussões de textos, a
turma foi dividida em dois grandes grupos para a montagem de um painel com
destaque nos subprodutos da cana. Os alunos exerceram a sua criatividade,
demonstrando envolvimento com a atividade. Trabalharam com desenhos,
recortes e ilustrações diversas.
Como atividade complementar os alunos assistiram vídeos que
abordaram os processos industriais da cana-de-açúcar. A seguir (em duplas) os
alunos fizeram uma síntese das ideias apresentadas. Solicitamos que eles
estabelecessem relação do vídeo apresentado com o texto, verificando a
possibilidade de relacionar o processo de produção da cana com o
desenvolvimento social e econômico da região, a geração de empregos, a
valorização e o estímulo profissional.
Os textos a seguir correspondem às produções dos alunos:
A produção de álcool na nossa região é muito importante, porque gera emprego, aumenta a produção e álcool e açúcar e, além disto, ajuda a desenvolver a nossa cidade (DUPLA 1). Para produzir cana é preciso de muita terra e muitas vezes a cana-de-açúcar toma o lugar da produção outros alimentos e isso é um problema sério para o país. Apesar disto, a produção das usinas ajudam a desenvolver a região, dando emprego e gerando impostos. O problema não é acabar com a cana, o importante é produzir alimentos e cana para as usinas (DUPLA 2). A usina tem emprego para todos os tipos de pessoas, desde aquelas que são formadas na universidade até aqueles que não estudaram, por isso ela é muito importante na nossa região, ajuda a gerar muitos
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empregos e se não fossem elas o problema do desemprego ia ficar muito pior. As cidades que tem usinas estão se desenvolvendo melhor que as que não têm, por isso nós acreditamos que as usinas de álcool e açúcar são importantes para o desenvolvimento das cidades (DUPLA 3). Uma coisa muito importante para desenvolver uma região é o emprego, por isso nós acreditamos que as usinas são boas, porque elas geram muitos empregos, até para gente de outros estados. Na época da colheita vem gente de outros estados trabalhar aqui, de Alagoas e da Bahia (DUPLA 4).
No quarto encontro refletimos sobre os fatores favoráveis e desfavoráveis
da monocultura da cana-de-açúcar. Para iniciar as discussões convidamos um
palestrante especialista do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) da cidade de
Umuarama para explorar os fatores.
Com base na palestra, apresentação dos vídeos, explicitações do
professor e discussões dentro da linha da crítica relacionada à temática discutida,
a sala foi dividida em dois grupos para defesa dos pontos favoráveis e
desfavoráveis relativos à monocultura da cana-de-açúcar. Após a discussão e
registros dos pontos favoráveis e desfavoráveis, cada grupo apresentou os
resultados à classe.
Eu e meu amigo achamos que os pontos favoráveis para a produção da cana-de-açúcar para as usinas de álcool são a geração de empregos e o desenvolvimento das cidades, mas o problema é que produz menos alimentos, como arroz, feijão, milho e outras coisas e além disto, as usinas são poluidoras do meio ambiente (GRUPO 1). Tudo tem um lado positivo e outro negativo, assim é a produção de cana para as usinas, é bom para o povo que tem emprego, mas não é tão bom para o meio ambiente. Tem que encontrar formas de produzir sem poluir muito e continuar dando emprego para as pessoas trabalharem (GRUPO 2). Se não tivesse as usinas de álcool e açúcar o que iria acabar acontecendo é que as cidades não iam ter emprego para as pessoas, a cidades iriam falir. Por isso não dá para fechar as usinas por causa do meio ambiente, o que tem que fazer é encontrar uma forma de produzir sem agredir o meio ambiente. Além disto, as pessoas precisam de alimentos, então não pode produzir somente cana-de-açúcar (GRUPO 3). Para todo lado que a gente vai na região de Umuarama a gente vê produção de cana, hoje em dia tá difícil a gente ver plantação de arroz, feijão, café, milho e outras coisas, nós achamos que a produção da cana é importante, mas não concordamos que só produzam cana, as pessoas
25
precisam de alimentos e se não houver produção tudo ficará muito caro e pode até faltar. O meio ambiente precisa ser cuidado e produzir só um tipo de coisa não é bom, é preciso plantar coisas diferentes de tempos em tempos para que o solo não fique pobre e vire deserto (GRUPO 4). As usinas já melhoraram muito, elas têm trabalhado para diminuir a poluição que elas provocam, mas é necessário investir ainda mais para produzir sem destruir o solo e o meio ambiente. Também é preciso pensar nas pessoas, continuar gerando empregos (GRUPO 5).
Na sequencia, abordamos as alternativas ambientais advindas da
monocultura da cana-de-açúcar. Neste ponto, foram explicitadas questões
relevantes acerca das soluções ambientais, a partir da monocultura da cana-de-
açúcar que é considerada a segunda maior fonte de energia limpa do país.
Explicamos que o a cana-de-açúcar já é a segunda fonte de energia limpa
do país. Conforme o projeto Agora (2010), o Brasil é um exemplo em matéria de
uso de recursos renováveis. Mais de 45% da energia disponível para consumo
atual no país vem de fontes renováveis. A primeira boa notícia é que esse
percentual está aumentando a cada ano e em breve deve superar o consumo
nacional de combustíveis fósseis. A cana-de-açúcar tornou-se a segunda maior
fonte primária de energia do Brasil, depois do petróleo. Para crescer, a cana-de-
açúcar apresenta um processo de fotossíntese dos mais eficientes do reino
vegetal. Isso quer dizer que ela é capaz de converter até 8% de energia solar em
biomassa.
Segundo o Projeto Agora (2010), a mesma fotossíntese transforma gás
carbônico em carboidratos, retirando da atmosfera boa parte daqueles gases que
provocam o efeito estufa. Comparado com a gasolina, o etanol de cana reduz em
89% as emissões de gás carbônico. Além disso, é praticamente isento de enxofre,
diferentemente dos derivados de petróleo (gasolina e óleo diesel), cujas altas
concentrações dessa substância produzem, no processo de combustão, os
poluentes conhecidos como óxidos de enxofre. Outra importante vantagem do uso
do etanol como combustível é que a emissão de compostos orgânicos tóxicos é
significativamente menor. E, no caso de vazamentos ou derramamentos
acidentais do produto, o impacto ambiental é muito menor do que com derivados
de petróleo. Como toda indústria, a da cana também produz os seus resíduos.
26
Nos últimos anos, contudo, pesquisadores e produtores têm se
empenhado em ampliar as possibilidades de transformação desses resíduos em
produtos de valor comercial. A vinhaça, por exemplo, é altamente poluidora, mas,
nas lavouras, é um excelente fertilizante. Já o bagaço, o impacto ambiental é
muito menor do que com derivados de petróleo. Além disso, a maior parte dos
produtores do setor sucroenergético está empenhada em reduzir impactos
ambientais que a cana possa causar, reutilizando resíduos como a vinhaça, a
palha e o bagaço para sobra das moendas é reutilizado dentro da própria usina,
como gerador de energia. E o melaço, o mel do qual já não se pode mais
extrair açúcar, serve como ração animal, suplemento alimentar para atletas e
componente de outros produtos. Veja as principais aplicações das sobras da
indústria canavieira e qual seu destino final (PROJETO AGORA, 2010).
Ainda, conforme o projeto Agora (2011), o volume de etanol consumido
no Brasil entre 2003 até fevereiro de 2011 pelos veículos flex reduziu em 122
milhões de toneladas a emissão de gás carbônico na atmosfera. Isso é o que
absorve uma floresta inteira com aproximadamente 873 milhões de árvores ao
longo de 20 anos. Após as discussões acima elencadas com base no
conhecimento adquirido em aula, livros, dicionários, sites da internet, os alunos
completaram a Tabela 1, ilustrando os principais resíduos retirados da cana-de-
açúcar.
Tabela 1 - Principais resíduos retirados da cana-de-açúcar e suas aplicações.
RESÍDUOS VALIOSOS
O Que é Rendimento Médio (Por Tonelada De
Cana)
Aplicações
Vinhaça
Resíduo da destilação do caldo de cana fermentado, rico em potássio. Também chamado de vinhoto
1000 litros
Utilizada nas lavouras como adubo orgânico. Serve também para a produção de biogás, como gerador de energia elétrica
Bagaço
Resíduo da extração do caldo nas moendas, composto por 45% de fibras e 50% de água
280 quilos
Dentro das usinas, fornece energia para aquecer as máquinas, mover as moendas e gerar eletricidade. Além disso, aporta fbras para as rações animais e atua como adubo nas lavouras. Graças ao alto teor de celulose, permite também fazer
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papel. No futuro, será matéria-prima para a produção de etanol
Melaço
Resíduo da cristalização do açúcar
50 quilos
Seu uso mais importante é na fabricação do etanol. Mas é também utilizado como ração animal, suplemento alimentar e, em alguns casos, também em moldes para fundição, casquinhas de sorvete, adubos, borracha para pneus, fermento biológico, medicamentos, tijolos, solventes e dezenas de outros produtos
Torta De Filtro
Resíduo do processo de purificação inicial do caldo
35 quilos Tradicionalmente, como fertilizante nas plantações. Também dá origem a uma cera que pode ser aplicada nas indústrias farmacêutica, alimentícia e cosmética, como alternativa à cera de carnaúba
Fonte: Construção Coletiva dos Alunos
Para complementar as reflexões, a classe foi dividida em dois grandes
grupos para opinarem sobre o etanol. Algumas falas exemplificam a posição
favorável e contra o etanol na opinião dos alunos:
Se comparar o grau de poluição do etanol com o da gasolina e do diesel é certo que o etanol é muito melhor, mas o grande problema é pensar na questão da monocultura da cana-de-açúcar, não podemos produzir somente um tipo de produto. Os solos também vão ficando fracos e com o tempo podem até virar deserto. Por isso, é preciso pensar melhor se vale a pena avançar na ampliação da área plantada de cana. Em outros estados, como aqui, algumas matas estão sendo derrubadas para aumentar a área plantada de cana e isso não é bom, pois isso prejudica o meio ambiente também (GRUPO 1). A produção do etanol gera outros produtos que são importantes para o meio ambiente, não só diminui a emissão de gases tóxicos para a atmosfera. Mas a queima da cana para a colheita é um problema grave na produção de cana, por isso é preciso aumentar o número de máquinas que colher a cana sem a necessidade de colocar fogo, porque o fogo não é ruim somente para o ar, mata animais e contribui para enfraquecer o solo. Para ampliar a produção de cana-de-açúcar para produzir o etanol muito proprietários de terra tem deixado de plantar outros alimentos ou criar gado, que também são importantes para a economia. Por isso é importante pensar numa forma de produzir etanol sem prejudicar a produção de alimentos e poluir o meio ambiente. Uma coisa importante na produção é a geração de empregos, principalmente nas cidades pequenas e no entorno de Umuarama, se não fosse isso haveria muito desemprego e seria muito ruim para o desenvolvimento da nossa cidade (GRUPO 2).
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Para finalizar, os alunos participaram do jogo: “Quem é quem no mundo
da cana-de-açúcar”, para completar o estudo aplicado ao tema. O jogo foi uma
oportunidade de os alunos trocarem informações e concluir algumas questões. A
atividade com jogos contribuiu para a integração e expressão individual e coletiva.
Por meio do jogo, os alunos ampliaram os seus conhecimentos relativos à
temática abordada, exercitaram a atenção, a percepção, a colaboração e a
solidariedade.
5 Conclusão
Concluiu-se que a cana-de-açúcar apresenta impactos negativos como a
erosão, compactação e contaminação do solo, bem para os recursos hídricos,
mas também positivos, constituindo em um importante agente econômico para a
geração de riquezas para o país.
A preocupação da comunidade científica e da sociedade com a
sustentabilidade do planeta contribui para a possibilidade de cultivo orgânico da
cultura da cana-de-açúcar. Isso tem levado os produtores a adequar a atividade
agrícola a uma ação que seja ambientalmente correta e economicamente viável,
crescendo a procura por métodos alternativos ao controle químico, abrindo, desta
forma, grande oportunidade para a implementação de pesquisas com agentes de
controle biológico.
As estratégias diferenciadas envolvendo exposição oral do conteúdo,
palestra, pesquisas na internet, debates e trabalhos em grupo, os vídeos
ilustrativos e jogos contribuíram para debater os impactos adversos causados
pela monocultura da cana-de-açúcar no meio ambiente. O fato de conhecer a
história da cana-de-açúcar, compreender os seus desdobramentos negativos e
positivos, foi uma tarefa importante, levando professor e alunos a abrir-se para
novos conhecimentos.
Observou-se que ao modificar a postura frente a uma concepção teórica,
o docente altera o tratamento metodológico dado aos conteúdos, vislumbrando-se
29
a possibilidade de uma retomada no processo de ensino e aprendizagem em
Geografia. Ao serem orientados por meio de um processo de interação e
interiorização, num clima estimulador, os alunos são capazes de
compartilhar/construir novos conhecimentos de maneira significativa.
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