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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE NUCLEO REGIONAL DE CURITIBA
ÁREA: GESTÃO ESCOLAR
RUTHI MARA TRENTIN MORAES
GESTÃO ESCOLAR: O COTIDIANO DO GESTOR NA ESCOLA PÚBLICA
CURITIBA 2012
GESTÃO ESCOLAR: O COTIDIANO DO GESTOR NA ESCOLA PÚBLICA
RUTHI, Mara Trentin Moraes1
MARIELDA, Ferreira Pryjma2
RESUMO
Este artigo é o trabalho final de uma das três importantes etapas de
atividades do Programa de Desenvolvimento Educacional, que visou ofertar ao
professor PDE condições de atualização e aprofundamento de seus
conhecimentos, permitindo uma reflexão teórica sobre a prática e possibilitando
mudanças na sua vida profissional. A implementação deste projeto aconteceu
na Escola Estadual Dom Pedro ll – Ensino Fundamental – no período entre
julho a outubro de 2011. Participaram deste, pedagogos, professores, agentes
educacionais l e ll e a comunidade externa. Seu tema central abordou a relação
existente entre as atribuições do gestor escolar e a prática cotidiana da gestão
na escola pública e buscou envolver a comunidade neste com o objetivo de
delinear um caminho que assegure, coletivamente, o sucesso do processo
educacional. Os resultados indicam que: é neste contexto que o gestor
necessita ter uma visão global e holística da instituição para assegurar que a
gestão se efetive com qualidade; ele não deve se ater apenas a uma área
específica de atuação devendo ampliá-la para todos os setores da escola; ele,
também, deve atuar como articulador de demandas e soluções em todas as
áreas, como um líder cooperativo; e, deveria articular a adesão e a participação
de todos os segmentos da escola, aglutinando as aspirações, desejos e
expectativas da comunidade escolar em prol de objetivos comuns. O estudo
indica, desta forma, que para a ação do gestor atender aos novos anseios
sociais, numa perspectiva democrática e compartilhada, este deve assumir um
1 Autor: Professora da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná. Participante do Programa
de Desenvolvimento Educacional – PDE – 2010/2012 – Gestão Escolar, Núcleo de Curitiba. 2 Orientadora: Professora Doutora, Departamento de Educação da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná – UTFPR. Campus Curitiba.
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novo papel no sentido de mediar, direcionar e liderar os profissionais da
instituição da educação pública.
Palavras chave: atribuições do gestor, ensino-aprendizagem, integração,
democrática, desafios.
ABSTRACT:
This article is the final work of one of three important stages of the
Educational Development Program, which aimed to offer the teacher PDE
conditions to update and deepen their knowledge, allowing a theoretical
reflection on practice and possible changes in their professional lives. The
implementation of the project occurred in the State School - Elementary School
Dom Pedro II. It’s central theme addressed the relationship between school
manager attributions and the practice of the school management at a public
school, involving the community to better define a path to ensure the success of
the educational process. It ends by arguing that: the manager needs to have a
comprehensive and holistic view of the institution and can not focus in just one
specific área. Should also act articulating demands and solutions in all areas, as
co-operative leader who can articulate the support and participation of all
segments of the school, bringing together the aspirations, wishes and
expectations of the school community towards common. The article indicates
that the school manager actions must meet variable social expectations in a
democratic and shared perspective and must assume a new role of mediating,
directing and leading professionals in the institution of public education.
Key words: manager attributions, teaching and learning, integration,
democratic challenges.
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INTRODUÇÃO:
A gestão da escola, que vai muito além da mobilização dos sujeitos,
necessita de organização e articulação das condições materiais e humanas,
com definição de metas educacionais, sociais e políticas que são propostas
pela educação brasileira.
Nas últimas décadas, a gestão da educação brasileira tem apresentado uma tendência pela atuação urgente no planejamento, implantação e implementação de ações voltadas ao desenvolvimento dos processos sócio-políticos educacionais das instituições de ensino, especialmente aquelas ações direcionadas à promoção da aprendizagem dos alunos (Naura, 2008, p.7 ).
Nesta perspectiva, as atribuições do gestor da escola pública precisam
ser revistas diante das dificuldades enfrentadas no cotidiano, pois a realidade
atual mostra a complexidade de desenvolver inúmeras tarefas nas diferentes
áreas de atuação, sejam administrativas, pedagógicas, estruturais ou de
pessoal, assim como realizar ações que promovam a integração das mesmas.
Desde o ano de 2005, a gestão dessa escola de ensino fundamental
trouxe a oportunidade de vivenciar conquistas e detectar grandes fragilidades
que demonstram a impossibilidade de uma atuação do gestor que possibilite
realizar a ações direcionadas à promoção da aprendizagem dos alunos. O
objetivo principal é torná-los capazes de enfrentar dignamente as nuances da
sociedade globalizada e do mundo pós-moderno. Para que esta atuação se
efetive, faz-se necessário vencer as fragilidades no que diz respeito à falta de
pessoal, sejam estes profissionais do quadro próprio ou não, além de
pedagogos, professores, inspetores de alunos, bibliotecários, agentes
educacionais l (serviços gerais) e, principalmente, profissionais participativos,
que estejam não somente envolvidos, mas também comprometidos com a
educação.
A gestão escolar pode ser vista como algo que visa promover a
organização, a mobilização e a articulação das condições necessárias para
assegurar o progresso dos processos sócio-educacionais das instituições de
ensino, direcionados para a promoção efetiva da aprendizagem pelos alunos
em um mundo baseado no conhecimento.
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Compete à gestão escolar estabelecer o direcionamento e a mobilização
capazes de sustentar e dinamizar a cultura das escolas, de modo que sejam
orientadas para resultados, isto é, um modo de ser e de fazer caracterizado por
ações conjuntas, associadas e articuladas.
Sem esse enfoque, os esforços e gastos são despendidos sem muito resultado, o que, no entanto, tem acontecido na educação brasileira uma vez que se tem adotado, até recentemente, a prática de buscar soluções rápidas, localizadas e restritas, quando, de fato, os problemas da educação e da gestão escolar são globais e estão inter-relacionados (Marastoni, 2004, p. 131).
Este artigo aborda um breve histórico da administração escolar, seu
desdobramento e seus processos de constituição teórica, bem como a atuação
do gestor escolar na administração moderna.
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DESENVOLVIMENTO:
O cotidiano da escola pública geralmente tem diversas demandas
resolvidas por um pequeno grupo de pessoas, dado que não há o número
suficiente de pedagogas e funcionários na escola para dar conta das situações
que se apresentam. Dessa maneira, a maioria dos problemas que surgem e
mesmo aqueles corriqueiros do âmbito escolar, acabam por ficar sob a
responsabilidade do diretor escolar.
Partindo da observação dos problemas sociais como um todo e a
preocupação com os caminhos da educação, buscamos captar, através da
mediação de uma atividade reflexiva, uma gestão escolar em uma perspectiva
democrática voltada para as necessidades atuais dos alunos.
É clara a dimensão pedagógica do trabalho do diretor, o qual pode ser
facilitado e melhor realizado quando atua em conjunto com o conselho escolar.
Na intenção de diminuir a hierarquização dentro da escola, Vitor Paro sugere
que
a existência de mecanismos de ação coletiva como (...) o Conselho Escolar, (...) que deveriam propiciar a participação mais efetiva da população nas atividades da escola, mas parece não estar servindo satisfatoriamente a essa função, em parte devido a seu caráter formalista e burocratizado (PARO, 2004, p.45-46).
A responsabilidade da gestão democrática sobre o diretor consiste em
designá-lo como responsável por garantir a democracia na escola. É com este
olhar que tentamos aprofundar e compreender o lado pedagógico da ação
política e o político da ação pedagógica na gestão escolar, reconhecendo que a
educação é essencialmente um ato de conhecimento e de conscientização,
mas que, por si só, não leva uma sociedade a se libertar da opressão. O maior
comprometimento rumo ao processo democrático e a verdadeira cidadania se
constrói nas relações humanas, pois elas encerram um grande potencial de
direção na missão de transformar a sociedade que se encontra em evolução.
O compromisso de que se argumenta é o compromisso do profissional
que envolve a decisão lúcida e profunda de quem o assume, aderindo o
desafio da diversidade a serviço da unidade.
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Concebida a educação como um processo contínuo e permanente, reforçamos que a atribuição do profissional de educação perante a sociedade é de desenvolver atividades em colaboração com um processo de transformação, mediante a conscientização dos indivíduos a fim de cumprir o papel de agente de mudança (Arrio, 1998).
O presente estudo demonstra que a escola é o meio precursor deste
importante fenômeno social, mas, para isso, é necessário desenvolver
atividades com vistas à realização de tais fins. Desta forma, entende-se que os
profissionais da educação devem ter plena consciência para atuarem com
compromisso e precisão, com o intuito de atender aos interesses da
comunidade e respeitando suas tradições, valores e cultura.
A necessidade de mudança, ou seja, de implantação de novas formas
de ação e desempenho do educador deve ser entendida por todos os sujeitos
envolvidos no processo educacional, desenvolvida através de uma comunidade
participativa, consciente e apoiada no trabalho coletivo, pois o foco da atenção
deve ser o aluno.
O estudo da gestão escolar, entendida com os princípios e os processos
da direção e organização escolar, põe em destaque a estrutura escolar, dentro
da qual se movem certas exigências de racionalidade do processo de ensino e
de coordenação do trabalho conjunto que se realiza na escola. Deste modo,
destaca-se o papel de gestor da escola, como agente integrador e articulador
das ações encaminhadas visando os objetivos pedagógicos e sociais da
instituição escolar.
A educação sempre foi a forma utilizada pelo homem para passar e
repassar os conhecimentos por ele adquiridos e preparar as novas gerações. O
caminho em busca da gestão democrática é muito árduo no sentido de se
enfrentar conflitos e obstáculos dentro das variáveis do ambiente externo. “(...)
uma escola não é democrática só por sua prática administrativa. Ela torna-se
democrática por suas ações pedagógicas e essencialmente educativas”
(FONSECA, 1994, p. 49).
No entanto, o comprometimento do gestor escolar com a evolução dos
alunos e a função de educador, solicita que este desenvolva metas e ações
para superação dos obstáculos que a realidade diária coloca no caminho.
Ademais, a criação de condições e situações favoráveis ao bem-estar
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emocional e à formação global dos alunos em face as necessidades atuais e
essenciais são, em linhas gerais, o papel fundamental da escola e depende da
atuação dos elementos que ocupa as diversas posições. Nesse sentido, a
formação do gestor é muito importante para o seu papel de líder, coordenador
e gestor da política da função social da escola.
Assim, o estudo proposto possibilita compreender as contradições que
se expressam ao se buscar o exercício da prática da gestão democrática na
escola, especialmente na sociedade capitalista em que a educação se submete
aos interesses dos segmentos dominantes da sociedade. A Lei 9.394/96, de
Diretrizes e Bases da Educação, inciso VIII, possibilita às escolas muita
flexibilidade e abertura no processo educacional brasileiro (BRASIL, 1996).
Essas mudanças expressam o momento histórico que a sociedade brasileira
está vivendo e como instituição fundamental no processo de transformação
social, a escola não pode ficar afastada deste processo.
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MODELO PROPOSTO
Os procedimentos metodológicos necessários à realização da pesquisa
proposta foram realizados na Escola Estadual Dom Pedro ll – Ensino
Fundamental, partindo de uma abordagem qualitativa em descrever, analisar e
compreender efetivamente o processo de gestão democrática da escola
pública. A opção pela abordagem qualitativa refere-se à possibilidade que esta
apresenta na descrição do conhecimento a ser produzido na área educacional.
Este estudo busca estabelecer uma comparação entre as atribuições do gestor,
diante do que está posto pela Secretaria de Estado da Educação e o que a
realidade cotidiana da escola exige, visando uma melhor compreensão de uma
gestão participativa em busca de maior envolvimento e comprometimento dos
profissionais da educação na escola. A proposta, além de bastante relevante, é
extremamente necessária para a escola no momento em que se encontra
frente aos avanços educacionais, sociais e políticos que são exigidos pela
educação em um país em crescente desenvolvimento.
Através de auxílio de fontes bibliográficas que tratam da temática é
possível efetivar a construção do conhecimento proposto para a investigação,
gerando conhecimentos científicos significativos que também podem auxiliar
outros gestores educacionais no estudo da temática.
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ESTRATÉGIAS DE AÇÃO
Pretendeu-se com este trabalho analisar a função e as atribuições do
gestor escolar na atualidade, bem como o delineamento deste papel e a sua
relação com a prática de gestão na escola pública. A atuação cotidiana envolve
diferentes áreas, seja no atendimento aos alunos, professores, equipe
pedagógica, funcionários, comunidade externa ou questões legais. Com
relação à metodologia, foram envolvidos os profissionais da escola (equipe
pedagógica, professores, agentes educacionais l e ll e a comunidade externa)
através de grupos de estudos, discussões, reflexões e aplicação de
questionários. Os resultados obtidos com a implementação do projeto de
intervenção promoveram um espaço de convivência, que possibilitou aos
envolvidos, profundas reflexões acerca da sua profissão, criando possibilidades
de construção e reconstrução de conceitos. Através das atividades
desenvolvidas, os participantes puderam trocar experiências e compartilhar
percepções, valorizando as suas experiências profissionais e permitindo a
reflexão e a revalidação da sua prática profissional.
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ANÁLISES DOS RESULTADOS DAS ATIVIDADES:
A implementação e aplicação do projeto na Escola Estadual Dom Pedro
ll – Ensino Fundamental teve como principal objetivo promover um espaço de
convivência, que permitisse desenvolver atividades que oportunizassem
reflexões com a finalidade de construir e reconstruir conceitos e trocar
experiências que valorizassem a pró-atividade de cada profissional envolvido,
contribuindo assim para a reflexão de sua prática profissional. Pretendeu-se
ainda, oportunizar aos envolvidos, a socialização de várias questões ligadas ao
seu cotidiano escolar, assim como fornecer subsídios significativos a sua
contribuição no processo ensino-aprendizagem.
Com relação aos procedimentos metodológicos para a elaboração do
projeto, foram seguidas algumas especificações sobre cada uma das etapas
realizadas. Foi nesta perspectiva que as atividades foram desenvolvidas,
levando-se sempre em conta a aplicabilidade das questões levantadas,
vivenciadas e discutidas.
Foi importante ainda reconhecer as diferentes interpretações que os
envolvidos tinham do assunto, para avaliar e decidir com que estratégia seria
iniciada a abordagem dos temas discutidos, como o Histórico de Gestão
Escolar, os Princípios de Gestão, as Atribuições propostas para o gestor e sua
prática no cotidiano, o Papel do gestor e a Gestão Democrática. Foi formado
também um grupo de estudo sobre a importância do Conselho Escolar, suas
atribuições, composição, funcionamento, legislação, função política-
pedagógica, importância e aspectos gerais.
Para a coleta de dados foi utilizado como instrumento de pesquisa o
questionário e este teve foi diferente para cada público alvo escolhido. A seguir,
é possível conhecer os questionamentos realizados.
Equipe Pedagógica:
i. Quais os impasses encontrados no seu trabalho cotidiano?
ii. Em que a aplicabilidade do Projeto Pedagógico colabora para o
trabalho na escola?
iii. Na sua opinião, qual a autonomia do diretor na gestão da escola?
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iv. Quais setores você considera que o diretor deveria ter mais
autonomia?
v. Na sua opinião, a gestão da Escola conta com a participação dos
demais membros da comunidade interna e externa. De que
maneira?
vi. Qual a contribuição da Equipe Pedagógica na gestão da Escola?
vii. Na sua opinião, quais as maiores dificuldades no processo de
gestão das Escolas Públicas hoje?
Professores:
i. Quais os impasses encontrados no seu trabalho cotidiano?
ii. Explique como você percebe a gestão desta escola?
iii. Existe participação da comunidade escolar na gestão da
escola? De que forma?
iv. Os professores participam da gestão da Escola? Como?
v. Você acha que o gestor tem autonomia na sua prática diária?
vi. Na sua opinião, para um melhor desempenho no trabalho de
gestão escolar existe a necessidade de uma formação mais
específica?
vii. O que você sugere para melhoria no processo de gestão da
Escola Pública atual?
Funcionários:
i. Quais os impasses encontrados no seu trabalho cotidiano?
ii. Na sua opinião, qual o trabalho do gestor da escola?
iii. O seu trabalho auxilia na gestão da mesma? De que forma?
iv. A comunidade escolar participa na gestão da escola? De que
maneira?
v. Você acha que o gestor de escola pública, hoje, deve ter uma
formação específica?
vi. Quais as suas sugestões para a melhoria da gestão desta
escola?
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O grupo de estudo sobre Conselho Escolar, já explicado anteriormente,
indicou os seguintes resultados a partir de sua realização. Discorrendo sobre o
lugar que os conselhos ocupam na estrutura escolar, o professor BORDIGNON
propõe que:
(...) o conselho escolar deve existir para dizer aos dirigentes o que a comunidade quer da escola e, no âmbito de sua competência, o que deve ser feito. Os conselhos – é bom insistir – não falam pelos dirigentes (governo), mas aos dirigentes em nome da sociedade. (BORDIGNON, 2004, p. 34).
Para que o Conselho Escolar possa construir uma ação consciente,
ativa e relevante no acompanhamento da prática educativa, e nela,
especialmente, da aprendizagem dos alunos torna-se necessário refletir e
encaminhar algumas questões:
i. Qual a principal função do Conselho Escolar?
ii. Como lidar com as diferenças dos sujeitos que participam do
processo educativo?
iii. De que maneira se pode garantir a unidade da prática social na
educação?
iv. Que qualidade é própria de uma educação emancipadora?
v. Na prática educativa, quem ensina e quem aprende?
vi. Qual a melhor forma de acompanhar a prática educativa?
vii. Que dimensões e aspectos podem ser parâmetros para esse
acompanhamento?
viii. Como tornar transparente as ações da escola?
Percebeu-se que os participantes interagiram bem com as atividades
propostas, pelo fato de já ter se estabelecido uma integração no grupo e todos
ficaram à vontade para compartilhar suas ideias. Os participantes mostraram
contentamento em ter a possibilidade de refletir sobre questões pertinentes à
sua vida, à sua profissão e à sua prática, no sentido de reelaborar conceitos,
impressões ou atitudes nas suas vidas. Entendeu-se que foi um passo
importante e à medida que o grupo intensificou as reflexões, estas foram
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ficando mais sólidas e pertinentes com possíveis ações a serem tomadas na
escola.
Ao final de cada encontro, foi aplicado um instrumento de avaliação para
que os participantes registrassem seus apontamentos sobre o
encaminhamento dado na aplicação do projeto, endereçando assim novas
ações que se fizessem necessárias.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho foi de grande relevância, uma vez que possibilitou o
aprofundamento e a apropriação de conhecimentos sobre as exigências da
sociedade contemporânea do novo papel do gestor da escola pública.
As mudanças no panorama educacional, de educar na e pela
democracia, pressupõem a construção de um projeto educativo coletivo em
busca de uma nova organização do trabalho dentro da escola, onde as ações
devem ser repensadas e estruturadas tendo como base a possibilidade de
participação dos diferentes segmentos e tornando os atores do processo
educacional cada vez mais responsáveis, criativos e, conseqüentemente, mais
envolvidos no processo de gestão e melhoria da educação.
A construção da escola democrática passa por um longo período de
conscientização a ser refletida entre gestor, equipe pedagógica, professores,
alunos, pais de alunos e comunidade no geral, pois é impossível mudar a forma
atual de gestão sem mudar a concepção de que o sucesso da escola reside
unicamente na pessoa do gestor ou uma estrutura administrativa autocrática na
qual estariam centralizadas todas as decisões.
Enfim, cabe aos gestores atuais, pró-ativamente, criarem condições para
fazer com que todos sintam o desejo e compreendam a importância de se
envolver e participar da gestão da escola pública com o compromisso da
construção de uma sociedade mais justa e democrática.
É este o grande desafio do gestor da escola pública, que concentra um
poder que lhe foi concedido como um funcionário do Estado, o qual espera dele
o cumprimento de condutas administrativas nem sempre coerentes com
objetivos autenticamente educativos. O gestor é também, ao mesmo tempo, o
responsável por uma administração que tem por objeto a escola, cuja
atividade-fim, o processo pedagógico, e que condiciona suas atividades-meio e
exige, para que ambas se desenvolvam com rigor administrativo, determinada
visão de educação e condições materiais de realização que não lhe são
satisfatoriamente providas pelo Estado ou pela sociedade no modo geral.
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