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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

Av. Água Verde, 2140 – CEP 80240-900 – Curitiba - Paraná

LUCINÉIA APARECIDA VALIM DA SILVA

O CINEMA COMO FONTE NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE

HISTÓRIA

CADERNO PEDAGÓGICO

LONDRINA

2011

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LUCINÉIA APARECIDA VALIM DA SILVA

O CINEMA COMO FONTE NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

DE HISTÓRIA

Produção Didático- Pedagógica apresentada –

Caderno Pedagógico – apresentado ao

Programa de Desenvolvimento Educacional da

SEED/PR, em parceria com a Universidade

Estadual de Londrina – UEL , área curricular

de História.

Orientadora: Prof. Dra. Regina Célia Alegro

LONDRINA

2011

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SUMÁRIO

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO.............................................................................03

APRESENTAÇÃO...............................................................................................04

UNIDADE I

- A Importância das Fontes Históricas e o uso do cinema no Ensino de

História..........................................................................................................06

UNIDADE II

- O Cinema e os filmes comerciais.............................................................11

- O filme como documento.......................................................................... 12

UNIDADE III

- Sugestões para o trabalho didático - o cinema como fonte....................15

1 - Planejando a utilização do filme............................................................15

2 - A importância da escolha do filme.........................................................16

3 - Como trabalhar o filme...........................................................................16

4 - Análise do filme ( sugestões de atividades)...........................................17

5 – Questões para serem trabalhadas a partir do filme..............................18

UNIDADE IV

- Filme para análise: Narradores de Javé....................................................20

- Filme para análise: Cinema Paradiso........................................................21

- Filme para análise: Quanto Vale ou é Por Quilo.......................................22

- Filme para análise: Tempos Modernos.....................................................23

Referências Bibliográficas..............................................................................25

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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professor PDE: Lucinéia Aparecida Valim da Silva.

Área PDE: História.

NRE: Londrina.

Professor Orientador IES: Profª Drª Regina Célia Alegro.

IES vinculada: Universidade Estadual de Londrina.

Escola de Implementação: Colégio Estadual Nilo Peçanha.

Público objeto de intervenção: Professores do Ensino Fundamental e Médio.

Tema de Estudo: - O cinema como fonte no ensino de História.

Título da Produção Didática: O cinema como fonte no processo de ensino e aprendizagem

em História.

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APRESENTAÇÃO

Vivemos em uma sociedade que nos apresenta a cada dia uma novidade,

quer cultural, científica, tecnológica, ou seja, em todas as áreas vemos grandes

avanços. Nesta perspectiva, olhamos para o ensino em nossas escolas públicas, a

tecnologia tem chegado a muitas delas, em outras esta bem distante. O grande

desafio é através dos recursos que possuímos alcançarmos a aprendizagem, que só

ocorre a partir do empenho em buscarmos material de ensino que nos auxilie nesta

tarefa. O desafio não é apenas termos material, mas utilizá-los de forma adequada,

de acordo com o contexto de sala de aula. Diante desta visão nos cabe buscar

alternativas didáticas para alcançarmos nosso objetivo. CINELLI (2003, p.13),

afirma:

Começa a era da comunicação audiovisual e eletrônica, e se trata de um processo complexo que abrange a pedagogia, a psicologia e a sociologia, que por sua vez, engloba o racional e o imaginário e formula problemas teóricos, abstratos, como também problemas de material, técnica e de infra-estrutura.

O propósito do presente trabalho é buscar alternativas para a utilização do

cinema com fonte de ensino e aprendizagem em História, tendo em vista o grande

potencial que este possui. Para tanto, se faz necessário compreendermos o mesmo

e como utilizá-lo de forma mais eficaz. É fundamental, conhecermos uma pouco

mais, sobre a importância da utilização das fontes, assim como o filme como

documento, tendo-se o cuidado na análise pois, os filmes comerciais, tem como

primeiro objetivo a vendagem ou seja, o comércio e não é produzido

especificamente, para fim didático, o que leva a necessidade de conhecimento

prévio de como utilizar esta fonte e cuidados a serem tomados.

Ao optarmos pela utilização do filme como fonte é importante conhecermos

os procedimentos básicos para a exploração deste documento. É importante

também, se valer dos saberes dos professores que utilizam esta prática e a reflexão

para que haja o aprimoramento da aprendizagem. Diante disto a proposta de

trabalharmos com professores para através das reflexões propostas, auxiliá-los no

grande desafio educacional de proporcionarmos uma melhor forma de levarmos os

alunos a um maior interesse, assim como, a uma melhor qualidade de ensino e

chegarmos a prática da aprendizagem.

Em síntese, esta produção será desenvolvido no intuito de auxiliar

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professores em sua prática de ensino, utilizando-se da rica alternativa que é a

utilização do filme como fonte em suas aulas.

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UNIDADE I

A IMPORTÂNCIA DAS FONTES HISTÓRICAS E O USO DO CINEMA NO ENSINO

DE HISTÓRIA

O ensino de História tem papel fundamental na formação da consciência

histórica, para tanto, cabe-nos reconhecer a relação que se estabelece na sala de

aula entre professor, aluno e a fonte utilizada. “Se consideramos que a

aprendizagem é contextualizada socialmente, as experiências, o enfoque e os

métodos de ensinar afetam necessariamente o nível de pensamento histórico”.

(BARCA, 2006, p.108).

A consciência histórica compreende-se pela capacidade da consciência

humana de realização que leva a “procedimentos que dá sentido ao passado com a

finalidade de orientar a vida prática através do tempo”. (RUSEN, 2006, p.15). Estes

procedimentos (tempo e narrativa) são os referenciais que permitem a compreensão

do hoje através da narrativa sobre o passado. (LIMA, 2009).

É fundamental a definição da metodologia de ensino, pois esta necessidade

está relacionada àquela da “aproximação” entre o conteúdo a ser trabalhado e o

aluno.

Assim, na perspectiva da metodologia do ensino baseada na pesquisa, os conteúdos só serão úteis se puderem ser manipulados pelos alunos com a finalidade de se promover o desenvolvimento do seu pensamento histórico. [...] Acredita-se que é só esse tipo de trabalho que pode formar estudantes que compreendam o conhecimento histórico em sua dimensão mais complexa, como objeto cultural, como construção. Essa é a perspectiva que, a nosso ver, poderá formar estudantes efetivamente críticos ao compreenderem [...]. Essa perspectiva do múltiplo, do diverso, da convivência dos contrários é fundamental no trabalho em sala de aula na atualidade. (LIMA, 2009, p.12 ).

No repensar da prática escolar é preciso buscar alternativas, através de

fontes, para que o processo ensino-aprendizagem em História seja alcançado, pois

esta é uma carência dos professores, tanto no Brasil como em outros países. A

busca de fontes sempre foi uma necessidade no estudo da História, pois, “Ser

historiador [...], além de outras qualidades, sempre exigiu erudição e sensibilidade

no tratamento de fontes, pois delas depende a construção convincente de seu

discurso” (JANOTTI, 2010 p.10).

Nas últimas décadas, passamos por reformulações educacionais que

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impõem a necessidade da busca de novas formas de desenvolvimento da prática

pedagógica na disciplina de História. Com isto, se evidencia a necessidade de

abandonar a “zona de conforto” de práticas já consagradas – por exemplo, utilização

exclusiva do quadro de giz e livro didático – e buscar alternativas para dinamizar as

aulas, bem como, levar o educando a um maior interesse e desempenho nas aulas

de História.

A escola sofre e continua sofrendo, cada vez mais, a concorrência da mídia, com gerações de alunos formados por uma gama de informações obtidas por intermédio de sistemas de comunicações audiovisuais, por um repertório de dados obtidos por imagens e sons, com formas de transmissão diferentes das que têm sido realizadas pelo professor que se comunica pela oralidade, lousa, giz, cadernos e livro, nas salas de aula. (BITTENCOURT, 2005, p.14)

O olhar para o trabalho a ser desenvolvido nos remete a importância da

compreensão das fontes, para tanto, é necessário compreender a diferenciação

entre as fontes e recursos. Fonte histórica “é todo e qualquer tipo de registro e

vestígio do passado deixado por sujeitos históricos, que permite a análise,

interpretação e reconstrução de um acontecimento ou período histórico”. (ABRÃO,

2002). Por sua vez, o recurso didático pode ser compreendido como “componentes

do ambiente de aprendizagem que estimulam o aluno”. Pode ser o monitor, livros e

recursos da natureza, etc. “[...] Recursos didáticos são métodos pedagógicos

empregados no ensino de algum conteúdo ou transmissão de informações”. (UEM,

2008). Com base nestes conceitos podemos verificar que a fonte histórica é um

recurso didático a ser utilizado no trabalho docente com o objetivo de realizar a

proposta pedagógica.

As fontes audiovisuais (cinema, televisão e registros sonoros) cada vez mais

são utilizadas na pesquisa histórica e passam a ser consideradas como fontes de

ensino. “A força das imagens, mesmo quando puramente ficcionais, tem a

capacidade de criar uma “realidade” em si mesma, ainda que limitada ao mundo da

ficção, da fábula encenada e filmada”. (NAPOLITANO, 2010, p. 237).

Vale salientar que a fonte audiovisual possui atrativos aos alunos e ao

mesmo tempo é rica em possibilidades. O acesso dos alunos à tecnologia e o

grande interesse por estes recursos podem ser mais bem utilizados no ensino de

História.

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Vídeo, na concepção dos alunos, significa descanso e não "aula", o que modifica a postura e as expectativas em relação ao seu uso. Precisamos aproveitar essa expectativa positiva para atrair o aluno para os assuntos do nosso planejamento pedagógico. Mas, ao mesmo tempo, saber que necessitamos prestar atenção para estabelecer novas pontes entre o vídeo e as outras dinâmicas da aula. (MORÁN, 1995, p. 28).

Na sala de aula percebe-se que, mesmo os alunos tendo acesso regular a

filmes, utilizam os mesmos apenas por lazer e é necessário trabalhar filmes de modo

que percebam o seu valor como documento, bem como, compreender a

“complexidade da sua linguagem áudio-visual”. (FERRO, 1992, p. 83).

Para que haja o aproveitamento do conteúdo de um filme (vídeo) é

necessário que se conheça o recurso didático ou, o documento, a ser utilizado no

ensino: “A vantagem do vídeo é que ele pode apresentar o movimento [...]. Dessa

maneira, as possibilidades do vídeo educativo foram aumentadas, o que passa a

fazer dele elemento imprescindível na apresentação e visualização de determinados

assuntos”. (CINELLI, 2010, p. 37).

A utilização do filme torna-se de grande valia levando a um universo a ser

desvendado na prática pedagógica. Professores de História muitas vezes deixam de

explorar essa fonte como recurso didático também de utilizar-se dela como

documento para o estudo da História. É preciso estabelecer a relação entre cinema,

ensino e pesquisa nas aulas de História.

O vídeo é sensorial, visual, linguagem falada, linguagem musical e escrita. Linguagens que interagem superpostas, interligadas, somadas, não-separadas. Daí a sua força. Somos atingidos por todos os sentidos e de todas as maneiras. O vídeo nos seduz, informa, entretém, projeta em outras realidades (no imaginário), em outros tempos e espaços. (MORÁN, 1995, p. 28).

Desde a escola dos Annales se estabelece uma nova concepção histórica

assim como a busca de novas fontes históricas tornando-se hoje necessário uma

análise e estudos sobre sua utilização no ensino. Através desta escola passa-se a

viver um novo momento na concepção histórica, sobretudo, no tocante a utilização

de fontes, rompeu com a historiografia tradicional, e o cinema passa a ser visto

como uma importante fonte documental sob o ponto de vista de que um documento

é uma fonte de informação (NAVARRETE, 2008).

Vale salientar que a temática cinema e educação no Brasil existe desde as

primeiras décadas do século XX. Em 1910, criou-se a Filmoteca do Museu Nacional

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e em 1912, foram produzidos os primeiros filmes educativos sobre índios. Em 1925,

criou-se a “Comissão de Cinema Educativo”, organizado por Fernando Azevedo, que

estabeleceu o uso do cinema nas escolas primárias, com a instalação de aparelhos

de projeção. A partir de 1930, obras foram escritas sobre o tema, que levou a um

debate sobre a utilização do cinema como fonte de ensino. Mesmo nos anos 1970,

durante a ditadura civil militar brasileira, o cinema passou a ser utilizado como

“recurso audiovisual” para o ensino.

Em meados de 1980, educadores discutem o cinema como recurso didático.

E assim vê-se a cada dia o cinema mais incorporado à prática didática, cabendo

então um estudo mais aprofundado sobre a utilização do mesmo. (CATELLI, 2003).

Através do cinema e imagens, temos como analisar o contexto social,

político, econômico e cultural de uma época, cabendo então a necessidade de um

aprofundamento sobre o cinema como fonte histórica, embora, esta elaboração

precise de uma habilidade para a análise, pois o mesmo muitas vezes serve ao

interesse de alguns.

Porém, o fundamental, para além de simples motivação e facilitação da

aprendizagem, é considerar o filme como documento histórico. Ou seja, é um

documento que de alguma forma leva ao conhecimento de fatos ocorrido num

contexto de tempo e espaço. O cinema serve a história como fonte, seja para a

análise do pensamento social de uma sociedade, seja para recorte histórico

recontando um fato da história, ou ainda, como obra ficcional que demonstra os

anseios da humanidade de certa época. (PASCHOA, 2010).

A escola sofre e continua sofrendo, cada vez mais, a concorrência da mídia, com gerações de alunos formados por uma gama de informações obtidas por intermédio de sistemas de comunicações audiovisuais, por um repertório de dados obtidos por imagens e sons, com formas de transmissão diferentes das que têm sido realizadas pelo professor que se comunica pela oralidade, lousa, giz, cadernos e livro, nas salas de aula. (BITTENCOURT, 2005, p.14).

Ao longo do tempo podemos observar a evolução também da produção

cinematográfica e com ela, da “indústria cinematográfica”, que por vezes

reproduzem a ideologia dominante, diante disto, faz-se necessário um olhar didático

para os mesmos, levando ao despertar do senso de análise e senso crítico nos

alunos.

Ao pensar o cinema como fonte é possível destacar que o cinema leva à

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percepção de um mundo, com sons, luzes e movimento, ou seja, o professor tem ao

seu dispor uma fonte com a possibilidade de tornar as aulas mais dinâmicas. Porém,

é preciso considerar que “Em História, a necessidade da aprendizagem é orientada

para uma leitura contextualizada do passado a partir da evidência fornecida por

variadíssimas fontes”. (BARCA, 2006, p. 95).

A compreensão de versões historicamente apresentadas por diferentes

fontes requer primeiro o reconhecimento de procedimentos básicos de leitura de

documentos e depois, aqueles procedimentos demandados para o estudo do

documento específico, no caso, o filme.

O cinema descobriu a história antes de a História descobri-lo como fonte de

pesquisa e veículo de aprendizagem escolar. (NAPOLITANO, 2010, p. 240). Diante

do desafio da utilização do filme, sobretudo, dos filmes históricos, a compreensão de

todo o contexto que envolve sua produção torna-se necessário, assim como uma

análise historiográfica “não é apenas o que se encena do passado, mas como se

encena e o que não se encena do processo ou evento histórico que inspirou o filme

(NAPOLITANO, 2010, p. 275).

É fundamental uma análise do filme a ser trabalhado:

O que importa é não analisar o filme como “espelho” da realidade ou como “veículo” neutro das idéias do diretor, mas como o conjunto de elementos, convergentes ou não, que buscam encenar uma sociedade, seu presente ou seu passado, nem sempre com intenções políticas ou ideológicas explícitas. (NAPOLITANO, 2010, p. 276).

Quanto mais informações tivermos sobre o filme, maiores serão as

facilidades para o desenvolvimento do encaminhamento pedagógico. Com a

utilização do filme como fonte de ensino em História, a intenção é contribuir para

reflexão, sobre as melhores formas da utilização deste importante recurso

pedagógico. Vale salientar que este recurso auxilia tanto na prática docente como

das atividades discentes, como podemos verificar através de diversos autores.

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UNIDADE II

O CINEMA E OS FILMES COMERCIAIS

O cinema possui varias finalidades e se faz presente também no espaço

escolar. Mas o que é o cinema? A Wikipédia (acesso em 31/05/2011) afirma replica

uma idéia geral sobre cinema disseminada na internet:

Cinema (do grego: κίνημα - kinema "movimento") inclui a técnica de projetar imagens para criar a impressão de movimento, bem como uma arte e a indústria cinematográfica. As obras cinematográficas (mais conhecidas como filmes) são produzidas através da gravação de imagens do mundo com câmeras, ou pela criação de imagens utilizando técnicas de animação ou efeitos visuais. Os filmes são feitos de uma série de imagens individuais chamadas fotogramas. Quando essas imagens são projetadas de forma rápida e sucessiva, o espectador tem a ilusão de que está ocorrendo movimento. A cintilação entre os fotogramas não é percebida devido a um efeito conhecido como persistência da visão, pelo qual o olho humano retém uma imagem durante uma fração de segundo após a fonte ter sido removida. Os espectadores têm a ilusão de movimento devido a um efeito psicológico chamado movimento beta.

A expressão “cinema” utilizada em tempos recentes reporta-se ao primeiro

aparelho para o registro e exibição de filmes era chamado de cinematógrafo. O

cinema é um artefato cultural, uma forma de entretenimento, educar e até “doutrinar”

as pessoas.

O cinema é uma arte, e como tal está a nossa disposição não apenas para ser uma visão Hollywooiana de entretenimento, mas também um pontode partida na reflexão dos fenomenos sociais, políticos e culturais. E assim fomenta uma ponte entre conteúdo e a vida, no qual não sabemos mais se é o cinema que imita a vida ou a vida que imita a arte. (PASCHOA, 2010, p.2 ).

Nossa intenção é compreender sobretudo, a utilização do cinema comercial

no processo educativo nas aulas de História.

No contexto escolar o filme fornece subsídios para o desenvolvimento do

trabalho pedagógico não apenas na disciplina de História, mas também das demais,

pois, como afirma Paschoa (2010):

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[...] estimulam debates e ampliam a percepção da turma sobre o assunto em pauta ou ainda despertar questionamentos sobre determinada cena vivenciada pelo educando ou que faz parte de sua realidade social, serve para correlacionar passado e presente.

O cinema comercial pode ser visto por todos, não é necessário possuir

capacidade de análise para a utilização do mesmo, porém, as produções

cinematográficas é voltada para o perfil do consumidor e um dos alvos destas

produções são crianças, adolescentes e jovens. Segundo Napolitano (2010, p. 26),

“Um dos subgêneros mais interessantes do cinema comercial, não diretamente

voltado ao público infanto-juvenil e jovem, mas passível de ser trabalhado em sala

de aula, são os dramas escolares, envolvendo professor ee alunos”. Por sua vez

filmes de ordem existencial, ética, sociologica e psicológico, como afirma Napolino,

auxilia na formação de postura frente as situação da vida diária sobretudo dos

jovens. Napolitano (2010, p. 75), em apontamentos sobre as escolas

cinematográficas clássicas (citado por XAVIER, 1977) refere-se ao Naturalismo

“hollywoodiano:

a) Características: a montagem neutraliza a descontinuidade elementar da obra fílmica; há uma busca de identificação com o espectador; impressão de realidade; interpretação e cenários naturalistas; gêneros narrativos convencionais (faroeste, melodrama, fantasia); ritmo homogênero e fluência narrativa rápida.

b) Comentário: esste tipo de escola , segundo alguns críticos de esquerda, aponta para a invisibilidade dos meios produtores da realidade fílmica, reproduzindo a alienação do prodto industrial na sociedade capitalista. Para a maioria dos espectadores é sinônimo de cinema de qualidade.

c) Obras paradigmáticas : Intolerância (David W. Griffith, 1916);... E o vento levou (Victor Fleming, 1939).

A utilização do cinema como fonte é ao mesmo tempo a visão de que o

cinema

[...] é o campo no qual a estética, o lazer, a ideologia e os valores sociais mais amplos são sintetizados numa mesma obra de arte. Assim, dos mais comerciais e descomprometidos aos mais sofisticados e “difíceis”, os filmes têm sempre alguma possibilidade para o trabalho escolar [...]. (NAPOLITANO, 2010, p. 12).

O filme como documento

Um aspecto elementar que leva o filme a condição de documento é a

reflexão que o mesmo propõe com a análise de um vestígio que leve a compreensão

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da existência do passado. Porém, para que o mesmo seja reconhecido como

documento para a historiografia é necessário verificar “a concepção de História do

pesquisador e o valor intrínseco do documento.

A reformulação dos conceitos e métodos da História desenvolvida na década

de 1970, através da Escola de Analles, na França, tornou possível a utilização do

filme como documento. “O filme (...) passou a ser encarado enquanto testemunho da

sociedade que o produziu, como um reflexo – não direto e mecânico – das

ideologias, dos costumes e das mentalidades coletivas”. (NOVA, 2011, p. 2). O filme

que possui como temática um acontecimento histórico poderá ser estudado tanto

pelo historiador como em sala de aula, primeiro como testemunhos da época na qual

foram produzidos e da representação do passado. Diante da diferenciação dos

documentos o historiador Marc Ferro afirma que existem:

[...] duas vias de leitura do cinema acessíveis ao historiador: a leitura histórica do filme e a leitura cinematográfica da história. A primeira corresponde à leitura do filme à luz do período em que foi produzido, sou seja, o filme lido através da história, e a segunda à leitura do filme enquanto discurso sobre o passado, isto é, a história lida através do cinema e, em particular, dos “filmes históricos”. (NORA, 2011, p. 2).

A análise do filme como documento nos leva a necessidade de buscar a

“realidade através da ficção”. Por isso a necessidade de fazermos uma leitura da

produção assistida. Através de um filme podemos buscar a compreensão “de

gestos, do vestuário, do vocabulário, da arquitetura e dos costumes da sua época,

sobretudo aquelas e que o enredo é contemporâneo à sua produção”. (NORA,

2011). Vale salientar que um filme nunca revela todo o real, ou seja, “a verdade

plena” de um fato histórico, pois existe a representação do real.

Uma das características fundamentais do “filme histórico” tradicional, principalmente o holywoodiano – que é o mais difundido e popular e cujo modelo se entende, em maior ou menor grau, a outros centros de produção que por ele são direta ou indiretamente influenciados – é a primazia dada à emoção em detrimento do aspecto racional. (NORA, 2011, p.8).

Nora (2011) propõe uma classificação dos filmes não-documentários, ou

seja, “filmes históricos” que se reporta ao passado. Entre ele podemos citar:

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Reconstrução histórica: filmes que retratam acontecimentos históricos com

comprovação pela historiografia e de personagens históricos reais, ou seja, interpretações históricas. Exemplos: A lista de Schindler (l993, S. Spilberg), Spartacus (l960, S. Kubrick), 1592: a conquista do paraíso (1992, Ridley Scott).

Biografia histórica: retrata a importância de pessoas que marcaram a

história da humanidade. Exemplos: Cromwel (1970, Ken Hughes), Rosa Luxemburgo (1986, Margareth Von Trotta).

Filme-mito: tem por base a mitologia que nos leva à “reflexão histórica”.

Exemplos: A guerra de Tróia (1961, Giorgio Ferroni).

Existem, ainda, outras classificações, devemos portanto,observar suas

origens:

[...] a historiografia escrita, a mitologia, o conhecimento histórico popular,

uma pesquisa própria do cineasta e, o que é muito importante, sobretudo para o cinema dito comercial, a concepção da história (simbólica audiovisual e de conteúdo) do espectador – que tem sido modulada, ao longo da sua existência, pelos elementos referenciais enunciados acima, mas também pelo próprio cinema que acaba, pelo processo de repetição, criando modelos históricos específicos. (NORA, 2011, p. 10).

O cinema é considerado por muitos autores como importante fonte para o

ensino de História.

Pelo que representa como criação e como manifestação do imaginário. Por envolver um complexo processo econômico produtivo. Pela quantidade de informações que contém e que nem sempre correspondem exatamente ao objetivos de seus autores. Pelo valor enquanto testemunho de uma sociedade e de uma época. Como um campo de possibilidades para resgatar ações de diferentes grupos humanos atuando nas várias dimensões do social. (MEIRELLES, 1996, p.165-166 ).

Diante do reconhecimento da importância do cinema no contexto escolar,

resta-nos a busca da orientação de um trabalho mais eficaz, a partir da organização

do trabalho com o mesmo.

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UNIDADE III

SUGESTÕES PARA O TRABALHO DIDÁTICO

O CINEMA COMO FONTE

A escolha de um recurso didático está relacionada ao campo de

conhecimento com o qual se relaciona a disciplina: História tratará do filme como

documento histórico, a arte adotará outra perspectiva e assim por diante. Para isso é

necessário o conhecimento do recurso e é notória a necessidade de cuidados na

sua utilização no ensino. O uso inadequado compromete a compreensão não

apenas do conteúdo substantivo (conceitos como feudalismo, cidadania, etc.), mas

também dos conteúdos estruturais explorados na disciplina de História (conceitos

como tempo, narrativa, documento, etc.).

Segundo MORÁN (1995, p. 29 ) não é adequado em sala de aula:

Vídeo tapa-buraco: utilizado em eventualidade como falta do professor,

gerando a idéia de “não haver aula”;

Vídeo-enrolação: é usado sem nenhuma relação com a aula;

Vídeo-deslumbramento: o professor deslumbrado com a utilização de filme,

em todas as aulas, diminuindo assim sua importância didática;

Vídeo-perfeição: o professor questiona todos os filmes negando ao aluno a

oportunidade de questionar os mesmos;

Só vídeo: o filme não é discutido, é somente apresentado, perdendo assim

seu potencial didático.

A utilização do filme de forma coerente leva o mesmo a ser de grande valia

didaticamente. Para tanto, é necessário que o mesmo cumpra quatro finalidades

básicas conforme afirma CINELLI (2003):

Na apresentação de um novo conteúdo;

Facilitar a compreensão de conteúdos trabalhados;

Relacionar o conteúdo com outros já trabalhados;

Diversão e cultura (os mesmos podem propiciar experiências emocionais e intelectuais que leve a formação do ser humano).

1-Planejando a utilização do filme

O planejamento de uma aula é fundamental para o desenvolvimento do

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trabalho didático-pedagógico, assim a utilização do filme também se faz necessário.

Para tanto, segundo Napolitano (2010, p. 79-80), é necessário observar:

Relacionar o filme ao planejamento geral, relacionando todo o trabalho a ser desenvolvido, assim como, a habilidades e competências desejadas;

Selecionar os filmes de forma sistemática e coerente sempre articulada com o conteúdo geral;

Ao planejar um filme é importante conhecer informações sobre o filme, isto torna a compreensão do mesmo mais estimulante;

Relacionar o filme de acordo com informações tais como: faixa etária, faixa socioeconômica dos alunos (em média), hábitos de consumo e culturais da família; tipos de filme assistidos.

Na organização do planejamento ainda é necessário ver o filme antes de

apresentá-lo; preparar os alunos clamando a atenção de aspectos relevantes; repetir

a apresentação de trechos importantes; após o filme organizar atividades

considerando a idade dos alunos, conhecimentos prévios e o tempo necessário para

trabalhar o tema em sala de aula. (CINELLI, 2003, p. 57).

2- A importância da escolha do filme

É fundamental que o professor juntamente com outros colegas organize uma

relação de filmes, partilhem os mesmos, organizado assim, uma listagem ou, quando

possível, formar um acervo de filmes relacionados aos conteúdos a serem

trabalhados.

Vale salientar a importância de ao escolher o filme, que o mesmo faça uma

articulação com a proposta curricular. Segundo CINELLI (2003, p. 59):

O vídeo por si só não ensina, é o aluno que busca, que constrói esse conhecimento a partir do uso adequado desse suporte. Tal uso supõe o recurso ao vídeo como fonte de informações, e essa exploração só acontecerá se o processo de inserção do vídeo tiver um sentido pedagógico para o aluno.

3- Como trabalhar o filme

Com base nas sugestões de MORÁN (1995, p. 31) podemos observar:

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Antes da exibição a) Informar aspectos gerais do filme (autor, duração, prêmios etc.). Não concluir o filme antes da exibição, pois pode interferir na leitura por parte dos alunos; b) Checar o vídeo antes, bem como tudo que esteja relacionado à sua exibição; Durante a exibição a) Anotar as cenas mais importantes; b) Se for necessário pausar o filme em cenas importantes; apertar o c) Observar as reações do grupo.

Depois da exibição a) Voltar a fita ao começo; b) Rever as cenas mais significativas ou difíceis, observando trilha sonora, situações, diálogos;

4- Análise do filme (sugestões de atividades)

Atividade em conjunto - Apresentação de grupos com base em relatório “filmográfico”.

O professor entrega a cada grupo questões relacionadas ao filme, para

posterior discussão. Após a elaboração do relatório, os alunos apresentam seus

apontamentos. Cabe ao professor organizar e intermediar o debate. É importante

que o professor faça sua abordagem, apenas no final do debate.

- Debate livre

O debate pode ser individual, porém, é importante que o professor articule o

mesmo o mesmo de forma a não permitir que algum aluno manipule a discussão ou

faça apontamentos que não condiz com a proposta. O papel do professor é também

de organizar as discussões, levantamento de dúvidas e de levar alunos menos

participativos ao envolvimento da proposta.

- Dissertação temática

A mesma pode ser constituída de uma redação simples, descritiva ou

narrativa. Será desenvolvida individualmente, após discussão sobre o filme. O

objetivo é verificar a articulação dos aspectos abordados do filme, bem como, no

debate.

- Gincanas

O filme pode levar a encenações, gincanas informativas e de

conhecimento, concurso de trajes e cenários etc.

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5- Questões para serem trabalhadas a partir do filme:

Traduzido por Marcos Napolitano (2010, p. 83)

l. Qual o tema do filme? O que os realizadores do filme tentaram nos contar? Eles conseguiram passar a sua mensagem? Justifique a sua resposta. 2. Você assimilou/aprendeu alguma coisa com este filme? O quê? 3. Algum elemento do filme não foi compreendido? 4. Do que você mais gostou neste filme? Por quê? 5. Selecione uma seqüência protagonizada por um dos personagens do filme, analise e explique qual a sua motivação dramática. O que sua motivação tem a ver com o tema do filme? 6. Qual o seu personagem favorito no filme? Por quê? 7. Qual é o personagem de que você menos gostou? Por quê? 8. Descreva o uso da cor no filme. Ela enfatiza as emoções que os realizadores tentaram evocar? Como você usaria a cor no filme em questão? 9. Analise o uso da música no filme. Ela conseguiu criar um clima correto para a história? Como você usaria a música neste filme? 10. Todos os eventos retratados no filme são verdadeiros (ou verossímeis)? Descreva as cenas que você achou especialmente bem coerentes e fiéis à realidade. 11.Quais as seqüências parecem menos realistas? Por quê? 12. Qual é a síntese da história contada pelo filme? 13. Como a montagem do filme interfere na história contada pelo filme?

Para a organização das questões deve se levar em conta o nível de

escolaridade e faixa etária dos alunos envolvidos. As mesmas, assim como outras

atividades, devem sempre estar relacionadas com os objetivos propostos.

Para explorar o filme como documento é importante não esquecer

procedimentos básicos na reflexão sobre a história. Vejamos alguns exemplos com

base no trabalho de Ferraz (1999):

Perguntas sobre a procedência: quem fez? Onde? Quando? Para quem?

Como foi sua recepção?

Finalidade: Por que foi feita? Seguiu um padrão anterior ou foi original? Qual

sua importância para a sociedade em que se originou?

Tema ou Assunto: Qual o título? É um tema original ou seguiu modelo anterior? Existem temáticas secundárias? Como se articula (m) com a principal? Quem são as pessoas e quais são os objetos retratados? Como eles aparecem? Qual sua função dentro no filme? Existe indícios de tempo histórico retratado?

Estrutura Técnico-Formal: Qual o estilo adotado? Houve intenção de

aproximação com a realidade? Existe alguma articulação entre e a sociedade

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retratada ou de procedência do autor?

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UNIDADE IV

FILMES PARA ANÁLISE

1) - TEMA: HISTÓRIA, O HISTORIADOR, AS FONTES HISTÓRIAS

FILME PARA ANÁLISE: Narradores de Javé

Ficha Técnica:

Distribuição: Bananeiras Produções Direção: Eliane Caffé Produção: 2003 Atores principais: José Dumnont, Gero Camilo, Nelson Xavier, Matheus

Nachetergaele. Sinopse: Para a produção do mesmo utilizou-se atores conhecidos, juntamente com habitantes da região onde ocorreram as gravações. A história ocorre num povoado conhecido por Vale da Javé, que está para ser destruído pela construção de uma barragem. Os moradores descobrem que se o local constituísse um patrimônio histórico reconhecido poderia ser preservado. Então, chegam à conclusão que seria necessário escrever a história do local, as realizações dos heróis e “resgatar a importância do lugar” para comover os engenheiros construtores da barragem. O filme chama a atenção pela facilidade de compreensão e auxilia na discussão sobre

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diversos conceitos próprios da disciplina de História.

ATIVIDADE

1) A partir dos conceitos históricos já estudados e o contexto do filme elabore com suas palavras um conceito das palavras, pois a partilha entre colegas torna ainda mais rica a atividade (GONÇALVES, 2010, p.11):

História

Conhecimento Histórico

Patrimônio Histórico

Tombamento

Fonte Histórica

Ciência

Verdade Histórica

Narrativa

História Oral

2) Solicitar aos alunos, com o auxilio de textos e dicionário, relacionar seus conceitos com os conceitos historiográficos.

3) Após a discussão dos temas principais abordados no filme, elaborar um relatório sobre o mesmo.

O fundamental destas atividades é levar o aluno a reflexão e a produção de conhecimento.

2) - TEMA: História, fonte audiovisual, cinema.

FILME PARA ANÁLISE: CINEMA PARADISO

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Ficha técnica:

Distribuidora: Franco Cristald Direção: Giuseppe Tornatore Produção: 1989 Atores principais: Philippe Noiret, Jacques Perrin, Salvatore Cascio.

Sinopse: O filme conta a história do garoto Totó, que vivia em uma pequena cidade da Sicília no interior da Itália, logo após a Segunda Guerra. Passava a maior parte do seu tempo no Cinema Paradiso, com Alfredo, o projetista que possuía um temperamento difícil, vivia irritado e brigando com o garoto, porém tornaram-se grandes amigos. Alfredo ensina Totó, a amar a Sétima Arte, mudando assim a sua vida para sempre. Tudo ocorre nos anos antes da chegada da televisão. Os acontecimentos fazem parte das lembranças de Totó, após saber da morte de seu grande amigo Alfredo. Ao crescer Totó tornou-se um cineasta de sucesso.

Atividades:

1) Em equipe desenvolver os questionamentos sugeridos por Napolitano (2010, p. 83).

2) Solicitar que seja feito um pesquisa sobre as forma de produção do cinema na atualidade, filme caseiros e relacionar com o visto no filme.

3) Procurar identificar o contexto pós-guerra no filme.

3) - TEMA: Escravidão no Brasil, Discriminação Racial, Desigualdade Social FILME PARA ANÁLISE: Quanto Vale ou é Por Quilo

Ficha Técnica:

Distribuição: Riofilme Direção: Sérgio Bianchi

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Produção: 2005 Atores principais: Ana Carbatti, Claudia Mello, Myriam Pires, Leona Cavalli

Sinopse: Aborda acontecimentos do Brasil no século XIX, relacionando ao contexto sócio-econômico atual através de outra “roupagem”. O filme apresenta contrastes sociais, a exploração, a ganância, o individualismo presente na sociedade colonial no capitalismo atual. É presente na história a relação entre a exploração do comércio de escravos e a exploração da miséria e a prática da solidariedade de “fachada”. Atividades:

1) Pesquisar sobre a escravidão no Brasil.

2) Elaborar um texto comparativo entre a escravidão no Brasil e o contexto atual dos negros no Brasil.

3) Debates as principais idéias contidas no filme: exploração da miséria, desiqualdades social, Ongs...

4) - TEMA: Trabalho fabril, sistema de produção, fordismo. FILME PARA ANÁLISE: Tempos Modernos

Ficha Técnica:

Distribuição: United Artisti Direção: Charles Chaplin Produção: 1936 Atores: Charles Chaplin, Paulette Goddard, Henry Bergman, Tiny Sandford.

Sinopse: Apresenta através da vida de um pobre operário, uma crítica a sociedade,

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tendo por base do início do século XX. O processo de produção fabril e a exploração do trabalho o qual vive a grande força produtiva do capitalismo industrial é apresentado na forma de comédia.

Atividades:

1) Analisar a exploração de trabalho e o papel do operário apresentada no filme relacionando-o ao período compreendido e na atualidade.

2) Ao observar a cena clássica , no qual na linha de montagem o operário tendo com função apertar parafuso, que critica Chaplin esta fazendo? Que doutrina ele mostra?

3) Produzir um texto relacionando o filme a teoria de Karl Marx.

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REFERÊNCIAS ABRÃO, Janete. Pesquisa e História. Porto Alegre: EDIPUCRS. 2002.

BARCA, Isabel. Literacia e consciência histórica. Curitiba. UFPR, 2006.

BITTENCOURT, Circe. O saber histórico na sala de aula. Coleção Repensando o

Ensino, São Paulo: Contexto, 2005. CATELLI, Nair Pereira Figueiredo. A influência do vídeo no processo de aprendizagem. Universidade Estadual de Santa Catarina; Florianópolis: 2003

CINELLI, Nair Pereira Figueiredo. A influência do vídeo no processo de aprendizagem. Universidade Estadual de Santa Catarina: Florianópolis, 2003. FERRAZ, F.C.A. Uma agenda alternativa para o debate sobre o uso escolar das fontes históricas. In SHMIDT, M.A; CAINELLI, M.R (orgs) in III ENPEH, Curitiba : Aos Quatros Ventos, 1999. FERRO, Marc. Cinema e História. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1992. JANOTTI, Maria de Lourdes. O livro Fontes históricas como fonte. In: PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Fontes Históricas. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2010.

GONÇALVES, Sandro Roberto. A narrativa fílmica ficcional no contexto escolar: uma ferramenta didática pedagógica na disciplina de História para o 2º Ano do Ensino Médio. In: Relatório de Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola –

PDE. Curitiba, 2010. LIMA, Maria. As diferentes concepções de Ensino e Aprendizagem no Ensino de História. Fronteiras, Dourados, 2009.

MEIRELLES, Willian. O cinema como fonte para o estudo da História. História e

Ensino. Revista do Laboratório de Ensino de História/UEL. Londrina: volume 8. Edição Especial. 2008. MORÁN, José Manuel. O vídeo na sala de aula. São Paulo: ECA – USP. 1995.

NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. Ed. 4ª, São Paulo:

Contexto, 2010. NAVARRETE, Eduardo. O cinema como fonte histórica:diferentes perspectivas teórico-metodológicas. Revista acadêmica multidisciplinar – DCS/UEM, nº 16,

Maringá: 2008.

Webtextos: NOVA, Cristiane. O cinema e o conhecimento da História. Disponível em:

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http://www.oolhodahistoria.ufba.br/o3cris.html. Acesso em 03/06/2011. UEM. Recursos Didáticos. Disponível em:

http://www.uemmg.org.br/list.noticia.php/origem/20/noticia/511/titulo/recurso_didáticos Acesso em 10 de junho de 2011 PASCHOA, Micheline Odorizzi.O cinema como possibilidade de ensino e pesquisa. Disponível em: http://www.webartigos.com/articles/39218/1/cinema-como-possibilidade-deensino-e-pesquisa. Acesso em 02 de maio de 2011. Wikipédia. Disponível em : http://pt.wikipedia.org/wiki/cinema.

VÍDEOS NARRADORES DE JAVÉ. Direção: Michael Hoffman. Distribuição: Bananeiras Produções, 2003. 1 DVD (157 min). Son., color. CINEMA PARADISO. Direção: Giuseppe Tornatore. Distribuidora: Franco Cristald 1989. 1 DVD (123 min). Son., color. QUANDO VALE OU É POR QUILO. Direção: Sérgio Bianchi. Distribuição: Riofilme 2005. 1 DVD (104 min). Son., color. TEMPOS MODERNOS. Direção: Charles Chaplin. Distribuição: United Artisti 1936. 1 DVD (88 min). Son. Color.

IMAGENS (WEB):

- Cinema Paradise. Disponível em: http://gbili.blogspot.com/2010-05-01archive-htm/

- Quanto Vale ou é por Quilo. Disponível em: http://meucinemabrasileiro-

com/filmes/quanto-vale-ou-e-por-quilo/quanto-vale-ou-e-por-quilo.asp.

- Tempos Modernos. http:// rarosdaweb.blogspot.com/2011/01/tempos-modernos-charles-chaplin.htm.

- Narradores de Javé. http://www.meucinemabrasileiro.com/filmes/narradores-

de-jave/narradores-de-jae.asp.