SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ · secundárias masculinas. Após o nascimento da...

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL-PDE UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM UNIDADE PEDAGÓGICA INSERIDO NO CADERNO PEDAGÓGICO: EDUCAÇÃO ESCOLAR E DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS NOME DA PROF.ª PDE: ELIZABETH VIEIRA DOS SANTOS ESPLENDOR PROFESSORA ORIENTADORA DA IES: Drª ELIANE ROSE MAIO BRAGA TEMA: CONDUTAS PEDAGÓGICAS SOBRE AS QUESTÕES DE GÊNERO NA ESCOLA MARINGÁ-PR 2008

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL-PDE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM

UNIDADE PEDAGÓGICA

INSERIDO NO CADERNO PEDAGÓGICO:

EDUCAÇÃO ESCOLAR E DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS

ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

NOME DA PROF.ª PDE: ELIZABETH VIEIRA DOS SANTOS ESPLENDOR

PROFESSORA ORIENTADORA DA IES: Drª ELIANE ROSE MAIO BRAGA

TEMA: CONDUTAS PEDAGÓGICAS SOBRE AS QUESTÕES DE GÊNERO NA

ESCOLA

MARINGÁ-PR

2008

ELIZABETH VIEIRA DOS SANTOS ESPLENDOR

CONDUTAS PEDAGÓGICAS SOBRE AS QUESTÕES DE GÊNERO NA ESCOLA

Trabalho do Programa de Desenvolvimento Educacional-PDE; Unidade Temática inserido no Caderno Pedagógico Educação Escolar e Desafios Contemporâneos apresentado a SEED. Orientador: Profª. Drª Eliane Rose Maio Braga

MARINGÁ-PR

2008

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................3

METODOLOGIA........................................................................................................13

DINÂMICA.................................................................................................................16

PESQUISA DO AMBIENTE ESCOLAR ....................................................................24

REFERÊNCIAS.........................................................................................................26

3

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa a uma investigação sobre a construção social dos

papéis masculinos e femininos na sociedade e a uma crítica às relações de poder

que se estabelecem entre homens e mulheres, pois percebemos que tal diferença

tem privilegiado os homens, na medida em que a sociedade ainda não tem oferecido

as mesmas oportunidades de inserção social e exercício de cidadania a todos/as

(PEREIRA, 2007).

As instituições escolares fabricam os sujeitos que a freqüentam, ou seja, elas

são produzidas por eles e pelas representações de gênero que nelas circulam.

Assim, nessas instituições pode haver a produção de diferenças e desigualdades

desses indivíduos, e também a informação do que cada um pode ou não fazer e do

lugar que meninos e meninas devam ocupar (LOURO, 1997).

Sendo assim a escola, juntamente com os seus/suas educadores/as, tem um

grande papel na não-perpetuação da hierarquia de gênero. Poderá sondar, no

trabalho que realiza com os/as educandos/as, que tipos de texto didático e de

literatura estão sendo utilizados, que tipo de linguagem e imagens, que tipo de

música, etc. Isso tudo deve ser verificado pelos/as educadores/as, pois, assim

estarão percebendo como a escola é perpassada pelos papéis de gênero, ou seja,

pelas construções sociais e culturais de “masculino e feminino”. Ou, melhor dizendo,

esse/a profissional deve identificar e analisar situações do cotidiano escolar sob

perspectiva dessas diferenças de gênero, como: as brincadeiras na educação

infantil; os jogos na aula de educação física; a formação de filas; a escolha dos livros

didáticos; a escolha das profissões (PEREIRA, 2007). Nessas situações, poderá

trabalhar para que diferenças de gênero não ocorram. “Por isso, cabe a eles/elas

estar atentos para não educarem meninos/as de maneiras tão distintas”

(LOURO,1997).

Se as identidades de gênero estão se construindo e se transformando, há

necessidade de esses/as profissionais terem um olhar social, crítico, a essas

diferenças de gênero.

Assim, o debate precisa se disseminar nos ambientes acadêmicos e

educacionais, para que a inclusão da temática gênero seja efetivada de fato nos

currículos escolares. Dessa forma, professores/as das diferentes disciplinas poderão

lidar com o tema e com situações do cotidiano relacionadas a ele. Com esse

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procedimento, estaremos contribuindo para que a escola não seja um instrumento

de preconceitos, mas de promoção e valorização das diversidades que enriquecem

a sociedade brasileira. Por isso, a escola é o caminho mais consistente e promissor

para um mundo sem intolerância, mais plural e democrático.

Para o desenvolvimento deste trabalho educativo nos embasaremos nos

conhecimentos sistematizados a partir da realidade do/a aprendiz. Utilizando uma

prática pedagógica que proponha uma interação entre conteúdo e a realidade

concreta, visamos à transformação da sociedade através da “ação – compreensão -

ação” do sujeito, que enfoca os conteúdos como produção histórico-social de todos

os homens (SAVIANI, 1995).

Consideramos essa temática como um elemento cultural essencial, que

precisa ser assimilado pelos indivíduos da espécie humana, para que eles/as se

tornem realmente humanos e, de outro lado e concomitantemente, visamos à

descoberta das maneiras (procedimentos, conteúdos etc.) mais adequadas para

atingir esse objetivo, que é o da transmissão-assimilação do saber sistematizado.

Deve ocorrer um saber dosado e seqüenciado para efeitos de sua transmissão-

assimilação no espaço escolar, ao longo de um tempo determinado. Isso é o que

nós convencionamos chamar de “saber escolar” (SAVIANI, 1995).

É pela mediação da escola que se dará a passagem do saber espontâneo ao

saber sistematizado, da cultura popular à cultura erudita.

Para que o saber escolar seja apropriado pelo/a aluno/a, tem que haver por

parte do/a profissional o domínio adequado do saber escolar a ser transmitido,

juntamente com a habilidade de organizar e transmitir esse saber, ou seja, o saber

fazer competente. Por isso é que necessitamos da competência técnica, que nada

mais é do que o domínio das formas adequadas de agir, ou seja, é o saber fazer

bem, é o conhecimento, é a mediação pela qual se realiza um dos sentidos políticos,

em si, da educação escolar, que é o de ensinar a todos/as os que a ela têm acesso,

estendendo-se até aos/às excluídos/as. Por isso, essa necessidade de se ter o

domínio do conteúdo a ser trabalhado e das formas adequadas para transmissão

desse conteúdo do saber escolar a essas crianças excluídas, que não apresentam

precondições idealmente estabelecidas que as levem à aprendizagem

(SAVIANI, 1995).

Dessa forma, esse/a intelectual estará assumindo um compromisso político

articulado com os interesses das camadas trabalhadoras, mas para isso terá que

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romper com a velha concepção de cultura (a enciclopédico-burguesa). Deve estar

atento para perceber que a classe dominante teme esse discurso de transformação

e que por isso, realiza a formulação de um discurso transformador como mecanismo

de manutenção/recomposição de hegemonia, ou seja, o saber escolar é controlado

pela burguesia. Sendo assim, cabe por parte das camadas trabalhadoras tomarem

um caminho de reapropriação do conhecimento elaborado e acumulado

historicamente (SAVIANI, 1995).

Diante de tudo isso, devemos procurar adotar uma proposta pedagógica que

possua o compromisso da transformação da sociedade e não a sua manutenção, a

sua perpetuação. É necessário que nessa proposta pedagógica se resgate o papel

da escola e se reorganize o trabalho educativo, levando em conta o problema do

saber sistematizado, a partir do qual se define a especificidade da educação escolar.

E devemos estar atentos/as para que não se retire da escola a sua função

específica de socialização do saber elaborado, para que não se torne uma agência

de assistência social, destinada a atenuar contradições na sociedade capitalista

(SAVIANI, 1995).

A escola é, pois, compreendida a partir do desenvolvimento histórico da

sociedade; assim, torna-se possível a sua articulação com a superação da

sociedade vigente em direção a uma sociedade sem classes, a uma sociedade

socialista, que envolve a compreensão da realidade humana como sendo construída

pelos próprios homens, a partir do processo de trabalho; quer dizer, da produção

das condições materiais ao longo do tempo (SAVIANI, 1995).

Dessa forma, vimos neste trabalho buscar orientar professores/as, equipe

pedagógica, funcionários/as, e posteriormente estudantes, como resultado do

trabalho do curso ofertado aos/às próprios/as cursistas. Isso acontecerá através de

um curso de 32h/a, no qual haverá a aplicação dos textos que vêm falando da

problemática das diferenças de gênero na escola. Em seguida, pretendemos que

eles/as façam um levantamento por meio de questionário, utilizando observações do

dia-a-dia escolar, sob perspectiva das diferenças de gênero. A finalidade desse

questionário é que percebam se existem, no espaço escolar, discriminações ou

preconceitos relacionados a essas diferenças.

Em posse do recolhimento desses dados, os/as cursistas irão desenvolver

projeto ou mini-projeto, com intenção de uma intervenção pedagógica cuja finalidade

é evitar discriminações ou preconceitos relacionados às diferenças de gênero no

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estabelecimento escolar. Também poderão sugerir, junto à equipe pedagógica, o

acompanhamento desse projeto e propor mudanças de condutas, como certas

situações dentro do pátio da escola, com relação ao uso da quadra, com referência

às aulas de Educação Física, como no acompanhamento das brincadeiras nas aulas

de 1ª à 4ª série, como o uso de um linguajar não-sexista, como na organização das

filas etc.

As dinâmicas propostas possuem o intuito de reforçar a aprendizagem a

respeito do tema, e também a finalidade de tornar o curso mais dinâmico,

participativo e não só teórico, em que o/a cursista poderá interagir e debater.

Por meio dessas dinâmicas, o/a cursista poderá refletir sobre certas situações

de diferenças de gênero que ocorrem em seu entorno e como ele/a se comporta em

relação a essas situações. Analisará se também comete atitudes discriminatórias no

seu dia-a-dia, e como resolveria certas situações relacionadas a essas diferenças de

gênero.

Poderá analisar e refletir sobre suas ações a esse respeito com os/as

seus/suas alunos/as e, inclusive na educação de seus/suas filhos/as, se está agindo

de forma inadequada nas atitudes que toma diariamente.

Para se começar a elaborar conceitos sobre diferenças de gêneros,

passemos a refletir sobre a letra da música abaixo.

Tem Pouca Diferença

Luiz Gonzaga

Fragmentos extraído do site: http://www.cifras.com.br/cifra/luiz-gonzaga/tem-

pouca-diferença. Acesso no dia 11/12/08 às 00:45.

COSTA, Gal. Coleção: o melhor de Gal Costa. Participação especial de Luiz

Gonzaga: Tem Pouca Diferença. Brasil: RCA, [S.D], 1981.

Que diferença da mulher o homem tem (sei não)

Espera aí, que eu vou dizer meu bem

É que o homem tem cabelo no peito

Tem o peito cabeludo, e a mulher não tem.

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A música vem retratando as diferenças biológicas existentes entre o homem e

a mulher. Vejamos como poderia ser conduzida uma reflexão a respeito:

Em sua opinião, as diferenças entre masculino e feminino devem ser

baseadas somente no funcionamento do cérebro e dos hormônios, ou existe algo

a mais interferindo nesse processo?

Para iniciar nossa discussão, vejamos que em nossas gônadas masculinas e

femininas é que são produzidos os hormônios que serão responsáveis pelo

comportamento sexual, pela configuração corporal e pela diferenciação da gônada

embrionária (MAGALHÃES & SILVA, 1975).

O hormônio androgênio atua no homem no desenvolvimento das

características sexuais secundárias, na manutenção dos testículos e em seu trato

reprodutivo (MAGALHÃES & SILVA, 1975). “Já na mulher é o hormônio estrogênio

que provoca o aparecimento das suas características sexuais femininas” (GUYTON,

1981).

E isso ocorre porque é esse hormônio que proporciona a multiplicação dos

elementos celulares respectivos, em regiões determinadas do corpo. Outro efeito

ainda não muito conhecido do hormônio estrógeno é a proliferação de células fetais,

colaborando na diferenciação de algumas delas em órgãos especiais, e também

poderá agir no controle do desenvolvimento de algumas características sexuais

femininas (GUYTON, 1981).

Na base do encéfalo está localizada uma glândula chamada hipófise, que

secreta o hormônio gonadotrópico chamado hormônio folículo estimulante, que atua

nos folículos primários do ovário, fazendo que cresçam, provocando a proliferação

das células foliculares que circulam o oócito primário. E essas células é que irão

secretar esse principal hormônio ovariano da mulher, o estrogênio (GUYTON, 1981).

Agora, no feto masculino dentro do útero materno, é o testículo que produz

testosterona para desenvolver órgãos sexuais masculinos e características

secundárias masculinas. Após o nascimento da criança os testículos param de

produzir a testosterona, só reaparecendo sua produção na puberdade, para

induzirem os órgãos masculinos a retomar seu crescimento. Agem também para dar

ao homem adulto suas características distintas (GUYTON, 1981).

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Vamos agora juntos/as, ver como acontece à determinação do sexo da

criança, na concepção?

O homem é quem determina o sexo da criança, pois é em seu

espermatozóide que existe o par sexual, ou seja, um dos 23 pares de cromossomos

existentes em nossas células. No homem, em suas células sexuais, vamos

encontrar um cromossomo X (cromossomo feminino) e um cromossomo Y

(cromossomo masculino), e enquanto, na mulher vamos encontrar em suas células

dois cromossomos X.

Cada espermatozóide carrega um tipo de cromossomo. Um espermatozóide

contém o cromossomo Y e o outro contém o cromossomo X. Já o óvulo contém um

único cromossomo X, quando é fertilizado por um espermatozóide que contém um

cromossomo X ficará então com um par de cromossomos XX, formando assim uma

menina. Agora, quando o óvulo se encontrar com o cromossomo Y criará um par XY,

dando origem a um menino (GUYTON, 1981).

Pudemos até agora observar as explicações para essas diferenças entre

homem e mulher nas causas biológicas, científicas, baseadas no cérebro e nos

hormônios.

Mas as perguntas continuam:

Será que a descrição realizada acima explicaria, por si só as questões da

separação do homem e da mulher em gêneros distintos?

Essas explicações não podem estar somente encobrindo a socialização

que nos tornou humanos e que nos fez divididos em gêneros distintos?

“A diferença biológica é apenas o ponto de partida para a construção social

do que é ser homem ou ser mulher” (BRAGA, 2007, p. 214), pois as ciências sociais

explicariam que as diferenças de gênero são socialmente e culturalmente

construídas, o que nos ensinaria a nos comportar segundo determinado padrão, com

certas atividades masculinas e femininas, construindo assim o gênero. Por fim,

podemos descrever gênero como sendo o conjunto das representações sociais e

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culturais, ou seja, o desenvolvimento das noções de masculino e feminino como

construção social (PEREIRA, 2007).

A escola marca espaços, informa qual deve ser o “lugar” de meninos/as,

assim como as ações da maioria dos profissionais envolvidos na Educação

(professores/as, direção, coordenadores/as, porteiros, zeladores/as etc.) e que

acabam concordando com as atitudes realizadas pelos/as alunos/as Louro (1997

apud BRAGA, 2007).

Como por exemplo, na Educação Infantil e nas séries iniciais da Educação

Fundamental, os/as profissionais que atuam, em sua grande maioria, são mulheres,

que com seus estereótipos, suas ações e atitudes contribuem para a diferenciação

de gênero, que é incorporada por meninos/as Louro (1997 apud BRAGA, 2007, p.

07). Por isso esse/a profissional, ao realizar seu trabalho, tem que analisar que tipo

de brinquedos e brincadeiras deva elaborar com essas crianças, para que assim não

reforce as diferenças de gênero. O/A educador/a deve estar preparado/a para

discutir se os carrinhos e as brincadeiras de lutas etc. podem ser considerados

somente como brincadeiras de meninos, e já as bonecas e brincadeiras quietas

como se fossem somente brincadeiras de meninas (BRAGA, 2007).

A menina, por exemplo, não deve receber somente brinquedos de miniaturas

de objetos domésticos, levando-a à propensão ao trabalho doméstico, não

oferecendo assim alternativa ao seu futuro. Já com os meninos são ofertados

somente carrinhos, objetos de lutas etc., assim incentivando o uso do corpo para a

luta e o gosto pela velocidade (PEREIRA, 007).

Precisamos nos preocupar com tudo isso, porque os modelos de homem e

mulher que as crianças têm à sua volta são decisivos na construção de suas

referências de gênero. Outro fato importante para se prestar atenção na escola é

quanto à formação de filas, o que possui o objetivo de manter a ordem, só que isso

pode provocar diferença de gênero entre os/as envolvidos/as (PEREIRA, 2007).

Portanto, é na escola que as crianças irão aprender com as situações de

discriminação de gênero, ou seja, acabam sendo reforçadas as diferenças sociais

entre meninos e meninas como se fossem “naturais”. As mulheres aprendem a se

sentir incluídas no gênero masculino. Observem o exemplo da educadora ao entrar

em sala: - Bom dia, alunos! (PEREIRA, 2007).

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Destacamos o uso da expressão no masculino: o “professor”, o “aluno”.

Então, devemos usar uma linguagem não-sexista para dar visibilidade à presença

das mulheres e reconhecer a sua contribuição social (PEREIRA, 2007).

A disciplina de Educação Física, na escola, pode contribuir muito com o seu

trabalho na constituição da identidade de gênero. Só que se percebe que

alguns/algumas professores/as têm certa resistência para a realização de mudanças

em suas aulas, e que por isso estão se utilizando de uma série de argumentos,

como, por exemplo, o de ordem biológica, para a manutenção da saúde e da

higiene, para realizarem a separação das turmas femininas e masculinas, com a

idéia de que as mulheres são fisicamente menos capazes do que os homens

(LOURO, 1997). ”Quanto à sexualidade das meninas, levam-nas a evitar jogos que

tenham ‘contato físico’ ou certa dose de ‘agressividade’“ (SCRATON, 1992).

E também existem escolas que adotam esse sistema de separação de

meninos e de meninas nas aulas de Educação Física, achando-o natural. Buscam

justificativas, nas áreas de Ciências Biológicas, de que homens e mulheres teriam

corpos biologicamente distintos, o que impossibilitaria a prática conjunta nessas

aulas. Essa separação, a partir de diferenças entre o sexo feminino e o masculino,

significa diferenças de gênero. Argumentações como essas vêm impedindo que

sejam propostas às meninas a realização de jogos ou atividades físicas tidas como

masculinas (PEREIRA, 2007).

“Se observarmos as aulas de Educação Física, constatamos que os meninos

ocupam espaços mais amplos do que as meninas dentro das quadras” (PEREIRA,

2007). Dessa forma, os/as profissionais da Educação devem estar atentos/as a

esses fatores e pensar em resoluções para esses problemas.

Os/as professores/as, quando vão fazer a escolha dos livros didáticos, devem

estar atentos/as, porque de forma indireta eles estão orientando sobre as questões

de gênero, como por exemplo, por meio de seus textos escritos, de suas imagens,

de suas fotografias, e na forma como apresentam e constroem culturalmente as

mulheres e os homens (PEREIRA, 2007).

Os livros didáticos podem abordar as relações de gênero. Por exemplo, os

livros de História do Brasil devem fazer referência às mulheres, devem comentar a

conquista das mulheres pelo direito ao voto, trazer a história do movimento feminista

do século XX. Já nos livros de Ciências, deve-se prestar atenção se as imagens são

de corpos femininos ou masculinos (PEREIRA, 2007).

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Os livros de História vêm retratando uma imagem puramente masculina,

branca e heterossexual, enquanto a mulher e os gays, por exemplo, não são

discutidos. Os livros não incorporam uma história social preocupada com a

desconstrução dos estereótipos de gênero e da superação das desigualdades

sociais entre homens e mulheres (PEREIRA, 2007).

Alguns homens são considerados diferentes por se afastarem do padrão

hegemônico que a sociedade apresenta, e dessa forma experimentam práticas de

discriminação ou subordinação. Na nossa sociedade, são tidos como diferentes

aqueles/as que não fazem parte da hegemonia branca, masculina heterossexual e

cristã (LOURO,1997).

“Não falar na escola e nos livros didáticos sobre o assunto homossexualidade

é garantia da ‘norma’. A ignorância a respeito do assunto é vista como mantenedora

dos valores ou dos comportamentos ‘bons’ e confiáveis” (LOURO, 1997).

“A não-aceitação dos/as homossexuais no espaço legitimado da sala de aula

acaba por confiná-los/las às gozações e aos insultos nos recreios e nos jogos,

fazendo com que, dessa forma, jovens gays e lésbicas só possam se reconhecer

como desviantes, indesejados/as ou ridículos/as” (LOURO, 1997).

“O que percebemos é que a instituição escolar, de certa forma, propõe a

constituição de sujeitos masculinos e femininos heterossexuais, nos padrões da

sociedade em que a escola se inscreve” (LOURO, 1997).

Assim percebemos que as escolas, sob pressão cultural, acerca de qualquer

tipo de manifestação de comportamento distinto dos padrões de gênero pré-

estabelecidos para cada sexo, ou seja, do padrão cultural que muitas vezes se

restringe à heterossexualidade e ao exercício de sua sexualidade, pode levar o/a

homossexual à exclusão (REVISTA EDUCAÇÃO GRANDES TEMAS, 2008).

Muitas escolas dizem respeitar as diferenças, incluindo a aceitação do/a

homossexual, só que denotamos, ainda, que algumas instituições escolares estão

lidando com o discurso de que ser homossexual é desrespeitar a “natureza” do que

é ser homem ou ser mulher, ou ainda com a associação entre violência e

masculinidade, que exige de meninos e jovens do sexo masculino prova de aptidão,

tanto em termos de agressão verbal quanto física (REVISTA EDUCAÇÃO

GRANDES TEMAS, 2008).

Existem, em algumas escolas, pedidos de expulsões ou transferência dos

homossexuais. Querem retirá-los/las por estar fora do padrão de normalidade, pois

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acreditam que jovens com orientação sexual distinta da heterossexual possam

“contaminar” as crianças consideradas como normais (PEREIRA, 2007).

A figura do/a aluno/a homossexual por si só é considerada “indisciplinar”,

motivando de forma camuflada punições (suspensões e expulsões), que são

justificadas como de mau comportamento, indisciplina etc.

É difícil trabalhar o tema homossexualidade, mas temos que enfrentar essa

questão para não continuarmos legitimando preconceito, discriminação e homofobia

nas escolas (PEREIRA, 2007).

É pela estrutura de autoridade da escola que se constrói a masculinidade dos

alunos. Quando o menino não consegue construir sua masculinidade com base no

sucesso escolar, então resolve enfrentar as autoridades escolares para afirmar essa

masculinidade, podendo gerar assim, a indisciplina (PEREIRA, 2007).

A Revista Educação e Grandes Temas (2008), “descreve que já houve várias

iniciativas pelo país de introdução do tema gênero e do tema sexualidade no

currículo e na formação continuada. No entanto, perguntamos: quais são as

disciplinas dos cursos regulares de formação docente que preparam professores/as

para isso?”.

Professoras e professores continuam sem subsídios para trabalhar essas

questões. E isso vem ocorrendo, como já comentamos acima, pela falta de cursos

de capacitação, pela falta de disciplinas que contemplem esse tema, em cursos

regulares de formação docente etc.

Podemos dizer que algumas escolas ainda continuam negando outros fatores,

como os psicológicos, sociais, históricos e culturais, e que certas escolas e algumas

práticas docentes continuam reproduzindo a estrutura de poder e dominação

presente em nossa sociedade.

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2 METODOLOGIA

Os percursos desses estudos serão:

a) Grupo de estudos de 32h/a aos sábados no período da manhã com duração

de 4h/a, no horário das 8h às 12h com os/as professores/as, funcionários/as e

equipe pedagógica do Colégio Estadual Tomaz Édson de Maringá, a fim de

discutir os diferentes aspectos a respeito da importância do estudo do tema

gênero, como um auxílio didático para se trabalhar as discriminações

existentes dentro das salas de aula.

b) Auxílio junto aos/às professores/as, em forma de recursos de recursos

bibliográficos e fornecimento de textos referentes às diferenças de gênero,

que privilegiam os seguintes temas:

I. O conceito de gênero: Apropriação cultural da diferença sexual.

II. O aprendizado de gênero: socialização na família e na escola.

III. Construção social da identidade adolescente/juvenil e suas marcas de

gênero.

IV. Gênero no cotidiano escolar

V. Gênero no currículo escolar.

VI. O gênero na docência.

VII. Diferenças de gênero no cotidiano escolar.

VIII. Sucesso e fracasso escolar sob um enfoque de gênero.

IX. Práticas na escola construindo o gênero.

X. Gênero nos livros didáticos.

XI. Escola como espaço de eqüidade de gênero.

XII. Identidade de gênero e orientação sexual.

XIII. O combate à discriminação sexual.

XIV. Orientação sexual e a identidade de gênero na escola.

XV. Controle sobre o gênero e a sexualidade, a partir de jogos e

brincadeiras.

XVI. Gênero: um conceito importante para o conhecimento do mundo social.

XVII. A contribuição dos estudos de gênero.

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XVIII. Diferenças de gênero na organização social da vida pública e da vida

privada.

XIX. A importância dos movimentos sociais na luta contra as desigualdades

de gênero.

c) Levantamento em questionários, por meio de observações do dia-a-dia

escolar, sob uma perspectiva das diferenças de gênero.

d) Elaboração de um projeto ou de mini-projetos junto aos professores/as, ou

seja, com os/as participantes do curso, como uma tentativa de mudança de

condutas em certas situações dentro do pátio, nas aulas de Educação Física,

de 1ª à 4ª série, nas condutas com os/as alunos/as, isso após a sondagem

realizada pelo questionário etc., ou seja, uma intervenção pedagógica, com o

fim de evitar as discriminações relacionadas às diferenças de gênero.

e) Trabalhar filmes referentes ao tema gênero, como Billy Elliot, Minha Vida

em Cor de Rosa e Meninos não choram.

f) Escolha de textos trabalhados durante o curso pelos/as participantes que o/a

professor/a poderá utilizar em sua aula, aproveitando ao seu conteúdo.

g) Opções de execução de várias atividades para serem executadas no decorrer

do curso, com o objetivo de discussões e enriquecimento de soluções para as

questões de gênero nesse espaço escolar, as quais estão inseridas no item

“dinâmicas”, que segue logo abaixo.

h) Na Educação Infantil (1ª à 4ª série), por meio da montagem dos projetos,

sugerir à equipe pedagógica o acompanhamento das atividades com os

brinquedos, os tipos de brinquedos, de maneira a evitar a discriminação

relacionada às diferenças de gênero.

i) Sugestões junto à direção, equipe pedagógica, professores/as e

funcionários/as de mudanças de condutas em certas situações: dentro do

pátio, na hora do recreio; nas aulas de Educação Física; se for o caso, na

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formação das filas; no uso de linguagem não-sexista, para dar visibilidade à

presença das mulheres e reconhecer sua contribuição social.

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3 DINÂMICAS

1ª) Estudo de Casos

Retirado de:

VITIELO, Nelson; GONÇALVES, Ana Cristina Canosa et al. Manual de dinâmicas

de grupo. Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana. Persona - Centro de

estudos em comportamento humano. São Paulo: Inglu, 1997. p. 25-26, 50-53.

Objetivo: Promover a reflexão e a discussão acerca de um ou mais casos

específicos que necessitem de uma “solução”, a ser buscada pelo grupo.

Tamanho do grupo : Mínimo de 5 e máximo de 25 participantes. O exercício poderá

ser feito com vários subgrupos.

Tempo requerido: 1 hora.

Ambiente físico: Sala ampla, que possa acomodar os participantes.

Material exigido: Uma cópia do Estudo de Caso para cada subgrupo. Um quadro,

lousa ou flip-chart para anotações.

Processo:

1- O facilitador pede que os/as participantes se dividam em subgrupos.

2- Distribui-se uma cópia do Estudo de Caso para cada subgrupo, que deverá

lê-lo, discuti-lo e refletir sobre o caso, buscando uma “solução” para ele. Cada

subgrupo poderá receber casos diferentes, ou todos poderão receber cópias do

mesmo caso.

3- Cada subgrupo deverá eleger um/a relator/a, para que exponha a solução

encontrada por seu grupo para o caso em pauta. O/A facilitador/a, enquanto isso,

anotará no quadro os pontos principais das reflexões de cada subgrupo.

4- Abre-se a discussão para todos/as os/as participantes.

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Fechamento:

O/A facilitador/a estimulará discussão entre os/as participantes, buscando o

enfoque das diferentes interpretações e diferentes soluções encontradas para cada

caso.

Caso 1

Sua vizinha, M. B. (40 anos), sabendo que você é um Educador Sexual e por

isso deve “entender dessas coisas”, procura sua ajuda em um conversa informal.

Conta-lhe então que sua filha, R. S. (17 anos), noiva de um “bom partido”, acaba de

decidir desmanchar o noivado por estar apaixonada por uma mulher. Quando ela

verbaliza o nome da “namorada” de R.S., você percebe tratar-se de sua sobrinha

mais querida. Sem saber desse parentesco, M.B. relata que seu marido a culpa pela

“sem-vergonhice” da filha, que quer expulsar de casa. Frente a isso, R.S. decidiu

fugir de casa e, com sua “namorada”, vai viver em outra cidade. M.B., chorando

desesperada, diz que R.S. é sua única filha e que não sabe o que vai fazer sem ela

em casa, embora “sofra desse mal”.

Caso 2

O programa Tarde Quente, apresentado por João Kleber, provocou o pedido

de que fosse cassada a concessão da emissora Rede TV!, em razão de

“pegadinhas” ofensivas aos homossexuais e a outros grupos. A Rede TV! chegou a

ficar 24 horas fora do ar por não ter cumprido uma ordem judicial.

No dia 12 de dez. de 2005, após acordo judicial entre a emissora, o Ministério

Público e seis ONGs de defesa de direitos humanos e direitos dos homossexuais,

estreou o programa Direitos de Resposta, que foi concebido como

“contrapropaganda”.

A partir dessa data, a emissora exibiu 30 programas Direitos de Resposta,

das 16 às 17 horas, em que foram discutidos temas como cidadania, direitos

humanos, diversidade de gênero.

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Questões:

- Algumas pessoas criticaram a ação judicial contra a emissora, dizendo que pode

significar uma ameaça à democracia. O que você acha disso?

- Você acredita que é possível existir uma emissora de TV que respeite a

diversidade? Justifique sua resposta.

Caso 3

Uma diretora de uma escola do interior de São Paulo contou ter tido uma

experiência curiosa em 2004. Ao fazer a chamada em uma turma, o aluno Marcos

estava sempre ausente. Por outro lado, o nome de Luíza precisava ser adicionado.

A aluna dizia ter feito a matrícula; no entanto, a direção não conseguia localizar sua

ficha e sua documentação. Concluíram tinham sido extraviadas, e uma nova ficha foi

preenchida.

Passado algum tempo, algumas alunas vieram à direção fazer uma queixa:

um menino, vestido de mulher, estava utilizando o banheiro feminino. Só então a

diretora descobriu que era Luíza, cujo nome oficial era Marcos. Conversou com

Luíza, que naquele dia foi para casa mais cedo. A diretora não sabia como lidar com

a situação. Trocou idéias com colegas, procurou ajuda em uma ONG que trabalhava

com o tema. Contou não ter sido fácil o processo, pois enfrentou resistência de

professore/as, estudantes, mães, pais e funcionários/as. No entanto, Luíza

permaneceu na escola, sendo chamada por esse nome, que era como queria ser

chamada. Concluiu o ensino fundamental e participou da cerimônia de formatura de

sua turma.

Caso 4

Samuel quer comprar uma boneca para seu irmão de três anos. Ele já viu

algumas muito bonitas na loja. Mas, quando comenta isso com seu amigo João, este

responde: ”Meninos não brincam de bonecas”. O que Samuel deve fazer?

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Caso 5

Este texto desta atividade é de minha autoria, como aluna PDE:

ESPLENDOR, Elizabeth Vieira dos Santos.

Um menino havia ido à escola com uma vasilha plástica de tampa cor de

rosa, de sua irmã, em sua lancheira, a qual sua mãe havia colocado ali. Na hora do

recreio, quando foram tomar o lanche, seus amiguinhos fizeram a maior gozação

com ele, falando que era de menina a vasilha. Como ele podia estar usando uma

vasilha de tampa cor de rosa, etc.? Como a professora deveria agir nessa situação,

em sua opinião?

2ª) Mensagem dos Meios de Comunicação

Retirado do:

SEBRAE - Serviço de Apoio à Pequena Empresa no Paraná. Adolescência:

administrando o futuro. 2. ed. Editoração e Impressão: apoio BAMERINDUS, 1992,

p. 83-97.

Objetivo: Reconhecer algumas mensagens transmitidas pela televisão, e por outros

meios de comunicação, sobre os papéis sexuais e as relações pessoais.

Material: Ficha de Trabalho.

Tempo: As fichas devem ser entregues numa sessão e devolvidas, preenchidas, na

sessão seguinte; 30 minutos de discussão.

Procedimentos

1. Sem muitas explicações, peça ao grupo que assista a programas de TV

durante duas horas.

2. Informe que as duas horas devem incluir pelo menos cinco anúncios, em

um programa sobre família e em uma novela sobre relações entre casais.

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3. Distribua ficha de Trabalho “Mensagens dos Meios de Comunicação” a

cada participante e peça-lhe que a preencha quando terminar de assistir aos

programas. Você pode dar alguns exemplos.

4. Solicite aos jovens que tragam a Ficha de Trabalho na sessão seguinte,

quando serão discutidos os seguintes pontos:

Pontos de discussão:

Parte I

1. Em que tipos de atividades estiveram envolvidos os homens e as mulheres?

2. Você percebeu alguns padrões nos quais homens e mulheres estivessem

representados?

3. Que tipo de produtos era anunciado pelas mulheres? E pelos homens?

4. Você acha que os anúncios são realistas?

Parte II

5. Que papéis foram desempenhados por homens e mulheres em relação à família?

6. Quem exercia papel dominante nas famílias? Alguém representou algum papel

não tradicional?

7. A família apresentada no programa parecia real?

Parte III

8. Quem eram os personagens que estavam envolvidos em relações românticas no

programa sobre casais?

9. Os casais apresentados eram casados?

10. As relações românticas mostradas pareciam realistas?

11. Você acha que a televisão reflete os valores de sua família? Ou de seus amigos?

3ª) Uma alternativa para essa atividade é solicitar que cada participante traga três

dos seus anúncios preferidos. Peça que cada um apresente os anúncios ao grupo e

que responda às seguintes perguntas:

- Que imagem das mulheres é apresentada?

- Que imagem dos homens é apresentada?

- O que esses anúncios mostram como sendo “correto” fazer?

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- Como os anunciantes dizem que os expectadores mudarão se consumir os seus

produtos?

- Você gostaria que sua irmã ou seu irmão menor seguissem o modelo visto no

anúncio? Por quê?

4ª) Gestos, cores, pessoas, objetos, tudo é classificado como masculino ou feminino.

Que tal refletir sobre isso?

Atividade retirada do material Gênero e Diversidade na Escola: Formação de

Professoras/es em Gênero, Sexualidade, Orientação Sexual e Relações Étnico-

Raciais (PEREIRA, 2007).

Faça um relato de lembrança de algum fato ocorrido em sua infância,

adolescência ou em sua vida de estudante, que evidencie diferenças entre meninos

e meninas:

- Essa lembrança foi de alguma forma, marcante? Em que sentido e por quê?

- E hoje, você percebe diferenças na educação que dá a seus filhos e/ou suas filhas

ou na forma como trata alunos e alunas?

5ª) Atividade de reflexão sobre o filme Billy Elliot. Reflita sobre as questões abaixo:

Atividade retirada de:

PEREIRA, M. E. (org.) et al. Gênero e diversidade na escola : Formação de

professores/as em gênero, sexualidade, orientação sexual e relações étnico-raciais.

Rio de Janeiro: CEPESC. 2007.1 CD ROM.

- Por que os meninos têm que gostar de luta de boxe e não de balé?

- Eles podem gostar de balé e não ser gays?

- Por que privilegiar, em sua formação, o ensino de gestos agressivos ao invés de

delicados, como se faz com as meninas?

- Por que elas brincam de bonecas e “panelinha” e não são estimuladas a subir em

árvores, rolar, cair, brincar de bola, como fazem os meninos?

- Por que “homens não podem chorar”?

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6ª) Para essa atividade, vamos nos separar em grupo de quatro a cinco pessoas, no

qual serão discutidas as questões que seguem. Após isso, cada grupo fará uma

síntese por escrito, em forma de um texto, sobre as discussões realizadas no grupo.

Ao terminarem a síntese abriremos para as discussões, que serão realizadas por um

representante eleito de cada grupo, o qual abordará as reflexões formuladas pelo

grupo, abrindo, assim, para as discussões do que propuseram ao grande grupo.

PEREIRA, M. E. (org.) et al. Gênero e diversidade na escola : Formação de

professores/as em gênero, sexualidade, orientação sexual e relações étnico-raciais.

Rio de Janeiro: CEPESC. 2007.1 CD ROM.

1 - Disserte sobre uma questão de gênero apreciada por você.

2 - Que sugestões o grupo daria para se trabalhar a desconstrução dos

estereótipos de gênero, e os preconceitos e as discriminações, em seu espaço

escolar ou em sua sala de aula?

3 - Como o professor deve fazer diante dessas situações de discriminações e de

preconceitos vivenciados dentro da sala de aula? Que estratégia deve utilizar?

4 - Por que o gosto pela música e pela dança não deve ser cultivado pelos

homens?

5 - Por que há poucas meninas nas aulas de futebol, capoeira ou judô, o que vocês

pensam a respeito dessa questão?

6 - O que pensam a respeito de se estimular os meninos a arrumar seus quartos, a

auxiliar nas mais diversas tarefas domésticas, a cuidar dos irmãos menores, a

ler, a desenhar e a criar histórias?

7 - Qual a razão de não se estimular as meninas a gostar de aventuras, de escalar

obstáculos, de enfrentar perigos e desbravar novos territórios, em suas fantasias

infantis?

8 - O que acham a respeito de estimular a prática conjunta de esportes de meninos

e meninas? Ou em alguns dias elas jogam, e em outros, eles?

9 - O que poderíamos observar em termos de relação de gênero quando meninos e

meninas jogam juntos algum esporte?

10 - Como podemos fazer para tornar a escola um espaço de promoção da

cidadania e da eqüidade de gênero?

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11 - De que forma meninos e meninas são separados e são integrados, na escola?

12 - Como podemos questionar ou trabalhar a desigualdade social entre homens e

mulheres, na escola?

13 - Você já parou para pensar se são mais de meninos ou de meninas os

comportamentos e os desempenhos considerados inadequados?

14 - Que formas de masculinidades e feminilidades estão sendo incentivadas nas

nossas escolas?

15 - Que profissões são designadas para mulheres e para homens, brancas/os e

negras/os?

16 - Os livros de História do Brasil fazem referência às mulheres? Eles contam a

história do movimento feminista no século XX? Da luta e da conquista das

mulheres pelo direito ao voto? E a história das mulheres negras? Há menção a

mulheres indígenas?

17 - No livro de Ciências aparecem imagens de corpos femininos ou masculinos?

Esses corpos são também de negros/as e de índios, ou apenas de brancos?

18 - Se sua escola, por exemplo, adotasse algum livro de português que, numa lição

qualquer, contasse uma história de amor entre dois rapazes, qual seria a reação

dos/as estudantes? E das mães e pais?

19 - Os livros de Ciências falam sobre esse tema em outros locais, além de quando

tratam sobre DSTS e AIDS?

20 - Você acha suficiente apenas trabalhar ou comemorar o “Dia da Mulher” e não

se falar mais nada a respeito? Ou se deve trabalhar esse assunto inserido em

conteúdos como abordagem de assunto de gênero?

21 - Qual questão de gênero está mais presente em nossa sociedade?

22 - Por que há maior diferença de gênero em determinados lugares, como em

Marrocos, por exemplo?

23 - Quais questões de gênero são mais perceptíveis no comércio, com a finalidade

de consumo?

24 - Você parou para pensar quais são os cargos ocupados exclusivamente por

homens? E por mulheres?

25 - Você acha que ser mãe é uma coisa natural da mulher, ou esse papel foi

desenvolvido pela sociedade?

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4 PESQUISA DO AMBIENTE ESCOLAR

Para a montagem das questões desta pesquisa, baseei-me na leitura dos

textos:

PEREIRA, M. E. (org.). et al. Gênero e diversidade na escola : Formação de

professores/as em gênero, sexualidade, orientação sexual e relações étnico-raciais.

Rio de Janeiro: CEPESC. 2007.1 CD ROM.

1ª) Você verifica alguma situação de preconceito ou discriminação relacionado às

diferenças de gênero em seu ambiente de trabalho? Se você observa, cite

algumas delas.

2ª) Em seu bairro você já percebeu ou notou algum tipo de discriminação

relacionada às questões de gênero?

3ª) Observe o recreio, a saída e a entrada; ou seja, observe os intervalos de sua

escola e veja de que brincam e o que jogam meninas e meninos. Queimada?

Futebol? “Menino pega meninas”? “Passa anel”?

4ª) Quais atividades os meninos e as meninas realizam juntos, e quais em

separado?

5ª) Observe, sob uma perspectiva de gênero, se nesses jogos e nessas brincadeiras

estão presentes violências, preconceitos, homofobia etc.

6ª) No horário do recreio, quem quase sempre ocupa a quadra esportiva, meninas

ou meninos?

7ª) Como o/a professor/a de Educação Física conduz os jogos? São jogos em que

as meninas jogam com os meninos?

8ª) Pergunte ao/à professor/a de Educação Física, o que ele/a acha ou se já faz

uma divisão dos espaços, como, por exemplo, por dia de semana: em alguns

dias elas jogam, e em outros, eles?

9ª) Em sua escola percebe-se muito o uso de uma linguagem sexista, em que não

se dá visibilidade à presença das mulheres e não se reconhece sua contribuição

social?

10ª) Como são trabalhadas as relações de gênero, de 1ª a 4ª séries ?

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11ª) Os jogos e as brincadeiras que os profissionais estão realizando dão ênfase às

questões de gênero?

12ª) Como são organizadas as filas em sua escola? Os meninos ficam separados

das meninas?

13ª) As questões de gênero estão inseridas no PPP (Projeto Político Pedagógico)

de sua escola?

14ª) Na escolha dos livros didáticos você procura analisar as obras, se elas estão

“contaminadas” por divisões de papéis de gênero? Já pensou em refletir sobre

esse assunto?

15ª) Você pensou como as relações de gênero aparecem nos livros que utiliza em

suas aulas?

16ª) São mais de meninas ou mais de meninos os comportamentos e desempenhos

considerados inadequados?

17ª) Existe em seu ambiente escolar ou em sua sala de aula casos de crianças com

características homossexuais? Existe discriminação, preconceito contra esses

sujeitos, por parte de estudantes, professores/as, funcionários/as, que você

tenha notado? Existe algum trabalho sendo realizado para se combater esse

tipo de discriminação? Já houve evasão escolar de alunos homossexuais, por

não serem aceitos nesse ambiente escolar?

18ª) Na lista de chamada existem separações dos nomes dos meninos dos das

meninas? E por quê?

19ª) Em sua opinião faz parte da “natureza feminina” ser professora?

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REFERÊNCIAS

BRAGA, E. R. M. A Questão do gênero e da sexualidade na educação. In: RODRIGUES, Elaine e ROSIN, Sheila Maria. Infância e práticas educativas. Maringá-Pr: EDUEM, 2007, p. 211-220. COSTA, Gal. Coleção: o melhor de Gal Costa. Participação especial de Luiz Gonzaga: Tem Pouca Diferença. Brasil: RCA, [S.D], 1981. FRIEDEN, Earl; LIPNER, Harry. Endocrinologia bioquímica dos vertebrados . Tradução: MAGALHÃES, J. R; SILVA, M. T. A. São Paulo: Edgard Blücher, Editora da Universidade de São Paulo, 1975. p. 78-83. GUYTON, Arthur C. Fisiologia humana . 5. ed. Rio de Janeiro: Ed. Interamericana, 1981, p. 412-417. LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação : Uma perspectiva pós-estruturalista. 3. ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1997. p. 7-179. PEREIRA, M. E. (org.) et al. Gênero e diversidade na escola : Formação de professores/as em gênero, sexualidade, orientação sexual e relações étnico-raciais. Rio de Janeiro: CEPESC. 2007. 1 CD ROM. REVISTA EDUCAÇÃO GRANDES TEMAS. Gênero e sexualidade : Mapeando as igualdades e as diferenças entre os sexos e suas relações com a educação. Editora: segmento, mar. 2008, p. 7 e 15. SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica : Primeiras aproximações. 5. ed. Campinas-SP: Autores Associados, 1995. p. 9-125. SEBRAE - Serviço de Apoio à Pequena Empresa no Paraná. Adolescência: administrando o futuro. 2. ed. Editoração e Impressão: Apoio BAMERINDUS, 1992. p. 83-97. VITIELO, Nelson; GONÇALVES, Ana Cristina Canosa et al. Manual de dinâmicas de grupo . Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana. Persona - Centro de estudos em comportamento humano. São Paulo: Inglu, 1997. p. 25-26, 50-53.