SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO · Desenvolvimento Agora é o momento de retornar a sala de aula...
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
Superintendência da Educação
Diretoria de Políticas e Programas Educacionais
Programa de Desenvolvimento Educacional
UNIDADE DIDATICA
Guarapuava
2011
Marcia Kalinke
Uso de Imagens e Recursos Tecnológicos Para Alunos Com Deficiência Auditiva
Em Classes Inclusivas.
Guarapuava
2011
Introdução
Por muitos anos a educação de surdos esteve restrita a escolas especiais e classes
especiais, mas com a aplicação da política de educação inclusiva. Agora está se vivendo
outra realidade, a das classes inclusivas e cabe as escolas públicas se adequarem às
necessidades especiais destes alunos.
Sabe-se que a maioria dos alunos surdos, nasce em lares de pais ouvintes, os quais
nunca tiveram contato com o surdo antes, o que dificultava a comunicação deste aluno com
eles. A criança surda convive com duas culturas: a surda e a ouvinte, favorecendo assim o
desenvolvimento bilíngüe onde a primeira língua deve ser a de sinais e a segunda o
português.
Sabe-se que é desafiador realizar o trabalho nas classes inclusivas onde se tem alunos
“ouvintes” que já possuem suas diferenças e alunos com deficiência no caso a surdez.
Os alunos surdos utilizam para a sua comunicação a linguagem de sinais “Libras”,
independente do local onde vivem e que é, na maioria das vezes, desconhecida por nós
ouvintes. A língua de sinais é visual e motora tornando compreensível o uso de materiais
visuais para melhor compreensão dos assuntos explorados, respeitando assim a experiência
visual no processo ensino aprendizagem.
Têm-se vários documentos que tratam da educação especial, dentre eles citamos a
Declaraçao de Salamanca, na Espanha em 1994 que diz:
Todas as escolas deveriam acomodar todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras. Deveriam incluir crianças deficientes e superdotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade, crianças pertencentes a minorias lingüísticas, étnicas ou culturais pertencentes a minorias lingüísticas, étnicas ou
culturais e crianças de outros grupos em desvantagem ou marginalização. (Declaração de Salamanca, p. 17- 18)
No Brasil temos a lei 4024/62 em seu Artigo 88 diz “a educação de excepcionais
deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral de educação a fim de integrá-lo a
comunidade”. Contrapondo-se a este temos em seguida a lei 5692/71 que em seu Artigo 9
diz: “os alunos que apresentam deficiências físicas e mentais, as que se encontram em
atraso considerável, quanto a idade regular de matricula, os superdotados deverão receber
tratamento especial, de acordo com as normas fixadas pelos competentes conselhos de
educação”.
Na seqüência tem-se a Constituição de 1988 e a LDB que vem a garantir em aspectos
legais, aos portadores de alguma deficiência, o direito de viver em comunidade e exigir da
sociedade mudanças na forma de ver e pensar a deficiência, combatendo assim a
discriminação além de garantir que sejam atendidos na rede regular de ensino.
Vive-se, portanto um momento de transição onde as escolas regulares estão se
adaptando ao processo de Inclusão escolar, pois a educação é um direito de todos sem
distinção e segundo Paraná(2006) cabe ao Estado democrático, por meio de implementação
de políticas publicas enfrentar as desigualdades sociais e promover o reconhecimento
político e a valorização dos traços de especificidades culturais que caracterizam a diferença
das minorias sem visibilidade social historicamente silenciadas.
Ser cidadão também supõe a apropriação e a fruição dos saberes acumulado historicamente, das formas mais desenvolvidas do conhecimento, dos seus símbolos e códigos, de tal maneira que constituíam instrumentos imprescindíveis ao pleno exercício da cidadania, isso representa a necessidade de superar as formas empíricas da educação, os conteúdos curriculares de orientação meramente manipulativos, as doses homeopáticas de escolaridade e as estratégias isoladas e espontaneistas de participação travestidas pelo discurso da igualdade e da integração (ROSS, 1998, p. 107 apud Paraná, 2006, p.35).
Pensando nisso no inicio de 2009, a capacitação dos professores da rede publica do
Estado do Paraná foi direcionada para a Inclusão Escolar, percebendo-se assim a
preocupação das políticas públicas, pois até então não havia nem informação nem
estrutura física para o recebimento destes alunos. Com a lei 12095/98 assegurou-se ao
portador de deficiência auditiva a utilização do processo bilíngüe desde a educação infantil
até a universidade levando o professor a criar estratégias de ação para interagir com este
aluno.
O uso de material visual e recursos tecnológicos podem satisfazer as necessidades de
desenvolvimento do aluno. “Seu grande valor está em apresentar ricas possibilidades para
o estimulo de atividades nas crianças: físicas, motoras, sensoriais, sociais, afetivas,
intelectuais, lingüísticas, etc”. (CHICON, 2004, p.31)
De acordo com a DCE de Ciências do Estado do Paraná, observa-se que o uso de
tecnologias e recursos visuais também é citado, referendando assim a sua importância no
processo educacional.
O processo ensino-aprendizagem pode ser melhor articulado com o uso de: • recursos pedagógicos/tecnológicos que enriquecem a prática docente, tais como: livro didático, texto de jornal, revista científica, figuras, revista em quadrinhos, música, quadro de giz, mapa (geográficos, sistemas biológicos, entre outros), globo, modelo didático (torso, esqueleto, célula, olho, desenvolvimento embrionário, entre outros), microscópio, lupa, jogo, telescópio, televisor, computador, retroprojetor, entre outros; • de recursos instrucionais como organogramas, mapas conceituais, mapas de relações, diagramas V, gráficos, tabelas, infográficos, entre outros; • de alguns espaços de pertinência pedagógica, dentre eles, feiras, museus, laboratórios, exposições de ciência, seminários e debates.(Paraná, 2008, pg.73).
Estas tecnologias devem incluir aspectos construtivistas e tecnicistas que levem a
construir, interpretar e compreender a influencia do conteúdo no cotidiano além de
promover mudanças e transformações nos métodos de ensino e no sistema educacional
preparando o aluno com deficiência auditiva para conviver e utilizar estes recursos
tecnológicos.
Com relação ao ensino de ciências na 8ª série (9º ano), percebe-se um ensino
fragmentado, reduzido a fórmulas e definições sem significado para o aluno utilizando-se
um livro didático que não atende as necessidades dos mesmos e não faz integração entre os
conteúdos que são repassados mecanicamente, visando uma memorização sem integração
com o cotidiano de alunos ditos normais, imagina-se então com os portadores de
deficiência auditiva.
Ao trabalhar o assunto Óptica/Espelhos vê-se a possibilidade de relacioná-lo com
muitas áreas do conhecimento, pois se tem aí a presença da filosofia com a observação e
reflexão do belo, na física temos a explicação cientifica para a sua existência, sua
importância e a química composição (elementos químicos) dos espelhos. Á história cabe o
estudo das primeiras observações da luz como pontos luminosos à noite. A língua
portuguesa está presente na forma de comunicação, além de LIBRAS que auxilia na
interação com o aluno surdo aplicando-se assim a política da transdisciplinaridade também
aceita pela Secretaria de Estado da Educação (SEED).
Pensando nisso buscar-se-á uma aprendizagem voltada para a utilização de recursos
visuais variados como: objetos, gravuras, desenhos, etc., que é de vital importância em
todas as fases do processo ensino-aprendizagem do aluno incluso.
Desenvolvimento
Agora é o momento de retornar a sala de aula e como sugestão de atividade desta
Unidade Didática, leva-se um plano de aula que será descrito a seguir:
1. Identificação:
Escola de Aplicação: Colégio Estadual Castro Alves - EFM
Título: Uso de imagens e recursos tecnológicos para alunos com deficiência
auditiva em classes inclusivas.
Turma: 8ª série (9º ano) do ensino fundamental
Inicio: primeira quinzena de novembro.
Informações sobre a aula:
Objetivos:
- Respeitar a experiência visual do aluno surdo no processo ensino aprendizagem.
- Confeccionar materiais didáticos com todos os alunos, seja ele, surdo ou ouvinte.
- Utilizar as tecnologias oferecidas pela escola no apoio às aulas de Ciências de classes
inclusivas.
- Usar os recursos visuais e a tecnologia como instrumentos facilitadores da aprendizagem
dos alunos inclusos.
- Adaptar os conteúdos curriculares de ciências de forma a atender os alunos surdos.
Conteúdos:
Conteúdo Estruturante: Energia relacionada com Sistemas Biológicos.
Específico: Óptica/Espelhos, Visão
Conceitos: Energia, luz, reflexão da luz, imagens, olho humano, cores.
Espelhos: Composição, função, plano, côncavo, convexo.
O conteúdo estruturante Energia e o conteúdo especifico Óptica/Espelhos é
considerado um conteúdo de difícil compreensão por alunos, pois sua abordagem se dá
somente de forma teórica, se atendo a cálculos matemáticos, sem uso de materiais práticos
do cotidiano e recursos visuais.
Conhecer a Óptica/Espelhos partindo do olho humano que faz parte do conteúdo
estruturante sistemas biológico, torna-se importante, pois se têm em vista os fenômenos
ocorridos no dia a dia propiciando assim alguns subsídios para uma compreensão crítica e
histórica do mundo em que se vive, seja ele natural, construído ou social.
Metodologia:
Segundo Moreira (1999), na Teoria da Aprendizagem Significativa, o sucesso do
ensino se dá a partir do momento em que o professor investiga e considera o que o aluno já
sabe. Existem várias formas de o professor fazer isso e uma delas é a utilização de pré-
testes. Eles são instrumentos que facilitam a investigação do conhecimento prévio do aluno
por parte do professor, pois eles servem para levantamento de dados e a partir daí,
construir um conhecimento crítico, relacionado ao mundo exterior da escola. Por isso como
sugestão de primeira atividade, tem-se a aplicação de um pré-teste, que encontra-se no
anexo 1, e que será também utilizado como pós-teste para comparação do conhecimento
adquirido pelo aluno.
A segunda atividade a ser desenvolvida tem como objetivo a interação entre os
conteúdos estruturantes. Sua descrição é a seguinte: alunos com olhos vendados
identificam objetos a eles entregues e tocados ressaltando assim a importância da luz e da
visão como forma de observação e comunicação.
Ter-se-á também a apresentação de vídeos do youtube, para melhor compreensão do
conteúdo e serão feitos no decorrer das aulas, conforme o surgimento dos assuntos.
Encontram-se nos anexos 2, 3 e 4 alguns exemplos de materiais que foram retirados para se
trabalhar em sala de aula. Os sítios são os seguintes:
http://youtu.be/MnJxvEKJgXA acessado em junho de 2011
Comentário: trata da ilusão de ótica conforme o foco de nossa visão.
http://youtu.be/7Z5BDFUa33U acessado em junho de 2011
Comentário: formação de imagens nos espelhos planos sobre diferentes ângulos,
mostrando como se formam.
http://youtu.be/6uh2i3L9gW0 acessado em junho de 2011
Comentário: formação de imagens em espelhos côncavos e convexos.
Intercalados aos vídeos, deve-se usar materiais práticos como a lanterna: será utilizada
em ambiente escuro, incidindo sua luz sobre o espelho para que os alunos observem os
raios refletidos. Também utilizar materiais do cotidiano do aluno para observação de
imagens, como por exemplo, bandeja de inox ( espelhos planos), colher de cozinha (
espelhos côncavos e convexos) enriquecendo a aula e fazendo com que o aluno interaja
com o vídeo.
Como última atividade sugere-se a observação e distinção entre os diversos tipos de
espelhos com, visita a uma vidraçaria ou se não for possível, visita dos vidraceiros até a
escola para complementação dos estudos referentes a composição e tipos de espelhos.
Tempo: 6 aulas, ou seja duas semanas.
Recursos:
TV pendrive, papel, computador, laboratório de informática, quadro branco, caneta,
gravuras, material concreto, como: bandeja e colher inox e polida.
Avaliação:
Será de forma continua, ou seja, durante todo o processo de aprendizagem, com
participação e registro das atividades em grupo e individual, relatos dos vídeos e entrega
dos resultados das pesquisas, relacionando o conhecimento existente a fase do pré teste
com o conhecimento pós aprendizagem.
Considerações Finais:
Acredita-se que este material irá auxiliar o professor em suas atividades diárias na
escola, pois se vê a existência de grande preocupação dos mesmos, com relação a
diversidade, neste caso, classes inclusivas com deficientes auditivos. Ao utilizar o material
e técnicas aqui sugeridas, espera-se que o professor tenha maior tranqüilidade para
transmitir o conhecimento cientifico aos alunos, principalmente os inclusos.
Referencias Bibliográficas
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9394 de 20 de Dezembro
de 1996.
CHICON, José Francisco. Jogo, mediação pedagógica e inclusão: a práxis
pedagógica. Vitória : EDUFES, 2004.
LEONEL; Karina e Elisangela; Ciências 9º Ano, Editora Scipione, Projeto Radix, 2011.
MOREIRA, Marco Antonio. Teorias de Aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999.
PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Ciências. Curitiba:
Secretaria de Estado da Educação, 2008.
PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Especial Para a construção de
currículos inclusivos. Curitiba: Secretaria do Estado de Educação. 2006
ANEXOS
Anexo 1
Pré teste:
1) Qual a importância da visão em sua vida?
2) Quais são as utilidades da luz, como um todo, para você?
3) Para você luz vem dos objetos que vemos ou sai de nossos olhos para os mesmos?
4) Você já deve ter se observado em alguns espelhos, existe alguma diferença entre as
imagens nos espelhos?
Anexo 2
Observação na internet e youtube
Ilusão Óptica:
Links:
http://www.google.com.br/imgres?q=optica&hl=pt-
BR&gbv=2&tbm=isch&tbnid=7ha_QsZsYNf27M:&imgrefurl=http://emagazinealive.blogspot.com/
2011/07/ilusoes-de-optica-pt2-parabens-
alive.html&docid=UjYqL58VndF73M&w=600&h=433&ei=IpZCTv3ZD6TX0QH5ofW1CQ&zoom=1&i
act=rc&dur=291&page=3&tbnh=119&tbnw=169&start=42&ndsp=22&ved=1t:429,r:2,s:42&tx=49
&ty=47&biw=1366&bih=575
http://www.google.com.br/imgres?q=optica&hl=pt-
BR&gbv=2&tbm=isch&tbnid=wJjDf3R617mhJM:&imgrefurl=http://www.mdig.com.br/i
ndex.php%253Fitemid%253D310&docid=TCC0WYqiryDc-
M&w=331&h=427&ei=IpZCTv3ZD6TX0QH5ofW1CQ&zoom=1&biw=1366&bih=575
O que observamos nas figuras acima?
Anexo 3
Espelho Plano:
Formação da imagem e leis da reflexão:
Link:
http://www.google.com.br/imgres?q=optica-+espelhos&hl=pt-
BR&sa=G&gbv=2&tbm=isch&tbnid=nJCs5mBaV7MGnM:&imgrefurl=http://www.sofisi
ca.com.br/conteudos/Otica/Reflexaodaluz/espelhoplano.php&docid=IwnwBwSQ9o4gEM
&w=352&h=258&ei=iJhCTrSFBYPq0gGCy5TgCQ&zoom=1&biw=1366&bih=575
Anexo 4
Espelhos Esféricos
Formação de imagens em espelhos Côncavo e Convexo
Link:
http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.iped.com.br/sie/uploads/8397.jpg&i
mgrefurl=http://www.maispiordebom.com/2010/09/optica-espelhos-
esfericos.html&usg=__8t1ghYZ0HB0-
ayNU1vyega8gBOk=&h=140&w=254&sz=8&hl=pt-
BR&start=18&zoom=1&tbnid=XO1CuWXtkxLpqM:&tbnh=61&tbnw=111&ei=aphCTvjI
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1&biw=1366&bih=575