Searle - Mente, Linguagem e Sociedade

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Resumo da Obra de Searle

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  • 7/17/2019 Searle - Mente, Linguagem e Sociedade

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    MENTE, LINGUAGEM E SOCIEDADE

    Filosofia no mundo real( John ! Searle "

    A ess#n$ia da men%e&a $ons$i#n$ia e sua es%ru%ura!

    John R. Searle, inicia o captulo trs advertindo que seriaingenuamente supor que a conscincia o mais bem compreendido

    fenmeno de todos. Pois estamos por demais arraigado com nossaprpria conscincia durante nossas vidas, tanto acordados comodormindo, assim sendo poderia ser mais f!cil do que simplesmentedescrever nossas prprias e"perincias conscientes# Porm, isso serevela mais difcil do que se parece. $o tentar descrever suaconscincia, ver! que grande parte do que fa% descrever os ob&etose eventos que lhe s'o mais pr"imos. (e inicio descreveria suassensa)*es corporais internas, humores, emo)*es e pensamentos,aps descreveria o conte+do de sua conscincia das coisas que

    percebe conscientemente. esmo que eu descreva os meuspensamentos conscientemente embora n'o este&am presentes osob&etos, grande parte daquilo que descrever sobre o estadoconsciente, mesmo assim ser! sobre os ob&etos ausentes e eventospassados. -ssa dificuldade de ter uma descri)'o fa% por si s, que aconscincia n'o um ob&eto de observa)'o da mesma maneira queoutras coisas o s'o. Para Searle h! duas dificuldades para se ter uma e"plica)'o

    da conscincia que vem da rela)'o entre conscincia e a observa)'o.$ primeira que n'o podemos observar a conscincia da maneira comoobservamos montanhas e oceanos, pois o +nico candidato observa)'o o prprio ato de observar. $ segunda dificuldade o autor comenta que somos herdeirosde uma longa tradi)'o filosfica que se recusa a tratar a conscinciacomo parte do mundo normal, natural, /fsico0 no qual vivemos. 1sdualistas tratam a conscincia sendo n'o fsico. J! os materialistas

    eles negam sua e"istncia como fenmeno real e irredutvel esustentam que, na verdade, n'o e"iste conscincia que este&a acima

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    ou alm dos processos /materiais0 ou /fsicos0 descritos em termos daterceira pessoa. Para Searle insiste que a conscincia um fenmenobiolgico comum como a digest'o ou a fotossntese e far! sua posi)'osoar como materialismo. (iante desta coloca)'o o autor foi

    caracteri%ado como materialistas por alguns de seus comentadores edualistas por outros. -le v que a sada desse conflito de posi)*es2padr'o fa%er uma revis'o conceitual.Searle enfati%a que o nossoproblema do qual herdamos para descrever os fatos o con&unto decategorias. -m um momento temos o modelo do conhecimentocientfico, que o conhecimento do /mundo fsico0 e somos herdeirosde uma tradi)'o filosfica que di% que a conscincia n'o fa% parte domundo fsico. (evemos abandonar o con&unto de categorias,

    abandonar a no)'o de que /mental0 e /fsico0 designam categoriasmutuamente e"clusivas. (e um lado a conscincia /material0, poisela um fenmeno biolgico como qualquer outro. Por outrolado a conscincia n'o redutvel a nenhum processo que consistaem fenmenos fsicos descritveis e"clusivamente em termos fsicosda terceira pessoa. 3emos que a conscincia ao mesmo tempocompletamente material e irredutivelmente mental.

    Tr#s erros a res'ei%o da $ons$i#n$ia!

    4este sub2ttulo Searle vai mostrar os trs erros a respeito daconscincia. -le come)a e"pondo e corrigindo diversos erros2padr'o

    normalmente cometidos em nossa tradi)'o filosfica sobre a nature%ada conscincia.

    1 primeiro erro que poderemos estar errados a respeito denossos prprios estados conscientes. 1 fato de a conscincia ter ummodo particular de e"istncia, levou a supor que devemos ter um tipoespecial de certe%a quando se trata de conhecer nossos prpriosestados conscientes. (escartes tinha um argumento do qual temos acerte%a absoluta a respeito de nossos estados conscientes. Sob este

    olhar em que temos a certe%a do nosso estado consciente, as nossasalega)*es a seu respeito s'o ditas /incorrigveis0, o que significa que

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    n'o podem ser corrigidas por provas posteriores. Para Searle issoparece um erro. Porm isso n'o significa que eu n'o possa estarerrado a respeito de meus estados conscientes. $s pessoas negamestar com ci+mes quando na verdade est'o. Prop*em em fa%er algo

    para seu prprio bem quando, mais uma ve%, bvio, para qualquerobservador e"terno, que lhes falta vontade para tal. 5! v!riasdimens*es diferentes nas quais podemos cometer um erro assim, emencionarei brevemente quatro delas. $ primeira maneira pela qual podemos estar errados a respeitode nossos prprios estados conscientes o auto2engano. Porserdoloroso ao enfrentarmos nossos ci+mes, hostilidade, fraque%as,ns enganamos a ns mesmos. Recusamo2nos a admitir, inclusive

    para ns mesmos, nossos sentimentos e atitudes mais vergonhosas.Pode2se acreditar conscientemente e alegar sinceramente que sepretende parar de fumar, quando na verdade se sabe interiormenteque n'o se tem tal inten)'o. 6 essa a nature%a do auto2engano.

    7ma segunda causa de erros sobre nossos prprios estadosconscientes, relacionados ao auto2engano, a m! interpreta)'o. Pore"emplo, em um momento de grande emo)'o voc pode pensarsinceramente que est! apai"onado, porm mais tarde percebe que

    interrompeu mal seus sentimentos e que a emo)'o era apenas umenvolvimento passageiro.

    7ma terceira causa de erro sobre nossos prprios estadosmentais, que acredito ser a mais comum, est! relacionada segunda.uitos de nossos estados mentais est'o conceitualmente ligados anosso comportamento segundo certas descri)*es. $ssim, se eu disserque tenho a inten)'o firme e incondicional de fa%er algo, ent'o, a n'oser que eu demonstre ao menos alguma disposi)'o para fa%er aquilo

    que tenciono fa%er, podemos ra%oavelmente duvidar de que fui corretoao atribuir a mim mesmo determinada inten)'o. -m resumo, erradosupor que h! uma distin)'o clara entre as categorias verbais que seaplicam conscincia e aquelas que se aplicam ao comportamentosubseq8ente. Pensamos, por e"emplo, que estamos realmentedecididos a parar de fumar, perder peso, trabalhar mais ou escreverum livro, mas nosso comportamento subseq8ente mostra queest!vamos errados.

    7m quarto tipo de erro sobre nossos prprios estadosconscientes a desaten)'o 9 simplesmente n'o prestamos aten)'o

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    suficiente s maneiras como nossa conscincia est! se comportando.Pensamos que estamos comprometidos com tal idia, mas vemos queao passar algum tempo ns mudamos por completo. Portanto, um erro supor que nosso conhecimento de nossos

    prprios estados conscientes certo e incorrigvel.

    Segundo Searle, o segundo erro sobre a conscincia est!relacionado ao erro da incorrigibilidade, o ponto de vista segundo oqual nossos estados conscientes s'o conhecidos por uma faculdadeespecial 9 chamada /introspec)'o0. Pensamos conhecer nossosestados conscientes por meio de um olho interior especial. 1 modeloda vis'o requer uma distin)'o entre o ato de perceber e o ob&etopercebido. Por e"emplo, se percebo minha dor, n'o sou capa% de

    distinguir entre a dor e a percep)'o da dor. -m outras palavras, n'osou capa% de fa%er a distin)'o que faria funcionar o modelo da vis'o, distin)'o entre a e"perincia de percep)'o e o ob&eto percebido.

    1 terceiro erro comum em nossa tradi)'o filosfica sobre aconscincia, e talve% o mais sutil de todos, a doutrina de que todosos nossos estados de conscincia envolvem a autoconscincia. 5!duas maneiras de interpretar, porm parecem falsas para o autor. $primeira interpreta)'o que, quando estou consciente de alguma

    coisa, estou consciente de estar consciente daquilo. uitas ve%es, aopensar em alguma coisa, estou simplesmente pensando a respeito, en'o pensando que estou pensando a respeito. 7ma interpreta)'odiferente, e realmente bem distinta, da doutrina da autoconscincia que todos os estados conscientes tm a si mesmos como ob&etosintencionais. $ teoria que, por e"emplo, quando olho pela &anela eve&o o oceano Pacfico, devo ter, como parte da minha percep)'o, aprpria percep)'o. (evo ter uma percep)'o de segunda ordem da

    percep)'o, alm da minha conscincia dos ob&etos percebidos. ParaSearle isso tambm parece um erro.

    As'e$%os es%ru%urais da $ons$i#n$ia

    $t o presente momento o autor e"punha o que a conscincia

    n'o era. $ partir daqui ele vai di%er o que a conscincia . Para fa%er

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    isso, Searle enumera os aspectos mais importantes da conscincia.Para ser breve ele se limita aos de% mais relevantes.

    rimeiro&subjetividade ontolgica. 6 o aspecto mais importanteda nossa conscincia neste aspecto fica comprovado que todos os

    nossos estados conscientes s e"istem se e"perimentado por algum.Se)undo& conscincia unificada. $ conscincia chega at ns

    de forma unificada, ou se&a, e"perincia unificada. $ssim eu possosentir a press'o dos sapatos em meus ps, o pensamento, o som dotransito, etc. /$gora estou pensando em problemas filosficos esimultaneamente, sentindo uma leve dor no dedo do p0. : S-$R;-,?@.

    Pensar e sentir s'o dois estados conscientes diferentes, mas

    fa%em parte de um +nico campo da conscincia, que o unificado. 1spacientes com crebro dividido s'o os melhores e"emplos daconscincia unificada.

    $ unidade da conscincia vem em duas formasA vertical ehori%ontal. 4a unidade vertical todos os nossos estados conscientess'o unificados. as, segundo Searle, para isso necess!rio memria,sem ela n'o h! conscincia organi%ada. J! a unidade hori%ontal apenas uma oposi)'o a unidade vertical.

    Para Searle a melhor maneira de estudar a nossa conscincia atravs de seus colapsos e patologias. 1s colapsos cerebrais tantopodem ser encontrados em dimens'o hori%ontal, como na vertical.;embrando apenas, que os pacientes com crebros divididosapresentam na vertical e os pacientes que tem apenas defeitos dememria, o colapso na unidade hori%ontal.

    Ter$eiro& intencionalidade! 6 um aspecto muito essencial para anossa sobrevivncia. Searle mostra neste aspecto que um estadoconsciente s mental em virtude de sua capacidade.

    *uar%o& humor! Bodos os nosso estados conscientes nos vemquando estamos com um determinado tipo de humor. 1 nome que sed! a esse estado de humor n'o importa. Pode ser /e"alta)'o0 ou/depress'o0. 4este aspecto Searle chama humor de sabor.

    *uin%o& estrutura! -stes aspectos est'o estruturados em suasformas n'o2patolgicas. 1s e"emplos que Searle nos d! nesteaspecto, s'o os psiclogos de Cestalt. -sses psiclogos tentammostrar que o crebro uma estrutura coerente.

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    Se+%o& ateno.$ nossa conscincia tem graus variados deaten)'o. 4este aspecto, Searle divide a nossa conscincia em$en%roe 'eriferia. Prestar a aten)'o na tela do computador e ao mesmotempo ignorar a press'o do meu corpo sobre a cadeira, um e"emplo

    de periferia. (eslocar a minha aten)'o da tela do computador para apress'o que meu corpo fa% sobre a cadeira tra%er para o centroaquilo que estava na periferia.

    S%imo& condies fronteirias da conscincia. 6 umaspectos de nossos estados conscientes, relacionado ao centro e aperiferia mais n'o s'o idnticos.

    Oi%a-o& familiaridade. 1 e"emplo que Searle nos d! o nossoquarto :local onde dormimos@, nele os ob&etos s'o todos familiares.

    4este aspecto o autor ressalta tambm as dificuldades que temos deromper com la)os de familiaridades. Dsso se deve a representa)'omental.

    Nono& transbordamento! 6 uma caracterstica de nossase"perincias conscientes, que elas sempre fa)am referencias acoisas que est'o alem delas.

    D$imo&prazer! os nossos estados conscientes s'o semprepra%erosos ou despra%erosos em algum grau. Segundo Searle, para

    uma e"perincia consciente sempre vai e"istir uma perguntaA vocgostou# Eoi divertido# 3oc ficou feli%# -tc.

    O $am'o da $ons$i#n$ia e o 'ro.lema da $one+/o

    /nada seria consciente se n'o fosse parte de conscinciaunificada0. :S-$;-,

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    4o entanto, nas discuss*es atuais sobre o problema da

    cone"'o talve% este&amos pensando na conscincia de forma errada.

    $inda temos o problema da cone"'o para modalidades de

    percep)'o especificas. Podemos compreender esse ponto melhor

    ainda se voltarmos nos pacientes com crebro divididoPara finali%ar este capitulo, Searle nos fala de conscincia e

    valor. -m certo sentido, a conscincia o aspecto mais importante,porque todas as outras coisas s tem valor, importHncia ou mritogra)as a sua e"istncia.

    eferen$ias .i.lio)r0fi$a

    SEALE,John R. Men%e, lin)ua)em e so$iedade. Rocco, Rio de Janeiro,