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A revista foi pensada com o intuito de buscar novos olhares sobre o cinema brasiliense, além de ser cultural e dinâmica.

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Brasilienses inatas e apaixonadas pela sétima arte se uniram para fazer a SE7. Da necessidade de ampliar o espaço do cinema na capital, assim como a vontade de valorizar a produção cinema-tográfi ca local e divulgar as informações ao maior número de pessoas possível, foi criada esta revista.

O conteúdo diversifi cado abrange não so-mente a cena do Planalto Central, como tam-bém os assuntos nacionais e internacionais, e arte de uma forma geral. Afi nal, isso é cine-ma. Essa junção de pessoas, sons, imagens, arte, conhecimentos variados, agindo conjun-tamente por um fi m único: o amor às telonas.

As películas reproduzem a vida, e queremos, acima de tudo, reproduzir ao Brasil a vida que acon-tece na capital federal. Na SE7 você encontrará entrevistas com personalidades do cinema na cida-de, algumas informações internacionais e cober-tura dos eventos que ocorrem no planalto central.

A SE7 é a revista ideal para você que, assim como todo frequentador assíduo de salas de ci-nema, quer entender um pouco mais do mundo audiovisual. Gostou da revista? Então chame os amigos, traga a pipoca que a sessão vai começar!

Conheça a SE7

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3 Sobre a SE7

AcervoCine Memória

EntrevistaConheça Juliano Cazarré

CapaO último dos Cine Drive - in

Brasília em cenaFaroeste Caboclo

AconteceTarantino até dizer “não chega”

InternacionalE o Oscar vai para...

CrônicaTela de cinema

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22Quem faz

A Fundação � ca na W3 Sul em Brasília, foi criada em 1994 por Vladimir Car-valho. O que se deve a “mania de guardar” do cineasta, pois sempre guardou diversos materiais que expressam a história do cinema brasiliense

O Cinememória é um misto de casa-museu-sala e cinema-bib-lioteca que é mantido com re-cursos próprios; a visita é guiada

pelo próprio cineasta. As paredes da entrada do Cinememória estão cheias de cartazes como um original de Deus e o Diabo na Terra do Sol , que foi desenhado por Fer-nando Duarte (também o responsável pela logo do Cinememória), Opinião Pública (no qual Vladimir foi assistente de direção) e diversas gravuras, dentre elas a matriz em madeira do cartaz de O País de São Saruê.

No centro da sala encontram-se vit-rines que protegem antigas edições da Re-vista de Cinema (década de 50), cartas de Paulo Emilio Salles Gomes de quando era mantenedor do Clube de Cinema de Bra-sília (que acabaria dando origem ao Fes-tival de Cinema de Brasília) e alguns prê-mios obtidos com seus primeiros curtas.

Antes de se chegar a sala principal se pas-sa por uma antiga moviola (marca de equi-pamento de montagem cinematográfi ca, que em muitos países se tornou sinônimo de mesa de montagem) e pela sala de Paulo Emilio Salles Gomes que é uma minibiblioteca com

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Fundação Cinememória

Acervo

3.000 exemplares sobre o cinema brasileiro e internacional que podem ser usados para con-sultas feitas por pesquisadores e estudantes.

Ao lado dessa sala existe um pequeno santuário em homenagem a Heinz Forth-man, documentarista que também fez parte do grupo de docentes do curso de cinema da Universidade de Brasília, onde se encon-tra um antigo aparelho para montagem de 16mm. Esses aparelhos fazem lembrar do quão artesanal era o cinema daquela época (década de 50) o que ressalta a função do cineasta como artesão, trabalhando a película como sua matéria-prima e explorador ainda sem imagens, preservados e transportados para outros lugares pelo olhar da câmera.

Como abertura da sala principal se vê um fotograma ampliado dos primeiros cinejornais que foram captados durante a construção de Brasília, ainda em 1957, que são vistos como uma espécie de pedra fun-damental da história do cinema da capital. Nesse espaço também se veem fotos e ob-jetos que se relacionam ao jovem professor Nelson Pereira dos Santos, a câmera usada por Dib Lufti em sala de aula, as imagens da Universidade de Brasília contidas no docu-

mentário Vestibular 70 (o primeiro dirigido por Vladimir), o primeiro troféu brasiliense por Vestibular 70, o “carrinho” improvisado com um tronco de madeira e um carrinho de construção para a filmagem da Catedral.

Como registro da época em que o cur-so de cinema da UnB matinha vivo uma parcela do projeto de universidade que foi idealizado por Darcy Ribeiro, mas que foi interrompido durante a ditadura (vide Bar-ra 68) são expostas fotos dos professores Jean-Claude Bernadet, os já citados Paulo Emílio e Heinz Forthman, e de cineastas como Rogério Sganzerla, Glauber Rocha e Pierre Kast. Mas o que merece uma atenção especial nessa sala são os restos da bolan-deira filmada por Vladimir, encontradospor Walter e Lula Carvalho durante a pesquisa para a filmagem de Abril Despedaçado.

Na “cozinha” da casa são encontra-dos, além de mais cartazes, se encontra a Steenbeckque foi usada na montagem de Terra em Transe e Macunaíma, um cristo entalhado em madeira que foi es-culpido pelo cineasta-artesão e algumas edições de revistas da década de 30 e 40 mostrando imagens do Bando de Lampião.

Durante a visita ao local é feita uma ex-igência, que o acervo do Cinememória possa ser doado para uma instituição, para a sua sal-vaguarda em condições adequadas que per-mitam que a história que está ali sendo narra-da possa ser compartilhada e preservada. Essa exigência não deixa de ecoar uma bandeira que vem sendo levantada por Vladimir du-rante anos, na sua militância como membro de associações e como crítico de jornal: a necessidade de uma Cinemateca de Brasília.

A cidade conta somente com o Arquivo Público para depósitos de materiais fílmi-cos. Uma cinemateca garantiria o armaze-namento dos filmes produzidos na cidade e funcionaria como importante polo de dis-tribuição de filmes. Enquanto a cidade não consegue sua Cinemateca, Vladimir man-tem sua dedicação ao cinema de Brasilia com o Cinememória.

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Do popular ao eruditoMais um filho da cena cultural de Brasília, o ator Juliano Cazarré desponta nas telas do cinema e da televisão com personagens que marcam pela ousadia. Com atuações que vão desde as produções do mercado alternativo ao das novelas populares, o ator também mantém a relação com sua outra paixão: a literatura

Você ficou conhecido do público após interpretar o Adauto, em Avenida Brasil. Como foi a preparação para esse papel?O Adauto foi um presente do João Emanuel Carneiro. Ele é um personagem que marca pela sinceridade: tudo o que as outras pessoas querem falar e não têm coragem, o Adauto diz. Além disso, ele me deu a possibilidade de, como ator, brincar com feições, com a voz. Foi muito gostoso todo esse trabalho.

Entrevista

Essa foi a sua primeira atuação em um grande papel em uma novela. Pretende continuar fazendo trabalhos na televisão?Estou adorando fazer TV. Quero continuar com isso, mas também quero me dedicar ao cinema, quem sabe até fazer mais filmes lá fora. Também penso em dirigir ou escrev-er uma produção própria. Outra coisa que nunca quero me afastar muito é do teatro. Resumindo: quero tudo!

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Como foi trabalhar em sua primeira produção internac-

ional, que foi o fi lme “360º”, do Fernando Meirelles?Aprendi muito! Trabalhar com o Fernando Meirelles é sempre um passo importante no currículo de qualquer ator. Em 360º várias estórias que se ligam de algum jeito são apre-sentadas então tivemos um trabalho intenso de preparação e de convivência com a equi-pe e com os outros atores mesmo. Tudo pre-cisava estar muito interligado para dar certo. E deu! Essa foi a minha primeira atuação em um fi lme para o mercado internacional, mas espero que venham outras. Não precisa nem ser uma carreira, mas eu com certeza gos-taria de trabalhar lá fora de novo.

Vamos aproveitar para falar do fi lme “A Festa da Menina Morta”. Como foi estar sob a direção do Matheus Nachtergaele?Foi a direção mais interessante de ator que eu já tive e eu falo isso sem ofender nin-guém. Na cidade em que a gente estava, que era no meio do Amazonas, nós tínnhamos uma salinha no fundo de uma igreja onde, todos os dias, às cinco da tarde, o Matheus falava “Eu não vou fazer nada, vou só fi car com meu elenco” e puxava um alongamen-to, uma dança, um exercício, e a gente fez coisas lindas nessa sala de ensaio.

Esse personagem teve um mês para nas-cer. Foi feito um trabalho pré-expressivo, que para o público pouco importa, mas que para o ator faz muita diferença, pois constrói o personagem de dentro para fora. Como

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ator, o Matheus sabia disso, o que já ajudou. Você participou também do curta Ana Beatriz, que foi baseado em um conto que você escreveu. Como é essa sua relação com a literatura?Gosto muito de escrever e estou escrevendo sempre. Eu escrevo muita poesia e, inclu-sive, logo logo deve sair meu primeiro livro. São 40 poemas que eu escrevi sobre jane-las. Uma fala sobre uma janela da casa onde morei em São Paulo, o outro é em referência à uma janele de um dente que falta numa criança, o cinema como janela. Então eu tentei esgotar esse tema nesse meu primeiro livro.

E são poemas atuais ou que você escreveu ao longo de sua vida?São poemas de quatro anos pra cá. E en-quanto isso eu escrevo para cinema também: longas e curta-metragens. Tenho um longa terminado e o outro que tenho na cabeça e preciso escrever as cenas. O roteiro é só meu e quero fi lmar mais adiante.

Mas antes disso, eu quero concluir a di-reção de um curta. Já comecei isso e preten-do terminar ainda neste ano. É um curta de animação que estou dirigindo com a minha irmã. A gente está fazendo tudo isso em um estúdio aqui em Brasília mesmo e para mim já vai ser um aquecimento para realizar

las. Uma fala sobre uma janela da casa onde morei em São Paulo, o outro é em referência à uma janele de um dente que falta numa criança, o cinema como janela. Então eu tentei esgotar esse tema nesse

do terminar ainda neste ano. É um curta de animação que estou dirigindo

Capa

O último dos cine drive-in

Eles já foram o encanto de ge- rações de cinéfilos. Os cinemas drive-in foram os responsáveis por popularizar grandes clássicos e romantizar a sétima arte. Saiba mais um pouco o único cinema sobre quatro rodas do Brasil.

Foto: Bruno Coutinho

Aépoca atual é conhecida dentro do meio específi co cinematográfi co como a era do 3D. Os fi lmes tridimensionais vêm sendo a

opção de grandes diretores, como Martin Scorsese, que em 2011 lançou A Invenção de Hugo Cabret, vencedor de cinco prêmios no Oscar 2012. O alto investimento nesse tipo de fi lme justifi ca o espaço que ele vem conquistando entre os expectadores.

Um ano depois foi a vez de fi lmes 3D como Os Vingadores e O Hobbit: Uma Jornada Inesperada conquistarem o público. Para este ano, mais lançamentos prometem continuar fi rmando o espaço dos títulos em três dimensões, como Homem de Ferro 3, Thor – O Mundo Sombrio e Jurassic Park Em contramão às novas tendências, resiste o Cine Drive-in, o último do Brasil em funcionamento.

Fundado em Brasília no dia 25 de agosto de 1973, ele conta com uma área de quinze mil metros quadrados, que é sufi ciente para comportar cerca de quinhentos veículos. Como não poderia deixar de ser, a tela faz jus ao tamanho do restante do local com seus 312 metros quadrados. Desde a criação do Cine Drive-In, altos e baixos marcaram sua trajetória. A baixa da procura pelo serviço ao ar livre, seja pela alta dos videocassetes nos anos 80, ou o aumento das salas de cinema com novas tecnologias nos anos 90, trouxe-

Algumas vantagens oferecidas por esse estabelecimento não são encontra-das nos cinemas de centros comerciais e de shoppings, por exemplo.

”ram difi culdades. Em 1988, Marta Fagun-des, atual proprietária do estabelecimento, e seu pai tiveram que fechar as portas. Neste período, que durou um ano, Marta decidiu assumir o drive-in, juntando suas economias para entrar numa licitação e assumir o negócio.

De lá pra cá, ao contrário dos outros 33 drive-ins do Brasil, ele resistiu ao cresci-mento das salas de cinema aqui no Distrito Federal – desde os anos 70, passaram de 12 para 70 salas de exibição. Em 2000, a frequência do público foi ainda menor: cerca de 5 a 10 carros durante a semana e 20 nos fi -nais de semana. No entanto, o último ano foi marcado por uma grande virada para o Cine Drive-In daqui. Após diversas aparições na imprensa local e nacional, a proprietária de-cidiu aproveitar a exposição que estava tendo na mídia e apostou em um novo site para o

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cinema, além de campanhas em sites de pro-moção coletiva. A visitação no drive-in alcan-çou níveis surpreendentes, até 40% maiores. “Não preciso mais me preocupar em olhar para o pátio, mesmo em uma segunda-feira (dia menos movimentado) e não ver o es-tacionamento cheio”, comemora Marta. O que garantiu o funcionamento do cinema até hoje, segundo ela, foi “a união e convicção de pessoas apaixonadas pelo cinema”.

Apesar de sua origem datar de quase quarenta anos atrás, o Cine Drive-in não parou no tempo e adaptou-se às tecnologias moder-nas. Um exemplo disso foi a instalação de uma torre de som, com uma estação de rádio FM para transmitir o áudio do fi lme pelos rádios dos carros. A qualidade do telão branco tam-bém é inquestionável. Além de sua vasta exten-são, ele possui projeção de lanterna xênon, uma das mais avançadas em termos de potência.

Modernidade e história são aliadas quan-do o assunto é Cine Drive-in. Se por um lado as tecnologias chegaram, por outro, a nostalgia e a tradição permanecem nas latas dos fi lmes, técnicas do século passado. Algumas vanta-gens oferecidas por esse estabelecimento não podem ser encontradas nos cinemas de shoppings ou outros estabelecimentos de en-tretenimento, por exemplo. Nele, o expec-tador pode se sentir à vontade para conver-sar com qualquer pessoa, namorar, atender ao telefone, comer sem se importar com o barulho, controlar o volume do som, ou até mesmo ir vestido como quiser.

Outro privilégio que um cinéfi lo pode ter no Cine Drive-in é o serviço de lancho-nete e bar. Um garçom se dirige até o au-tomóvel em que você está, e pergunta o que a pessoa pretende comer ou beber. Mas, se a presença do garçom passar despercebida num primeiro momento, basta chamá-lo acendendo o farolete do carro.

Em outros aspectos, esse tipo de cin-ema é igual aos demais. Estudantes, idosos e crianças até dez anos de idade, por exem-plo, pagam meia-entrada, que custa R$ 7 de segunda à quinta-feira, e R$ 8 de sexta a do- mingo e feriados. Como nos cinemas con-vencionais, alguns tipos de comportamento são indesejados. Acender os faróis durante a sessão, buzinar ou namorar de uma forma inapropriada para o ambiente são alguns casos que tanto a equipe responsável por cuidar do Cine Drive-In, quanto os próprios

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frequentadores, condenam. “Nós não temos como impedir o namoro e a liberdade das pessoas. Só não é bom que incomode os de-mais. Mas de resto, você pode fazer tudo. Conversar alto, atender telefone, fumar, ver o filme mais alto que outras pessoas, namo-rar, enfim. Pode até sentar no chão”.

A única coisa que não incentivamos, mas também não impedimos, é que as pessoas namorem dentro dos carros. Tudo é uma questão de bom senso”, explica Marta. A tradição do cinema ao ar livre é passada de pais para filhos nas vagas no drive-in. A ar-

tesã gaúcha Luciana Fontanive, 45 anos, pas-sou a frequentar o espaço com os dois filhos, Clara e João, após ouvir falar deste reduto na televisão. “As crianças adoram. As sessões infantis são diárias e sempre tem uma opção legal. Nós levamos cadeiras e nos divertimos ao ar livre, comendo pipoca e batata frita”, conta. Para ela, é um prazer contar aos fil-hos, de 11 e 5 anos, sobre a época em que frequentava o cine drive-in de Porto Alegre, durante a adolescência. “Para eles é tudo novidade, e acho que esse diferencial é a parte mais divertida”, explica Luciana.

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Foto: Bruno Coutinho

Marta explica que boa parte do público do drive-in é assíduo, formado principal-mente por jovens universitários e famílias. “Eles procuram um ambiente calmo, onde possam conversar e se divertir sem as limi-tações de uma sala de cinema comum. Aqui é permitido bebê chorando, falar com o amigo do lado e até fazer elogio à namora-da”, afi rma. Todos os dias são exibidos dois fi lmes, em pelo menos três sessões ao longo do dia . A programação completa do cinema está disponível no site www.cinedrivein.com bem atualizado uma vez por semana.

Engana-se quem pensa que a matinê sobre rodas estacionou-se no tempo, tor-nando-se parte apenas da memória. Marta Fagundes, proprietária do estabelecimento, se mostra, de certa forma, satisfeita com o público que ainda frequenta assiduamente o local: “Nós temos uma média de 200 espec-tadores por dia, é um número muito bom. Abrimos de segunda a segunda e fazemos pelo menos duas exibições por dia, normal-mente com fi lmes diferentes”.

Gerações prestigiaram as imagens e os sons saídos da telona do cine drive-in. Per-sonagens envelheceram ao lado do público e mudaram as suas histórias também. En-quanto o projetor projeta o fi lme na grande tela, centenas de pessoas projetam na mesma seus sonhos e aspirações. Situado no autó-dromo Nelson Piquet, o Cine Drive-in se tornou parte das histórias da capital federal, do Brasil e do cinema nacional.

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Curta a programação

Detona Ralph

Como personagem de um videogame que já dura 30 anos, Ralph gostaria de receber mais atenção dos demais habitantes do game.

Diretor: De Rich MooreGênero: AnimaçãoDuração: 107 minutos

Horário: 19:30h (dublado)

Inatividade paranormal

Diretor: De Michael TiddesGênero: ComédiaDuração: 86 minutosElenco: Com Marlon Wayans e Essence Atkins

Após uma tão sonhada mudança, casal é atormentado por demônio que assombra a nova casa dos sonhos.

Horário: 21:30h (legendado)

fonte: CorreioWeb

Brasília em cena

Em breve a população brasiliense poderá ver uma das músicas mais famosas sobre a cidade também nas telas do cinema. Baseado

na composição de Renato Russo, o fi lme Faroeste Caboclo, do cineasta René Sampaio, tem estreia marcada para o mês de maio e promete levar milhares de amantes da cena brasiliense aos cinemas.

O fi lme traz a história de João do Santo Cristo partindo para Brasília em busca de uma vida melhor. Na capital do país, ele se apaixona por Maria Lúcia e vira rival do trafi cante Jeremias. O primeiro longa-metragem do diretor brasiliense segue o roteiro da canção escrita por Renato Russo no fi m dos anos 1970, que virou hit na década seguinte por meio da Legião Urbana. Cerca de 70% das cenas foram fi lmadas em Brasília e no Jardim ABC, comunidade da Cidade Ocidental, no entorno do Distrito Federal, onde foi montada a cidade cinematográfi ca que reconstruiu a Ceilândia

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de 40 anos atrás, onde morou o personagem e herói João do Santo Cristo. Além de ter sido gravada em pontos importantes e característicos da capital federal, a produção se legitima brasiliense ao contar com, além do cineasta, equipe de produção e atores também nascidos no planalto central. Quem assina o roteiro da produção é Paulo Lins, o mesmo autor de Cidade de Deus, livro que se transformou no grande sucesso filmado pelo diretor Fernando Meirelles.

O trio protagonista da trama é interpretado por Fabrício Boliveira, Isis Valverde e Felipe Abib. “A música é um marco. Eu acredito que não tenha uma única pessoa que nunca tenha escutado Faroeste Caboclo. Em cada esquina que eu passo e comento sobre o filme com as pessoas eu percebo que existe uma expectativa muito grande pela estreia nacional. É um privilégio poder interpretar esse personagem da história brasiliense”, ressaltou o ator Fabrício Boliveira, que dá vida ao bandido destemido e temido do Distrito Federal nas telonas.

Após vários atrasos em sua produção, desde barreiras judiciais a falta de recursos para as filmagens, o longa-metragem fechou com orçamento de 6 milhões e um período de dois anos nos sets de filmagem. “Todo mundo que ouviu a música naquela época ficava imaginando que aquela história daria um filme. Calhou que eu pude levar o projeto adiante. A ideia foi ser o mais fiel possível à letra do Renato”, conta René.

Além de Faroeste Caboclo, Renato Russo será personagem de mais dois longa-metra-gens que estão em fase de produção e devem estreiar ainda no primeiro semestre deste ano.

Foto: Divulgação

AconteceFoto: D

ivulgação

Foto: Divulgação

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“não chega”Tarantino até dizer

A mostra, que vai percorrer ainda o CCBB de São Paulo e o Ci-nusp, conta com a exibição de todos os longas dirigidos por

Tarantino, além de curtas e episódios de sé-ries de TV. Entre os nomes da lista encon-tram-se PulpFiction, vencedor no Festival de Cannes e ganhador do Oscar de melhor roteiro original, Bastardos Inglórios e Sin City. Dono de um reconhecimento mundial, Tarantino trabalha com roteiros não lineares, diálogos memoráveis e o uso da violência de uma forma que exaltou o cinema americano.

Famoso por ser um dos grandes dire-tores da vanguarda jovem do cinema norte-americano independente da década de 1990, seus filmes exploram a grande veia do pop art e do “cinema de arte”. Tarantino é um grande amante da rebeldia e da exaltação da revolta de personagens ou grupos clássicos da história.

Cães de aluguel, Pulp fiction, Jackie Brown, Kill Bill 1 e 2, À prova de morte e Bastardos inglórios. Mais do que filmes di-rigidos por Quentin Tarantino, cada um de-les é uma verdadeira aula de cinema. Chei-os de elementos dos clássicos do cinema e

histórias de ficção (mas ainda assim sempre muito surpreendentes e inéditos), o diretor sabe explorar cada um dos takes e constrói as suas cenas sem banalizar o roteiro. As car-acterísticas dessas películas, suas estruturas e influências fazem o trabalho desse cineasta único e singular e é por conta de tanta varie-dade e ação que o público não deixa de lotar as sessões, sempre intercaladas entre grandes sucessos e os seus primeiros trabalhos. A mostra não inclui o filme Django Livre, suc-esso nas salas de cinema em todo o Brasil.

Falar em Tarantino é de oito ou oitenta. Não existe um meio termo em seus trabal-hos e no seu próprio processo de criação. Além de diretor, é um produtor e roteirista fantástico, que sabe trabalhar com as mais di-versas nuâncias do cinema e da composição cinematográfica. Ele é daqueles diretores que sabe trabalhar bem os diálogos, toma-das, cenas e não deixa nunca de lado uma alfinetada sobre o cotidiano dos seus tel-espectadores. Aclamado pela crítica e de-batido entre especialistas, Tarantino causa e soluciona situações por onde passa e trás para o seu público sentimentos conflituosos.

Começou na primeira quinzena de fevereiro (dia 14) a exposição Mondo Tarantino no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Brasília. Com duração até 17 de março, o evento tem atraído desde f ã s d o d i r e t o r n o r t e - americano até curiosos pela violência inerente em seus filmes

Internacional

E o Oscarvai para...

A Academia de Artes e Ciências Cin-ematográfi cas de Hollywood anun-ciou na manhã do dia 10 de janeiro os indicados ao Oscar 2013. A

premiação será realizada no dia 24 de fever-eiro em Los Angeles .

O principal concorrente deste ano é “Lincoln” de Steven Spielberg, que está dis-putando em 12 categorias, incluindo melhor fi lme, melhor diretor e melhor ator, para Daniel Day-Lewis(foto).

O filme se inicia com um letreiro de explicação sobre a situação

do país durante o período pós Guerra Civil norte-

americana (na cópia que será distribuída no Brasil, pois temiam um fracasso

no mercado internacional devido à natureza política

da fi lmagem). O dire-tor Steven Spielberg

sempre teve grande admiração pelo

presidente Lincoln e conta que aos 66 anos

quando en-controu a

escritora Doris Kearns Goodwin, a pergun-tou qual seria seu próximo livro, e soube que havia possibilidade de ser um épico político sobre Lincoln, comprou os direitos de uso de fi lmagem antes mesmo do livro, “Team ofRivals”,ser ofi cialmente publicado.

Nesse intervalo, John Logan(“Gladiador”) foi chamado por Spielberg para roteirizar o livro, o ator Daniel Day-Lewis recebeu o convite para protagonizar o fi lme no mesmo período, porém o ator recusou o convite e Liam Neeson foi chamado em seu lugar.

A produtora do fi lme Katlheen Ken-nedy se juntou ao escritor Tony Kushner (“Angels in America”) e fi zeram com que o projeto tomasse um novo rumo. Após o lan-çamento do livro de Kearns, Kushner (“Mu-nique”, 2005) começou a dissecar a história do livro, disse: “Achava que era um projeto impossível”.

O roteirista decidiu focar o enredo da fi l-magem na luta de Lincoln durante a Guerra Civil que dividiu os EUA entre 1861 e 1865, e na aprovação da 13º emenda, que acabaria com a escravidão no país. “Queria mostrar Lincoln na conquista de algo monumental: abolir a escravatura e terminar a Guerra Civil” explicou Spielberg, que em 2010 con-seguiu convencer Day-Lewis a interpretar o presidente após a desistência de Neeson.“O que mais me interessou foi ler o que Lincoln escreveu, dos discursos às divagações. Sua escrita era impressionante” disse o ator.

Crônica

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Tela de Cinema

Fez-se silêncio. Não a ausência de som e ruído externo, mas um mergulho contemplativo, quase um transe que o fazia ignorar tudo ao seu redor. Alheio ao burburinho em plena Avenida Paulista, no meio da manhã, estava tomado de uma nostalgia estranha, inexplicável. Ansiava por algo desconhecido, sentia uma vontade de embriagar-se nas lembranças, nas imagens da memória. Repassar e reviver. Retornar ao ponto inesgotável de alegria, uma sucessão de momentos únicos.

Uma nostalgia saudosa que lhe deixara con-fuso. Sentia o prazer da lembrança e a dor da sau-dade. Queria fotos, queria sons, queria sentir o perfume, o toque da pele, o leve roçar dos cabelos no seu rosto, o olhar discreto e disfarçado pelas curvas dela, pelo decote a revelar um pequeno indí-cio dos seios, vibrando ao descobrir parcialmente a asa tribal da bela tatuagem que adornava seu corpo, pelo cantar de sua risada, pela explosão de alegria e de entusiasmo ao falar, pela manhã preguiçosa conversando e ouvindo música.

Desejou o impossível: a materialização do pas-sado no momento presente! A ausência trouxe-lhe a ferida do vazio, qual tela de cinema límpida e alva, despida de qualquer vida, passiva a obser-var os espectadores. O fi lme que tanto imaginara já tinha acabado. E não seria exibido novamente. A única cópia destruída. Restava-lhe, apenas, rea-vivar a memór i a e v ivenc i a r um sonho no de l í r i o do t r anse u rbano.

Jana Bolonezi tem 20 anos de idade. Sua personalidade sonhadora fez com que ela se encantasse pela arte audiovisual. Seu lado realista escolheu o Jornalismo para concretizar os sonhos que tinha. Hoje, é jornalista da Se7.

Jéssica Martins de Melo é uma brasiliense de 20 anos de idade. Diz que nunca escolheu fazer Jornalismo, porque, de certa forma, ela sempre fez. O cinema entrou em sua vida da mesma maneira: acontecendo. Quando viu, estava escrevendo para a Se7.

Laura de Falco Tizzo tem 21 anos de idade e dois anos de Jornalismo na Universidade de Brasília. É apaixonada pela sétima arte desde que seus pais a levaram ao cinema pela primeira vez, para assistirem ao fi lme Tar-zan.

Mariana de Queiroz Pedroza é uma estudante de Jornalismo de 20 anos de idade. O cinema sempre esteve presente em sua vida, mas foi quando as paixões pelo curso e pelo universo atrás das telas se uniram que ela decidiu escrever para a Se7.

Paula Braga Evaristo é uma brasiliense de 22 anos de idade. É es-tudante de Jornalismo pela Universidade de Brasília, e uma fã de cinema pela vida. Mantém esse casamento a três sempre que escreve sobre cinema.

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Nosso Elenco

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