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1 SE ESSA RUA FOSSE MINHA... NELA EU IA ENSINAR: uma percepção sobre a prática da caminhada em Belém-Pa e suas implicações na construção de um hábito saudável Indira Cristian Venancio Vulcão Aluna concluinte do CEDF/UEPA E-mail: [email protected] Vera Solange Gomes Pires de Souza Professor orientador do CEDF/UEPA E-mail: [email protected] RESUMO Este artigo é resultado do trabalho conclusão de curso apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de licenciatura em educação física. Realizamos uma pesquisa de campo e utilizamos como instrumento de coleta de dados um formulário. Nosso objetivos foram registrar informações acerca do perfil dos praticantes de caminhada e identificar, os motivos de adesão a essa modalidade, e ainda quais as influencias da caminhada realizada sem orientação para a saúde dos praticantes. Concluímos que os praticantes de caminhada não atingem de forma satisfatória os objetivos almejados, a prática da caminha realizada sem orientação de Professores de Educação Física, tem implicações positivas e negativas na saúde dos praticantes. Dessa forma concluímos que a presença do Professor de Educação Física em espaços não escolares não somente se faz necessária, como é fundamental para que a prática da caminhada seja realmente eficaz. Palavras-chave: Caminhada. Professor de Educação Física. Promoção de Saúde. INTRODUÇÃO A caminhada é uma prática comum na cidade de Belém-PA, ao observar alguns praticantes, percebemos que os mesmos aparentemente não mantinham um ritmo adequado, e que alguns não usavam calçados minimamente adequados para realização de exercícios físicos. Percebemos a necessidade de investigar essa prática comum a espaços públicos a fim de identificá-la e caracterizá-la a partir da sua implicação para a rotina como habito saudável. Em relação aos seus objetivos, esse estudo se propõe a registrar informações acerca do perfil dos praticantes, identificar os motivos de adesão à caminhada e estabelecer relações teórico-práticas sobre os riscos e benefícios da prática da caminhada realizada sem a orientação do Professor de Educação Física. Para além de responder inquietações pessoais, esse trabalho será essencial para o marco inicial em novas pesquisas que se preocupem em apresentar à população os impactos de um programa de caminhada não orientado e quais estratégias devem ser adotadas para maximizar os efeitos benéficos da caminhada

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SE ESSA RUA FOSSE MINHA... NELA EU IA ENSINAR: uma percepção sobre a prática da caminhada em Belém-Pa e suas implicações na construção de um

hábito saudável

Indira Cristian Venancio Vulcão

Aluna concluinte do CEDF/UEPA

E-mail: [email protected]

Vera Solange Gomes Pires de Souza

Professor orientador do CEDF/UEPA

E-mail: [email protected]

RESUMO Este artigo é resultado do trabalho conclusão de curso apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de licenciatura em educação física. Realizamos uma pesquisa de campo e utilizamos como instrumento de coleta de dados um formulário. Nosso objetivos foram registrar informações acerca do perfil dos praticantes de caminhada e identificar, os motivos de adesão a essa modalidade, e ainda quais as influencias da caminhada realizada sem orientação para a saúde dos praticantes. Concluímos que os praticantes de caminhada não atingem de forma satisfatória os objetivos almejados, a prática da caminha realizada sem orientação de Professores de Educação Física, tem implicações positivas e negativas na saúde dos praticantes. Dessa forma concluímos que a presença do Professor de Educação Física em espaços não escolares não somente se faz necessária, como é fundamental para que a prática da caminhada seja realmente eficaz. Palavras-chave: Caminhada. Professor de Educação Física. Promoção de Saúde.

INTRODUÇÃO

A caminhada é uma prática comum na cidade de Belém-PA, ao observar

alguns praticantes, percebemos que os mesmos aparentemente não mantinham um

ritmo adequado, e que alguns não usavam calçados minimamente adequados para

realização de exercícios físicos. Percebemos a necessidade de investigar essa

prática comum a espaços públicos a fim de identificá-la e caracterizá-la a partir da

sua implicação para a rotina como habito saudável.

Em relação aos seus objetivos, esse estudo se propõe a registrar informações

acerca do perfil dos praticantes, identificar os motivos de adesão à caminhada e

estabelecer relações teórico-práticas sobre os riscos e benefícios da prática da

caminhada realizada sem a orientação do Professor de Educação Física.

Para além de responder inquietações pessoais, esse trabalho será essencial

para o marco inicial em novas pesquisas que se preocupem em apresentar à

população os impactos de um programa de caminhada não orientado e quais

estratégias devem ser adotadas para maximizar os efeitos benéficos da caminhada

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e a melhor forma de alcançar objetivos desejados, uma vez que a maioria das

pessoas não tem acesso a esse tipo de informação em uma linguagem que seja

acessível.

Com este estudo pretendemos responder alguns questionamentos sobre a

prática da caminhada Belém-PA: Em relação aos objetivos dos praticantes, está

prática se realiza de forma correta? Qual a influência da prática desorientada para

preservação da saúde dos praticantes desta modalidade? Existe a real necessidade

da presença de um Professor de Educação Física para orientar a prática?

1. OS CAMINHOS E (DES) CAMINHOS NA RUA: O PERCURSO TEÓRICO.

2.1 Promoção de saúde através da caminhada

A pesquisa sobre caminhada suscita ousadia, haja vista que, nem sempre a

abordagem é bem receptiva. Os caminhos teóricos nos delineiam um entendimento

e apreensão do conhecimento referente a temática aqui abordada, entretanto, com

a falta de pesquisas de campo que fomentem, muitos são os descaminhos, um

destes, é explicar a necessidade de cada pergunta e resposta.

De acordo com Polito (2010) o ser humano encontra-se em um processo de

destreinamento físico decorrente das facilidades e adaptações ao estilo de vida

moderno.

A caminhada caracteriza-se como uma atividade bastante democrática, pode

ser realizada em diferentes intensidades, em grupos ou de forma individual,

apresenta um baixo risco de lesão, o sujeito não necessita desprender muitos

recursos financeiros para praticá-la, uma vez que ela é realizada ao ar livre e possui

exigências bem simples quanto à vestimenta a ser utilizada, não é de caráter

competitivo ou agressivo, é excelente para socialização e pode ser praticadas por,

basicamente, qualquer pessoa de qualquer idade.

Para Matsudo (2002) a caminhada é uma das atividades mais prevalecente

na população, o que a caracteriza como um importante instrumento para programas

que tenham como objetivo a promoção de atividade na população, auxiliando na

redução do risco de morte por doenças hipocinéticas.

O autor supracitado, em um estudo que se propôs a analisar o impacto de um

programa não supervisionado de caminhada no nível de atividade física de

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determinada comunidade, concluíram que a prática da caminhada não

supervisionada aumenta o nível de atividade física, porém o acompanhamento e a

orientação influenciam no aumento do nível de atividade física a curto e médio prazo

após a suspensão da orientação da caminhada.

Precisamos, enquanto professores de educação física, discutir e valorizar as

práticas corporais tais onde elas ocorrem de outra forma é possível que nossa

atuação passe despercebida. Nesse prisma, se faz necessário um estudo que

contribua nessa relação, que se proponha a investigar a viabilidade da atuação de

professores de educação física em ambientes não escolares para que possamos

cada vez mais ampliar nossas possibilidades de ação pedagógica.

2.2. A caminhada e alguns fatores impactantes na sua difusão junto à

população

A caminhada é tão antiga quanto o próprio homem, inicialmente existiu a

necessidade de se deslocar para procurar alimentos, num segundo momento o

deslocamento se fez necessário para tirar sustento da terra é que nos mostra

Martins et al (2010). A partir da necessidade de transformar essa atividade natural

do ser humano em exercício físico, que a caminhada tornou-se uma prática corporal

que atrai novos praticantes diariamente. Dessa forma, destacamos a caminhada

“Atividade física” e a caminha “Exercício Físico” e, a utilização adequada dos termos.

Atividade física é considerada qualquer forma de ativação muscular voluntária, com consequente gasto energético. Assim, têm-se como exemplos de atividade física: caminhar, correr, varrer a casa, lavar o carro e prática esportes em geral, percebesse que, nesse caso a atividade física pode ser voltada para o lazer ou trabalho. (POLITO, 2010 p. 15) Por definição, exercício físico é toda atividade física planeja, repetitiva com duração, intensidade e ritmos predefinidos, e com objetivos preestabelecidos, como melhorar a capacidade respiratória, torna-se um exercício físico. (CARVALHO, MAREGA, 2012 p. 16)

Ainda que a caminhada seja uma atividade aparentemente simples, se faz

necessária uma atenção especial para sua prática, para que ela seja considerada

segura, o profissional habilitado para acompanhar, recomendar e prescrever

exercícios físicos não deve ser outro, além do Professor de Educação Física.

Realizamos esse parênteses textual com objetivo de introduzir a questão sobre a

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prescrição de exercícios físicos e a crescente ( e preocupante) intervenção da área

médica.

Ora, pois, se o projeto de Lei 7703/06, mais conhecido como A Lei do Ato

Médico foi criado para garantir que outros profissionais da área da saúde sejam

impossibilitados de realizar atribuições que são exclusivas de médicos e dessa

forma assegurar as necessidades da população, e ainda, que de acordo com a

própria lei, “a sociedade precisa ter uma lei para regulamentar a Medicina e para

salvaguardar os interesses do cidadão, antes do que para defender os interesses da

classe médica.”, de que forma, podemos nos manter omissos a inúmeras

intervenções médicas nas áreas de conhecimento da educação física.

Enquanto pesquisadores lamentamos perceber que tal Lei foi criada para

atender apenas os necessidades e interesses de uma classe de profissionais, se

médicos não podem permitir o exercício ilegal da medicina como forma de assegurar

os direitos do cidadão, sob qual ótica analisaremos o fato de que médicos em seus

consultórios prescrevem a seus pacientes a prática de atividades e exercícios físicos,

uma vez que esses são conteúdos destinados a cursos de educação física e suas

respectivas pós-graduações.

Ainda que a relação entre professores de educação física e médicos em suas

áreas de atuação esteja um pouco confusa, queremos agora salientar que em

nenhum momento almejamos desmerecer o trabalho exercido por tais profissionais

pelo contrário, somos conscientes de que o papel do médico em relação a

programas de exercícios físicos para a promoção de saúde na população é

fundamental para o sucesso de tais ações, porém defendemos a atuação de uma

equipe multidisciplinar onde cada profissional exerça as funções para as quais foi

preparado para exercer.

2.3. A relação entre a prática da caminhada e a busca da satisfação com a imagem corporal.

A história do corpo humano é a história da civilização. Cada Sociedade, cada cultura age sobre o corpo, enfatizando determinados atributos em detrimento de outros, cria seus próprios padrões. Surgem, então, os padrões de beleza de sensualidade, de saúde, de postura, que dão referências aos indivíduos para se constituírem como homens e mulheres. (BARBOSA; MATOS e COSTA, 2011, p. 24).

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Apoiamos as ideias expressas por Barbosa; Matos e Costa (2011) quando

nos dizem que hoje vivemos a “revolução do corpo”, em virtude de valores como

beleza, saúde, higiene, lazer, alimentação e exercício físico que passaram a

reorientar o comportamento da sociedade, resultando em um estilo de vida mais

aberto à diversidade e por outro lado mais narcisista e hedonista no que diz respeito

ao corpo. Apesar de que hoje não existir a obrigação das pessoas se vestirem de

acordo com a sua posição social, como acontecia em épocas passadas, vivemos

uma contradição, por que a moda dita suas regras.

Na sociedade brasileira, ocorrem críticas dos amigos e da família

direcionadas aquele sujeito que está acima do peso considerado ideal, o que gera

um descontentamento com o próprio corpo, o que pode resultar, indo de um extremo

a outro, na adesão a prática de exercícios físicos ou severos distúrbios alimentares

como bulimia e anorexia.

Com base em quais padrões de beleza alguém pode se considerar gordo ou

magro. Podemos dizer que os padrões atuais são aqueles expostos nas mídias,

aqueles com os quais nos deparamos frequentemente em bancas de revistas, nas

telenovelas e em sites da internet. A busca pela anatomia ideal tornou-se uma

compulsão. Para as mulheres se resume no ideal da magreza e a para homens em

um corpo mais forte, volumoso e com baixo percentual de gordura.

De acordo com Schilder (1999) a imagem corporal representa o desenho que

formamos em nossa mente do nosso próprio corpo, é a forma como o vemos. Em

outras palavras, imagem corporal é a representação mental que fazemos do nosso

corpo. O processo de criação dessa imagem está ligado diretamente a fatores como

sexo, idade e a influência exercida pelos meios de comunicação, que devido à

exposição frequente de corpos quase sempre magros, determinam um padrão

estético.

Damasceno (2005) em seu estudo “Tipo físico ideal e satisfação com a

imagem corporal de praticantes de caminhada” concluiu que homens e mulheres

que iniciam um programa de atividade física, na maioria dos casos, buscam

modificar, as formas e proporções de seu corpo e também notaram que a maior

parte dos sujeitos estudados estavam insatisfeitos com sua imagem corporal

independente de gênero.

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A incansável, às vezes incontrolável, busca por uma melhor aparência física

dos praticantes de atividade física tornou-se um fenômeno sociocultural, mais

significativo do que a própria satisfação econômica, o grau de insatisfação com a

imagem corporal influencia na forma como jovens e adultos se percebem em relação

à massa corporal, percentual de gordura e estatura, é o que nos mostra Damasceno

(2005).

Ressaltamos que de nenhuma maneira essa pesquisa objetiva enaltecer ou

incentivar o “culto ao corpo perfeito”, contudo, não podemos fechar os olhos ao

fenômeno da cultura do corpo, nossa preocupação está voltada para as

consequências dessa insatisfação.

2. OS PASSOS DA CAMINHADA: A GUISA DO ESTUDOS METODOLÓGICOS.

O presente trabalho caracteriza-se como uma pesquisa de campo de

abordagem quanti-qualitativa. Realizada na cidade de Belém-PA, especificamente

na Avenida João Paulo II (antiga Avenida 1ª de Dezembro), uma das principais

avenidas de integração da cidade, localizada no bairro do Marco, um bairro

residencial de classe média e classe média alta que tem em suas fronteiras de

divisão bairros periféricos de classe média baixa e baixa, com altos índices de

pobreza e violência.

Utilizamos como ferramenta de coleta de dados uma formulário composto de

24 questões abertas, fechadas e mistas, os sujeitos da pesquisam foram praticantes

de caminhada com idade superior a 18 anos, independente do grau de instrução e

do período de prática da caminhada, os mesmos serão coletados no local

supracitado.

Nos deparamos com a inacessibilidade a toda a população e utilizamos a

amostragem não probabilística. Dessa forma nossa população-objeto é constituída

por todos os praticantes de caminhada que realizam suas atividades no canteiro da

Avenida João Paulo II e, nossa população amostrada é composta de 60 homens e

50 mulheres, totalizando 110 participantes em nosso estudo.

Os participantes deste estudo foram analisados segundo os preceitos da

Resolução 196–CNS, assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,

que consistiu na explicação do estudo aos seus participantes, informando-os sobre

os objetivos e procedimentos utilizados, assim como os benefícios esperados

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3. ANALISES E DISCUSSÕES

Pesquisas realizadas pelo Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco

Central (SINAL) mostram que a maior parte das pessoas que tem 15 anos ou mais

de estudo ganham entre cinco e dez salários mínimos (28,7%) enquanto a realidade

nacional, ou seja, aqueles que têm entre 11 e 14 anos de estudo ganham entre um e

dois salários mínimos (36,3%). A partir dessa informação relacionamos os dados

obtidos em nosso estudo com o nível de escolaridade dos praticantes de caminhada.

Gráfico 1- Perfil dos praticantes de caminhada: Escolaridade

No universo de 110 participantes nesse estudo: Em relação ao grau de

escolaridade: 13,6% cursaram o ensino fundamental, 62,7% cursam ou concluíram o

ensino médio, 20,9% cursam ou concluíram o nível superior e 2,7% concluíram ou

estão cursando o a pós-graduação.

De forma geral, os praticantes de caminhada buscam praticidade e baixo custo,

ou seja, a possibilidade de realizar exercícios físicos próximos do local de residência,

de uma forma barata. Uma vez que a maior parte dos participantes desse estudo

tem 11 e 14 anos de estudo, ou seja, o nível médio, relacionamos o grau de

escolaridade e a renda igual ou inferior a dois salários mínimos como uma

justificativa para adesão a caminhada, sendo essa uma atividade física de baixos

custos.

Gráfico 2- Bairro de Residência

Belém é considerada a quarta cidade com maior proporção de pessoas

morando em favelas do país. Não nos surpreende que a maior parte dos praticantes

Ens.

Fundamental

Ens. Médio Nível Superior Pós-Graduado

15

69

23 3

53

22 11 7 6 4 3 1 1 1 1

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de caminhada que participaram desse estudo seja residente de bairros periféricos.

Em relação ao bairro de residência: 48,18% são moradores do bairro do Marco, 20%

são moradores do bairro do Canudos, 10% são moradores do bairro da Terra-Firme,

6,36% são moradores do bairro do Guamá, 5,45% são moradores de São Braz,

3,63% são moradores do Curió Utinga, 2,27% são moradores do bairro de Fátima,

os bairros da Castanheira, Campina, Pedreira e Souza tiveram 0,9% morador cada.

Gráfico 3- Consumo de Álcool e Drogas

Em relação ao consumo de bebidas alcoólicas: 46,36% afirmaram que

consomem bebidas alcoólicas frequentemente e 53,63 afirmaram que não

consomem bebidas alcoólicas; Em relação ao uso de cigarro: 5,45% apenas fazem

uso de cigarros diariamente e 94,54% não fazem uso de cigarro ou deixaram de

usar a mais de 10 anos. De acordo com Senger (2011) o hábito de fumar está

particularmente associado em usuários de bebidas alcoólicas, predispondo o

indivíduo a importantes alterações na capacidade visual e cognitiva. O tabagismo,

aliado ao hábito de beber, mesmo que de vez em quando, tem potencial para

destruir os benefícios acumulados durante a prática de exercícios físicos. A prática

de exercícios físicos é um fator importante para a manutenção de uma vida saudável

assim como a alimentação adequada, a adoção de comportamentos seguros na

vida.

Gráfico 4- Grau de satisfação com a Imagem Corporal

A imagem corporal é entendida como a construção multidimensional que

descreve de maneira completa as representações internas da estrutura corporal e da

Consumo de Alcool Uso de Cigarro

51 6 59 104

SIM NÃO

Satisfeitas Diminuir

Números

Aumentar

Números

Não

estavam de

acordo

3

45

2 0

MULHERES

Satisfeitos

Diminuir

Números

Aumentar

Números

Não

estavamde acordo

15

36

8 1

HOMENS

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aparência física do indivíduo em relação a si próprio e aos outros. Para Cash e

Prusinsky (2002), a imagem corporal é formada por quatro dimensões: cognitiva,

afetiva, comportamental e perceptiva. A dimensão perceptiva tem sido

frequentemente utilizada na tentativa de avaliar como o indivíduo percebe a forma

e/ou tamanho do seu corpo. Para avaliar a dimensão perceptiva da imagem corporal

utilizamos conjuntos de silhuetas proposto por Stunkard et al, que consistem de uma

série desenhos de corpos, representando vários tamanhos corporais contendo 9

imagens com sequencias de silhuetas que vão das mais magras até as mais

obesas.

Em relação ao grau de satisfação com a imagem corporal, os dados obtidos

nos mostram que, a maioria dos participantes, tanto homens quanto mulheres, estão

insatisfeitos com o próprio corpo. Sendo que, na amostra composta por 50 mulheres

90% gostariam de reduzir em média, de um até três números de silhuetas corporais,

apenas 6% mulheres responderam que estavam completamente satisfeitas com o

próprio corpo e 4% desejavam aumentar números. Na amostra masculina, dos 60

homens que participaram deste estudo, 60% responderam que gostariam de reduzir

números, ou seja, a maioria, um fato que contraria os resultados encontrados em

pesquisas similares realizadas com praticantes de caminhada, onde os resultados

apresentados revelaram que os homens desejavam aumentar números, escolhendo

silhuetas que representavam um corpo musculoso, 25% dos homens alegaram estar

completamente satisfeitos com o próprio corpo a maioria com idade superior a 50

anos, assim como na pesquisa realizada por Damasceno et al (2005) constatamos

que as pessoas idosas ou com idade superior a 50 anos apresentam uma melhor

relação com o próprio corpo. Completando as análises sobre a percepção da

imagem corporal de praticantes de caminhada 13,3% dos homens gostariam de

aumentar números de silhuetas corporais e 1,6% não estavam de acordo com as

silhuetas propostas.

O conjunto de silhuetas utilizado em nosso estudo foi elaborado há quase

trinta anos, reconhecemos que o padrão corporal proposto Stunkard em 1983 está

desatualizado com os padrões atuais, contudo esse pequeno contratempo não se

configurou como obstáculo para a realização de nosso estudo, pelo contrário,

apenas evidenciou a oportunidade de destacar para futuras pesquisas a

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necessidade de elaborar um novo conjunto de silhuetas que esteja pareado com o

padrões atuais de corpo.

Gráfico 5 - Recomendação Médica para a prática de Atividade Física

Quando questionados sobre a existência ou não da recomendação médica

para a adesão a prática de atividades físicas, 60% dos participantes responderam

que foram orientados por médicos a iniciar a prática de atividade física, na maioria

das respostas a caminhada com 59% de respostas foi a atividade mais prevalente,

seguida pela natação com 12%, pela corrida e musculação ambas com 9%.

Os praticantes de caminhada que entrevistamos alegaram que foram

recomendados por médicos caminhar pelo menos três vezes por semana como

medida de controle de doenças como diabetes, osteoporose, obesidade entre

outras. A outra parcela da população analisada correspondente a 40% do total de

participantes respondeu que não recebeu orientação médica e, que iniciou a prática

por outros motivos ou que sempre manteve o hábito de realizar atividades físicas.

Como pontuamos, incansavelmente, em capítulos anteriores, não está entre

as funções legadas a médicos clínicos recomendar ou prescrever a prática de

atividades ou exercícios físicos, em função de vários aspectos que também já foram

abordados nesse estudo, como por exemplo, a inexistência em grades curriculares

de cursos de medicina de disciplinas que estejam voltadas para metodologia,

fisiologia ou treinamento aplicados ao exercício físico e ao desporto.

Há quem considere desnecessário pontuar os riscos provenientes da prática

excessiva ou inadequada de exercícios físicos, ou ainda dispensáveis para

indivíduos aparentemente hígidos a realização de avaliação médica prévia antes de

se iniciar a prática de “uma simples caminhada de trinta minutos” por que

consideram que (Carvalho e Marega, 2012 p. 104). Durante a etapa exploratória

dessa pesquisa, realizamos observações assistemáticas e constatamos que os

praticantes de caminhada da avenida João Paulo II conhecem os efeitos benéficos

SIM NÃO

66 44

59% 12%

9%

9% 9% 2% Atividade Recomendadas

CaminhadaNataçãoMusculaçãoCorridaHidroginásticaBicicleta

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da pratica regular de exercícios físico, contudo desconhecem os métodos corretos

para alcançar tais efeitos benéficos.

Para Carvalho e Marega (2012) médicos devem prescrever atividades físicas

para seus pacientes, uma vez que qualquer atividade física é melhor que nenhuma

por que o sedentarismo é fatal. Se aceitarmos essa incursão médica crescente na

área de atuação da educação física, estaremos compactuando com a

desvalorização do Professor de Educação Física a precarização da educação em

saúde. Historicamente médicos e advogados são profissões reconhecidas

socialmente como status, em detrimento do conhecimento das demais profissões,

que também contribuem para a prevenção da saúde. Em um país que desvaloriza a

o trabalho de professores e desvaloriza a educação de forma geral em função de

grandes eventos esportivos, tentaremos garantir o nosso espaço enquanto

professores de educação física, mesmo sem o apoio daqueles que nos governam.

Gráfico 6- Acesso a Conteúdo informativo sobre Caminhada

Ainda que a maior parte dos praticantes de caminhada que constituíram a

amostra desse estudo tenha iniciado a prática por recomendação médica, de acordo

com os dados obtidos a maior fonte de informação sobre a forma correta de realizar

a caminhada, ainda é a televisão, 38% das 60 pessoas que responderam que já

tiveram acesso a conteúdo informativo sobre caminhada alegaram obter suas

informações em programas de televisão, 23% responderam já leram alguma

matérias em revistas, 20% buscaram informações com professores de educação

física e outras 19% buscaram informações na internet. Entretanto, 50 pessoas,

praticamente a metade do total de participantes do estudo, responderam que nunca

tiveram acesso a conteúdos informativos sobre a forma correta de realizar a

caminhada.

Como citado anteriormente as informações expostas na mídia na maioria das

vezes são direcionadas a um público de perfil saudável e jovem, o que não se

aplica a maior parte da população que se interessa pela prática da caminhada. Nos

SIM NÃO

60 50

38%

20%

19% 23%

Meio de acesso ao conteúdo informativo

Televisão

Profº Ed. Física

Internet

Revistas

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programas de televisão que já foram citados acima, nas páginas de internet e em

revistas, comumente a prática da caminhada é descrita como uma atividade física

que pode deve ser realizada durante trinta minutos pelo menos três vezes por

semana, podendo até ser realizada de forma “parcelada” em três tempos de dez

minutos ou em dois tempos de quinze minutos, essas orientações foram prescritas

pela ACMS (American College of Sports Medicine) em 1995, essas diretrizes foram

atualizadas pela mesma instituição que passou a recomendar que os exercícios

aeróbicos fossem praticados pelo menos cinco dias por semana, numa intensidade

de moderada a intensa, e dois dias devem ser dedicados a atividades de

fortalecimento muscular.

O Ministério da saúde lançou um programa de apoio financeiro aos

municípios e oferece uma razoável quantidade de recursos para ajudar centenas de

cidades a promover a prática de atividade física, contudo, o objetivo de tais

programas nos municípios não é a atividade física em si, mais a promoção de saúde

de forma geral (BRASIL, 2001).

A mídia ainda é principal incentivadora para que as pessoas iniciem a prática

de exercícios físicos, seja por que se sentem insatisfeitas com o próprio corpo ou por

que desejam alcançar melhorias na saúde, contudo defendemos aqui a ação de uma

equipe profissional multidisciplinar formada por professores de educação física,

médicos e nutricionistas, cada um desempenhando suas respectivas funções para

que antes de iniciar um programa de exercícios físicos o individuo passe por uma

avaliação física, uma avaliação médica e uma avaliação nutricional, essa estratégia

é apontada por diversos autores como Marega e Carvalho(2012), Polito (2010) e

Wilmore e Costill(2001). Sabemos das dificuldades encontradas em nosso país para

que a população tenha acesso a uma simples consulta na clinica média, entretanto

não podemos nos limitar as precariedades do nosso sistema de saúde.

Gráfico 7- Realização da Atividade

Frequência

43 44

23

1-3 Dias/Semana

4-5 Dias/Semana

6-7 Dias/Semana

Intensidade

26

63

14 5 2

Leve Moderado

Alto Muito Alto

Duração

3 15

44 46

Menos de 30' 30'

De 30' à 60' Mais de 60'

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Os dados levantados nos mostram que os participantes desse estudo em

relação à frequência semanal com a qual praticam caminhada: 39,09% praticam

entre um e três dias na semana, 40% praticam entre quatro e cinco dias e apenas

20,90 praticam de seis a sete dias.

Em relação à percepção subjetiva de esforço com objetivo de apontar

mensurar a intensidade com que os praticantes realizam a caminhada: 23,63%

praticantes assinalaram que o esforço desprendido para realizar a caminhada como

leve, 57,27% disseram que realizam a caminhada com esforço moderado, 12,72%

apontaram um esforço alto, 4,54% afirmaram desprender um esforço muito alto para

realizar a caminhada e 1,81% pessoas não souberam quantificar o esforço subjetivo

desprendido.

Quanto a duração do exercício 2,72% sujeitos praticam caminhada com

menos de trinta minutos, 13,63% sujeitos praticam trinta minutos de caminhada,

40% pessoas praticam entre trinta e sessenta minutos de caminhada e 41,81%

pessoas praticam mais de uma hora de caminhada.

Os participantes do estudo, em média realizam suas atividades com

frequência semanal entre quatro e cinco dias na semana com intensidade moderada

e com mais de uma hora de duração.

Outra razão pela qual se faz necessária a presença do Professor de

Educação Física para acompanhar os praticantes de caminhada é que ainda que

existam preceitos básicos para a prática de caminhada a individualidade de cada

sujeito deve ser respeitada no período de montagem de treinamento.

Antes de examinarmos os componentes básicos da prescrição de exercício, devemos analisar qual a quantidade de exercício é efetiva. Um limiar mínimo de frequência, duração e intensidade deve ser atingido antes que seja obtido qualquer beneficio aeróbio. No entanto, como já discutimos, as respostas individuais a um determinado programa de treinamento são altamente variáveis e, por isso, o limiar necessário difere-se de pessoa para pessoa. (WILMORE E COSTILL, 2001 p. 617).

Ou seja, as variáveis frequência, intensidade e duração, são particulares e

individuais para os objetivos e as condições fisiológicas de cada pessoa e, devem

ser controladas com o objetivo de maximizar o ganhos e diminuir o número de

possíveis lesões.

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De acordo com Wilmore e Costill (2001) “muito frequentemente uma pessoa

inicia com grandes intenções, está altamente motivada e exercita-se diariamente

durante as primeiras semanas, parando somente em consequência da fadiga total

ou de uma lesão.” Completamos essa citação que se refere apenas a frequência

com a pessoa inicia seu programa de exercícios quando está motivada adicionando

a variável intensidade, não é incomum que pessoas que foram orientadas por

médicos ou foram incitadas por programas de televisão a iniciar um programa de

caminhada, ao se deparar com pessoas que praticam caminhada com maior

intensidade, extrapolem os seus limites nos primeiros dias, o que pode resultar em

fadiga total e lesões.

Gráfico 8- Objetivo com a prática da caminhada

Ainda que tanto homens quanto mulheres estejam insatisfeitos com a imagem

corporal, o principal motivo para adesão a prática da caminhada apontado nesse

estudo foi a busca pela manutenção da saúde, 85% dos homens e 98% das

mulheres apontam a saúde como principal objetivo para a prática da caminhada, em

segundo lugar para os homens temos a manutenção ou aquisição do bom

condicionamento físico com 36% das respostas e para as mulheres a melhora ou

manutenção do perfil estético com 36%.

Tornou-se uma necessidade governamental criar campanhas públicas para

conscientizar a população sobre a prática de exercícios físicos, com objetivo

minimizar os custos com internações e diminuir o número mortes causadas por

doenças crônicas relacionadas à inatividade física.

A par das evidências de que o homem contemporâneo utiliza-se cada vez menos de suas potencialidades corporais e de que o baixo nível de atividade física é fator decisivo no desenvolvimento de

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Saúde Cond.

Físico

Estético

Homens

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Saúde Estético Cond.

Físico

Mulheres

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doenças degenerativas sustenta-se a hipótese da necessidade de se promoverem mudanças no seu estilo de vida, levando-o a incorporar a prática de atividades físicas ao seu cotidiano. (ASSUMPÇÃO, MORAIS E FONTOURA, 2002).

Além de buscar melhorias na saúde, os praticantes de caminhada que fizeram

parte deste estudo almejam uma melhor relação com a imagem corporal, pois ainda

aqueles que não pontuaram como o principal objetivo para pratica caminhada,

alegaram a insatisfação com o próprio corpo. Confirmando mais um hipótese

levantada, porem não apontada nesse estudo, mulheres sofrem maior influencia da

mídia, em consequência da frequente exposição de corpos femininos em

campanhas publicitárias.

Gráfico 9- Praticantes de outras atividades

Os participantes desse estudo quando questionados se para alcançar os seus

objetivos realizavam outras atividades além da caminhada obtivemos as seguintes

respostas: 46,36 responderam que SIM, praticam outras atividades, dentre as

atividades mais praticadas que foram citadas com mais frequência à musculação

tanto em espaços privados quanto em academias ao ar livre foi a mais citada com

60%.

Os participantes que indicaram não realizar outras atividades foram a maioria,

totalizando com 53,63% e desses 67,79% alegaram não realizar outras atividades

“por falta de tempo”. Uma pessoa que disponibiliza em média trinta minutos por dia

durante pelo menos três dias na semana para caminhar, essa pessoa dispõe de

tempo hábil para frequentar uma academia. Não que a população deva migrar para

ambientes privados, apenas gostaríamos de pontuar que, a situação que realmente

impossibilita que os participantes desse estudo complementem a sua prática com

outro tipo de exercícios, possa ser a condição financeira, uma vez que apenas na

avenida João Paulo segundo e ruas adjacentes existem sete academias e, dessa

SIMNÃO

51 59

60%

13%

9%

8% 3% 7%

Atividades Praticadas Musculação

Lutas

Futebol

Bicicleta

Natação

Hidroginástica

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forma o tempo gasto para chegar até a academia seria relativo ao tempo gasto para

chegar a avenida.

Gráfico 10- Resultados obtidos com a prática da caminhada

Questionamos nossos participantes se após a adesão da prática da

caminhada eles haviam notado algum efeito positivo e, se sim, qual. Um total de

98,18% praticamente todos os participantes deste estudo relataram reconhecer os

resultados positivos após iniciar a prática da caminha mesmo aqueles que haviam

iniciado a menos de um mês, 1,81% não opinaram. Dentre os participantes que

responderam positivamente o principal efeito positivo relatado foi a melhora na

disposição para exercer as atividades diárias, concluímos dessa forma após analisar

nas respostas a repetição de palavras e expressões como “Disposição”, “Mais ativo”,

“Melhor pra trabalhar”. Como exemplo citamos a fala do sujeito número 61 do grupo

masculino “Me sinto mais disposto, com mais saúde e menos stress, caminhar

melhora o teu corpo e você se sente melhor.” O segundo efeito positivo apontado

por nossos participantes foi o emagrecimento com 31%.

Com 10% e configurando o terceiro efeito positivo mais citado, temos

melhoras nos sintomas de doenças crônicas como a diminuição e até a suspenção

do uso de medicamentos para controle das mesmas e diminuição nas dores

musculares e na coluna. Uma parcela de 4% dos participantes relatou perceber uma

melhora significativa na qualidade do sono. Configurando 5% das respostas

positivas a prática da caminhada foram melhoras na autoestima1.Um resultado que

pode ser parcialmente corroborado por um estudo realizado em mulheres com

síndrome de fibromialgia constatou que a prática da caminhada melhorou a

qualidade do sono e o estado de humor dessas mulheres. (Steffens et al, 2011)

1 Todas as respostas foram obtidas de acordo com a percepção subjetiva.

Resultados Positivos Não opinou

108 2 50%

31%

10% 4%

5% Mais disposição

Emagrecimento

Melhora no sintoma de

doenças cronicasMelhor Sono

Melhoras na Auto-Estima

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Gráfico 11- Opinião sobre a presença do Professor de Educação Física

Questionamos nossos participantes sobre a atuação de professores de

educação física orientando a caminhada que é realizada ao ar livre. Um total de

94,54% praticantes de caminhada respondeu que seria favorável a receber

orientação de professores de educação física, afirmando eles próprios que

desconhecem as formas corretas de realizar a caminhada, reconhecendo que pode

ser um risco caminhar “por conta própria” e ainda, que temem realizar algo de forma

errada por falta de conhecimento. Outras participantes afirmaram que a presença de

um professor seria mais “motivante” e que dessa forma seria mais fácil conseguir

alcançar os objetivos. De modo geral todos os participantes que se posicionaram

favoravelmente a presença do Professor de Educação Física lamentaram por não

contarem com esse profissional nas ruas. Como exemplo temos a fala do sujeito

número 60 do grupo masculino, “Pra mim com o tempo que o governo investe em

hospitais, deveria investir em profissionais nos locais onde se prática caminhada. Ao

invés de investir em doença investir em saúde. Os professores de educação física

aqui iriam nos instruir e corrigir.”

Os participantes do estudo que se mostraram desfavoráveis alegaram que

para praticar caminhada não se faz necessário muita atenção, ou que já sabiam o

necessário para realizar suas atividades sozinhas, como relatou o sujeito do grupo

masculino número 52, “Não precisa de muita orientação, é só você manter a

postura.” Um dos sujeitos da pesquisa apontou que gostaria “que os professores

ensinassem fora da escola”, corroborando com as ideias expressas nesse estudo,

sobre a necessidade da presença de professores de educação física em espaços

não escolares.

104

3

3

Favoráveis

Desfavoráveis

Não Informaram

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LIÇÕES APRENDIDAS

Todos os objetivos propostos por esse estudo foram cumpridos de forma

satisfatória, com essa pesquisa desvendamos o perfil dos praticantes de caminhada

da Avenida João Paulo II, podemos caracterizá-los como sujeitos com o grau de

escolaridade equivalente ao nível médio, residentes de bairros periféricos, com

consumo de álcool frequente e baixos índices de tabagismo. Que aderiram a prática

de exercícios físicos em busca de melhoras na saúde e melhorias estéticas. Que

foram orientados por médicos a iniciar a prática de exercícios ou que foram

instigados por programas de televisão, sendo essa a maior via de acesso a

conteúdo informativo sobre os benefícios da caminhada.

Respondendo aos questionamentos que deram significado a esse estudo,

concluímos que em relação aos seus objetivos os praticantes a caminhada não

atingem de forma satisfatória os objetivos almejados, ainda que a maioria dos

sujeitos ressalte a existência de resultados positivos após aderir a prática da

caminhada, constatamos que a falta do conhecimento científico para embasar os

princípios da prática diminuem as chances de êxito e de alcançar melhores

resultados. Nossos resultados sugerem que a prática da caminha realizada sem

orientação de professores de educação física, tem suas implicações na saúde dos

praticantes desta modalidade, sejam essas implicações positivas, quando os

praticantes saem de um nível crítico de sedentarismo para um nível mínimo ou

adequado de atividade física, ou as implicações são negativas para a saúde, quando

os praticantes desconhecem os próprios limites fisiológicos e, falta de orientação

adequada acabam por excede-los.

Dessa forma concluímos que a presença do Professor de Educação Física a

em espaços não escolares não somente se faz necessária, é fundamental, como

forma de dar significado as ações governamentais de incentivo a prática de

atividades e exercícios físicos, para que estas não sejam apenas superficiais e

sejam concretizadas como um direito para a população. Dizer que alguém precisa

praticar exercícios físicos para conseguir melhorias na saúde e não oferecer a essa

pessoas as informações adequadas sobre como alcançar esses objetivos é

incoerente. Uma vez que os meios de comunicação não fornecem as informações

adequadas, para que a prática da caminhada realizada em espaços públicos seja

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considerada como um instrumento eficaz de prevenção de doenças, ela não pode

ocorrer sem a presença de professores de educação física para orientar essa prática,

fornecendo as informações necessárias.

Esperamos que através da analise do conteúdo desse estudo, aqueles que se

interessam pelo assunto possam encontrar aqui, dados para a elaboração de planos

e projetos para intervenções no intuito beneficiar a população adepta da caminhada,

professores e estudantes de educação física.

Si ese era mi calle... Yo enseñaría: una visión de la práctica de la caminada de Belém-PA y sus implicaciones en la construcción de un hábito saludable

RESUMEN Este artículo es resultado de la realización del trabajo de curso presentada como requisito parcial para el grado de en educación física. Hemos llevado a cabo un estudio de campo y se utiliza como una herramienta para la recopilación de datos un formulario. Nuestros objetivos fueron registrar la información sobre el perfil de los practicantes de caminada e identificar las razones de los mismos, y que todavía influye en el paseo detenido sin orientación a los maestros de educación física. Llegamos a la conclusión de que los practicantes de caminada no alcanzan satisfactoriamente los objetivos perseguidos, la práctica sin la ayuda del profesor de educación física tiene consecuencias positivas y negativas en la salud. Así llegamos a la conclusión de que la presencia de un profesor de educación física en espacios que no sean de la escuela no sólo es necesario, como es fundamental para la práctica de caminar sea realmente eficaz. Palabras clave: Caminada. Maestro de Educación Física. Promoción de Salud.

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