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Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, GO Sítio de grande beleza cênica do centro-oeste brasileiro SIGEP 96 SCHOBBENHAUS, C. / CAMPOS, D.A. / QUEIROZ, E.T. / WINGE, M. / BERBERT-BORN, M. Marcel Auguste Dardenne 1 José Eloi Guimarães Campos 2 Os principais sítios geológicos e geomorfológicos preservados no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e adjacências são aqui apresentados. Entre os sítios de interesse geológico destacam- se os aspectos litológicos, sedimentológicos e estruturais enquanto as feições geomorfológicas mais importantes estão relacionadas aos planaltos, serras e cachoeiras de grande beleza natural. A divulgação destes dados é importante, uma vez que a região apresenta grande potencial para o turismo e a preservação dos sítios está associada ao conhecimento de sua importância, fragilidade ou raridade. Em geral os turistas não têm informação sobre a gênese, importância, ou particularidades dos locais e estruturas visitadas, o que traz riscos a preservação dos sítios naturais da região. Chapada dos Veadeiros National Park, Sites of great scenic beauty in the Middle-West of Brazil The present paper intends to show the main geological and geomorphological sites preserved in the Chapada dos Veadeiros National Park and neighborhood. Among the sites of geologic interest the lithologic, sedimentologic and structural aspects are evidenced, while the most important geomorphological features are associated to the highlands, ridges/hills and water falls of great natural beauty. The publication of these data is important because the region shows ample touristic potential, and the sites preservation is associated to the knowledge of their importance, fragility or rarity. In general the tourists do not have any information about the origin, importance or particularity of the places and structures visited, what brings risks to the preservation of the natural sites found in the region 323 Sítios geológicos e paleontológicos do Brasil

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Parque Nacional da Chapadados Veadeiros, GO

Sítio de grande beleza cênica do centro-oeste brasileiro

SIGEP 96

SCHOBBENHAUS, C. / CAMPOS, D.A. / QUEIROZ, E.T. / WINGE, M. / BERBERT-BORN, M.

Marcel Auguste Dardenne1

José Eloi Guimarães Campos2

Os principais sítios geológicos e geomorfológicos preservados no Parque Nacional da Chapadados Veadeiros e adjacências são aqui apresentados. Entre os sítios de interesse geológico destacam-se os aspectos litológicos, sedimentológicos e estruturais enquanto as feições geomorfológicas maisimportantes estão relacionadas aos planaltos, serras e cachoeiras de grande beleza natural. A divulgaçãodestes dados é importante, uma vez que a região apresenta grande potencial para o turismo e apreservação dos sítios está associada ao conhecimento de sua importância, fragilidade ou raridade.Em geral os turistas não têm informação sobre a gênese, importância, ou particularidades dos locaise estruturas visitadas, o que traz riscos a preservação dos sítios naturais da região.

Chapada dos Veadeiros National Park, Sites ofgreat scenic beauty in the Middle-West of Brazil

The present paper intends to show the main geologicaland geomorphological sites preserved in the Chapada dos VeadeirosNational Park and neighborhood. Among the sites of geologicinterest the lithologic, sedimentologic and structural aspects areevidenced, while the most important geomorphological featuresare associated to the highlands, ridges/hills and water falls ofgreat natural beauty. The publication of these data is importantbecause the region shows ample touristic potential, and the sitespreservation is associated to the knowledge of their importance,fragility or rarity. In general the tourists do not have anyinformation about the origin, importance or particularity of theplaces and structures visited, what brings risks to the preservationof the natural sites found in the region

323Sítios geológicos e paleontológicos do Brasil

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324 Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, GO

O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiroscorresponde a uma importante área de preservaçãoambiental que reúne em seus limites um grande elencode sítios e monumentos naturais com importânciaparticular do ponto de vista geológico (estratigráfico/ambiental) e geomorfológico. Dentro dos limites doparque e em suas adjacências são conhecidos uma sériede pontos ou áreas que, por sua grande beleza natural,devem ser considerados sítios geológicos do Brasil(Figura 1). Apesar de estarem dentro de uma área depreservação ambiental estes sítios ainda estão expostosa riscos de depredação, merecendo portanto iniciativasde proteção e de divulgação de sua importância.

O presente texto representa a síntese dolevantamento geológico na escala de 1:100.000desenvolvido na região do Parque Nacional daChapada dos Veadeiros (PNCV) e adjacências, com oobjetivo de gerar dados para subsidiar a elaboraçãodo Plano de Manejo do parque (Dardenne et al., 1998e Martins, 1999). O mapa geológico foi confeccionadopela integração dos dados de campo com imagens desatélite (1:100.000) e fotografias aéreas (1:60.000).

O Parque Nacional da Chapada dos Veadeirosestá localizado no segmento nordeste do Estado deGoiás, ocupando uma área de 600 km2 entre aslatitudes 13o 51´ e 14o

10´ S e as longitudes 47o 25´e47o 42´ W (Figura 1). O acesso, a partir de Brasília, sedá através da BR-020 até o cruzamento com GO-118, de onde se toma o rumo norte passando pelascidades de São Gabriel, São João D´Aliança atéalcançar a cidade de Alto Paraíso. O limite do parqueestá situado a oeste de Alto Paraíso de Goiás, sendoseu extremo leste distribuído ao longo da GO-118(entre Alto Paraíso e Teresina de Goiás) e seu limite sulcorrendo ao longo da estrada estadual que liga AltoParaíso a Colinas do Sul.

Dentre as principais atrações turísticas da regiãoabertas à visitação (parque e adjacências) destacam-se:as cachoeiras de 120 e 80 metros (Figura 1), Salto SãoDomingos, Salto do Raizama, Cachoeira do Cordovil,Cachoeira das Carioquinhas, as corredeirasdenominadas de Pedreira, Carrossel e Vale da Lua, os

Canyons I e II, além de inúmeras trilhas com paisagense vistas panorâmicas (Figura 2).

Contexto Geológico RegionalA região do PNCV está inserida na porção norte

da Faixa de Dobramentos e Cavalgamentos Brasíliana Província Estrutural do Tocantins. Dentro dos limites do parque predominam, amplamente,metassedimentos de baixo grau atribuídos ao GrupoAraí e rochas de composição granítica, representandoo embasamento da região. Imediatamente ao sul doPNCV, em contato discordante, ocorrem as coberturasplataformais relacionadas ao Grupo Paranoá. Dessaforma, no presente item, dedicado à geologia regional,serão descritos o complexo granito-gnáissico de idadearqueano-paleoproterozóica, o Grupo Araí do Paleo-Mesoproterozóico e o Grupo Paranoá do Meso-Neoproterozóico.

O Complexo granito-gnáissico representa oembasamento regional da porção norte da FaixaBrasília, sendo amplamente exposto a partir do extremonorte do PNCV e correspondendo a regiãogeomorfologicamente arrasada ocupada pelo vale doRio Claro. Este complexo de rochas gnáissicas egraníticas é predominantemente constituído porortognaisses de composição tonalítica a granodiorítica,associados a grandes batólitos de composição granítica,comumente representados por biotita granitos. Demodo geral, apresentam foliação marcada porbandamentos máfico-félsicos e faixas de cisalhamentodesenvolvendo foliações miloníticas e cataclásticasmarcando zonas de domínio rúptil e ductil-rúptil.

A maioria das determinações de idades pormeios radiométricos foram obtidas pelo método K/Ar e forneceram idades entre 500 e 2500 Ma (Hasui &Almeida, 1970; Cordani & Hasui, 1975 e Hasui et al.,1975). Entretanto, isócronas Rb/Sr e datações U/Pbem unidades de rochas supracrustais, posicionam estecomplexo de rochas granitóides no Paleoproterozóico(Pimentel et al., 1991), sendo as idades mais jovensrelacionadas a rejuvenescimento durante ciclosorogenéticos posteriores.

Figura 1 – Mapa de Situação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e da distribuição das principais atrações e pontos comimportantes sítios geológicos. As fotos apresentam as duas maiores cachoeiras do Parque ao longo do rio Preto, com 120 metros(em destaque) e 80 metros (no detalhe).

Figure 1 – Map showing the location of the Chapada dos Veadeiros National Park and the distribution of the main attractions and importantpoints with geological sites. The photographs present the two main water falls in the park, along the Preto River. The main photo is 120 meters andthe smaller is 80 meters high.

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326 Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, GO

Ao longo da faixa de embasamento ocorremintrusões de extensos batólitos graníticos posicionadosna Sub-Província Estanífera do Paranã. Datações U/Pb mostram idades paleo-mesoproterozóicas (emtorno de 1770 Ma; Pimentel et al., 1991).Petrograficamente são representados por biotitagranitos, quimicamente compatíveis com granitosanorogênicos (granitos tipo A).

O Grupo Araí corresponde a um conjunto demetassedimentos de grau anquimetamórfico a xistoverde baixo, depositados em ambientes plataformaise relacionados com a evolução de um rifte iniciado noPaleo-Mesoproterozóico. Foi inicialmente definido porBarbosa et al., (1969) e Dyer (1970), tendo sidosubdivido nas formações Arraias e Traíras. A FormaçãoArraias representa o conjunto basal psamítico comespessura da ordem de 1000 metros, recobrindo emdiscordância os granitos e gnaisses do embasamento.A Formação Traíras é constituída por um conjuntopredominantemente pelítico com menor proporçãode litologias psamíticas e restrita contribuição de rochascarbonáticas no topo, alcançando cerca de 1200 metrosde espessura total.

Posteriormente Araújo & Alves (1979)propuseram um refinamento da estratigrafia do GrupoAraí, atribuindo uma espessura de 1140 metros paratodo o conjunto e considerando seis subunidades, dabase para o topo: unidades 1, 2 e 3 (correspondentes à

Formação Arraias) e unidades 4, 5 e 6 (correspondentesà Formação Traíras).

Marini et al., (1984), admitem importantesvariações laterais nas espessuras e composição das váriasunidades, possivelmente em virtude da distancia dasáreas fontes fornecedoras dos sedimentos.

Em termos gerais, o Grupo Araí apresenta umamarcante polaridade estrutural, apresentando condiçõesde deformação mais intensa (dobramentos apertadosa isoclinais) na porção mais interna da Faixa Brasíliaque passam a ondulações em direção ao Cráton doSão Francisco na Margem externa da faixa. Aestruturação é localmente complicada por importanteslineamentos regionais que sublinham zonas de falhasinversas e extensas falhas transcorrentes que causam acomplicação estratigráfica com eliminação ouespessamento de unidades.

A origem da Bacia Araí é relacionada a um rifteintracontinental com direção geral norte-sul, o qualevoluiu a partir da reativação de zonas de fraquezapresentes no substrato granito-gnáissico. As idadesradiométricas, obtidas pelo método U/Pb em zircõesdas rochas vulcânicas da base do Grupo Araí,posicionam o início da evolução do rifte e conseqüentesedimentação Araí no Mesoproterozóico (1770 Ma,Pimentel et al., 1991).

Na região, as paragêneses de filossilicatos indicamum grau metamórfico muito baixo, caracterizando um

Figura 2 – a) e b) Canyons I e II (Rio Preto), região basicamente representada por quartzitos da unidade Q2. c) Vista parcial dacachoeira denominada de “Carioquinhas” (Rio Preto), com cerca de 12 metros de desnível, preservada sobre quartzitos da unidadeQ2. d) Estratificação cruzada revirada região da Pedreira. Esta região representa um conjunto de corredeiras ao longo do Rio Pretomarcado pela presença de blocos de quartzitos silicificados também correlacionados à unidade Q2. e) afloramentos no Vale da Lua,o qual corresponde a uma seqüência de corredeiras e estruturas tipo caldeirões presentes ao longo do leito do Ribeirão São Miguel.

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anquimetamorfismo para as rochas supracrustais doGrupo Araí.

Sobrepondo o Grupo Araí em discordânciaerosiva, ocorre a sul da região do PNCV uma seqüênciapsamo-pelito-carbonática atribuída ao Grupo Paranoá.Essa unidade se estende para sul, ao longo da SerraGeral do Paranã, ocupando áreas nas regiões de AltoParaíso, São João D’Aliança, São Gabriel e DistritoFederal (Faria, 1995). A estratigrafia do Grupo Paranoáapresenta variações quando comparada as váriaslocalidades de exposição da seqüência. Contudo, Faria(1995) propõe um coluna integrada que pode sercorrelacionada regionalmente na porção mais externada Faixa Brasília. As unidades são denominadasinformalmente por letras-código, da base para o topo:SM, R1, Q1, R2, Q2,

S, A, R3, Q3, R4, PC. As principaiscaracterísticas das unidades que ocorrem a sul doparque, incluindo os sítios geológicos aquiconsiderados, estão descritas a seguir:- Unidade SM (informalmente denominada de

conglomerado São Miguel): representada por umparaconglomerado com seixos de siltitos, quartzo,quartzitos e mármores dispersos em uma matrizsíltico-argilo-carbonatada. O aspecto maciço darocha dificulta, em alguns casos, a observação daforma e composição dos clastos. Esta unidade nãoé contínua, embora apresente uma grandedistribuição regional.

- Unidade R1: apresenta contato concordante com oconglomerado São Miguel e é constituída por umasucessão de horizontes margosos, síltico-argilososcom intercalações de quartzitos finos a médios,raramente grossos e geralmente feldspáticos. Gretasde contração e moldes de cubos de sal sãofreqüentemente observada próximo à base daseqüência. Em direção ao topo, predominam asalternâncias de quartzitos ondulados commetassiltitos argilosos.

- Unidade Q1: é representada por quartzitos finos amédios, brancos, bem estratificados em bancos de30 a 40 cm e com raras intercalações de horizontessíltico-argilosos no topo e freqüentes estratoscruzados tabulares.

- Unidade R2: apresenta passagem abrupta a partirdo quartzito anterior, sendo caracterizada porbancos centimétricos de quartzitos finos rosados,intercalados com siltitos e níveis milimétricos delamitos de coloração esbranquiçada. São comunsas laminações cruzadas truncadas por ondas, marcasonduladas assimétricas, quick sand, estruturas defluidização e gretas de contração.

- Unidade Q2: composta por camadas decimétricasa métricas de quartzitos amarelo-esbranquiçados degranulação média. Comumente ocorrem leitosconglomeráticos feldspáticos, com grânulos, e seixossubangulosos e angulosos. As estratificaçõescruzadas tabulares são relativamente comuns.

d

e

Figure 2 - a) and b) General view of the Canyon I and Canyon II (Preto River), this region is basically presented by quartzite of the Q2 Unit. c)Partial view of the Carioquinhas Water Fall (Preto River), with 12 meters high it is preserved in the quartzite of the Q2 Unit. d) Overturned cross-bedding of the Pedreira region. This region represents a sequence of fast stream water associated to several quartzite blocks also correlated to the Q2Unit. e) outcrops in the “Vale da Lua” (Moon Valley), which corresponds to a sequence of rapids and stream holes in the São Miguel River.

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Os sistemas deposicionais, atribuídos ao GrupoParanoá, correspondem a condições marinhasepicontinentais, sendo a variação das proporções demateriais psamíticos e pelíticos relacionada a variaçõesda profundidade da lâmina d’água, em função deeventos transgressivos-regressivos.

O metamorfismo atribuído a esta sucessão demetassedimentos é de baixo grau, não sendoresponsável sequer pela recristalização de sericita e cloritaa partir dos materiais sedimentares. Na maior parte daárea de ocorrência do Grupo Paranoá, as estruturassedimentares são muito bem preservadas. Apenas naregião mais ocidental da Faixa Brasília (e.g. Niquelândiaou Minaçu), esta unidade apresenta-se metamorfisada

no fácies xisto verde baixo, com a presença de cloritametamórfica.

Estratigrafia e Sistemas Deposicionais do PNCVA estratigrafia do Grupo Araí foi levantada na

porção ocidental do parque (Serra do Rio Preto) ondeas camadas apresentam-se pouco inclinadas e nãoafetadas pelos dobramentos decorrentes demovimentos transcorrentes. Esta estratigrafia érepresentativa do conjunto do PNCV, com exceçãodo apêndice norte denominado de Serra de Santana,onde uma sucessão distinta foi observada. Em ambosos casos, o Grupo Araí repousa em discordânciaerosiva sobre os granitóides do embasamento, os quaissão localmente muito afetados pelas falhastranscorrentes e normais que provocam milonitizaçãoe filonitização das rochas graníticas.

Serra do Rio PretoA Serra do Rio Preto representa o corpo

principal do PNCV, a qual é alinhada WSW-ENE. Esteconjunto de quartzitos e metassiltitos pode ser divididoem seis unidades principais.

Quartzito basal: Q1

O quartzito basal Q1 se sobrepõe emdiscordância aos granitóides do embasamento. Duasfácies principais Q1f e Q1P foram reconhecidas.- A fácies Q1f situa-se no extremo oeste da Serra do

Rio Preto, aflorando na forma de uma serra estreitae alongada ao sul da Fazenda Gavião. É constituídapor quartzitos grossos, metaconglomerados emetaconglomerados líticos e arcoseanos, de origem

Figura 3 - Estratificação cruzada do tipo espinha de peixe. Oconjunto superior indica transporte para norte-noroeste,enquanto o inferior mostra fluxo de massa para sul-sudeste.Figure 3 - Herringbone cross stratification. The upper set indicatesmass transport to north-northwest while the lower set shows transporttowards southt-southeast.

Figura 4 - Vista em planta de diques de areia formados pelaexpulsão de areia durante a saída de água conata nos estágiosiniciais de soterramento.Figure 4 – Quick sandy structures developed during water expulsionin the first stages of the basin burying.

Figura 5 - Conjunto estratos cruzados com alto ângulo notopo e baixo ângulo na base, típicos de dunas eólicas.Figure 5 – Crossed stratification set, showing high dip angle in thebottomset and low angle in the foreset laminae.

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fluvial, apresentando canais e estratificações cruzadasde médio porte. A espessura dessa fácies é de cercade 50 metros.

- A fácies Q1P aparece preferencialmente na base daescarpa da Serra do Rio Preto na forma dequartzitos laminados, bem estratificados, comestratificações cruzadas de ângulo baixo,possivelmente representando um ambientetransicional de praia.

Metarritmito Inferior : MS1

Os metassiltitos inferiores (MS1) se sobrepõemconcordantemente aos quartzitos da base (Q1).Constituem, principalmente na porção ocidental daSerra do Rio Preto, um espesso horizonte demetassiltitos calcíferos de cor cinza esverdeado,ligeiramente ondulado mas em conjunto quasesubhorizontais. Possuem várias intercalações dequartzitos, algumas delas relativamente delgadas, outrascom espessura significativa podendo atingir 20 metros.Apresentam uma clivagem bem pronunciadamergulhando para sul. Localmente ocorrem pequenosbolsões recristalizados de calcita rosa. Representamuma sedimentação marinha subaquosa por processossuspensivos em ambiente calmo. A sua espessura émuito variável, ganhando sua maior expressão naregião das cachoeiras do Rio Preto no extremo oestedo PNCV, onde pode atingir até 100 metros.Lateralmente, na direção NE, o pacote de metassiltitosadelgaça-se, ficando em volta de 30 a 50 metros.

Quartzito Intermediário: Q2

O quartzito intermediário Q2 se sobrepõeconcordantemente à unidade dos metassiltitosinferiores. Torna-se a unidade mais representativa euniformemente distribuída no PNCV ao longo dadireção NE-SW. Constitui geralmente a escarpa maisalta na frente norte que limita a baixada doembasamento (Vale do Rio Claro) e a encosta centraldo PNCV. A unidade é caracterizada por uma espessaseqüência de quartzitos, apresentando granulometriamédia a grossa e abundantes estratificações cruzadastabulares, acanaladas, reviradas e do tipo espinha depeixe, que caracterizam um típico ambiente de maré(Figura 3). A espessura do quartzito intermediário (Q2)é notável, podendo atingir mais de 200 metros. Algunshorizontes de metassiltitos lajeados com aspectomaciço ocorrem intercalados neste pacote dequartzitos, com espessura variando de 5 a 30 metros.A grande diversidade morfológica das estruturassedimentares, com estratificações cruzadas oblíqua

tangencial, tabular, acanalada, revirada e do tipo espinhade peixe (herringbone), também laminações convolutas,marcas de ondas assimétricas e níveis conglomeráticosfinos caracterizam um ambiente dominado por marés,com ação de ondas.

Metassiltito Intermediário: MS2

A unidade MS2 se sobrepõe concordantementea unidade dos quartzitos intermediários (Q2). Sãometassiltitos relativamente alterados com aspectofoliado, apresentando manchas amarronzadas que sãoprovavelmente carbonatos alterados. Ela constitui oflanco suave do PNCV, acima do qual destacam-se osmorros isolados denominados de Ferro de Engomar,do Chapéu, Conceição e outros. Finas intercalações dequartzitos finos a médios, friáveis, com marcasonduladas e estruturas hummocky de pequeno porte eestratificações cruzadas tabulares são presentes.Intercalações de níveis milimétricos a decimétricos demateriais arenosos são observadas. A espessura daunidade deve variar de 50 a 100 metros. As condiçõesde deposição são interpretadas como plataformaexterna com grande freqüência de períodos dominadospor tempestades.

Quartzito Superior: Q3

A unidade Q3 é representada por um pacote dequartzitos brancos, friáveis, micáceos, comgranulometria fina a média, apresentando abundantesestratificações cruzadas tabulares e acanaladas. A suaespessura é da ordem de 125 metros. O quartzito Q3forma a escarpa na parte superior dos morros isoladosque se destacam na planície do flanco sul do PNCV. Asedimentação é característica de um ambientedominado pelas marés.

Metassiltito Superior: MS3

A unidade MS3 se sobrepõe concordantementeao quartzito (Q3), representando a parte superior doGrupo Araí na região do PNCV, a qual é recobertaem discordância erosiva pelo conglomerado SãoMiguel, base do Grupo Paranoá, que se estendeamplamente ao sul do PNCV. Os metassiltitos MS3possuem um aspecto lajeado e maciço bastantecaracterístico. São geralmente de cor cinza a cinzaesverdeado, apresentando intercalações carbonosas decoloração preta bastante característica. Esses níveiscarbonosos, freqüentemente intercalados a finoshorizontes arenosos, mostram grande abundância de

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diques de areia (Figura 4) e ocorrência de pirita.Apresentam-se ondulados, mas mergulhando em geralpara sul, com mais ou menos 5 a 10o, os metassiltitosmostram ainda uma clivagem bastante proeminente.A sedimentação dos metassiltitos traduz um ambientecalmo e marinho relativamente profundo. Entretanto,as intercalações arenosas exibem ondulações etruncamentos por ondas que traduzem a influênciaepisódica de tempestades neste ambiente. No topodesta unidade de metassiltitos, ocorrem finos horizontesde calcários e dolomitos cinza escuro, mostrando apresença de intraclastos e provavelmente oóides, osquais foram encontrados no leito do Rio São Miguel,imediatamente abaixo do Conglomerado São Miguel,base do Grupo Paranoá. Este conjunto marca eventosregressivos relacionados ao assoreamento da Bacia Araí.

Serra de SantanaNo apêndice norte do PNCV denominado de

Serra de Santana, a sucessão litoestratigráfica, observadaao longo da trilha que leva ao antigo garimpo dequartzo do “Chiqueirinho”, revela-se totalmentedistinto e original em relação à registrada na escarpade Serra do Rio Preto.

Quartzito Eólico: QeSobre o embasamento granito-gnáissico,

repousa em discordância uma seqüência de quartzitosfinos com estratificações cruzadas de grande porte,caracterizando uma sedimentação eólica para osmesmos (Figura 5). A análise em seções delgadas mostraque localmente este quartzito apresenta bimodalidadetextural. A espessura do Qe fica entre 50 e 70 metros.

Conglomerado: CgSobrepondo-se aos quartzitos eólicos, ocorre

um espesso pacote de conglomerados com seixosessencialmente quartzíticos, mais ou menosarredondados e alongados, de origem eminentementeintraformacional, que podem representar umadeposição de praia afetada por tempestades. Aespessura desses conglomerados é da ordem de 20metros. A sua extensão lateral apresenta caráterdescontínuo e embora não totalmente definida,ultrapassa os limites do parque, tendo sido observadona Serra de Cavalcante. Localmente ocorremconglomerados intraformacionais, clasto suportados,com clastos arredondados a subarredondados, tambémalongados, constituídos essencialmente por quartzitos,

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com reduzida matriz arenosa, possivelmenterelacionado a fluxos gravitacionais de borda de bacia.

Quartzito Superior: QsAos conglomerados, sucede uma seqüência de

quartzitos com estratificações cruzadas e pequenoscanais conglomeráticos, que deve corresponder a umasedimentação em ambiente com influência de maré. Asua espessura deve ficar entre 50 e 100 metros.

A Figura 6 mostra a estratigrafia definida paraas principais seções geológicas realizadas, destacandoduas seções esquemáticas que mostram a distribuiçãoespacial do conjunto.

PaleogeografiaDe modo geral, a paleogeografia na área do

PNCV corresponde a evolução de uma bacia tipo rifteintracratônico, onde os sedimentos do Grupo Araírepresentam inicialmente o produto de sedimentaçãocontinental (fase pré- a sin-rifte) e de uma fase finalcaracterizada por sedimentação marinha (fase pós-rifte).Essa bacia aprofundava em direção a sul eprovavelmente a oeste. Duas mega-seqüências foramidentificadas, sendo uma basal de característicascontinentais e outra eminentemente marinha (Figura 7).A mega-seqüência marinha apresenta três ciclostransgressivos, mostrando o preenchimento da baciana forma de seqüências com granodecrescênciaascendente, isto é, com predominância de termosarenosos na base e rochas pelíticas no topo de cada

ciclo. Os principais aportes de sedimentos detríticos serealizaram de norte para sul, como bem o demonstraa análise preliminar dos dados de paleocorrente obtidosa partir de estratificações cruzadas.

Ao norte, na altura da Serra de Santana, aaparição de fácies eólicas e conglomeráticas podedelinear o limite da bacia marinha na área.Regionalmente, essas mesmas fácies parecem estender-se lateralmente em direção à cidade de Cavalcante,circundando o núcleo do embasamento granito-gnáissico.

As fácies conglomeráticas podem representarfácies de talude na borda da bacia marinha, talvezsoerguida por falhas de direção aproximadamente EW,e seus produtos sendo retrabalhados por tempestadesao longo de praias.

As paleocorrentes dentro da bacia indicamintensa influência da ação de marés, com sentidosvariados e até diametralmente opostos, os principaispólos se situando entre os azimutes 300/350o esubordinadamente 170o.

EstruturaçãoA área do PNCV encontra-se numa região

relativamente estável do ponto de vista tectônico, ondeos sedimentos do Grupo Araí repousam sobre oembasamento granito-gnáissico de provável idadeTransamazônica. Entretanto, a região é intensamenteafetada por uma intensa tectônica rúptil caracterizadapela presença de grandes falhas transcorrentes e normais

Figura 6 – a) Coluna estratigráfica do GrupoAraí no Parque Nacional da Chapada dosVeadeiros. O maior número de sítios geológicosencontram-se preservados na Unidade Q2. b)Destaque de duas seções esquemáticas quemostram a distribuição espacial das váriasunidades que compõem a geologia do PNCV.Figure 6 - a) Integrated stratigraphy of the Chapadados Veadeiros National Park. The great majority ofthe sites are preserved in the Q2 Unit. b) Two schematicsections showing the spatial distribution of the mainunits that constitute the geology of the CVNP.

Figura 7 - Bloco diagrama mostrandoesquematicamente a distribuição regional dasdiversas fácies sedimentares. Dados demapeamento desenvolvido ao norte do PNCVconfirmam a posição das áreas fontes.Figure 7 - Diagram block showing schematically theregional distribution of the main sedimentary facies.Data from geologic mapping in areas located northwardconfirm the position of the source areas.

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332 Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, GO

que afetaram a sequência sedimentar do Grupo Araí.Quatro grupos de estruturas principais foramdistinguidas:

1 Falhas transcorrentes - são as mais importantes,sendo mais ou menos paralelas a direção dascamadas N60E, e afetam indiferentemente tantoo Complexo Granítico como a seqüênciasedimentar do Grupo Araí. Provocam intensamilonitização no embasamento e perturbam alitoestratigrafia da sucessão sedimentar. Induzemregionalmente a ocorrência de um fraturamentoparalelo a direção principal, localmentecaracterizando um padrão en echelon. Alguns veiosde quartzo de grande porte encontram-seencaixados nessas falhas. A movimentação dasfalhas transcorrentes é dextral, provocando naporção NE do PNCV a ocorrência de dobrasde arrasto cuja direção dos eixos varia de N60-70E a NS (Fonseca & Dardenne, 1995). Ao sul,uma falha transcorrente corre praticamenteparalela ao contato entre o Grupo Araí e oGrupo Paranoá.

2 Falhas normais e fraturas - algumas falhasaparentemente normais tem importânciaregional, apresentando direções variando entreN30-60E e N30W. A direção principal N30Ese caracteriza pelo preenchimento por veios dequartzo, os quais foram intensamente exploradospelos antigos garimpeiros da região. Umfraturamento constante é característico da áreacom atitudes principais dos planos verticalizadosorientados N60E e N40-60W. Além das falhasde direção N30E, as fraturas abertas comdireção N40-60W, também são importantescondicionantes de enxames de veios de quartzo.

3 Clivagem/xistosidade - em toda a área ocorreuma clivagem muito penetrativa com direçãovariável, mas com maior frequência com atitudeN30E e mergulhos para SE. Essa clivagem élocalmente bem evidenciada nos quartzitos,evoluindo para uma verdadeira xistosidade nosmetassiltitos calcíferos, indicando a ocorrênciade esforços compressivos de NW para SE. Naslitologias pelíticas, a foliação pode ser definidapor uma clivagem ardosiana. Localmente, emfunção de complicações tectônicas vinculadasàs grandes falhas, pode ocorrer outro sistemade clivagem espaçada geralmente de baixoângulo, o qual resulta localmente em umalineação de intersecção associada a pequenos kinkbands.

4 Dobramentos - em geral a área do PNCVmostra ondulações suaves, refletindo

dobramentos de grande amplitude bem visíveisnos morros isolados que se destacam na baixadaao longo da estrada de acesso a São Jorge.Na porção NE do PNCV, as dobras NS a

N20E bem expostas regionalmente no Grupo Araísão rotacionadas para a direção N60-70E pela falhatranscorrente denominada de Sistema TranscorrenteCavalcante-Terezina por Fonseca & Dardenne, 1995.São representadas por dobras holomórficas com planoaxial verticalizado, mergulhando ligeiramente para oestee provocando uma repetição das camadas de quartzitosbem visível em fotografias aéreas e imagens de satélite.

Na porção SW do PNCV, a estruturação dosmetassedimentos apresenta-se sob a forma de pacotescom amplas ondulações caracterizando um conjuntoem homoclinal cuja envoltória mostra mergulhos debaixo ângulo para sul.

GeomorfologiaNa região do PNCV podem ser discriminados

três compartimentos geomorfológicos, cuja evoluçãoé intimamente associada ao substrato rochoso e àestruturação tectônica. Os compartimentos sãodenominados de Região da Planície do Vale do RioClaro, Região das Serras e Região dos Planaltos. APlanície do Rio Claro corresponde a vasta área arrasada,com padrão plano a suave ondulado, desenvolvidasobre as rochas gnáissicas do embasamento. O limiteentre este compartimento e a Região das Serras émarcado por uma extensa escarpa de direção geralSW-NE, com cerca de 40 km de comprimento, a qualrepresenta o limite norte do parque.

A região das Serras localiza-se na porção meio-norte do parque, incluindo as serras do Rio Preto, deSantana, do Capim Branco e ao sul do parque, incluindotoda a área de relevo movimentado a sul do córregoCordovil e do Ribeirão São Miguel. Estecompartimento geomorfológico está relacionado aosubstrato onde quartzitos são os tipos petrográficospredominantes, e onde são observadas as maioresdiferenças de cotas. Na porção norte as serras sãosustentadas por quartzitos do Grupo Araí, enquantoao sul as serras estão associadas aos quartzitos basaisdo Grupo Paranoá, incluindo as unidades Q1

e Q2 eos metarritmitos intercalados. A estrada que liga acidade de Alto Paraíso à Vila de São Jorge está situadaao longo de uma região plana a norte de uma seqüênciade serras sustentadas pelos quartzitos da base do GrupoParanoá.

Os planaltos estão distribuídos pela porçãocentral do parque, sendo caracterizadas por áreas

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333Sítios geológicos e paleontológicos do Brasil

elevadas com relevo pouco movimentado com morrosisolados que realçam na paisagem regional, dentre osquais merecem destaque os morros da Baleia, da PalhaVirada, Peito de Moça e do Ferro de Engomar.

As coberturas encontradas são caracterizadas porcambissolos e solos litólicos, sendo os hidromórficosobservados na maior parte das nascentes de drenagens.A região das Três Lagoas é uma área de grande belezanatural associada aos solos hidromórficos. A vegetaçãoé caracterizada por cerrado rupestre na maior parte daregião, contendo ainda áreas de campos limpos,campos sujos e cerrados sensu strictu. Ao longo da redede drenagem ocorrem matas ciliares e nas áreas desolos hidromórficos ocorre vegetação especialmenteadaptada.

A área do PNCV é importante do ponto devista geomorfológico, uma vez que preserva em seuslimites compartimentos geomorfológicos únicos naregião Centro-Oeste, cujo estudo de origem e evoluçãopoderá ser útil para entendimento dos processosgeodinâmicos regionais. Na região também estápresente o ponto mais elevado do Centro-Oeste doBrasil com cota superior a 1.700 metros (região daSerra da Boa Vista, próximo ao limite leste do PNCV).

Como se trata de uma região de proteçãoambiental, a maior parte da área do PNCV eadjacências, bem como os principais pontos deinteresse geológico e geomorfológico estãopreservados. Contudo existem áreas, principalmenteaquelas fora dos domínios do PNCV, que apresentamriscos de degradação relacionados à má gestão daexploração turística da área. Os riscos mais significativosestão a seguir enumerados:- Acúmulo de lixo das dependências das áreas de

visitação;- Pichação de monumentos naturais (como

localmente observado);- Reativação de processos erosivos em trilhas mal

dimensionadas;- Remoção de vegetação nativa para construção de

vias de acesso.Para otimizar a exploração do PNCV e áreas

de visitação em suas adjacências uma série de medidaspodem ser tomadas, visando principalmente atribuirao ecoturismo local um caráter mais cultural,mostrando aos visitantes aspectos genéticos dasestruturas observadas, da paisagem, dos ambientes de

formação das rochas e demais aspectos do meio físicointervenientes na transformação do espaço. Dentre asmedidas pode-se destacar as seguintes:- Confecção de cartilhas em linguagem simples

contendo os aspectos gerais do meio físico;- Distribuição de placas com referências locais mais

importantes como tipo de rochas e ambiente deformação, estrutura sedimentar, tipo decompartimento geomorfológico, etc;

- Limitar o número de visitantes simultâneos em cadaponto de visitação.

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1,2 Universidade de Brasília -Instituto deGeociências Departamento deGeoquímica e Recursos Minerais -Caixa Postal 04465 - CEP 70910-970Brasília DF

1 [email protected] [email protected]