Saúde Mental e Trabalho: Prazer, Sofrer e Adoecimento

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    UNIVERSIDADE PAULISTA

    ROBERTA NUNES

    Sade Mental e Trabalho:

    Prazer, Sofrimento e Adoecimento

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    SO PAULO

    2013

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    UNIVERSIDADE PAULISTA

    ROBERTA NUNES

    Sade Mental e Trabalho:

    Prazer, Sofrimento e Adoecimento

    Trabalho de concluso de curso

    para obteno do ttulo de Especialista

    em Sade Mental para Equipes

    Multiprofissionais apresentado

    Universidade Paulista UNIP.

    Orientadores: Prof. Ana Carolina Schmidt de Oliveira

    e Prof. Hewdy Lobo Ribeiro

    SO PAULO2013

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    Nunes, RobertaSade mental e trabalho: prazer, sofrimento e adoecimento./Roberta Nunes. So Paulo, 2013.26 f. : il. color. , tabelas

    Trabalho de concluso de curso (especializao) apresentado ps-graduao lato sensu da UniversidadePaulista, So Paulo, 2013.

    rea de concentrao: Sade mental do trabalhador.Orientao: Prof. Ana Carolina Schmidt de OliveiraCo-orientador: Prof.Hewdy Ribeiro Lobo

    1. Intervenes. 2. Sade do trabalhador. 3. Sade mental.4.Trabalho. Universidade Paulista - UNIP. II. Ttulo. III. Nunes,Roberta.

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    ROBERTA NUNES

    Sade Mental e Trabalho:

    Prazer, Sofrimento e Adoecimento

    Trabalho de concluso de curso paraobteno do ttulo de Especialista em Sade

    Mental para Equipes Multiprofissionaisapresentado Universidade Paulista UNIP.

    Aprovado em:

    BANCA EXAMINADORA

    ______________________________________/____/____Prof. Hewdy Lobo Ribeiro

    Universidade Paulista UNIP

    ______________________________________/____/____Prof. Ana Carolina Schmidt de Oliveira

    Universidade Paulista - UNIP

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    Dedicatria

    Dedico este trabalho aos meus pais Rene e Antonia, e s minhas irms Flvia e

    Silvia; pela dedicao, amizade, compreenso, incentivo e apoio em todos os

    momentos desta e de outras inmeras caminhadas.

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    Agradecimentos

    Agradeo ...

    Primeiramente a Deus, por me dar foras e sade para que eu possa ir em busca

    das coisas que almejo;

    Aos meus pais e s minhas irms por acreditarem em mim, enquanto profissional e

    enquanto pessoa e por estarem ao meu lado e me incentivarem mesmo nas horas

    em que tenho vontade de jogar tudo para o alto;

    Ao meu amado, Ricardo, com que dividi minhas impresses, interesses, chateaes,

    dvidas e angstias ao longo do curso e deste trabalho e que me incentivou durante

    esse percurso;

    Aos professores que conheci ao longo desse um ano de curso pela pacincia e

    dedicao e por todo o aprendizado transmitido;

    minha orientadora Ana Carolina Schmidt, ao coordenador Hewdy Lobo e a Sra.

    Rosineide Lima, que estiveram ao nosso lado durante todo esse percurso e que

    tiveram pacincia suficiente para agentar minhas crticas e angstias;

    Por fim, mas no menos importante, agradeo a oportunidade pelo trabalho que

    desenvolvo na Unidade de Recursos Humanos da Secretaria Municipal de

    Assistncia e Desenvolvimento Social, compondo a Equipe de Desenvolvimento, eaos meus colegas de equipe, pois foi atravs do meu dia-a-dia e das experincias

    aqui vividas que surgiu a inspirao para este artigo.

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    No posso imaginar

    que uma vida sem

    trabalho seja capaz de

    trazer qualquer espcie

    de conforto. A

    imaginao criadora e

    o trabalho para mim

    andam de mos dadas

    {...}

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    (Sigmund Freud)

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    RESUMO

    A partir da Revoluo Industrial, vrias mudanas ocorreram em relao

    organizao do trabalho e da maneira com que os indivduos se relacionam com o

    trabalho. Nesse novo modelo de organizao surgiram diversos fatores que

    passaram a interferir na sade dos trabalhadores. Condies de trabalho e a forma

    como o mesmo foi organizado levaram um grande nmero de trabalhadores ao

    adoecimento, principalmente o adoecimento mental. Diversos estudos propuseram-

    se a investigar quais so os fatores responsveis por esse adoecimento, no entantopoucos se dedicaram pesquisa de intervenes nessa mesma rea. As causas

    dos adoecimentos so conhecidas, mas pouco se pesquisou sobre possveis

    intervenes e seus resultados. O presente estudo teve como objetivo levantar,

    atravs de uma reviso sistemtica da literatura brasileira, possveis intervenes

    em Sade do Trabalhador. Foram encontrados poucos artigos que falam sobre esse

    tema e concluiu-se que a literatura precisa de mais pesquisas a respeito disso,

    adequadas ao contexto do trabalhador brasileiro.

    Palavras-chaves: Intervenes; Sade do trabalhador; Sade Mental

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    ABSTRACT

    Starting from the Industrial Revolution, several changes have occurred towards to the

    organization of work and the manner in which individuals relate with the labor. In this

    new organizational model various factors that come to interfere with the health of

    workers have emerged. Working conditions and the way it was organized have led a

    large number of workers to diseases, especially mental diseases. Different studies

    have proposed to investigate what factors are responsible for that diseases.

    However, few were dedicated to the research interventions in this same area. Thecauses of illnesses are known, but little research has been done on possible

    interventions and their outcomes. The present study aimed to raise, through a

    systematic review of Brazilian literature, possible interventions in Occupational

    Health. There are few articles that talk about this issue and concluded that the

    literature needs more research about it, appropriate to the context of Brazilian

    workers.

    Keywords: Interventions, Health worker, Mental health

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    SUMRIO

    1. Introduo.............................................................................................................112. Objetivos...............................................................................................................163. Metodologia..........................................................................................................174. Resultados............................................................................................................185. Discusso..............................................................................................................216. Concluses...........................................................................................................24Referncias...............................................................................................................25

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    1. INTRODUO

    Segundo Oliveira et al (2010), desde a Revoluo Industrial, houve mudanas

    significativas em relao forma de organizao do trabalho. A Revoluo

    Industrial, que teve incio na Inglaterra no sculo XVIII e que a partir do sculo XIX

    expandiu-se pelo mundo, trouxe um conjunto de mudanas tecnolgicas que

    causaram um grande impacto no processo produtivo, tanto em nvel produtivo como

    em nvel social. Surgiu nesse momento uma nova relao entre trabalho e capital e

    o sistema vigente passou a ser o capitalismo. Nesse novo modelo as tarefas

    tornaram-se mais montonas e repetitivas e os trabalhadores passaram a dividirseus espaos de trabalho tambm com as mquinas.

    Desde ento diversos fatores tm refletido diretamente na sade dos

    trabalhadores dentre os quais podemos citar alguns como ambientes e instrumentos

    de trabalho inadequados, longas jornadas de trabalho, salrios baixos, falta de

    autonomia e presso excessiva.

    Por conta disso passa a ser de grande importncia pensar nas questes de

    Sade do Trabalhador. A Sade do Trabalhador estuda a relao entre trabalho esade e objetiva a promoo e a proteo da sade dos trabalhadores. Nesse

    enfoque, so considerados trabalhadores:

    Todos os homens e mulheres que exercem atividades para

    sustento prprio e/ou de seus dependentes, qualquer que

    seja sua forma de insero no mercado de trabalho, nos

    setores formais ou informais da economia (BRASIL, 2001).

    Segundo a Lei Orgnica da Sade LOS (1990), a sade do trabalhador

    definida como:Conjunto de atividades que se destina, por meio das aes de

    vigilncia epidemiolgica e vigilncia sanitria, promoo e

    proteo da sade do trabalhador, assim como visa

    recuperao e reabilitao dos trabalhadores submetidos

    aos riscos e agravos advindos das condies de trabalho.

    Vasconcelos e Faria (2008), destacam que esto entre os contextos

    geradores de sofrimento:

    A falta de trabalho ou a ameaa de perda de emprego; otrabalho desprovido de significao, sem suporte social, no

    reconhecido; situaes de fracassos, acidente de trabalho ou

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    mudana na posio hierrquica; ambientes que

    impossibilitam a comunicao espontnea, manifestao de

    insatisfaes e sugestes dos trabalhadores em relao

    organizao; fatores relacionados ao tempo, o ritmo e o turno

    de trabalho; jornadas longas de trabalho, ritmos intensos ou

    montonos, submisso do trabalhador ao ritmo das

    mquinas; presso por produtividade; nveis altos de

    concentrao somada com o nvel de presso exercido pela

    organizao do trabalho e a vivncia de acidentes de trabalho

    traumticos.

    Outros fatores como exposio a agentes txicos, rudos, ambientes de

    trabalho insalubres, que oferecem risco de vida, situaes que desconsideram os

    limites tanto fsicos como psquicos, exigindo muitas vezes a anulao da

    subjetividade dessas pessoas em busca apenas de cumprimento de metas,

    buscando apenas o lucro tambm podem levar ao adoecimento. (SELIGMANN-

    SILVA, 2010).

    Zanelli (2010) segue por essa mesma linha de pensamento e acredita que a

    preocupao excessiva com a produtividade, o rpido avano tecnolgico e as

    relaes de trabalho cada vez mais precrias esto resultando em um nmero cada

    vez maior de trabalhadores adoecidos.

    O estresse ocupacional tambm figura comum quando se trata do assunto

    sade do trabalhador, ele engloba desde reaes fsicas, como por exemplo, dor,

    insnia e fadiga excessiva; e psicolgicas, como por exemplo, ansiedade e

    irritabilidade, at caractersticas do prprio ambiente ocupacional, por exemplo,

    presso para produtividade e falta de autonomia (MURTA E TRCCOLI, 2009).

    Para Murta; Trccoli (2009), quando so encontradas formas adaptadas de

    lidar com os fatores estressores, as respostas de estresse podem durar um curtoperodo de tempo, sem causar prejuzos para o trabalhador ou para a organizao,

    mas quando h a manuteno dos fatores estressores e no h recursos para lidar

    com os mesmos, o organismo torna-se vulnervel ao adoecimento.

    Sabe-se que o trabalho uma atividade central na vida do ser humano e que

    toma inclusive grande parte do tempo dos indivduos. Esse trabalho, ou melhor, a

    maneira como esse trabalho vivenciado e organizado que ir determinar uma

    repercusso positiva ou negativa em relao sade do trabalhador (OLIVEIRA etal, 2010).

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    Apesar do tema Sade do Trabalhador estar em alta, grande parte das

    empresas e organizaes sejam essas pblicas ou privadas ainda no tem uma

    preocupao e um olhar especfico voltado para a sade de seus trabalhadores. A

    questo continua a ser experenciada de maneira meramente capitalista, pensando-

    se em termos de custos e de produo.Segundo Vasconcelos e Faria (2008), os

    programas de sade do trabalhador relacionam-se muito mais aos interesses da

    instituio, como a reduo das faltas, diminuio do nmero de funcionrios

    afastados por licena mdica e do nmero de processos trabalhistas, do que com

    uma preocupao real com a questo da sade do trabalhador.

    A seguir sero apresentados alguns dados divulgados no Atlas Municipal de

    Gesto de Pessoas Edio 2012 da Prefeitura do Municpio de So Paulo. Essesdados mostram esse panorama da sade do trabalhador nos anos de 2009, 2010 e

    2011. A escolha de apresentar dados relativos cidade de So Paulo deve-se ao

    fato da mesma ser o principal centro financeiro e corporativo da Amrica do Sul,

    cidade mais populosa do Brasil e a cidade brasileira mais influente no cenrio global,

    14 cidade mais globalizada do planeta. Alm de exercer grande influncia nacional

    e internacional do ponto de vista cultural, econmico e poltico, conta com um

    grande nmero de servidores pblicos, 139.787 servidores em 2012.Ao olharmos para o nmero de licenas mdicas concedidas aos servidores

    da Prefeitura do Municpio de So Paulo nos anos de 2009,2010 e 2011, fica

    evidente o aumento desses nmeros ao longo dos anos. Em 2009 foram 96.028

    licenas mdicas; 104.988 em 2010 e 110.781 em 2011 (Prefeitura do Municpio de

    So Paulo, 2012).

    Os transtornos mentais so responsveis pelo adoecimento e afastamento de

    um grande nmero desses trabalhadores. Segundo a Organizao Mundial deSade (OMS,1997), os transtornos mentais menores acometem cerca de 30% dos

    trabalhadores e o transtornos mentais graves em torno de 05 10%.

    Na Prefeitura do Municpio de So Paulo tambm pode-se constatar um

    nmero bastante significativo de licenas mdicas concedidas a servidores com

    diagnsticos conforme o Captulo V da Classificao Internacional de Doenas (CID)

    que trata dos transtornos mentais e comportamentais. Em 2009 foram 25.797 (27%);

    em 2010,28. 264 (27%) e em 2011,26. 224 (24%) licenas mdicas por questes

    relacionadas sade mental (Prefeitura do Municpio de So Paulo, 2012).

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    significativo tambm o nmero de servidores aposentados por invalidez. Em

    2009 foram 221 servidores, sendo que desse total, 70 (34%) foram por transtornos

    mentais. Em 2010 foram 345 aposentadorias por invalidez, das quais 173 (50%) por

    transtornos mentais. E em 2011, mais 423 servidores, sendo 206 (49%) por

    transtornos mentais. (Prefeitura do Municpio de So Paulo, 2012).

    Alm dos servidores em licena mdica e dos servidores que precisaram ser

    aposentados por questes relacionadas ao trabalho, h tambm um grande nmero

    de servidores que precisam ser readaptados. A readaptao acontece quando o

    servidor precisa ter sua atividade de trabalho modificada devido a um agravo em sua

    sade que o impea de desempenhar suas funes originais. Essa readaptao

    ocorre na tentativa de evitar que o servidor agrave seu quadro de sade durante arealizao de suas atividade de trabalho. O nmero de servidores readaptados

    tambm vem aumentando ao longo dos anos. Em 2009 eram 10.263; 11.158 em

    2010 e 11.513 em 2011 (Prefeitura do Municpio de So Paulo, 2012).

    Dentre o total de servidores readaptados em 2009, 3.086 (30%) foram

    readaptados por transtornos mentais, em 2010, 3.578 (32%) e 3.767 (33%) em

    2011. Os transtornos mentais so a segunda maior causa de readaptao, perdendo

    apenas para as doenas osteomusculares. Dentro dos transtornos mentais, os quemais precisam de readaptao so os transtornos do humor (Prefeitura do Municpio

    de So Paulo, 2012).

    Segundo dados da Previdncia Social (2012), os transtornos mentais e

    comportamentais ocupam o terceiro lugar em quantidade de concesses de auxlio-

    doena acidentrio. Em 2008, foram 12.818 afastamentos decorrentes de

    transtornos mentais e comportamentais. J em 2009, esse nmero sofreu um

    aumento de 5,1%, passando para 13.478 o nmero de trabalhadores afastados. Em2010, houve uma queda de 9,8%, totalizando 12.150 afastamentos. E em 2011

    voltou a subir, aumento de 9,7%, passando o nmero de afastamentos para 13.337.

    Esses mesmos dados mostram que dentre os transtornos mentais e

    comportamentais que mais afastaram os trabalhadores entre 2008 e 2011, esto os

    transtornos do humor (F30-39). Foram 6.403 em 2008 (49,9%), 6.704 em 2009

    (49,7%), 5.617 em 2010 (46,2%) e 5.555 em 2011 (45%).

    importante ressaltar que os transtornos mentais relacionados ao trabalho

    no resultam de um motivo nico, em geral eles surgem a partir de contextos da

    rotina de trabalho em interao com o corpo e a psique dos trabalhadores. As

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    atividades relacionadas ao trabalho podem produzir tanto leses e disfunes

    biolgicas quanto reaes psquicas.

    A sade do trabalhador inclusive uma poltica pblica. O Decreto n 7.602,

    de 07 de novembro de 2011, dispe sobre a Poltica Nacional de Segurana e

    Sade do Trabalhador. Essa poltica tem por objetivos:

    A promoo da sade e a melhoria da qualidade de vida do

    trabalhador e a preveno de acidentes e de danos sade

    advindos, relacionados ao trabalho ou que ocorram no curso

    dele, por meio da eliminao ou reduo dos riscos nos

    ambientes de trabalho.

    Pode-se perceber que a sade do trabalhador um tema de grande

    importncia a ser estudado pelos profissionais da sade. Como pode ser observado

    a partir dos dados apresentados, o nmero de trabalhadores adoecidos aumenta a

    cada ano. Doenas fsicas e psicolgicas acometem os trabalhadores e se faz

    necessrio pensar o porqu isto vem acontecendo e tambm maneiras de como

    remediar e principalmente prevenir essa situao. Os dados que foram aqui

    apresentados reforam que preciso olhar para a sade mental do trabalhador.

    Precisa-se pensar em intervenes e polticas pblicas para cuidar dos

    trabalhadores. Pouco material cientfico a respeito dessas possibilidades deintervenes foi produzido at hoje, o que mais uma vez ressalta a importncia do

    presente estudo e de novos estudos que abordem o tema.

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    2. OBJETIVOS

    Levantar intervenes para preveno e manejo dos transtornos mentais

    relacionados ao trabalho descritas na literatura acadmica brasileira.

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    3. METODOLOGIA

    O presente trabalho teve como mtodo a reviso bibliogrfica sistematizada.

    Foi realizado um levantamento em bases de dados cientficas, buscando

    publicaes relacionadas ao tema Sade Mental do Trabalhador.

    Foram tambm utilizados dados do Atlas de Gesto de Pessoas de 2012 da

    Prefeitura do Municpio de So Paulo para enriquecer a discusso atravs de seus

    dados.

    Na base de dados Lilacs foi realizada a pesquisa atravs dos descritores

    sade do trabalhador AND estudos de interveno e estresse ocupacional AND

    intervenes. A partir desses descritores foram buscados artigos completos e emportugus.

    Na base de dados EBSCO, a pesquisa foi feita atravs do descritor sade do

    trabalhador AND intervenes, novamente buscando apenas artigos completos e

    em portugus.

    O critrio usado para a incluso dos artigos deu-se em primeiro momento pela

    leitura dos ttulos e em segundo momento pela leitura dos resumos.

    Foram excludos os artigos que no tinham como temtica principal a sadedo trabalhador e aqueles que tratavam de categorias profissionais especficas.

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    4. RESULTADOS

    De acordo com os filtros aplicados, ao buscar pelas palavras chave sade do

    trabalhador AND estudos de interveno foram encontrados um total de 04

    artigos; ao buscar o tema estresse ocupacional AND intervenes foram

    encontrados 11 artigos; e na busca por sade do trabalhador AND intervenes

    49 artigos.

    Ao total foram excludos 60 artigos por no atenderem os critrios de

    incluso, sendo 12 da base LILACS e 48 da base EBSCO.

    Os estudos selecionados seguem de forma resumida na tabela abaixo:

    Autor/Ano

    Ttulo Amostra Metodologia

    Resultados Concluses

    MURTA, S.G.,2007.

    Avaliao deProcesso de umPrograma deManejo deEstresseOcupacional.

    Participaram 74funcionrios de umaUniversidade, dosquais 42

    foramdesignadospara umaintervenomultimodalde manejode estressee 32 paraumtreinamentoem

    habilidadessociais.

    Participantes divididosem doisgrupos:Manejo deEstresse eHabilidades

    Sociais.Ambos osgruposreceberem12 sessesde 60minutoscada, comperiodicidadesemanal.

    Osresultadoscoletadosmostram queas metasintermedirias foram

    alcanadasde modosimilar entreasintervenese que osparticipantesde ambas asintervenesperceberambenefcios

    obtidos noprograma.

    Ambas asintervenesproduziramatitudespositivasnos

    participantes comrelao aosbenefciospercebidoscomosendoderivadosdasintervenes. O

    programafoi vistocomobastantepositivo efonte deinmerosbenefcios.

    MORENO, F.N.;GIL, G.

    Estratgias eIntervenes noEnfrentamento daSndrome deBurnout.

    46 artigos,trsdissertaes e trslivros.

    Buscabibliogrficaexploratrianas basesde dados

    Da amostrafinal de 46artigos, 18citam quesonecessrias

    Apesar docrescenteinteressepelo estudodo estresseainda h

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    P.;HADDAD,M.C.L.;

    VANNUCHI,M.T.O.,2011.

    LILACS eSCIELO etambmem livros,

    dissertaes e teses, apartir dosdescritoresburnout

    andtratamento,coping andburnout,esgotamento

    profissional, estresseocupacional equemarse.

    ou sugeremque sejamdesenvolvidas estratgias

    deenfrentamento doestresseocupacionale preveno,porm noasdescrevem.

    poucasreferncias.Asestratgias

    para oenfrentamento variamde acordocom oobjetivodesejado.

    MURTA, S.G.;TRCCOLI,B. T.;2009.

    IntervenesPsicoeducativaspara manejo deestresseocupacional: umestudocomparativo.

    Participaram 74funcionrios de umaUniversidade de Gois,dos quais42 foramdesignadospara umaintervenomultimodalde manejode estressee 32 paraum

    treinamentoemhabilidadessociais.

    Comparao entreumaintervenomultimodalde manejode estressee treino dehabilidadessociais.

    Osresultadosobtidos noencontraramsuperioridade de um tipodeintervenosobre outro,com exceode pressoarterialdiastlica,mais baixanaInterveno

    de Manejode estresse.

    Osresultadosencontradoscontrariaram asexpectativas desuperioridade dosresultadosdaIntervenoManejo doestressesobre a

    intervenoemHabilidadesSociais.

    VASCONCELOS,A.;FARIA,J.H.,2008.

    Sade Mental noTrabalho:Contradies eLimites.

    Organizaoempresarialde grandeporte, queatua, entreoutros, no

    setoreducacional.

    Pesquisarealizadano perodoentre junhoedezembrode 2006,

    pesquisaqualitativaaplicada a

    Segundo apesquisa ossinaissubjetivosso asprimeirasmanifestae

    s de doenasmentais oupsicossomti

    Intervenes pontuaise paliativassoempregadas ao invsde se

    realizaruma realanlise

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    30funcionrios.

    estudo decaso.Observao no-

    participanteeentrevistassemi-estruturadas.

    cas. Apesardessapercepono h

    mobilizaodostrabalhadores em prol deum ambientecom menosriscos para aSadeMental.

    organizacional, quepermitiriauma

    anlisemaisprofundados fatoresque geramosofrimentoe oadoecimento dotrabalhador.

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    5. DISCUSSO:

    Atravs dos dados apresentados na introduo do presente trabalho fica

    evidente que os trabalhadores esto adoecendo, e por conta disso diversos

    profissionais dedicaram-se a estudar e pesquisar quais fatores esto causando ou

    contribuindo para o nmero de adoecimentos relacionados ao trabalho. No entanto,

    pode-se perceber que, na literatura brasileira e olhando-se para a sade mental do

    trabalhador em geral, ainda h pouca produo cientfica que apresente modelos de

    interveno na rea de Sade do Trabalhador.

    Uma vez que os fatores geradores de adoecimento j so conhecidos,

    necessrio comear a produzir pesquisas com ensaios clnicos de intervenes, afim de verificar a eficcia dos mesmos, inclusive adaptando essas pesquisas ao

    contexto brasileiro e levando em considerao tanto a preveno de novos

    adoecimentos, como tambm a minimizao de danos e reabilitao dos

    trabalhadores j acometidos por alguma enfermidade.

    Uma vez que a preocupao central das organizaes gira em torno da

    questo da reduo de custos e de rotatividade dos funcionrios, as intervenes

    relacionadas preveno deveriam ser as mais utilizadas, j que um trabalhadorsaudvel gera menos custos e produz mais. No entanto, na maioria das vezes, as

    organizaes s partem para a ao quando as doenas de seus trabalhadores

    resultam em reduo de produtividade (VASCONCELOS E FARIA, 2008).

    Murta (2007), explica que as intervenes podem ser feitas a partir de uma

    tcnica nica ou multimodais, onde so combinadas diversas tcnicas. E segundo

    Moreno, et al. (2011), elas podem acontecer em trs nveis: individual,

    organizacional e combinadas.As intervenes organizacionais, como o prprio nome j diz, so focadas no

    contexto ocupacional. Segundo Moreno et al (2011), essas intervenes so focadas

    na modificao do ambiente e do clima do trabalho. Podem incluir rever o processo

    de trabalho e os estilos de liderana, deixar o grupo ter uma participao mais

    efetiva na tomada de decises, entre outros.

    J as intervenes individuais, onde o foco o prprio trabalhador, trabalham

    com estratgias de enfrentamento do estresse e incentivam a criao de hbitos de

    vida saudveis, partindo da premissa de que os trabalhadores que esto com corpo

    e mente em harmonia produzem mais e melhor (MORENO ET AL, 2011).

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    Para Moreno et al (2011), a combinao das estratgias organizacionais e

    individuais mostra uma maior resolutividade do que quando usadas separadamente.

    Siqueira et al (2010), apresenta a proposta de se trabalhar com os Grupos de

    Reflexo. Segundo a autora, esses grupos permitem a construo coletiva de novas

    formas de pensar e organizar o trabalho. Busca minimizar os impactos do estresse

    na sade do trabalhador a partir da melhoria da comunicao e dos relacionamentos

    interpessoais no ambiente de trabalho. Os grupos de reflexo possibilitam a criao

    de fruns de discusso e reflexo, com o objetivo de criar um espao pblico de

    discusso com relao tomada de decises referente ao futuro do servio e do

    departamento.

    Para Moreno et al (2011), a capacitao constante atravs de um processo deeducao permanente tambm uma estratgia importante de interveno, uma vez

    que a falta de preparo e de capacitao adequada so apontadas como fatores de

    risco para o adoecimento dos trabalhadores.

    Grande, et al. (2013), ressalta a importncia dos programas de promoo

    sade do trabalhador, como por exemplo a ginstica laboral, aes de

    psicoeducao e aconselhamentos individuais ou coletivos. Segundo o autor,

    programas que beneficiam a qualidade de vida vem ganhando importncia nessecenrio de sade do trabalhador.

    Murta (2007) estuda a tcnica do manejo do estresse ocupacional,

    interveno que tem como objetivo desenvolver nos indivduos modos de

    enfrentamento ao fatores estressores presentes no ambiente de trabalho. Acredita-

    se que esses mecanismos de enfrentamento reduzem o risco de adoecimento. A

    interveno, em geral, tem formato psicoeducativo e utiliza tcnicas cognitivo

    comportamentais para reduo da tenso, aumento de habilidades de comunicao,de soluo de problemas, manejo de tempo e autocontrole, entre outros, sempre

    visando minimizar o impacto dos estressores ocupacionais.

    Moreno et al (2011), trabalha a questo da Sndrome de Burnout e afirma que

    tal sndrome uma resposta ao quadro de estresse ocupacional crnico. Para a

    autora as intervenes, no sentido de preveno e de desenvolvimento de

    estratgias de enfrentamento, tem maior resolutividade quando usadas estratgias

    que combinam abordagem individual e estratgias organizacionais.

    Segundo Moreno et al (2011), as aes de preveno so viveis quando

    esse adoecimento no visto como responsabilidade exclusiva do indivduo ou da

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    relao profissional usurio, e sim quando entendido como um problema da

    relao indivduo processo de trabalho organizao.

    Pode-se perceber que, independente do autor ou da interveno proposta, os

    diversos estudos apresentam pontos em comum como, por exemplo, a

    responsabilidade compartilhada entre indivduo e organizao, tanto no processo de

    sade como de adoecimento, acreditam no ser possvel responsabilizar apenas um

    lado dessa relao. Outro ponto comum acreditar em uma maior efetividade das

    aes quando as intervenes utilizadas combinam mais de uma estratgia e

    envolvem tambm as duas partes, indivduos e organizaes.

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    6. CONCLUSES

    Apesar de ser um tema relevante e atual, o enfoque da literatura brasileira, ao

    menos no que tange a sade do trabalhador de forma geral, sem entrar no mrito de

    carreiras especficas ainda concentra-se grandemente na questo das causas de

    adoecimento, deixando em segundo plano questes relativas s estratgias de

    preveno, enfrentamento e intervenes na rea.

    A partir da presente pesquisa bibliogrfica verificou-se que ainda uma

    minoria das empresas que entende que a questo organizacional influencia

    diretamente a sade dos indivduos e que da mesma forma o desempenho

    profissional afetado quando o trabalhador adoece (seja esse adoecimento causadopor questes diretamente ligadas ao trabalho ou no).

    Muitas vezes a sade do trabalhador ainda vista como uma questo de

    interesse exclusivo do prprio indivduo. Porm o que se pode perceber atravs dos

    estudos que a parceria entre indivduo e organizao pode ser bastante eficaz

    nesse cuidado, pois tanto o trabalho vai interferir na sade do indivduo, como o

    contrrio tambm verdadeiro, a sade do indivduo interfere na sua produtividade

    no trabalho.De acordo com o objetivo proposto para o presente trabalho, conseguiu-se

    encontrar na literatura brasileira estudos de interveno em sade do trabalhador,

    mas percebeu-se que esses estudos ainda encontram-se em nmero bastante

    reduzido e que por falta de estudos mais completos no so conclusivos, no so

    totalmente conhecidos os componentes efetivos dessas intervenes e para quem e

    em quais situaes so efetivos.

    O presente estudo no pretende de forma alguma encerrar a discusso arespeito do tema e aponta a necessidade da produo de pesquisas com ensaios

    clnicos de interveno, a fim de verificar a eficincia e a eficcia dessas

    intervenes no contexto do trabalhador e das organizaes em nosso pas.

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