Saude Do Homem

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 I- Introdução  A saúde do homem vem preocupando profissionais da área da saúde, pelo pouco cuidado e procura à atenção primária. O presente trabalho tem como ob jetivo di sc or rer sobre a te mática qu e envo lve a cultura e su as determinações sobre o padrão de com portament os dos indiv duos, citar apontamentos importantes da !oltica "acional Atenção #nte$ral à %aúde do &omem e, entender as justificativas que levam a aus'ncia deste público à unidade de saúde básica, como porta de entrada à prevenção.  Atualmente o modelo he$em(nico de masculinidade tem se tornado um problema às questões de saúde. #sto porque, entre a maioria não e)iste uma cultura de autocuidado e procura à unidade de saúde, dificultando a promoção de me di das protetivas . *ult ur alment e, o homem tem medo de de scobrir  doenças e acham que nunca irá adoecer, estão mais e)postos aos ricos de acidente de trabalho, à viol'ncia, ao alcoolismo, ao taba$ismo, acidente cardiovasculares, al+m das doenças especificas masculinas como o cncer de pr- stata e de p'n is. en tre estes fat ores, e)istem as barreiras socioculturais e o est ere-tipo de $'n ero que est ão enr ai/ados na nossa cultura, que potenciali/a práticas e valores do que + ser homem. A ideia de ser homem + ser forte, e que doença + sinal de fra$ilidade. Outro fator que dificulta o acesso da fi $ura masculina está em en co ntrar as 01% 20nidade 1ásica de %aúd e3 abertas ap-s as 45hs, horário incompatvel com a car$a horária do 6homem trabalhador7. !rovocando, a procura do serviço de emer$'ncia, superlotando o atendimento e dificultando o ret orno de ste homem nas campanha s pre ve nti va s. Os homens pre fer em utili/ar 8se de ss es servos, po is cons e$ uem ver suas demandas serem respondidas mais objetivamente e com rapide/. ess a forma, não po demos es qu ecer tamb+m das qu estões qu e perpassam o não reconhecimento de suas sin$ularidades, que podem ser entendidas como uma invisibilidade não do sujeito9usuário e sim das polticas de saúde em reconhec'8lo e, portanto, incorpora8lo tamb+m como sujeitos de

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Otimo artigo sobre saude do homem, mostrando pontos importantes da saude do homem.

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SADE DO HOMEM

I- Introduo

A sade do homem vem preocupando profissionais da rea da sade, pelo pouco cuidado e procura ateno primria. O presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre a temtica que envolve a cultura e suas determinaes sobre o padro de comportamentos dos indivduos, citar apontamentos importantes da Poltica Nacional Ateno Integral Sade do Homeme,entender as justificativas que levam a ausncia deste pblico unidade de sade bsica, como porta de entrada preveno.Atualmente o modelo hegemnico de masculinidade tem se tornado um problema s questes de sade. Isto porque, entre a maioria no existe uma cultura de autocuidadoeprocura unidade de sade, dificultando a promoo de medidas protetivas.Culturalmente,o homem tem medo de descobrir doenas e acham que nunca ir adoecer, esto mais expostos aos ricos de acidente de trabalho, violncia, ao alcoolismo, ao tabagismo, acidentecardiovasculares, alm das doenas especificas masculinas como o cncer de prstata e de pnis.Dentre estes fatores, existem asbarreiras socioculturais eo esteretipo de gnero que esto enraizados na nossa cultura, que potencializa prticas e valores do que ser homem. A ideia de ser homem ser forte, e que doena sinal de fragilidade.Outro fator que dificultao acesso da figura masculina est emencontraras UBS (Unidade Bsica de Sade) abertasaps as 17hs, horrio incompatvel com a carga horria do homem trabalhador. Provocando, aprocurado servio de emergncia, superlotando o atendimento e dificultando o retorno deste homem nas campanhas preventivas.Os homens preferem utilizar-se desses servios, pois conseguem ver suas demandas serem respondidas mais objetivamente e com rapidez.Dessa forma, no podemos esquecer tambm das questes que perpassam o no reconhecimento de suas singularidades, que podem ser entendidas como uma invisibilidade no do sujeito/usurio e sim das polticas de sade em reconhec-lo e, portanto, incorpora-lo tambm como sujeitos de suas aes. Desde sempre os centros de sade ou unidades bsicas so voltados historicamente para os cuidados maternos e infantis. Tais unidades so criadas no modelo da educao sanitria que sucede o campanhismo na sade pblica brasileira e se relacionam s prprias origens de uma medicina preventiva no interior da assistncia a sade, com as aes de higiene da me no pr-natal e da criana na puericultura. Com isso percebemos que num dado momento a ateno primria a sade se voltou basicamente para a ateno sade da mulher e da criana, at mesmo no seu modo de tratar, demarcando as diferenas de abordagens e acolhimento por gneros. Em se tratando de acolhida por gnero verificou-se fazer parte do arsenal que dificulta a proximidade do homem na ateno bsica, muitos deles alegam despreparo dos profissionais de sade para lidar com suas questes.Outro ponto digno de nota diz respeito privacidade, os homens colocam a necessidade de se ter um lugar apropriado para atend-los, a identificao dos sentimentos de vergonha e inibio nos atendimentos de grupos mistos foi um ponto a ser considerado tambm como desconforto. Os homens so socializados para falar de mulher e no com mulheres. E essas ltimas predominam nos servios de atendimentos primrios sade, o que colabora para a sensao de no pertencimento do homem a esse local.Em Agosto de 2009, aps encontros e discusses, foi lanada a Poltica de Ateno Integral Sade do homem(PNAISH).Um dos desafios mobilizar o pblico masculino preveno e promoo sade. Bem como, promover caminhos que incentivem a procura pelos servios de ateno primria.Com isto, percebe- se a importncia da temtica para os profissionais da sade e seus usurios na efetivao desta poltica e na preveno de doenas que acometem este pblico, matando e/ou deixando sequelas em nmero bastante significativo por todo o Brasil.

II- A Poltica Nacional de Ateno Integral Sade do Homem e seus desafios:

A responsvel pela implementao da PNAISH (Poltica Nacional de Ateno Integral da Sade do Homem) a CNSH (Coordenao Nacional de Sade do Homem), que foi instituda pela Portaria n 1.944/GM, do Ministrio da Sade, de 27 de agosto de 2009. So cinco os eixos temticos: Acesso e Acolhimento, Sade Sexual e Reprodutiva, Paternidade e Cuidado, Doenas prevalentes na populao masculina e Preveno de Violncias e Acidentes. A PNAISH vem colaborar com o esforo pela equidade de gnero, luta constante no Brasil e no mundo, sendo nosso pas o primeiro a instituir uma poltica preocupada com a sade do homem:

As diferenas de morbi-mortalidade entre homens e mulheres so amplamente conhecidas: os homens morrem mais cedo, morrem principalmente por causas externas (acidentes e violncias), so mais suscetveis s doenas cardiovasculares, possivelmente pelos comportamentos de risco mais frequentes, procuram menos os servios de sade, por limitao de tempo e, principalmente, pela falsa autopercepo da sua infalibilidade fsica e mental. (BRASIL, 2008).

A conquista da PNAISH foi trilhada atravs de muita discusso que envolveu a sociedade como um todo. Classe social, raa/cor, orientao sexual e a questo da gerao so temas transversais na discusso da sade do homem, dentro da qual prevalece o modelo hegemnico masculino onde so cobradas demonstraes de fora, virilidade, competitividade, proviso dos filhos, autoridade sobre a mulher, orientao heterossexual, entre outras barreiras culturais. Tais questes refletem de forma negativa na sade pblica gerando gastos maiores a cada dia, haja vista a falta de cuidados preventivos advindos, tambm, da nossa cultura patriarcal. Segundo o senso comum, e comprovado por estatsticas, prevenir continua sendo o melhor remdio, mesmo assim, estudos comprovam que a porta de entrada para cuidar da sade, no caso dos homens, raramente a ateno bsica. Pensar em preveno, no caso da sade do homem, requer uma reviso da histria da nossa sociedade a fim de entender os determinantes culturais de gnero que faz com que, por exemplo, at banheiros destinados ao pblico feminino sejam diferentes dos masculinos, assim como os cuidados com a higiene e a resistncia em utilizar preservativos para se proteger de DST, AIDS ou mesmo de uma gravidez indesejada. A preveno na sade, conforme indicam pesquisas vai alm das UBS (Unidades bsicas de Sade), envolve a intersetoriedade, a comunicao efetiva com a educao, com a assistncia social e, principalmente, com o usurio da sade fazendo com que se torne cada dia mais participativo, colaborando assim com a transformao destes dados: O padro de mortalidade entre os homens brasileiros expressos, por si, a diferena de gnero. Comparativamente s mulheres, a superioridade das taxas de mortalidade chega a ser quatro vezes maior entre os homens de 20 a 29 anos, caindo para 2,7 entre 30 e 39 anos, 2,1, entre 40 e 49, e 1,9, entre 50 e 59 anos. Essa diferena se deve principalmente alta taxa de mortalidade por causas externas 162 por 100.000 habitantes entre os homens versus 22, entre as mulheres_ que mantm patamar semelhante nas quatro faixas etrias, enquanto que os homens mostram tendncia decrescente com o aumento da idade, chegando a 202, entre os mais jovens (20 a 29 anos). (BRASIL, 2008).

O termo causas externas faz referncia principalmente a acidentes ou violncia que levam mortalidade ou deixam sequelas fazendo com que ocorra aumento cada vez maior nos gastos com a sade em todos os nveis, como exemplo temos acidentes de trnsito, o uso de lcool e outras drogas e a violncia. Partindo da informao acima percebemos a necessidade de aes preventivas, da promoo da cultura da paz no trnsito e em outros espaos, incluindo aqui, a escola, parceira potencial na modificao da cultura machista que leva homens a praticarem agresses e/ou a se tornarem vtimas de diversos tipos de violncia, domstica ou no que repercutem como questes da sade pblica. Conforme dados:

Uma das principais diferenas de gnero se refere aos cuidados com a sade, o que fica evidente ao se comparar a concentrao de consultas por habitante entre o sexo masculino (0,06) e o feminino (4,3). Isso representa mais de 235 milhes de consultas para as mulheres, ou seja, uma concentrao 71 vezes maior que a dos homens. Surpreendentemente, a concentrao de consultas entre os homens cai ligeiramente com o aumento da idade, enquanto o inverso acontece com as mulheres, cuja concentrao aumenta de duas para 8,4 consultas, respectivamente na faixa etria de 20 a 29 anos e de 50 a 59 anos de idade, o que chega a 168 vezes mais do que os homens dessa mesma faixa de idade. (BRASIL, 2008).

Conforme apontam os dados acima, as justificativas para que a porta de entrada de homens jovens acontea na urgncia so a violncia e acidentes no trnsito prioritariamente. Nos diversos artigos citados em nossas referncias encontramos algumas justificativas e suposies a respeito da ausncia ou invisibilidade do homem na ateno primria sade: a viso de que as UBS so feitas para o pblico feminino; a ideia de que os homens so fortes, provedores e no podem adoecer; a de que eles preferem o pronto atendimento devido rapidez; a falta de tempo, pois seriam mal vistos se faltassem ao trabalho e, no caso da preveno ao cncer de prstata , a cultura machista ainda um grande obstculo. As responsabilidades das UBS caminham lado a lado com essas crenas e tambm foram notadas nestes estudos, j que as transformaes necessrias segundo a PNAISH ainda no foram implementadas integralmente conforme idealizadas e como sugere Figueiredo, 2005 so trs os itens a serem levados em conta: os homens na qualidade de sujeitos confrontados com as diferentes dimenses da vida, os servios na maneira como eles se organizam para atender os usurios considerando suas particularidades e os vnculos estabelecidos entre os homens e os servios e vice-versa.Alguns desafios dizem respeito infraestrutura do SUS: ambincia eficiente, horrios ampliados, agilidade nos atendimentos, capacitao dos profissionais da sade e outras estratgias criadas a fim de que a preveno faa parte do cotidiano masculino. A integralidade um dos princpios do SUS que orienta os cuidados com a sade desde a ateno primria. Uma das sugestes encontradas por diversos estudiosos quando falamos em preveno sade do homem a captao desse pblico utilizando momentos nos quais esses homens frequentam as UBS para conduzir a outros procedimentos relativos preveno, por exemplo: aps consulta com clnico geral o homem sairia orientado para um check-up, ao programa de planejamento familiar e/ou outros de acordo com as necessidades. Outro ponto bastante lembrado em diversos estudos a importncia do ACS (Agente Comunitrio de Sade), sem esquecer outros profissionais, por terem contato constante com as famlias podem contribuir ativamente fazendo com que o pblico masculino cuide cada vez mais e melhor da sua sade. Conforme preconiza o Programa Sade da Famlia (PSF):

Prestar, na unidade de sade e no domiclio, assistncia integral, contnua, com resolubilidade e boa qualidade s necessidades de sade da populao adstrita; Intervir sobre os fatores de risco aos quais a populao est exposta; Eleger a famlia e o seu espao social como ncleo bsico de abordagem no atendimento sade; Humanizar as prticas de sade atravs do estabelecimento de um vnculo entre os profissionais de sade e a populao; Proporcionar o estabelecimento de parcerias atravs do desenvolvimento de aes intersetoriais; Contribuir para a democratizao do conhecimento do processo sade/doena, da organizao dos servios e da produo social da sade; Fazer com que a sade seja reconhecida como um direito de cidadania e, portanto, expresso da qualidade de vida e; Estimular a organizao da comunidade para o efetivo exerccio social. (Brasil, 1998).

H vrios exemplos de campanhas que buscam a preveno tanto de diversos tipos de patologias que atingem os homens quanto de acidentes de trnsito, violncias e outras causas de leses ou mortes: Novembro Azul, focado na preveno do cncer de prstata; Paz no Trnsito; Carnaval com Segurana so alguns dos exemplos. Notamos ainda um foco privilegiado na questo do planejamento familiar, ainda aqum do desejado quanto participao masculina e criticado por focar mais nas questes biolgicas deixando de lado as subjetividades de cada ser humano. fundamental a vontade poltica e dos gestores das UBS, hospitais, UPA e outros espaos para execuo de aes que incentivem e garantam a presena do homem desde a ateno primria, como j foi dito, a ampliao no horrio para alm dos dias teis e do horrio comercial pode fazer toda a diferena rumo s mudanas propostas pela PNAISH.

III- Consideraes finaisAlguns desafios esto postos para a implementao da Poltica Nacional de Ateno Integral Sade do Homem nos dias atuais, principalmente no que se refere a sua incluso nos servios de ateno primria com o objetivo de garantir a preveno e a promoo de sade, sensibilizando-os sobre a importncia do cuidado e da inexistncia de invulnerabilidades. Tais desafios provocam uma reflexo em busca de proposies de trabalhos voltados para os homens numa perspectiva de gnero. Incluir em seus quadros funcionais profissionais do sexo masculino, construir espaos de discusses e atendimentos masculinizados, para que resgatem o sentimento de pertena a aquele local so algumas alternativas para promover a aproximao do homem no atendimento da ateno primria. Assim como criar horrios alternativos de atendimento ao contratempo da carga horria de trabalho masculina. Promover o sigilo e a privacidade nos atendimentos individualizados e criar grupos de homens tambm so alternativas viveis a sua incluso e frequncia rotineira nas UBS.Desenvolvimento de atividades na comunidade considerando as especificidades de cada local, as caractersticas da equipe multiprofissional responsvel pelo servio, assim como as necessidades de sade sentidas nas praticas assistenciais prestadas so de extrema relevncia para modificar o quadro de baixa adeso da populao masculina nos servios primrios de sade transformando as prticas cotidianas saudveis dessa populao.

RefernciasBRASIL, Ministrio da Sade. Programa Sade da Famlia. 1998. Disponvel em: http://www.saude.df.gov.br/sobre-a-secretaria/subsecretarias/526-programa-saude-da-familia.html Acesso em 20 de maio de 2015.BRASIL. Lei n 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispe sobre as condies para a promoo, proteo e recuperao da sade, a organizao e o funcionamento dos servios correspondentes e d outras providncias. Braslia. 1990. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm Acesso em: 10 de maio de 2015.BRASIL. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Departamento de Ateno Bsica. Poltica nacional de ateno bsica / Ministrio da Sade, Secretaria de Ateno Sade, Departamento de Ateno Sade. Braslia: Ministrio da Sade, 2006. Disponvel em: http://www.conselho.saude.gov.br/webpacto/text_atencao.pdf Acesso em 08 de maio de 2015. BRASIL. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade, Departamento de Aes Programticas Estratgicas - Poltica Nacional de Ateno Integral Sade do Homem: Princpios e Diretrizes, Braslia, 2008. Disponvel em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_atencao_homem.pd Acesso em: 10 de maio de 2015.FIGUEIREDO WS. Assistncia sade dos homens: um desafio para os servios de ateno primria. So Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de So Paulo, Cincia & Sade Coletiva, 10(1); 105-109,2005. Disponvel em: http://portal.saude.sp.gov.br/resources/instituto-de-saude/homepage/bis/pdfs/bis_v14_1.pdf Acesso em :08 de maio de 2015. GNERO E DIVERSIDADE NA ESCOLA: Formao De Professoras/Es Em Gnero, Orientao Sexual e Relaes tnico-Raciais. Livro de Contedo. Verso 2009-Rio de Janeiro:009 CEPESC; BRASLIA: SPM