Saraus no séc. XVIII

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DISCIPLINA DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE PORTUGAL SARAUS NO SÉCULO XVIII ANDRÉ MARTIM AIRES

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DISCIPLINA DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE PORTUGAL

SARAUS NO SÉCULO XVIII

ANDRÉ MARTIM AIRES

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INTRODUÇÃO

Para a Disciplina de História e Geografia de Portugal, sob a

docência da professora Dr.ª Maria Adélia Amaral, no âmbito do

tema “Portugal no século XVIII”, foi proposto elaboração de trabalho

sobre os SARAUS dessa época.

O presente trabalho, foi realizado pelo aluno nº2 – André

Martim Barata Araújo Lacerda Aires do 6ºAno Turma C.

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ÍNDICE

- Introdução

- D. João V

-Aclamação de D. José I

- A Rainha D. Maria de Áustria

- D. João V – A Cultura e a Ciência

- Império Português no Século XVIII

- A Monarquia Absoluta no tempo de D. João V

- As Preferências musicais

- Os Saraus

- Conclusão

- Anexos

- Bibliografia

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Fiz este trabalho com grande entusiasmo, consultei inúmeras fontes e passarei a resumir o que pesquisei.

D. JOÃO V

Nasceu em Lisboa, no paço real no dia 22 de Outubro de 1689 e morreu em 1750.

D. João V, 24º Rei de Portugal e 11º Duque de Bragança, filho de D. Pedro II de Portugal e de Dª Maria Sofia de Neuburgo, casou em 1708 com Dª Maria Ana de Áustria. Foi educado pelos Jesuítas que lhe ensinaram o castelhano, o francês, o italiano e também o gosto pela matemática. Tal como era tradição da Casa Real de Bragança, D. João V gostava muito de música e promoveu muitos serões literários e musicais na sua corte. Era galanteador, aventureiro e muito religioso (ou, pelo menos, queria dar essa impressão aos outros...).Chamaram-lhe "O Magnânimo" pelas obras grandiosas que mandou fazer e também pela riqueza e luxo com que viveu e que gostava de mostrar aos outros. Vestia fatos muito ricos e usava uma enorme cabeleira empoada, que

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vinha directamente da França, como acontecia com todas as cabeleiras e postiços que era moda na época usar-se na corte de Lisboa.

Por esta época reinava em França Luís XIV, a quem chamavam o Rei-Sol, que vivia também num palácio muito luxuoso em Versalhes, a poucos quilómetros de Paris. Chamavam-lhe assim porque ele se considerava a si próprio o centro de toda a corte. Até dizia L'État c'est moi! (ou seja "O Estado sou eu!"). Foi uma época que ficou conhecida nos livros de História como a do absolutismo e do iluminismo. O nosso Rei D. João V desejava também ser o centro das atenções de todo o Reino de Portugal e quis que fosse imitada a corte francesa. Perante o Rei, falava-se de joelhos. Durante o seu reinado, as Cortes (em que estavam representados o clero, a nobreza e o povo) deixaram de ser convocadas – o Rei, e só o Rei, mandava.

D. João V: Um Rei-Sol à portuguesa

Gostava de trajes ricos e sobretudo de jóias. No peito, em dias de gala, suspensa de uma fita vermelha, usava uma cruz da Ordem de Cristo, coisa digna de se ver, com brilhantes e rubis.   (Frei João do Espírito Santo)

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Os Filhos legítimos

D.Barbara-nascida em 1711

D. Pedro-nascido em 1712 mas que morreu apenas com 2 anos.

D.José-nascido em 1714

Seria rei de Portugal, devido ao falecimento de seu irmão.

Viria a casar por proposta de Filipe V de Espanha com a filha deste D. Mariana Vitória.

D. Carlos-nascido em 1716

D. Pedro-nascido em 1717

D. Alexandre-nascido em 1723, morreria com quase 5 anos.

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D. João V- Um rei absolutamente ... freirático

D. João V tivera filhos fora do casamento afirmando que eram filhos de "mulheres desobrigadas e limpas de toda a nação infecta".

Das numerosas amantes de D. João V, Madre Paula foi a única que soube dominá-lo até à morte. O rei foi extremamente generoso não só com ela como com a sua família.

O Palácio Pimenta onde se encontra o Museu da Cidade de Lisboa no Campo Grande foi mandado construir por D. João V para a sua amante.

(O Palácio Pimenta, edifício da primeira metade do século XVIII, obra de Ludovici ou Carlos Mardel alberga hoje o Museu da Cidade.)

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TEXTOS RELACIONADOS

O reinado do "Magnânimo" ficou famoso pela tendência do monarca em copiar Luís XIV e a corte francesa. O ouro do Brasil deu ao soberano e à maioria dos nobres a possibilidade de ostentarem opulência como nunca anteriormente. Por toda a parte se construíram igrejas, capelas, palácios e mansões em quantidade. Em Mafra, perto de Lisboa, um enorme mosteiro exibiu a magnificência real. D. João V ocupou-se igualmente das artes e das letras, despendendo vastas somas na aquisição de livros e na construção de bibliotecas. Como em tantas cortes do século XVIII, a depravação moral ocupou lugar preponderante.

(A. H. Oliveira Marques, História de Portugal)

O ESTADO DA NAÇÃO QUANDO D. JOÃO V MORREU

O país era pouco cultivado, produzindo os seus campos muito pouco; aqueles que se cultivavam, em lugar de serem preparados para produzirem meios de sustento e de vestuário, eram destinados ao aumento de géneros supérfluos de mercadoria. O principal produto era o vinho e a fruta, ao mesmo tempo que havia inteira falta de todos os géneros mais necessários para a vida.Portugal dependia inteiramente dos estrangeiros pelo que respeita ao trigo e vestuário, e a sua população tinha diminuído na proporção da quantidade de produtos do seu país: muitos milhares de habitantes foram faltando a Portugal e outros foram degenerando todos os dias pela dificuldade de subsistir. As artes achavam-se perdidas, a indústria extinta e todas as ocupações estavam na mão dos estrangeiros. A monarquia via-se privada dos seus cofres, que estavam vazios, a coroa sem tesouro e o Estado sem rendimento. A sua glória militar não era de melhor condição e o Reino tinha um exército só no nome, porém sem soldados.

(Descrição da situação portuguesa num artigo publicado num Jornal de Londres de 1777 referindo-se ao ano de 1750 - o ano da morte de D. João V)

Assim terminou o rei D. João V, deixando pobre o país pelas suas prodigalidades e desperdícios.

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ACLAMAÇÃO DE D. JOSÉ I

Retrato da Alegoria da Aclamação de D. José, que se encontra no Palácio das Necessidades, datado de 1750.

O reinado de el-rei D. José foi um reinado glorioso, graças aos esforços, à iniciativa enérgica, e à notável persistência de Sebastião José de Carvalho na administração de que se encarregara.

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A RAINHA D. MARIA ANA de ÁUSTRIA

(retrato de D. Maria Ana da Áustria)

Nasceu em Lintz a 7 de Setembro de 1683, faleceu no Paço de Belém a 14 de Agosto de 1754. Era filha do imperador Leopoldo e de sua terceira mulher, a imperatriz D. Leonor Madalena Teresa de Neuburgo, irmã do imperador José,então reinante.

Naturalmente oriunda de uma País de grande tradição cultural, organizava saraus em seus aposentos, com assistência restrita, em que ela própria tocava cravo.

A rainha adorava as montarias, por exemplo em Fernão Ferro, onde se caçavam javalis e raposas. Depois armavam-se tendas para o jantar e o regresso a Lisboa.

Jantares que segundo reza a Gazeta de Lisboa, não eram restritos, toda a gente comia "entre duas fontes de vinho, em que comeram todos os criados inferiores que ali se acharam e depois se expôs tudo ao povo". Enfim uma despesa superior a um conto de réis.

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D. JOÃO V – A CULTURA E A CIÊNCIA

(A passarola de Bartolomeu de Gusmão)

D. João V foi um rei que sempre patenteou uma grande curiosidade científica, como se prova pelas inúmeras encomendas que os seus diplomatas faziam por cumprir de diversos instrumentos científicos como telescópios, barómetros, sextantes, relógios de pêndulo, reveladores do seu interesse em desenvolver a astronomia, a matemática, etc.

D. João V gostava imenso de ler e para além disso dedicou especial atenção à biblioteca régia e ao patrocínio da impressão de muitas obras.

Criou bibliotecas no colégio das Necessidades e no convento de Mafra e sobretudo a da Universidade de Coimbra, construída com financiamento régio entre 1716 e 1728.

Sempre acusado de despesista pelos "inúmeros livros que fez imprimir, dentro e fora do reino dos escritores do nosso tempo e dos séculos mais afastados", não pode deixar de se salientar o contributo que nesta matéria deu à causa da

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cultura.

IMPÉRIO PORTUGUÊS NO SÉCULO XVIII

A extensão dos territórios

Durante a ocupação filipina, o nosso império colonial foi atacado por outros países. Com a Restauração, Portugal não retomou a posse de alguns dos seus territórios ocupados (Arzila, no Norte de África; Calecut, Ormuz e Malaca, na Ásia), mas recuperou outros (S. Salvador da Baía, no Brasil, e Luanda, em Angola).

No século XVIII, o império era assim:

- Ásia/Oceânia – Goa, Damão, Diu, Macau e Timor;- África – arquipélagos de Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe, Guiné, Angola e Moçambique;- América – Brasil

Durante o século XVIII, o prestígio de Portugal esteve ao nível das principais potências europeias, devido às riquezas que nos chegavam, principalmente do Brasil.

A sociedade portuguesa

A sociedade portuguesa manteve as diferenças entre os diversos grupos sociais: clero, nobreza e povo.

O clero tinha um papel muito influente junto da sociedade tanto no ensino, no culto, bem como na assistência aos doentes. Controlava também o Tribunal da Inquisição (ver atrás autos-de-fé).

Os nobres rodeavam-se de luxo e conforto, construindo belos palácios - solares - com jardins decorados com estátuas e painéis de azulejos. No interior, colocavam móveis de madeira trabalhada, objectos de prata e porcelanas da Índia. Eram frequentes as touradas, os banquetes, bailes, saraus, óperas e espectáculos teatrais, como descreverei mais adiante.

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A burguesia continuou a enriquecer com o comércio brasileiro e as suas casas procuravam imitar os solares dos nobres.

O povo mantinha uma vida difícil. Na cidade, cruzavam-se aguadeiros, vendedores ambulantes, leiteiros, lavadeiras, regateiras, artesãos e pequenos comerciantes. No campo, os trabalhadores rurais viviam com grandes dificuldades, tendo muitos deles abandonado as suas terras e tentado melhor sorte nas cidades ou partindo para o Brasil, na esperança de enriquecer.

As festas religiosas e populares reuniam todos os grupos sociais. Havia ainda cerimónias públicas (cortejos, desfiles de barcos no Tejo, corridas de touros) muito ao gosto do rei e em que o povo também participava.

Exploração económica

Neste século, o negócio do açúcar e de outras culturas (tabaco, café, cacau, algodão), bem como a criação de gado, atraiu muitos colonos para o Brasil.Grupos de exploradores, os bandeirantes, penetraram no interior, em busca de ouro, pedras preciosas e escravos índios. Estas expedições tinham o nome de Bandeiras. A exploração mineira tornou-se a principal actividade económica e a coroa portuguesa reservava para si uma quinta parte do ouro extraído – daí a expressão os «quintos do Brasil».Atacado por outros países. Com a Restauração, Portugal não retomou a posse de alguns dos seus territórios ocupados (Arzila, no Norte de África; Calecut, Ormuz e Malaca, na Ásia), mas recuperou outros (S. Salvador da Baía, no Brasil, e Luanda, em Angola).

Império no século XVIII

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A MONARQUIA ABSOLUTA NO TEMPO DE D. JOÃO V

No século XVIII, a forma mais comum de governo na Europa era a monarquia absoluta. Os reis reforçaram o seu poder, tomando todas as decisões importantes sem consultar as cortes. Em Portugal, D. João V e os seus sucessores, D. José e D. Maria I, foram reis absolutos: as cortes não foram reunidas e o rei concentrava em si todos os poderes.

O rei D. João V subiu ao trono com apenas 17 anos e reinou durante 43 anos. O seu reinado foi um dos mais longos na História de Portugal. D. José I, filho de D. João V, continuou a política absolutista do pai.

Construções monumentais

D. João V utilizou uma boa parte do ouro do Brasil no luxo da corte e na construção de grandes monumentos.No seu reinado foram construídos o Aqueduto das Águas Livres, em Lisboa, o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego, a Torre dos Clérigos, no Porto, e a Biblioteca da Universidade de Coimbra.

O estilo utilizado na época era o barroco. Pode reconhecer-se este estilo por:

- interiores decorados em talha dourada (altares, colunas, em madeira coberta com uma fina camada de ouro);-utilização, nos revestimentos, de mármores, azulejos e estuques pintados.

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A construção da capela de S. João Baptista, na Igreja de São Roque dos jesuítas, em Lisboa, está intimamente relacionada com a doença do rei.

Revestimento total da abóbada da Igreja de São Francisco no Porto em talha dourada.

Mas a obra que mais marcou o reinado de D. João V foi a construção do Convento de Mafra. Foi o cumprimento de um voto pelo nascimento de um herdeiro ao trono que levou o rei a mandar construí-lo.

Reinado realmente magnífico, esplendoroso, de fausto nunca igualado: com o oiro e os diamantes trazidos às carradas do Brasil, Sua Majestade maravilhava Roma com a grandeza dos seus presentes; levanta esse fenomenal Convento de Mafra e muitas igrejas, todas elas magníficas. (Bernardo Santareno, 0 Judeu)

O Convento de Mafra

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É o mais significativo monumento do barroco em Portugal, integrando um Paço Real, uma Basílica, um Convento Franciscano e uma importante Biblioteca,

síntese do saber enciclopédico do séc. XVIII.

Aqueduto das Águas Livres - O financiamento

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Pelos vistos D. João V, não achou necessário financiar a obra com o ouro e os diamantes que chegavam do Brasil, pelo que o se pode dizer que a população pagou do seu bolso a água que passou a beber. O povo pagou porque o Rei assim decidiu, coisas do absolutismo

Fundação da fábrica Vidros em Coina-1722

A ideia pré-concebida que D. João V foi apenas um rei gastador, que desbaratou o ouro e os diamantes do Brasil apenas em obras inúteis e espalhafatosas é completamente errada, porque a sua preocupação em desenvolver indústrias também foi evidente.

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AS PREFERÊNCIAS MUSICAIS

Para além dos excessos “freiráticos”, a nobreza e el-rei em particular, preferiam continuar a frequentar os conventos femininos, em especial o de Odivelas, para ouvir música sacra entre outras distracções.

A música religiosa foi a que mais atraiu o monarca, que tudo fez para melhorar o nível da sua capela real. Foram contratados cantores italianos, que chegaram a ser em 1730 mais de 30 elementos, tendo contratado Domenico Scarlatti, um compositor barroco, para mestre dos seus filhos. Assim se reforçava o naipe de músicos italianos, na corte portuguesa.

A primeira ópera de António José da Silva O Judeu foi “Vida do Grande D. Quixote de la Mancha e do gordo Sancho Pança”, que se representou no Teatro do Bairro Alto em Lisboa em Outubro de 1733, na sequência dum semana com várias distracções no paço.

Desde 1732 até ao grande terramoto de 1755, representaram-se cerca de uma centena de óperas, grande parte traduzidas e cantadas em Português tendo chagado a funcionar, ao mesmo tempo, cinco teatros de ópera, incluindo o do Bairro Alto.

Isto revela o interesse que a ópera, nova forma de espectáculo, despertou em Portugal.

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D. João V gostava de teatro em especial as organizadas pelos Jesuítas do Colégio de Santo Antão.

Este tema será desenvolvido mais adiante.

OS SARAUS

Um sarau (do latim seranus, através do galego serão) é um evento cultural ou musical realizado geralmente em casa particular onde as pessoas se encontram para se expressarem ou se manifestarem artisticamente. Um sarau pode envolver dança, poesia, leitura de livros, música acústica e também outras formas de arte como pintura e teatro. Evento bastante comum no século XIX que vem sendo redescoberto por seu carácter de inovação, descontracção e satisfação. Consiste em uma reunião festiva que ocorre à tarde ou no início da noite, apresentando concertos musicais, serestas, cantos e apresentações solo, demonstrações, interpretações ou performances artísticas e literárias. Vem ganhando vulto por meio das promoções dos grémios estudantis e escolas.

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As novas concepções de pensamento, advindas do Iluminismo, e as correntes artísticas do Barroco e Rococó, marcam fundamentalmente o Século XVIII.

O retrato do momento é o de uma aristocracia ociosa, que levava uma vida extremamente luxuosa.

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   Em 1724, D. João V tinha colocado em Paris Mendes de Góis, encarregado de o pôr ao corrente da moda e dos hábitos da Corte. Cerca de 1730, uma nova geração tinha já absorvido, tanto quanto lhe era possível, os costumes novos. As damas tinham então o seu papel nos saraus das casas nobres, que imitavam os da Corte, mas as burguesas ficavam ainda em suas casas, olhando através das gelosias quem passava na rua.

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De um modo geral copiava-se o que era lançado na Corte de Versalhes:Vestidos amplos, volumosos e pregueados, alguns em forma de saco;

Corpetes mais folgados;As panniers e as farthingales na armação das saias;

Penteados exuberantes e altíssimos, com enchimentos e elementos decorativos;

Maquilhagem empoada e mosquettes;Chapéus enormes e com muitas plumas de animais nobres.

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O visual masculino tinha a seguinte estrutura:

Casaco (justaucorps) ajustado na cintura;Coletes bordados;

Calções extremamente justos;Lenços originados das golas da chemise, muito volumosos, no pescoço;

maquilhagem empoada com mosquettes.

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Durante a Idade Moderna, no século XVII – chamado de Período Barroco, a moda masculina desenvolveu-se por conta da figura do rei Luís XIV, (foto abaixo)  que fez desse período, o século francês. Aí, dá-se um grande “boom” da moda para homens, que passou a ser ditada por Versailles, criada pelos alfaiates do Rei Sol.

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Foram eles, os alfaiates da corte de Versailles (profissional retratado na gravura da época, página anterior)  que, anonimamente tiveram a brilhante ideia de criar o traje, que viria a ser hoje, o terno executivo moderno. Era composto por três peças: o justaucorps (espécie de casaca longa), o colete longo e o culote (na ilustração abaixo), mas o grande salto foi unificar as três peças (daí em português ser terno), fazendo-as na mesma cor, tecido e padrão. Em inglês, suit, (terno) deriva do verbo francês suivre (seguir), ou seja, calças e coletes seguem a cor e tecido do casaco.

O terno, assim, nasceu em berço nobre. Luís XIV foi o primeiro pavão do estilo, para homens. Ditou as regras do bem vestir na passagem do século XVII para o XVIII. Versailles foi o epicentro da moda francesa. Uma nova era de refinamento se expandiu por toda a Europa e, consequentemente para o mundo. O estilo francês influenciou a maneira de vestir das classes altas e médias de todo o planeta, naqueles tempos.

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Na segunda metade do século XVIII, surgiu uma versão simplificada do conjunto anterior, e foi baptizada de habit complet à la française, que se tornou o traje formal de homens de negócios e dos nobres, por toda a Europa. Gradualmente o colete comprido anterior, foi encurtando e, por volta da metade do século chegou à cintura, o comprimento da peça de hoje. O século XVIII, pode ser considerado a era da roupa bordada para homens. Detalhe: muitas eram bordadas com fios de ouro e prata, o que distanciava cada vez mais, a aristocracia do povo. Abaixo, o habit complet à la française, ou terno executivo do século XVIII, sob diversos ângulos. Nesta fase, as casacas eram usadas abertas, para exibir coletes em tecidos nobres e ricamente bordados, contrastando com o resto do traje.

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Tudo o que estava na corte, estava sujeito às regras de etiqueta e civilidade, seguia determinadas normas de tocar, cantar, compor e dançar. Eram as práticas de corte!É claro que nos espaços cortesãos, a música deveria soar como a mais apolínea, a mais adequada a um ambiente europeu. Deveria ser tocada por profissionais, de preferência pelos músicos da corte.Como na maioria das vezes não era possível escolherem os pares, os gestos e mesuras, nesses saraus, formavam um sistema de códigos interpretáveis, onde para tudo aquilo que era imagético, auditivo e visual, havia uma relação. A fala, o som, as roupas e os comportamentos ( movimentos do corpo, adereços…o leque que “falava”…) expressavam sentimentos contidos.

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A dança mais famosa do séc. XVII foi a pavana, de origem espanhola, seguida da sarabanda, que não sobreviveu ao séc. XVII; a courante, dançada na ponta dos pés, levemente saltitante e com muitas mesuras, predominou durante o reinado de Luís XIV.

Pavana

Na primeira metade do século XVIII, no contexto do espírito galante da música da corte, a dança que ganhava a preferência nos salões era o minueto, com passos miúdos, grande leveza e evoluções graciosas. Originário de uma dança rústica, enquanto dança popular, o minueto era alegre e vivo. Ao ser levado para corte, tornou-se mais grave e elaborado.

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A gavota, que muitas vezes foi dançada como uma continuação do minueto, também era originalmente uma dança de camponeses (dance de gavots), e consistia basicamente de beijos e cabriolas. Nas cortes do séc. XVIII, os beijos foram substituídos por buquês de flores; logo a seguir, a gavota passaria para o palco e nunca mais retornaria aos salões.

Gavota

A écossaise e o galope (importado da Alemanha) toma formas muito populares no fim do séc. XVIII, período em que a valsa, que seria a “febre” dos salões do séc. XIX, dava seus primeiros passos.

A valsa chega ao Brasil com a corte portuguesa em 1808, e seria a dança de salão de preferência da elite do Rio de Janeiro até a chegada da polca em 1845. Ao longo da segunda metade do século XIX ela continuaria tendo grande aceitação e seria, nas palavras do pesquisador José Ramos Tinhorão, um dos “únicos espaços públicos de aproximação que a época oferecia a namorados e amantes”.

No espírito da música reflectia-se a vida aristocrática, marcada pelas normas de etiqueta, elegância exterior, mesuras, frivolidade e luxo. As peças para alaúde, para teclado – cravo, clavicórdio, espineta e para conjuntos, revelavam-se especialmente em ordres (suites de danças ou de peças - miniaturas caracterizadas) de extrema delicadeza, com cadências femininas frequentes, melodias muito ornamentadas, num estilo nobre e galante, em linguagem tonal,

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de densidade leve. O maior cravista francês da época foi François Couperin (1668-1733) denominado Le Grand, e na Itália, destacou-se o notável Domenico Scarlatti (1685-1757), de quem falarei adiante.

A opéra-ballet, criada no século XVII por Lully (1632-1687) e seus contemporâneos, síntese do "bailado" francês com elementos operísticos italianos, continuava a abrilhantar, na primeira metade do século XVIII, a vida artística dos palácios.

Os saraus do Paço eram frequentemente entretidos com peças teatrais ornadas de música. As mais antigas representações neste género, de que há notícias, são as festas realizadas em 1711, 1712 e 1713 nos dias dos anos do rei e da rainha. Em 1733 um violinista italiano ao serviço do Paço, Alexandre Paghetti, obteve privilégio para dar representações públicas de óperas no teatro armado junto ao convento da Trindade, em que se cantaram algumas óperas nos anos de 1737 e 1738. No teatro da Rua dos Condes também se cantaram em 1738, 1739 e 1740. D. João V mandou construir um teatro no palácio de Belém, que tinha comprado em 1726 ao conde de Aveiras, e foi este

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o primeiro teatro régio especialmente construído para esse fim, inaugurando-se a 4 de Novembro de 1739, o monarca instituiu um seminário destinado ao ensino especial da música, organizado à semelhança do de Vila Viçosa, e cujas despesas eram pagas pelas rendas da Capela Real.

Palácio de Belém

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A MÚSICA

Como venho referindo, no sarau barroco ganham destaque a música, a dança e a poesia, em que, além dos monarcas portugueses e espanhóis, se destaca a presença do grande compositor Carlos Seixas e do professor de cravo Domenico Scarlatti.

DOMENICO SCARLATTI

Scarlatti é um dos grandes, se não o maior virtuoso do período tardio do barroco. As sonatas que em Espanha viria a compor são testemunhos da grande capacidade de composição e execução de Scarlatti, e nelas inova de uma maneira nunca vista, introduzindo habilidades como mãos cruzadas, dando maior liberdade de composição e execução aos compositores vindouros.

A sua música é extremamente inventiva, e as suas sonatas para cravo são densas experiências auditivas, devido à sua complexidade. Um testemunho de um recital por Scarlatti afirmou que dentro do cravo se encontravam mil diabos, tal era a chama que saía daquele génio.

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CARLOS SEIXAS - Um compositor

José António Carlos de Seixas, nascido em Coimbra a 11 de Junho de 1704, é o maior compositor português para música de tecla do Barroco. A sua obra não

se limita só ao cravo — o maior número — e algumas obras para órgão.

FRANCISCO DE ALMEIDA

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Estreia da primeira ópera portuguesa (1733)La pacienza di Socrate, foi a primeira ópera, escrita por um autor português Francisco António de Almeida, estreou nos Paços da Ribeira, no Carnaval de 1733.

Este compositor foi um foi um dos que pertenceram ao pequeno grupo de compositores portugueses enviados para Roma a expensas da corte de D. João V, com a finalidade de se aperfeiçoarem na arte da música.

Francisco de Almeida representa sem dúvida "o estrangeirado": a sua música é puramente italiana. Francisco António de Almeida viveu na primeira metade do séc. XVIII.

Embora não se saibam ao certo as datas correctas do seu nascimento e da sua morte, tudo leva a crer que tenha nascido por volta de 1700 ou 1702 e que a sua morte tenha ocorrido por volta de 1755.

Foi, com António Teixeira, Joaquim Vale Mexelim e João Rodrigues Esteves, um dos primeiros pensionistas enviados a Roma por D. João V para estudar música italiana. Aí permaneceu durante 6 anos entre 1720 e 1726.

Dois anos depois, no Carnaval de 1735, Almeida apresentou, também nos Paços da Ribeira, a ópera “La Finta Pazza”, a que se seguiu no Carnaval de 1739 a ópera cómica “La Spinalba overo Il Vecchio Matto”. “La Spinalba”, foi a única ópera de Francisco António de Almeida que chegou até nós completa.

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Ópera “La Finta Pazza”

E DEPOIS…

Com a subida ao trono do rei D. José, em 1750, inicia-se

um novo capítulo da nossa história operática. Logo no início do seu reinado, D. José começou a organizar um verdadeiro estabelecimento operático de corte,

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fazendo contratar em Itália alguns dos melhores cantores do tempo. Foram construídos vários teatros (alguns reconstruídos após o terramoto de 1 de Novembro de 1755).  Na segunda metade do século XVIII a ópera tornou-se, entre nós, o género mais importante e influente. Após o terramoto, os espectáculos de ópera são retomados numa escala mais modesta. No Teatro da Ajuda, nos teatros provisórios que se montavam ocasionalmente durante o verão, no Palácio de Queluz e ainda no Teatro de Salvaterra durante o carnaval. Continuou-se a contratar vozes italianas, sendo as vozes femininas substituídas por castrados, na continuação de uma tradição romana que datava do reinado de D. João V. De Itália vinham também os bailarinos e os instrumentistas, os instrumentos e as partituras e os próprios adereços e guarda-roupa das óperas. Agora, o repertório dos teatros de corte deixa de ser essencialmente constituído por óperas sérias, passando a partir de 1763 a ópera cómica ou buffa a tornar-se mais popular, de acordo com uma tendência que se generalizara entretanto em toda a Europa.

OUTROS COMPOSITORES DA ÉPOCA

(Franz) Joseph Haydn

(1732-1809)

Franz Joseph Haydn nasceu em Rohrau na Baixa Áustria. Transmitiu os seus ensinamentos aos jovens, dentre os quais o mais ilustre foi Beethoven.

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António Vivaldi nascido em Veneza, violinista e compositor de música barroca, padre, ficou conhecido pelo sobrenome de "padre vermelho", pelo seu cabelo ruivo, foi dispensado da celebração devido à sua saúde fragilizada, dedicando-se por esse motivo ao ensino de violino. Vivaldi estreia as "4 estações" em 1725.

Johann Sebastian Bach

(1685 – 1750)

Foi um músico e compositor do período barroco da música erudita . Foi também um organista notável.

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CONCLUSÃO

O século XVIII foi uma época de grande ostentação no nosso país, principalmente no reinado de D. João V em que grande parte da riqueza que vinha do Brasil foi gasta para satisfazer os prazeres de sua majestade. No entanto D, João V e posteriormente seu filho, D. José, deixaram-nos grandes obras e marcas da sua passagem. Testemunho disso é o Convento de Mafra, o Aqueduto das Águas Livres, a reconstrução da Baixa Lisboeta , a ópera…O Século XVIII, em Portugal, foi um século de vaidades, de excessos, de riqueza, de dificuldades, de terramoto, de reconstrução. Marquês de Pombal foi um símbolo desta a época. No meio deste terramoto de construções havia sempre tempo para os saraus!

À volta dos saraus havia uma grande envolvência! Tudo era preparado com grande rigor. Desde os trajes magníficos, o calçado, a comida, a poesia que iria ser declamada, a música, tudo o que era arte! Era nos saraus que disfarçadamente os corações se iam apaixonando.

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AUTOS- DE- FÉ

(auto-de-fé Terreiro do Paço em Lisboa)

Durante o reinado de D. João V, realizaram-se em Lisboa 28 autos-de-fé públicos, em geral cada 2 anos e cerca de 341 particulares.

Não havendo a certeza se o rei esteve presente em todos eles, seguramente esteve na maioria pelo menos dos actos públicos.

D. João V gostava do espectáculo, era talvez o seu favorito, mas saliente-se que essa manifestação de barbárie a nossos olhos, é incompreensível mas assim era nesse tempo e ainda durante muito tempo, pois a Inquisição foi extinta gradualmente ao longo do século XVIII, embora só em 1821 se dê a extinção formal em Portugal numa sessão das Cortes Gerais.

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Uma incursão na arte do século XVIII

(Francisco de Matos Vieira)

Pintor da Casa Real.

François Boucher, Pigmalião e Galateia, 1767.

Hermitage, St Petersburg, Rússia.

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BIBLIOGRAFIA

-“Dicionário Ilustrado da História de Portugal”, Publicações Alfa, 1993, Portugal.

-Garcia, José Manuel,”História de Portugal – uma visão global”.

-Marques, A.H. de Oliveira,”História de Portugal”Palas Editores, Lisboa, 1993.

-Saraiva, José Hermano,”Breve História de Portugal – Ilustrada”, Bertrand, Amadora.

-Serrão, Joel,”Pequeno Dicionário de História de Portugal”, Lisboa.

-Sousa, Manuel de,”Reis e Rainhas de Portugal”, Oro Faber, Mem Martins, 2000.

- Carvalho, Luís, “Pequenas Histórias, Grandes Nomes”, Impala.

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Outras fontes:

www.tvnet.ptwww.classicos.hpg.ig.com.brDiariodeumanoiva.wordrness.comoglobo.globo.comTeacherwollman.blogspot.comLaracorsets.comwww.studiorenamota.comNuevomundo.revues.orgwww.arqnet.ptSol.sapo.ptDomjoaoquinto.blogspot.comwww.geocities.comEsfahistoriadores.blogspot.comPt.wikipédia.orgwww.biblio.com.brwww.educação.TE.ptPt.wikisourse.orgwww.cm-sintra.ptwww.1.uni-hamburg.de