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UTILIZAÇÃO DA MÚSICA COMO FORNECEDORA DE CONCEITOS
SUBSUNÇORES À APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DE
CONCEITOS DE ACÚSTICA
Bogdan Skorupa Ribeiro dos Santos – [email protected]
Conservatório Dramático Musical Maestro Paulino Martins Alves.
Ponta Grossa, Paraná.
Resumo: Este documento apresenta um breve estudo do uso da música para ensino da
acústica num contexto de um conservatório de música. Este estudo é antecedido pela
discussão acerca do papel da música na sociedade, procurando o contexto atual em que se
encontra. São discutidas as considerações acerca da cognição e habilidades motoras
inerentes à teoria e prática musical e também a sua abrangência na formação do ser
humano. A abordagem é delineada pelos estudos atuais de pesquisadores da área da
educação musical, além de considerações às leis de inserção da música na escola formal,
criando um ambiente promissor do aprendizado de música. O estudo exploratório
apresentado aqui tem função de fomentar questionamentos dos potenciais da música em
disponibilizar conceitos que possam interagir com outras áreas do conhecimento humano,
conformando-se nas premissas da aprendizagem significativa desenvolvida por Ausubel.
Palavras-chave: Aprendizagem significativa, Ensino de acústica, Música.
1 INTRODUÇÃO
A música e a sociedade humana possuem uma íntima relação, que se observa longe no
passado até onde é possível, por exemplo, diante de estudos dos achados arqueológicos,
correlacionando as formas de vida da época com a arte. Estamos muito afastados
temporalmente destes primórdios, mas é fácil notar que a música acompanha o
desenvolvimento da sociedade, inclusive no mundo atual. Neste acompanhamento, aloca-se
por meio de diferentes significados para cada época e grupo social.
Para descrever esta significação é corriqueiro utilizar-se do exemplo da música grega, que
influenciou a Europa Ocidental no início da Idade Média através das suas teorias. Estas
informações acerca da teoria musical grega podem ser reunidas em dois tipos: “(1) doutrinas
sobre a natureza da música, o seu lugar no cosmos, os seus efeitos e a forma conveniente de a
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usar na sociedade humana, e (2) descrições sistemáticas dos modelos e materiais da
composição musical” (GROUT & PALISCA, 2007, p. 19).
Isto denota o uso da música como um importante papel na educação do homem, algo
semelhante a outro período exemplar da história, o Renascimento. Os textos de Platão,
Ptolomeu, Aristoxeno, etc. foram também estudados, em especial, iniciando na escola de
Vittorino de Feltre, criada em 1424. Nestes momentos de modificação da sociedade, sendo o
caso do Renascimento marcado pelos novos ideais do humanismo, a música era realizada com
os mesmos intuitos de ideais da ciência, como uma importante forma de amor ao
conhecimento (GROUT & PALISCA, 2007).
Estes exemplos são demonstrativos do uso que foi dado à música para o aprendizado de
conhecimentos aparentemente excedentes da sua abrangência. Portanto, para delineamento
deste trabalho, utiliza-se da música como uma atividade que carrega potenciais
conhecimentos inerentes, muitos deles insinuados brevemente pela prática e teoria musical.
Dadas estas considerações, objetiva-se aprofundar a observação da ciência presente na
música, para fins deste trabalho, realizando breves correlações entre os conceitos de música e
de acústica. Tal escolha se dá pela proximidade destas áreas, ambas partilhando o estudo do
som, apesar do enfoque diferente.
2 A FORMAÇÃO DO MÚSICO
Para saber utilizar o conhecimento da música com finalidade de formação de conceitos da
acústica é importante conhecer o que há para ser explorado na cognição do músico da
atualidade. Para isto tomam-se as diferentes abordagens acerca da educação musical, ou seja,
qual o caminho esperado que o músico trilhe para adquirir os conhecimentos da música.
Resumindo-se em dois termos, são utilizados dois princípios essenciais: a audição musical e a
prática musical (ROMANELLI, 2013).
É importante salientar que os conceitos propostos pelos estudiosos da área compõem
pensamentos não apenas provindos do Brasil, mas de caráter mundial. Trabalhos como
aqueles reunidos no livro “Pedagogias em Educação Musical” (MATEIRO & ILARI, 2011),
exemplificam o contexto da educação musical atual, incluindo a importância da música no
desenvolvimento de habilidades motoras e cognitivas. Numa análise do livro, isto fica mais
evidente: Outras características gerais, comuns entre elas ou específicas, são: considerar a música parte
da formação integral do ser humano; valorizar o uso do corpo; apresentar o canto e o ritmo como
elementos fundamentais para o desenvolvimento musical; defender que a música pode ser para
todos; considerar a aprendizagem musical desde muito cedo; compreender que a vivência musical
vem antes do estudo de conteúdos teóricos e da notação, embora sem negar a importância destes;
ver o aluno como participante ativo do processo; dar valor à musicalidade; vislumbrar um fim
artístico. (MACEDO, 2012, p. 164) Na citação, podem-se notar colocações sobre a música tanto anteriormente ao seu
aprendizado como posteriormente. Isto é um importante indicativo de que as práticas de
ensino de música buscam propiciar qualidade e acesso à música. Consequência disto é que a
quantidade de pessoas munidas destes conhecimentos aumenta, permitindo também utilizar
métodos de ensino para aprendizado de conceitos de outras áreas de forma cada vez mais
abrangente.
Os resultados desta formação são estimados como influentes no senso crítico (“aluno
como participante ativo do processo”), no desenvolvimento das habilidades motoras
(“valorizar o uso do corpo”) e possibilidade do surgimento da iniciativa de criação, ao mesmo
tempo em que atribui utilidade ao conhecimento adquirido (“musicalidade [...] vislumbrar um
fim artístico”) (MACEDO, 2012).
Isto coloca a música como apropriada de conceitos acerca do som, provindos da educação
da audição e o exercício da prática. O estudante de música toma “contato com amplo
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repertório musical, orientando-se à diversidade e à escuta ativa, ou seja, escuta engajada”
(ROMANELLI, 2013, p. 9). Diante destas definições sobre a educação musical atual, os
conceitos próprios da cognição do músico podem ser utilizados como fundamento a outros
conceitos que lhe sejam oferecidos.
2.1 O ambiente da escola formal e do conservatório de música
Utilizar a música como fundamento ao aprendizado de outras áreas requer que o ensino
dela esteja consolidado. Este fato engloba os meios pedagógicos e científicos citados
anteriormente, ao mesmo tempo em que o próprio panorama social-histórico auxilia nesta
consolidação. Também fazem parte deste panorama as exigências da lei, que no cenário atual
tornaram-se perceptivas dos potenciais da educação musical.
Numa modificação da abordagem sobre a educação musical dentro da escola formal, a
Lei 11.769, promulgada em 2008, estabelece novas diretrizes para o ensino de música, ainda
dentro da educação artística, mas como conteúdo obrigatório. Isto modifica o caráter de
utilidade dado à música inserida no contexto escolar (ROMANELLI, 2013).
Considerando a educação musical no decorrer da história do Brasil e sobre a utilidade
dada a este ensino, duas concepções tem se debatido: a contextualista e a essencialista. A
primeira, em que a “experiência com a arte é meramente um meio para algum fim mais
meritório, importante não por si mesma, mas como veículo [...]” contrapõe-se à concepção
essencialista do ensino da arte, e da música, como “desenvolvimento de um conceito central
forte, vinculado a referenciais artísticos” (LENIER, 1997, p. 44-45).
Torna-se importante considerar tais debates diante do intuito de utilizar a música para
aprender outra disciplina. Claramente se vê que o caráter contextualista do estudo da arte é
destituído da linguagem inerente à própria arte, esquecendo-se da motivação para sua
realização. Perde-se especificidade de técnicas e estilos, assim como o seu valor. Enquanto
isso, o extremo oposto, o essencialismo foca no desenvolvimento da arte por si, englobando
aprendizados de técnicas e estilos, mas podendo acabar esquecendo-se da formação plena do
ser humano. Diante disto, procura-se utilizar uma visão mais equilibrada destas duas formas
de uso da educação musical. Assim, evitando o caráter utilitário da música apenas como
acesso do estudante aos conhecimentos de outras áreas do conhecimento, mas também
prevenindo a especialização que acabe por isolá-lo do conhecimento do mundo externo e
aprofundamento do entendimento do seu próprio contexto e compreensão como ser humano
(PENNA, 2006).
O ambiente de aplicação do ensino de acústica Numa situação paralela, e aparentemente isolada do ensino de música dentro da escola
formal, os conservatórios e academias correspondem a estabelecimentos de ensino voltados à
especificidade do aprendizado. A primeira importância disto é indicada pela sua ideia de
ensino da música mais contínuo, resultante no desenvolvimento de melhores estruturas físicas,
de planejamento do ensino e de professores (ROMANELLI, 2013).
Assim, os conservatórios representam finalidade de ensino de música melhor estruturada
do que a escola formal, portanto, mais estáveis no seu objetivo. Por esta razão, o estudo
dirigido por este artigo foi realizado num conservatório; podendo explorar todo potencial
cognitivo extraído do aprendizado musical se considerado essencialmente.
O estabelecimento de ensino em questão trata-se do Conservatório Dramático Musical
Maestro Paulino Martins Alves, existente na cidade de Ponta Grossa. Os alunos participantes
das aulas de acústica no segundo semestre do ano letivo do conservatório, em 2014, estão
inscritos na disciplina chamada de Organologia, em primeiro ano de realização. Concebida
como uma Prática em Grupo, esta disciplina faz parte da formação dos músicos do
conservatório sobre o entendimento dos instrumentos musicais que estão em seu contexto,
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assim como pela apresentação de outros. Sobre este entendimento engloba-se conhecer as
partes que compõe os instrumentos assim como seu funcionamento, e ainda mais pela
inserção de noções de cuidados com os mesmos. O segundo semestre é destinado à
aprendizagem de acústica, com enfoque no desenvolvimento da audição dos alunos. Este é o
assunto cujo aprendizado é colocado em questão neste artigo.
Tais músicos, alvo do estudo, estão apropriados de conceitos da música. Esta afirmação
se baseia no fato desses conceitos serem apresentados a eles desde a entrada na escola de
música, com disciplinas de Iniciação a Música e Preparatório, e posteriormente passando para
os conhecimentos das disciplinas de Teoria Musical, História da Música, Prática do
instrumento ou canto, Prática em Grupo, além de metas de realização de Práticas artísticas
contadas anualmente ao assistir concertos, participar de oficinas, entre outras atividades.
3 A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA E SUAS FERRAMENTAS
Nas análises aqui feitas, a música é objeto atribuído ao aluno, cujos conceitos serão
estrutura básica para inserção de outros novos, no caso, da acústica. Tudo isto foi organizado
com base na aprendizagem significativa num estudo incorporado à prática de ensino no
conservatório já citado. Os métodos e ferramentas descritos a seguir são aqueles utilizados na
prática do ensino de acústica idealizado.
Sobre a aprendizagem significativa, concebida pelas proposições de David Ausubel, ela
“ocorre quando um aprendiz possibilita a interação de um novo conteúdo com sua estrutura
cognitiva”. O próprio autor da teoria aponta esta forma de construção do conhecimento como
a “mais importante na aprendizagem escolar”. Além disso, trata de esclarecer o papel da
motivação em buscar o conhecimento por parte do aluno, que tem “crucial importância para o
processo” (MONTEIRO et. al., p. 2, 2006). Diferencia-se daqueles casos em que a nova
informação se relaciona de maneira arbitrária e substantiva (literal), ao que novos conceitos
teriam pouca ou nenhuma interação com aqueles já existentes. Ocorrendo desta maneira, seria
necessário apelar para a memorização do novo conhecimento, forma de aprendizagem
definida por Ausubel como mecânica (OLIVEIRA et. al., 2011).
A aprendizagem mecânica acontece, por exemplo, quando se oferece aos alunos palavras
não propriamente comuns à sua cognição, mesmo que elas sejam expostas com as devidas
descrições explicativas do que significam. A definição de significado, transmitido em sentido
unidirecional, apela para a memorização simples do conceito envolvido (OLIVEIRA et. al.,
2011). É um caso recorrente no ensino de ciências, avaliado como de difícil entendimento
pelos alunos. Causas da dificuldade podem ser as nomenclaturas e definições específicas do
conhecimento científico. As definições distorcidas sobre a ciência e palavras erroneamente
utilizadas provêm do conteúdo fixado sem uma lógica construtiva, ao que os conceitos não
estão bem compreendidos e associados em fragmentos (ou nem associados) à cognição (REIS
& LINHARES, 2008).
Por estas definições é perceptível que a aprendizagem significativa requer algumas
condições para que ocorra. Uma delas é a atribuição de relação do que há de novo com aquilo
previamente disposto pela estrutura cognitiva do estudante. A interação é acessível entre os
conceitos novos e aqueles conceitos já compreendidos, ao que estes últimos possuem papel de
subsunçores. Portanto, os subsunçores são essenciais durante o aprendizado, servindo de
ponto de partida ao entendimento da nova informação, terminando por ficarem associados ao
conceito posterior (MONTEIRO et. al. 2006).
Quando há ausência de conceitos servindo de subsunçores, assim como pela impossibilidade
de associação entre dois conceitos muito distintos, “a aprendizagem mecânica pode, dentro de
um processo dinâmico, contribuir para que o estudante aprenda significativamente”
(OLIVEIRA et. al., p. 3, 2011). Considerando a forma dinâmica, e assim, evitando a
utilização da aprendizagem mecânica de como forma metódica de transmissão de
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conhecimentos, torna-se melhor utilizar os organizadores prévios para propiciar a
aprendizagem. Estas ferramentas podem ser explicadas da seguinte forma: Segundo [Ausubel, 1978] “A principal função do organizador prévio é servir de ponte entre o
que o aprendiz já sabe e o que ele precisa saber para que possa aprender significativamente a tarefa
com que se depara” […] [Moreira, 1983] os define da seguinte forma: “[…] materiais introdutórios
em nível mais alto de abstração, generalidade e inclusividade, capazes de servir de ancoragem
ideacional a suprir a deficiência de subsunçores até que estes estejam desenvolvidos”
(MONTEIRO et. al., p. 3, 2006).
3.1 Ferramentas da aprendizagem
Como ferramentas de organização prévia podem ser citadas os mapas conceituais e as
animações interativas. O uso de ferramentas materiais não computacionais abrange outras
possibilidades de interatividade, alternativas para alcançar a aprendizagem significativa.
Os mapas conceituais oferecem ganhos em relação ao tempo de execução, revisão da
literatura, avaliação da aprendizagem, demonstração da análise, síntese e criatividade espacial
que o aluno pode executar a partir de um conteúdo dado. Desenvolvidos por “Novak (1998) e
Novak e Gowin (1999), que considera este (os mapas conceituais) como uma estruturação
hierárquica dos conceitos fundamentada na teoria da aprendizagem significativa de Ausubel.”
(OLIVEIRA et. al., p. 2, 2011).
Resultado disto é a observação através do relacionamento dos conceitos, porém, sem que
haja necessidade de definição inicial do que eles significam. Importando mais as correlações
de forma subentendida dos conceitos relacionados por conta das dependências apontadas de
uma palavra a outra (MOREIRA, 1997).
Esta ferramenta pode ser utilizada nas diferentes etapas da aprendizagem, como
“instrumento de identificação das dificuldades dos alunos, perante um conteúdo e possível
organização de estratégias para superar as mesmas”. O aprendizado do significado de cada
conceito modifica o mapa conceitual anterior ao contato com o novo conceito, fazendo as
relações se modificarem, além de adicionar novas palavras carregadas de conceitos baseados
no conhecimento anterior. Isto demonstra a capacidade de servir como “reelaboração de
conceitos, um método avaliativo […] além da síntese de conteúdos complexos” (OLIVEIRA
et. al., p. 8, 2011)
Diante dos novos conceitos, ferramentas propiciadas pelos computadores podem auxiliar
reduzindo o nível de abstração necessário para compreender o significado de fenômenos reais.
Cabem algumas vantagens ao material digital quanto à praticidade e fácil adaptação, sem
investimentos em material real se as ferramentas digitais já estão disponíveis. De acordo com
experiências próprias a conceitos de física, as animações gráficas permitem ao usuário a
“manipulação de variáveis que alterem o resultado final da simulação, possibilitando a
visualização de simulações que dificilmente seriam acessíveis em laboratórios didáticos”
(BORCELLI, p. 18, 2007).
Em alguns casos, é possível aproximar o estudante do conceito com uma simulação em
material real, conseguindo resultado semelhante ou mesmo complementar ao experimento
virtual. Na literatura especializada em demonstrações de funcionamentos acústicos existem
diversos exemplos disponíveis para realização de simulações de ambos os tipos. O livro
“Exploring Music” é exemplar deste uso, fazendo referência a experimentos sobre acústica
feitos para grandes plateias, muitas delas de estudantes, no ambiente do Royal Institution em
Londres. Muitos deles recriações de explicações práticas de fenômenos realizadas há muitos
anos, além de outras, mais atuais, que utilizam ferramentas computacionais e gráficas.
Algumas delas foram selecionadas para uso do estudo da acústica apresentado neste artigo
(TAYLOR, 1992).
Mais recentemente, animações virtuais para estudo de fenômenos das ciências foram
desenvolvidas pela University of Colorado, resultado do projeto PhET™. As animações
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servem à interatividade, permitindo alterações de variáveis, gerando resultados no
comportamento do fenômeno representado.
Diante de tudo isto é importante ressaltar que todos os métodos demonstrativos
objetivam-se a fazer o aprendiz participar das simulações, intervindo e modificando o seu
funcionamento, assim, podendo criar os conceitos acerca do que observa. Formato de
aprendizado que se utiliza da interatividade para que o conteúdo visto nas situações abstratas
se correlacione de maneira significativa com a cognição do estudante (BORCELLI, 2007).
4 APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DOS CONCEITOS DE ACÚSTICA
Com intuito de testar as disposições teóricas anteriores, elas foram aplicadas ao contexto
do já referido Conservatório Dramático Musical Maestro Paulino Martins Alves. Este breve
estudo procura angariar considerações preliminares, dando possibilidade de aplicação,
inclusive por estudos posteriores que desejem utilizar-se do potencial da música ao
aprendizado de conceitos aparentemente distantes da sua abrangência. Relativamente a outras
áreas ditas mais afastadas, a acústica parece ser mais próxima da música. Porém, basta
realizar a tentativa de aprendizado da acústica para perceber a importância do planejamento
do método de ensino; são requeridas associações corretas entre os conceitos para que aqueles
menos conhecidos tenham potencial de serem aprendidos significativamente.
Outra motivação da aplicação da teoria é resultado do melhoramento do funcionamento
das aulas de Organologia, anteriormente ministradas num formato tradicional de exposição de
conteúdos. As aulas do semestre anterior, mas também a outras aulas que os alunos
participam, tanto no conservatório como na escola formal são utilizadas com a finalidade de
comparação entre os métodos de ensino.
4.1 Aspectos iniciais do estudo
Motivação A motivação dos alunos pelo aprendizado da acústica como uma possibilidade de escuta
ativa dos sons pode ser compreendida como uma oportunidade de melhoramento da prática e
teoria musical. O próprio professor toma posição nesta motivação aos alunos, descrevendo o
conteúdo como uma oportunidade de escutar e compreender melhor os fenômenos da música.
Porém, o professor toma papel além da motivação, agindo como mediador. Durante a
realização das aulas, muitas vezes os alunos demonstraram o vício à definição categórica e
mecânica dos conceitos de acústica ao invés de procurar compreender as associações do seu
conhecimento com os conceitos e utilizando as ferramentas de sala de aula. Em outras, havia
ausência de opinião diante de um questionamento, causa de dificuldade à construção do
conhecimento. Ainda assim, com motivações e abordagens diferentes, compreendendo as
razões de limitação na resposta, outro caminho era encontrado.
Mesmo com poucas aulas aplicadas neste formato, o que permite desconsiderar
conclusões mais assertivas, os alunos aceitaram a participação. Muitas das atividades tiveram
participação de todos os alunos; diante da possibilidade e necessidade de fazer a aula
funcionar. Muito diferente da forma de aula ocorrida no primeiro semestre, quando as
apresentações do conteúdo aconteciam de forma expositiva e unicamente explicada pelo
professor.
Dificuldades As dificuldades correlacionam-se com as características de cada turma, excluindo aquelas
que seriam possíveis de existir pela desmotivação dos estudantes. No segundo semestre de
2014 as sete turmas continham alunos em faixa etária variando entre 10 e 45 anos, além
divergências de pensamento perceptíveis pelas conversas em sala e externamente, não apenas
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causadas pelas diferenças de idade. Entre as turmas, cada uma apresentava número de alunos
entre 2 e 11, num total de 45 alunos cursando, distribuídos entre as sete turmas ao início do
semestre, cada uma com características comportamentais distintas. Porém, como a aplicação
das aulas de acústica baseava-se na presença dos conhecimentos mais básicos sobre música,
as dificuldades foram bastante reduzidas.
Os experimentos Em parte, a montagem dos experimentos, tanto com materiais palpáveis como aqueles
demonstrados por animações tiveram aplicação relativamente fácil. Para cada um deles pouco
menos de meia hora de montagem foi necessária; por exemplo, na montagem de pêndulos
com chumbadas de pesca, corda amarradas à estrutura da janela, etc.. Outras ações de
interatividade precisavam nada mais do que um momento de reflexão e criatividade, como o
uso dos alunos para produzir experimentos (onda feita com as mãos, representar os
movimentos oscilatórios, assim como suas representações em ondas no papel, cantar notas,
transmitir um pulso, etc.). As animações interativas (conseguidas do projeto PhET™) podiam
executados em qualquer computador munido da plataforma JAVA. Do site foram utilizadas as
seguintes: “Onda em Corda”, “Fourier: Criando Ondas”, “Modos Normais”, “Som”,
“Interferência de ondas”.
4.2 Aplicação dos métodos
Seguindo a forma da aula com intuito de realizar aprendizagem significativa dos
conceitos de acústica, diferentes métodos de ensino tiveram que ser utilizados, adaptando-se
às diferentes situações. É importante lembrar-se dos conceitos que os alunos já possuem
melhor enraizados, no caso, aqueles ligados à música representam a melhor alternativa para a
concepção dos novos, presentes no estudo da acústica; ao mesmo tempo, as ferramentas
componentes das atividades de aula foram demonstrativas dos novos conceitos, não apenas
através da apresentação falada do conteúdo pelo professor. Tudo isto seguindo os métodos e
teorias descritos nas seções anteriores.
Pode-se ver no Quadro 1 a sequência de conteúdos planejados para as quatro primeiras
aulas que serão descritas a seguir. O planejamento total cobre onze aulas dispostas em ordem,
partindo de conceitos básicos antecedentes a outros posteriormente apresentados. Num
panorama geral das aulas, elas vão gradualmente aumentando em especificidade a partir dos
conceitos básicos, incluindo variedades de exemplos análogos das situações cotidianas que
vão sendo cada vez mais entendidos em profundidade analítica.
Quadro 1 – Aulas iniciais e seus respectivos conteúdos.
Aula Conteúdo
1 1. Introdução; 2. Música e Acústica; 3. Movimento de partícula e oscilatório
2 1. Movimento Harmônico; 2. Amplitude e Frequência; 3. Gráficos
3 1. Onda Senoidal; 2. Geradores sonoros; 3. Notas musicais “senoidais”
4 1. Propagação; 2. Reflexão; 3. Onda estacionária; 4. Nó e ventre
A hierarquia de conceitos que a área da acústica oferece pode ser visualizada por mapas
conceituais, os quais foram concebidos em sala de aula e discutidos brevemente quanto a sua
elaboração. Os mapas foram criados abertamente por cada aluno de acordo com as suas
próprias concepções. A ferramenta teve crucial papel no início das aulas, mas também pode
ser referenciada a cada aula, ao que os alunos acrescentavam palavras representativas dos
conceitos que estavam aprendendo.
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Três aulas realizadas são exemplares da aplicação do estudo e do uso de todas as
ferramentas discutidas anteriormente. A observação da fixação dos novos conceitos pode ser
observada com a possibilidade de entendimento da quarta aula, posterior às três primeiras. O
nível de aprofundamento na nomenclatura e nos conceitos alcançado na quarta aula
correlaciona-se com os conteúdos anteriores. Demonstra-se a dificuldade de entendimento se
esta sequência não fosse seguida. Em paralelo a isto, os conceitos subsunçores provindos da
música auxiliaram o entendimento e a motivação em aprender durante todas as aulas,
oferecendo exemplificações e aplicações.
Conceitos e experimentação A primeira aula necessitou da utilização do mapa conceitual. Antes de qualquer tentativa
de aprender conceitos de acústica, esta área foi correlacionada aos conhecimentos dos
participantes. No próprio caderno, todos foram motivados a escrever a palavra “músico”,
como representação de si próprios e a ela foram elencadas palavras representativas do que um
músico estuda, ou seja, do que os alunos estudam. Como provocação à curiosidade também se
pensou no que o “físico” estuda, assim, buscando saber as razões que levariam esta
personalidade a estudar o som. Tal escolha ocorreu como uma maneira inserir uma
abordagem diferente do estudo do som, definida aos alunos como acústica.
Cada pessoa teve a oportunidade de opinar em relação às associações que fez com mais
de uma palavra. Ao mesmo tempo em que compunham o mapa em seu caderno, as palavras
ditas foram escritas no quadro. Aquelas que tratavam do mesmo conceito estão descritas no
Quadro 2 com as correspondentes vezes que foram repetidas entre as sete turmas. Como o
objeto de estudo em comum entre músicos e físicos é o som, a composição do mapa centrou-
se nesta palavra. Inclusive, esta ação permitiu a associação do que é o som para o músico.
Quadro 2 – Primeira aula: definição de conceitos sobre o som
Músico
Notas (7), Altura (6).
Dinâmica (6), Intensidade (7), Volume (2),
Força (1).
Duração (7), Ritmo (5), Andamento (5). SOM
Timbre (7), Qualidade do som (4)
Densidade (5), Conjunto musical (2)
Na aula de número dois os alunos foram familiarizados com alguns conceitos básicos da
acústica. Como o objetivo era utilizar os conceitos de amplitude e frequência para medir os
movimentos oscilatórios observados em sala. Estas duas palavras foram ligadas às respectivas
palavras dadas pelos alunos: “intensidade” e “notas” respectivamente. Então, o que os alunos
deveriam fazer era descobrir a intensidade e a nota musical dada pelo movimento oscilatório
observado num pêndulo. Este experimento estava previamente montado em sala, podendo ser
analisado pelos alunos.
A interatividade com o experimento permitiu realizar as medições de amplitude e de
frequência, porém, não apenas com o uso do pêndulo. Os conceitos de amplitude (como
tamanho do movimento) e de período (como duração do movimento) foram aplicados a uma
régua presa numa mesa deixada com um pouco da extremidade solta, ao movimento do
professor indo e voltando ao mesmo ponto da sala, entre outros movimentos de “vai e vem”.
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Para descobrir a frequência, o professor utilizou os valores de duração dos movimentos
medidos pelos alunos. Alguns dos resultados das medições as suas correlações realizadas em
sala estão demonstrados no quadro 3. A medida em Hertz (Hz) foi determinada como aquela
conseguida através do número de ciclos a cada segundo.
Quadro 3 – Exemplos de algumas medições feitas pelos alunos nos experimentos em sala.
Experimento Amplitude Período Frequência
Pêndulo 10 cm 1,5 segundos 40 vezes por minuto
Pêndulo 20 cm 1,5 segundos 40 vezes por minuto ou 0,667 Hz
Movimento do professor 18 passos 10,85 segundos “Movimento muito devagar”
Movimento do professor 18 passos 8,56 segundos “Movimento menos devagar”
Banhos por dia? - 1 dia 1 vez ao dia
Banhos por segundo? - 86400 segundos “Poucos banhos por segundo”
Régua - “Muito pequeno” 250 Hz
A terceira aula fez uso da simulação interativa “Onda na Corda”. Basicamente a aula se
utilizou dos movimentos oscilatórios vistos na aula anterior, além de outros que os alunos
quiseram descrever da mesma forma (relógio, cabelo ao vento, etc.).
Separados em grupos, os alunos tinham que usar o movimento que escolheram para gerar
ondas na corda. Os osciladores foram representados no quadro de vidro, realizando
movimento com amplitude definida pelos alunos. A corda foi projetada ao lado para que todos
os grupos tivessem que interagir com a animação, tanto colocando a projeção no lugar correto
como ajustando o valor de amplitude ao tamanho do movimento representado.
Como questionamento inicial sobre a propriedade de frequência, os alunos tinham que
mudá-la sem alterar a amplitude. Na simulação, o que se modificou foi o número de
ondulações produzidas na corda.
A partir disto é possível observar que os movimentos oscilatórios poderiam ser
representados em gráficos como ondas, sendo que, para movimentos harmônicos, ondas
senoidais. Este último termo é definido aos alunos como notas musicais demonstradas num
único valor de frequência, ou seja, por uma única nota musical, que pode ser inclusive
cantada.
4.3 Avaliação do aprendizado
No momento da escrita deste trabalho as aulas ainda não tinham alcançado qualquer
avaliação formal, em vistas do modelo de quantificação do aprendizado exigido pelo próprio
conservatório. Por causa disto, os alunos foram motivados a pensar por conta própria no seu
aprendizado, compondo uma forma de autoavaliação a cada aula, ou a qualquer momento
depois da aula já realizada. Isto foi possível através da definição de objetivos, descritos pelo
plano de aula e disponibilizados para serem visualizados por meio impresso ou virtual.
Cada objetivo estava escrito de forma associada ao número da aula, correspondente a um
determinado assunto. Ou seja, o aluno pode saber quais conceitos que deviam ser alcançados
a cada aula. Utilizando o primeiro mapa conceitual criado na primeira aula, adicionando
novas palavras, é possível visualizar a hierarquia entre elas, o que indica também a correlação
de conceitos, modificando-se sempre que o aluno julgar necessário de acordo com o
aprendizado.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com análise teórica, a sociedade atual propicia o ensino de música de forma
cada vez mais abrangente, algo evidenciado pelos intuitos da lei, assim como pelas discussões
acerca da educação musical. Porém, tal prática ainda não está firmada na escola formal. Ainda
assim, permanece o caráter potencial do aprendizado de outras áreas, inclusive ciências,
através da música, algo que foi explorado pela aplicação nas aulas de acústica no contexto de
um conservatório musical.
Com a música como objeto contenedor de conceitos melhor associados à cognição dos
estudantes do conservatório, bastaria encontrar um método para associá-la a outras áreas, no
caso, à acústica. De acordo com a abordagem teórica do problema proposto, este poderia se
encaixar no modelo da aprendizagem significativa de Ausubel.
As ferramentas relacionadas a esta aprendizagem permitem associações entre os
conceitos muito distintos, preenchendo lacunas, dispensando a memorização do assunto novo.
Os mapas conceituais foram exemplares na demonstração dos conceitos presentes na cognição
do aluno, assim como pelo seu potencial de visualização das ligações entre palavras que
carregam conceitos correlacionados.
A manipulação de experimentos durante as aulas mostrou-se de importante valor,
atribuindo significado prático. Acima de tudo, a interatividade com o material demonstra ter
resultado na aprendizagem, ao mesmo tempo em que os alunos tornam-se participativos e
responsáveis pelo seu conhecimento. Modificar o funcionamento de experimentos materiais e
simulações permite tomar contato com as variáveis que podem ser alteradas e os resultados
disto; tudo para tornar o conhecimento abstrato mais palpável.
Sobre a breve aplicação dos métodos, as observações preliminares proporcionam
expectativas animadoras, pois os conceitos subsunçores parecem bem fundamentados na
cognição dos músicos e em quantidade suficiente para correlações com conceitos da acústica
(Amplitude, Período, Frequência, Onda sonora, Onda senoidal, Onda estacionária,
Propagação, Reflexão, Interferência e assim por diante). Isto denota potencial de
aprendizagem significativa dos assuntos abordados. A organização do método de ensino
parece ser crucial ao desenvolvimento dos conceitos desconhecidos, mesmo que o objeto seja
potencialmente significativo para oferecer as interações.
Outra vantagem de utilizar a música para o aprendizado de acústica é a motivação ela
oferece, como uma nova perspectiva. A interpretação fomentada aos alunos é a de que o
estudo dos sons auxiliaria na compreensão da música. A audição consciente possibilita a
compreensão do som por pessoas, mesmo que não sejam músicos. Desta forma, a relação
funciona nos dois sentidos dos conceitos: útil quando utiliza a música para entender a acústica
e quando a acústica é usada para entender a música (WUYTACK & PALHEIROS, 1995).
Ressalta-se acerca do estudo, realizado como forma de melhor estruturação de uma
disciplina, que a reavaliação constante do método utilizado deve ser feita. Sempre buscando a
melhor adequação aos alunos, o professor deve ser flexível e dinâmico durante a ocorrência
da aula, pois podem ser necessários exemplos não programados, solução de problemas
imprevistos, entre diversas adversidades. Estas podem mesmo serem revertidas, compondo
parte do raciocínio em sala de aula.
Vale salientar que todo o sistema utilizado só é válido diante das condições apresentadas,
onde o estudante de música é apropriado dos conceitos do som, mesmo que de maneira
prática. Tal fato põe em dúvida a aplicação na escola formal, onde não são garantidos os
conceitos subsunçores da música em apoio ao aprendizado de outras áreas do conhecimento.
Outros questionamentos recaem não apenas sobre a necessidade de aprender música antes
de poder utilizá-la como potencial fornecedor de conceitos subsunçores, mas diante da
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estrutura física das escolas, disponibilidade de materiais aos experimentos (mesmo que
computacionais) e, acima de tudo, diante da motivação dos alunos.
Na escola forma a sala de aula agrupa maiores quantidades de alunos do que nas descritas
no estudo; além disso, as dificuldades podem ser maiores em cada instituição de ensino,
dependendo das realidades sociais, métodos de ensino e as mais diversas situações contrárias
às práticas escolares (brigas, preconceitos, e quaisquer outras perturbações). Na opinião de
duas alunas (uma delas cursando o nono ano do ensino fundamental e a outra no primeiro ano
do ensino médio), se as aulas de acústica que participaram fossem inseridas no contexto da
escola formal, poderia ser “difícil controlar a turma” e diante das ferramentas de organização
prévia “pode ser que nem todos participem”.
Isto é fato inclusive nas aulas deste estudo, em que alguns alunos foram mais tímidos ou
menos propensos a participar. Quanto à agitação, ela pode ser muito bem direcionada às
atividades. Em qualquer caso, dentro do estudo feito, levou algum tempo, mas depois todos
estavam participando mais e mais a cada aula, com intuito de fazê-la melhor. Ainda assim, a
música ofereceu uma forma de unidade à turma, como pode ser notado no estudo, servindo de
alicerce aos outros conceitos.
Agradecimentos Antes de qualquer pessoa, agradeço ao professor e coordenador da teoria musical, Rafael,
amigo e apoiador de longa data, que auxiliou a inserção da disciplina de Organologia no
conservatório. Assim como devo agradecer a todos profissionais do conservatório, que
propiciaram a realização da disciplina, solucionando problemas e tornando o ambiente de
trabalho melhor.
Aos alunos, pela paciência e cooperação, diante de uma disciplina em estruturação e que
nunca havia sido realizada num conservatório. Estes alunos tiveram papel motivador
essencial, com curiosidade suficiente sobre a música para que cumprissem um ano inteiro de
aulas (eles poderiam desistir a qualquer momento, ou trocar a disciplina por outras práticas),
inclusive sendo responsáveis pelo surgimento do estudo descrito neste artigo.
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USE OF MUSIC AS A SUBSUMERS CONCEPTS PROVIDER FOR
MEANINGFUL LEARNING OF ACOUSTIC CONCEPTS
Abstract: This document presents a brief research on the use of music for teaching acoustics
in the context of a music conservatory. This research is preceded by a discussion about the
role of music in the society, looking the situation in nowadays. Considerations about
cognition and motor skills inherent in musical theory and practice are discussed and about
the extent in human education. The approach is outlined by current studies of researchers in
the field of music education, in addition to law considerations about the insertion of music in
formal school, creating a promising environment to learning music. The exploratory study
presented here is intended to encourage inquiries from what the potential of music in
providing concepts that can interact with other areas of human knowledge, as the
assumptions of meaningful learning developed by Ausubel.
Key-words: Meaningful learning, Teaching acoustic, Music.