Santo Daime - O Evangelho Segundo Sebastiao Mota

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oEvangelhoSegundo

Sebastiao Mota

Organizac;aoAlex Polari de Alverga

CEFLURISEDITORIAL

1998

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© Rita Gregorio de Melo e Alex Polari de Alverga

Coordena~ao EditorialNelson Liano Jr.

Edi~ao de TextoAlex Polad de Alverga

Ilustra~ao de CapaIsabela Hartz

Edi~ao de ImagensGuta

Transcri~ao de fitas e primeiras revis6esAna Ruttimann

Redigita~ao e revisaoMarcia Leoni

Colabora~aoAndre Vizaro e Alba Lido

AgradecimentosConceito Comunicm;ao Integrada, Neon Rio,

Centro de Estudos Vidya-Mandir e aos fot6grafosque registraram v6rios momentos da vida do

Padrinho Sebastiao.

CEFLURISCentro Ecletico da Fluente Luz Universal

Raimundo Irineu SerraCeu do Mapia - Amazonas

Caixa Postal 06 -Boca do Acre - AM69850-000 - Tel: (092) 453-5135e-mail [email protected]

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Summo

CAPITULOILembran<;as, Origens e Fundamentos 55

CAPfTULOIIPreceitos Espirituais 97

CAPITULOIIIEspiritualidade, Entidades e Mediunidade 135

CAPfTULOIVSobre as Mulheres 169

CAPfTULOVMiscelania 181

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Algumas Palavrase Agradecimentos

E com muita alegria que estamos finalmente trazendoa luz a Evangelho de Sebastiao Mota, coletanea de di-versas palestras, prelei<;6es e prosas informais dessecarismatico Ifder espiritual, seringueiro, artesfw de ca-noas e patriarca de uma comunidade por ele fundadano cora<;ao da selva amaz6nica.

Vma boa parte desse material foi gravado a partir de1982, ana que conhed Sebastiao Mota, quando ele mo-rava no Seringal Rio do Our~. A partir dessa data, nosme us cada vez mais freqiientes encontros com 0 Padri-nho Sebastiao, gravei muitas de nossas palestras. Vmaoutra parte do material aqui empregado, que muito enri-queceu 0 conteudo do livro, foi gentilmente cedido poralguns irmaos. E 0 caso das grava<;6es ainda mais anti-gas, cedidas por Fernando La Rocque, Saulo Penteam eos textos das entrevistas feitas pelo pesquisadorCloQ-omirMonteiro ainda em mead os da decada de 70.E outros mais, vindos da propria Madrinha Rita, MariaHelena Beozzo, Vera Froes, Tete Paes Leme e espero naoestar esquecendo ninguem.

Portanto, este livro come<;ou a ser pensado e elabora-do ha dezesseis anos.Durante esse tempo, meu envol-vimento com 0 trabalho espiritual, comunitario e admi-nistrativo do nosso Centro, limitou muito meu tempo deescritor. Nesse perfodo, alem de alguns ensaios, artigose conferencias, publiquei apenas dois titulos, ambosdedicados ao tema do Santo Daime: a Llvro dasMirar;6es, de 1984 e a Guia da Floresta, de 1992.

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Foi em 1994 que comecei a trabalhar mais dire tam en-te no meu proprio arquivo pessoal, enquanto ia juntan-do as outras fitas que se encontravam espalhadas, e in-corporando-as ao texto. A partir daf fui chamando outraspessoas para auxiliar neste projeto, cujo trabalho e dedi-ca<;ao foram muito importantes para a sua realiza<;ao.

A primeira delas foi Ana Ruttimann, que prestou urngrande auxflio nas transcri<;6es, digita<;ao e nas primei-ras revis6es do texto. Em seguida Nelson Liano Jr., quelogo se entusiasmou pelo livro e colocou 0 melhor desua experiencia profissional de editor para a realiza<;aodo projeto grafico. E ainda quero citar a capa de IsabelaHartz e a participa<;ao de Guta na parte da edi<;ao de fo-tos. AlE~mdesses, muitos outros irmaos e amigos, inte-ressados nos ensinamentos de Sebastiao Mota de Melo,tambem deram seu estimulo e apoio para esta publica-<;ao.

Entre eles, quero destacar a viuva do Padrinho Sebas-tiao, nossa querida Madrinha Rita, a quem 0 livro e dedi-cado e seu filho Alfredo, presidente do nosso Centro eautor das belas palavras da Apresenta<;ao. Tambem des-taco 0 apoio institucional dos membros da diretoria donosso Centro Espfrita e de muitos dirigentes e membrosde nossas filiais no exterior, como Felix e Ester, de Bar-celona e Geraldine de Amsterdam. Todos essas pessoasacreditaram na importancia do nosso projeto no sentidode preservar para as futmas gera<;6es os ensinos profun-dos contidos neste pequeno Evangelho.

Na Introdu<;ao que se segue, procurei justificar a ana-logia com os Evangelhos que e sugerida pela escolha dotitulo, assim como tra<;ar algunas considera<;6es e para-lelos entre os ensinos de Sebastiao Mota e da Doutrinado Santo Daime com outras correntes espirituais eesotericas.

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Apresenta~ao

Apalavra do "Velho", a palavra de Sebastiao Mota, estaligada a sua vida, que foi vivida e batalhada de formabem verdadeira, tanto no sentido espiritual quanta nor-mal, natural. Ele teve nao so a paz e a alegria de viverjunto com os seus, mas tambem 0 amor, 0 poder, ja queele nao se ocupava so em conversa, mas era ocupadonaquilo que foi feito por ele, pois isso e uma coisa damaior importancia em seu trabalho. Gra<;asa esse fato eque 0 seu trabalho e verdadeiro, e vivo, e poderoso, eurn trabalho que pode transformar qualquer urn de nos,desde que seja prestado bastante aten<;ao.

Quando estivermos bem atuados na presen<;a destaverdade, sob efeito desta leitura, desta escritura , ela vaiser valida e sera valida por muito tempo. Isso porqueSebastiao Mota teve muitas provas no caminho e muitasprofecias ja realizadas. Entao, temos a seu favor bastanteprovas humanas, bastante provas e testemunhos espiri-tuai'S de pessoas iluminadas. Testemunhos de que esseseu trabalho espiritual foi e continua sendo uma portaaberta para urn reencontrd e uma volta ao Parafso Primi-tivo do Deus da Cria<;ao,sem as inven<;6es destruidoras.Para que todos nos possamos viver nesse mesmo paraf-so esperan<;oso no futuro. Esperan<;a que vem dos seusensinos; da lembran<;a de muito de seus dias de aula;dos seus· dias de maestria para cad a urn dos seus apos-tolos; de caridade para os seres encarnados edesencarnados e 0 tanto de luz que dava para os espfri-tos sofredores. Essa e a confirma<;ao que dou, como fi-

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lho, acompanhante e tambem como urn aluno discipli-nado, na escola desse professor que e meu proprio paL

Esse trabalho de Sebastiao Mota nao e urn trabalho deurn mes ou de urn ano. E urn trabalho de muitos anospara dar continua<;ao ao seu projeto. Sao muito anos deluta com 0 "Poder" sempre perguntando: "Vai ou naovai?" Hoje temos cada vez mais claro que, de acordocomo ele nos disse, a Amazonia e urn lugar que vai rece-ber muita gente. Antigamente, mesmo em nossa comu-nidade, a gente so via chegar de urn ou de dois. Agora emais de dez de cada vez! Suas profecias falavam dessasua missao no Amazonas e do povo de fora que ia che-gar.

Se as palavras dele reunidas aqui nesta escritura, nes-te Evangelho, SaDverdadeiras, vai ser born para todosaqueles que nao tiveram a oportunidade de ouvi-Ias desua propria boca, para que p'ossam meditar sobre elas.Da minha parte, posso afirmar que Sebastiao Mota sem-pre viveu em paz com seus amigos e com sua familia eassim nos deixou paginas de autentica sabedoria paratodo aquele que desejar estudar e se aprofundar melhorno que e urn modelo de urn homem espirtualista cons-ciente, que viveu na floresta, na selva amazonica, deacordo com essa Natureza viva, de acordo com Deus, deaCQrdo com a Virgem da Concei<;ao, de acordo com to-dos os seres da floresta.

Urn homem que nunca teve duvida da sua meta, doseu objetivo, teve 0 prazer de findar os seus dias de vidaconfiante porque nao foi iludido pelas coisas do mun-do. E que, ainda por cima, pode mostrar em detalhes,coisas de muita importancia para a vida do homem dafloresta, para a sua sobrevivencia, como 0 aprendizadode fazer canoas, trabalhar como mateiro. E em outrossetores da floresta, ser urn conhecedor profundo dasplantas, dos alimentos, dos chas, das frutas, dos remedi-os, ate completar 0 seu aprendizado nos segredos doSanto Vinho Sagrado. Pois foi no Daime que completou

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tambem a sua consola<;ao e conforma<;ao como urn fi-Iho de Deus. Urn filho de Deus que mora na Terra e co-nhece seu Pai e sua Mae, e tern 0 prazer de conhecer osseus irmaos. Sebastiao Mota deixou, portanto, essa obrade jun<;aopara todos os filhos de Deus que querem tam-bem se conhecer e conhecer 0 misterio do verdadeiroCriador.

Papai trouxe urn conhecimento espiritual do ber<;o.Urn conhecimento para a pessoa nao ter duvida nem dacarne nem do espirito. Mas foi com 0 Daime que ele aca-bou de confirmar todos esses ensinamentos que ele javinha batalhando com seus proprios conhecimentos.Desde as primeiras vis6es da infancia, ele ja manifestavauma compreensao da vida e da natureza criadora agin-do na natureza humana.

Concluiria dizendo que ele foi urn excelente profes-sor tanto na dimensao material quanta na espirituaI.Nasceu em 1920 e batalhou com suas proprias for<;asate encontrar os companheiros, que somos nos mes-mos, aqueles que podem constatar 0 que ele disse e fez,e que tudo esta se cumprindo e acontecendo de acordocom a profecia de sua palavra.

Tudo isso certamente sera confirmado nas palavrasdeste livro que servirao tambem para uma doutrina<;ao.Pois,para ele, todos nos que fomos chamados a umadoutrina<;ao espiritual, temos uma oportunidade para securar, tanto da parte da materia quanta do equilibrio dese viver. Isso e 0 que da conforma<;ao para aceitar a pro-pria morte da materia e obter urn credito para a vida eter-na. Esse credito para a vida eterna era uma das coisasmais visadas e cultivadas pelo Padrinho Sebastiao Motade Melo. E, sem duvida, ele confirmou este conhecimen-to atraves do Santo Daime.

Uma outra coisa importante de se mencionar e 0 sen-tido profetico que ele teve dentro do Daime sobre 0 mo-vimento de expansao da Doutrina do Mestre Irineu. Umaexpansao que nao e apenas urn querer de algumas pes-

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soas, mas uma vontade natural de Deus. A expansflO doSanto Daime, que agora cabe a mim afirmar, nflOe ofere-cida. Ela e pedida, e solicitada. Para nos, 0 mais impor-tante desta missao e quantas pessoas estao conhecen-do 0 que Sebastiao Mota disse e constatando 0 que real-mente existe atraves do conhecimento espiritual dadopor esta bebida.Tanto 0 Mestre Irineu quanta SebastiaoMota disseram que, dependendo do poder de si-proprioe do poder do proprio liquido, esse Vinho das Almaspode operar muitos prodigios. Em nos, e nos propriosseres invocados pelo poder da misteriosa ahyauasca.

Como eu ja disse, ninguem esta querendo expandiruma coisa se oferecendo. as nucleos que nao estiveremno padrao exigido por Sebastiao Mota poderao inclusiveser fechados. Isso porque, quanta mais cresce 0 nossotrabalho, mais trabalho da para zelar. E se zelamos des-de pequenos, nao vamos abandonar depois de cresci-do, nao e? Muitos tern alcan<;ado seu proprio valor, gra-<;as ao valor milagroso que a bebida tern apresentadopara as pessoas que foram fundo nela. Quem sabe setodos esses se unindo, urn dia, nos todos juntos nao te-remos melhores oportunidades de trabalharmos e noseducarmos melhor dentro da Doutrina? Para na hora danossa passagem para a vida eterna, fazermos igualmen-te 'Como Sebastiao Mota fez, deixando a vida assim comfor<;a, alegria e conhecimento verdadeiro para os quetambem querem.

Resumindo, 0 objetivo do " Velho" era esse: uma vidaunida, uma vida sem ambi<;ao e com compreensao es-piritual. Atingir 0 terceiro milenio e atingir 0 tempo doDivino Espirito Santo. Nao e so 0 tempo do espirito, e 0

tempo do Divino Espirito Santo. Eu acredito numa vidamuito educada, uma vida ja fora de muitas ilus6es. Issoporque a propria ilusao mostra que ou ela se acaba, oucad a urn por si proprio se destroi. Vai haver muito des-tro<;o,porque na verdade ja esta havendo e esta na vistade todo mundo. Mas ha de ter urn ou outro ouvido que

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vai ouvir a voz do equilibrio, a voz de quem domina anatureza, domina a terra, domina as gera<,;6es.Eu acre-dito que teremos uma nova gera<,;aoque vai se adequarao sistema do novo tempo.

Eu acredito que para preparar 0 terceiro milenio, 0

nosso agrupamento tern que se resguardar da maior par-te das coisas destruidoras do mundo. Dessa forma, elesficam mais com Deus, tern mais condi<,;6esde penetrarnuma crenc;a maior, numa cren<,;amelhor, perceber quenao esta tudo perdido, sair dos vfcios, dos maus costu-mes, das drogas e perceber que temos uma resposta,uma esperanc;a. E eu espero que pelo menos aqui naAmazonia, onde 0 "Velho" nos colocou, possa sobraralguma coisa dessa guerra. E essa sobra e justamenteporque 0 povo vive diferente, porque conheceu umanova vida. Porque se nao conhecer uma nova vida, vaise ficando na velha e se acaba junto com 0 resto.

Os perigos da ilusao, da vida velha, estao na mente eno corac;ao dos homens. Nao e tendo medo do progres-so, do dinheiro e da pr6pria prosperidade que vamoscombater a ilusao. 0 que faz me do e se enrolar e naosaber usar tudo isso de forma que 0 crescimento tragapara cada urn mais saude, urn colchao melhor, condi-<,;6esmelhores de vida.. Quem souber ser rico, deve sesenti~ mais alegre e socorrer aquele que passa uma ne-cessidade.

A ponte que existe para as pessoas chegarem ate 0

Daime e ainda precaria, e uma ponte de pobre. Pode ateurn dia ser uma ponte mais rica, mas nao se tern muitavida para se fazer uma ponte de prata ou de ouro. 0 ca-bra arruma s6 urn esteio e faz a ponte como pode. Euconsidero uma expansao, urn melhoramento aqueleque recebe uma ben<,;aodo Mestre aonde ele queria re-ceber. E se nao agradece pelo que recebe aqui, la emcima ele tambem nao vai receber. Primeiro ele tern quereceber aqui para depois receber la.

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Temos que entender isso. Vamos receber ainda muitagente. Tudo que pudermos receber e urn melhoramentopara nos ajudar a receber toda essa gente. Vamos me-lhorar a qualidade da ponte. Tudo isso que ira se cum-prir, nao esta na minha vontade, nao esta na vontade deninguem, esta acontecendo. Todos estao ainda urn pou-co confusos mas 0 chamado esta sendo feito. A florestaesta aqui, temos que saber viver nela e plantar para quenao nos falte nada.

Finalmente faHa a Irmandade agradecer a propriavida, e enxergar os melhoramentos do nosso povo co-munitario que, desassistido de tudo, sem apoio do go-verno, po de sobreviver e prosperar. Sem duvida, faltamelhorar em muita coisa para se chegar mais dentro doequilibrio da propria Natureza que tudo sustenta e fazbrotar. Tudo isso deve ser cumprido e quem nao quiser,procure outros Iugares onde possa satisfazer as suas von-tades mundanas.

So faIta a Irmandade entender tudo isso e se aIertarpara as coisas de Deus que foi 0 que Sebastiao Mota deMelo disse de varios jeitos. Sem duvida, este Iivro, estepequeno EvangeIho, muito nos ajudara no nossodestrinchamento espirituaI. Espero que todos 0 estudem,meditem sobre suas palavras e fac;am urn born proveitodele.

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vai ouvir a voz do equilibrio, a voz de quem domina anatureza, domina a terra, domina as gerac;6es. Eu acre-dito que teremos uma nova gerac;ao que vai se adequarao sistema do novo tempo.

Eu acredito que para preparar 0 terceiro mih~nio, 0

nos so agrupamento tern que se resguardar da maior par-te das coisas destruidoras do mundo. Dessa forma, elesficam mais com Deus, tern mais condic;6es de penetrarnuma crenc;a maior, numa crenc;a melhor, perceber quenao esta tudo perdido, sair dos vicios, dos maus costu-mes, das drogas e perceber que temos uma resposta,uma esperanc;a. E eu espero que pelo menos aqui naAmazonia, onde 0 "Velho" nos colocou, possa sobraralguma coisa dessa guerra. E essa sobra e justamenteporque 0 povo vive diferente, porque conheceu umanova vida. Porque se nao conhecer uma nova vida, vaise ficando na velha e se acaba junto com 0 resto.

as perigos da ilusao, da vida velha, estao na mente eno corac;ao dos homens. Nao e tendo medo do progres-so, do dinheiro e da pr6pria prosperidade que vamoscombater a ilusao. a que faz me do e se enrolar e naosaber usar tudo isso de forma que 0 crescimento tragapara cada urn mais saude, urn colchao melhor, condi-c;6es melhores de vida .. Quem souber ser rico, deve sesenti~ mais alegre e socorrer aquele que passa uma ne-cessidade.

A ponte que existe para as pessoas chegarem ate 0

Daime e ainda precaria, e uma ponte de pobre. Pode ateurn dia ser uma ponte mais rica, mas nao se tern muitavida para se fazer uma ponte de prata ou de ouro. a ca-bra arruma s6 urn esteio e faz a ponte como pode. Euconsidero uma expansao, urn melhoramento aqueleque recebe uma benc;ao do Mestre aonde ele queria re-ceber. E se nao agradece pelo que recebe aqui, la emcima ele tambem nao vai receber. Primeiro ele tern quereceber aqui para depois receber la.

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Temos que entender isso. Vamos receber ainda muitagente. Tudo que pudermos receber e urn melhoramentopara nos ajudar a receber toda essa gente. Vamos me-lhorar a qualidade da ponte. Tudo isso que ira se cum-prir, nao esta na minha vontade, nao esta na vontade deninguem, esta acontecendo. Todos estao ainda urn pou-co confusos mas 0 chamado esta sendo feito. A florestaesta aqui, temos que saber viver nela e plantar para quenao nos falte nada.

Finalmente falta a Irmandade agradecer a pr6priavida, e enxergar os melhoramentos do nosso povo co-munitario que, desassistido de tudo, sem apoio do go-verno, pode sobreviver e prosperar. Sem duvida, faltamelhorar em muita coisa para se chegar mais dentro doequilibrio da pr6pria Natureza que tudo sustenta e fazbrotar. Tudo isso deve ser cumprido e quem nao quiser,procure outros lugares onde possa satisfazer as suas von-tades mundanas.

S6 falta a Irmandade entender tudo isso e se alertarpara as coisas de Deus que foi 0 que Sebastiao Mota deMelo disse de varios jeitos. Sem duvida, este livro, estepequeno Evangelho, muito nos ajudara no nossodestrinchamento espiritual. Espero que todos 0 estudem,meditem sobre suas palavras e fa<;amurn born proveitodele.

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Introdu~o ao Evangelhode Sebastiao Mota

I-Atualidade da Via Ente6gena

Eo profundamente excitante e fertil 0 fato de que 0

xamanismo, as "tecnicas arcaicas do extase", na felizdefinic;ao de Eliade, estejam novamente em destaqueem nossos dias. Desde as incurs6esas selvas sul-ameri-canas de alguns botfmicos e etnografos do seculo pas-sado, que a comunidade cientffica vem demonstrandourn crescente interesse pela contribuic;ao que as plantaspsico-ativas podem dar, tanto para estabelecer uma car-tografia da consciencia, quanta para a soluc;ao dos gran-des enigmas da especie humana. Em tomo dessa inda-gac;ao sobre os efeitos dessas plantas no sistema nervo-so central, seu papel como fator estruturador daautoconsciencia do homem e na criac;ao do propriopensamento religioso, esta se criando urn campo de es-tudos comum entre 0 saber cientffico e a experienciamistica. Se estas tecnicas, xamfmicas, ptincipalmente asque se servem das plantas sagradas, foram responsaveisno passado pelas vis6es que deram origem as grandesrevelac;6es espirituais, certamente ainda hoje, elas nosestarao transmitindo a mesma mensagem. E a nossaconsciencia e ao mesmo tempo 0 aparelho receptor e 0

cenario onde essa mensagem nos e revelada.1550 e valido tanto para as tecnicas xamanicas tradici-

onais quanta para as religi6es enteogenas, fenomeno

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recente, dos quais 0 Culto do Santo Daime no Brasil, daIboga no Gabao e do Peiote nos EUAsao os maiores ex-poentes. Todos esses cuItos utilizam urn sacramentoenteogeno, uma planta psico-ativa que em contextoapropriado, produz uma expansao de consciencia euma experiencia de cunho eminentemente mfstico.

Nesses cultos, a comunhao com a entidadeenteogena produz experiencias marcantes e profunda-mente significativas para todos aqueles que dela partici-pam. A linguagem visionaria nos toma conscientes deurn ethos e de urn dharma que ate agora julgavamosfazer parte apenas dos livros que tratam de urn passadolongfnquo. Mas esta grandiosidade, ausente no nossonfvel de consciencia ordinario, esta sempre presente nomundo numinoso e feerico da mirQ(;ao. Esta presenteaqui e agora, desde que queiramos acreditar nela e as-sumi-Ia na nossa vida cotidiana. Eo born acreditar que fa-zemos parte de urn destino muito mais nobre, que re-pousa no conhecimento do ser e que pode ser reveladopelo sacramento enteogeno a qualquer reles mortal epecador. A experiencia com as plantas sagradas nao e a(mica que ajuda a realizar esse destino. Mas por ser urnatalho, e 0 caminho mais curto.

Essa e a autentica Boa Nova que esta sendo anuncia-da\ a todos os buscadores da verdade, confirmando apromessa feita ha mais de dois mil anos. Quem e essenovo e misterioso mensageiro? Para alguns psiconautastrata-se de urn alcaloide, de uma mensagem cifrada de-positada no mundo vegetal por uma especie de Inteli-gencia Alienfgena. Para outros, e urn nivel de conscien-cia onde podemos vivenciar a realidade do Eu Superiore do proprio Deus. Mesmo considerada de formas taodiversas, de onde e que brota essa voz capaz de nos ele-var espiritualmente e ajudar na salva<;ao nao somentede nossa alma mas tambem da nos sa especie? Do fun-do do nosso ser? Da perola azul onde se encontra a sededo nosso Eu? Do lotus de mil petalas? Da baraka do

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sheik, da presen<;a do Mahatma ou do suco de urn cip6da mata?Ou sera que ela esta sendo ouvida por n6s vin-da na velocidade da luz, desde as entranhas daeternidade?Ambas as sensa<;6es sao verdadeiras e aconsciencia humana e este ponto de intersec<;ao entre 0

interior e 0 alem, entre 0 ser- profundamente fntimo efnfimo- e 0 Cosmos, sem limite nem tempo. Ensina asUpanishads: Tu es isso!

Desde 0 infcio da idade de ouro, aurora dos tempos,que 0 poeta grego Homero denominou de "aurora dosdedos de rosa", que as plantas sagradas despertam noshorn ens a lembran<;a de suas origens, a nostalgia do sa-grado e uma ansia por essa re-liga<;ao com aquilo quese constitui no misterio basico de sua existencia. Pode-mos ter uma ideia do interesse que esse tema tinha naAntiguidade, quando consideramos a celebra<;ao quaseininterrupta dos cultos de Eleusis durante 2.400 anos.Nesse grandioso festival iniciMico, que tinha lugar na ci-dade do mesmo nome, culminando meses de prepara-<;ao e peregrinagens, era realizado urn grande trabalhoespiritual. 0 templo abrigava duas mil pessoas. E 0 Gran-de Hierofante conduzia a cerimonia onde erarelembrada e representada a lenda do rapto dePersefone, filha da Deusa Demeter, por Hades, Deus daMort@,que a levava para 0 Reino dos Espfritos. 0 mo-mento culminante do ritual era quando, sob 0 efeito dofungo claviceps purpurea (algo pr6ximo do LSD), todosos presentes tinham vis6es coletivas sobre a hist6ria daDeusa e uma compreensao profunda do seu conteudosimb6lico e significado espiritual.

Em nossos dias, a aurora ja esta cedendo 0 seu lugaraos tons incertos do crepusculo. 0 mocho de Minervaesta voando nos ceus e nos trazendo novos pressagiossobre 0 destino da humanidade. Nada mais natural que,passados mais ou menos 1.600 anos, desde que 0 Cultode Eleusis foi suprimido pela nascente organiza<;ao ecle-siastica crista, 0 mensageiro ente6geno esteja de volta.

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Na forma de uma planta sagrada que desempenha 0

mesmo papel que os avatares do passado, de nos ins-truir nos momentos de crise e de decadencia da verda-de.

Dizem que, periodicamente, a for<;aespiritual que as-siste e modela este planeta mud a de lugar, 0 que expli-caria os subitos ciclos de decadencia e de florescimentode culturas e tradi<;6es religiosas. Foi assim que se suce-deram os cultos do Soma no inicio do periodo Vedico,os Misterios de Eleusis na Grecia Antiga, as tradi<;6es cris-tas gn6sticas e esotericas, os yogues do Tibet, a Cabalada Espanha Islamica, os Incas e Astezcas ate chegarmosnos povos e culturas remanescentes do Eden original,situado na selva sul-americana. Parece que foi la queDeus semeou grande parte da sua farmacopeiaente6gena.

Foi nesse cenario, ao mesmo tempo feerico e magi-co, que floresceu 0 culto do Santo Daime, urn tipicoexemplo desta nova forma de fen6meno espiritual cadavez mais presente nos dias de hoje. Nas florestas daAmerica do SuI, 0 Mestre Raimundo Irineu Serra,cristianizou as tradi<;6es caboclas e xamanicas da bebi-da sacramental ayhauasca, conhecida desde antes dosincas e rebatizou-a com <:> nome de Daime, significandocom isso 0 rogativo que deveria ser feito pelo fiel ao co-mungar com a bebida.

Raimundo Irineu Serra foi urn maranhense de cor ne-gra e elevada estatura fisica e espiritual. Com sua humil-dade e determina<;ao, granjeou 0 respeito de todosquanta 0 conheceram. Depois de entrar em contactocom a bebida na fronteira com 0 Peru, foi para a cidadede Rio Branco, onde come<;ou a trabalhar com urn pe-queno circulo de discipulos. Obteve uma revela<;ao da

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propria Virgem Maria, que the apareceu sob a forma daRainha da Floresta. A partir deste momento, estava nas-cendo 0 Terceiro Testamento, uma Nova Anuncia~aoVisionaria, atraves dos hinos que 0 Mestre lrineu foi rece-bendo e que re-interpretava a cosmologia crista pela len-te e pelas luzes da ahyauasca.

Mais uma vez, longe dos saberes eruditos edogmciticos, da pompa dos cortesaos eclesiasticos, urnensinamento espiritual de grande profundidade foi teci-do por humildes seringueiros, no contexto de urn cristi-anismo popular, durante 0 boom da borracha no finaldo seculo passado. Neste cenario impar, foi que 0 Mes-tre Irineu reuniu em seu cadinho alquimico, esse mes-mo cristianismo com tradi~6es pre-colombianas,esoterismo europeu, cren~as africanas e xamanismoenteogeno.

o resultado dessa mistura e urn sistema que conse-gue aliar a extrema simplicidade de sua formula~ao auma profundidade espiritual raras vezes lograda por ou-tras correntes que se dedicam a batalha e a investiga~aodo auto conhecimento. As mira~6es mostram tudo que anossa fe precisa acreditar. Considerando que no passa-do os cristaos eram glorificados por crer naquilo que naotinham visto, a revela~ao enteogena promove urn avan-~o substancial: mata a cobra e mostra 0 pau.

A cristianiza~ao da ahyauasca e 0 fecho de urn longoprocesso de resgate cultural e espiritual. Quis 0 Criador,que escreve certo por linhas tortas, unir a fe dos con-quistadores cristaos (protagonistas' da empresacolonialista que, sob a ben~ao da Igreja, submetiam po-vos inteiros a escravidao e ao genocidio), com 0 sacra-mento destes povos subjugados. Com 0 Mestre Irineu, 0vinho das a/mas se converte no novo sangue do Cristo,o Consolador Prometido, 0 Paraclito Vegetal, 0 Logos-Cipo. Atraves dele, assimilou-se a espiritualidade dosnativos pre-colombian os, ao mesmo tempo que se res-gatava 0 karma desta pagina sombria da expansao da

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cristandade no novo continente. Isso sem falar na res-taura<;:ao do papel da experiencia visionaria como 0 cen-tro da revela<;:ao espirituaI, descrucificando assim 0 Cris-to da cruz dos dogmas ao qual foi reduzido.

Este resgate cristico pela via enteogena e 0 fundamen-to deste novo Evangelho do Terceiro Milenio, legado pelaDoutrina de Raimundo Irineu Serra e que foi desenvoIvi-do e sistematizado par Sebastiao Mota de Melo, urn deseus principais discipulos. Ele nos legou, principalmen-te na forma de hinos e palestras, urn metodo de aprendi-zagem espiritual baseado no uso ritual do Santo Daime,que certamente transcende 0 horizonte cultural e religio-so para 0 qual foi formulado, constituindo-se numamensagem espiritual de valor univ:ersal.

Nao e exagero afirmar que a coletanea destes textosformam urn verdadeiro Evangelho, ou seja, uma boanova, a disposi<;:ao dos buscadores espirituais destenovo milenio, onde a espiritualidade das plantas de po-der deverao desempenhar urn papel cada vez maisrevelante. Para Sebastiao Mota, Deus fez uma igreja noforrp.ato de um cip6 para que ele pudesse habitar emcada ser puro encarnado na terra. Dentro dessa igreja,do formato de urn cipo" 0 homem tambem s~ tornaconsciente de que ele proprio e tambem urn tempIo,pois 0 corpo e uma igreja, a sala e 0 trono para conver-sarmos com 0 nosso Mestre.

Nesse espa<;:osagrado do si-mesmo, cada urn enfren-ta seus mitos, lendas e ilus6es pessoais, na procura doseu verdadeiro Eu. Atravessa 0 espa<;:o e tempoholografico da consciencia, singra as ondas do mar sa-grado da mente com a barquinha que zarpou do cora-<;:ao.0 ensino de Sebastiao Mota e como uma carta denavega<;:ao para guiar a barquinha do ser no rumo do

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seu renascimento espiritual. E e preciso estar atento parachegar na outra margem, alem do nevoeiro dassamsaras.

No alvorescer desta era de Peixes, ha aproximada-mente dois mil anos, Jesus teve uma existencia humil-de, foi ignorado pela maior parte dos seus contempora-neos ou entao confundido com toda sorte de andarilhos,curadores e milagreiros que percorriam as estradas po-eirentas da Palestina da epoca. Foi esse Jesus concreto,historico, do qual hoje quase nao nos restam pistas, queabriu 0 caminho para que no espa<;o de duas gera<;6essurgisse 0 Jesus, ou melhor, 0 Cristo teologico, produtodos Evangelhos Sinopticos, fruto das lembran<;as dosseus primeiros discfpulos, misturadas com as sfntesesteologicas necessarias para a expansao do movimento.Por isso que aqui e acola 0 personagem historico se con-funde com 0 mito e a lenda.

Como e gratificante viver urn terppo onde, apesar dasdificuldades e dos problemas, podemos estar tao proxi-mos aos grandes acontecimentos espirituais e saberreconhece-Ios no meio a tantos fenomenos ilusorios.Sao nesses momentos que sentimos a sensa<;ao extra-ordinaria de encontrarmos novamente 0 fio da meada.o cristao que nao passa duras provas para testemunharsu,\ conversao sincera, ainda nao chegou verdadeira-mente aos pes do Mestre, ainda nao e urn trabalhador daseara. Para esses e util 0 <,;onselhode Sebastiao Mota: 0cristao que ainda nao se encontrou, chegue-se maisperto e venha provar dessa nossa autcntica agua davida.

Nessa peregrina<;ao da verdade por diversos sftios,culturas e epocas, a afirma<;ao do Mestre Irineu dereplantar as Santas Doutrinas, ganha urn novo significa-do. 0 Daime esta nos trazendo hoje essas lembram;asdo passado e nos dando novamente a chance de ser-mos protagonistas des sa historia. Por isso que as Ii<;6esespirituais deste humilde seringueiro, mateiro, ca<;ador

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e construtor de canoas chamado Sebastiao Mota, comtoda a sua simplicidade e sabedoria, nao deixam de ser,mesmo guardadas as devidas propon;oes, uma conti-nuac;ao dessa senda e dessa luz que nunca se apagou.

Nao podemos perder a esperanc;a de que Deus conti-nue dialogando conosco atraves de seus arautos e men-sageiros. Eu apenas posso intuir como deveria ser Jesusde Nazare, mas na minha convivencia com SebastiaoMota, tive uma possibilidade de imaginar como poderi-am ter sido muitos dos grandes santos do passado emesmo desvendado algo dos misterios da encarnac;aocristica.

o que se sucede normal mente e que os santoseavatares vao sendo reconhecidos muito vagarosamente,tempo que leva para que a sua legenda, idealizada porsucessivas gerac;oes, alcance os padroes eticos e esteti-cos do mito. Como e dificil encontrar urn mito ja pronto,devemos aproveitar a oportunidape que temos de en-contrar urn santo de carne e osso e privar de sua compa-nhia. Encontrar urn homem assim, que realizou plena-mente sua espiritualidade e urn tesouro inestimavel. Seuexemplo nos ajuda a cumprir em nos a promessa daencarnac;ao cristica, que e realizar, nem que seja urnpouco, as potencialidades divinas contidas no ser hu-m<\no.

Precisamente por isso e que, apesar das centenas depaginas teologicamente tffioprofundas dos Evangelhos,Epistolas e demais textos do Novo Testamento, encan-tam-me sobremaneira passagens tais como as que rela-ta Sao Irineu acerca do que escutou de Sao Policarpo,sobre 0 que ele ouvira ainda crianc;a sobre Jesus da bocado apostolo Joao, 0 discipulo amado. Ou entao os tre-chos das epistolas de Sao Paulo onde 0 apostolo dosgentios intercede a urn amigo pela sorte de urn escravofugido de sua propriedade, ou ainda, quando demons-tra a sua preocupac;ao aos seus colaboradores pela per-

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da de sua capa, esquecida durante a sua passagem emTroade, ja a caminho da prisao domicilar em Roma.

Estes fragmentos iluminam a nos sa fe! Ao revelar eexpor 0 sentimento humano dentro dos registros mfsti-cos e mfticos das escrituras sagradas, nos da a sensa<;aode fazermos parte de uma Doutrina viva. Vma Doutrinaque ainda esta se fazendo, que ainda nao precisou seridealizada nem mitificada. Que ainda nao foi aprisiona-da na necessidade de se formular teologicamente. Sintonestas passagens citadas do Novo Testamento, senti-mentos semelhantes aos que presenciei inumeras vezesquando 0 Padrinho Sebastiao manifestava esse tipo depreocupa<;ao com as questoes do dia-a-dia. Mas mes-mo quando 0 tema de sua fala era sua indigna<;ao pelodesperdfcio de urn simples saco que ainda pudesse teralguma serventia, ou uma repreensao a alguem que cor-tara urn galho de pau sem urn objetivo, havia em suaspalavras uma verdade e uma li<;i\oque transcendiamcompletamente 0 carMer corriqueiro da situa<;ao. Na in-timidade e na cumplicidade que se estabelecem em si-tua<;oes tao prosaic as como essas, a historicidade su-planta 0 mito. Nossa fe se renova aocontacto dessespequenos vestigios humanos que nos tocam 0 cora<;ao,facilitando assim 0 nosso acesso as realiza<;oes dos gran-des homens, tornando-os mais reais e proximos de nos.

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As verdades da fe adquirem dessa forma muito mais vida.Conforme foi tao bem Qestacado na apresenta<;ao do

seu filho, Alfredo Gregorio de Melo, a palavra e a obra deSebastiao Mota sao duas coisas absolutamente interliga-das no seu ensinamento. Para ele, 0 Daime e a escrituradaqueles que nao sabem ler. Como parte des sa escriturados tempos modernos, a sua vida e tambem urn livroaberto e inspirador, 0 lastro para tudo que ele ensinou.

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Antes de falar da originalidade do seu ensino e as pos-sibilidades de sua aplicac;ao para a crise espiritual dosdias de hoje, vamos falar urn pouco de quem era Sebas-tiao Mota de Melo. Nascido no Seringal Monte Ligiaem 1920, desde cedo demonstrou propensao para fazerviagens astrais e ter vis6es dos seres encantados da flo-resta. Comec;ou sua carreira de curador e rezador nosermos do Vale do Jurua. Desenvolveu-se mediuni-camente na Doutrina Espirita atraves de seu compadreOswaldo, que era kardecista. Mudou-se no final dos anos50 para as proximidades de Rio Branco com a familia,onde levava uma vida de colona e atendia doentes doseu circulo de parentes, compadres e afilhados. Suafama comec;ou a se tomar notoria e passou a dedicarcada vez mais tempo aos trabalhos de caridade. Traba-Ihava com duas entidades espiritas: 0 Dr. Bezerra deMenezes e 0 Professor Antonio Jorge.

Nos anos 60, contraiu uma grave enfermidade no fi-gado, que 0 levou a procurar 0 Mestre lrineu. A experien-cia de sua cura atraves de uma operac;ao espiritual parele presenciada fora do seu proprio corpo, 0 levou a sercolhido pela Doutrina do Mestre lrineu epelo SantoDaime. Nesse dia, durante urn trabalho de concentra-<;60, 0 Mestre Irineu, depois de ouvir suas queixas, per-guntou-Ihe se ele era homem. Em seguida, mandou queele fosse·para a fila tomar 0 Daimee depois do trabalhoviesse contar 0 que acontecera.

Sebastiao Mota voltou para contar a historia de suacura. Voltou nao so naquele dia mas em muitos outros,trazendo para 0 Alto Santo, a sede de trabalhos do Mes-tre Irineu, muitos dos seus familiares e seguidores. A par-tir dai ele foi se desenvolvendo dentro do Daime, rece-bendo suas instruc;6es, que falavam inclusive que eledevia se preparar para erguer urn Templo e receber urnpovo. Ele passava tudo a limpo, diretamente com 0 Mes-

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tre, todas as instrU<;6es, assim como os hinos. Depois dodesencame do Mestre Irineu, resolveu seguir 0 seu desti-no, e sentiu 0 Mestre confirmando espiritualmente suamissao. Tudo isso ele declarou em seu himirio a Justi-ceim, onde revela todas as provas que passou para afir-mar a sua missao espiritual.

E dificil falar de influencias na forma<;ao espiritual deSebastiao Mota. Gostava de falar que devia todo 0 seuaprendizado espiritual ao Daime, esta verdadeira escri-tura daqueles que nao sabem ler e onde se encontraum Deus bem mais chegado. Em urn hino que recebeu,lamenta por aqueles que falam em Deus porque ouvemos outros falar, em vez de procurar conhece-Lo atravesde sua propria experiencia de realiza<;ao.

Seguindo uma tradi<;ao que remonta aos tempos doMestre Irineu, Sebastiao Mota foi filiado ao CfrculoEsoterico de Comunhao do Pensamento. Ja em idadeavan<;ada se interessou pelas leituras da Bfblia, por al-guns Evangelhos Apocrifos(o Evangelho de Tome eraurn dos seus preferidos), e pela obra de Jorge Adoum, 0

Mago Jefa. Porem, 0 seu interesse pelas obras espirituaisera tanto maior quanta via nelas os relatos e as confir-ma<;6es sobre as suas proprias experiencias. Mas semduvida, ele encontrou em alguns desses livros, concei-tos c;;havesque serviam para explicar as suas percep<;6ese vivencias espirituais mais profundas.

Dominava diversas passagens das escrituras, tanto doVelho como do Novo Testamento, as quais ia acrescen-tando 0 conhecimento direto e intuitivo das suas propri-as mira<;6es.Tambem gostava de citar as parabolas, en-riquecendo-as com saborosas e originais interpreta<;6esde carater esoterico e simbolico. Seu interesse maior erapor Daniel, Ezequiel e 0 Apocalipse. Sempre citava esseslivros quando sua inten<;ao era despertar no povo a com-preensao dos tempos de hoje. Pois, segundo ele, a trans-forma<;ao do mundo poderia acontecer de repente, numpis car de olhos, da mesma forma que falavam esses pro-

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fetas. Dizia ainda que muitos achavam que, nos dias dehoje, essas profecias n[lOiriam mais acontecer. Mas queseria exatamente nestes tempos modernos que Deus vi-ria mudar a tempo e a mundo, contrariando todas as .expectativas.

Em uma passagem do seu relato, ele nos conta umahistoria muito engra<;ada de duas senhoras crentes queurn dia foram ate a sua casa a fim de convence-Io a com-prar 0 exemplar de uma Biblia. Ele come<;ou dizendoque nao fazia questao, porque nao sabia ler, as mulhe-res insistiam e ele termina perdendo a paciencia e di-zendo para as duas inc6modas vendedoras que, alemde nao saber ler, na verdade ele nao precisava de livronenhum, que ninguem precisa de /ivro para rea/izarDeus, que ele pr6prio e um Deus encarnado, etc. Ele noscontava esta passagem rindo, se lembrando da cara dascrentes horrorizadas com tanta heresia. Mas se por urnlado ele radicalizara aquela situac;,aoporque queria queelas fossem embora e deixassem de ser inconvenientes,por outro, suas palavras energicas e ate mesmo ingenu-as demons tram verdadeiramente 0 que ele pensa deDeus e de si proprio. E isso nem sempre e muito facil.Por declarar algo muito semelhante a isso, Jesus foi cru-cificado, 0 grande santo sufi Hallaj foi torturado eeS\luartejado assim como muitos outros.

Hoje nao se costuma mais queimar, crucificar ouempalar ninguem que req.lizaa verdade e que tern a co-ragem de proclama-Ia. Mas em compensa<;ao, existemoutros meios mais sutis, como a midia, para impedirque as consciencias acessem a dimensao espiritual epossam ter urn discernimento para encontrar uma for-ma de vida mais nobre e altruista. Tudo que e espiritual erepresenta urn pensamento religioso nao convencional,ou e ridicularizado ou posto sob suspeita. De qualquermaneira, san muito semelhantes a experiencia e a pala-vra de todos aqueles que no decorrer de epocas e tradi-<;6es distintas, alcan<;aram a realiza<;ao de Deus, a reve-

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la<;;aoda Verdade. Lendo as biografias desses grandeshomens verifica-se a semelhan<;;a dos seus ensinos.

o que essa coincidencia quer dizer basicamente eque todas as verdades espirituais nos falam de uma uni-ca e mesma coisa. Que a experiencia de realiza<;;aoespi-ritual e rigorosamente a me sma. Que a fonte maiscategorizada para aferir a verdade da revela<;;aoe 0 exta-se mfstico. Por que nele, temos uma experiencia diretade Deus, sem atravessadores, cujo conteudo e rigorosa-mente 0 mesmo, apesar de se apresentar de diversas for-mas. Cada urn segue 0 caminho que the e maisapropiado. Por outro lado, a falta de conteudo mfsticoda maioria das religi6es institucionalizadas faz com queessa procura seja empreendida em urn rumo cada vezmais distante do contexto cultural e religioso daqueleque busca. 0 que explicaria, pelo menos no Ocidente, aprocura cada vez maior das correntes orientais,xamfmicas e enteogenas.

Chegando a comunidade espiritual do Santo Daime,no infcio da decada de 80, a primeira coisa que me vi-nha a mente era a compara<;;ao daquilo que eu estavavenda com outros modelos de comunidades, mosteirosou ashrans que eu conhecera ou ouvira falar. Nas noitestropicais coalhadas de estrelas, ouvindo aquele homemde·lqngas barbas bran cas falar emocionado na sua fe navida espiritual e os conhecimentos que obtivera dela, nossentiamos como que arrebatados em urn extase.

Era na varanda da sua casa, envolto num cenariomagico, que ele dava seus darshans ou inicia<;;6es.E cla-ro que a comunidade fundada por Sebastiao Mota dife-ria e muito dos ashrans inspirados nas tradi<;;6esmilenares dos hindus, com seus santos absortos emsamadi e indiferentes ao mundo. A espiritualidade doPadrinho Sebastiao emanava de urn homem cheio deenergia e ocupado com os seus afazeres. Sua comuni-dade espfrita, ao contrario das suas similares orientais,mais parecia urn enorme canteiro de obras, onde as li-

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<;6es espirituais eram fomecidas juntamente com as ar-duas tarefas que cada urn precisava assumir no dia-a-dia.

S6 era possivel encontrar 0 Padrinho depois das qua-tro horas da manha em seu quarto, quando a doen<;aapertava. Ou entao nos dias de chuva torrencial quandoficava na varanda, atendendo a todos. Mas a melhorhora para ouvi-Io era a partir das tres da madrugada nacozinha da casa grande. Ainda no escuro, a luz de velas,os ferros eram afiados, 0 cafe fumegava no bule. Sebas-tiao contava casos e atuado, fazia prelei<;6es que eramverdadeiras perolas espirituais atiradas para uma plateiaavida e absorta que se reunia em tomo da carisrnaticafigura. Foram precisamente nesses rnomentos que arnaior parte das grava<;6es deste livro foram feitas. Aoarnanhecer do dia, os visitantes que vinham ve-Io, ja naoo encontravam em casa. 0 jeito era procurar seus rastrosnas picadas da mata onde ia trabalhar na confec<;ao desuas canoas.

,A primeira irnpressao que ternos dos ensinos de Se-bastiao Mota e 0 de uma convoca<;ao irresistivel para avida espiritual. Algo que, longe de excluir a dimensaomaterial da vida, ao mesmo tempo nos ensina e nosexorta a dar urn sentido mais profundo e espiritual a ela.Esse e 0 primeiro impacto de sua obra, melhor dizendo,dos ensinos que emanavam diretamente do contactocom sua pessoa. Isso porque sua vida era tarnbem urnlivro aberto e inspirador. Nao havia quem nao se entusi-asrnasse com 0 seu exemplo, tanto na 19reja, onde erasempre 0 prirneiro a chegar, como no dia-a-dia a frenteda cornunidade, enquanto a saude 0 permitiu. Essa coe-rencia entre suas palavras e suas obras nos ajudava a

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descartar os nossos medos e duvidas. Quando estavaatuado, seu semblante se transfigurava, os seus olhosbrilhavam e todo seu ser resplandecia em verdade.Quando voltava a si, era 0 born companheiro, 0 melhortrabalhador e 0 amigo leal. A partir do seu exemplo e dasua companhia, era possivel aprender esse sentimentonovo que significa estarmos absolutamente abertos edisponiveis para aquele justa momenta que transcorriaali, bem diante dos nossos olhos, e que experimentava-mos com toda a intensidade do nosso ser.

Ao memo tempo, essa convoca<;ao espiritual era feitade uma maneira persuasiva, interior, sem que em ne-nhum momenta nos sentfssemos pressionados ou coa-gidos. Inclusive porque, para Sebastiao Mota, a espiritu-alidade pressup6e uma enorme liberdade do ser embusca do proprio caminho, aprendendo com as esco-lhas e as experiencias. Ao mesmo tempo, essa liberdadeprecisa ser equilibrada com uma grande disciplina esenso de responsabilidade etica. Ele sempre dizia quenao deveriamos ter m~do de aprofundar 0 nossoconhecimento. Quem temer, lascou-se! E ainda aconse-lhava para nao deixarmos trabalho nenhum pelo meio,principalmente se {osse espiritual.

Suas palavras nos remetiam a uma sensa<;ao de estar-mos vivendo urn grandiose epico, uma continua<;ao daautentica saga religiosa dos tempos antigos e dos dile-mas e contradi<;6es dos primeiros tempos do cristianis-mo primitivo. Falava do Daime e das Escrituras estabele-cendo sempre analogias e alegorias para explicar os fa-tos do passado pelos do presente e vice-versa.

No sistema de Sebastiao Mota, a apresenta<;ao da ver-dade espiritual vinha sempre em primeiro lugar. Cadaurn que chega ate 0 Daime, parecendo ou fingindo quee alguma coisa, tern que apresentar aquilo que verda-deiramente e. A verdade do nosso ser nos e exigida acada momento. E ele que nos diz que perante a for<;aespiritual presente no trabalho, dentro do quebra-cabe-

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<;ada mira<;ao e preciso resistencia na materia e cora-gem no espfrito. Sebastiao Mota dizia que se tivessemoshumildade a verdade poderia nos curar e converter acausa espfrita logo de safda. Pois a verdade, quando erevelada por uma genuina experiencia espiritual, tern urngrande poder cauterizador sobre todas as nossas ansie-dades, medos e duvidas. Como disse 0 apostolo Joao,quando 0 coraqao nao nos acusa, podemos seguir emfrente sem medo, a fim de que se manifeste em nos aqui-10 para 0 qual estamos destinados.

Uma vez que sentimos 0 efeito dessa convoca<;aopara a vida espiritual por intermedio da verdade, passa-mos a anelar pelo nosso ser verdadeiro, 0 famoso ser emio parecer que 0 Padrinho gostava tanto de repetir emsuas prelei<;6es. 0 Mestre Irineu aconselhava a fazer 0bem e nao fazer 0 mal. Essa e a melhor maneira de sesentir seguro e protegido ao invocar as potencias espiri-tuais do Daime. Parece que em todas as epocas, entrarem contacto com a verdade espiritual exige urnenfrentamento nao apenas social e historico, mas tam-bem com as verdades espirituais e religiosas estabeleci-das. .

Para Sebastiao Mota, sem essa firmeza e seguran<;a deque a Doutrina nos fala, nosso trabalho oscila entre doisex~remos: uma hora pensamos estar garantidos, comodiz 0 hino de Maria Marques, sem necessidade de fazermais nada pela nossa salva<;ao;numa outra, duvidamosde nos mesmos, de nossa capacidade de se transformar.Ambos os procedimentos saG falhos. E preciso apenasinsistir em uma sinceridade interna, urn compromissocom a verdade para elevar nossa existencia ao nivel es-piritual. Mas isso so aconteceni se nos tornarmos cons-cientes do nosso trabalho interior e dos condicionamen-tos que nos levam a uma falsa percep<;ao de nos mes-mos. Alem disso, tambem e necessario uma entrega aoDaime, uma vontade sincera de cumprir as intru<;6es re-cebidas dele. 0 que significa urn fortalecimento da nos-

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sa for<;ade vontade para cumprir as transforma<;6es quecertamente nos serao exigidas nesse processo. Essessao os pre-requisitos basicos exigidos para quem quiseratender a convoca<;ao espiritual de Sebastiao Mota e tri-lhar 0 seu Evangelho.

Nao havendo uma sinceridade de prop6sito nessa di-re<;ao, uma consagra<;ao do carater espiritual e alquimi-cd'deste trabalho de autoconheeimento e de autotrans-forma<;ao, nao e possivel evoluir espiritualmente dentroda linha do Daime. Isto porque a espiritualidadeente6gena, alem de exigir etica, sensibiliza e amplia anossa conseieneia, nos mostrando a verdade do ser, aresponsabilidade da encarna<;ao. Dessa forma, acelera eintensifica esse verdadeiro julgamento interno. Nesseestado de conseieneia, nao e faeil se manter iludido, averdade e mostrada em sua crueza, assim como tudoaquilo que deve ser feito. Nesse momenta e 0 nosso EuSuperior que sentou no trono do ser e esta avaliandonossas atitudes erroneas. Se elas nao nos incomodamtanto no nosso estado normal, 0 mesmo nao acontecedurante a mira<;ao. Solenemente somos chamados aonosso santuario interno a nos justificarmos de qualqueratitude que nao esteja respaldada na inoceneia. Essa e ahora sagrada, onde a conscieneia adquire capaeidadede extrapolar do psiquico ao divino, fixar 0 alvo da trans-forma<;ao exigida e concentrar a for<;ade vontade neces-saria para alcan<;ar a sua meta.

A voz interna avisa, mas {ala bem baixinho, e preeisoprestar aten<;ao e estar sempre acordado. 0 veredictoque recebemos e 0 peso que fica impresso na nossaconseieneia sempre que ela nos acusa, gerando culpa.Sem duvida, no nivel de conscieneia visionaria, a experi-eneia de busca espiritual as vezes mais parece uma luta,uma batalha do que urn caminho idHico e sereno. Pro-blemas de muitas encarna<;6es podem ser resolvidosnaquele preeiso instante. Mas para isso acontecer e pre-eiso seguir uma boa trilha. Mesmo para se regular inter-

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namente de acordo com a voz interna do Daime, e ne-cessario urn padrinho(um mestre). E isso que SebastiaoMota nos mostra nos ensinos deste seu Evangelho. Naose contentar apenas com 0 cineminha da mira<;ao semcompromisso, mas bus car uma nova dimensao do co-nhecimento pela mira<;ao do Daime. Algo que nao podeser aprendido nos livros mas apenas no extase. 0 que,ate ha bem pouco tempo, pensou-se ser uma faculdadede poucas pessoas especialmente predestinadas e pre-paradas para tal, mas que Sebastiao Mota nos garantiuque estava acessivel para cada urn de nos, desde queseguissemos corretamente a Doutrina.

Lembranr;as do Passado

A convoca<;ao espiritual e apenas 0 primeiro grandeimpacto do contacto com Sebastiao Mota, e apenas 0

preambulo para nos conduzir ao .nosso renascimentoespiritual, verdadeiro ponto de partida. Antes dormiamose agora ja estamos despertos para a verdadeira vida. 0proximo passo e saber quem somos e nos transformarnaquilo para 0 qual estamos destinados. Se nao sabe-mos ainda e porque levamos a vida como sonambulos,dormindo acordados.

J'Jos seus ensinos, 0 Padrinho vinculava 0 renascimen-to a uma outra pesquisa interior que ele denominava delembranr;as do passado., A mira<;ao, da mesma formaque 0 sonho, traz para nos uma linguagem alegorica echeia de significados, ambigilidades e interpreta<;6es. Atradi<;ao enteogena, cujas verdades sao testadas durantea experiencia visionaria, constitui-se em urn preciosoacervo da memoria akashica, a mesma fonte inspirado-ra de revela<;6es espirituais usada por todos os santos,rishis e profetas do passado. As vis6es nos obrigam auma constante elabora<;ao interior, a come<;ar pela aber-tura de nossas portas de percep<;ao e dos nossos canaismediunicos. Fazem-nos progredir lentamente da cons-

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ciE~nciados fenomenos psfquicos ate atravessar as fron-teiras dos domfnios propriamente espirituais.

Sebastiao Mota nos ensinava a acreditar nas sincroni-cidades que eram criadas no estado de consciencia ex-pandida. E tambem nas vis6es que, inexplicavelmente,se insinuavam na nossa mente e que s6 podfamos com-preender como vestfgios de outras encarnac;6es. Essasimagens, lembranc;as, vis6es e sonhos, seriam as pistasacessfveis ao viajante. Ele deve cada vez mais ter consci-encia de estar desdobrado e lucido dentro da mirac;ao,como no sonhar acordado de D.Juan. Ele precisa res-ponder com desenvoltura ao enigma proposto pelaesffnge - decifra-me ou te devoro - para nao ser engana-do ou devorado pelos monstros criados pela sua propriamente. Ha uma sutil diferenc;a entre a mente que projetasuas proprias quimeras e a que seguramente recebeemiss6es de verdade. E preciso ter renascido para sabera diferenc;a entre uma coisa e outra, 'podendo assim es-cutar a voz interna sem risco de se ver incorporado poralgum espfrito zombeteiro e tomar seus conselhos comoverdadeiros.

E 0 que dizer entao quando somos transportados notapete voador do v60 xamanico, para 0 interior do exta-se visionario, nos sentindo os protagonistas de situac;6es,epOC(lS,cenas e atitudes que se afiguram para nos comoabsolutamente reais? Ultrapassando a ultima fronteira daimaginac;ao estao as lembranc;as do passado. Aqueleestado de indescritfvel familiaridade com urn determi-nado holograma da mirac;ao e que nos evoca a nftidasensac;ao de uma revivencia.

Com toda simplicidade, Sebastiao Mota nos ensinavaque essas vis6es de tipo especial, que ele denominavalembranc;as do passado, criavam em nos urn sentimentode identificac;ao com essas experiencias arquetipicas, 0

que muito nos auxilia para encontrarmos a nossa identi-dade espiritual. Desperto 0 Eu, nos tornamos conscientesdo nosso atual padrao karmico e daquilo que deve ser

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batalhado nessa vida para 0 cumprimento de nossa evo-1u<;[1O espiritual. 0 Daime, ao nos permitir essa identifica-<;aocom arquetipos, mitos ou personagens, nos cobratambem a grande responsabilidade que e zelar pela ma-triz espiritual que foi escolhida. As lembram;as do passa-do sao como pe<;as do nosso quebra-cabe<;a espiritual.Ajudam a cada urn encontrar 0 fio da meada de suasencama<;6es eater consciencia dos desafios que preci-sam ser superados para se sair da roda dos samsaras.Sebastiao Mota costumava referir-se a uma mente leal eperfeita, como sendo esse estado mental gerado pela pu-reza e pelo cultivo das virtudes da Doutrina. E com talmente que podemos discemir 0 joio do trigo, 0 psiquicodo espiritual, a imagina<;ao fantasiosa, fruto da gratifica-<;aoou da frusta<;aodos desejos, do poder plasmador daconsciencia espiritual, aquela que pens a, fazendo-se .0proprio Sebastiao Mota trilhou todos esses caminhos ateencontrar em muitas mira<;6esuma forte afinidade e iden-tifica<;aocom Sao Joao Batista.

Da mesma forma, ele nos instigava a descobir quemcada urn era e principalmente para que correspondes-semos ao modelo inspirador da nossa espiritualidade.Costumava perguntar-nos: e af, jd descobriram de qualplaneta ou estrela voces vieram? Portanto, temos queem:ontrar dentro do nosso atual padrao kdrmico qual ea nossa matriz espiritual. Ambas devem ser buscadas nasnossas vidas anteriores ..Elas nos permitem lutar commais clareza contra as tendencias que adquirimos e quegeralmente se manifestam em nos como verdadeirosobstaculos espirituais para 0 renascimento.

Renascimento Espiritual

A convoca<;ao espiritual come<;a com uma sensa<;aode acordamento. Aos poucos vamos nos relembrandoda nossa origem e iniciando a gesta<;ao espiritual para 0

novo nascimento, quando receberemos, ainda nesta

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vida em materia, a fe e a certeza do que iremos encon-trar alem dela. Sem isso, dificilmente nos manteremosautoconscientes do outro lado. Pois somente 0 Eu re-cem-nascido, com a me sma energia de urn bebe curio-so, consegue abranger uma perspectiva da vida que naoe apenas material.

o Padrinho Sebastiao costumava ilustrar a ideia derenascimento com a imagem do pinto saindo do ovo.Segundo ele, 0 pinto ja esta vivo quando 0 embriao secompleta dentro da casca, mas ele precisa ter for<;aparabicar a casca e sair, senao ele nao consegue viver. Essa ea situa<;ao do homem que passa toda a sua encama<;aoidentificado apenas com seu eu-material e sua persona-lidade egoica. Esta dormindo e nao acorda porque naoconsegue realizar 0 instinto da verdadeira vida e rompera cas ca. 0 Padrinho Sebastiao dizia que quem nao des-pertar, ainda em vida, para uma consciencia da vida es-piritual, e urn aborto e nao realizara 0 nobre designiopara a qual a sua encama<;ao foi destinada. Desperdi<;a-ni sua chance, e segundo os versos do Mestre Irineu, "seDeus lhe der licem;a volta noutra encarnar;ao". 0 que,segundo Sebastiao Mota, e uma coisa cada vez mais di-ficil de se conseguir no final dos tempos.

Tudo isso nao constitui nenhuma novidade. Cristo,ensinando a Nicodemus, afirmara 0 mesmo: quem naonascer de novo nao vera 0 reino de Deus .. E SebastiaoMota acrescentava: Viu?0 que vale nao e ser parido. Mascomo parir esse Eu Superior, essa consciencia crlstica,essa presen<;a do Eu Sou, no meio a essa infinidade depequenos "eus" incubados dentro de nos e em etemaluta pelo poder intemo? Como ter for<;apara colocar 0verdadeiro Eu no seu lugar, sentadao no trono, vendatudo e dominando esses depositos de carne que the fo-ram dados como involucro?

A estrategia que 0 Velho recomendava para alcan<;ar arealiza<;ao se resumia em seguir os preceitos deixadospelo Mestre Irineu: tomar Daime nao apenas para ver be-

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lezas e primores mas principalmente para comgir os seusdefeitos, ter seriedade na busca espiritual e prestar aten-<;aonos hinos. Esta era a Doutrina e 0 resto viria por acres-cimo. Todas as nossas for<;as deviam estar canalizadaspara 0 nosso autoconhecimento. Isso porque 0 Deus decada um esta dentro de nos e buscar Deus significa bus-car Deus dentro de si proprio. A busca de Deus ja e Deus.Significa que £Ie pelo menos ja se instalou dentro da nos-sa consciencia para nos mobilizar em sua dire<;ao que eo mais profundo de nos, onde 0 Ser reside.

Sebastiao Mota dizia que as plantas enteogenas, noslevam a essas alturas espirituais. £Ias sao, aIem de po-derosos remedios para a doen<;a e 0 marasmo espirititualque assola a humanidade, tambem instrumentos paradespertar este Deus Intemo que habita em cada urn.

Ele tambem dizia que, como havia muita coisa paraser revelada, Deus deixara esse Santo Daime para quedigamos assim: dai-me! E acrescentava: e tudo que 0sujeito pede Ele da, em cumprimento a promessa dasescrituras que diz que todo aquele que tiver fe e batersera aberto e a quem pedir the sera dado. Esta invoca-<;aono nome da bebida e a chave da fe daimista e propi-cia b aces so aos misterios do conhecimento sagrado.Atraves deIa e que potencializamos 0 uso do sacramen-to, que nao e apenas uma bebida mas urn Ser Divino,para que ele nos revele 0 sentido esoterico da Doutrina ea estrategia para a nossa transforma<;ao. AconselhavaSebastiao Mota: nao fiquem naquela de ser 0 mestre esim esperem por ele. Essa invocm;ao e que e a coisamais linda!

E esta comunhao com 0 Ser atraves da bebida que pro-voca a questao. Isso porque as divers as entidades e pen-samentos que que rem responder pelo verdadeiro Eu sesentem amea<;adas. 0 Eu Superior, a presen<;a do Eu Sou

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quer se colocar dentro do nosso aparelho, porque Ele ecomo urn rei que teve seu trono usurpado. Quando pega-mos 0 copo e invocamos 0 Ser, os outros provocam aquestao. A questiio, n? realidade, e saber quem e 0 verda-deiro dona da casa e 0 govemante do corpo-templo.

o Padrinho comparava 0 renascimento espiritual como homem que, depois de uma longa viagem(o tempoem que permaneceu dormindo inconsciente ao chama-do para a vida espiritual), volta para sua casa e ve queela esta abandonada e ocupada por toda sorte de ara-nhas caranguejeiras e vagabundos de todo tipo. Sao osmesmos espiritos vagabundos a quem se refere 0 MestreIrineu e que se instalam nos aparelhos que se encon-tram desgovemados.

o trabalho espiritual que se segue ao renascimento,exige que, aos poucos, 0 nosso verdadeiro Eu assumaas redeas do nosso govemo interior. E preciso arrumar acasa, expulsar os vagabundos, colocar boas fechaduraspara que eles nao retomem quando 0 dona da casa, poralgum motivo se ausentar novamente. Mas a resistenciados nossos falsos eus e muito grande. Eles nao queremceder 0 territ6rio ocupado. Passamos entao por mom en-tos dificeis para controlar a situa<;ao.

A questao provocada pelo aparecimento do dona dacasa persiste ate que a sua vontade e soberania prevale-<;amtotalmente. E necessario, as vezes, realizar acordose composi<;6es. Mas a dotltrina<;ao ha de ser ardua epersistente, caso contrario, nao havera solu<;ao definiti-va. Os aparelhos precisam ser disciplinados. Negociar aentrega nem sempre produz resultados duradouros. Ealgumas vezes nos conduz para aquilo que chamamosde peia, isto e, uma disciplina que recebemos quandonao sabemos ultrapassar urn ponto cristalizado do nos-so trabalho interior, 0 que impede a nossa passagempara 0 degrau seguinte. Quando, sob 0 efeito do transevisionario, resistimos a verdade que esta sendo mostra-da pela mirm;ao, somos atraidos ate esta cristaIiza<;ao.

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La sentimos conflito, desconforto e sofrimento. 0 que asvezes pode ser necessario para consolidar uma decisaoa transforma~ao necessaria apontada pela nossa cons-ciencia.

Como diz 0 autor deste Evangelho, quem tiver feito 0seu angu que coma. Se ele fiver caror;o,0 jeito e comerassim mesmo. Sem nenhum constrangimento, pois den-tro de uma sessao espirita, todos saD obrigados aatra-vessar pelas provas de conhecimento que saD exigidas arealiza~ao espiritual. Ainda segundo 0 Velho: a gentechega cheio de confusao e quer um mar de rosas? Nao epossivel. Tudo aquilo que a gente bota pra fora na horado aperto e nosso.

Neste estado, fora ou dentro da mira~ao, 0 ato de pen-sar, invocar e sentir com 0 cora~ao e uma poderosa cha-mada, urn ato de grande responsabilidade, poisestamos sendo climplices da propria Cria~ao Divina.Estamos ajudando os seres angelicais a continuaremmovendo as poderosas energias que deram origem, eainda hoje estao plasmando 0 nosso universo, onde 0

homem e apenas uma pequena j6ia, uma crian~a.Quando estamos conscientes desta realidade e que

podemos ser e nao parecer, pois nestes momentosestamos criando 0 universo. Nao adianta posar de umacoisa que na realidade ainda nao somos. Nao se finge 0ser. 0 ser e uma realidade intema que se irradia natural-mente para fora. Antes dese constituir aos nossos olhosenquanto uma realidade, ele se insinua como uma lem-bran~a de algo que ja conhecemos e fomos. A certeza ea verdade desta Iembran~a chama-se renascimento oua verdadeira iniciar;tio.

A Cura e a Questtio do Desenvolvimento Mediunico

o desenvolvimento da nossa trajet6ria espiritual naopode ser dissociada da necessidade de limpeza e decura. Alias a cura e 0 pr6prio processo de constante ali-

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nhamento do ego com 0 ser interno. 0 renascimentoespiritual e 0 ponto culminante da cura, depois de urnlongo perfodo de corre<;;ao dos nossos pontos de vistaerroneos, e a conseqilente ilumina<;;ao de varios seresque estao por tras de cad a uma de nossas tendenciasnegativas. Se cada pensarnento e urn ser, como diziaSebastiao Mota, mesmo em nos so estado normal de vi-gma, ao doutrinarmos as incIina<;;6ese as pequenas ob-sess6es do cotidiano, estamos trabalhando mediuni-camente. Mesmo que nao tenhamos consciencia dessefato.

Todos os mestres espirituais aconselham que, alemdo cumprimento das necessidades basicas do bem-es-tar, nao devemos dar uma importancia exagerada a ma-teria, pois isso implicaria em consolidar a posi<;;aodoseus ilus6rios que se apossaram da nossa casa. Significatambem se prender ainda mais ao padrao de identifica-<;;aoque nos une a esses seres, assim como as armadi-lhas do cicIo de gratifica<;;aoe frusta<;;aodiante dos dese-jos satisfeitos ou nao. Com essa vigilancia bemestabelecida, passamos a entrar em contacto com asautenticas fontes de energia e inteligencia que perce be-mos na forma dos nossos guias de luz e instrutores, ousimplesmente na sabedoria da nossa voz interior.

E comum a muitas tradi<;;6es espirituais associar acura com a interven<;;aodos espiritos, agindo num nivelaurico, eterico e mesmo Jisico. Essa compreensao nosajuda a entender mais essas realidades espirituais auto-nomas, normalmente denominadas de entidades e quetanta influencia exercem em nossa vida. Para efeitos di-dMicos, costuma-se separar as entidades em boas oumas, em positivas e negativas. Mas na pratica e diffcilestabelecer tais fronteiras porque todas elas sac neees-sarias a nossa evolu<;;aoe erescimento. Sebastiao Motanem sempre preeonizava urn combate frontal, uma ex-cIusao pura e simples das entidades negativas. Ele aeon-selhava uma solu<;;aonegoeiada com firmeza entre 0 Eu

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Superior e 0 Eu Inferior.Juntar 0 positivo com 0 negativoa fim de que haja luz.

Esta e a essencia do desenvolvimento mediunicodentro da Doutrina do Santo Daime e dos ensinos deSebastiflO Mota. Desenvolver nos sa capacidade de en-tender todos os meandros da nossa realidade interna,ao mesmo tempo que firmamos aquelas que fazem par-te do nosso verdadeiro ser. Desta forma, nos liberamosdo perigo de sermos dominados ou mesmo obsedadospor vibra<;6es negativas e incovenientes, que normal-mente sac as raizes de perturba<;6es, desequilfbrios edoen<;as.

Muitos sac os testemunhos de curas pelo Daime degraves enfermidades ffsicas, das quais as pessoas ja seencontravam praticamente desenganadas. A come<;arpelo proprio Padrinho Sebastiao, que conta neste livrocomo foi curado, logo na primeira vez que tomou Daimecom 0 Mestre Irineu. £Ie deixa claro em seu depoimentocomo dava importancia ao poder de cura do Daime, queidentificava com a propria presen<;a cristica. Jesus emseu ministerio nao foi urn curador e urn milagreiro? Se-bastiao Mota dizia que tinha muito orgulho que 0 cha-massem de macumbeiro, pois era dessa forma que 0

Cristo foi chamado pelos seus detratares e par aquelesque p perseguiam.

Apesar da dificuldade que as religi6es instituciona-lizadas tern de aceitarem a pratica da cura espiritual, astecnicas empregadas par Jesus se assemelhavam muitomais ao sistema xamfulico e as opera<;6es espiritas, doque com a frieza do modele medico cientifico. Ele ex-pulsava espiritos, exarcizava obsessores, curava cegosfazendo bolinhas de lama e de saliva, fomecia ectoplas-ma, curava a distfmcia, etc.

Todas as curas dependiam basicamente de tres coi-sas: a consciencia, 0 arrependimento e a fe. Fe em Deuse em si mesmo, para que 0 Eu tenha for<;ade vontadesuficiente para adquirir e manter a gra<;arecebida. Vma

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vez 0 Padrinho fez urn trabalho de cura para urn homemconsiderado meio idiota e que tinha a estranha maniade ficar segurando 0 pesco<;:o, com medo que ele ver-gasse sob 0 peso da cabe<;:a.Aquilo nao se resolvia euma hora ele levou 0 homem pra fora e ordenou-Ihecom todo 0 carinho: Meu filho caminhe ate aeola comas maos no bolso e estara curado. E acrescentou ainda:Faf;a isso por mim. Depois de algunas tentativas mal-su-cedidas, 0 homem conseguiu cumprir a ordem e curou-se.

Fiel a esta compreensao, enquanto viveu, recebeu etratou muitos casos dificeis. Recebia da mesma formaos estrangeiros ricos e os miseraveis da beira do igarape,que nessa epoca eram a esmagadora maioria dos paci-entes. Ia pessoalmente em todos os trabalhos e explica-va em born portugues e em outras lfnguas estranhas, 0que fazer para iluminar os espiritos sofredores, curas queas vezes realizava no seu proprio corpo fisico. Presencia-mos muito verdadeiros milagres. Desde pessoas misera-veis e subnutridas que ficavam boas com urn pouco decomida e de amor, ate dementes acorrentados trazidosde canoa por parentes ate ele e que 0 Padrinho mandavasoltar ja no porto. E que, para 0 espanto de todos, setornavam imediatamente doceis.

PCllaele, ilumina<;:ao,cura, renascimento, mediunida-de, encarna<;:ao, tudo isso eram graus de inicia<;:aoquede forma alguma estavam separadas do dia-a-dia da co-munidade espiritual e suas batalhas. Seu sistema desadhana ou pratica espiritual era zen e dinamico, pou-co afeito a uma postma quietista de contempla<;:ao. Exi-gia de cada irmao urn esfor<;:osimultaneo em tres fren-tes: autoconhecimento, caridade e vida comunitaria.

Nao e possivel compreender 0 sistema espiritual deSebastiao Mota sem ressaltar a sua grande contribui<;:ao

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a Doutrina do Mestre lrineu, representada pelo seu idealcomunitchio. Comunidade e 0 laboratorio das provaspara 0 exercicio do arduo aprendizado espiritual con-junto, com todos os irmaos. Cenario onde se deve prati-car 0 mandamento mais valorizado e a sintese de todosos demais mandamentos enunciados pelo proprio Cris-to: amar a Deus sobre todas as coisas e 0 pr6ximo comoa si mesmo. 0 correto cumprimento deste verdadeiromandamento cristico realiza todos os demais. E interes-sante notar que na maior parte das tradic;6es espirituais,a salvac;ao e sempre uma coisa estritamente individual.lsso aumenta consideravelmente 0 desafio de pensar emtermos de urn sujeito coletivo a salvac;ao. Tal questao fazcom que nos tornemos mutuamente dependentes docrescimento espiritual urn dos outros. E e na comunida-de que devemos achar uma resposta adequada ao ta-manho do desafio.

Comunidade foi sempre urn ideal que nunca deixoude ser acalentado, formulado e praticado desde 0 com~-C;O da cristandade. Ela sempre foi sentida como uma di-mensao necessaria para a plena reaIizac;ao da obra cris-ta. Para que isso acontec;a todos os dons divinos, asmelhores instruc;6es recebidas pela revelac;ao espiritual,precisam ser incorporados a comunidade. Devemos tra-zer para dentro dela 0 melhor de nossas mirac;6es, vi-s6es, estados de extase ou momentos de plenitude, coma finalidade de achar soluc;6es cada vez mais engenho-sas e amorosas para os grandes desafios da vida e daconvivencia humana. A busca da verdade, dentro deuma perspectiva espiritual, fornece a (mica base segurapara a uniao, para a realizac;ao do sonho comunitario.Dessa forma, fortalece 0 amor ao proximo no seio dacomunidade. Mais do que qualquer coisa, e a verdadeespiritual que nos da os parametros corretos para nossaconduta. Ser filho do mesmo Pai, reconhecer a paterni-dade de Deus, nos obriga a ser irmaos em Cristo.

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Ser irmao implica em partilhar de alguns valores co-muns para que a vida em comunidade se tome possive\.o ideario e a pratica de Sebastiao Mota nesse ponto erabastante radical. Dizia ele: Se estou numa Doutrina deDeus batendo num, esculhambando outro e isso eaquilo ...Nao meu filho, a minha consciencia e essa: seeu comer, meu irmao come. Se ele nao comer, eu tam-bem nao como. E concluia: Isso pra mim e uniao.

Ser irmao e portanto 0 maior achado desta Doutrina,que se considera urn replantio das verdades essenciaiscristas para os dias de hoje. Sebastiao Mota chega a di-zer que 0 irmao, por mais complicado que ele seja, e umpresente que recebemos. Quanto mais enjeitado, maisdevemos gostar dele. Em urn hino, tambem afirma queJesus Cristo e 0 nosso irmao. Querendo dizer com issoque, todos que procuram 0 Cristo, seja qual for 0 meto-do e 0 tipo de devoc;;aoque praticam, precisam obter aimportante revelac;;ao de que Jesus .Cristo e 0 nosso ir-mao, e 0 que fizermos pelos mais necessitados e enjei-tados, estaremos fazendo por Ele.

A necessidade de sacralizar 0 irmao se constitui numaautentica karma-yoga. Lembra tambem a espiritualidadehassidica, fortemente impregnada com 0 dia-a-dia dacomunidade. Sebastiao Mota insistia muito na exigenciade respeito e confianc;;acomo sendo os pressupostos doam or. Para ele, espiritualidade e respeito. E preciso con-fiar em si mesmo e nos outros para poder confiar emDeus. Muitas mensagens importantes chegam atravesdos irmaos. Assegurados da boa procedencia das cana-lizac;;6esrecebidas, e dever de todos arregac;;ar as man-gas e cumpri-Ias. A harmonia, 0 amor, a verdade e a jus-tic;;aalcanc;;ados pela comunidade e urn indicativo da re-alizac;;aodestes atributos divinos. Como 0 Velho costu-mava dizer: se nao tiver amor, nao tem verdade, nemjusti<;a, nao se esta em Deus. Esta falando de Deus mas

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nao se estd Nele. A maioria das pessoas falam de Deusporque ouvi os outros falar e nao porque saiba onde Eleestd.

a Aspecto Messicmico e Escatol6gico

A perspectiva de trabalhar nao s6 para ser urn filho deDeus, mas tambem de arregimentar urn povo para Deus,implica em analisar os elementos escatol6gicos emessianicos da Doutrina do Mestre lrineu e do PadrinhoSebastiao. Como sabemos hoje, 0 cristianismo foi urnfermento que se alastrou rapidamente num periodo detransi<;ao denominado intertestamentario, entre os doistestamentos, quando fervilhavam seitas e textos de cara-ter mais ou menos sectarios e que davam grande realceao pr6ximo advento da era messianica. Nessa era seacreditava que fosse reestabelecida a ordem divina nomundo e 0 futuro espiritual da humanidade em confor-midade com as promessas dos prafetas e avatares. Estaparece ter sido tambem a expectativa dos primeirosap6stolos do movimento cristao ate que Paulo os liber-tasse de uma interpreta<;ao meramente literal da chega-da do final dos tempos e escrevesse a sua famosa Epfs-tola aos Tessalonicenses.

~a carta, ele alerta todos os irmaos das comunidadese igrejas espalhadas por ele na Asia Menor, para que naofiquem de bra<;os cruzadps esperando 0 fim do mundo,e que ao inves disso, todos trabalhassem pelo seu pr6-prio sustento e pela difusao da Doutrina. Hoje em dia, aluz das recentes descobertas do Mar Morto, tanto a teolo-gia de Joao Evangelista quanta a de Sao Paulo, mostramuma grande influencia de certos textos atribufdos aosessenios, de onde 0 cristianismo primitivo herdou muitodos seus aspectos messianicos e escatol6gicos.

Seguindo a mesma linhagem e experiencia dos cris-taos dos primeiros tempos, 0 tema do fim dos temposda Parusia, ou da nova vinda do Senhor, tambem ~sta

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bastante presente na obra e na palavra de SebastiaoMota. Na palavra, atraves de varias referencias que elefaz em seus hinos. e no decorrer das instru<;6es deste li-vro. E na sua obra, atraves da energia material e espiritu-al extraordinaria que ele empregou para viabilizar 0 pro-jeto de uma comunidade espiritual e auto-sustentavel nafloresta, como uma aIternativa para os rigores dos tem-pos vindouros anunciados.

Da mesma forma que Sao Paulo, Sebastiao Mota naoquer ninguem de bra<;os cruzados esperando peloApocalipse. Ele nos quer renascidos e despertos, aspi-rando pela vida espiritual, unidos com os irmaos, cum-prindo nossas obriga<;6es e deveres sociais na batalhada sobrevivencia do dia-a-dia.

Quando sua face resplandecia para falar de temasprofeticos, nos causava uma forte impressao. Mas emnenhum momenta nos sentiamos diante de urn tomsombrio e lamuriento do anuncio de urn Armagedonpela boca de urn pastor fundamentalista, que encara 0final dos tempos como 0 produto de uma exacerba<;aomonotefsta de urn Deus rancoroso e vingativo. Para ele,pelo contrario, esse acontecimento era a concretiza<;aoda antiga promessa, 0 prenuncio do retorno de quemvinha sendo esperado e acalentado pacientemente pelafe de, todos os grandes santos, martires e profetas. Urnevento que ninguem sabe, ao certo, como e quandoacontecera. Urn fim que, na verdade, e urn novo come-<;0que marcara uma nova interven<;ao de Deus na hist6-ria.

Sebastiao Mota nos alertava para 0 significado espiri-tual das profecias. Mas tambem acreditava, como SaoPaulo, que nao deveriamos nos descuidar da base mate-rial de urn reino onde Deus, se quisesse, viria habitar naTerra juntamente com seus fiIhos, no cumprimento daantiga promessa. Por isso tudo, e que ele nos exortavaconstantemente a nao descuidar dos nossos plantios demacaxeira e de todo 0 tipo de alimento, que preservas-

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semos as nossas sementes, produzfssemos nossas rou-pas e que, principalmente, abandomissemos a ilusao .

Em algum ponto houve urn desvio de rota, e e precisovoltar ao ponto de partida, saindo da dependencia deurn tipo de vida viciada e consumista para criar algumacoisa nova, 0 que ele resumia na frase: Nova vida, novopovo, novo homem e novo sistema. 0 homem novo pre-cisa tomar uma nova atitude e entrar de posse do seuEu Superior. Assim ele podera compreender que faz par-te de seu destino a possibilidade de viver num parafso,sem as tais invenr;6es destruidoras. Ser urn protagonistaconsciente da constrU<;ao da nova vida, tanto materialquanta espiritual. Nao devemos abandonar a perspecti-va da vida material ate mesmo porque a busca de realiza-la com perfei<;ao, assim como nossos deveres familiarese sociais, tambem nos habilita a alcan<;ar a perfei<;aoespiritual.

Sebastiao Mota dizia que, par ele, jd tinha acabadoesse neg6cio de mal. Era s6 Deus querer, que a verdadese plantava assim de uma hora para outra. Ele tinhatambem a esperan<;a de um dia pisar no batente e des-manchar todo tipo de reino a toa. Sentia uma grandecompaixao par seus irmaos que viviam uma vida quasemiseravel, abandonados na beira dos igarapes. Refletiaso~re as dificuldades dos seringueiros, povo do qual elemesmo fazia parte. Sofria com a devasta<;ao da floresta,sinal inquietante que s6. confirmava aos seus olhos averdade dos antigos ditos, onde se dizia que, nos tem-pos vindouros muito colhia nada, quando antigamen-te, nos tempos passados, pouco colhia muito. Mas cos-tumava dizer tambem que mesmo 0 pouco com Deusera muito e 0 muito sem Deus era nada. Por isso agrade-cia a Deus de cara<;ao, porque hoje n6s ainda temos 0

arroz e 0 feijtio para comer, dividir com os amigos eajudar os necessitados que nem isso tem. Conclufa di-zendo que ntio estava atrds de dinheiro do ninguem. 0que ele queria era arroz, feijtio e amigos. E se Deus vies-

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se, conforme as prafecias, mudar novamente as regrasdo jogo no interior da historia humana, ele estaria pre-parada e bem acordada.

Nao ha duvida de que Sebastiao Mota tinha uma pla-taforma escatologica bastante sensata. Segundo ele, ainstrU<;aoque recebera era para que a pavo de Deus queia sendo colhido pelo sacramento do Daime se postas-se em seus acampamentos e locaisapropriados, numaenfase a uniao comunitaria e a congrega<;ao santa quelembram os preceitos dos antigos terapeutas e esseniosque viveram no deserto. Esta e a chamada que esta sen-do feita nos tempos de hoje. Isso porque a voz do Espiri-to da Verdade, que outrara clamava no deserto, esta noschamando novamente d0 interior da floresta, em plenofinal do milenio.

Para compreender 0 pensamento e a obra espirita deSebastiao Mota, e preciso ter sempre em vista a rela<;aoentre a radicalidade da caridade crista original, do movi-mento fundado por Jesus, e 0 que se constitui 0 seu prin-cipal modelo inspirador. as relatos dos Evangelhos ex-plicam como Jesus enfrentou a oposi<;ao, 0 escarnio emesn'1.o 0 esdindalo da opiniao publica da epoca porensinar e curar toda sorte de desqualificados sociais etambem pelo fato de se sentar a mesa de marginais,publicanos, prastitutas e pecadores.

Da mesma forma agia Sebastiao Mota. Sua caridade,por ser tao misericordiosa, parece ainda hoje ultrapas-sar 0 limite do senso comum e de certas normas e con-dutas sociais. Mesmo que essas normas sejam de duvi-dosa eficacia,(basta ver como elas nao conseguem darconta dos grandes males com os quais se defrantamnossa civiliza<;ao) a questao ainda assim exige grandeaten<;ao. Isso porque 0 paradigma de nossa sociedade,

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baseado na apropria<;ao, acumula<;ao, desperdicio, ex-clusao social e falta de solidariedade e compaixao hu-mana, produz graves problemas.

E aqueles que tern a sua saude fisica, mental ou espi-ritual atingida por tais problemas e que nao tern sucessoem resolve-los ao nivel familiar ou social, van bus car aju-da nos terreiros e centros espiritas iguais os nossos. Di-ante deste quadro, qual e 0 papel do cristao, daquelesque se consideram, nos tempos de hoje, os seguidoresdo Mestre Galileu? Entre negar a caridade e ser acusadode charlatan ou irresponsfwel, de que lado devemos fi-car? Se seu jumento cair no po<;o num sftbado voce iriaate 1fttirft-lo?

Sebastiao Mota respondeu a questao atraves do exem-plo de caridade e com a ousadia que enfrentou os riscosdecorrentes do cumprimento da sua missao. Convemfrisar que a caridade, sem a qual de nada adianta falar alingua dos anjos, implica em assumir uma pesada res-ponsabilidade. a enfoque espiritual nao e convencional,reducionista ou ideologico. Ele implica em assumir aplena liberdade da condi<;ao humana, pressup6e confi-an<;a e fe na possibilidade do milagre. Milagre que signi-fica se abrir para 0 outro, entender e partilhar 0 seu sofri-mento e oferecer solidariedade espiritual e humana. Estae ~ formula primitiva do cristianismo xamanica pratica-do par Jesus.

Tudo is so nos obriga a refletir porque, alem daradicalidade crista, a nossa cren<;a religiosa ainda can-sagra uma bebida enteogena como sacramento, e 0 ris-co de confusao, principalmente com 0 tema das drogas,dependencias e fanatismos, se torn a ainda maior. Issoexplica, em grande parte, 0 preconceito e a intoleranciacom que as vezes somos tratados e as press6es que en-frentamos ao assumirmos 0 risco de fazer 0 bem para 0

nosso proximo em lugares e situa<;6es onde nao hft maisninguem disposto a faze-lo.

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Os ensinos que herdamos de SebasWio Mota partemde pressupostos verdadeiros que acreditamos ser 0 es-pirito original da Doutrina Crista. As atitudes inspiradaspar tais ensinamentos depend em mais de uma grandeconfian<;a em Deus, em si-mesmo e no pr6ximo, e me-nos nas conven<;6es, aparencias e jogos de poder. A pers-pectiva nao e receber apenas os bons e os certinhos,mas os sujos e os rasgados, para que tambem eles pos-sam entrar na Casa do Pai limpas e sem pecada.

Sebastiao Mota era urn homem de coragem. Dizia quesem ela nao haveria nenhum conhecimento espiritual,nem aquisi<;ao duradoura possivel para 0 Ser. Tinha umafar<;aespiritual que 0 levava a mergulhar profundamenteno Daime e em outras plantas de poder que pesquisava,pelo que sofreu alguns dissabores. Disse certa feita: Naasou hamem para gelar nesses neg6cias de qualquer li-nha. Se for para entrar, entro mesma. Se e para desca-brir as misterias do mundo, estau aqui e par issa! Tam-bem deu provas de coragem pessoal, quando na epocaque 0 Daime foi perseguido em Rio Branco, manteve seutrabalho aberto, enquanto outros centros escondiam emesmo derramavam 0 Daime com me do de uma inter-ven<;ao policia!. Nessa epoca, teve varias entrevistas comas autaridades, as quais se refere como 0 senhar da fe-deral.,Certamente apenas a coragem nao basta. E preci-so tambem sabedoria para saber compor com 0 mun-do. A hist6ria mostra que, mesmo quando esta em jogoa defesa de bons princfpios, a ingenuidade, a intransi-gencia e 0 sectarismo as vezes fazem naufragar uma boacausa espiritual, impedindo-a de ter uma fluencia dura-doura.

Portanto, devemos fazer das cobran<;as e exigenciassociais urn estfmulo e urn desafio para 0 nosso aperfei-<;oamento. Importante, tambem, e a confian<;a e 0 dialo-go entre todos aqueIes que estao sinceramente empe-nhados em uma solu<;ao para a nossa atual crise plane-

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taria. E preciso muita sinceridade e uniao para encontrarlima saida realmente eficaz para a humanidade.

Cada vez fica mais claro que a saida pass a pelo espi-ritual. A valoriza<;ao do pensamento xamtmico, dos es-tudos na area da psicologia profunda e dos estados deconsciencia alterados relacionados com 0 extase mfsti-co, fazem parte da busca de urn novo paradigma paranos ajudar a resolver este imenso desafio. Neste sentidoe que 0 resgate do modelo da consch3nciaarcaica repre-senta urn fato tao atual quanta necessario. Esperamosde cora<;ao que, muitas abordagens do pensamentoxamanico dos nossos ancestrais, hoje tambem preser-vadas nos cultos enteogenos como 0 do Santo Daime,possam ser vistos com interesse e compreensao pelasociedade atual e que isso nos ajude a pavimentar a pon-te entre a Espiritualidade e a Ciencia, em prol do futuroda propria humanidade. Dizia Sebastiao Mota: feliz denos se pudermos ter a consciencia de que estamos tra-balhando pela humanidade inteira!

Quem comprende os ensinos de Sebastiao Mota pra-tica a mesma paciencia demonstrada por ele com osespiritos mais atrasados. 0 que e claramente uma provade caridade e nao de fraqueza.

Devemos cumprir, portanto, nossas obriga<;6es e "dara -Cesar a que e de Cesar e a Deus a que e de Deus."Deixando para Ele qualquer decisao mais drastica acer-ca dos destinos do mundo e do tempo. Nao e possivelacelerar nem retardar nada. Melhor cumprir nossa obri-ga<;aoe trabalhar para que tudo de certo. 0 mais sensatoe, na expressao do Padrinho Sebastiao, ser um homemperfeito, assim na terra como no ceu. Aspirar a vida eter-na e enquanto ela nao chega, celebrar a vida com ale-gria, em comunhao com a natureza. Saber consagrar avida como sendo a porta ja entreaberta para 0 Reinoanunciado.

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Por muito tempo, SebasWio Mota de Melo teve a espe-ran<;:ade ver a transforma<;:ao deste Novo Mundo aindacom os olhos da materia. A medida que a doen<;:a nocora<;:ao piorou, e que tomou consciencia de que 0 seupovo ainda estava longe de corresponder as suas metas,e que ele come<;:ou a dizer que iria nos esperar do ladode la. Mas nunca perdeu a fe na nossa capacidade de serum povo acordado e preparado para receber 0 seuDeus.

E como disse seu filho Alfredo, ele pode se ausentarde sua vida corp6rea com bastante serenidade e cons-ciencia do que fez e para onde estava indo nos esperar.Enquanto isso, por aqui, tambem estamos esperandopelo dia do auspicioso encontro. E tanto faz que ele ocor-ra na hora que estiver marcada para cada urn de n6s, ouque se realize coletivamente a gal ope dos vertiginososeventos escatol6gicos anunciados pelos profetas. De urnjeito ou de outro, precisamos adquirir conhecimentoainda em vida para renascermos e nao nos tornarmosurn aborto.

A mensagem deste pequeno Evangelho certamentesera litil para muitos que sequer conhecem 0 Caminhodo Daime. Mas, particularmente para os daimistas, eleexige 0 desafio extra do testemunho. Sebastiao Mota fa-lava. com cada vez mais freqilencia, ja no final de suavida: 0 Daime precisa e de homens que se busquem ese corrijam.

E esta a responsabilidade que os buscadores teraoque enfrentar para responder atraves do pr6prio teste-munho. Dizia Sebastiao Mota: Sempre falo pra que cadaum entre no caminho reto, pra mio me andar fazendovergonha la na frente. Se eu far;o um caminho e 0 meupr6prio companheiro vem metendo pau na frente, ta-pando, ele nao e meu companheiro. Ele esta fazendodesordens mas eu nao ensino assim, porque Deus nao

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me ensina assim. Deus me ensina para que eu seja umhomem Nele para que Ele seja em mim. Por causa dotroper;o, da duvida e do medo e que 0 homem carnalperde seu Eu Superior. Torna-se um aborto que a terravai ter.

E arrematava: A terra s6 dd batata, mas a espirituali-dade e uma coisa linda!

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o EvangeThoSegundo

Sebastiao Mota

Notus do EditorOs textos deste Evangelho SaDtranscrif;6es de fitas. Optou-se por man-ter a palavra de Sebastiao Mota da maneira como ele falava.

Os hinos da Doutrina do Santo Daime citados est60 em itdlico entreaspas.

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CAPITULO I

Lembran~as.,Orlgense Fundamentos

Nasci na mata, nela me criei. Nao aprendi nada mas 0

que aprendi me serve f0uito. E nela estou e nao querosair dela nao, de jeito aIgum! Foi aonde eu encontrei aminha Vida Etema e nao posso me esquecer por urn s6momento. 0 meu desejo e cada dia mais amor, maisperfei<;ao nesse povo. E 0 que eu pe<;o todos os dias. Eainda digo: Para amar e ter amor/E preciso conhecer/Deus em tua mente/Deus e 0 teu saber/Para amar e teramor/E preciso conhecer/Amar a todos seres/Igual-mente a voce/Quem ama e sabe amar/E um {oco deluz/Quem ama a todos os seres/Ama a meu Jesus/Paraamar e ter amor/E preciso obediencia/Amar a VirgemMde/E 0 nosso Pai Onipotente.

En, desde 0 meu nascimento que vim cheio de doen-<;a.Eu nao tinha saude. E vinha vivendo sempre, sempredesta maneira. Daf come<;c>uumas vozes que chegavamonde eu estava, me mostrando uma coisa exata. Eracomo uma pessoa que dizia pra mim que ia chegar. Eucorria e contava pra mamae. Mas ela nao Iigava. Com aidade de oito anos, eu tive urn sonho. Lembro como sefosse hoje: eu estava no meio das matas e s6 tinha umacIareira, urn Iimpo. Eu estava s6, la longe. Chapeu nacabe<;a, uma roupa que me lembro bem. Af, quandocome<;ou 0 fogo na mata, e vinha aquela zoada medo-nha, eu vi a Iingileta do fogo que foi me arrodeando e

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queimou tudo. Nao ficou nada. 56 ficou 0 lugar que euestava. Eu estava s6. E hoje eu me acho aqui.

A minha vida la no Amazonas, de 15 anos em diante,era ver visao da agua, do mar e do Astral. Mas nada da-quilo eu compreendia. Porque era como se fosse de urnsonho. E depois chegou a urn ponto da voz me dizer ascoisas. Mas eu nao Iigava pra ela. 56 teimava. E as coisasiam acontecendo. Se me diziam, eu respondia: "Quenada!", como urn teimoso. Mas sempre terminava acon-tecendo. Logo eu via 0 resultado. Ate que foi indo, foiindo, eu comecei a atuar, dizendo como era 0 Astral,entrando na floresta, entrando nas aguas e de confor-midade com cada uma delas, eu tinha as vis6es. Com 0

tempo, quando eu comecei a trabalhar em espiritismo,a coisa manifestou-se mais clara. E uma voz comec;ou ame chamar. Vinha com uma luz acesa. Era sempre anoite. Chegava e me chamava: "Bastiao!" E eu respon-dia: "Opa, 0 que foi?" Ai a luz apagava, e a voz tambem.

Avoz mostrava tudo e tambem acusava tudo quanta eerro que eu fazia. Comigo foi assim. E passei baixinhopara poder conhecer 0 Ceu e a Terra! Passei baixo, des-de a hora que cheguei para vir encarnar. Mas grac;as aDeus, conhec;o 0 Astral, a Terra, 0 Mar... Para poder tedizer: Eu sou 0 que 0 Criador Eo. Para dizer isso, e precisoter,conhecimento, conhecimento real das coisas. Nao es6 porque eu Ii - grac;as a Deus que nao sei nem ler -, epenso que ja sei alguma coisa. Que adianta saber ler? Enao ter 0 conhecimento do Espfrito da Verdade? Eu naoYOU entrar nessa ... porque eu nao sei nem falar. Eu seiporque sei. Nao porque Ii. Nao YOU tirar razao de quemtern, para dar a quem nao tern. Pois e, nasci pobre, soupobre, mas me considero rico.

Foi mais tarde que recebi 0 dom de curar quem meprocurava. Isso eu fazia apenas com a fe que eu tinha e 0meu conhecimento. Por isso eu digo a quem quer queseja e que esteja de olho arregalado ...Desde os 8 anos

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ate agora, eu tenho sido urn estudante no Astral, semprecisar avexar 0 meu passo. Tenho conhecimento dis-so tudo que estou falando. Nao falo a toa, falo porqueconhe<;o. De quem eu falo e porque eu conhe<;o! Naofalo porque eu vejo os outros falar: "E aqui dentro daVerdade/Veja 0 Mestre aonde estoP'. Bern, eu vou mecalar, porque quanta mais a gente conversa, mais apare-ce coisa pra conversar e eu nao quero mais nao!

Pois e! Minha vida desde crian<;a e urn sofrimento s6.Comecei a cortar seringa com dez anos de idade. E ain-da hoje s6 nao estou cortando porque adoeci do cora-<;aoe nao posso subir e descer ladeira que da uma dorinsuportavei. Se nao embarrar sou capaz ate de morrer.Mas estou com a esperan<;a de urn dia ficar born. Queassim como adoeci, tambem, de momento fico born,nao e? E mesmo do cora<;ao ja estou me achando bern,gra<;asa Deus. S6 falta mesmo uma coisinha pouca aquino estomago.

Cheguei no Acre vindo la do outro lado do Amazonasem 57. Em 65 tomei Daime pela primeira vez. E a hist6riaque eu estava contando. Ai, logo me conheci e pronto,acabou 0 sofrimento! Contam tanta coisa, que eu ficoate admirado. Mas e isso mesmo. 0 cara faz 0 rumo, vaicome<;ando, ate que da certo. E mexe com muita coisaque JlaO tern nada aver, conversa muito, escreve, andapelo outro lado. Mas cada qual e urn, tern 0 seu cami-nho pr6prio. No final, tra<;a·0 rumo certo e chega.

Ainda no Jurua, eu comecei a ter as vis6es. Numa de-las eu peguei urn aviao astral e cheguei ate 0 Acre. Naodemorou muito, vim materialmente. La por volta de 58ou 59, nao me lembro bern, fui conhecer a cas a doRaimundo Irineu Serra, mas nessa epoca ele andava pro

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Maranhao e n6s nao se encontramos. Entao, eu entreipara urn Centro Espfrita chamado Pai Joao. Passado urntempo fui outra vez ver se ele tinha chegado, mas eleestava dormindo. Nao era ainda minha hora. E passa, epassa 0 tempo, quando foi em 65, eu fui de novo ate 1a.Mas ja estava muito doente. Foi 1a que recebi a minhasaude, no Santo Daime. E durante toda a minha vida, eus6 recebi coisas boas no Daime. Nele esta a minha vida,e a de todo aque1e que quiser. E s6 bus car e saber 0 queesta buscando. E ate 0 presente momento, 0 motivo daminha vida, a minha missao tern sido esta.

Quando fui tomar 0 Daime estava doente de urn tro<;oque eu nao sei 0 que era. Come<;ou quando recebi apancada de urn besouro aqui na barriga. Par muito tem-po aquilo fervi1hando, e num dia come<;ou a andar naminha barriga, subiu ate aqui a garganta. Eu gurgu1havae nao safa nada. Passei 1 ana doente desse jeito, semque nada me reso1vesse. Ai, que sofrimento! Numa haraque nem essa eu estava nos maiores sofrimentos da mi-nha vida! Traba1hava 0 dia todinho, mas quando davaquatro horas da tarde come<;ava 0 engrulho que chega-va ate a garganta, e voltava pra tras, ate oito haras. Issoacontecia todo dia das quatro horas da tarde ate as oitoda noite.

J;3otavauma baba para fara, todo dia que era urn hor-ror! E aquilo nao se acabava, era aque1a sensa<;ao dotro<;oandando par dentra. do corpo. Ia no doutar, e1e re-ceitava isso e aquilo, ate que par fim disse: "Rapaz, euacho que 0 recurso e abrir pra ver 0 que que tern." Eurespondi: "Ah, doutar, sem saber 0 que e, eu nao yOUabrir nao." Nesse mesmo dia, eu disse: " Hoje ou eu ficoborn ou entao you morrer. Vou Ia no Mestre Irineu!" Pro-curei antes uma mu1her que traba1hava com macumbaque me disse: "Oh! Nao va nao, que 0 senhar vai perdero seu tempo." Eu respondi: "Se 0 doutor disse que eunao tenho jeito, que 0 jeito e abrir, eu you 1a."

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Ai voltei .da cidade, vim aqui, porque nesse tempo agente andava era de pes - daqui pra la e de la pra ca.Vim, peguei a roupa, e fui pro Centro do Mestre lrineu.Cheguei la e perguntei: "Quem e 0 Mestre lrineu aqui?"Disseram: "Espera por af que ele esta chegando." Era diade serv[(;o . Parece mesmo que eu acertei de ir. Falaramassim: "quando voce ver urn moreno alto descendo aco-la, pode ir encostar que e ele." Quando deu cinco horas,la vem. Eu penso: "0 homem e grande mesmo." Ai che-gou, sentou, e eu com vergonha de ir. Mas uma voz medizia: "Nao, pode ir que ele atende!" Ai eu fui, falei comele que estava me achando assim meio sem gra<;a.Eleolhou pra mim e perguntou: "Voce e urn homem? Eurespondi para ele que nflOsabia: "Disseram que eu eraquando eu nasci. Hoje eu nao sei. Eu me acho ja urn paide familia, mas nao vou dizer pro senhor que sou ho-memo E claro que sou sim, num certo sentido, mas naosei se sou no outro. Porque horn em e homem mesmo,nao e qualquer pe-rapado." Entao, 0 Mestre me disse:"Se voce for homem, quando for na hora certa, entre nafila, tome 0 Daime e depois voce vem me dizer algumacoisa." Tudo bern, eu fui...

Tomei 0 Daime e fui para 0 meu cantinho. Era umaConcentrar;ao. Estava todo mundo concentrado e eucom~ besta, de vez em quando dava uma olhada. Viatudo quieto, af eu me aquietava tambem ... Nao sentianada ... Olhava os outros, tudo quieto. Com urn poucocome<;ou uma fervilhan<;ade urn lado do corpo, passoupro outro,eu pensei: "0 tal neg6cio ta chegando." Eu fuicriando medo e me deu uma desimpaciencia, comeceireparar nos outros. Eu quis sair do lugar onde estava,andei na pontinha do pe, mas quando chego bem pertode onde a gente tomava 0 Daime ele me deu urn assopro.Eu achei tao fedorento! Ai voltei para tras. Quando euvou chegando no banco para me sentar de novo, umavoz falou: "0 homem perguntou se voce era homem evoce so fez e gemer!" Foi af que 0 neg6cio aconteceu. 0

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mundo acabou-se! 0 corpo velho foi abaixo. 0 corpo nochao, e eu, ja fora do corpo, fiquei olhando para ele. Eme sentia alegre, nao tinha nada de doenc;a s6 quemsofria era 0 corpo que estava la estirado. Nesse momen-to se apresentaram dois homens que eram as duas coi-sas mais Iindas que eu ja vi na minha vida! Brilhavamcomo 0 Sol! Mesmo que fossem feitos apenas de fogonao era nada, porque 0 ser era muito mais bonito ainda!Traziam uma aparelhagem que parecia muito pesada.

Quando eles chegaram, pegaram meu esqueletotodinho na mao. Puxaram me us ossos por inteiro, quenem uma espinha de peixe. Olhavam e reviravam aque-la ossada, separando a costela do espinhac;o, depoisdanaram-se a tirar tudo. Viravam e limpavam tudo. Memostravam tudo. De repente os ossos stlmiram, quandodei conta ja estavam no corpo. Ai,viraram a carcac;a quesobrou e partiram em pedac;os, pendurando tudo nunsganchos. Puxaram para fora 0 intestino e ficaram comele todo na mao. Depois pegaram 0 figado, cortaram,abriram, e me mostraram. Tinham tres bichos do tama-nho de urn besouro. Eram eles que andavam para cimae para baixo, provocando todo aquele mal. Urn dos ho-mens veio bem pertinho de mim, que a tudo observavafora do corpo, e disse: "Estao aqui, quem estavam lhemCitando eram esses tres bichos, mas nao tenha medoque desses voce nao morre mais." Ai eles meteram os6rgaos e 0 esqueleto dentro do corpo e fui acordar jadentro dele.

Nao sabia mais pra onde tinham ido os doutores, nempor onde tinha estado, levantei e bati a poeira. Foi assimque fiquei born e voce ainda hoje nao ve remendo dessaoperac;ao que recebi. Grac;as a Deus fiquei bonzinho,igual urn menino. Ja no dia seguinte era como se eununca tivesse tido nada e estou aqui ate hoje.

Depois de mim, ja vi muitos serem operados e estaotodos bons. Muitos correm ate a essa Doutrina porque

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tern precisflO, se acham ja sem vida, chegam ate aqui,achama vida e aqui ficam. Outros chegam a ficar bornmas dao no pe, vao se embora! Com 0 tempo algunsvoltam. Mas sempre numa situa<;ao pior dos que ficamlutando juntos. E uma luta muito seria. 0 sujeito pra le-var essa Ooutrina segura urn grande peso, nao e comfacilidade, nao e com dinheiro, nao e com nada. E s6com coragem que se pode levar...

Essa foi a primeira vez que tomei 0 Oaime e obtiveminha cura. E daf desembolei mesmo a ter 0 conhe-cimento das coisas e fui indo, e fui indo, e hoje possocontar essas coisas que sao verdadeiras porque eu vicom me us olhos espirituais.

Se esta Ooutrina hoje nao esta alem e porque 0 povonao compreendeu e nem se juntou a ele. Ate que 0 Mes-tre juntou urn bocado de gente, mas nao deram valor aele. Por que? Porque era preto. Quando chegou nesseponto da confusao, ele foi embora e eu fiquei la juntodos outros fazendo os trabalhos na sede do Mestre. Aicriaram la urn neg6cio de nao sei 0 que, de urn ciume,uma inveja ... Come<;aram a achar que 0 mestre gostavamais 'Clemim do que dos outros. Oaf eles come<;aram acriar caso. Por exemplo: 0 velho Irineu deixou combi-nado comigo de eu fazer o'Oaime e levar para la. Umametade era para ele e a outra metade era minha. E assimfoi. Com 0 Mestre eu ia muito bem. Tudo corria bem.Mas depois que ele faleceu come<;aram a criar caso. Naosei nem 0 porque des sa intriga, mas urn dia eu penseicomigo mesmo: "Antes que a gente brigue, que eu naoquero saber de briga, eu me arretiro".

Urn dia, eu recebi uma ordem no Hinario, mas eu ain-da nao entendia 0 que queria dizer. Uma voz me dizia:"Levanta urn templo e prepara urn povo". A voz nao me

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pediu segredo. No outro dia eu fui la e eontei ao Padri-nho Irineu 0 que tinha aeontecido e ele me disse: "Man-dou levantar 0 templo com que? E 0 senhor tern tempopra isso?" Eu respondi: "Nao tenho nao senhor, masDeus tern, porque mandou eu levantar. Sera que nao dapra eu levantar?" E ele: "0 senhor tern com que? Entaoeu falei: "nao tenho nao senhor. Povo nao tern nenhum,mas tenho eerteza que Deus tern, e quando for urn dia se

.levanta." 0 tempo foi passando, passando, 0 Mestre foise retirando aos poueos, ate que fez a passagem.

Logo depois 0 povo foi ehegando. Nao tinha me sidoentregue? 0 Mestre Irineu, quando estava para ir emborapara 0 Astral, me passou muitas eoisas dele para mim.Depois que ele desenearnou, 0 espfrito foi quem veioentre gar 0 resto. Disse para eu nao temer nada sobrequestao disso ou daquilo la de fora. Era para eu levar emfrente que 0 Daime ia guiando. Ia guiando para ir tirandoo povo de Juramidam do meio da cidade e eoloeandono Parafso.

Essa foi a minha missao: a de tirar 0 povo que Deuspediu que eu tirasse. Naquele tempo, eu me lembrobern, que nos estava em debate ate com a polfcia fede-ral. E quando a eoisa esquentou uns e outros queriameseonder 0 Daime, mas eu disse que nao! Aguentei fir-m~! Porque eu sei 0 que fui bus car no Daime, eu seimuito bem e nao podia negar, nem fazer urn papel deeovarde. Gra<;asa Ele eu, tive a minha saude total. Se pi-orei urn poueo, passado tantos anos, e porque 0 mundointeiro balan<;ou! Balan<;ou mesmo e ainda esta balan-<;ando. E nos, que estamos seguros com 0 Santo Daime,estamos seguindo 0 que disse 0 nosso Mestre: Todoaquele que se segurar nos raminhos verdes, seguremesmo! Porque sertio os unicos que podertio chegar."Tudo esta vindo, 0 tempo vem mareando e esta se ven-do. E a voz do deserto avisando pra todo aquele quebusea 0 Cristo Jesus.

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Dialogando com as autoridades

Quando foi para levantar aquele templo em Rio Bran-co, eu fuL Tava uma revolw;ao com 0 Daime. E eu fui lana Federal. Falei com 0 senhor da Federal que essa reIi-giao, criada no Acre pelo Raimundo Irineu Serra, nao erapara se tratar como uma coisa a toa, pelo contrario era

. coisa muito seria. Q senhor da Federal me apoiou, medeu todo 0 apoio. Gra<;aseu dou a Deus e a ele, porqueele teve urn conhecimento da verdade. Gabo, porque foiurn homem serio que bancou a sua sinceridade. Porqueconheceu 0 que e a verdade. E nao tomou 0 Daime, mascom certeza teve urn sonho. Porque 0 que eu falei praele, no fim da nos sa conversa, ele fez. E dai, ninguemmexeu. Federal e minha amiga. Digo aqui, digo la e digoem qualquer lugar. As policias todas, eu you falar logoem geral, nao tern nenhuma que eu diga que me fez mal.Policial nenhum. Gra<;as eu dou. Tanto eu respeito,como eles tambem me respeitam e vao me respeitar,porque eu nao desrespeito ninguem. Sempre cuido deser amigo do amigo, e nao falar disso e daquilo.

Q,Padrinho Irineu veio pra ca, acho que foi em 1912.Pelo menos e isso que 0 povo fala. Ele veio pra trabalharainda rapazinho novo, dai sentou pra<;a e trabalhou mui-to no governo do Fontenele.

A historia do encontro do Mestre Irineu com a Rainhaeu nao sei bem nao, mas ele contava que estava cortan-do seringa, quando conheceu urn peruano que ensinouele a fazer 0 Daime e tomar. Entao, ele tomou com essecabodo peruano. Passou 0 tempo e urn dia, ele estavacortando seringa com mais urn companheiro que sechamava Antonio Costa. Muitas vezes eles iam pra den-tro da mata e tomavam 0 Daime. Urn dia, esse Antonio

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Costa disse assim: "Oh Irineu, aqui tern duas moc;as di-zendo que n6s estamos trabalhando pra ser besta!" Elerespondeu: "Mande que elas venham falar comigo, queeu estou aqui pra conversar com elas!" Entao 0 Antoniodisse que elas mandavam dizer que tal dia estariam aqui.o Mestre respondeu: "Pois nesse tal dia eu yOU estaraqui." Quando foi no dia combinado ele fez 0 Daime ese meteu no mato ... De vez em quando ele ouvia umavoz que dizia: "Toma Daime". Ele obedecia e emborca-va 0 caneco, e dizia pro companheiro: "Olha ai, eu jatomei uma canecada, e tu?" E 0 Antonio Costa respon-dia: "Rapaz eu tambem ja tou alto." Ai 0 Mestre pegava 0

caneco e bebia mais, e 0 tempo ia se passando, ate queas moc;as chegaram e fEllarampra ele: "Olha, tu te apron-ta, te apronta mesmo, que tal dia vem uma mulher falarcontigo. Ela vem te ensinar como e 0 modo de tu levan-tar a Doutrina".

Quando foi neste dia, ele preparou 0 Daime, foi para afloresta e comec;ou a tomar. Com pouco tempo ele viu acIaridade vir chegando, expandindo tudo, com poucoestava uma mulher na frente dele. Ela falou pra ele: "Meconhece?" Ele disse: "Conhec;o! Nao e uma mulher?" Eladisse: "Mas, tu nunca viste esta mulher, esta mulher aquitu nunca viste. E a primeira vez que tu ta vendo." Entao,ele,perguntou: "Como te chama?" Ela disse: "Clara." Aiele imaginou que podia ser uma namorada da terra deleque tinha 0 nome de Clara, e exclamou: "Ah! E minhanamorada! E, nao e, mas nao e nao." Comec;ou a formaraquela confusao na mente dele. Dai ela disse que naoera! Era a Virgem e Soberana Mae. Depois disso, ela veioe indicou muita coisa para ele. E disse que era pra elesse encontrarem depois de urn jejum de oito dias: "Du-rante esse periodo a tua comida e macaxeira cozinhadainsossa, com agua, nao bota ac;ucar, nem sal, nao ternnada de cha, e s6 macaxeira com a agua ... vai pra la, tiraseu tempo que eu aparec;o." E ele se meteu pro meio dafloresta, junto com 0 Antonio Costa.

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De dia, 0 Mestre ia cortar seringa no mato e 0 outroficava em casa cozinhando a macaxeira dele. Quandotava com seis dias, ele ja andava cambaleando, naoaguentava mais aquela macaxeira fria, ate que quandoestava cortando uma madeira dentro do igarape uma vozfalou pra ele: "Teu companheiro ta botando sal dentroda tua panela de macaxeira, pra saber se tu e sabidomesmo." Ai ele deu uma risada e disse com ele mesmo:"Oia, eu ja t6 adivinhando". E seguiu pra casa e quandochegou foi logo dizendo: "Voce que ria me matar, hein ...Ia botando saI na minha macaxeira!" 0 outro respondeusurpreso: "Rapaz!, agora sim eu t6 alegre porque sei quevoce ta aprendendo alguma coisa. Fiz mesmo men~aode botar 0 sal na panela pra ver se voce sabia, porque sevoce nao soubesse, voce nao tava aprendendo era nada.Mas eu estou satisfeito". Com oito dias Ela veio e entre-gou tudo a ele, que entendeu que Clara era uma visao daDeusa Universal, da Rainha da Floresta.

Foi assim que come~ou a Doutrina e eu tenho certezaque e uma Doutrina Divina. Mas nos temos que levar elaa serio porque para continuar na me sma, pra mim, naoserve. Se e para estar na Doutrina e continuar na mesmabriga, na mesma discordia, pra mim ela nao serve e eunao quero. Prefiro e seguir so. Se nao aparece 0 irmaoque queira acompanhar a Doutrina como ela marca,entao, nao adianta a gente dizer nos somos irmaos e fi-car de briga, de fala~ao, disso e daquilo, que nao vai darcerto nunca. Acha que da? No fim, 0 cara fica nessa, cai,e ainda diz: "Olha, nao era a Doutrina." Mas quem caiu,nao foi a Doutrina. Quem caiu foi 0 povo, a Doutrina nao!Cai 0 povo porque nao leva em conta 0 que ela manda.Nosso mandato esta no hinario. Porque 0 hinario nao einventado na cabe~a de ninguem. Tern cara que recebehino e nem sabe ler. Mas recebe, mesmo sendo aindameio bestinha ... ai 0 hinario ensina ele bem direitinho ...e ele pode ate deixar de ser besta!

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E hoje n6s temos Juramidam, no Ceu e na Terra.Quem bus car 0 Daime, busca a Deus, busca a si mes-mo. Quem busca a si mesmo, encontra-se com 0 seu EuSuperior que e Deus. Pra se ver Deus, e preciso se teruma educa<;ao. Respeitar desde os pequenos ate osve/hao .. Se nao fizer assim, nao pode dizer Eu Sou. Por-que Eu Sou, e Deus. E Deus e perfeito. 0 homem carnal,que tern perfei<;ao, chegando aqui no nosso setor, naComunidade da Cinco Mil, esta chegando numa Doutri-na que se lida com Raimundo lrineu Serra, vinda da Vir-gem Soberana Mae. Quem busca isso, acha e e achado.Aquele que vem s6 pra zombar, nem acha e nem e acha-do. Fica zombando sempre. E, pra acabar de completara hist6ria, aquele que Ie a Escritura Sagrada, preste aten-<;ao no Apocalipse. 0 que n6s temos aqui, ela lembramuito bem. Em Apocalipse, de Joao Evangelista, estatudo dito. Eu nao sei 0 capitulo porque nao sei ler. S6 seio que 0 Daime me diz. E por isso eu pe<;o a todos osmeus irmaos: quem tiver ainda no alcance do Daime quese cuide. Cuide mesmo porque a coisa e seria. E seria eesta sendo cada dia mais seria. Vamos lembrar do so-nho de Nabucodonossor que esta nas Escrituras Sagra-d<\s,e que diz que, quando tudo estivesse bem alto, en-tao tudo seria dominado por ferro, mas os pes continua-yam de barro. Quando 0:; pes quebrassem, grande seriaa queda. Por isso precisamos estar atentos, mas ainda tapra se passar ... Passou-se urn bocado, mas 0 que vaisendo revelado, 0 povo espera de uma forma e vem deoutra. 0 certo e que durante toda a vida, 0 que acontecee que, nunca, ninguem aceita Deus. 0 jeito e, n6s ospobres, que nao temos outra coisa senao a nossa rique-za espiritual, puxarmos por ela cada dia mais! Vamospuxar pela vida espiritual que e a (mica esperan<;a quen6s temos. Nao ligar mais pra came, cumprir 0 seu de-ver de verdade para, naquele dia, quando os pes de bar-

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ro nao suportarem 0 peso, dizer: Eu Sou, porque Deus E.Deus estd em mim, eu estou em Deus. Eu sou verdade,porque Deus e a pura Verdade. Eu sou harmonia por-que Deus e Harmonia e sempre procura harmonia. Har-monia, amor, verdade e justic;a, nao faz mal a ninguem!Porque ajustic;a de Deus e a paz.

Isso e a Doutrina: cada urn e dona de si e estamosjuntos. Estar juntos e com respeito. No momenta 0 povoda nossa comunidade pode ser urn povo consideradofilho de Deus, ja e uma comunidade puxada pro espiri-tual, nao tao material. Por que? Eo que compete ao povoser mais sincero com a sua Doutrina. Porque 0

doutrinador e Deus. Deus e quem doutrina todos nos.Agora, se Ele colhe urn membro pra ser urn distribuidordo seu amor e distribuir para os outros, os outros bus-quem entender isso e nao perder esta chance. Enquantoela nao seja perdida, e que 0 homem ta se revelandocada dia mais no seu lado espiritual. E se ele deixar elasendo perdida, e que nem a parabola do horn em querecebeu urn talento e enterrou, com medo do seu se-nhor. Porque podia 0 senhor dele chegar e ele nao darconta' daquele talento. Entao ele enterrou para, quandoele chegasse, receber de novo a moeda. 0 que ele ga-nhou com isso? Foi repreendido pelo seu senhor. Naodeu conta daquilo que tomou de conta. 0 mesmoestamos fazendo nos, de vir aqui pegar urn capo deDaime, invoca-Io, e nao prestar aten<;;ao no que veio fa-zero Porque esta e a nossa agua da vida que esta la noApocalipse. Ta la no Apocalipse. Eo so procurar que vaiachar. Ali marca tudo. Diz tambem onde e a nova cida-de, a cidade espiritual, a Nova Jerusalem. Assim como 0

Daime fala, 0 Daime mostra, e ele mesmo se manifesta.Ele ainda diz mais: Quem tiver olhos para ver, veja. Ouvi-

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dos para ouvir, ou<;a. Na nossa palestra, cabe isso tam-bem. Desde quando fui seringueiro, eu nunca pagueiconta. Toda vida fui tocado por patrao. Agora quero maissaber disso nao!

Quem e que chega aqui e entende logo 0 que e 0

Daime? Ninguem! Quem buscou? Ninguem! S6 vao la,mas nao buscam. Muito poucos os que foram e conhe-ceram 0 que e 0 nosso trabalho. Nosso trabalho nao ecoisa escondida nao. E para quem tern verdade partici-par espiritualmente conosco atraves de uma bebida queesta sendo anunciada dentro da Escritura Sagrada. Podeprocurar porque vai achar! Muitos interpretam muitascoisas!

Mas e af que eu digo e afirmo estas palavras: eu acheiem mim mesmo! Pelo Daime eu acabei de recuperar aminha vida espiritual e aqui esta Ele para recuperar qual-quer urn que chegue e procure. Nao e aquela sementejogada que nasce e com pouco sufoca e morre. E pranascer de novo. Todo aquele que nao nascer de novo,disse 0 Cristo a Nicodemus, todo aquele que nao nascerde novo nao vai ver 0 Reino de meu PaL Nicodemus eraurn professor da lei e nada soube responder.

Assim esta hoje, meus amigos. Todo mundo se es-condendo com medo de vir provar sua verdade, se ternel'.lmesmo ou se nao tern. Olhe, nao deixe nada escon-dido porque, amanha, e revelado. E isso 0 que eu tenhoa dizer. Nao to indo pro. meio da floresta me esconderdas vistas de ninguem, porque eu s6 tenho urn Deus ver-dadeiro que me olha aqui, em todas as horas e todos osminutos, aqui na Terra. Como disse 0 Cristo, a materiasempre e fraca. A minha materia e fraca. Mas 0 meu es-pfrito e forte. Assim digo eu, minha materia e fraca mas 0meu espfrito e forte. Vim tambem para amar e nao seramado. Vim novamente, para amar e nao ser amado.Porque a vida nao e s6 amor. E isso que eu tenho a dizer.Todo aquele que nao nascer de novo, nao entra mesmono Reino de Deus. Nao entra. Procure dentro da Escritu-

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ra Sagrada, ela vai falar do que vai acontecer e do queesta acontecendo. E s6 ir nela, nos livros sagrados, queencontra tudo! Se n{lOprestar atenc;ao, vira como estavirando e e de virar, porque a palavra de Deus nao passa.Passa 0 Ceu e a Terra, mas as palavras Dele nao passa-rao!

Tenho uma alegria na minha pessoa em saber quemEu Sou, na Grac;a do nosso Pai Celestial, que foi quemfez todo este mundo, e 0 deixou completo de toda bele-za e de toda riqueza ..

Se os horn ens hoje nao se acham, e porque nao seprocuram. Nao se procura Deus aonde nao se pode en-contrar. Se procura Deus na sua pr6pria pessoa, porquefoi aonde eu achei Deus. Nao foi fora, mas dentro demim. Entao, sao esses os conselhos que eu dou a cadaurn dos meus irmaos, que me acompanham. Ter umasoluc;ao perfeita do Eu Sou a vida. Eu Sou a mente pura.Eu Sou 0 pensamento real. Eu Sou tudo, enfim, fora edentro de cad a urn de n6s. Somos n6s, homens, quetemos este direito de se aperfeic;oar em Cristo Jesus, quehoje esta representado no nosso Mestre, que e Jurami-dam. '0 Imperio Juramidam.

A perfeic;ao do homem nao e palavrear mal, nao e fa-lar muito, nao e ser ambicioso, nem ter ciume de nada.E ser perfeito no meio dos outros homens, conhecendourn ao outro. Olhar urn para 0 outro ever a mesma pre-senc;a do Cristo que esta em mim, esta em v6s, e estatambem nos outros companheiros. Porque todos somosuma semente s6. Em Vossa Grac;a. Se ha outras coisasdiferentes, e pensar mal, e ter inveja, e querer tudo parasi e para os outros, nada! Desse jeito, e s6 tempestade 0

que eles colhem.

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Assim, eu estou aqui pedindo a cada urn dos meusirmaos que tenham conforma~ao na sua pr6pria vida,tenham uma calma, falem pouco. Ou~am muito e falempouco. Que e para poder veneer a si pr6prio e a todaessa coisa que se chama mal. Aquilo que e mal nao ebem. Mas, se controlar 0 mal com 0 bern, fica tudo urns6. Nao existe mal. Mal e 0 produto da boca e da lingua.o correio da ma notfcia sempre existe em todo lugar.Nunca que uma comunidade pode ser toda perfeita,porque entra gente de toda qualidade. Tern os que pen-sam bem e os que pensam do outro lado errado. Porquepensar em matar os outros, isto ja e uma coisa loucaque 0 homem pensa dentro dele. Matar a sua pr6priavida! Assim como tu' ta vivo, eu to tambem. A tua vida e amesrna minha. Tira ela? S6 matou 0 corpo, amigo. S6matou 0 corpo, a morada do homem. Mas 0 homemperfeito, e Deus. Foi Ele quem fez todas essas carnes,esses dep6sitos, tao sabios, pra que Ele habite em cadaurn de n6s. S6 0 homem carnal tern a presen~a do Cris-to, mais ninguem, e a mulher tern a presen~a da VirgemSoberana, e ambos nao se consideram! Nao sei aondeisso vai parar. Mas como Deus e born, tudo Ele faz, tudoEle modifica. De momento. Ele modifica 0 povo inteiropara todos trabalharem numa s6 uniao, porque s6 0mundo inteiro se unindo pode ser feliz. Porque ate ago-ra, eu estou com 65 anos de idade, posso dizer que des-de os dez anos, eu venh0 prestando aten~ao, e nao vejomelhoria em nada. Chegamos a urn tempo mais rico.Mas 0 que isso adianta? Se 0 cara falecer, agora, acabou-se do mesmo jeito. Vai ficar falido, ou melhor, falecido.Nao e assim que se diz?

S6 tenho isso a dizer. Quem quiser vida, puxe por ela.Nao va trabalhar diretamente que nem urn maluco, lou-co que nem eu, que s6 ganhei com isso foi doen~a. Tra-balhei tao diretarnente que hoje fiquei urn homem qua-se inutilizado. Mas estou com uma esperan~a que aqui-10 que eu nao tinha, tambem urn dia, eu volto a sarar,

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que e 0 cora<;;ao.E e com muita perfei<;;ao,com muitacalma, que a gente vai adquirir isso. Se a gente, que estaaqui dentro da fIoresta, ja passa por tantas prova<;;6eshorrfveis! Avalie 0 desespero de quem esta no meio dascidades, sem recursos, sem nada na vida. Mas e issomesmo. Disse 0 Espfrito da Verdade: "Eu sou filho deDeus/Sempre vivo no meu canto/Encostado a esta ver-dade/Do Divino Espirito Santo/Quem disser que tem ver-dade/Se componha em seu lugar/Espere a chamadaDivina/Para ir se apresentar/Falar que esta com Deus/Emuito fadl de dizer/Mas cumprir seus mandamentos/Aie que eu quero ver/O amor sem firmeza/E um fogo semcaloriE um pensamento fraco/E um corpo sem valor".

Estou me mudando daqui, da Cinco Mil, porque euaqui ja me acho tao cansado, com tanta luta. as pastosestao mal divididos, a gente planta uma coisa e nao damais. A terra nao tern mais aquele rendimento, os pr6-prios camposja estao estragando com tantos carra-pichos. Nao se tern dinheiro para comprar urn trator evirar 0 mato. E as condi<;;6estao cada dia mais diffceis, avida mais cara, nao da mais para aguentar. Vou tratar daserir\ga, porque a seringa ja ta na mata, ta plantada, etratar de viver dela enquanto se planta mais pra se co-mer. Aqui nao ta dando natla. Ja deu muito e ainda estadando, mas e urn dando que s6 da mesmo pra quem eirmao e esta nessa batalha do dia a dia.

Agora que estou indo para dentro do mato, seguindoas ordens espirituais que recebi, eu pe<;;oa voces queestao ficando af na Cinco Mil que tenham muita calma,muita paciencia. Amem uns aos outros assim como eumostro 0 meu amor a todos. A maioria esta por fora des-sa verdade, pouco conhecimento tern. Mas, assim mes-mo, com todo amor e com toda sinceridade, quando se

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cuida que nao, urn se descobre no outro. 0 que urn co-mer, 0 outro come. Isto e Uniao. Isso e uma palavra mui-to dificil de pronunciar e mais ainda de realizar, mas eassim mesmo. Quem compreender, compreenda 0 queeu estou dizendo. Que a Divina Gra<;ade Deus esta nocorpo de qualquer pessoa. Vale tudo. Porque urn corpo,ele esta com toda a perfei<;ao. Veio perfeito. E por que,depois de adulto vai virar urn bicho? E porque nao co-nhece a si mesmo nem conhece 0 outro. Fazem umaconfusao tal, que 0 resultado e triste. Tambem fico pe-dindo a todos meus irmaos que se conformem, que naoe possivel bus car a vida sem sofrer nada. 0 que vocepassa de sofrimento e porque e preciso. Porque 0 meujugo e [eve e suave, 'como disse 0 Cristo. Avalie se nosfossemos passar 0 que Ele passou, ou 0 nosso amadoloaD Batista.

Nos temos que viver e junto com Deus, eternamente.E uns com os outros aqui na Terra. Senao aonde e quevai se achar perfei<;ao, for<;ana sua mente, for<;ano cor-po? Onde? Cutucando uns aos outros, todo 0 tempo? Issonao e Irmandade Espiritual. Ta mais carnal do que espi-ritual. Porque a espiritualidade e respeito. Por nao teremrespeito e que ninguem ve a espiritualidade direito. Euestou falando dentro da verdade da Espiritualidade Divi-na. Nao e negocio de coisa que eu nao conhe<;a. Estoufalando dentro da Espiritualidade Divina. Aquele que bri-lha, que ilumina todo mundo, e Deus. Deus, na boca detodo mundo ja e humildade. Mas quem pisa todo diaem cima da Terra sem saber 0 que faz, nao esta livre dasagonias. E 0 que esta chegando e isso, agonia para todomundo. A gente fala na bondade, que isso, que aquilo,que tudo vai melhorar. Mas quem sabe se e isso mes-mo? As notfcias chegam tao feias ... Por isso eu penso: se

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e sinceridade, amor, verdade, justi<;ae muita harmonia,ta tudo bern, e isso ai. Porque se nos ocupamos comharmonia, amor, verdade e justi<;a,e que Deus esta emnos. Nao e nos materia, materia nao e nada, apenas urnaparelho para que 0 Divino habite, como esta habitandono mundo inteiro e a cada urn de nos que somos domundo. E quem da conta deste mundo? Quem da? Nosmesmos, se trabalharmos bem. Desde que se saibaamar, amar mesmo, nao e urn amor em que 0 sujeitochega e ja vai pedindo 0 troco: Fulano, e ai? Ah, 0 quevoce quer e isso? Isso e aquilo e coisa e tal. Se e urnobjeto que 0 cara quer, voce diz, me desculpe que eunao tenho. Pedra par cima do lombo pra uns e pra ou-lros nada? Nao e justo; logo urn se desgosta. Todo mun-do se desgosta. Para mim, amor e amor. Eo outra coisa, eincondicional, sem nada a alegar. Depois, tenha 0 quedar e de. E nao pense em receber de ninguem. Essa e aordem que eu recebo.

De... de a quem pre cisar. Tenha nao so para voce, maspara dar. Nao pense em receber de ninguem nao. Naoprecisa. Porque Deus, Deus e verdadeiro. E Ele quer en-direitar 0 mundo Dele. E endireita mesmo. Tenho certe-za que a coisa vai mudar num silencio ... Quando der quenao, ja esta num mundo novo com nova vida.

Todos aqueles que estiverem escutando estas pala-vras que SaDditas pelos hinos, saibam que essa palavranao e nos sa. Porque ela vem como Ele diz: sai da minhaboca e transmite em ti. 0 hino e uma coisa que deslapae entra na consciencia da pessoa pela intui<;ao, ou porvoz, em conformidade com 0 tipo do aparelho receptor,nao e? 0 hino vem. Mas ele nao e ele, aquela materiaque ta trazendo aquilo. Eo 0 Eu de la do alto que ta man-dando uma mensagem pro Eu interno. Se 0 Eu interno

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esta bem desenvolvido, ele logo recebe. Se nao, se ele taainda muito emperrado, ta ainda dormindo, nao saiu decima da sepultura, os anjos nao vem revelar nada praele. E que esse Eu interno nao esta ouvindo nada. Aindaesta morto. Daf e que eu sempre digo: "Quem nao acor-dar agora, danou-sef". E preciso aproveitar essas ervassagradas que nos temos e que nos levam as alturas espi-rituais. Por elas e que a vida espiritual baixa sobre nos,material, em qualquer lugar que nos estiver. Nao e sodentro de uma casa. E em qualquer lugar que nos for-mar e consagrar a nossa bebida, e as nossas plantas es-pirituais, nos vamos ao astral, que fica longe daqui e aomesmo tempo fica bem perto daqui. Porque 0 corpo ficaaonde fica, que e uma massa pesada. Mas 0 espfrito vaiaonde quer, porque ele sempre volta. Ninguem sabedonde ele veio, nem pra onde vai. So 0 corpo, quandoesta bem desenvolvido e entrosado com 0 eu interno,sabe 0 que ele diz.

Nos estamos aqui, enterrado, tudo enterrado, tudocom medo. Medo de que, meus irmaos? E 0 tempo daverdade, e 0 tempo da pureza divina. Que ela ja trouxeesse cipo, com essas maravilhosas folhas, para desen-volver 0 nosso eu interno para poder se comunicar como interno la do alto, do alto astral. 0 interno, falar com 0

de,la e 0 de la com 0 de ca, que nos somos tambem estaoutra pessoa. Ninguem nao tern rancor urn do outro,porque se conhece no outro. Porque Deus realmente e a(mica pessoa que se parece com nos. 0 Cristo verdadei-ro e isto mesmo que nos somos. Tern uma parabola afnas Escrituras Sagradas, que diz isto. Os apostolos per-guntaram: "Senhor, quando vem 0 teu Reino?" Ele disse:"0 meu Reino ja veio". "E aonde esta?" Ele disse: "Den-tro de vos, porque sou 0 Caminho, sou a Vida, sou aVerdade e sou a Luz." Ninguem entende isso. Mas agora,temos essa maravilhosa agua da vida, em nosso setor,chega de ser ignorante ...

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Ressurrei~aoe Encarna~ao

Se todo mundo soubesse 0 que vem fazer aqui, pe-gasse urn copo de Daime daqueles, bebesse com a suaconsciencia limpa, nao se envergonhava perante os ou-tros. Mas seja quem for, se nao veio limpo, vai se enver-gonhar perante essa Santa Cruz que tern aqui na Igreja. Epra se envergonhar mesmo. E corrigir a sua conscienciafalsa. "Porque quem nao tiver consciencia, nao pode terlealdade. Porque em nada tem firmeza e nunca fala averdade." as nossos ensinos aqui tei tal e qual. Quemquiser ver se 'nos tamos mentindo ou nao, entre direiti-nho neste salao e observe. Eu digo sempre: Olhe! Todoaquele que estiver profetizando, profetize com consci-encia limpa! Porque urn falso profeta nao tern direito anada. E profetizar e esperar que todo mundo alcanceaquilo. Porque nao e so profetizar uma coisa. E profeti-zar e esperar que aconte<;a.

E a gente so ve falar em morte, que teimorrendo, quetao matando, e lei se vem e lei se vai. E tei todo mundonesse reboli<;o. Mas 0 povo de Deus se acampando emseus locais, como Deus manda, nao tern quem mexa.Mas e para ser urn povo de Deus, e nao de briga. Porquebriga e briga, fica s6 bala. Bala nao e pra n6s. Se nosentrar na bala e porque tamos ainda longe da vida eter-,na. Quem seguir neste caminho/Segue limpo e nao er-rado/Saindo dessa linha/Nao espere ser chamado. Agente vai na linha certa, se voltar pra treisnao espere maisser chamado nao. Porque jei foi. Todos estao sendo cha-mados. Aqui nessa Santa Doutrina e muito diffcil vir urnpra sair falando dela. Aqueles que saem falando dessaSanta Doutrina foram os mesmos que latiram no outrotempo, na vinda do Senhor Jesus Cristo. Vamos ver isso,vamos levantar essa razao, vamos provar aquilo queestamos 0 tempo todo apregoando. Jei teitudo dito, tudoescrito, teitudo ail Ainda hoje estamos dizendo e estamos

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segurando. Estamos nessa, mas ainda pensando se e ouse nao e. Nao estamos afirmando a coisa bem certa.

Mas eu to afirmando com toda a minha sinceridade,porque conhe<;o essa verdade profunda do Ceu a Terra.Nao estou enganando a ninguem aqui. Tai 0 Daime pramostrar que quem quer, que venha. Se ele tiver urn graumais espiritual que 0 meu, ele vai ver mais ainda do queeu! Se tiver menos urn grau, ele ve menos. Mas vai en-trando, vai entrando, que assim como Deus deu, 0 servoprestou conta: "Senhor, tu me deste tres talentos. Eu te-nho seis." Servo born, ele multiplicou a vida dele e aben-<;oou. E 0 outro: "Me deste cinco talentos. Eu fiz movi-mento e tit aqui dez." Foi recompensado porque ele foitiel. .

Estamos esperando Ele. Nao sei quando Ele vem, ouquando n6s vamos. Mas e isso af. Bater 0 pezinho, sesegurar nesse carater de homem. Porque quem nao deresta planta de testemunha, nao tit fazendo nada quepreste. Pode procurar lit na Escritura Sagrada, que acha.Nao sei aonde, mas acha escrito lit que Ele havia de virnovamente aqui, saber se tinha algum testemunho devida. Se era de vida ou de morte. Se fala ai que 0 primeiroAdao veio como morte e 0 segundo como vida. Quemperseverar viverit a vida etema. E terit alguns que passama ser corporal e espiritual. Todo aquele que for se lim-pando, tirando todas as miserias de si, de momentapode se transformar em outras coisas. Porque eu sei quedurante urn Trabalho de Sao loan me achei transfor-mado. E muitas coisas que vinham pesando muito, afas-taram-se de mim. Gra<;aseu dou a Deus!

lit sofri muito, mas sofri!... A saida da Cinco Milpara 0

Rio do Ouro foi sofrimento. Ai caiu uma malitria emcima, que 0 comer nosso era s6 mingau de macaxeira.

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Todos os dias, todo dia. Nao tinha mais quem pudesseprocurar urn peixe, nem uma ca<;a. Tudo doente. E ge-mendo e chorando e gritando. Quando melhoramos, vi-emos pro Mapia. Chegamos aqui no primeiro ro<;ado efoi outra pisa. Malaria em cima novamente, que quasemorreu tudo. Mas voce ve que os nego que escaparamainda estao fortes, comendo arroz e feijao.

Estou aqui no meio da mat a porque eu tomei urnDaime e conversei com 0 mundo. E entao os seres queestavam comigo mandaram que eu safsse da cidade,porque la na Cinco Mile igual a cidade. Entao fui da ci-dade para os matos, e foram me mostrar a floresta, e tudobem. Cheguei la, meti 0 couro, abri urn seringal. 0 INCRAdisse que eu podia abrir. Quando estou com tudo la, afeles disseram: "Ah!Vamos tirar 0 senhor para acola, por-que aqui era dos outros". S6 que ainda nao apareceu 0dona ate hoje.

o nome do Seringal era Rio do Ouro. Quando safmos,garantiram que depois iam pagar tantos milh6es, que eunem sei nem mais ... Ate hoje nao indenizaram nada. Fi-camos la uns dois anos. Deixamos casa, deixamos tudode madeira serrada.

Pois e! 0 povo d'agora, tudo e born! Agora, pra tras, s6nasceu bicho! Mas tambem vai ser torrado af de todotam~nho! E 0 mesmo que 0 cabra que cria muito porco."Ta gordo! E hoje! Eo dia de matar capado!". Arrasta 0

bicho do chiqueiro e taca 0 machado: "Tome! Vai seaquietando, velho besta!". Tern uns velhos por af que,ou eles baixam a cabe<;a ou entao VaGpara 0 cemiteriocedo. Quem vier contra mim/Se apronte para sofrer/Te-nho par mim a Rainha/Meu Mestre para me defender!.

Ja andei na dependura. Numa visao espiritual, 0 carachegava e dizia: "Fulano, te apronta! Porque ta af na con-versa, ou tu ou 0 Alfredo. Urn dos dois vai desencamar ..."Putz! Era s6 0 tempo de urn cair e 0 outro levantar. Oh!Rio do Ouro, sofredor! Mas tambem, foi onde eu aprendi

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as coisasl Foi nesta ida, na safda da Cinco Milpara 0 Riodo Ouro. Nesse tempo, eu tava no osso! Nos trabalhosmais pesados que existia! Que existia nao, que existe!Tava, tanto fazia material quanta espiritual. Eu nao para-va. Era noite e dia. Quando adormecia, psss!... ja safanesse meio de mundo, por esse astral todol CatandolTern coisa af que nego vai se admirar! Ta escutando?Acorde! Saia da gaiola! Eu nao vou falar nada nao. Vocesprecisam e trabalhar na Estrela mais eu.

Gra<;as eu dou a floresta

Grac;as eu dou a minha floresta. Foi donde eu vim eaonde estou. Eu nao tenho pra onde ir, tenho que ticarpor aqui mesmo. Todo mundo fala de ceu, voce fala emceu, mas ele nao existe. E aqui mesmo. Falta pouca coi-sa, seu menino, pra gente entender. Pouca, mas da tra-balho! Agora, quando tiver 0 conhecimento, pronto! Japas sou a dl1vida e a gente se firma. Mas e assim. Se eragordo, agora s6 vive magro! Porque quando voce cuidaque nao, tern urn com raiva de voce. Quando voce cuidaque esse aqui ja acalentou-se, 0 de acola ta com raiva. Eassim a gente sofre pra caramba! Cada pensamento ruim,e assim. Se nao fosse 0 meu, s6 puxando 0 que e born,Ave'Maria! Nao quer falar aqui urn pouco? 0 homem tagravando. Quer que fale. Ele quer e coisa grande. Do altoastral. Voce nao sabe. Euja to falando. To dizendo praele que enquanto 0 homem nao for homem, nao podedizer "eu sou Deus". Nem no alto e nem na Terra.

Parece que e, mas nflO e. Mas tudo mudou! Va-mos ver isso que el Se me entregaram urn pedac;ao deterra desse, eu s6, nao dou conta nao. Pelo menos maisquatro ou cinco companheiros eu preciso! Pra mim, eurn prazer, mas fac;o isso s6 pelos pobres que ta dentrodas miserias ... Nem conhecimento da floresta nao tern!Tao dentro de urn parafso tao bonito, tao lindo, tao rico,

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mas ... tudo morto. Parece urn ovo, urn pinto fraco quenao belisca e morre dentro da casca. E isso, meu fiIho. Evoces nao andaram de canoa assim, acima e abaixonuma canoa, dando assistencia aos miseraveis, mais doque nos? au nao pretendem socorrer ninguem? Quemnao da vida pelos outros, morre tambem. Acordem,meus irmaos! Peguem a sua direr;ao! Eu per;o a Deus doCeu/Que apresente 0 Rei Sa/omao. Aonde esta a sabe-doria? Toda a sabedoria do Rei Salomao, e 0 Divino nacabe<;a dele. Hoje ta na tua e ta em todos.

o que e de Deus, 0 que e de Cesar

Nos ainda estava morando tudo junto, la no Rio doauro, ainda nao tinham feito as casas, quando la se vemnos para ca pro Mapia, sofrendo, doente que nem unscoitado. Lutando com uma dificuldade, como aindahoje luto. Para voces verem que eu nao embarco emqualquer canoa furada. To e lutando com grandes difi-culdades por esse povo. Ainda ficam falando que soumilionario, que nao tenho onde botar dinheiro ... Ai!Quem me dera ...

a mundo de fora anda atras de dinheiro, e nao andaatras de mim nao, que nao ando atras disso. Ando atrasde uma amizade profunda. Do alto Sol a Terra. E todosos seres que existem em cima dela, no fundo do mar, etodos os seres que ninguem gosta, pode me entregarque SaDmeus. Que eu gosto de tudo! Para mim nao ternsepara<;ao de coisa alguma. Fui criado por urn so Deusverdadeiro! Eu estou com tudo. Nao tenho nada de se-para<;ao. Agora, Fa/ar que estd com Deus/E muito fdd/de dizer/Mas cumprir 0 mandamento/Af e que eu querover, disse 0 Espfrito da Verdade que fala com toda a suapureza. Nao e eu, uma materia velha dessa, coitada. Elouco aquele que pensa que ele proprio e quem e aquilotudo. Nao compreende 0 que e uma vida! Que a vida

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vive em tudo e em tudo sabe trabalhar. Nao vive rouban-do dos outros. Nao. Cada qual trabalha para fazer suascasas e viverem a vida deles.

Tern uma hist6ria de urn pessoal que vendeu a Colo-nia deles. Ficaram com a metade para acertar as contas,e os comes e bebes. Os outros cern mil entregaram. 0que que e cern mil cruzeiros hoje? Cern mil cruzeirospra mim nao vale coisa alguma, porque muito mais valeDeus do que todo esse dinheiro falso. Porque 0 dinheirofalso foi 0 que comprou a pr6pria vida do Cristo parafazer movimento, para hoje se acabar novamente. E issoque eu tenho a dizer. As coisas de Deus e de Deus. E deCesar, e de Cesar. Cada urn tome conta do que e seu. Eunao estou atras de di'nheiro, nao vivo por dinheiro. Estouvivendo por Deus, pela terra, pela mata, que e 0 que ternvalor, que foi 0 que Deus fez para que 0 povo vivesse.Nao estou ai pra ninguem, nao estou fazendo mal a pes-soa alguma. Nao vivo disso. Eu vivo de procurar as mi-nhas defesas, e poder viver, porque nao sou empregadode ninguem. Nao sou tambem urn homem aposentadoe nao desejo ser aposentado por ninguem. Muito maistern Deus para me dar. E isso af.

Eu estou me colocando aqui, nao a toa. To me colo-cando porque posso me colocar. Sou filho da terra (nas-ci 1;)0 Amazonas), nela me criei. Tenho os meus direitoscomo os indios tern, que eu tambem sou 0 mesmo in-dio. Por que nao posso ter as minhas defesas e usar mi-nhas plantas? Tanto espirituais como materiais? Eu naovivo fazendo mal a ninguem. 0 povo acha born e matan-do, e atirando, bebendo cacha<;a, desafiando 110 meioda cidade? E isso que acham born? E eu me fujo disso!Eu sou direito, porque me fujo dessa valentia, dessascoisas todas. Gosto da paz e nao do rancor. Por isso naotenho duvida. Eu vim por Deus, estou aqui por Deus epor Deus eu irei. Ate uma hora que todo mundo estejafirrne e puro.

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mas ... tudo morto. Parece urn ovo, urn pinto fraco quenao belisca e morre dentro da casca. E isso, meu filho. Evoces nao andaram de canoa assim, acima e abaixonuma canoa, dando assistencia aos miseraveis, mais doque nos? au nao pretendem socorrer ninguem? Quemnao da vida pelos outros, morre tambem. Acordem,meus irmaos! Peguem a sua direc;ao! Eu pec;o a Deus doCeu/Que apresente 0 Rei Sa/omao. Aonde esta a sabe-doria? Toda a sabedoria do Rei Salomao, e 0 Divino nacabec;a dele. Hoje ta na tua e ta em todos.

o que e de Deus, 0 que e de Cesar

Nos ainda estava morando tudo junto, la no Rio doauro, ainda nao tinham feito as casas, quando la se vemnos para ca pro Mapia, sofrendo, doente que nem unscoitado. Lutando com uma dificuldade, como aindahoje luto. Para voces verem que eu nao embarco emqualquer canoa furada. To e lutando com grandes difi-culdades por esse povo. Ainda ficam falando que soumilionario, que nao tenho onde botar dinheiro ... Ai!Quem me dera ...

a mundo de fora anda atras de dinheiro, e nao andaatras de mim nao, que nao ando atras disso. Ando atrasde uma amizade profunda. Do alto Sol a Terra. E todosos seres que existem em cima dela, no fundo do mar, etodos os seres que ninguem gosta, pode me entregarque SaGmeus. Que eu gosto de tudo! Para mim nao ternseparac;ao de coisa alguma. Fui criado por urn so Deusverdadeiro! Eu estou com tudo. Nao tenho nada de se-parac;ao. Agora, Fa/ar que esta com Deus/E muito fad/de dizer/Mas cumprir 0 mandamento/Af e que eu quemver, disse 0 Espfrito da Verdade que fala com toda a suapureza. Nao e eu, uma materia velha dessa, coitada. Elouco aquele que pensa que ele proprio e quem e aquilotudo. Nao compreende 0 que e uma vida! Que a vida

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vive em tudo e em tudo sabe trabalhar. Nao vive rouban-do dos outros. Nao. Cada qual trabalha para fazer suascasas e viverem a vida deles.

Tern uma historia de urn pessoal que vendeu a Colo-nia deles. Ficaram com a metade para acertar as contas,e os comes e bebes. Os outros cern mil entregaram. 0que que e cern mil cruzeiros hoje? Cern mil cruzeirospra mim nao vale coisa alguma, parque muito mais valeDeus do que todo esse dinheiro falso. Porque 0 dinheirofalso foi 0 que comprou a propria vida do Cristo parafazer movimento, para hoje se acabar novamente. E issoque eu tenho a dizer. As coisas de Deus e de Deus. E deCesar, e de Cesar. Cada urn tome conta do que e seu. Eunao estou atras de di'nheiro, nao vivo par dinheiro. Estouvivendo por Deus, pela terra, pela mata, que e 0 que ternvalor, que foi 0 que Deus fez para que 0 povo vivesse.Nao estou ai pra ninguem, nao estou fazendo mal a pes-soa alguma. Nao vivo disso. Eu vivo de procurar as mi-nhas defesas, e poder viver, parque nao sou empregadode ninguem. Nao sou tambem urn homem aposentadoe nao desejo ser aposentado por ninguem. Muito maistern Deus para me dar. E isso ai.

Eu estou me colocando aqui, nao a toa. To me colo-cando porque posso me colocar. Sou filho da terra (nas-ci :QO Amazonas), nela me criei. Tenho os meus direitoscomo os indios tern, que eu tambem sou 0 mesmo in-dio. Por que nao posso tex as minhas defesas e usar mi-nhas plantas? Tanto espirituais como materiais? Eu naovivo fazendo mal a ninguem. 0 povo acha born e matan-do, e atirando, bebendo cacha<;a, desafiando 110 meioda cidade? E isso que acham born? E eu me fujo disso!Eu sou direito, parque me fujo dessa valentia, dessascoisas todas. Gosto da paz e nao do rancor. Por isso naotenho dlivida. Eu vim par Deus, estou aqui par Deus epor Deus eu irei. Ate uma hara que todo mundo estejafirrne e puro.

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Renascimento Espiritual

Andar na luz e melhor do que nas trevas. Quem andanas trevas, tropec;;a. E quem anda na luz nao tropec;;a. Poristo se guia cedo. Eu estou seguindo cedo, enquanto ehora. Nao estou dizendo que 0 mundo vai se acabar.Porque se acaba cada urn, como estao se acabando. E 0

mundo mesmo nao se acaba. E eu estou procurando aminha vida. Melhoria para a minha vida etema. Nao que-ro ticar dentro de fogo de ninguem. Por que eu you ticaragora preso dentro de uma cidade? Nao tenho que saberde nada. Nao sou empregado de ninguem, porque naotenho saber. Quem nao sabe escrever nao pode ter em-prego. Ser isso e aquilo tambem nao interessa pra mim.Vim para a mata pra ser seringueiro.

Ja estou com essa idade, nunca fui preso, nunca fuidesmoralizado por homem nenhum. Grac;;as eu trouxedesde 0 meu nascimento ate a data de hoje. Estou sa-bendo do principio e do preserite. Po isso e que eu dougrac;;as ao meu Pai Celestial, e quando todo homem co-nhecer esta verdade, de que ele pode ser e nao parecer,entao ele renasce. Mas enquanto tingem ser, ainda estaopensando que sao verdadeiros, mesmo com as maioresmentiras escondidas ... Mas e ai nesse ponto que 0 ho-mem pode se transformar e passar tambem a ser urn, .filho de Deus, ou urn proprio Deus. E por que ele escon-de tantas miserias? Os mais.elevados sao os piores, terncoisas escondidas e nao apresentam? Por que escon-dem? Por que nao botam diretamente a sua verdade? Pracumprir 0 que esta dito e 0 que foi revelado. E por que eque 0 Papa esta sofrendo? Porque ele nao ouviu 0 quefoi dito na aparic;;ao da Virgem Soberana, que falou comos tres moc;;os.As palavras que Ela disse, 0 Papa nao querrevelar, escondeu. Ta passando ou nao esta? Pra todomundo ver. E isso 0 que eu tenho a dizer.

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Eu nao sei ler, mas tenho Deus em mim e Deus equem me fala as coisas. Nao precisa de ninguem andarfalando. Eu nao vim pra ca, pro meio da floresta, me es-conder. Eu nao vim pra ser urn sem vergonho. Nao. Euvim pra ca trabalhar, para sustentar a minha familia e al-guns tilhos de Deus que procurassem tambem a flores-ta, porque a mata ainda tern 0 que dar. E fogo, edevorador, ele devora mesmo. Nao tern jeito. A historia eessa e acabou-se. Nao tern mais 0 que dizer nao. Lapertinho da cidade, tambem nao ta dando. Mesmo paraalguem como eu, que nao estava propriamente dentroda cidade, estava perto. Ainda mais, se voce ve que 0

camarada que ta ali nao esconde 0 que comer, da decomer a quem chega, af e que cada dia tern mais. Equem esconde, nada acha. Eu dei 0 que tinha. Falhou,porque eu tambem tinha que fazer essa viagem pra ca.Potque la nao tinha mais mata. Terminou. Nem bananase tinha. Porque dava logo 0 mal, morria tudo. la 0 arroz,nao dava mais nada. A roc;a tambem nao. Entao, pra ti-car num lugar que ja esta assim, que nao da mais nada,eu procuro urn que esteja melhor. Porque aqui no Riodo Ouro ja tern a seringa. Entrei no ana pass ado e naopr@ciseide dinheiro de patrao, de banco e nem de coisaalguma. Senao, 0 que comer. Achei urn amigo que meajudou e estou aqui dentro. la no ano passado, pelo pri-meiro ano, deu mil setecentos e tal de borracha. Esteano, ja ta com mil setecentos e tal, a vista do ana passa-do. Fora da que ainda nao foi pesada. E espero, grac;as aDeus, ajudar para que os horn ens possam correr numcarro, porque sem a borracha, eles nao podem correr.

o mundo ja nao quer, ja nao esta mais oferecendobondade a ninguem. 0 que estao fazendo aqui peloAmazonas, e derribando todas as seringueiras e casta-nheiras, e plantando imbauba, dizendo que e uma fa-

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zenda. Quem ja viu fazenda sem gado, sem· coisa algu-ma? lsso e uma fazenda a toa. E urn gasto de dinheiro dobanco. Como n[lO tern dinheiro pra me ajudar, eu quesou urn trabalhador, que produzo para ajudar 0 Brasil,mas tern pra malandro? Devia nao fazer assim! Ajudar s6a quem trabalha! E 0 malandro nao ter nada. Porque elenao quer nada! Nao vivem destruindo a fIoresta, semproduzir nada? Nao fa<;am isso, porque amanha ou de-pois esta sofrendo eu e todos. Porque nem ca e nem la!E isto, meu amigo, que esta se vendo! 0 mundo todoesta abalado por causa disso. Uma destrui<;ao monstrasem resultado. E 0 povo caindo de fome e venda essascoisas. Mas ainda acredito que Deus ta dando e vai daruma sugestao qualquer, aos que permitirem isso acon-tecer, pra ver se enxergam que Deus ainda existe!

A gente s6 e quando e, e quando nao e, nao e mesmonada. E isso que eu tenho a dizer, porque se a gente naosegurar Se e para morrer na bala, 0 jeito que tern emorrer Que jeito que da? Se 0 trabalhador vem ajudar 0

progresso, e quem ajuda, e s6 se lasca, 0 outro vem s6pra destruir? Como e que eu YOU fazer? Nao posso darjeito! Quem pode dar jeito e 0 Presidente da Republica!Se ele fechar os olhos ... Mas procurem dentro da Escritu-ra Sagrada que tern aonde ela fala sobre isso. Que ia che-gar urn tempo dos homens nao se compreenderemmais. Urn fala uma coisa, 0 outro vem com outra e ficaassim, que nem a Torre de Babel. Urn come<;ou a pedirtijolo e areia, 0 outro entendeu que era agua e ficou nis-so. Como esta sendo agora. Cada urn fala uma coisa,outro faz urn projeto, outro faz outro projeto, e e projetopra todo lado e nada sai

Aqui no Amazonas tern muito jagube. 0 la de perto deRio Branco ja esta terminando. La nao tern mais aondeentrar. Aonde entra e logo urn dizendo: "Opa! Aqui e meu.Nao pode entrar ninguem". A sorte e quando encontra-mos urn amigo que nem esse agora que disse: "Voces

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podem entrar e tirar. Porque eu nao sei nem 0 que queeu you fazer do cip6! Termina que eu toco fogo. Podeentrar ai e tirar". E a palestra dele foi quase esta, n[lOe?Porque ele ia fazer 0 que do cip6? Ja de outra vez, urncrente quis ate brigar com os meninos. Porque ele eracrente e nao podia. E ai ticou urn ... Iche! 0 cara mostroulogo 0 que era. Nem era crente, era apenas urn ignoran-te.

Macaxeira e dos caboclos. E aqui eu you comec;aragora fazendo urn engroladinho aL Plantando outraatras, quando terminar uma, a outra ta grande, quandopassar pra outra, essa ja ta no ponto de dar, ne? Da gentecomer. Fazer urn plaI)tio de uma roc;a mais ligeira. 0 quenos falta e 0 povo tomar uma de que tudo saD urn s6, etudo tern que se mover pra viver. Nao viver nas costas s6do outro. Porque voce ve, ne? Todo mundo se movimen-ta. Enquanto tern aqueles que vivem naquela ... s6 napaquera ... Estes tao tendo mais vida ou menos? Nem sei.Nao tase esforc;ando, nem coisa nenhuma. Mas olha, asfabricas, eu acho que 0 pessoal ja nao bate mais ferronao. Tudo e por meio de maquinas, ne? 0 povo da sali-na, dos roc;ados, tambem trabalha duro. Todo mundo sevira diretamente. Todo mundo. E a gente venda urn des-falque muito grande no Brasil. Que quem nao esta ven-do~ e cego. 0 desfalque e muito grande. Tudo caindo,caindo, caindo, ficando tudo pouco. Principalmente aborracha, cada vez mais desvalorizada. E por isso que 0

seringueiro, coitado, tern vindo na manivela ate hoje.Mas vamos nos virando, trabalhando muito pra que naofalte os pneus, pra que nao faIte a seringa. Porque se elacair, 0 seringueiro vai sofrer ainda mais, porque nao sabefazer outra coisa. Vai ter que aprender a fazer outras coi-sas e arrisca ganhar menos ainda do que com a seringa.Tudo isso e uma crise geral. E pra ticar ainda mais dificil.Primeiro para.os pobres, mas depois ate mesmo para osricos.

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Deus fez ate uma barata. Mas a vida esta nela. Aquelabarata e s6 para ter 0 prazer de correr igual, como n6scorre num carro. Tudo e vida. Nao tern essa hist6ria dedizer: Sou mais do que esta barata, porque eu sou gran-de, pOl isso ou por aquilo. Em que? Me diga! Se voce naotern conhecimento de si mesmo? Pensa que 0 dinheiroe documento para 0 ceu? Para a vida eterna? Eo nada. Eouma perdi<;ao. Mas felizmente eu nao pego nem em di-nheiro. Eu nao sei 0 que e mais. Meu dinheiro e ate quan-do foi urn conto de reis. Dai para ca, nao soube mais 0

que foi nada. .Ta la escrito que tudo era de ferro e quando tudo esti-

vesse muito alto, grande seria a sua queda porque ospes e de barro. Quem sabe ler, vai ler na Escritura Sagra-da e vai ler melhor do que eu, porque eu nao sei ler.Quem sabe ler, vai em cima e vai afirmar essas palavrasque estou dizendo. Que os pes e de barra, e repare quehoje 0 dinheiro esta tao alto que nao esta valendo nada.Olha a nota nova: uma figura ficou pra cima e 0 outrovirou a cabe<;a para baixo. 56 tern urn. E quando 0 outrovirar? Acabou-se. Olhe, se 0 dinheiro fosse uma coisa degrande valor, ninguem precisava de nada! Ele mesmo sesustE\ntava. Mas ele foi urn grande {also. Foi muito maisfalso do que 0 Judas Iscariotes. Pois foi 0 dinheiro queenganou 0 Judas Iscariotes.e ele nao soube pedir 0 per-dao dele. Foi enganado pOl esta tal moeda, viu? E hoje tatodo mundo ainda enganado por ela, mas eu nao estou.Eu estou mais pela borracha, que eu levo e deixo la como meu "patrao", que tern a mercadoria que eu preciso, etrago. Nao to atras de dinheiro, nem quero dinheiro deninguem! Eu quero e levar uma farinha, trazer urn arrozse eu precisar. Ou levar 0 arroz, levar a farinha, levar 0

feijao, depende da terra dar, de Deus querer! Levar a bor-racha, que e garantido, e trazer aquilo que eu preciso.

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Nao to atras de dinheiro nem atras de grande coisa! Praque? Eu nao to pra isso nao!

Eu to e pra resolver minha vida, viver a minha vida,porque eu, com a fartura, socorro a barriga de dez, doze,que chega com fome na minha porta. E das de grac;a,porque de grac;a recebeste! 56 nao pode repartir do jeitoque 0 cachorro faz. Ja viu como e? Quanto mais 0 ca-chorro e maior, menos 0 pequeno come. Se ele vai la,pega uma pisa da molestia, e sai danado, ele nao voltaali mais nunca! E e s6 0 outro olhar, ele ja vai de carreira.E igual como n6s, os pobres. Vivem correndo diretamen-te com me do e a perseguic;ao atras. Em todo canto, 0rico arma uma red~ e diz: "56 passa aqui de baixo sepagar." 0 pobre ja nao tern nada, coitado. Anda atras deescapar. Ve se tern uma brechinha pra ele. Nao! Ou alingua ou 0 beic;o. Tern que dar!

Se a gente cair nessa de dinheiro, acabou a Doutrina,e urn encosto! A gente precisa de dinheiro porque tudono mundo e comprado, mas ninguem tenha a ambic;aode dinheiro, pra ter ruma de dinheiro, porque nao adian-ta. Tern muita riqueza bem ai, se acabando em desgostoe dor. Bern ai dentro de Rio Branco, tern muita gente seacabando em desgosto, dor e agonia. 56 ta dando ago-nia. Pra que tanto ouro, sem ter tesouro? Ouro sem tertesouro nao vale nada. Eu quero ser pobre mesmo, masquero uma grac;amelhor, que todo mundo goste de mim.E os que nao goste, que estejam pra la, sem estar azucri-nando ... Eu estou e gostando dele porque ele nao estame fazendo nada.

o que que voces acham? Se eu falo, dentro de mim,nao tern rancor, grac;as eu dou a meu Deus. Porque reco-nhec;o. Mas as vezes eu falo alto, preciso falar alto comas pessoas porque n6s nao temos realmente nenhumafabrica. N6s ja viemos ca pra floresta pra ver se escapa,como os outros estao escapando tambem. Mas tern unsque ficam na carreira, pelejando pra viver e ficam nessa

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coisa muito bacana, 0 sujeito ter urn negocio de umapoupanc;a. Porque esta poupanc;a ja vem la de fora. Pou-pe as coisas. Poupe. Vamos poupando porque 0 tempota, ta se indo e a gente de bobeira ... Olha, voce acha quehoje, 1 milhao de cruzeiros pra virar 1, e coisa pouca?Pra quem ja foi de vintem, pataca, dessas coisinhas quecomprava tanto ... E agora tanto e nao compra nada? Che-gou 0 tempo que fala a Escritura. Os tempos vindouros,que e 0 que vem, ia acabar os tempos bondosos, ondedo pouco, colhia muito. Mas ia chegar 0 tempo em queo muito dci pouco. la chegou! Isso ja ta aqui. Porque eunasci em 1920. Em 1930, eu tinha dez anos e era tudomuito diferente, tinha fartura. la hoje em dia e precisoestar se esgotando diretamente pra se sustentar. Pra co-mer, tern que correr pra comprar 0 necessario que preci-sa da cidade, ne? Tern que pegar 0 de ca, levar pra la, pratrazer 0 de la pra ca, pra consumir 0 daqui. E, 0 que pre-cisa na cidade, e 0 que a gente tern aqui. Eu vou buscarla. Levo daqui pra la. •.

Quando eu fui palestrar com as autoridades, a primei-ra coisa que eles me perguntaram foi: "La corre dinhei-ro?" "Nao senhor. Desde 0 tempo do Alto Santo ternaquela historia de flcha, mas eu aqui nem pec;o isso".Expliquei la como era 0 despacho, tudo direitinho. 0cara disse: "Pois e, meu filho. Doutrina com dinheiro naovai pra frente. E usurpac;ao. Arrisca a virar urn comercio".Foi isso que vieram logo falar comigo. Mas eu ja tinharecebido esse toque muito cedo, desde os oito anos deidade, de sorte que eu nao caio nessas passagens nao.

Mas tern uns lugares por ai que ate hoje e assim. Senao tiver dinheiro, nao toma 0 Daime. Mas 0 Daime naoe urn remedio? Ora, menino, repare no pobre do desgra-c;ado que vai la pro medico ... Se ele nao leva dinheiro, 0doutor nao olha nem para ele, tange 0 cabra pra fora. Aie que e a maior mac;ada, sempre e 0 doutor mais ruimque tern, desses que nao tern urn carinho para ninguem.

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Tudo bern, 0 pouco de aten~ao que a gente recebe deveagradecer. Mas se tivesse alguern rnais hurnilde ecaridoso, fosse urn pouco capaz, que cuidasse dos ou-tros, ill sirn. Nao precisava nern de foto. Bastava s6 ele ladizer: "Fulano tinha isso. Prontarnente ist9 e rnuito born,coisa e tal, e ja ta curado". Mas quase sernpre 0 queacontece e que 0 pobre tern de ja ir catando as rnoedasrnelhores que ele tern no bolso. E 0 cara, quando vaiapresentar, apresenta rnenos da rnetade, que 0 resto eleja corneu.

Ta vendo como e que ta esse rnundo velho todinho,rapaz ... Uns ficarn urn bocado atolado e outros nos bar-cos, s6 curtindo ... 0 pr6prio papa ta na pisa, coitado,queriarn ate rnatar ele ... Pensa que e facil segurar essahist6ria? Por isso que eu to ca~ando 0 Cristo na floresta,que e onde tern rnais chance de Ele estar. Eu, gra~as aDeus, nao sou cego, nern paralitico, nern aleijado, nernleproso. Deus querendo tira tudo isso do horn em. Bota arede e a rede vai parar no cerniterio. No tempo antigo,tambern era assirn. Os reis andavam nurna carro~a bo-nita ou nurna rede, tendo jomal, e os pobres dos escra-vos iarn ernbaixo, ernpurrando ...

Hoje, 0 rnedo dos grandes esta grande. Porque estadito e e preciso ouvir: "Quando os grandes baixar, ospobres sobern". Os pobres la em cirna e os ricos la em,baixo pedindo socorro. Vai acontecer. Veja, se naoestamos no caminho de t~r esta troca de papeI...

Todo rnundo tern que ter urn conhecimento qualquer.Nao e s6 falar grosso pros outros, que desse jeito nin-guern se Iiga. Faz que nern cachorro, apanha e fica poraIi, fingindo que ta tudo bern, ne?

E!... Eu sei de tudo isso. Eu quando conhe~o Deus noCeu, e pra me conhecer na Terra, viu? Quando eu co-

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nhe<;o Deus no Ceu, e porque eu conhe<;o Deus na Terratambem. Eu nao estou aqui enganado. Vma vez, vieramumas crentes atras de me vender urn livro. Eu disse praelas que nao sabia ler. Ela veio perguntar pra mim por-que era que eu nao mandava urn outro ler pra mim. Eufalei que era porque nao me interessava. Porque eu yOU

atras dele hoje, ele Ie com boa vontade. Amanha, ele janao quer mais. Por isso eu nao yOU pedir pra ler. Ela dis-se: ''Ah! Mas isso aqui e 0 livro da verdade. Eu disse: "AVerdade sou eu". "Porque 0 senhor fala isso?" Eu digo:"Porque eu conhe<;o Deus". "Mas como que 0 senhorconhece Deus? Se Moises nao conheceu?" "Porque eleera cego. Se ele nao fosse cego, ele tinha visto Deus."Toda pessoa pode ver Deus. Por que nao ve? Porque naoconhece a si pr6prio. Se conhecesse a si mesmo, naoestaria esta imundfcie que esta havendo dentro destascidades grandes e por todos os lugares. Porque se naose conhece, nao tern perfei<;ao em Deus ... Tendo tudoperfeito, e Deus. Aonde nao tern perfei<;ao, nao existeDeus.

Cristo veio fazer 0 novo caminho com toda a humani-dade~ Joao Batista veio na frente dele. Nasceram de seismeses urn para 0 outro. E af, ele tocou pra frente ate queo outro apresentou-se. Foi o·Cristo que veio dar a vida aopovo, porem nao 0 conheceram. a Mestre lrineu, com 0

Daime, tambem veio dar a vida ao povo. Porem nao 0conheceram. Mas 0 Daime nao terminou. S6 a materiado lrineu. E 0 Espfrito Divino nao tern quem derrube. Es6 isto. 0 que 0 Mestre veio fazer, veio fazer agora. Estafazendo, s6 que espiritualmente. E 0 tempo do EspfritoSanto, porque 0 tempo do Pai foi, 0 do Filho passou,chegou 0 do Espfrito Santo. E como tinha ainda maiscoisa para ser revelada, Deus ainda deixou este Santo

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Daime, pra que se diga assim: "Daime!" E Daime porquee tudo. E tudo 0 que 0 sujeito pede, ele da. Porque Deuse isso ai. E uma manifestac;;ao do Espirito Santo em cadaSer Divino. Pois Deus e divino e criou seu povo aqui naTerra materialmente, para que pudesse comunicar-secom cada urn e para que muitos homens pudessem secomunicar com Deus. Com 0 tempo, cada urn abre assuas ligac;;6esespirituais, as das falanges, e vai indo, vaiindo, ate que chega.

o homem tern uma cabec;;aque e uma casa divina. Aihabita Deus e todas as suas coisas. Bote pra funcionar eseja voce mesmo. Porque nos temos tudo. Porque Deuse sabedoria. E como Deus e sabedoria, somos sabiosem Deus. Se vivemos em Deus, temos a sabedoria Delemesmo, que e Deus em nos, em nossa materia. Naopodemos ser tao it toa, porque Deus e sabedoria e Elenao vive it toa. Por que 0 Cristo dizia as coisas tao certase serias como era? Porque Ele vivia em Deus e Deus Nele.Agora, a materia e fraca, ne? A tua e minha. Quando naose tern certeza, a gente faz as coisas titubeando. Por que?Nao ta perfeita ainda a sua palavra. Voce ta com medoda\morte. Te digo: nao e morte. E morte para quem naoconhece a vida. Para ti nao. Se tu conhece ... e ta atras deconhecer cada dia mais,entra em comunhao com Deusque a coisa rende urn outro tanto. Mas a nossa verdadepode ser apresentada em qualquer lugar, porque nao enegra. E coisa fina do alto astral! Da Terra, do mar, e to-das as coisas que Deus criou no mundo.

Olhe, eu nao reclamo de nada. Tudo e por Deus. Deuse quem sabe 0 que vai fazer no mundo. E quem sabe 0que esta fazendo. Ele e quem vai mudar 0 Seu propriopovo, 0 Seu proprio mundo. E Ele mesmo. Porque 0 va-lor que Deus tern, outra coisa nao toma. Por isto, nos

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vamos. Eu ate ja estou aqui, no meio da selva. Daqui naosei pra onde e que ainda vao me tocar. Deus e quemsabe. Eu estou por Ele, ouvindo a Sua voz. Quando Elefala, eu sigo.

Sempre falo pra que a pessoa entre no caminho reto,pra nao andar me fazendo vergonha la na frente. Se eufac;o urn caminho, e 0 meu pr6prio companheiro vemmetendo 0 pau no meio, tapando, ele nao e meu com-panheiro. Ele vem fazendo coisas de desordens, mas eunao ensino assim. Porque Deus nao me ensina assim.Deus ensina que eu seja urn horn em Nele, para que Eleseja em mim. E nao tropece. Por causa de tropec;o, deduvida e de medo e que 0 homem carnal perde 0 seu EuSuperior. E urn aborto que a Terra vai ter. Nao nasceu.Cristo fala, 0 Espfrito fala a quem quer que seja. Podeprocurar nas Escrituras Sagradas que voce encontra issoque eu to dizendo. A Terra esta dando cria, esta prenhe,ne? Cheia de filhos. Mas nao esta adiantando. A maioriaesta sendo s6 aborto. Mas, procure la dentro da EscrituraSagrada que la esta! Aquele que nao nascer aqui, agora,nao conhece esse mundo espiritual. Se ele nao recebe 0

Deus dele aqui, nao recebe mais em canto nenhum. Elefoi urn aborto, morreu. E nao chegou a se conhecer. E aagua da vida, que e 0 Daime, revela toda a sua vida. Po-dem falar em outra agua da vida, mas a minha e essa, anossa. A nos sa e essa.

Meus filhos, eu nao estou aqui enganado. Estou aquiporque Deus mandou que eu viesse. Por isso estou aqui.Nao quero nem saber de quem fala ou de quem naofala. Deixe que falem! Tao fazendo 0 que e deles, nao 0

que e meut Porque eu nao vivo falando de ninguem!Cada urn que fala uma coisinha, isso e aquilo, e comeles mesmo, nao e comigo. Pra ele esta born, mas pra

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mim ta melhor! Eu pe<;;oa voces isso. Nao temam 0 ser-vi<;;oque entraram para fazer. Nao temam! Se foram prafazer, fa<;;am.Mas nao temam, porque quem temer, las-cou-se. "Quem seguir na minha linha/Segue limpo e naoerrado." Se eu nao tenho erro, vou ter me do de que? Eunao estou apresentando imundfcie a ninguem, apenasestou apresentando 0 que e verdade e a verdade vai seplantar! Com fe em Deus, e todos com fe em Deus, averdade se planta logo. Porque ela e plantada a vida toda,pra todo mundo. Bern verdadeira. A perfei<;;aoa cobretotalmente.

E se 0 homem nao tern amor, nao tern harmonia, naotern verdade, nem justi<;;a,nao ta com nada. S6 justi<;;aatoa, verdade sendo s6 por cima e por baixo, e a puramentira! Urn cordeiro? E urn lobo coberto com couro decordeiro. Escuta, mulher: Nao creiam nos cabeludosque vivem nas estradas. Cabelos longos e fazendo maluso das coisas divinas. Desviolando as viuvas e coisas emais coisas, que eu tenho certeza disso. Porque 0 Daimenos revela. 0 Daime e a Escritura de quem nao sabe ler.Quem tern ela na mao, escrita, leia com perfei<;;ao.Por-que 0 Daime e a Escritura do pobre que nao sabe ler. Aiele encontra urn Deus bt;m mais chegado, muito maisperto. Agora, nao sejamos aqueles que botam as coisasdivinas em mal uso pra sufocar-se e morrer. Temos queter perfei<;;aopra poder apresentar os nossos trabalhosespirituais. E 0 camarada que tambem quiser vir se en-vergonhar perante n6s, pagar 0 que deve, 0 que fez des-de outrora ate a data de hoje, ver quantas vezes ele nas-ceu, pode chegar-se. 0 que que ele foi? Foi urn falso pro-feta? Se foi urn falso Cristo, se foium falso de qualquercoisa, 0 Daime vai passa-Io todinho, direitinho a limpo,porque a justi<;;ade Deus e reta! Ela nao falha. Nao falha

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mesmo. Ela nunca falhou. Agora e assim. Acreditar. Praque queres a Escritura na mao? Pra que? Lerem todos osdias? Os pastores gritam, mas tambem nao dizem nem ametade. Vma metade eles escondem, que e pra podermamar.

Teivendo? Quem naoestei com 0 Espirito, luta comDeus. Porque 0 Espirito e quem sabe de tudo. Nao e amateria. A materia apenas e urn aparelho para receber ecompreender pelo espirito. Quando ele quer destalardela e que nem a lagarta que transformou-se. Quandochega ao ponto dela voar, destala aquela casca e ela voa.Assim tao todos os horn ens e mulheres na Terra, unsmuito elevados e outros muito enterrados. 0 que digo eisso. Deus e luz, Deus e amor, Deus e verdade e Deus eharmonia. Porque harmonia, amor, verdade e justi<;atando em nos, isto e Justi<;a Divina. A Justi<;a Divina epaz. E isto mesmo, harmonia, amor, verdade e justi<;a.Aonde hei isso, hei Deus e heiprosperidade. E quem vemmexer com a gente? Ninguem. 0 C(,lrachega, fica esmo-recido, com tanta coisa boa!

E como se passou lei na Cinco Mil. A mesma coisa.Podia a policia ir decidida a fazer isso e aquilo, mas che-gava lei, encontrava as pessoas tao humildes que elesnunca disseram urn ail Nunca fizeram urn medol Gra<;asa Del,Js,porque eu nao tava fazendo mal a ninguem. Tavacuidando de mim, pra comer e dar a quem chegasse. Enao me fez falta ate agora. Cira<;aseu dou ao meu Deus!o que dei e 0 que to dando, ate agora. Nao e so eu. Cadaurn trabalha pra si. Agora, juntos podemos trabalhar poraquele, acolei que nao tern pai. Aquele pobrezinho naotern pai, mas se encostou em nos, entao vamos criei-,lotambem como urn filho. Como Deus tambem nos cria etoda a humanidadel Ai chega mais urn que tern pai etern mae, mas vive deserdado. Se ele chega e compre-ende que chegou aonde tern urn povo que nao neganada a ninguem, tern de tudo, porque de gra<;arecebe e

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de grac;as dal Ora! Eu nao estou recebendo da Terra? Elanao esta me cobrando! Quem esta me cobrando sao ospreguic;osos. Cobram dos pobres para poderem vivernuma cidade bonita.

E depois, e como vai acontecer, meus filhos... A Escri-tura nao e mentirosa, Deus nao mente. Isto e 0 que euestou lhes dizendo. Se a Escritura nao e mentirosa e Deusnao mente, 0 Daime nao engana a ninguem. a Daimenao engana pessoa alguma. E uma Escritura de quemnao sabe ler. Revela-se a qualquer urn, qualquer umapessoa. Ai diz: "Eu estou de brac;os abertos esperandoaqueles que estao cansados e oprimidos. Venham amim, que eu estou aqui." Venhas a mim! Mas nao vem!Nao quereml Quando vem e cheio de gastimonha, todomundo e sabido, todo mundo ta no ceu! E quando da fe,o pau desce! Por que tu nao apresenta perante a meu Paique esta no ceu a tua verdade, a tua sabedoria e a tuabeleza? Pra que tu ficas aos gritos? Tas procurando urngrito de alerta, pra que? Voce ta perdido, ta gritando. Ou-tro ta chorando! Tu nao diz que tern verdade? POl quenao mostras tua verdade, agora? Nesta hora que estaaqui com 0 teu Espirito Santo dentro desta materia po-bre, uma casa que esta caindo? Heim? Nao e 0 que voceve la? Por que 0 camaracta se acha tao grande e quandochega nao se aguenta na vida? Preparai a tua casa narocha! E nao na areia! Porque na rocha estas seguro e naareia, grande e a sua queda. Porque vem as aguas, osventos transbordam e ela vai ao barra.

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Tai, meu filho. Chegou 0 tempo. Preparai para a vindado senhor Deus. EnUio,0 que que n6s quer? Ninguem teise preparando? S6 olhando, s6 com besteira, com a carapro ar, levando isso e aquilo na engana~ao? Nao vai darcerto, porque 0 Espfrito nao engana ninguem. Ele falamesmo. Ele fala, desde quando voce foi ruim ate quan-do voce foi born. Quando voce era meninozinho, era £lor,depois come~ou a ser besta, come~ou a fazer das suas.Quando chega nesse ponto, nego nao quer passaro Mastern que passaro Correu? Sufocou. Eo a semente jogadafora, nas pedras, que os bichos comeram. As outras nas-ceram entre os espinhos, e abafou. Nas Escrituras, tei amesma coisa. Pode procurar. Confirme-se que naoestamos enganados. 0 Daime nos fala isso. Eu provo queo Daime e verdadeiro. E 0 Cristo verdadeiro, Ele s6 e urne quem vai ao Pai s6 vai se for pelo Cristo. To dizendoisso pra voce. Se nao for pelo Filho, tambem nao vai aoPaL E a Mae, tambem e muito diffcil de se ver. Sabe porque? Porque cada urn, assim na Terra como no Ceu. Seeu nao valho nada na Terra, tambem no ceu, muito piorporque leinao chego. Viu?

Aquele que nao nascer de novo nao ve 0 Reino deDeus" Por isso eu digo, vamos cuidar de nascer de novo,porque 0 nascimento Divino e que e. 0 que vale nao e s6ser parido. Pra mim e urn engano. Eo preciso ser urn povomais delicado. Urn povo que saiba receber os outros.Nao pra dizer que e briga, isso e aquilo, que nao e porisso que eu me bato. Materia e coisa daquL Nao queremme ouvir nao? Entao nao me ou~am. Se voce tern umafilha, deixa leiem Rio Branco e fica sabendo que ela esteiapanhando muito da pessoa que tomou conta, voce sed6i por aquilo, corre e vai buscar. Traz ela para 0 sosse-go. Nao e isso? Eo! Foi isso que aconteceu com 0 SenhorCristo. Veio para nos dar a vida e lutou tanto, que quan-

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do terminou nao tinha mais nada. E ta a mesma coisa.Ta dito la na Escritura Sagrada, contando a me sma his-t6ria que estou contando aqui. Pode ir bus car, porque 0

Daime nos revela isso tudo.E eu s6 posso procurar na mata porque 0 Daime esta

na mata e la em Rio Branco esta acabando. Aonde tinhamais jagube era la mesmo, na parte do Acre. Mas taoacabando ... e e preciso eu tirar semente de la pra plantaraqui! Para que ela aqui comece a crescer. E 0 que estoufazendo. Trazendo de la jagube e chacrona pra plantaraqui, pra fazer Daime, pra darvida a quem queira. To Ihedizendo que essa e a agua da vida que esta dentro daEscritura Sagrada. E ela mesmo. Nao tern outra. Oh! Por-que e Daime, e macumbeiro? E isso. Tenho eu satisfa-c;ao de ser urn macumbeiro porque 0 Cristo pas sou pelamesma apurac;ao! Isto tudo Ele passou. E hoje e Elemesmo. Quem pensar que consumiu Ele, nao consu-miu. Sera consumido. E isso e que eu tenho a dizer aqualquer urn. Deus e quem manda, mas Deus tambemnao quer Ibm. Deus forma tudo, mas tudo perfeito. E naotendo perfeic;ao, Ele tambem nao quer. Porque Ele e per-feito em todas as suas coisas. Voce olha urn sapo, e feio,mas e uma vida bonita. E toda a vida dele! E tu olha e veque a vida esta ali. Nao tern ninguem aqui a toa e nemsem trabalhar. Quem anda na mata, repara bem 0 be-souro do porquinho, que nao deixa esterco de ninguemem cima da terra. Faz lirnpeza. Pra tudo tern 0 seu zeIa-dor e e Deus que cria. E assim a gente vai bus cando decoisa em coisa e prestando atenc;ao de como 0 mundopode se tomar tao feliz, se assim a gente trabalhar paraque ele seja, se tome 0 mesmo paraiso que ja foil

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Padrinho Sebastiao com a foto do Mestre Irineu.Rela~ao perfeita entre mestre e discfpulo.

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Pad. SebastHio lade ado pelo filho Alfredonos anos 70.

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Mestre Raimundo lrineu Serracom 0 seu povo na floresta.

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Fachada da Igreja da Colonia Cinco Mil.

Pad. Sebastiao, Madrinha Rita e a filha Nonatadentro da Igreja num intervalo de hinario.

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Padrinho, Alfredo Gregorio de Meloe Alex Polari de Alverga.

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Acompanhado da esposaMad. Rita Gregorio de Melo.

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Vista da casa do Padrinho Sebastd'io nas margensdo igarape do Mapia. (Final dos an os 80)

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CAPITULO II

Preceitos Espirltuais

A Perfei~ao de Deus

Meu luramidam. Que seja Imperio de todas as coisas.Aqui eu impIoro peIa Sua Divina Grac;a e Misericordia.Muita calma e paciencia. A todos nos. Ter confianc;a e fe.Que todos nos compreenda dentro desse salao, dessaIgreja, que somos urn, mas sempre procurando em Vos.

E preciso se desprender do corpo para conhecer avida espiritual. Que cada pessoa tenha uma mente per-feita, urn pensamento leal. Nao pensar mal de ninguem,de pessoa alguma. Porque todos nos somos urn so. As-sim como e tu, assim como eu. Assim como eu sou,todos sao. So falta descobrir-se e ter a compreensao deque aqui estei. E isto mesmo. Nao tern outra historia. E soouvir 0 que 0 Velho lrineu e seus companheiros disse-ram. Teifaltando isto. Perfeic;ao em tudo, entende?

Meus irmaos, muito obrigado. Desculpem se eu faleimal pra alguem. lei abenc;oei a todos mas ainda querodar mais uma lembranc;a aos me us irmaos, aqueles queestao me ouvindo. Prestem bem atenc;ao: "Eu vim paraajuntar/O rebanho que toca a mim/Para ser mho deDeus/Nao precisa ser ruim/ Eu pe(o aos meus irmaos/Para todos se conformar/Que essa e a colheita do NossoPai Universal/Meu Pai estti comigo/Ele me chama aten-

, (ao/Eu digo e porque sei/Jesus Cristo e 0 nosso irmao/OMestre Juramidam(E Mestre de grande valor/Com Ele eutenho tudo/Com Ele eu tenho am or/A sempre VirgemMaria/E seu Filho Redentor/Ela e a colhedora/E JesusCristo e 0 Salvador. "

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Eu Sou a vida, Eu Sou a mente, Eu Sou tudo. Aqueleque perseverar em nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Se-nhor Juramidam, no seu cora~ao, na sua mente, na suapalavra, em tudo enfim, deve ter respeito. Ver 0 que diz,ver 0 que pensa, ver 0 que falou. Nao falar besteira praninguem. Ser confiante em si mesmo. Quem nao confiaem si, nao confia em Deus, pior nos outros. Como e quese vive assim?

Amar a Deus sobre todas as coisas e 0 proximo comoa si mesmo, e dificil. Amar a Deus sobre todas as coisase 0 proximo como a si mesmo, porque precisa que 0

cara ame a si mesmo. Senao nao e amor. Ter amor a siproprio e amar aos outros. Nao e com ignorancia que agente ganha nada, coisa alguma. A ignorancia so servepra atrapalhar. Entao voce se torna aquilo que voce fala.o que voce fala e 0 que voce transforma de born e demal. Vai tudo muito bern, mas quando voce falseia qual-quer coisa, a doen~a vem. Foi Deus que mandou? NadalSe Deus e Homem Perfeito! Nao e? Aonde que Ele e per-feito? Em nos. Quando? Sempre. Eo isso mesmo. A perfei-~ao de Deus esta em tudo, porque tudo e Deus. ComoEle pode causar doen~a? Em tudo esta Deus. Deus estaem mim, eu estou em Deus. Eu estando em Deus, Deusesta em mim. E assim pode a homem estar limpo. E tera 'Sua apresenta~ao, todo Seu Amor. Suas palavras, ditase cumpridas. Nunca mentir pra ninguem. Porque mentire muito serio. Hoje estA mentindo, depois esta des co-berto. Fala logo a tua verdade. Sim ou nao. Andar corren-do com medo nao adianta. Fazer pouco, tambem naoadianta. Ter respeito a todo mundo, principalmente asleis. Nao se pode quebrar leis de ninguem. Principal-mente as espirituais. Isso toma tudo muito mais diffcil.Muito mais diffcil.

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Para que entrar em tanta peia, se nao e preciso? Quemama a Deus, ama a si proprio. Nao tern queixa de nin-guem porque compreende que todos sao iguais. Meusirmaos, a coisa esta muito proxima e muita gente estaentrando no pau como voces estao vendo. Isto e porquesao amigos falsos. Primeiramente vem com uma falsida-de para aquele que e amigo, e por tras estao falando mal.Por isso esta entrando muita gente no pau e vai continu-ar entrando. Porque esta e a paIavra do Mestre. E Ele naomente para ninguem, nem urn pouco. la poupou mui-tos. Mas agora estamos no apuro. Sim ou nao? Quemquer, mude logo de situa<;ao.Vaiouvir a ti mesmo, a vozque clama no deserto. Clama a ti proprio. Assim, procu-re 0 silencio, a calma, porque af esta a harmonia, 0 amor,a verdade e a justi<;a. Quem nao entrar em harmonia,nao tera a vida. E examinando bem a consciencia paranao atrairmos tanto pensamento fraco. Ser alerta, viveranimado, nao dar confian<;a a ninguem. Ter confian<;aem si proprio e em Deus. Cuida de Deus. Quem cuidados outros nao cuida de Deus. Primeiramente, para cui-dar dos outros, cuida de ti. Cuida do teu Eu Superior paraque ele possa cuidar do seu Eu Inferior, mas viva aIertapara,que 0 Superior se ligue com 0 Inferior.

Amigos e amigas, nesta forma que aqui vamos, preci-sa pau, muito pau. A ordeI1).e que todo aquele que naoentrar na linha reta, so podera encontrar peia. So podese dar por feliz aquele que andar no caminho reto, tirarfora os maus pensamentos. Caso contrario, podera en-trar numa vereda que vai te dar pau na cabe<;a. Amigos eamigas, 0 Mestre fala e diz que tudo e falsidade. Por istoque 0 pau ta comendo e vai comer. Sou eu 0 culpado?Nao sou. Sera que fui eu -que mandei alguem sedesmastrear do seu caminho? Nao.

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Sempre a palavra de Deus esta aqui no salao. Sempre.Por que, Senhor, eu nao ow;;o? Nao presto aten<;;ao,medesvio daqui para alL. Senhor, negarei as coisas que Vasme da? De Vas eu recebo. Nao posso Lhe negar. Senhor,sera que urn irmao que nao fala a verdade pode ter comoutro? Este e urn idiota. Em nome de Deus Todo Podero-so, da Virgem Soberana Mae e de todos os Seres que nosacompanham, e de todos os Deuses e Deusas imortais,ajudai para que possamos ser vitoriosos. Afastai, Senhor,com a Tua Benignidade, os maus pensamentos que atin-gem esta humanidade inteira. Senhor Deus de Misericor-dia, ajudai esses pobres coitados que estao atrasados enos estao atingindo com suas maldi<;;6es.

Irmaos e irmas, fiquem acordados e alertas contra ospensamentos maus que cruzam em cima de cada urndos filhos de Deus, porque eles sao construfdos sem afor<;;ade Deus. Alguns dizem que sabem onde mora averdade, mas continuam sempre com a falsidade. En-quanta desejam 0 mal a qualquer pessoa, homem oumulher, ja estao sendo atingidos por isto. Nao adulterai.Porque todo aquele que adultera, que pensa em qual-qu~r coisa, ja adulterou. Ja fez mal. E 0 mal e repartidopara cada urn. Amigos, esquecidos dessa Verdade, des-sa Pureza do Imperio Juramidam, lembrem-se e che-guem mais perto deste Poder, porque longe estao. Naoposso mentir nem levantar falso a ninguem. Longe ain-da nos achamos desse ponto. Mas 0 dever de cada urnde nos e bus car Deus dentro de si proprio. Nao procureDeus la nas alturas, enquanto nao souber que tu mesmo

.pode ser urn aparelho para se comunicar com a Verda-de. Isto te atrasa bastante. Amigos, nao devemos temer aVerdade. Ela e muito pura e muito forte. Tern hora queela acaba mesmo com a impureza, 0 mau pensamento,

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o mau desejo, aquilo que 0 cora<;ao esta cheio. De mal-dade, de dume, de toda desgra<;a. Isto s6 pode deixarmal este aparelho que mlo fundona certo. Logo Deusenjoa e lan<;aele fora parque mlo serviu. Para 0 que Elequeria nao foi possivel, nao Lhe entendeu. E continuanao entendendo. Por isso, espiritos que trazem atrasospara toda essa humanidade que aqui se acham, emnome de Deus Todo Poderoso, mandamos que ou<;ama Sua voz. Compreendam quem lhes fala. Abram os ou-vidos e entendam.

Pai Nosso que esta no ceu, Santificado seja 0 Vossonome, 0 nome do Vosso Filho, seja feita a Tua vontade,assim na Terra como no Ceu. 0 pao nosso de cada diaseja V6s. Livra n6s, Senhor, das nossas palavras infeli-zes, dos nossos maus pensamentos, do cora<;ao cheiode maldades. Tirai as maldades, Senhar, de todos essescora<;6es e entrai, Senhar, pouco a pouco, afastando detodas as casas corretas os espiritos que 0 povo chama efala. Sao imundos. Imundo e 0 pensamento de cada urnque faz derribar 0 corpo com desejos maus. E quandoentra em contato com a Divindade, esquece que Deus eperfei<;ao. Nao conhece coisa alguma. Porque nao co- .nhece a si pr6prio. 0 desejo meu, meus irrnaos e irrnas,e que todos se lembrem 0 que Raimundo Irineu Serradeixou para n6s. Ele disse que "alguem {alava nele, al-guma vez em pensamento". Mas nao tinha Ele direta-mente na mem6ria. Assim n6s fomos ensinados mas asvezes nao praticamos par mera vagabundagem.

Amigos e amigas, devemos compreender novamenteo que e a vida. Vida e pureza. Nao e came. Vida e vozque clama. E uma voz que s6 chama para 0 bem. Masfalta tudo. Amigos, vamos deixar de falsidade, porque 0

Mestre reclama. Levantai os olhos para 0 Ceu e tomaioutra atitude de esperan<;a e fe. Arrancai do corpo decada urn as coisas ruins que trouxeste. E 0 que eu dese-jo a todos e todas, irrnas e irrnaos. Que todos os mauspensamentos que nos atingem sejam limpos par ordem

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do nosso Mestre Imperio Juramidam. Irmaos, aqui Ihespec;;ouma Misericordia, urn pensamento puro, em espi-rito puro e em verdade. Ao beneficio de urn irmao quematerialmente se acha alucinado Se acha desentendidocom 0 seu proprio pensamento. E que fala mal da Ver-dade e da vida.

Para se formar urn corpo, esse corpo tern que ter to-dos os membros. Sem urn dos membros, nos ja chama-mos de aleijado, porque falta urn membro. Enquanto emnos falta tambem uma coisinha qualquer, seja 0 que for,e que ainda nflOestamos perfeitos. Nao podemos olharurn para 0 outro.

Eu tenho os meus defeitos. E porque vou falar dosdefeitos dos outros? Nao. Primeiramente tenho que olharpara mim. Para poder falar do meu irmao. E esta, meusirmaos, a palavra do nosso Senhor Jesus. Tirai a travedo proprio olho para entao, depois, olhar para 0 arguei-ro do seu irmao. Mas aqui nos nao estamos fazendo isso.Estamos sim cheios de tudo que nao presta e que nao eagradavel aos olhos de Deus, ficamos atacando uns aosoutros. Isto e mal procedimento, falta de educac;;ao, coi-sa 'de homens de pensamento fraco e corpo sem valor.

Meu Senhor Jesus, e Ele quem me ensina todas ascoisas. Ele me ensina a ainar os outros. Ele ensina comoeu haverei de receber. Ele ensina como e que eu ajo,fazendo a minha grac;;a.Eu tenho que receber os me usirmaos e de brac;;osabertos. Nao e com cara feia, nao equerendo julgar. Eu nao posso ter trono porque 0 tronoquem ocupa e Deus. Ele ocupa 0 Trono. Eu nao possoter trono. Eu apenas sou urn filho de Deus e vivo aqui nomundo para receber aquilo que Deus manda, e entre gara cada urn dos meus irmaos. Recebo e reparto paracada urn.

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Cada urn tern uma cabec;a. Cada urn e dona de si. Eunao mando em ninguem, como Deus nao manda empessoa alguma. A mente de cada urn nasceu limpa. Seela extraviou-se foi porque 0 meu irmao, que vem falarcomigo, entrou pro lado esquerdo. Deixou 0 direito.Contar as coisas direitinhas e urn bocado diffcil. Porquea lei de Raimundo lrineu Serra e muito diffcil. E a lei dopr6prio Deus que nele existia. Porque. vivia pregando apalavra e rogando por cada urn. 0 que que aconteceu eo que esta acontecendo e uma lic;ao muito boa, nao s6pra mim, mas para todo aquele que tern olhos eve.Quem tern olhos para ver, veja, e quem tern ouvidos paraouvir, ouc;a. Como SaDbelas as lic;6es que lhes conto.

E agora eu me viro e digo: como e belo 0 meu SenhorJesus, pelas suas lic;6es, a minha Virgem Soberana Maepelo que Ela nos deu, 0 Seu Filho aqui na Terra. Ele nosdeixou aqui para cumprir tambem essa mesma missao,para se elevar, avanc;ar e ensinar todos os seus filhos. Porque n6s nao fizemos assim? Nao entendemos 0 que e 0

Deus verdadeiro? Nao aprenderam 0 que RaimundoIrineu Serra ensinou? S6 aprenderam a ser fraco? Sermentiroso, nao ter verdade? Por que Deus e verdadeiro.Ai esta todas as lic;6es do nosso Mestre ImperioRaimundo Irineu Serra. 0 Imperio nao e ele. 0 Imperio eo Ju~amidam, e a verdade para quem queira olhar everaonde ela habita. Porque se nao viram e porque aindanao fizeram causo e nem ~ntenderam aquilo que real-mente Raimundo Irineu Serra falava quando aqui estavaentre n6s. Hoje ainda nao estao entendendo, estao mui-to por fora do eixo. Mas eu estou com Deus. Meu irmao,se conforma se e desse jeito que Deus te colocou. Quemtiver seus angus que coma. Quem tiver seus males,maleffcios, nao traga para cima de mim, porque a mi-nha conta e minha. Mas eu nao tenho nada a ver com aconta dos outros. Todos podem saber quem e Deus.Escutai a palavra de Deus: Eu fiz 0 homem, para ser Mi-

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nha semelham;a. Deus e a cabec;;ade Cristo e Cristo e aminha cabec;;a. Sou urn Cristo vivo.

Tambem eu pec;;oque todos conhec;;am a si mesmospara entender as coisas de Deus e nao as do mundo.Olhar para 0 Universo, para a Terra ever. Terra Santa queDeus aqui esta. E uma agua bendita onde Nosso Senhorse batizou. Bendito e 0 Espfrito que veio e consagrou.Nao sabemos nada disso? So sabemos falar mal do ir-mao, porque todo mundo quer ser grande, mas a gran-deza esta em Deus. E quando 0 Dono vier tomar de con-ta como e que fica? Sem dono? Dentro de urn abismo?Porque Deus tern tudo e nao precisa de nada do que edos outros. Eu so quero 0 que e de Deus. Porque eu ocu-po 0 meu lugar. Essa e a minha tarefa. Ter urn lugar comDeus. Vou pedindo: "Pai, Pai, olhai para cada urn, tocaino corac;;ao,na mao de cada homem e de cada mulher".Para que vivam sempre Iigados em Deus. Deixandoaquelas encrencas, aquelas discordias do mundo queso trazem, minhas fiIhas e me us fiIhos, doenc;;a paracima de nos mesmos. Deus e vida. Ele quer que todomundo viva.

o seguinte da coisa e esse: Deus quer as pessoas.Quem nao ama ninguem nao ama a Deus, porque Deusama todas as coisas. Ate mandou 0 Cristo na Terra paraensinar os que ainda nao sabiam. Ninguem sabia ainda,so aqueles que anunciavam e tinham esperanc;;a. Hoje taa mesma coisa, todo mundo zombando e a coisa ta con-tinuando e chegando mais perto. Eu nao sei se e fim demundo ou se e fim das coisas, mas 0 povo tern que ficarcomo Deus quer. Deus tanto nos amou que nao poupouo Filho aqui na Terra, pra que Ele sofresse por nos. As-sim conta a historia. Eu nao conto historia de livro por-que, grac;;asa Deus, nao sei ler. So conto historia de mi-

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nha vida, do que eu aprendi dentro da espiritualidade.Mesmo isso eu mlo posso contar pni ninguem porquedizem: "E mentira dele, ele ta e mentindo". EnUio cadaurn venha ver e descubra 0 caminho certo, nao e? Por-que ciencia oculta e uma coisa que a gente nao pode tacontando pra ninguem. Se disser, nao acreditam. Terndeles que tomam Daime e nao chegam aver porque taomuito atrasados, porque quem manda na pessoa e amente. Se 0 sujeito tern a mente limpa - 0 Daime quer eisso - ai aceita. Se e urn sujeito embarac;ado com tudoquanta e born no mundo - porque tern muitas coisasboas que pra Deus nao servem - quando 0 Daime cheganele, com aquela pureza e encontra a casa cheia de to-das as coisas, primeiramente ele vai sofrer, apanhar, prapoder chegar ao ponto do verdadeiro conhecimento.

Porque do jeito que ta nao vai. Fulano deixa uma casa,nao deixa ninguem pra tomar conta. Passa 20 anos, 0dona sabe que a casa e boa e que nao vai cair por qual-quer coisa, mas quando chega, ta coberto de mato, osramos ja andam por cima, tern toda especie de bichocriado ali dentro. Assim e uma casa, uma igreja, porquea igreja nao e aquela de sino, a igreja e a pessoa, que acas a de Deus e cada uma materia dessa. Quando 0

Daime bota pra valer mesmo 0 nego s6 consegue saberque t~ vivo, mas e que nem estar preso num barril, rolan-do terra abaixo: nao sabe quem e Deus, quem e a huma-nidade, nao sabe nada. E cego, completamente cego,porque 0 Daime e assim: se 0 senhor ja enxerga ateaquele ponto, naquele portao, entao 0 Daime ja vai mos-trar mais adiante. Se for possivel ele abre 0 portao e vaimostrar mais longe. A hist6ria que foi escrita pelos ho-mens, eu nao acredito muito, porque dizem de urn jeitoe e de outro e 0 que vale mesmo e 0 conhecimento espi-ritual... Mas nao sei de nada. Voces conversam comigo,mas eu nao sei porque, nao estudei nada. Nunca tiveuma carta de ABC pra ler e depois de velho nao quis

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mais, porque eu nasci e me criei nas matas do Amazo-nas, sou urn indio, 56 que mudei a cor, mas la nasci eme criei. Quanto mais indio 0 senhor for, melhor.

Agora, eu digo sempre assim: "Como foi na outra vin-da do Cristo esta sendo nessa agora" .Mas ninguem quercrer Nele. S6 ficam de fuxico e besteira ... Aqui e umamacumba da molestia e eu nao tenho nada com ma-cumba de ninguem. Cada urn que tern 0 que e seu, guar-de e cumpra a sua obrigac;ao direito. Eu nao tenho nadacom ninguem, 56 tenho comigo e com os que estougovemando, botando pra frente. A lei e essa, Deus querdessa forma, e nao de outra. Nao e assim, fi<ioe combriga, nao e com questao, demanda nem com fuxico deurn pra outro. N6s somos irmaos, vamos amar a essesque estao aqui, amar mesmo, amar a si mesmo, amar aDeus, amar 0 mundo inteiro e pronto! Acabou a questaocom que esse povo tanto se bate! Porque agora, se naomostrar nada, 56 mostrar intriga, briga disso e daquilo, 0

jeito e ir pra policia ... Quer dizer, a gente nao tern nadacom os outros, cada urn tern consigo mesmo. E isso queeu ensino. Born e, nas horas precisas, estar aqui paraorar, nao para falar dos outros. E pra orar diretamentepelo povo porque todo mundo e de Deus e nao tern con-denado aqui nao. Cada urn que se condena a si pr6prio.

"E 0 Daime, quem e?", voces me perguntam, nao emesmo? E isso que eu quero, que voces quando tomem,vejam quem e 0 Daime. Se Deus quiser, voces veraoquem e 0 Daime. E essa a questao de muita gente ai,tudo bestando, Iutando com 0 Daime 56 para estragar,apanhar e nao saber de nada, ficar na mesma. Nao adi-anta dizer: "Estou numa doutrina de Deus", batendonum, roubando, esculhambando outro, e isso e aquilo ...Nao, meu filho. A minha consciencia e essa: "Se eu co-

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mer, 0 meu irmao come. Se ele nao comer, eu tambemnao como". Estou trabalhando a fim de todos serem urns6 .E ter com que dar de comer a esses e aos que estaola fora, que tambem precisam. A gente tern que levardaqui pra la, trazer de la pra ca, e tamos nesse rolo. Naotenho raiva. E e assim mesmo. Dentro da verdade naotern dessa, nem disso nem daquilo, nem ser doutor nemde nada. 0 cabra e 0 que e pelo que apresenta. E tudopra mim e urn s6. Agora as suas doutrinas, cada qualzele, mas zele mesmo, porque se nao zelar, entao cai...Agora, se eu for falar em espiritualidade ... Tern uns quefalam em espiritualidade porque leem, ta contando his-t6ria de outro. Eu nao quero hist6ria dos outros, eu que-ro de mim mesmo, hist6ria dos outros eu nao sei se pas-sou, eu nao sei se escreveu certo ou nao escreveu ...

A disciplina e pra quem ta, como eu falei, nao zeloupela casa. Uma casa que 0 cara trancou, deixou ferru-gem comer a chave E ele ainda quer encontrar a chaveoleada ... Nao acha Meu filho, 0 dona dessa casa vaientrar, vai encontrar ela cheia de cupim, caranguejeira,aranha, todas essas coisas, e vai ter trabalho pra botarisso tudo pra fora. A casa vai sofrer urn abalo, porquenao foi feita na rocha, foi feita na areia, 0 vento chega etransborda e la vai a pai d'egua da casa pro chao! E 0que elcontece. Hoje a coisa e outra e 0 professor e muitodiferente daquele do tempo do Cristo. Tern uma diferen-<;amuito grande. S6 que 0 povo ainda nao esta compre-endendo isso, ou nao quer entender ... Ate os que leramas Escrituras, coitados, tao lendo diretamente, mas naoestao sabendo nem 0 que estao dizendo. Porque estarcom as Escrituras na mao e ficar acusando os outrosacola, chamando seu fulano disso e seu beltrano daqui-10, de macumbeiro, etc., e que nao esta com nada. Naotenho nada com ninguem, eu t6 s6 levando a minhaDoutrina. Por mim eu vou e embora, procurar ela direiti-nho. Nao vou me incomodar com ninguem porque e

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isso que a Doutrina ensina. Nao quero nada com a con-fusao dos outros. Esse e 0 meu en sino pra esse povoque esta aqui me ouvindo: eu nao ensino ninguem bri-gar, dizer desaforo, nao ensino falar da vida do outro,nem trazer queixa de la pra ca. Quem tiver a sua queixa,resolvam la os dois e fiquem na paz pra nao correr nomundo 0 boato: "E aquilo la e religiao? Mas se tern isso,tern aquilo, tern aquilo outro, sera que isto serve?" Naoserve! Vamos se cuidar meus irmaos, para se apresentarcomo deve ser, como Homem Perfeito que e 0 que 0Cristo quer.

Conversar nao adianta, no sabado vamos tomar 0

Daime, cantar e bailar. Pode levar 0 seu gravador pra gra-var, vai observando, e quem sabe de outra vez ja fiquemelhor, e quem sabe da primeira vez 0 senhor ja saibadar a nota. Teve, ha pouco tempo atras, urn rapaz queentrou mesmo pra valeroPassou aqui uma semana maisn6s. Quando ia pra tomar 0 Daime, era pra tomar mes-mo. Botava fora e eu dizia: "0 que e que ta botando foraaf?" "Eu nao sei, t6 vomitando aqui." E eu dizia: "Pois e.Bota tudo pra fora, pra tu ve." S6 sei que quando foi nodia do hinario ele estava no ponto, pegou urn papel euma caneta e escreveu tudo. Levou la pra Federal. Outroque esteve aqui, urn doutor de Sao Paulo, quando che-gOl1na hora principal, pediu licen<;a, saiu da cadeira,disse que tinha perdido a patente dele, que nao valianada, que aqui era onde estava 0 neg6cio para 0 ho-mem chegar a urn ponto de ser homem. Naquela horalhe chamavam de doutor e ele pedia: "Pelo amor deDeus. Que doutor, que nada."

Eu nao yOUdizer nada a ninguem, porque t6 dizendoe nao tao acreditando! S6 acreditam se virem diretamen-te. A gente s6 pode dizer uma coisa como e, se a gente

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mesmo ve de perto e sente a dor. Porque 0 sujeito vaisentir a dor dentro dele. Eo dentro da pessoa. Porqueaquele que diz "Eu mio me chama Daime/Eu sou e umSer Divino", e Ele quem vai mostrar a pessoa, ensinar aela direitinho. Eo isso mesmo, cada urn traz urn dom:Cada um que tem um dom/Conforme 0 seu merecer.

o Centro e livre... aqui vem quem precisa e fica quemquer. 0 Centro nao profbe ninguem de entrar nem tam-bem de sail. Agora, tern uma coisa, "quem sair dessalinha, nao espere ser chamado." Eo chamado uma vez,se ele veio, muito bern, se nao veio, se saiu, segue porconta dele ...

Segundo a hist6ria do Cristo, nao adianta ir contar praninguem, porque nao adianta mesmo. 0 que adianta ever para crer e a pessoa entrar para encontrar com 0 Cris-to, ver se realmente Ele existe ou nao, se Ele esta entren6s ou nao. 1550e que e 0 mais importante: a pessoapenetrar pra encontrar realmente aquiIo que 0 Daime falae ela nao conhece. E e ate faciI de conhecer. Depende dagente ter merecimento. Eu me sinto feliz, gra<;asa Deus.Tenho tido uns apertos, mas urn dia a gente chega ondeEle quer. 1550e tudo 0 que eu desejo pra mim e pra to-dos. Desejo ser uma pessoa livre de todas as coisas, naome incomodar com nada dos outros, viver minha vida ...viver JTlinha vida com os outros tambem. Nao e eu 56,querer ser eu 56... e eu com os outros, com a humanida-de inteira! Isto me alegra muito! Eu estou vendo a coisatao remexida que nem uma farofa ... Mas Deus ta nosolhando, tern a presen<;a Dele ai pra quem quiser ver,porque Cristo disse: "Quem tiver olhos para ver, veja,ouvidos para ouvir, que ou<;a." Devemos botar 0 ouvidopra funcionar para ver se ouvimos a palavra de Deus, sevemos a figura de Deus. Se nao vemos, entao pelo.me-nos ou<;amos ...

Acho que eu yOUandando ... Eu nao you dizer que tacedo porque a gente sabe que ta. Agora, pode querer dar

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uma chuva, calor grande, amanha a gente vai can taruma parte do hinario, sabado a gente canta outra e 0senhor ja vai compreendendo bem.

Temos que ser homens divinos, horn ens de amor,homens verdadeiros. Porque matar os ,outros? Cada urnmata os outros pelo seu pensamento desmastreado. Nin-guem vai dizer aqui que me apresentou alguma coisaque preste, senao aquilo que realmente eu nao quero.No meio da verdade espirita, 0 homem deve ter perfei-c;ao.Pra ser perfeito precisa estar com Deus, porqueDeuse Perfeito. 0 homem nao deve maldar, nao deve roubar.o roubo nao esta com Deus. 0 ladrao que roubou, ne-gou a Deus e nao ganhou nada com isso. Meus amigos,sejam iguais a Deus e confiem que Deus esta dentro devos! Se nao nascer de novo, me us irmaos, nao tera nadana vida! E urn aborto que a Terra recebe. Isto digo comconsciencia. Para nos ser, nao precisa parecer. Temosque ser porque "somos filhos de Deus, somos, somos, edevemos ser." Isto eu pec;o a cada urn de vos. Estou pe-dindo! Mas eu ja estou pedindo demais! Porque ja naopreciso pedir tanto assim. Vamos estar na perfeic;ao pe-•rante 0 nosso Pai Supremo Celestial porque agora e tem-po do Espirito Santo. Cada urn que se conforme e entreem comunhao com Jesus Cristo, como assim esta dito eescrito no Terceiro Testamento! Tern 0 Primeiro, vida deDeus Pai, 0 mundo Dele. 0 Segundo, 0 mundo de JesusCristo. E 0 Terceiro, 0 mundo do Espirito Santo, pois ateo nome e Jura. Como disse, 0 nome agora e Jura, e eJuramidam. Quem nao for Midam, nao pode ser filho deJura. Acredite quem acreditar, mas se nao nascer denovo, nao tera a Vida Eterna! Tern que deixar a vidaalheia, tern que deixar de olhar pros outros ... Ser urn so!

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E preciso 0 homem entrar em comunhao com 0 Cristo,como Ele entrou com 0 PaL

E esse Deus falado, de toda qualidade e que ninguemnao sabe dar nome? Ele haveria de vir, ja que isso tinhasido anunciado ha muitos anos atras; que agora ia apa-recer urn espirito diferente em nome, para vir govemar 0

mundo. Agora chegou, eo nosso Juramidam. Quem forMidam entra justamente com 0 Jura. Porque Jura e umacoisa e Midam transforma urn no outro Quem e filho eMidam e 0 chefe e Jura. Dai 0 sobrenome e Midam.Quem toma Daime e urn acompanhante, e urn dosMidans. Se eu consagro 0 Daime sou urn filho, nao pos-so negar em canto nenhum. Voce que tambem estaacompanhando, se negar 0 seu Pai, ta lascado tambem.

Renascimento Espiritual - 2

Outra coisa que 0 Cristo deixou e ta dizendo todos osdias: "Se nao nascer de novo, nao tera a Vida EternalSou Vida, sou 0 Caminho e sou a Luz". Ter na menteque quem nao for guiado por estas tres coisas, nunca vaiver Deus! Porque Deus veio aqui realizar uma coisa. Naoaceitaram. Meus irmaos, 0 que esta se apresentandoaqui ja foi criado la no ceu! La nas alturas, para poder serapresentado aqui! Entao vamos tratar disso! Porque nahora que for pra ser, temos que mostrar Deus! E Deus 0

que e? E Harmonia, Amor, Verdade, Justi~a Guardai noseu cora~ao aquilo que realmente Ele e, aonde esta amorada de Deus. Urn corpo e so materia, ela nao estasabendo, mas 0 dona dela sabe 0 que tern na sua pro-pria casa. Porque somos a 19reja de Deus, somos 0 Tro-no de Deus! Precisa que todo homem e toda mulher to-mem esta atitude de ser, e nao parecer . Ser uma Igreja.Cada urn de nos e a Igreja onde 0 Cristo vive! Porqueperguntamos e os apostolos fizeram tambem esta per-

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gunta: "Senhor, quando vem 0 teu Reino?". Ele disse: "0meu Reino ja veio". "E aonde esta?". "Dentro de v6s!"

Quem anda na Luz nao se perde. Por isso eu andocedo. Quando 0 homem tiver uma atitude de ser e dis-ser: "Eu Sou, porque Deus E", e trouxer esse conheci-mento verdadeiro aqui na Terra, ele nasce de novo. En-quanta nao, me us amigos, nem deve conversar, porqueesta conversando bobagem e me apresentando apenasa sua pr6pria sujeira. Uma cabe<;;acheia de sujeira podeestourar!. .. Meus amigos, vamos baixar a cabe<;;a,seguira Deus! Deixar desse neg6cio de rancor de urn para 0

outro, de falar da vida do outro! Nao me matem! Porquequem fala de qualquer uma pessoa, esta matando 0 ou-tro! E nao tern precisao! Devemos ser como somos! Fi-lhos de Deus! Ser tudo santo porque se somos algumacoisa santa, devemos santificar desde 0 corpo ate 0 altoespfrito. Porque 0 espfrito e Verdadeiro! E 0 corpo devetambem saber que 0 seu Eu Superior nao e urn abestadopara ser enterrado junto .com 0 corpo! Olhe, isso d6i!Porque a vida de Deus nao se perde em canto nenhum!Prestem aten<;;aoporque e a Palavra Divina! Os hinariosestao af para provar!

A ~igueira Seca

Todos n6s devemos ser direitos. Andar bem dentro daperfei<;;aoe estar com Deus. Ter amor e estar com Deus.Ter harmonia e estar com Deus. Tudo enfim, porqueDeus e serio. Nao tern limites em Suas palavras. Porque afigueira seca esta em cima de cada urn de n6s para afir-mar a palavra da Verdade. Se nao tern Verdade, nao fale!Porque se falar e nao acontecer aquilo, nao tern Verdademesmo! Ele nao e nada. Esta s6. E como a figueira secaque nao produz fruto.

Devemos estar com Deus. Ouvir a voz de Deus porquea voz do Deserto falou. Foi Elias quem avisou que ainda

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vinha a voz do Deserto para quem quisesse ouvir. E esteElias, era 0 mesmo Joao Batista. Hoje e a me sma modi-fica~ao, meus irmaos!

Cada urn que acorde e tome a sua atitude, de servode Deus. Deus ainda esta esperando por cada fiIho paraque eles saiam das ilus6es, prestando toda aten~ao, naofalem mal de quem quer que seja, porque isso e queleva a descida. Vamos tratar serio uns com os outros,vamos provar 0 que viemos fazer. Nao estamos a toa. asoutros estao a toa, mas eu nao.

Nasci com meu Eu Superior. Na idade de oito anoscomecei a ter os meus sonhos. Todos se realizaram. E,para mim, foram a Verdade e uma certeza. Fa~a de mim,meu Pai, 0 que quiser! Mas prometo sempre ser fiel. Egra~as eu dou ao meu Supremo Senhor Deus, que metrouxe urn conhecimento total de desmanchar urn reinoa toa e pisar no batente, e de que e urn s6 Reino, urn s6governador do mundo inteiro! E Deus que nos cobre enos traz em pe. E vivos e puros! Se assim nos entender-mos, teremos e chegaremos a Eternidade, a vida eternalSenao ... morreu! E muito obrigado, que por hoje e s6isso mesmo, pra dar urn alerta aos meus irmaos quequiserem! Porque eu tenho uma Mae e a minha Mae sesente por mim. Eu estou aqui e sou urn Deus encarnado!Tanto faz estar aqui como aonde estiver! Eu sou eu mes-mol Tanto faz em carne como sem carne.

Mas pra estar aguentando abuso dos irmaos que naoprocuram entender 0 que e uma vida melhor, eu tam-bem me retiro. Nao tenho raiva nem queixa de ninguem.

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Apenas a minha queixa e essa: e de eu tanto lutar, umaluta tremenda dessa para trazer urn povo, para santi fica-10 como Deus quer. Mas se nao entenderem, meus ir-maos, se sempre for assim, acredito que nao querem.Porque disse 0 Cristo Verdadeiro, e voces podem buscarla onde quiserem dentro da Escritura: "Quando vomitarnao fa<;acomo os caes que voltam e comem". E aqui tado mesmo jeito. Voce vomita hoje, amanha ta na mes-ma, na mesma coisa! Quando vem para uma sessao es-pirita receber 0 seu Eu Superior, nao sai bem limpinho!Mas nem ta af! "Semeus irmaos soubessem/O que e quevem fazer/Saiam bem limpinhos/Pois 0 meu Pai temPoderf" E sera glorioso e vitorioso, na nossa jornada es-piritual.

Devemos tomar uma atitude de uma Verdade. A Vir-gem Soberana baixou aqui na Terra para livrar 0 pOYe>(]pbra~o de seu Filho. Pediu que Ele nao baixasse oseubra~o porque grande era 0 sofrimento do seu povo! Metisirmaos, coisa alguma ligaram. Tudo que aqui se fala,leva-se por brincadeira. E como urn camavaI!

o homem deve mesmo tomar uma atitude sobre esseneg6cio de trabalhar para 0 mal, para 0 bem ou paraquem quer que seja, porque Deus e urn Verdadeiro PaLE quem sabe tuda! E tudo. tern que ser passado por umarevela~ao. 0 cristao .que ainda nao pas sou pela revela-~ao espiritual, pela agua da vida, encoste-se. Se encos-te. Deixe as maldades, deixe os rancores, deixe a inveja,deixe os citimes! "Vinde a mim todo aquele que seachar doente, oprimido e cansadof Vinde a mim, quevos aliviareif" Isto saD palavras do pr6prio Cristo Verda-deiro que habita em n6s. Habita em n6s! Vamos tomaresta atitude, meus irmaos!

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Pensamentos e Desejos

Ate aqui, tern gente que nao ta venda nada! Quem mediz que ta venda uma coisa muito maravilhosa? S6 n6smesmo aqui, se abrirmos os olhos e rogarmos por n6s epelos outros! E seremos uns infelizes se nao tivermos 0

nosso pensamento ligado em todos os irmaos da huma-nidade inteira! Porque precisamos fazer por n6s e pelosoutros. Eu seio que digo e sei 0 que fa<.;o.Entende quemquiser e quem nao quiser ... Quem tern ouvido, ou<.;a,equem tern olhos, veja. Isto esta af para quem queira ver.Nao tern nada aqui no invisfvel. Ta tudo visfvel, paraquem queira verI Se nao ve e porque ainda esta dormin-do.

Eu pe<.;o:meus irmaos, deixem esse neg6cio de cha-furdo! Vamos acabar com tudo quanta e de desejo mau,que nem se realizam e ficam nisso ... Urn desejo, ou deveser realizado, bem realizado, ou entao, bem abandona-do. Mas se eu tenho urn desejo qualquer e ponho emprcitica, eu 0 transformo do jeito que quero, porque eDeus que esta no meu corpo! 0 corpo e de Deus e Deuse quem fala! 0 corpo sem Deus nao fala nada. Olhe, Deuse vida e urn corpo com vida fala, ou bem ou mal, masele tern que falar. E ele sem Deus nao fala nada, e quenem qualquer radio desmant~lado e sem pilha. 0 locu-tor fata a vida toda, mas a liga<.;aoesta cortada, ninguemescuta.

E isto, meus irmaos. Para que possamos ser espiritua-listas precisamos nos calar. Para ter uma vida mais am-pIa. Chegar mais ligeiro. Porque quanta mais se fala, maisse perde energia. A sua energia vai esgotada ... Com urnpouco voce esta urn homem de nada, e sofre. Porquenao conserva aquilo que realmente Deus te entregou e

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hoje pede: "Seja crian<;a para 0 mundo e adulto paraDeus". Porque Deus e muito velho e, entretanto, e urnmenino. Nao tern uma mancha nem uma prega na suaPresen<;a. E tao puro que voce nao enxerga coisa algu-ma em cima do nosso Supremo. E urn Deus mesmo.Vejam, meus irmaos, nos nao podemos fazer besteira.Entrar em cas a de ninguem, tirar uma coisa sem publi-car ao seu proprio dono. Nao devemos fazer isso. Por-que se eu fiz pela inocencia, por ignorancia ou por pen-sar que todo mundo e urn so, ainda estou enganado.Mostra 0 que tu tern para 0 outro poder ver em ti e por ti.Se tu mostra uma coisa que nao serve a ele nem a ti,entao os dois ficaram como pedras jogadas urn no ou-tro.

Devemos tomar essa consciencia de que Deus e ver-dadeiro e Deus habita em todos os seres. Acreditem nis-so para se respeitar e ter fe. Tomar uma atitude de tirar 0medo e a duvida do seu proprio corpo, porque senao 0

Cristo nao se levanta. Assim ele fica sempre na cruz, etermina enjoado! Meus irmaos, vamos abrir os nossosolhos e 0 nosso cora<;ao para descrucificar 0 Cristo inte-rior: "Todo mundo dorme/E vao fiear dormindo/MeuMestre e rieo/E Ele esta sorrindo." Porque nao ternlastima<;ao para Ele. Nao tern nada, nao tern dor, naotern coisa aIguma. 0 aperto esta em nos mesmos, comoja foi dito.

Cada urn de nos que estiver diretamente ligado no seuEu Superior, que e Deus, 'pra esses nao tern arenga. Aquinao tern ciume, nao tern inveja, nao tern nada disso.Porque ciume e urn atrasador de uma vida e urn destrui-dor de familia. Come<;apor af. Isto e urn amor falso. Naoe urn amor perfeito em Deus. Porque quem tern ciumetern 0 mal que esta Ihe comendo, desgastando, que jogaaquele corpo no buraco. Por que nao toma uma atitudede servir a Deus, com mais perseveran<;a, para saber vi-ver no mundo terrestre? Aqui e 0 nosso ceu e isto e uma

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satisfa<;ao. Se n6s nao estamos nem ali, nem acola, eporque nao queremos ver. Quem nao quer se ver, nao sebus ca. Porque quem se busca, quer se ver. E aqui tern 0

hino dizendo, A Justi<;a de Deus e reta. Ele come<;a di-zendo assim: "Meus irmaos 0 /iura estci aberto/E paratodos uerem/Lendo e que se aprende/E aprendendopara se uer." Nao e? E cade?

Vamos tomar isso como uma Ii<;aoboa e correta. Por-que se me apresentarem sempre s6 a coisa a toa, naoposso ter alegria com todos meus irmaos. Porque naoposso chamar de irmao. Nao posso mesmo. Porque cha-mar 0 outro de irmao e amanha estar dando na caradele ... Quem nao tern nem consciencia que 0 outro e elemesmo, e quem faz isso. Quem quer dar no outro, tam-bem deve apanhar, porque esta dito: "Quem com ferrofere, com 0 mesmo ferro sera ferido."

Joao Batista foi morto porque falou uma Verdade. Pe-garam ele por causa de uma falsa e triste mulher. Tira-ram a vida de quem veio mostrar 0 Caminho e a luz.Depois veio 0 Senhor Jesus e encontrou tambem a mes-ma falsidade. Esta ai a prova. Judas lscariotes foi apenasurn instrumento escolhido para hoje provar que 0 di-nheiro e 0 maior falso que existe em todo 0 mundo. Por-que comprou a vida, a vida do Cristo, e ainda hoje conti-nua comprando. Isso e que e tristeza, que todo mundoesta sentido pelas coisas que estao acontecendo. Naos6 0 povo, como todos os animais, estao todos sentidos,como toda a Floresta e como todo 0 astral.

Veja as mudan<;as, porque s6 nao ve quem nao pro-cura entender e nem busca ver 0 destro<;o que esta ha-venda no mundo e as mudan<;as celestiais acontecendoindiretamente. De vez em quando e uma mudan<;a e 0homem sempre dormindo e dizendo: "Ora, isso e con-

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versa do tempo passado, hoje e 0 tempo moderno". Poise justamente pelo tempo moderno que Deus vira mudaro tempo. 0 tempo vai ser mudado assim, de uma horapara outra, nem se sabe como. Mas e para cada urn denos cuidar de nascer de novo, senao nunca se transfor-ma e vive nessa eternidade assim: virando e mexendo.

Pois e, eu tenho uma fe tao forte e nao uma fe semsaber em quem ... Eu tenho uma fe, mas sei em quem euestou crendo, que e em Juramidam, em todos os seresda corte celestial, da terra, da floresta, do mar, e algunsque vivem debaixo da terra. Tu acha que nao? Pois euandei debaixo da terra e tudo e claro como aqui emcima. Voces nao se admirem de nada. Porque 0 Eu Su-perior, Ele e tudo, e anda por todo canto. E se eu estoucom Ele, tenho licenc;a tambem para andar por onde Elequiser. Mesmo assim com voces. Mas precisa ter uma feviva em nos mesmos. Se eu nao tenho fe em ti, eu naotenho em mim. Precisa eu ter em mim para ter em ti. Tuem tu, para ter em mim tambem. Ainos expande 0 amore a fe urn no outro. Para nos dois podermos ter fe noPoderoso Deus Amavel. 0 povo e assim: uns falam uma

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coisa e outros falam outra.Mas eu YOU pela ord~m espiritual. Amar a quem tu

nao conhece e diffcil, mas so em ver falar desse e da-quele nao deve ser motivo para ninguem triscar em nin-guem. Tu ouviu falar, nao viu diretamente. E a mesmacoisa de quem fala em Deus e nao tern conhecimentoDele. Tudo sao palavras em vao. Mas quem conhece aDeus conhece a si proprio. Eu tive esse prazer. De meconhecer pra conhecer Deus.

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Oqqe e ser urn Hornern

Muita gente fala que e homem porque tern dinheiro.Nao, 0 homem mesmo e esse que da dois passos prafrente e dois pra tras, e nao desvia 0 seu pensamento. Ehornem. Mas s6 falar que e homem, nao e assim nao!Desse jeito ainda e apenas urn bonecao material farejan-do besteira como as moscas farejam Iixeira. Essas coi-sas eu nem quero movimentar! Porque eu nao tenho di-nheiro ... e nem quero saber disso. Eu quem e saber setenho 0 que comer e se tenho amigo. Tendo amigo, ten-do amiga, tenho tudo comigo! E isso que eu quero! Naoe tomar riqueza de ninguem, nem matar fulano e nernnada!

Eu quero uma coisa como mandaram! Unir e colhero povo de Deus: "Tudo que ja se passou/Assim foi por-que Deus quis/Se nao nos tornarmos unidos/Nao pode-mos ser feliz." E e mesmo. A uniao e quem traz tudo. 0amor esta presente e se a harmonia nao estiver tambem,nao tern nada. E urn amor esbaga<;ado. Mais que tudoprecisamos de harmonia, arnor, verdade e justi<;a.Tudocab~em Deus, que e Presente. Nao tern nada contra nin-guem! Nem Deus se incomoda com ninguem! 0 povopensa: "Ah! Meu Deus! Ele·ta mandando esse castigo!"Alem de nao entender, ainda esta levantando falso aquem s6 tern Luz para te dar? E tu adoece com as tuasbesteiras e tuas loucuras e vai dizer que e Deus que estarnandando! Deus e tao Iimpo que Ele nao assopra nemassim de longe em basculho! Nao ve como 0 Sol e? Secacoco e tudo 0 mais. Quando e de tarde, 0 coco some.Ficou la tudo seco. E 0 sol? Nao tern nada com isso! Elenao saiu sujo!

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Gra<;as a Deus eu nao encontrei valente para mim,nem eu para ninguem. Veja 0 exemplo do cordeiro. Euma beleza. Embora se pegue 0 bichinho e meta-lhe urnmachado, ele nao berra e nem diz desaforo a ninguem.

Para se iluminar nao precisa estar com farol na mao!o sol nao vem de acola, clareando tudo? Pois assim ain-da tenho fe que nesse paraiso nos vamos ser do mesmojeito!

"Procurei essa VerdadelE eu sei aonde estalNo sol,na LualNa Terra e no MarlEssa Verdade e puralEstouaqui para apresentarlNo Sol, na LualNa Terra e no MarlDesceu com esta VerdadelDeus do ceu para ensinarlNoSol, na LualNa Terra e no MarlEu chamo as estrelaslEtodas vem me acompanharlEu chamo as estrelaslE to-das vem me acompanhar." Pra que coisa melhor? Quan-do recebi esse hino foi pra todos ver aonde eu estou liga-do.

Ai, meu Deus do ceu! Quando a gente esta miran-do mesmo, esta mirando dentro de urn hinario!... Miran-do, sabe? Nao e sofrendo! Que sofrer e enjoado! Quandoa gente esta mirando mesmo, quero ver ele chiar! A coi-sa se passa ... e em outro lugar ... Da vontade de nao voltarmais! Nao da vontade de aterrissar!... Mas e 0 jeito! Porenquanto e. Mas nao esque<;am, meus fiIhos! Nao querovoces doidos. Maluco e ~uito pior. Quero umas mo<;asque vivam satisfeitas por terem vindo ate aqui e sairemmuito mais satisfeitas! Lutar para se encontrarem. Podeser ao menDs umas dez! Ao menDs cinco! Como na pa-rabola das virgens.

E..."Havendo for~a de vontadelNada pra nos e custo-so." Quando eu me lembro de ontem, 0 que eu passeL.Eu pe<;o para me deixarem logo, porque, 6 coisa horri-vel! Eu sei 0 bem da for<;aespiritual, mas a materia tava,vai nao vail Toda minha valen<;a, era urn que chegava eme segurava ... Urn outro alertava, me chamava e com

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para ter conhecimento". Ai ele ficou meio assombrado,mas no final acostumou. Era urn homem muito born eserio que dizia estar viajando 0 mundo em busca dopovo de Deus. E que 0 encontrou aqui?

No tempo da Babilonia, quando ela foi fundada, elavirou mar, queimou e se sabe ate 0 tanto de fundura que'queimou. Eu nao sei. 56 sei contar a hist6ria. Mas L6 foiavisado pra sair da cidade que ela ia incendiar. Porque asacanagem era grande. 0 usa, era homem com homem,mulher com mulher. Nao queriam outra coisa. VirouSodoma. Dai, Gomorra tambem. A mesma coisa. Ta la,todas as duas em estatua de saIl E 0 mar de sal. Quemconhece, vai la e sabe que tern. Virou sal por causa des-sa sem-vergonhice que houve e que eu nao tenho nadaaver. E hoje, ainda tern muito dessas coisas. Tanto que,quando eu tava no Rio, muitos falaram comigo pedindoconselho. E, pelo Santo Daime, alguns ja escaparam sim!Descobriram porque que eram desse jeito, os maus cos-tumes e vicios que tinham, etc. Aqui, nesse trabalho, nin-guem quer saber 0 que 0 camarada foi. Quer saber sechegou, achou e se descobriu. Se resistiu aos vicios eteritac;;6es.Ai e que ta: "Tudo que}6 se passou/Assim foiporque Deus quis ..." La se vem, com 0 tempo aquilopassa, vai embora. Ja nao e mais aquele homem. Nao e?

Ja passou a ser outro homem, porque todas molesti-as foram embora dele e ele se tornou urn homem satis-feito e perfeito. Porque 0 vagabundo largou aquela casa,que vivia maltratada por urn espirito vagabundo: "Se naopreparar terreno/Fica espirito vagabundo." E s6 0 queeles fazem e isso mesmo. Prega numa materia e faz delao que quer! Se orgulham, ficam todo orgulhoso ... Fazemo cara chafurdar. Querem tomar posse daquilo que naopodem! Nao pode! A maior tolice do mundo e querer

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tomar uma posse de uma coisa que a pessoa nao pode,nem tern conhecimento.

Mira~aoe Limpeza

Porque 0 homem faz qualquer coisa. Quando ele botapra aprender, aprende mesmo. Faz cada meiquina, cadacoisa que vale a pena a gente ver! Feita pelo hornem!Agora, 0 homem espiritual na materia tern urn dom mui-to a1em de tudo que a gente imagina.

Nao e tirar 0 valor de ninguem. Nem do proprio serin-gueiro, como eu. Fui seringueiro, sofri em mao de pa-trao, e hoje nao estou sofrendo mais na mao de patraoporque nao posso mais cortar seringa. Senao ainda tava.Porque foi 0 que eu aprendi, foi cortar seringa. E naogosto que ninguem judeie a bichinha. Viu so, meus ir-maos? "Cada um cuida de si/Eu tambem cuido de mim/Vou zelando esta estrada/Estou fazendo 0 meu jardim."Vai juntando os caboclinhos, filhos do Caboclo Velho!Que e aquele que se fala, Juramidam! E agora, paradestrinchar esse nome? Juramidam, e buscar a finfssima,a finalidade que tern 0 nome ....entre ... 0 Jura e 0 Midam.Para ver aquilo tudo aceso!... "Meu Pai eu quero 0 teuamor/Segura bem a minha mao/A meu Pai eu pec;o umcon/orto/Para mim e para os meus irmaos/O tempo cor-re e a hora se passa/Todos dormem nao querem acor-dar/E bom que assim acontef;a/Para ouvirem e sabe-rem respeitar." Voces nao ouvem voz nao? Quandovoces tomam Daime e estao em alta mira<;ao?Ou so es-cutam quando estao vomitando? Pois e. E diffcil a gentenao vomitar! Se a gente vomita, depois volta pra fila ani-made de novo, entao tei born. Bern, eu vou me calar,porque quanta mais a gente conversa, mais aparece coi-sa pra conversar, e eu nao quero mais nao! Eu so falo navida cotidiana. Vou vivendo e vou mostrando.

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Vamos ter uma palestrazinha dessa? Mas nao e fazen-do moda. Porque aqui eu nao estou inventando moda.Eu apenas estou levando uma obra que Raimundo IrineuSerra come<;ou e nao chegou a terminar. Nem assim nosentendemos. Ainda ha e muito boato que da nessa cru-za . Pelos nossos defeitos de falar muito! "Porque quemmuito {ala termina perdendo a amizade". Eu pe<;o atodos que entram no nosso Centro, nesta casa, que naolevem coisas daqui Ia pra fora. Eu venho dando algumasinstru<;6es aos me us irmaos para que todos amem assuas esposas e conhe<;am melhor as pessoas das suasesposas, e que estas conhe<;am 0 seu esposo. Para quehaja uniao entre os dois. Eu nao mando ninguem deixarsua esposa. Nao estou falando de coisa alguma de atra-so para cada urn, mas fazendo uma revela<;ao de que,assim como Deus uniu, e preciso que nos aceite viverunido! Que todo casal aceite isso, para nao haver comoesta havendo ai por fora coisas muito diferentes, que naovem a caber aqui entre nos.

As historias por ill tao muito avan<;ada! Isso nao e coi-sa que eu ensino. Eu nao estou ensinando nada erradoaqui. Na verdade, ninguem tern capacidade para ensi-nar ninguem, mas cada urn faz 0 seu saber. Puxe por ele,que vai encontrar em si mesmo! A gra<;a e 0 poder deDeus esta em si mesmo! Muitos vivem confundindo ascoisas divinas com as coisasmundanas. Cristo quandoesteve no mundo disse: "Eu nao vim frazer a paz, massim, a espada" . Desde este tempo pra ca, tern semprealguem anunciando a Nova Revela<;ao, a Nova Jerusa-lem. Mas os homens nao compreendem e eIa, de fatovem se revelando em cada homem e no mundo. 0 Rei-no de Deus ja veio e esta no homem, mas ele proprioainda nao compreendeu a Palavra da Verdade e da Feviva. Cre que a Vida esta na materia. A gente ere que a

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Verdade esta na materia mas a Vida esta no Espfrito e aVerdade tambem. A materia e apenas urn instrumentopara receber as coisas divinas que vem do espfrito. Masparece que vivem para nao entender 0 falar do seu pr6-prio irmao. E por isso, meus irmaos, que estou sempreensinando e pedindo. Porque aqui eu nao tenho nadamais certo para ensinar a ninguem. Sempre pec;o e comamor, e com todo carinho! Calem-se! Nao levem nadadaqui la para fora! Porque fede! La fora, ninguem gostade ninguem. a povo nao se entende. Vive sempre de-sentendido. Porque nao procuram compreender a simesmos? Por que me preocupar tanto com as coisas dosoutros?

Meus irma:os, se quiserem ter saude, creiam na Verda-de, creiam no Poder Divino. Deixem de tomar tanta pflu-la, porque quanto mais toma, vive todo mundo doente.Quem toma Daime com fe nao adoece. Quem tomaDaime vive com 0 Cristo diretamente, com 0 Deus. Naopode viver doente. Ninguem pode viver se ocupandocom os outros. Porque Deus e 0 Senhor do Bern. Qual-quer urn dos outros meus irmaos que vive doente e por-que ainda esta fora de Deus. Porque Deus e a vida, Deuse a verdade, Deus e 0 amor, Deus e a saude. Se vivermoscom Deus, nao adoecemos: Nao sentimos nada em n6s.Nossa palavra e verdadeira. Ter verdade na nossa pala-vra e ter a nossa mente limpa para Deus, para que 0 nos-so espfrito se comunique com a Verdade, porque a Ver-dade e 0 Espfrito e Deus e 0 Espfrito.

Nao devemos nos incomodar com conversa de seufulano nem de seu beItrano. Cada urn da conta de sicomo eu tenho que dar de mim, e assim acontece comtodos. Pec;o que meus irmaos e minhas irmas compre-endam isso! Porque se eu falar daqui la fora, tern que ser

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verdade. Porque verdade nao prejudica ninguem! Ficatodo mundo sabendo que a palavra de Deus nao faz mala pessoa alguma. Se e capaz, diga sim, e se nao e, diganao. "Ndo creia nos mestres que te aparecem. "

A verdade e que ninguem compreende a sua propriavida. Sempre estao dizendo: "E Deus! Eu estou sofrendoisso porque Deus quis!" E mentiroso! Deus e 0 Senhordo Bern! Deus nao da castigo a ninguem. A propria pes-soa se castiga por si mesma. Pelas suas faltas. Pelos seusmaus pensamentos. Pelas suas mas palavras. Pelos seusmaus desejos. Amar a Deus sobre todas as coisas e 0

proximo como a si mesmo? E muito diffdl ter quem fac;;aisso. Porque quem gosta de mim, nao deseja 0 mal aosoutros. Se eu gosto de Deus, eu fac;;opor onde todos sin-tam Deus nele. Esta e que e a minha Doutrina. Isto e 0

que 0 meu Pai me ensina. E amar a Deus sobre todas ascoisas e 0 proximo como a mim mesmo.

Meus irmaos, aqui eu pec;;oa todos. Esta aparecendouma notfda ma la fora. Nao e ensino meu. Porque eunao ensino isso. Meus ensinos sao claros. Do jeito queeu recebo e do jeito que eu ensino. Eu quero todos uni-dos. Sem questao urn com 0 outro porque esta chegan-do 0 tempo. 0 tempo esta muito proximo de nos, eutenho que realizar aquilo que Deus me pediu que eu fi-zesse e estou trabalhando para este fim. E para aquelesque quiserem, que eu nao posso obrigar ninguem, por-que Deus nao obriga a pessoa alguma. A perfeic;;ao decada urn deve ser procurada em si mesmo! Nao adiantao homem dizer que esta com Deus se 0 vido esta com

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ele! Peca todos os dias! Eo urn mentiroso! 1550 e 0 que eutenho a dizer para cada urn dos meus irmaos. Capri-chern, caprichem para que 0 nosso Pai que esta no Ceue 0 proprio Mestre Imperio Juramidam nos receba lim-pos, brilhando na nossa luz de cristaI. Eo 0 que devemosfazer. Nao ouvir conversa de seu fulano nem de seubeltrano. Deixamos isso pra la e viramos pra ca. Quemquiser que venha. "Eu sou filho de Deus/Sempre vivo nomeu canto."

1550 eu digo sem medo de errar. Eo que a estrada que 0

meu Mestre anda, eu tambem estou andando. Eo por issoque eu recebi hinos na musica do Mestre. "Porque tudoque e Dele, e meu. E 0 que e dele, eu posso usar." Eu sonao quero usar aquilo que os outros estao usando. Por-que pode me derribar! Quero provar a todos 0 que 0Mestre disse e "levantar nova bandeira com novas es-trelas para todo mundo verI" Se come~arem com a mes-ma bandalheira la de fora, aqui nao vao ficar. Porque acoisa ainda vai imprensar de uma tal forma que quemquer, quer! E quem nao quer, ele mesmo por si se sepa-ra! 1550 porque Deus e verdadeiro e nao vai querer aquiloque nao the serve! Ele vai querer uma coisa que Elesabe que vai the servir para sempre! Para sempre! Se ecoisa la de fora, deixa la! Pra ca, so aquilo que Deus da!Porq~e e chegado 0 tempo de cada urn de nos acordar.Nao e vivermos dormindo, eternamente! Devemos acor-dar, abrir os nossos olhos espirituais e materiais. Obser-var a nossa mente e 0 nosso cerebro e nao se incomo-dar com aquilo que tern la fora. Nem com 0 que se sabelVamos cuidar de nos, meus irmaos, porque este e que eo negocio.

"Eu vou ligar 0 meu pensamento/S6 aonde eu devoligar/No Sol, na Lua, nas Estrelas/Na floresta, na Terra e

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no Mar." E! Para estar com Deus e predso deixar aquelaspreocupac;6es, aquelas cruzas, aquelas coisas que n6scafmos. Suspend en do 0 nosso pensamento, chegamosem urn Deus todo poderoso. Porque Ele esta em n6s edevemos nos ligar Nele. Deus e uma maquina que faztodas as outras maquinas.

Nova Vida, Novo Mundo,Novo Povo, Novo Sistema

Cada urn por si se destr6i. Todo mundo tern que acor-dar! Ninguem ta excomungando nem delatando nin-guem nao! E sim dando 0 valor de cada urn, aqui naTerra. Agora, urn vadio querer s6 para si... lsso af nao! Jae 0 contrario! Voce e desse lado, vai e pra la! E isso! Queate 2.014 esta completo 0 Novo Mundo! Agora, ninguemsabe 0 que vai se passar quando isso acontecer. Eu es-tou sempre esperando. Vai ser num abrir e fechar deolhos!

Eu vend ate hoje outras coisas mais diffceis! Eu tenhouma fe pura no nosso Juramidam! Que ninguem vai der-rubar de jeito nenhum essa Doutrina! Agora vai aconte-cer 0 Novo Mundo. Que eu disse que e: nova vida, novopovo e novo sistema! Ai ja e uma coisa muito, muito di-ferente desse mundo velho, nao e? Dentro daquela for-c;a, 0 camarada ja se acha no Novo Mundo, em novoestado. Nao venha com gastimonha ... Nao seja aperrea-do por isso e aquilo, por aquilo outro ... Se vai se usar 0

Daime ou qualquer erva santa, s6 se predsa e respeito etranqi.iiIidade! Tern hora que da urn sono tao danado,que tern de dormir mesmo. Mas naquele sono, a gentealcanc;a outro tanto! Tudo no mundo, s6 e born se e tran-qi.iilo,nao e? Pois bem!... Eu tinha uma vontade de fazerurn povo aqui dentro desse buraco! Porque eu nao t6aqui pelo meu gosto! E nem saf porque quis, la da Cinco

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Mil. Foi porque me mostraram 0 mundo todo e manda-ram que eu safsse para 0 centro da mata virgem! Por issome acho aqui dentro. Eu ja me andei chorando, mas daate urn consolo, como diz no hino: "Sinto dor, eu sintodor/Com prazer no corar;ao/De me achar reunido/Aquicom os meus irmaos!" Eu tenho fe que isso aqui vai seruma coisa tao boa que ninguem pode botar nem a pon-ta do dedo contra 0 Santo Daime. Ah! Aqueles temposvelhos, antigos! Precisa hoje todo mundo lembrar: "To-dos tem que se lembrar", como e a musica mesmo? "To-dos tem que se lembrar/E lembranr;a do passado/E to-dos tem que se lembrar!" Meu Deus! Eu lembro do pas-sado! A gente lembra mesmo! A gente vai e entra. 0 su-jeito vai venda aonde sofreu, aonde passou bem ... Vocedescobre tudo! Ai voce nasceu de novo, materialmente.Porque se morrer agora, antes de ter 0 conhecimento davida eterna, e urn aborto. Nao tern mais chance.

Invoca~aode Espiritos pelo Daime

Por isso e que todos devem se calar! E preciso realcoragem! Entregar-se mesmo, pra voce ter conhecimen-to do que a gente e ... e duro! E duro! Tinha hora que eudizia: "eu nao volta mais pra ca!"... Que for<;a,a do EuSupel-ior... Porque Ele vem pra mexer com 0 outro EuInterno, pra ver se ele acorda. ''Acorda meu irmao/Peguea tua direr;ao!" 0 povo do Santo Daime ta acordando. Osespfritos que a gente invoca naquele copinho, cada urnvem atuar. E expulsa tudo quanta tern dentro da cas a dohomem perfeito, que e essa materia. 0 horn em invocanessa materia e os espfritos vem. Vem fazer 0 que elequer no aparelho dele! Nao e? Porque 0 homem tern ca-pacidade, como ta af 0 mundo todo sendo governadopor ele mesmo. Agora, todo mundo fala em Deus, masja 0 Mestre veio dizer, "porque ve os outros falar!" E eudigo: "Eu sou filho e tenho verdade/Eu sou um filho de

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Deus". Ah! Tudo isso, 0 sujeito diz: Eu sou um filho deDeus e na me sma hora ta assombrado com Deus, pe-dindo coisas para Ele, porque ta atras de salva<;ao, atrasdisso e daquilo ... Rapaz, voce nao disse que era urn filhode Deus? Entao por que diz isso e e todo 0 tempo as-sombrado, com medo de que? A culpa e do diabo? Nao,procura em ti mesmo, se tern algum diabo invocado! Eonde ta 0 negocio das pomba-giras, dos Exus, etc. Invo-cad os na casa do homem. 0 jeito e chamar todos e di-zer: "Toma ca esse liquido pra ver 0 que acontece"."Euntio me chama Daime/Eu sou e um Ser Divino." Por quenao posso me julgar urn Ser Divino tambem? Agora, eunao dou cren<;a e na materia. Daqui pra frente, muitagente pod era virar material e espiritual. E ha deles quenao morrem mais. So 0 que se exige e consciencia emuitos ate hoje nao tern a consciencia do que a gente emesmo: uma presen<;a divina! Nao e uma coisa a toa,urn negocio qualquer ... Desse jeito a gente ja nasce nomeio de uma coisa tola! Fica so falando que e mas naoprova! Vamos fortificar 0 espfrito, na casinha dele!... Naotenho medo de botar tudo quanta nao presta abaixo coma for<;ado Sol e da Lua, das Estrelas e do Mar.Da Florestae da Terra. Porque esta Mamtie Terra tern tudo para ofe-recer! E ainda da na mao! E os bestas sao tao bestas quee so agarrando, fazendo venda e matando os outros.Voces vejam!. .. Cada urn por si se destroi e nao ta nern'af!

Quando baixa uma for<;a,uma for<;aque vem assimbem forte, e para provar pra nos que temos for<;agaran-tida, mas que nos tambem nao devemos se entusiasmardemais dentro dessa for<;a, porque ela tambem podedestruir aonde ela quiser, porque ela e forte. Mas ela naoquer isso. Ela vem so para ensinar seus proprios filhos,

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porque ai ta tudo. Quando falei que num Htro de Daimetern coisa, e porque eu sei que tern ... Cada urn que boteo seu copo na boca, saiba qual foi a direc;ao. Naquelecopo ja chegou 0 seu, 0 dele ficou la, esperando aqueleoutro que vai chegar na fila. E 0 que e dele viaja com eletambem, mas ja vai partir para outro lugar. Se e para en-trar numa gl6ria, 0 Daime ja sabe, 0 caminho dele ja vaipreparado para aquilo. Mas se e para entrar acola numapassagem muito apertada, porque sou eu que tenhomais coragem de agir, entao eu vou encarar aquela mis-sao.

E assim que acontece ... Porque hoje pequei, ontemfiz 0 maior beneficio, entao eu vou receber de conformi-dade aquela paga. Posso receber aIguma gl6ria, se eu fizpor merecer ... Mas se eu recebo, ai vem uma peia da-que Ie tamanho ... 0 cara ainda quer argumentar: "masontem eu fiz aquilo de born ..." Nadal Voce nao fez direi-to, pega a sua disciplina pra amanha tu fazer direito. 0Daime precisa de gente assim, que busque, que se corn-ja . Se os outros nao ajudam, fica s6 urn ou dois segu-rando 0 peso, as costas da gente nao agi.lenta.

Voces que querem escrever sobre a coisa, prime i-ro tern que ir devagar para nao escrever muita coisa, es-creve para depois ser tirado a limpo, ne? Por isso algu-mas'coisas saem rapidamente. Deve escrever s6 0 quefoi registrado, 0 que nao foi registrado, perdeu-se, naotern vantagem.

o que eu tenho vontade e nao alcanc;o, parece quenao alcanc;o, ever uma Irmandade tao pura que quemvier contra n6s, antes de chegar ja vem pedindo socorro.Tu vem contra? Ouc;a 0 canto: "Quem vier contra mim/Se apronte para sofrer/Tenho por mim a Rainha/E meuMestre para me defender."

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Eu, tendo urn povo tranqi.i.ilo,puro, tendo conscien-cia do que ja se lutou antigamente, e que agora e outrotempo, pra veneer! 0 mundo nao vai ficar vazio comonasceu, nao e? Nos somos a Criac;ao Divina! Se fazemosde bicho porque queremos: por causa de cara de ma-cho? Olha pro teu irmao, que tambem e a mesma coisa!E nao vai fazer zoada, matar urn irmao, por causa de urnpapeI! Porque 0 que vale e uma escritazinha que terndentro. Bern fininha ... Que quem nao tiver boa vista naoenxerga! E 0 que vale 0 tal dinheiro. Aquilo ali e uns pa-pelzinhos com uma cara para ca, outra pra la. Acho quee isso 0 tal do dinheiro. Mas isso nao e vantagem! Mataralguem ... Por causa de papel?

Cada urn e seu proprio Satanas. E ele mesmo! Porquee ele mesmo e nao tern jeito! 0 camarada nao tern cons-ciencia do homem! S6 tern consciencia das besteiras. Eisso que eu vejo em todo aquele que pega pra brigar portudo, por isso e por aquilo. Rapaz, eu nao sei nem con-versar desse jeito porque eu vejo 0 mundo tao pequeni-ninho na Presenc;a Divina!... Ela olha pra n6s de la praca, nos ve, que nem quando se olha num bin6culo aocontrario, n6s fica assim, pequenininho ... Querendo en-tender muita coisa e ta s6 descobrindo 0 beabd. Masmuitos dos que descobrirem outras coisas vao morrer,por~ue sao orgulhosos. Nao passam. 0 orgulho e urngrande inimigo. 0 orgulho, a inveja, 0 ciume ... sao umascoisas tao mas ... que nao carece de se ter urn troc;o des-se ... Eu nao to falando dos outros, nao! To falando por-que ja passei por tudo, pra hoje eu saber conversar.

Na nossa comunidade, quem esta tranqi.i.ilono seulugar, esta garantido. Quem e que vai mexer com umapessoa que nao esta fedendo nem cheirando, nem estaaborrecendo ninguem? Mas se alguem comec;a a se al-terar, incomoda igual algo que fede. la chega alguemdizendo: "Essa e uma catinga muito fedorenta, nao ternquem agi.i.ente.Tire isso daqui". E 0 cara vai ficando. Mas

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se come<;a a chegar queixa, e born falar com ele: "Meuamigo, s6 mesmo uma pessoa burra e abusada entranuma sociedade para aborrecer os outros e se Iigar como que nao presta. Mas cuidado: todo aborrecimento cau-sa doen<;a.

Olhem, eu you deixar voces bem inteirados. Tudo pran6s e possfveI. E nada e pecado. Hist6ria de pecado euma hist6ria que quem foi descobrir aquela Iinguageme nao soube nem 0 que era. Nao tao sabendo. Porqueninguem sabia de que jeito esse povo falava, como naose sabe, ate hoje, sobre 0 tempo do Cristo! Vejam comoe a fala dos estrangeiros, e ja tao quase todos entenden-do uns aos outros. Naquele tempo nao entendiam nao!E agora que foram estudar isso tudo, nao sabem nem ametade ...

Aprendizagem nos erros

Atrapalhou-se porque quis, anda atrapalhado porquequer. Mas nao e bem porque quer, que 0 sujeito nao en-tra ~m desgra<;a nenhuma porque quer. Apenas entraporque as vezes, mesmo nao querendo, tern de entrarpara aprender. Mas se, quando ele sai la pra fora, 0 sujei-to nao reparou no que ele passou a fim de nao voltarmais por aIi, entao nao prestou aten<;ao e nao fez aaprendizagem dele. Mas se ele aprendeu bem naquelapassagem, tudo bern, porque 0 errado, erra hoje paraaprender. Porque se ele nao errar ele tambem nao apren-de. E ele aprendendo nao volta por aIi, porque se elevoltar, af ele ja sabe que foi ali naquele erro que ele pe-gou 0 maior entendimento dele. E ele ja sabe que e pe-sado, se ele voltar ao erro e mais pesado ainda.

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Entao 0 camarada deve ter urn rumo certo, saber poronde se sair. Bota 0 sol na cabec;a e ve se 0 sol anda atoa. Ele nunca acha uma coisa que tombe ele, nem paraurn lado, nem para outro, porque 0 sol nao e a toa, a Luatambem nao e a toa, eles dirijem isso tudinho. E ou nao'7e.

E isso af 0 que vale: 0 homem saber aonde esta amaior forc;a dele, com conhecimento e afirmac;ao. Eutenho tudo isto, como 0 Cfrculo Esoterico tern, eu tenhotambem. De conhecimento e verdade espirituaI. Eu naoyou ficar conversando com 0 seu fulano, contando van-tagem, isso ou aquilo. Coitadinho de quem age assim ...Ainda esta no ventre da mae dele. A Terra e a mae detodo mundo. Mas a maioria que nasce e aborto. A Terrabuchudona, que nunca acaba de ter os fiIhos dela, mass6 vive assim, abortando. S6 e saindo aborto para 0 ce-miterio. Eu nao sou 0 culpado do camarada nao saberque a Terra e a Mae de todo mundo. Todos falam da Vir-gem Mae. Tao falando sempre, mas nao tern conheci-mento dela. Sao estes que estao em cima da pr6priaMae, tirando 0 seu sustento dela, e mesmo assim naoagradecem. Aonde e que pens am que vao agradecer? Lano alto? Se voce nao conhece nada por la, nem andoula, agradec;a primeiro a Mae Terra! Veja que tudo e Dela,Ela e quem da, da mesmo. Se esta triste e porque 0 povoesta avanc;ando demais, nao esta poupando a pr6priaMae Terra Entao vao esgotando Ela e daqui a uns diasEla esconde tudo, porque tern direito de esconder e naodar mais nada a ninguem. E af fica pior para todos.

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CAPIrow III

Espiritualidade,Entidades e

Mediunidade

Eu passei 40 anos sem sair do chao, sem voar, semandar por cima das aguas, nem nada. Depois de 40 anos,chegou ate a mim urn Buda e comec;ou a falar comigo.Comecei a falar com ele tambem 0 que estava se pas-sando. Depois, voei, coni 0 mundo todo. Eu andei portodo 0 territ6rio da floresta, eu coni os astrais todos. Eufui em lugares de conhecimento, de conhecimento mes-mo. Entao, porque eu you ter medo disso, daquila, se eucom essas ervas recebi coisas que eu nunca esperavana minha vida! Recebi 0 conhecimento, com elas eucheguei a esse conhecimento, nao tern de que COffer,rapat. Nao tern. Nao roubei, nem uma vez fui roubado.Nem me roubaram e nem eu roubei ninguem tambem.E tudo veio nas minhas maos assim facilmente.

Eu posso estar com me do disso e daquilo outro, ten-do urn lugar, uma certeza dessa floresta pra onde eu vimmorar? Ah! Nao estou nem af pra nada. Pra voces, quevao levando 0 Santo Daime para estudar com sua famf-lia, meus conselhos sao esses. Ninguem obriga nin-guem, nem convida. 0 que pedir para repetir, voce da 0

mesmo tanto, ou menos urn pouco, e cuida por ele, ne?Se ele se interessar em ir mais fundo, af entonce voce vai

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ficar ao seu dispor. Porque esse remedio e dividido emesmo que pese, voce tern a responsabilidade de zelarpor aquele irmao, mas nao queira ser 0 Mestre, porquequando 0 Mestre quiser se manifestar voce nao vai seagilentar de pe, viu? Tern os Trabalhos de Cura, com oshinos de cura. Se e uma Concenlrw;ao de Cura, af nin-guem nao canta, nao fala, nem bufa. S6 quem esta pra lado ai, ai, ai, e que pode fazer barulho. Pode ser que numahora dessas 0 cara possa estar nascendo, ne? Entao dei-xa pra la, tern as parteiras que tao cuidando dele la. Seele tiver de nascer e de ser criado, ele se criou, vai secriar, se nao, ele vai morrer. E isso af 0 neg6cio. Entaovoces nao se esque<;am disso, nao fiquem naquela dequerer ser 0 mestre, e sim esperar por Ele, que a invoca-<;aoe que e a coisa linda. E 56 receber 0 que vem para 0

aparelho, ne? Essa e a mestria verdadeira. Pela bebidavai despertar muita coisa no casulo, entonce dali e quevai voar alguma coisa, seja uma borboleta, urn gafa'1ho-to, ou entao qualquer besouro, ne?

Agora, se tu tens Deus dentro de voce tambem vai apa-recer, porque Deus esta af dentro e e Ele mesmo queesta mandando voce achar. Essa e a coisa do milagreque chegou. 0 milagre e esse, achar Deus em voce. 0Daime mostra! Se voce me faz qualquer coisa, eu vi, eusenti, eu recebi, agora eu posso dizer pra alguem, que eisso, ou que e aquilo. Mas sem experimentar, 0 camara-da nao tern esse poder de chegar ever, e muito menosde receber. Nao e isso? Mesmo assim e a hist6ria do mi-lagre. 0 Cristo vinha e fazia, os outros davam notfcia e 0povo vinha atras. Quem nao via era porque nao entravanele, nao estava com ele, entao nao ia ver nada. E a mes-ma coisa de hoje. Quem vem para ca atras do Daimepara ver, ve, se achar, achou. Quem quer ver sem quererse achar, segue e nem ve, nem e achado .

Que nem esta dito na parabola das sementessemeadas. Uns enforcados, outros atirados, outros dequalquer forma, mas e tudo semente, meu amigo ... Co-

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me<;ou a nascer mas sufocou e morreu. Rapaz, 0 Daimeensina tudo isso af para n6s. Com ele a gente aprende ase Iigar, porque quando se Iiga, ta Iigado, como eu es-tou. Eu sou la do Cfrculo Esoterico de Sao Paulo, e estouaqui, mas estou Iigado la. To ligado na Fran<;a,to Iigadono Japao, no Peru, em todos os estados e cantos domundo! A gente e uma corrente s6. Quanto mais a gentedesenvolve, mais a coisa chega, principalmente com 0

Daime, que 0 Daime ja e 0 mundo todo, e 0 todo, ne? Eleencurta as distancias pra quem vai com humildade co-nhecer, conhece logo 0 todo: 0 Pai, 0 Filho e a Mae. Co-nhece mesmo tudo de uma s6 vez. Agora, quem passa avida toda levando na gra<;avai morrer e nao conheceunada. Porque 0 medo e a duvida pairam sobre tudo.Nunca acredita que a sua obra e importante. Nao acredi-ta que esta trabalhando para 0 bem da humanidade enao para 0 mal. Todo 0 tempo esta naquela, entao naoesta fazendo a obra bem feita, ne? Esta com 0 aparelhopelo meio porque esta nervoso. Se tern nervoso, nao estacerto, que a verdade nao deixa 0 justo nervoso. Ondetern alguma coisa que nao esta certa e porque Deus naoesta af. Deus e verdadeiro e ainda tern a hist6ria de CristoJesus. Hoje ele pode muito bem se manifestar em qual-quer pessoa por intermedio do Santo Daime, e por inter-medio da Santa Virgem Soberana, atraves dessa ervaSanta Maria. Qualquer uma pessoa que esteja capacita-da, fora de sexo, pode ver a.Virgem Soberana e ela podelhe falar, pode dizer a voce onde 0 Cristo verdadeiro esta.Porque ta mesmo, nao tern duvida para ninguem. Agora,se ninguem quer ser, Ele e 0 culpado? 0 culpado e cadaurn. Se eu fui falso ao Cristo, eu dou gra<;asa Deus que,pelo Daime, eu possa ter ao menos essa comunica<;ao eessa lembran<;a, pra hoje eu acreditar. Por isso estou dan-do gra<;as. Eu dou gra<;as a mim mesmo, porque se eunao procurasse, eu nao achava esse diamante perdido,que estava enterrado ha nao sei quantos anos. Encerra-

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do la, ate que fosse tirado, quando chegou a hora doBuda.

o Mestre tern andado no mundo inteiro. Voce nuncaqueira estar na frente dele. Embora seja urn discipulomais forte, mas tern que ser sempre urn discipulo. Algu-mas vezes ele sente que esta com 0 Mestre na frente todoo tempo. Depois 0 cara cresce e acha que 0 Mestre javirou urn servidor dele, e cad a ana que passa, 0 camara-da vai se julgando grande. Ate que numa hora tern urnser falso que se manifesta. Mexeu naquele ser, a consci-encia do homem e atingida logo. Ai ele arreganhou-separa ele mesmo, e termina abaixando a cabe<;;a.Se elese envergonha e se arrepende, dai a pouco ele esta lan-<;;andoaquela fraqueza fora.

E eu tenho uma coisa muito forte! Muito mesmo,quando eu me lembro de ontem ... Cheguei mesmo ...Voces viram 0 que eu passei! Urn dos mais fortes espiri-tos que passou naquele tempo ... ontem ele veio escutara palavra do outro que deu pra aquele aparelho tambem!Baixou em mim, e eu quase me lasco! E olha que souacostumado!

Primeiramente os meu trabalho foi atuado. Desde osoito anos come<;;ei voando no mundo e conhecendotudo! Tim-tim por tim-tim! Mas os homens nao davamvalor aquilo que para mim era urn sonho. Eu ia e vinha.Vinha aquelas coisas pra mim. Dizia pros outros, nin-guem acreditava, quando davam fe, acontecia! Aindahoje e assim. Eu tinha medo pra danar, mas nao tinhajeito que desse jeito! Era pra eu ter 0 conhecimento. Fui,fui, fui e 0 proprio Espirito falou que eu tinha que recebero que era meu. No ato! Quando chegou 0 tempo, en con-trei e pronto! To satisfeito! Durante muito tempo traba-lhei com uma banca! Depois, fui correr mundo novamen-

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tel Pra ter outros conhecimentos, ah~m dos que eu ja ti-nha. S6 quando realizou tudo, daf 0 Velho Irineu disseque viu como ia ser depois que ele fosse. E deixou tudocomigo. Se eu tenho que dar conta disso, e eu mesmo!Nao tenho que estar querendo correr... nem gemer. .. Enao temer nadaL .. Ficar satisfeito.

Sobre materia e espfrito, isso e uma coisa que cadaurn faz por si. Do nada se fez 0 mundo. Vma crian<;achega de repente no mundo, toda perfeitinha. Depois eque vai se meter no meio dos bestas, dos velhos, e ficarignorante. Tern uns que acham que 0 ignorante sou eu.Mas, tudo bem! Nao estou falando da vida de ninguem,mas 0 meu nome anda que nem bola no pe do jogador.E eu nao estou me preocupando com 0 nome de quemquer que seja. Quero mostrar e 0 meu valor. E 0 valorque as ervas tern. Todo mundo tern 0 seu valor. E 0 teuou e 0 dele? Cada urn tern 0 seu, ne? Ou e dele? Apalavrae que conta. Aceitando 0 do outro, a gente recebe 0 nos-so. Cada urn tern 0 seu valor. Tudo enquanto existe, ternvalor, ne? 0 neg6cio e que voces nao procuram.

Voces vivem e correndo, com mais medo do que co-ragem. E preciso coragem pra Ser. Eu conhe<;o Preto-Velho, conhe<;o todos os Exus e Pomba-giras, pais-de-santo, ate 0 Onipresente que manda todas essas coisas,eu conhe<;o. 0 meu conhecimento e total. Andei no fun-do do mar la no Rio de Janeiro. La eu entrei no mar.Depois eu ia andando numa estrada, af fui por urn lugar.Era do tipo de uma peneira de buraco bem fininho. Eouvi uma voz dizer: "Olha, ta preparado pra passar? Naoe facil. .. " Para poder Ser, tern que conhecer, tern queconhecer de tudo para poder ser. E agora 0 meu nomeesta que nem 0 do Cristo. 0 pobre nao podia sossegar.

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Era para aqui, era para acola ... Que que eu posso fazer?Nada.

Na espiritualidade tern os Preto-Velhos, os Exus, osCaboclos, ne? Voce vai tendo urn conhecimento de queesta evoluindo, tanto uns como outros. 0 medium vaieducando 0 aparelho ate que chega num ponto que, seo espirito quer aprontar, ele se segura. 0 espirito nfw fazo que quer nao. Com urn pouco, esta chorando, esta sevalendo. Aivoce, que hoje e dessa linha, mas que ja pas-sou pra linha do Daime, vai evoluir junto com 0 espirito.o santo se apresenta, ja nao e mais aquele medium. la eoutro medium, para outros servi<;os.Ate chegar a dizercom toda convic<;ao: Eu Sou, porque 0 Criador t. Por-que nao tern diferen<;a, somos todos iguais. Entao, naopode negar que somos filhos de Deus. A mulher e amaezinha e tern 0 painho tambem. Porque nao podesair nada sem mae nem paL Tern que ter 0 macho e afemea.

la a erva sagrada e mais para 0 lado dos Caboclos edos Preto-Velhos, essa gente toda, que ela puxa mesmo.Que e para poder apresentar no alto. La fora muita genteainda usa essas ervas para sexo, essa coisa toda. Na piorimundicie! Quando 0 anjo me revelou esta planta foi paratirar isso e fazer das pessoas mediuns, uns mediuns per-feitos, e urn espirito puro, no astral. Eo chegado 0 tempode nos nascer de novo. E tern que ser agora, enquantonos estamos material. Principalmente voces que estaonovos, podem puxar por tudo isto. Que e para termos 0conhecimento do nosso planeta. Qual 0 planeta, qual aestrela de onde viemos.

Ha muitas mentiras por ai. Muitas engana<;6es! E cad aqual conta a sua historia, nao e? Eu nao tenho nada avercom historia dos outros. Tenho com a minha! A minhaeu afirmo e mostro a qualquer urn. Assim, temos a visaopara ver 0 que e urn Astral Superior. Todo mundo ternLuz. Voce quando esta viajando, anda no escuro? Ou e

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no claro? Nao tern ninguem que nao tenha Luz porque aluz e a do espirito. Entao voce estava sonhando? Nao!Voce nao estava sonhando. Voce estava hipnotizado. E 0

seu Eu viaja enquanto voce esta nesse estado. Ele ve ascoisas e comunica a materia. Ela esta ai, de olho fecha-do, mas venda tudo. Esta tudo claro ao redor. Muitas ve-zes a materia, como e muito cheia de obrigac;ao duranteo dia, nao percebe tudo direito. Ai,no outro dia quer con-tar, nao se lembra. S6 de urn pedac;o ou outro. Quando epesadelo, entao ... Ve urn bicho, mas nao e! 0 bicho evoce mesmo. Sua materia que vive tao presa, que pren-de 0 seu Eu Superior e quando e na hora dele escapuIir,ela se assombra. Ve bicho de todo jeito! Ai, acaba gritan-do, assombrando os outros. Mas, ao inves disso, se en-tregue, se entregue que voce vai ver outra coisa! Outracara. Que nao e nunca 0 que muita gente conta. Tam-bem cada qual tern urn dom, nao e? "Conforme seumerecer. " Eu tenho esse! Nao sei ler, nao sei escrever. S6o que eu sei fazer e cortar seringa. Sabia? Agora nao pos-so. Fazer barco tambem. Agora eu nao posso mais.

Destrinchar hino ou hinario e muito dificiI. "Eu pec;o ameu Pai/Sei que V6s tem 0 Poder/Perdoai as minhasculpas/Se de V6s eu merecer. " A resposta: 'lEu te dei umacasa/Que nao falta ninguem/Para tu escolher/ Aquelesque t6 convem/A estrada eu dou a todos/Para todos via-jar/Ver e compreender/E ficar em seu lugar/Eu estou comDeus/Deus esta em mim/Eu estando com Deus/Deus emeu caminho/Deus e a Gl6ria/Deus a Gl6ria e/ Quem emeu Salvador/E Jesus de Nazare/Eu vivo neste mundo/Na minha direc;ao/Olhando as coisas de Deus/E pres-tan do bem atenc;ao." E assim, todos n6s. N6s estamos

, af para escolher 0 que nos convem. Porque a casa e 0

corpo. Este corpo invoca quantas coisas durante 0 dia?De seres que nao tern 0 conhecimento ... Quantos pen-samentos a gente nao tern num dia?

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Cada pensamento e urn ser soprando no nosso ouvi-do. Eo quando a gente nao tern tempo para n6s mesmos,nao pensamos nada! Tudo vem de fora... Ha quem duvi-de mas eu tenho certeza! Nao sei os outros. Eo s6 0 tem-po de urn sair para 0 outro colocar-se.

Eu tambem ja fui medium, ja peguei Caboclo tam-bem. No tempo que eu trabalhava com espfrito. Aindahoje atuo, ne? Porque a gente sempre e. Nunca deixa deser 0 que e. Eu trabalhava com dois guias, Jose Bezerrade Menezes e Antonio Jorge. Sao dois seres espirituais.Eu conheci os dois, espirituaimente. Eles fizeram muitasoperac;6es. Quem era 0 doutor la no Jurua era eu. Quan-do precisavam de uma ajuda nessa parte que eu traba-Ihava, s6 viviam me carregando pra outros seringais, praaqui e pra acola. Com esses seres, fiz muitas operac;6es,muita cura boa. No tempo que eu vim embora, ficaramla chorando. Nao sei se apareceu outro. Que sempre estaaparecendo, ne? Desde esse tempo eu viajava no Astral!Via muita coisa que ainda nao tinha aparecido material-mente ... Porque esta tudo no homem. E 0 homem equem tern a Sabedoria Divina, ela esta no homem car-nal. Porque nao tern separac;ao da came para 0 espfrito.Tern nada. A vida e uma s6 em tudo. Aonde falar, estavivo. Esta vivo! Eo a vida, ne? Nao esta morto. Entao isso euma coisa que a gente tern. 0 homem, nao tern feio nembonito, porque eu estou em tudo e tudo esta em mim.Nao esta em voces tambem? A Vida etema e em tudo. Eainda transforma aquilo que e morto em vida. Entao, 0

meu prazer e este. Eu hoje sou urn velho, todo cheio dedor, cheio disso, cheio daquilo. De tanta bordoada queeu levo ... Mas vejo Deus em todos, vejo Deus na vida,sou vivo, sou Deus!

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Eu era medium desde cedo. Os operadores vinham etrabalhavam comigo. Depois eles deram urn prazo dedez anos e nao voltaram mais. Uma vez, mataram urnsargento da policia, meteram-Ihe a peixeira. Fui olhar 0

defunto no quarteI. Quando sai, tinha uma coisa meacompanhando ... comecei a ouvir assobios. Igual comojeitinha acontecido no Juruei. Quando eu tava numa bro-ca, atacou-me uma febre e uma dor que me jogou nochao; Era a presenc;a do cabra pedindo uma missa queele que ria que fizesse. Falei com 0 compadre ManoeI-zinho, mas 0 tempo passa e ele se esqueceu.

Urn dia, 0 Manoelzinho mandou rezar uma doenc;a.Acontece que a dor ficou rolando e 0 Nel terminou pe-gando a dor. Era 0 mesmo cabra que veio cobrar a missadepois de dez anos. Entendida a comunicac;ao dele, namesma hora a dor acabou. Eu sei 0 que sofri pra vencera coisa e me aparelhar como medium.

Outro dia, os meninos foram acolei num centro emRio Branco. Sairam de lei foi com raiva, de tanto que 0

chefe'de leideu de falar de mim. Mas eles nao disseramque eram daqui. Ficaram calados, s6 escutando ... Mas eassim, eu nao falo desse h'omem para nada. Para melembrar do nome, e diffciI.E ele leidescascando! "Quemmuito {ala perde a amizade." Esse tal que falou mal demim jei aprontou ate uma catacumba cheia de luz den-tro. Pra passar a vida toda iIuminado. E quando faltar 0

, 6leo? Como vai ficar? Ave Maria cheia de Grac;a.Deus deluz a quem nao tern. Quem conhece a espiritualidadenao fala do seu irmao. Eu nao falo... Nem quero mal aesse homem, nem a ninguem ... Que ele viva em paz esempre louvado seja Deus em todo lugar!

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Agora, tern muitos que pensam assim: Ah, nao ternproblema nao! Quando morrer, tern a salvac;;ao,tern isso,tern aquilo. Feliz, quando fica urn espfrito sofrendo queainda pode se salvar, nao e? E quando morrem os dois, amateria e 0 espfrito? As vezes a gente ve corpo por afvagando alegre e satisfeito, e 0 espfrito inchado no hos-pital astral. Quando mOITee logo os dois. Se 0 de la mor-rer, 0 de ca nao escapa. Agora, uma coisa que eu voudizer: quando eu for me embora, vou deixar essa mate-ria velha, mas sei aonde eu estou, para onde eu vou! Estae a hist6ria do nascer de novo na transforrnac;;ao. Comoesta consciencia se transforma de material em espiritu-aI. Fica s6 a vida eterna. Terra s6 da batata! Mas a espiri-tualidade e uma coisa linda!... Eo povo espiritual e outropovo! Nao e urn torto, outro aleijado, outro estram-bicado, nao! E urn povo, que tanto faz olhar para tu,como para mim, como para todos, que e uma coisa s6.Conhecimento, eta coisinha diffciI!

Ainda nao sei mexer com eles todos os espfritos, masestou trabalhando para fazer de todos eles amigos. Mui-tos deles tern urn conhecimento verdadeiro de urn Deussobre todas as coisas. Quem aceita e afirma este conhe-cimento tern a vida etema. E 0 que nao aceita, terrninapara sempre. E a morte etema. Assim como tern a VidaEterna, tern a morte eierna. 0 cara acaba, some. Tantona Terra, quanta no Ceu.

Tern milhares e milhares de hospitais no astral cheiosde doentes disso e daquilo, igual como tern nos hospi-tais dos doidos. Nao tern nenhum que nao se possa che-gar. Uma vez eu fui passando por urn. Comec;;aram osgritos a me chamar, eu fui atender. Mas, quando eu pisola, quase nao deu pra voUar. Ainda ouvi a voz dizendoquando ia embora: "Se voce entra, ia se lascar."

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Entao, eu digo que, de todos os espiritos que eu co-nhe<;,:o,os que tern mais importfmcia para mim, SaDosque acompanham 0 verdadeiro Juramidam, aquele quenesse mundo, em outra epoca, chamou-se Cristo. Saoos verdadeiros espiritos que acabam com as trevas. En-tao, 0 meu desejo era chegar ate aonde eles estavam eter 0 conhecimento do que somos, ajudar esses sofre-dores. Urn dia entao, me chegou tudo isso e eu compre-endi. E voces, senao esmorecerem, vao aprender tam-bem a dominar eles todos. Tratar eles com muito cari-nho, porque tambem SaD irmaos! "Eu tac;o dos meusinimigos, cordas do meu corac;ao." Quem fica, fica. Equem vai, para sempre nao voltara mais. Sao as ordensque eu recebi, nao posso negar a ninguem. Quem qui-ser ir comigo, vamos. Eo como homem, nao como urnvagabundo. Pois e! Homem nao anda se enrascando porbesteira, nem escutando conversa a toa. Nao! Pra ele,isso nao existe! Ou aprende a ouvir a voz do deserto ouvai fazer parte daquela turma do Pelado. Eu sei que eleexiste porque lutei com ele. Tomava dez garrafas de ca-cha<;,:apor dia e acabou brigando com 0 chefe da cacha-<;,:a.0 espirito domina 0 cabra e quando ele da por si jaesta la fora, entomando outra garrafa. Eo uma turma ...Quando eu recebi esse ultimo hino, foi doutrinando urnespirito destes. Eu vinha entrando no igarape, vindo doRio. Ai la vem. 0 motor roncando e eu ali, bem perto,ouvindo aquela voz: "Para.amar e ter amor/E precisoconhecer/Deus em sua mente/Deus e 0 teu saber!" E lavem mais: "Para amar e ter amor/E preciso compreen-der/Amar a todos seres/lgualmente a voce/Quem ama esabe amar/E um toco de luz/Quem ama a todos os se-res/Ama a meu Jesus/Para amar e ter amor/E preciso aobediencia/Amar a Virgem Mae/E nOS50Pai Onipoten-te." E a zoada do motor era direta. E 0 hino em cima, emcima. Ate que eu aprendi ele. Quando, cantei, senti 0 serali do lado. E ai, nesse hino ele foi amansando e eu man-

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dava cantar de novo, ate que 0 homem entregou-se. Porque que os outros nao se entregam? Custa e pegar urn.Pegou 0 primeiro, 0 resto vem ...

Muitos sao contra essa erva e contra 0 Daime. 0Daime nao tern quem queira, e a erva, nao tiram do bico.Isso eu digo com consciencia, para qualquer uma daspolicias mais aItas que tern. Porque tenho consciencia eando em todos os lugares, s6 olhando ... Vejo muito ve-lhaco no esconderismo, fazendo escondido, parecendosem ser... Desse jeito nao deicerto, voce nao esteivendo?Falam isso e aquilo e nao sabem 0 que estao falando.Como isso pode dar certo? E 0 que eu pec;o e s6 isso:que "Para amar e ler amor/E preciso conhecer ... " 0 caranunca chega! Nem eu contando, conversando, aindanao entende. Ainda nao entende· porque nao teve a ex-periencia do erro. Quem tei certo e 0 errado, porque 0

erro e mais urn passo que a pessoa deipara se elevar. Porisso nao devemos dar crenc;a ao erro, porque tudo e porDeus. Tudo e por Deus e vamos nascer de novo. Mas n6snao estamos fazendo nada de errado. Quem tei com aconsciencia pesada e que fica assombrado com a PoIi-cia \Federal, imaginando invasao, correria e tal. E quandoe assim no espfrito, imagine na materia. 0 homem, ehomem em qualquer lugar. Venha quem vier, meu ami-go! Eu estou aqui na verdade, se for para morrer agora,eu to af: morro! Se for mais na frente, eu tambem naotenho jeito de escapar! Nao e isso? Entao nao vamosdesperdic;ar 0 tempo. Nao gosto e de uns cabras que s6ficam com cara de herege. Nao riem. Voce presta aten-c;aonos servic;os, pra voce ver se ele estei alegre como osoutros. Nao! Tei lrancado. E assim, nao apresenta feIici-dade.

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Vou dizer pra voces: mesmo gemendo e chorando,sejam alegres! Que quem da a dor, tambem tira! Nao e?Quem da a dor tambem tira. Depende e saber manejaros meninos, porque tern muita coisa a toa! Voces sabem,porque voces sao de dentro da Umbanda, ne? NaUmbanda, e que nem todas as linhas. Os mais sebososvao atras de confusao, mas se ja tomou Daime melhora.o Daime manda em tudo! Porque e 0 Rei dos Reis. Bus-ca quem quer que seja! Se tu e daqui, tu fica ja satisfeitoe curado. Se tu nao e, vai morrer la fora! Ele expulsamesmo. Eu recebo aqui de tudo, 0 pior de todos, 0 queninguem recebe, eu recebo. Por exemplo: essa mulherque veio agora aqui, aquela morena la do Pums. Ela veioa primeira vez, uma mulher morta. Veio morta. Por den-tro, era s6 tabaco. Urn pixe s6 que nao tinha quemaguentasse. Foi embora, engordou, ficou boa, veio ago-ra, ne? Passou uns imprensaos por ai, pelas ruindadesdela mesma e ja inventou uma hist6ria de que uma ji-b6ia, uma cobra e que tinha curado ela. Ainda saiu men-tindo. Disse que 0 cabra que encostasse a mao nela ti-nha que virar de pernas pra arriba. Curou-se com 0

Daime, e ainda falava que 0 Daime era pra dar pra ca-chorro! Eu digo: "Essa cobra boa coisa nao e! Tiras 0

valor de Deus, do Daime, pra dar a quem nao tern ..."Quem e que da atenc;ao a uma porcaria dessas? .. Eu?!?Vou dar atenc;ao a uma atuac;ao besta dessas? E aindamais, falando de mim? Porque quem fala do Daime, falade mim, fala do Mestre Irineu, fala do Midam e de Jesus.Isso eu afirmo pra voces em todo lugar que eu chegar!Quem falar do Daime, fala de mim, fala do Mestre Irineu,fala do Midam e de Jesus Cristo. Ora! Se nao posso! Seela vier outra vez, vou pegar de jeito, pra mostrar queessa e uma jib6ia falsa!

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Nao quero deixar voces por fora nao. Quero deixarvoces mais por dentro do assunto. Chega aqui nessagarrafa e pisss ... 0 ser que entra aqui, sai e ja vai emboracurado ... Nao e pra judiar com ninguem nao! E pra tirar atoalha do rosto. Nao dizem que a justic;a nao enxerganinguem porque amarraram urn pano na cara dela, naoe? E pra ela nem olhar pra quem esta disciplinando.

Nossa missao tambem e ajudar esse povo. Tirar ospobres dos aperreios. Pobres, muito pobres, ai, coitados.Mais pobres do que eu. Porque eu tambem nao possuonada, mas tenho a minha vida. E ha deles por ai que naotern nem isso. AIem de doentes, esses pobres coitadospassam necessidade, cheios de medo ate de viver. Urndia desses ai, chegaram uns do Purus trazendo urn queja chegou na canoa gritando. E de doido pra cima quechega. Armei urn servic;o pra ele, deu uns gritos masmelhorou. Quando chegou de novo trouxe mais cinco.Dos cinco, ficou tudo born! Mas so ficou com a genteessa menina! Foi 0 tio que trouxe. Ele tinha vindo antestambem doido, ficou born, ai agarrou a familia toda,trouxe tudo doido pra nos cuidar.

Como eu aguento? Voces acham que eu sou grande?Grandes sao voces, que tao novo! Nao e urn pobre de,urn "cavalo velho" desses, que desde quando nasceucarrega carga direto e nao. tern quem tire nem afrouxe acangalha. 0 negocio e voces me darem uma forc;a. Ouvoces estao pensando que vieram pra ca pra botaremmais carga enrriba de mim? Mas eu vou experimentardaqui a uns dias. Quem e que e do born! Quem e que tamais eu mesmo.

Porque a espiritualidade me garante que nao e nadacom os velhos. E com os novos. Que agora e 0 povonovo! Entao, os velhos, corram pro poleiro! Podem botaros velhos no galinheiro e tira essas frangas! Tira essas

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franguinhas pra fora que nao pode ficar junto com osgalos velhos nao!

Lernbran~a do Passado

Mas espera 0 sujeito aprender bem as coisas ... E terconhecimento! Nao e s6 falar nao. Porque s6 falar emuito born. Mas na hora de vamos aqui ver a cara dobicho ... 0 camarada nao conhece a carinha do Tranca-Rua ainda, e? 0 bichinho e feio! Perereca buchuda! Ali-as, me lembro de urn cara de uma comunidade, que foila na Cinco Mil. Urn rapaz born, bem parecido, cabelocomprido ... Ai, fomos tomar urn Daime. Dei Daime praele. Olha a Concentra<;ao ail Quando eu fui ver, no lugardo rapaz tinha urn parrudo, todo vestido de roupa verde!Mas era urn caboclo velho! Falou la, na Iinguagem dele,que 0 meu respondeu. 0 rapaz, respondeu la tambem,na mesma Iinguagem do meu. E a coisa foi indo, erauma questao antiga ... e tome! Mas esse rapaz sofreu! Gri-tou, foi precise tirar ele pro campo. Mas ele gritou, gritoumuito mesmo. No outro dia, ele meteu a tesoura, cortouo cabelo todo. Tirou tudo fora. Mas era urn daqueles rei,daquele tempo ... Mas ate que ele vinha bonito, vinha todoverde ... Nao vinha de vermelho nem nada!

Contacto corn urn Espirito dentro do Himirio

As vezes nao e precise muito para entrar num traba-lho forte. Veja 0 que aconteceu comigo no domingo ...Eu nao tomei Daime nao. Mas a for<;ado ser que chegoufoi tao grande, 0 sofrimento que ele passou no tempoque ele era carnal, que vingava pelo pr6prio Cristo, queeu terminei passando por tudo quanta ele passou. En-tao, naquele dia, foi essa presen<;a que veio apresentar.E 0 aparelho melhor que ele achou foi esse meu, urn

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coitado que vive tombando. Mas ele era pro Alex. E pre-ciso cuidado ... Cuidado nao, que quando eles tern quevir, nao tern essa hist6ria de ter cuidado nao, que elespegam voce mesmo! Eu sou urn aparelho, sou apare-lhado para isso. Gra<,;aseu dou, que nasci para ser urnaparelho. De uns seres vivos, ne? Porque nenhum saomorto. Morto, s6 existe a materia. Quando 0 ser sai, elafica. Nao e mais nada, se nao levam logo come<,;aa fe-der. E cade 0 homem? Voces estao pegando alguma coi-sa?

Agora, voltando a hist6ria de domingo, aquele ser quebaixou em mim foi urn sofredor pelo Cristo. Ele veio pradar aquele testemunho. Mas, quem e que sabe? S6 eu!Porque tava por dentro da coisa! Quando ele chegou,tudo que ele sofreu, ele mostrou ali, pela materia do apa-relho. E deixou tudo dito comigo. Voce ve, desde aqueletempo ele vem sofrendo ... Ja esta fazendo quase 2.000anos e continua a mesma coisa. Esses pobres dessesespiritos velhos tern nascido s6 pra sofrerem. Ainda naonasceram 0 que eles querem! Mas agora eu acho que vainascer! Nao e possivel! Se nao for agora, nao e mais nun-ca! E eu tambem nao venho mais aqui! Venho nao! Che-gal Chega de sofrimento. Cada vida que a gente vem,passa dessa!... Adianta? Chegar aqui, formar uma mate-ria .bonita, pra morrer de novo, sem ter conhecimento ...Rapaz, e por isso ai que ta todo mundo sendo cobrado.A cobran<,;a e essa. De tu saber agora, que voce nasceuumas tantas vezes! E sempre e assim.

Voce vai entrar tambem, no mesmo sofrimento, por-que e pra poder dizer que eu e tu somos urn s6! Tanto napureza quanta no sofrimento. Ah! Eu preciso de voce evoce nao precisa de mim? Nao e pra n6s todos se juntar?Primeiro reunir para depois unir.

E, vai reunir gente de todas as partes ... Vail0 povo deDeus vai chegar todo. E eo tempo. S6 e preciso calma ...E todo mundo pisar bem mansinho. Nao se orgulhar

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dentro daquele salao! Que tern hora que 0 Eu quer ficare quieta, mas nao e com orgulho, que e s6 0 que a ma-teria tern!. .. Ele mostra logo! Ai com urn pouco 0 cara tala no banco ... Ah! Ah! Ah! Que nem a coisa doida quepassei ontem! Foi muito forte. No tempo que eu eranovo, podia encostar. Mas agora a coisa foi tao forte, foiurn ser daqueles que foi perseguido daquele tempo ... Eque deu a palavra ao Alex, atraves do hino dele, como eque e?Comec;ou com aquele do .Nel e pas sou para 0 Es-teve em Agarrube. Entao ele veio pra ouvir a palavra, praver se os outros, sentiam ou se tinha alguem que pegavaaquela consch~ncia, do sofrer. Mas fui eu que quase melasco! Caramba, eu ja tava pedindo a Deus que ele sais-se! 0 nosso aparelho velho sofre. Eles vem com a mes-ma dor que ele pas sou naquele tempo! Pra ver quemsente! A luta e dura! Esta Doutrina mostra tudo e deixa 0sujeito tao vigilante que nem queira saber. Olhe, esse serquando quis manifestar, ele deu sinal, que eu vi. Ai eufalei com a Rita. Mas a Rita disse: "Se voce falou pra mim,foi espirituaI..." E eu disse: "Nao! Falei foi material mes-mo. Disse que 0 espirito tava querendo contato, tava co-municando, que queria baixar ali". Ai, vim me embora equando eu fui falar pra ela, ela disse: "Acho que foi espi-ritual que tu falou pra mill, porque eu nao me lembronao~' Ainda respondi: "Bah! Eu falei foi la na cadeira. Aieu fui sentar, ja estava tudo balanc;ando, mas antes eleavisou tres vezes. Antes, 0 ,ser avisou tres vezes. Quandochegou no hino do Agarrube, ele atuou. Atuou e foi poraIi, e eu ... aguentando, aguentando, ate que ele pas sou aconversa dele pro outro, ai quando 0 outro terminou, fuilogo pra cadeira, porque quase eu ia caindo duas vezes.E nao tinha tornado Daime nem nada, mas ele veio as-sim mesmo! No terceiro hino e que foil

Pode ser que ele ainda va la procurar 0 Alex onde eleta la embaixo, pois a entidade sabe mais aonde ele morado que eu. Ele foi chamado la daqueles tempos passa-

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dos, ele veio passar isso af pra provar! E quem foi provarfui eu! Eu que nao tinha nada com a dor e fui passar ador. Mas era assim que eu tinha de passar para aprenderurn tanto de coisa que eu nao sabia! Ele veio e me mos-trou. Entao, af eu fiquei bem mais por dentro da coisa! Emais pequenininho!

Eu nao tenho duvida com ninguem, nao. Nao deve-mos falar do seu fulano nem do seu beltrano ... Porquese eu estou falando do fulano, vai ficar urn invisfvel aquiem pe me escutando ... Eu nao tenho ordem pra ver, ne'?E ele acaba escutando. Quando sair daIi, vai direto nofulano e diz: "Olha, ele tava la falando isso, isso, isso eisso." 0 que a gente faz? Tern urn que ainda diz: "Nao,deixa isso por la, e coisa e tal..." Mas ja 0 outro diz: "Vaila, pega ele e, ba:Ian<;a!"Se for mau, chega e pega mes-mo. Eu t6 por dentro de rnuita coisa. Do cara chegar eeu: Opal Comigo era assim. 0 cara, de longe ja vinhachamando: "Bastiaol" E eu ja de ca: Opal

,Acorda, companheiro, acorde companheira,que 0

tempo ta se fechando. ~ nos vamos trabalhar la naEstrela ...Nao va ficar com medo, nem pensar que vaiapanhar e isso e aquilo nao! Eu quero e the mostrar acoisa mais bonita que voce nunca viu! Mas nao va ficarcom medo! "Medo nao adianta pra ninguem, so tira 0

valor que a gente tern." E a mesma historia da iIusao,ne? 0 medo vem da iIusao! E que voce fez uma coisa,quando vai a procura do Daime, aquela duvida ja vem ..."Oh, meu Deus! Sera que eu yOU pagar por isso?" A gentevai deixando no rol dos esquecidos e nada acontece.Mas se urn dia pegar e trancar, af nao tern jeito nao! E

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deixar aquilo passaro Passou e pronto! Vamos capri charde agora pra frente. Meu irmao, todo mundo ta perdoa-do! Se a gente vai pra urn servi<;odesse, recebe 0 perdaoe nao tira a culpa da mente, 0 jeito e sofrer... Fica direto,com aquilo! Ta sofrendo porque 0 Eu ta amarrado. Naopode voar porque ta preso, numa besteira de nada!

Perdoou, pronto! Ta perdoado! Nao tern culpa pra nin-guem nao! 0 que voce fez foi por inocencia, como umacrian<;a que ainda esta aprendendo. Ai ta 0 hino dizen-do: "Meu Rei Sa/omao, meu Rei Sao Vicente/Aqui nestesa/ao se encontra os inocentes." e nos chega no Daime,nos chega inocente. Tudo 0 que nos fizemos foi com ainocencia. Ai ele nos acorda, 0 sujeito passa aquilo tudo,mas ta Iimpo! Agora, dai pra diante, pe<;a licen<;a! Con-fessa-te a ti mesmo, meu irmao e nao repita 0 erro. Seracapaz de 0 corpo fazer isto e nao sofrer nada? Ele te res-ponde: Nao entre mais nessa porque vai so sofrer. E seder tres pancadas ai no peito esquerdo ... Pum, pum,pum, voce ja ta avisado. 0 cora<;ao acelera, acusa, quan-do a gente vai fazer uma besteira.

Nao ta certo ficar imaginando, nem com medo nao!Eu so to falando de prosa ... La na Estrela e que a genteconversa, fica mais de perto. Se ficar com medo e a piormiseria, a gente fica com 0 diabo do medo. A gente jafica tpdo sobressaitado, ne? Nao e a melhor coisa domundo, a gente saber da gente? Mas se a gente ta todoengaiolado, nao ve nem quem esta nas gaiolas, entaonao pode ter mais prazer. Tern uma hora no hinario queda 0 maior prazer na gente e tern uma hora que 0 sujeitodiz: "Oh! Meu Deus, se eu pudesse me sentar ..." E ounao e? Pois e. E born quando a gente conhece aondeesta 0 forte e 0 fraco. Porque 0 espirito e for<;a,mesmoque a materia esteja se Iiquidando, doida pra ir pra urnbanco! Segura essa porcaria ail Voce fique ai no seu pon-to! Amem! Pois e, pessoaI. Nao quero que voces venhamaqui e voltem na mesma. Tern de dar urn chegazinho equando voItarem ficar com saudade do nosso paraiso!

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A Engenhoca de Prata

E!Todo rnundo passa bern ate que urn dia conhece aengenhoca, hein? Voces ainda nao passararn naengenhoca nao? Ela e toda de prata, sabe? Vrnaengenhoca com tres rnoendas de prata. Brilharn que s6,alurniarn 0 Sol. 0 cara chega e tern que passar ali, poressa peneira. Tern urn cabra que control a a rnoagern ediz: "Ah!Ainda nao saiu born nao! Vamos pegar ele epassar de novo!" "Ainda nao saiu born! Mete de novo!"Tres vezes para poder sair born. E, eu nao passei aindanao, mas fui perto! Chegararn a me deixar la deitadocomo urna rurna de bagac;o! Ai chegararn, disserarn:"Nao. Esse nao." Mas antes eu tivesse passado. Porqueeu saberia 0 aperto, ne? Mas nao passeL Me levararn las6 para ver que existia.

Porque cada urn de n6s pra nascer, tern que alcanc;arrnais urn grau. Acirna do que chegou. Tern gente quechega nesse ponto, s6 de ser a engenhoca, se aperreiatanto que volta. E tern outros que agradecern, nao e?

Antigarnente hornern tinha palavra e aquilo que erafakldo se curnpria. Agora, ja era! Quando urn hornernescreve, com urn horror de testernunha e enche urn pa-pel, ai vern outro rnachomais besta do que aquele, jogafora 0 que 0 outro escreveu e rnanda fazer outra coisa. Eo que aquele hornern disse nao vale rnais nada! Naoacho isso certo ... Va com 0 seu papel escrito la pro infer-no! Que eu nao sou disso. Tanto que 0 carnarada escre-ve 0 que quiser, mas ele acredite nele, que eu acreditoem rnirn. E tenho fe em rnirn rnesrno. Nao yOU rnais an-dar por cabec;a de quem quer que seja, que nao sabecoisa nenhurna. Daqui uns dias, tao cheios de vergonhae urn monte de papel incendiado, e os predios queirnan-

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do junto! Isso porque Deus quer e 0 Diabo entregou-sefaz e tempo! E isso que eu tenho a dizer. Vamos tocarfogo logo nessas porcarias que nao vale nada hit tempo,minha filha! Fica s6 escrevendo, perdendo 0 seu tem-po ... podendo procurar outra coisa na tua mente e ficas6 atrits disso!

o irmao e urnpresente que recebernos

Essa hist6ria de mediunidade e preciso aten~ao, poistrata-se de saber quem tit hospedado na nossa pr6priacasa, se aquele que entrou dentro de mim e born ou naoe! Se nao e, por que tit dentro? Entao vai cair fora, bicho.Que isso aqui e uma igreja de Cristo, e nao de bicho,como jit foil Dentro de n6s jit se passou tantas coisas!Ainda passa! Porque, tu sabe, nao e? Eles vem pedindouma esmola, que e pra ir lit dentro da igreja. Que e naigreja aonde tit 0 homem que tern a esmola na mao. Naoe igreja do tipo de padre que fica s6 venda 0 irmao che-gar e jit vai escondendo tudo dentro do dep6sito. Pra ele,o irmao e igual a cachorro. Agora, para mim, irmao e urnpresente que n6s vamos receber. Tamos recebendo, naoe? Eu acredito em tudo quanta me disserem e me mos-trarem. Nao s6 acredito como eu t6 e com uma fe viva!Nao e s6 acreditar. Acredito que hit Deus? Nao s6 acredi-to, mas sei aonde Ele habita. Nao estou me enganando.Nem a tu e nem a ninguem. Eu sei aonde habita 0 Ho-mem que manda em tudo. Voce acredita em mim? Noque eu t6 dizendo? E tern fe? Entao e pra isso que eu t6trabalhando, pra achar urn povo que no dia que eu dis-ser: "Voces estao vendo?", todos responderem: "E mes-mo, lit vem "Ele!" Temos que estudar com os olhos aber-tos porque tern cada horn em na espiritualidade! A gentenao enxerga porque tit cego, parece que s6 olha prochao! Mas tern cada urn homem, cada uma senhora,que vale a penal Mas ninguem presta aten~ao e n6s fica-

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mos por aqui... Eu quero te entre gar 0 que voce mesmoja tern, 0 que tu possui! Eu quero e que voces confiemem voces mesmos ...

Eu to falando do Eu Sou. Pois e. Eu sou 0 que 0 Cria-dor e. Logo eu sou 0 Verbo. No principio era 0 Verbo, eusou 0 Verb0, estava em Deus e 0 Verbo era Deus. Eleestava no principio em Deus e todas as coisas foramfeitas por Ele. Sem ele, nada n6s temos, porque tudo foifeito por Ele. Porque Ele e a Vida. E a vida continua sem-pre em n6s. Sempre. Nunca faltou. E n6s estamos aquipra ser testemunhas desse Homem. Mas como? Se todohomem esta negando, e as mulheres s6 ficam fazendobirra, de bracinho cruzado! Nao querem nada! Eu nao.Se eu desejo ser, desejo que os outros sejam tambem!Nao e assim?

Nao ta vendo que se eu fosse uma mo~a, nao caianum papel de sse? Foi-se 0 tempo ... Foi-se 0 tempo dagente ser mo~a e ca~ar trabalho! Mo~a dessas ai do vio-lao, que era a menina dos me us olhos, nunca mais pi-sou na igreja!

Eu nada possuo. S6 0 corpo. Ele ja ta urn pouco ve-Ih6. Mas gra~as eu dou. Porque sofri, sofri muito, mashojeeu tenho 0 meu conhecimento espiritual, sem du-vida nenhuma. Da Terra e do astral. Eu to aqui, e a mes-ma coisa do que estar la! A gente s6 se bate muito en-quanta nao se descobre. Descobrindo, acabou-se. A du-vida e 0 medo, tanto faz como fez! E nem perde 0 juizo,porque quem se descobre nao e doido, cuida de tudo eainda acaba cedo. Voces gostam de uma pala, heim?

Descobrir isso e que e diffcil. Eo 0 Eu Sou Um. EoDeus vivo. Quando Moises chegou la aonde tava Deus,que ele viu, perguntou: Quem sois v6s? Deus ca~ou 0

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que dizer para ser entendido e nao achou. Entao disse:Eu Sou 0 que Eu Sou. 0 mesmo assim sou eu. Eu sou 0

que eu sou. E tu?

Eu nao you nesta reuniao de voces, que eu nao soude reuniao. Nao entendo nada de reuniao. Falam muitoe a gente escuta pouco. Depois de amanha e Trabalhode Estrela. Ai e aonde eu gosto de conversar. "Quemquiser que se apresente, mio tem a quem se queixari Eubem que auisei que hauia de chegarf" Eu to ensinandoagora, mas poucos estao me ouvindo.

Tit lit pelo SuI e uma coisa. Chega aqui na floresta,mud a de repente, a gente sente mais a for<;a. Entao,quando vai para 0 trabalho da Estrela, meu Deus do Ceu!Pensa que vai quebrar costela, arrancar 0 cora<;ao pelaboca ... Nao e assim que voces pensam? Mas que nada!Estando consciente e Iimpo, nao precisa ter medo. Nosnossos Trabalhos de Estrela e assim. As vezes a gentepensa que alguem tit passando mal mas a pessoa tit emirando ... Nao tit nem preocupada com 0 que estaopensando dela.

Aconteceu com aquela mulher outro dia. Foram litpergmi.tar se ela queria ajuda, mas ela disse: "Nao. Podedeixar que eu to bern, eu to otima como eu nunca pas-sei bem na minha vida assirn.!" Depois, eu vi quando amulher falou sobre 0 acontecido. Vma voz mandou elaolhar pra lua. Ela olhou, viu de seer uma luz que vinha aoencontro dela com tal intensidade, que ela nao seaguentava com aquela for<;a,aquela alegria que ela ti-'nha, e deu de vomitar. A velha e danada de vidente. Elaviu muita coisa! Tava assim meia braba, mas quando elafoi na Estrela, nao quis perder mais urn trabalho. Vinhaaqui pedir pra ir em todos. Ela disse que ia lit pra terradela, mas logo voltava. Nao sei se esquece.

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Por que s6 sofre quem deve. Mas 0 sofrimento e amelhor coisa pra n6s. A gente sofre, mas quando sai dooutro lade diz : "Gra<;asa Deus! Foram mais uns degrausdificeis que eu subi". E vai indo ... Aquela velhinha queeu falei quanta mais ela sofria, mais ela agradecia a be-leza que via! E eram t<'iofortes as belezas que ela via! Avelha ficava assim: Aaahhh ... Quanto mais sentia aquelacoisa boa, mais se agarrava com os outros. De alegreque ela tava. E a gente pensava que ela tava passandoera maI...Mas era s6 alegria.

Deus me disse pra sair das cidades, porque as cida-des vao virar covil de leao. Pra todos nascerem de novo.Que conversa e essa minha, voces devem estar pens an-do ... Sera que vai acontecer mesmo 0 que me mostra-ram? Agora, se me enganaram, eu nao sei. 0 culpado equem me enganou, ne? E 0 dona da hist6ria. Vejam 0

exemplo de J6 e Lot. Fizeram como fizeram com eles.Nao mandaram 0 Lot sair da cidade? E J6, nao, foi pas-sar, como passou? Via as piores coisas, ele que era urnhorn em que tinha fe em Deus. Mas as experimenta<;6eseram pra ver se ele tava Iigado com Deus mesmo ou seera s6 conversa. Quando ele venceu-se, foi muito maisrico. Assim ta eu! Passando as mesmas prova<;6es. Liga-do em tudo, tanto material quanta espirituaI. Com a du-vida, a briga e feia! Mas eu estou acabando de baixar acabe<;a do maior que tiver. lsso eu pe<;oa Deus, que Eleproteja essa verdade que Ele mesmo me deu. E, meni-no! Segura 0 tempo. Nao vai te iIudir com neg6cio decarne, dinheiro, essas coisas! Fazer gosto a materia ... Eulutei muito pra conhecer. E tao feio uma vela apagada,ne?

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Ser urn passaro tenaz

E foi indo, e foi indo, ate que urn dia 0 hino chegou:"OUfO a voz do deserto/Todo mundo esteja alerto/Quenao sabe aonde vailE no Parafso deve andar direitinho/Caminhando bem limpinho/Na presenfa do meu Pai. "

Isso aqui e pra ter urn respeito mesmo! E 0 Paraiso! Tatudo dito! Tudo! A gente e quem pensa que mlo tern po-der, mas tern. Vive aqui nesse mundo velho, preso poressa materia, preso por outras coisas abestadas que nempertence a gente ... E la vai n6s preso por aquilo ... Nuncase solta, para ser urn passaro bem tenaz! Quem tern umaasa s6, nao voa! Outro dia eu vi uma pombinha daque-las que crio la em casa, voar com uma asa s6, que aoutra eu nao sei quem tomou, talvez 0 gaviao. S6 vendoa coitada. Ela fazia Vuuuum! E caia la! Caia. Tao do mes-mo jeito aqueles que nao acreditam em si pr6prios. Mes-mo assim e aquele que vive aqui sem ter conhecimento.Preso por essa materia velha, preso por besteira, por nu-mero, por zero! Zero, noyes fora nada! E no que tu che-ga, e 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e noyes fora nada. S6 da zero!Olhe s6 0 10: tira 0 zero, e 1. Nao tern mais quem dejeito, perdeu 0 valor que tinha. Assim e voce. Ta pelejan-do pra ver se chega a ter urn conhecimento espiritual,mas e de uma coisa e doutra. Tern que conhecer os dois•ladas, mas nega 0 negativo. Procura, e nao sabe ondeesta ele. Vamos ser iguais a tQdas as coisas! Tanto faz emmaterial quanta em espirituaI. Porque n6s somos iguaI!Nao ve uma lagarta? Se eu penso, olhando uma lagarta,dessa forma: Que lagarta feia, you ja mata-la! A questao eque ela vai na viagem dela, eu you na minha! Deixe queela passe! E 0 mesmo com uma cobra, com urn sapo.

, Seja 0 feio que for, nao mexa com ninguem! Porque,como diz 0 hino: "Para amar e ter amor/E preciso co-nhecer/Deus em tua mente/Deus e 0 teu saber". Ja que anatureza criou tudo, eu yOUla me assombrar com algu-

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ma coisa? Nao! Se eu sou amigo de tudo, ninguem mefaz mal. au eu to mentindo? Se eu sou amigo de todas ascoisas, nao tenho medo de Tranca-Rua, de Tranca-cal-c;ada, nem de Tranca-quarto, nem de Tranca-isso e aqui-lo! Nao! Nao tenho nao! Pra que? Se eu sou ... Sou e fui!Fui eu mesmo espiritualmente, conversar, direitinhocom esses seres, ver como e, como nao e. Entao desco-brio E hoje acabou-se 0 Tranca-Rua! Pra mim ele naoexiste mais. Nao tern. Pode ter pra outras pessoas! Maspra mim, nao existe mais Tranca-Rua! Ja foi ele. Nao emais. Mas voces que querem seguir a vida espiritual naofalem de ser nenhum! Respeitem tudo. Porque todoseles tern 0 que cumprir.

o momenta e de unir 0 negativo com 0 positivo. Ai eque ta 0 espirito com a materia, unidos! Ai, 0 foco crescemuito mais. S6 no que e negativo, nao da luz. No positi-YO, s6, tambem nao da! Tern de Iigar os dois! Entao ajun-ta todos os diabos que existe, nao e? E ajusta todos comDeus, ai esta. Se for pra urn lado, tern soldado vigiando,se for para outro, tern soldado tambem. Entao, anda di-reitinho na estrada para nao se perder! A ordem e unir-se~a Eu Superior intemo na sua casinha, na sua pr6priaigreja, no seu pr6prio templo que e 0 corpo! Ele bemsentadao, no Trono, venda tudo!

A gente pensa que nao, mas, uma vez eu abri urn ser-vi~o, ai 0 Daime me chamou assim nas brochas, eu saila fora, me sentei pra ver 0 que era. Quando cuidei quenao, ja veio dois seres, pulou urn por urn lado, outro praoutro. Urn correu pra la e outro pra ca, sairam de dentro

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de mim os dois! Dois bandidos. Ai eu volto pro servic;o.Era uma cura ate da Gecila. Mais forte ainda, que eu melembre, foi 0 que saiu da comadre Marta e sei que podeter bem piores do que esses que eu t6 falando. ComadreMarta doente, doente, doente! Aieu fui la, fazer 0 servic;o.Eu, 0 Lucio, Daniel e Maurmo. Tao todos af pra contar ahistoria. Quando resplandeceu, nos vimos. La tava aComadre Marta amarelada e nos escutando: "Plum,Plecch!" 0 cara pas sou correndo, assoprou na minhacara, pura cachac;a! Abriu 0 ferrolho da porta, pulou em-baixo e os cachorros la fora no terreiro deram em cimadele. Isso saiu, mas foi de dentro dela! Por isso a genteprecisa de atenc;ao: "Vigiai,vigiai, a vossa casa para queo ladrao nao chegue e roube". Por isso e que as vezes agente ta bonzinho e chega uma coisa que tom a conta dagente de repente. Ai, ai, ai, 0 aparelho vai sofrer! Sofrercomo urn carro que 0 camarada pega e roda danada-mente, mesmo nao sendo dele, e termina estragando.Quando entrega pro dona, precisa ja de urn conserto. 0ser quer ver se se livra. Ve a casa e quer remendar ela,conforme 0 seu gosto. Se nao der, entao ele troca decasa, deixa a velha e pronto ... E melhor ir para outranova, que remendo novo em saco velho e 0 maior rom-bo! E isto!

\ Eu sei que tern urn la de Sao Paulo que estudoumuito pra padre. la vestiu batina, etc. Mas, depois en-joou daquilo, viu que nao era 0 caminho dele. E agoratomou Daime e achou 0 caminho. Tava animado. Mas etanta da historia que eu nao sei... Eu tenho uma hist6riaque diz: "Quem quiser que se aguente/Nao tem a quemse queixar/Eu bem que avisei/Que havia de chegar".

Para urn camarada tomar conta de urn servic;o desse,e preciso de estar bem consciente! Ter 0 respeito de todaa Irmandade, mudar de estado! Nao e como aquele ou-tro menino, coitado, que quer trocar de mulher, botaroutra dentro de casa so porque a mulher era muito rica!

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E olha 0 que aconteceu! Foi pegar urn jagube e quebrouo espinha<;o... Ele ia pegar uma mulher porque a mulherera rica, botar ela dentro de casa, e deixar a outra comocozinheira, ate que ficou diffcile a outra foi embora. Tudoisso aconteceu no tempo que eu cheguei, af ele depoisdesculpou-se muito, e coisa e tal... Mas, eu soube deoutras hist6rias ... Belo partido! Por isso que eu digo queesse nosso servi<;oe muito serio ... 0 sujeito precisa demudar de estado, senao nao agilenta. Quem toma con-ta, precisa dar conta, nao e? E e perigoso! Muitos serespodem the arrodear e af se voce nao tern videncia, naove, s6 sente! Mas 0 Daime mostra quem eles sao. !

Quando a gente nao finge, mas e mesmo, af pode di- /zer, Eu Sou, que ninguem mais bota pra rodar. Mas ternoutros que 0 aparelho velho segura, porque e 0 jeito ...Mas sofre que nem urn coitado! As vezes vem urn outroquerendo apresentar uma coisa que jeifoi passado. Issoe atua<;ao. E porque 0 dona da casa sai, dei a chave eviaja! Quando volta, abre a porta e encontra 0 outro leidentro ...

Pois e! 0 conselho que eu dou e para amar e fer amor,e ser urn Deus e nao querer ser urn Dem6nio. E isso,meu filho. Nao dou urn conselho mau a nenhum filhoque vem desse meio de mundo, procurando a Vida Eter-na. S6 mando esse conselho: Capriche! Seja homem ouseja mulher, mas capriche mesmo! Pra poder alcan<;ar.Nao e pensar que porquetoma Daime, vai sofrer, rodar, ediz: Ai!Daime me judiando!" Nada, meu filho! Ele botou,foi para te acordar e tu nao acorda! Acha que ele tei temaltratando? Tu e que invinhou-se com ele, ficou tudoinvinhado e nao pode te assoltar. Nem ele te amostrounada, e nem te acordou! Ficou pior! Precisa nao, dona,quando n6s nasce, a mae enrola e desenrola cuieiro urnbocado de tempo. Ah, e fogo! E luta! Muita luta mesmo.

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Sobre essas igrejas fora do Brasil, nao ta a historia con-tando? "Nova revolw;6.o aqui com os estrangeiros ... "Porque no tempo do Cristo, a revolU<;aofoi com os es-trangeiros, ne? Tudo era estrangeiro na linguagem dopovo da epoca. E "agora foi 0 contrdrio, 0 Mestre veio eensinou/Fizeram foi zombaria? Meu Mestre aqui estou."Ta tudo dito! Agora, a gente e que nflOcompreende, por-que ate agora ainda tern muita gente dormindo! Toposdormindo acordados! De olho aberto, e dormindo./Por-que nao procura descobrir-se a si mesmo, achar-se. Che-gam aqui, falam em espirito, saD dominados por urn enao encontram ele! Nunca encontram ... Mas quandotom a Daime e com pouco ... Eh, coisa bonita! Nao pres-tou atenc;ao a nada! Viu, achou bonito, mas nao procu-rou aonde e que esta essa beleza, toda? Acha que foi lanao sei aonde, e nao sei mais aonde? E porque nao an-dou a casa toda, que e 0 proprio corpol Tudo feito. Amirac;ao abre bern, 0 sujeito ta venda longe naquelemundo e deixa 0 que ta nele. Mas tudo esta em tit Quan-do acocha, e porque nao esta prestando atenc;ao e eporque tern que passar aquilo porque 0 Cristo tambempassou acochado! Ate que 0 sofrimento se acaba, quan-do urq dia 0 camarada descobre que eu sou eu.

Esse cipo, essa folha, todas essas plantas da florestaeles me entregaram. Alias, roe entregaram foi a floresta.Essa eu tenho certeza que me entregaram. Quem meentregou nao foi gente daqui nao. Que se fosse, todomundo olhava e via Deus! Mas anda tudo cac;ando,peitando Ele, mas nao sabem quem Ele If e dai passampor cima, passam la na frente ... Mas deixaram Ele paratras!. .. E assim vai, nao e? Ou nao e, rapaz? Vamos tratarde...seguir nos mesmos, urn no outro, dentro e fora, aquina Terra e la no Ceu ... A coisa e assim. Nao negar esseHomem nosso, nunca! Porque nos nao ganha nada com

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isso, ne? Pode ate perder. Fazer gosto a tome vermelho?E feia essa historia do bicho, mas tudo bem!. .. Voces fi-quem conversando com esse homem, que ele quer gra-var, eu ja estou indo ...

Isso tudo e pra chegar no ponto de Ser, mas depoisque a gente descobre 0 outro mundo do invisfveI,e umafacilidade! Entao 0 cabra descobriu qu~nflO e so essamateria velha. Todas as parabolas e diffcilde destrinchar,ne? Essa e a historia com 0 vento e a chuva. Pois bern, 0camarada toma 0 Daime e la se vem. La vem 0 banzeiroe 0 vento, relampago e troVflO.NflOsei se voces ja passa-ram por essa. Relampago cortando, trovao comendo, 0cabra no chao, sofrendo, e os outros tudo olhando praele. 0 proprio ele nao ta escutando nada! E 0 outro queocupou 0 aparelho quem faz 0 maior rebuIi<;odo mun-do. Mas, quando a gente chega a conhecer 0 conheci-mento da peia, acabou-se a historia. Porque a gente pas-sa porque tern que passaro Pra aprender, ne? Na aprendi-zagem, 0 cara confirma, mais na frente, e vai se des en-volvendo! Pra quem gosta, taf: "Sol, Lua, EstrelalA Terrao Vento e 0 MariEa Luz do FirmamentolE s6 a quem eudevo amarlTrago sempre na lembranc;alEDeus que estano CeulAonde esta minha esperanc;a." Ta tudo af. Praconhecer e precise prestar muita aten<;ao nos hinos.

Nao fa~am como os c~esque comem 0 proprio vomito

Quando chega a for<;ae baixa a discipIina, quando echam ad a aten<;ao, olha af 0 nego se envergonhando efazendo vergonha aos outros perante a Verdade. Mas 0Espfrito Divino, quando baixa af no nosso meio, nao der-riba todo mundo porque nao quer. Estamos atras de co-lher a for<;ae nao de afasta-Ia. Mas quando Ela baixa alino nosso meio, as vezes 0 cabra vomita, outros passam

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mal. Meus irmaos, nao vao fazer como os c~s que vo-mitam, voltam e comem 0 mesmo vomito. A nossa his-toria hoje e essa: Caprichar pra nao estar voltando pracomer 0 proprio vomito. Tratar de aprender 0 respeitopela nossa Presen<;;aDivina! Pois, "Cada qual que temum dom/Conforme seu merecer!" Todo mundo merece,ou pouco ou muito, mas merece.

Muita gente nao conhece, nao sabe 0 que tern! Se fazmuito do faceiro, mas nao agiienta 0 tempo que vem. Agente chega cheio de confusao e quer urn mar de rosas?Nao e possfvel. Tudo 0 que a gente bota pra fora na horado aperto e nosso. Olha bem direitinho por que saiu. Seele e born homem, assim na Terra como no Ceu. Se eleaqui usa so de safadagem, quando deixa a materia, naotern para onde ir, fica por af mesmo, rodando. Cutucaurn encamado, cutuca outro. Nao era assim que faziaenquanto vivia? Igualzinho vai ser no espfrito ...

Materia e que nem saco vazio. Voces nao sabem quea gente pega urn saco seco pra botar urn feijao dentro, 0

milho, ou farinha, qualquer coisa e 0 bicho fica murcho?Nao tern jeito. Mas se a gente amarra a boca, pronto. Poeele em pe. Mas ele seco nao se poe em pe. Assim somosnos! Se nao botarmos 0 corpo pra ter 0 conhecimentodo nosso Eu, nao chega nunca! Eo preciso ir a luta, mes-mo que chegue uma hora que 0 corpo velho pede lona.

Mas e duro mesmo. Tern hora que 0 Daime chama,chama, que e pra gente se apressar mesmo. Se nao derde pe, fique sentado, mas se entregue, porque naquela

, hora Ele quer dizer alguma coisa! Eu chama de Daime,mas e errado, porque 0 hino mesmo diz: "Eu mio mechamo Daime/Eu sou e um Ser Divino/Eu sou um SerDivino/Eu venho aqui para te ensinar/Quanto mais pu-xar por mim/Mais eu tenho que te dar". AIeu botei curto

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mesmo, pra ver... sera possivel? 0 Daime nao me deixamentir e eu estou satisfeito! E vamos ... "Quanto mais euolho, vejo Deus na minha frente." Como diz 0 hino doseu Walfredo. A gente recebe esses hinos, mas nao seliga neles pra ter uma compreensao.

Mas "todos do todos tern que se lembrar." Da outravida, antes des sa! Se lembrar de como a gente foi. Se foicontra, ou se foi a favor do Cristo. Sabe, a gente tern queprocurar ser mesmo aquilo que realmente diz e chama,ne? Chama no anzol, 0 sujeito chega, se entrega todo, esofre urn pouco ... Pra poder saber por onde passou econtar pros outros. 0 cara ainda acha que e pesado! Masse ele fosse passar como 0 Cristo passou naquele pontoonde ta as maiores duvidas. As pessoas deviam agrade-cer muito, s6 de estar vivo. S6 de estar vivo aqui, algumacoisa a gente aprende! E aqui na Terra 0 espirito tambemaprende. Eu t6 aqui, mas eu t6 numa esperanc;a.

, Quem ja tern 0 seu Eu, ja pode ser urn homem. Agora,chegando aqui, 0 arrependimento vem. "Porque e tem-po de apura<;ao/Mas ninguem nao esta ligando ..." E agente esta mesmo numa apurac;ao, e quem chega aquitoma urn rumo sem cuidado ... Cuidado pra nao entrar,assim, em indisdplina porque, quando chega la na Es-trela a correc;ao vem mesmo! 0 sujeito passa cadauma AIivoce ve urn espirito sofredor atuar num apare-lho ... 0 senhor acredite que 0 aparelho sofre! Sofre quenao e brincadeira. Todo mundo vai ter que passar isso.Uns mais, outros menos. Se todos pra se conhecerem,tiverem que passar como eu! Rapaz ... Pra fazer 0 mundointeiro baixar a cabec;a nao e fadI! E voce ta vendo! De

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todo 0 canto vem estrangeiro que chega e se anima! Teveurn deles ai que chegou e [oi dando logo uma agonia dequerer vomitar. Quando 0 cabra tava nas amarelas vomi-tando, eu disse: "Senta aqui". Ele sentou. Ai ele viu 0Cristo em cima do Cruzeiro, e quando viu, piff .. caiu.Quando ele tomou a si, que olhou, a visao tinha sumido.Esse nao esquece mais nunca! Ta sempre naquela: urndia, urn dia eu chego!

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CAPlTUWrv

Sobre as Mulheres

As mulheres, se quiserem avistar sua propria Mae Espi-ritual, devem se considerar iguais a Ela.Porque nao e comchafurdo, nao e com aquilo e aquilo outro, que 0 sujeitopode chegar aver uma Virgem Soberana! Com rancor,com inveja, com ciume, conquistando, fazendo tudo istonao se chega a Ela! Nao se pode consagrar 0 usa de umaSanta para se fazer 0 mal. Ela e apenas uma julgadeira.Julga e subjulga. E uma bandeira santa e pura que estouaqui para provar e levantar! Isla estou aqui para provar,porque Deus e quem me ajuda e ajuda a todos.

E isto que eu tenho a pedir. Tanto as senhoras comoaos senhores! Que se tratem mais a serio. Deixar des saagonia. Vamos comer menos. Quanto menos se come,mais se avan~a na vida espiritual! Porque enquanto a suamateria esta ocupada em destruir bagulho, ela podia es-tar subindo e crescendo, porque esta ficando sa, Iimpa epura. Deus fez uma Igreja no formato de cipo para queEle pudesse habitar em cada ser puro aqui na Terra, en-carnado! Isto porque Eu Sou, e nunca deixarei de Ser!Eternamente! Vivo em Deus e Deus vive em mim. Viveem toda humanidade, vive em tudo, enfim! Porque Deuse total. E urn so, em todos. Quem nao ere em Deus, naocre em si mesmo, porque 0 pouquinho que tern naquelecorpo, e urn pouquinho tambem de Deus. Que e a vida.Saiu aquele pouquinho mas a vida nao se perde, emboraesquecido das coisas que e preciso se lembrar. "Que elembram;as do passado, que todos tern que se lembrar!"

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Entao, nos que ja estamos aqui, vamos rogar tambem pe-los outros que estao la fora! Que cada urn tome uma ati-tude verdadeira. Porque ja esta anunciada uma mudan-<;a.0 povo tera que mudar para uma coisa nova, uma ati-tude que vai ter serventia para 0 novo mundo! Que cadauma pessoa trate de ser urn espfrita. Para se conservarmelhor nas coisas de Deus! Trazer aquilo realmente queDeus quer: perfei<;ao aqui na Terra!

"Tratem 0 tempo mais serio/Que 0 tempo nao enga-na/E nao tem d6 desta materia. " Meus irmaos, vamos tra-tar bem direitinho da nossa Senhora Mae. Se estao falan-do numa Virgem Soberana, se estao falando nisso, olhern,prestem aten<;ao no que estou dizendo. Isto foi 0 Espfritoda Verdade que me disse e me ensinou: honra cada umadas senhoras que aqui buscam. Honra e manda que elasse honrem, para que sejam pessoas de Deus. Para quetodos tomem essa atitude, tu e eu, eu e tu, ser urn so.

APosi~ao Espiritual das Mulheres

Nao faz pouco tempo que acharam 0 Evangelho deTome? Pouco tempo. Eo povo que achou ta teimando,fazendo pouco. Ai nesse evangelho e que tern uma histo-ria da mulher muito pesada.

Conta ele que Pedro nao queria nem que a Virgem So-berana chegasse perto deles, porque ela era mulher. Oafsurgiu uma historia que esta no Evangelho de Tome, quemulher nao podia chegar, nao tinha salva<;ao. Ai 0 Cristofala: Mas toda aquela que se Fizerhomem entra no Reinodo meu Pai. La se vem, la se vai, e ate hoje ninguem sabecomo e que vai ser, ne? Vem com essa historia de se fazerhomem. Como e ser homem tambem? 0 homem, ser 0

homem. E viver no espfrito, eternamente. Mesmo se esti-ver preocupado, 0 seu Eu nao Ihe deixa nunca. E todo 0

tempo nisso. Mesmo quando voce nao ta com dinheiro,nem com aquilo outro. Trabalha e tudo, mas voce tern

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certeza que nao e essa carne que faz tudo isso. E esse serque traz esse dom pro teu Eu, pro meu, e pra qualquerurn. Cada qual veio para fazer uma coisa. E pra ajudar unsaos outros, ne? Rapaz, 0 camarada que presta atenc;ao aohinario chega logo. 0 hinario ta dizendo tudo! Ta apre-sentando. 0 Espfrito da Verdade ta lutando com 0 outropra acordar, ne? "BG tu me chamou/BG tu me acordou/Porque tu esqueceste/Do nosso Pai Criador?" Eu tenho feque essa doutrina da Virgem Soberana vai realizar umacoisa! Nao e possfvel! "Se correr apanha, se ficar apanha,se correr vai sofrer mais!" Entao pra onde you? Vou e tra-tar logo de ficar quieto! 0 outro, esquecido, deixa a suacasa entregue a vendedor disso e daquilo, de pombos,nao sei 0 que la, cambistas, ne? Voce nao sabe dessa his-t6ria da Escritura nao?

Isto tudo e parabola. Pra hoje n6s vigiar. Vigiai, meusfilhos, vigiai! Nao deixa que ninguem invada, porque seeu me afofo ... eu ja gostei de festa, gostei disso e daqui-10... E vim vindo ... "Tudo que ja se passou/Assim foi por-que Deus quis/Se nos se tornar unido/Seremos todos fe-liz." E isto! Eu gosto dessa Doutrina porque foi aonde euencontrei a mim mesmo! Vim de longe, vim de longe, delonge, de longe, ate que cheguei aqui e acordei mesmo.Grac;as a Deus! Sofri e ainda estou sofrendo pelos outros,ma~ 0 hino diz: "Com prazer no corac;tio/De me achar reu-nido/Aqui com as meus irmtios".

Todas as coisas vem da Oor.A abelha, faz 0 mel da flor.Toda flor tern que dar uma semente qualquer. Nao e? S6a mulher e que nao pode ser uma flor? Vem 0 fruto, nao eda flor? Entao eu considero. Eu examino tudo, pra depois,quando for;eonversar, ter realidade. Porque a voz do de-serto quando falou pra mim que toda mulher ia ser liber-ta, porque nunca tiveram liberdade e toda a vida foramsujeitas ao homem, mas que de agora pra frente elas iamser libertas. E daf, rapaz, foi se venda diretamente as coi-sas como estao! A posiC;ao das mulheres era muito baixa!

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Muito embaixo de ordem, desde a cas a dos pais. Casadatava pior. Muito mais! E alem de tudo, presa aos filhos!

Nao e a historia que eu t6 contando que tudo no mun-do e flor? Oa 0 fruto? Entao a mulher nao pode ser umaflor? 0 fruto tambem nao vem dela? Oa mesma flor?Ago-ra, quem nao conhece ... vai conhecer! Eu nao tenho du-vida com mulher. Pra mim, toda mulher e igual! Bonitaou feia, seja la como for, mas nao e 0 corpo, meu amigo,e aquilo que realmente leva pra frente. E a vida! E essavida e Eterna. E nela vive tudo. E tudo. E bem complica-do. Por isso 0 hino diz: "Para amar e ter amor/E precisoconhecer/Deus em tua mente/Deus e a teu saber/Paraamar e ter amor/E preciso compreender/Amar a todos asseres/Igualmente a voce". E duro! 0 sujeito, nao sabe sese ama, ne? Como amar fulano se nao se ama a si mes-mo? Como e que pode amar 0 outro? So ama se tiveramor a si proprio. Se amar para ser amado. Pode estardizendo a voce: "Eu amo voce!", mas e mentira. Se naoamo a mim mesmo!. .. Por isso e que e dificil a gente che-gar. 0 conhecimento da vida tambem come~a com 0 co-nhecimento de si mesmo.

A gente se defende e procurando ter conhecimento desi mesmo. Diz0 Pai Nosso: "Assim na Terra como no Ceu".Tern que ser homem na Terra e homem no Ceu. Agora,aqui embaixo ta so a presen~a, porque todos nos somosa presen~a do Homem que chamou-se Jesus. Na cruz re-presentava 0 Cristo. Jesus era materia do Cristo. Hoje, nossomos a mesma materia. A mesma.

A mulher, por outro lado, deve se considerar tambemuma presen~a da Virgem Soberana. Olhe bem para 0 casodaquela mulher que se chamava Madalena Quando elaviu Jesus, quis namorar com ele. Ela era prostituta. E Je-sus foi logo chamando ela com outro nome: "Vem ca,Miriam!". Quando ela chegou la, ja mudou de assunto.Hoje nao se chama Santa Madalena? Tudo isso e coisaque ainda existe e explica aquela passagem de Tome:

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toda aquela que se fizer homem entra no Reino do meuPai. Ela era mulher, mas tornou-se urn Homem Perfeito!Porque se e Homem, e Deus! E pra ser Deus, precisa mu-dar, dois passos pra frente, dois pra tras, 0 novo Eu Sou!Deus nas alturas e Deus na Terra. Com muito amor e cari-nho, respeitando todas as coisas, porque eu s6 acho ruime a falta de respeito. NflOe nflO? E a pior coisa que tern,ll<10 e isso? Rapaz, ou eu nao sou nada e na presenc;a devoces, tudo doutor, logo eu que nao sei nem ler... Mas eucontoa hist6ria como e vista. 0 cara teileiembaixo, fazen-do as piores besteiras e quem tei leiem cima, tei olhandoassim, venda todas ... A gente faz, pensando que nao ternurn ser, tao superior, que fica venda tudo! E por isso vemos castigos. Se vem? Vem sim ...

Eu jei tenho dito pra voces. Alguma coisa voces terncom essa Doutrina. Com essa realidade espiritual. PorqueSaD de dentro de uma cidade, nao tern nem precisao devir ate aqui, mas SaD tocados e vem mesmo! Chegamaqui, a minha vontade e que todos saiam satisfeitos porter urn conhecimento de si pr6prio. Ai n6s vamos amarpara sermos amados. Quanto mais n6s amarmos uns aosoutros, mais n6s encontramos amor, outros seres para n6samarmos tambem. Quem mais avanc;a nisso SaDas mu-lheres! Naquele outro tempo, quem mais avanc;ava eramas mulheres tambem. Quem mais sentiam! Hoje e domesmo jeito! As mulheres tao muito mais avanc;adas,muito mais do que os homens. 0 neg6cio da mulher e acac;a do amor, ne? Pelo filho ela tern urn amor, pelo mari-do ... embora ruim, mas ela, coitada ... Faz d6! Ela semprenaquele amor, e tal. A valentia da mulher agiientandotudo de filho e de marido!

Fala-se daquela hist6ria da Escritura, das maes queeram contra filho e filho contra mae, filha contra mae e

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pai contra 0 filho, filho contra 0 pai, nora contra a sogra esogra contra a nora. E tudo nao esta acontecendo? Tudodentro da historia. E 0 fim dos tempos. Por si se destroi.Cad a urn, por si se destroi. Entao Deus nao tern que terpreocupa<;ao com isso. Enos vive preocupado? Somoscapaz de negar 0 que nos somos? Porque nao temos co-nhecimento? Somos inocentes. Mas se chegarmos a terconsciencia de que a mulher e Divina ... Ai nao negamoso Cristo em canto nenhum! Avalie 0 Midam. 0 resto a gen-te tem.que trabalhar muito. 0 povo ainda esta muito es-palhado, ne? Fica mais diffcii. Mas urn dia a gente se ajun-ta tambem. Num momento ... porque nos nao sabemosate onde vai isso. Sabemos que vamos no rumo de umaperfei<;ao. Todos juntos somos muito mais!

Meus irmaos, outra coisa que eu tenho para avisar atodos. Todo irmao, seja casado, seja soIteiro, se volte assuas mamaezinhas. Todo aquele que nao voItar a suamamaezinha e pedir 0 seu perdao, nao vai ter vida eter-na. Porque 0 homem cresceu tanto, chegou a urn pontode conhecimento que abafou a pobre da mulher, deixouela como uma escrava, como uma escrava daquelas. Ecoitada, 0 seu valor foi tirado totalmente. Mas agora quemta dando 0 valor delas e Deus. Deus da 0 valor de todas assenhoras, para que 0 homem volte a reconhecer 0 que 0

seu proprio Filho conheceu, na minha Virgem SoberanaMae, minha e de todos nos.

VoItem! Podem voltar as mamaezinhas. Quem tiver asua mulher, tenha consciencia. Porque a tua mulher tam-bem pode ter a consciencia de que voce e urn Deus. Seela e uma Virgem Soberana Mae, e apenas uma seme-lhan<;a. Esta ai. Nao e uma estatua nao. E uma semelhan-<;a,para provar. Aquela que quer viver do mundo, torna-se do mundo. E quem nao quer viver neste velho mundo,

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quer passar para uma vida eterna, nao olha mais para aBabilonia. Vamos olhar, sim, para as mulheres, porqueelas tern urn grande valor. Elas saD ate mais do que 0 ho-memo Elas tiveram tanta oportunidade com Deus, que seuFilho gerou-se nela.

Isto tudo passou-se para ser provado agora. 0 tempo eagora. Se nao acordou naquele tempo, e se nao acordaragora, acabou-se. E a vida precisa continuar. Se somostestemunhas, vamos acabar com isto. Vamos se lembrarque a nossa Mae sofreu por nos. Sofreu! Passou noitesacordada! Agilentou tanta da urina ... e ainda beija a tuaface. Ela e assim. Vma figura permanente aqui na Terra,assim como no ceu.

Meus irmaos, vejam seus proprios sonhos e olhempara os sonhos da Virgem Soberana . Se ninguem viu,hoje da de vert Se nao viu naquele tempo, e para ver hoje,que e lembran<;a do passado. Entao vamos botar fe parater harmonia, amor, verdade e justi<;a. Arnor, verdade ejusti<;a cabe em todo lugar. A Harmonia e Deus. Arnor eDeus. Verdade e Deus. E Justi<;a e muita paz. Porque a jus-ti<;ade Deus e paz! Nao e espada nao. Repare que 0 Cris-to veio ... Se Ele quisesse, Ele tinha se armado e acabadocom tudo, porque 0 Poder de Deus e grande. Mas, urn paivai acabar com urn filho, assim, de momento? Nao, elequer'lue chegue ... Porque agora e outro tempo. Eprecisoque todo mundo tome uma atitude.

Agora, 0 hino diz: "Aqui entra todos/Entra 0 sujo e 0

rasgado/Na Casa do meu Pai/S6 entra os limpos e sempecado. "A pessoa chega aqui no Ceu do Mapia com mui-to sacrificio. Chega aqui, nao presta aten<;ao a nada, sem-pre esta querendo ser orgulhoso. Nao sabe que vai passarpor uma prova muito finfssima, porque e julgar esubjulgar. Enos estamos esperando tambem "a hora da

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audiencia". Esta tudo marcado e a gente tern que estaratento.

Estar com Deus nao e estar com 0 mundo. Nao e re-partir uma banda para estar com 0 mundo e outra paraestar com Deus. Nao! E ser igual. Igual em ti 0 positivo e 0

negativo, que a tua Luz acende muito mais ainda. Nao epara ter queixa de ninguem. Nem material, nem espiritu-al. E tudo que vier a gente sai de fininho. E seguir em fren-te. Com a fe que a gente tiver no Eu Superior que e Deusem nos, e Deus em todo lugar. Juramidam, Cristo Jesus, ea Mamaezinha la do alto ta olhando para nos, dia e noite.Vendo se somos bons. Se estamos cumprindo direito, ouse esta so enganando.

Mas de doutrina, eu nao achei nenhuma igual a essa.Andei por uma porc;ao delas. Tern coisa boa, mas tam-bem muito engano. Mas e meIhor cada urn crer em si doque numa imagem de papel. Feita por urn homem, ouque seja por uma mulher. E so uma imagem. Por que naose pega uma mulher para adorar ela? E melhor ser igual aela e ela ser igual a ti, porque ai vira outra coisa. A ima-gem nao e 0 mais importante. Procurando mais por trasou por dentro, mais em cima ou mais embaixo, se encon-tra a verdadeira imagem que ocupa essa materia.

Falta muita coisa na nossa doutrina ainda. Ou melhor,e lim povo que esta faltando. Esta comec;ando a se juntar,mas ainda e tudo novinho, tudo crianc;a. Tudo e inocente.Que quando esse povotiver consciencia, souber que"Deus em tua mente, Deus e 0 teusaber", a pessoa jamudou de ideia, ja e uma pessoa forte, com urn pensa-mento e uma forc;a muito forte. Isso e 0 que eu quero.Que voce seja igual a mim. Ter 0 conhecimento espiritualcomo eu tenho. E nao me interessa a riqueza de ninguem.o que me interessa e ter 0 meu feijao para comer e 0 meuarroz. E dar para os amigos quando chegarem. Se for pos-sivel e se Deus quiser que a gente viva em outro estado,em outra vida, em outro amor, em outros pensamentos,

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vamos vivendo nessa Terra. Verdade, justi<;a e abundfm-cia nflO faz mal a ninguem. E muita prosperidade. Issocabe em n6s. Tudo prospera. Ninguem nem sente estarnecessitado disso e nem daquilo nao. E para sermos urnpovo que nao enxerga nada no outro. Porque enxergavoce iguaI! Igual a mim, igual a voce, igual todos! Tudoser urn s6. Nem ter cobi<;a por nada. Isso e que 0 Homempede. E urn povo Iimpo e puro. Sabido, e nao abestado.

Veja bem 0 caso de urn professor que sabe isso, sabeaquilo, que sabe aquilo outro. Na hora que 0 Espfrito daVerdade encosta perto dele que esta crescendo demais,esta querendo ser grande, 0 hino diz assim: "0 que e quevoce vai fazer/Escute 0 que eu vou the dizer/Se voce miotem luz/Procure compreender/Depois que compreender/Eque vai se iluminar/Nao tem Sol, nao tem Lua/Meu brilhoe Divinal/Se voce nao tem luz/Eu nao sei aonde estd/Pro-cure 0 meu Jesus/Que Ele veio para nos salvar/Ninguemqueira ser grande/E predso se humilhar/Se far;a pequeni-ninho/Para entrar no Celestial". E foi isso que eu fiz. Emvez de me engrandecer, eu me humilhava. Levava em-purrao, cotovelada, e eu ali! Mas, gra<;as a Deus, estou ain-da hoje provando 0 que foi dito pelo Ser. Nao estou men-tindo.

Com 0 tempo a gente vai saber 0 que vai ser do Mapiae des1.'epovo. Estou dizendo que foi 0 Espfrito da Verdade,que atraves do Eu Superior mandou que eu safsse para 0

centro das matas, da floresta', que e 0 parafso.

Quando voce vai tomar 0 Daime, na hora que voce, pega no copo, ja invocou urn ser. Ja ta atuado. Agora, voce

nao sabe quem atuou, lembra da hist6ria da Madalena?Quando Jesus expulsava sete, voItava mais sete. Sete de-manios que ele tirava do corpo de Madalena. AI chegavade novo 0 mesmo tanto. Mas a Santa Helena, esta e que

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lutava com esses demonios todos. Chama-se uma Legiao.Mas ela venceu tudo. Hoje, minha fiIha, esta tudo em vis-ta.

o problema e que a gente pensa logo que ja e. Porquepega urn Iivro e dana a ler, pensa que e sabido. Mas cadeo teu Eu se nao tern quem conhe~a? E e preciso cumpriraquilo que foi dito! Todo aquele que nao nascer de novonao entra no Reino de meu PaL E preciso todos nos nas-cer de novo agora. Nascer na Terra e no Ceu. Saber quevoce la e uma coisa e aqui embaixo e so a casa. E 0 tem-plo que esta cheio de demonio, vendedor de pombo,cambista e nao sei quem mais, que fica vendendo bagu-Iho no nosso templo interior. Mas isso SaDparabolas. Tudoisso ta no corpo que e a casa do Senhor. La no Astral, umavez me disseram assim: "Olha bem essas Pomba-giras ai,espera que tu vai ver!" Com urn pouco chegava. Tanto vi-nha espiritual para eu conhecer, como material. Aquelecorpo que ela comandava, vinha se apresentar. Oh, mi-nha fiIha, eu aprendi muita coisa. Na vida espiritual podeter igual, mas que tenha mais conhecimento do que 0

nosso Daime eu duvido.Eu nao sei ler nada e nem me ocupo de aprender a

ler. Nao aprendi no tempo de novo, depois de velho en-tao.e que nao da ... Mas 0 que eu sei, eu sei mesmo! Por-que a minha vida e eterna. Vivo por ela e dela nao querome apartar. E estou fazendo 0 que mandaram eu fazer:colhendo os fiIhos do Homem . Os que forem fiIhos vem.E os que nao forem, chegam, se apresentam, deixam 0

nome e VaGembora. Agora e 0 tempo do povo jovem. E eagora, daqui pros 2.000, pelo menos e 0 que nos estamosesperando. Uns tern muito medo do Satanas, Lucifer enao sei 0 que ... Eu nao tenho. Nao caio nessa jogada deandar com medo. Mas depois que fui conhecer de perto,estou satisfeito. Tudo enquanto passei, morre nao morre,vai nao vai, foi para conhecer e estou satisfeito. E aqueleque estiver comigo, tambem esteja satisfeito porque hojea gente ainda tern 0 feijao para comer com arroz ... E tem-

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po vira que ninguem sabera como e que vai passaro Quaissan os apertos que nos esperam. Cada dia a gente so es-cuta se falar em mais miseria, doen<;;as e mais doen<;asL ..Ta born!...

Se nos tamos todos aqui aparelhados com a for<;a doConhecimento, do raio! Temer 0 que? A for<;a que tern 0

sol, a for<;a que tern a lua, as estrelas, a terra, a agua, 0

vento? Ligados nisso tudo do que nao somos capazes? 0hinario conta uma historia toda bonita! Agora, a gente eque nao vai penetrar neste estudo ate descobrir tambemcomo chegar aonde esta 0 Eu Sou. A dificuldade e quenos mesmos nos negamos. De ser aquela Presen<;a, as-sim na Terra como no Ceu! Se nos somos la, nos temosque ser aqui. Uma materia, uma Presen<;a Divina, que sovoces mulheres tern a cara da Virgem Soberana e nos ho-mens, somos do Cristo. Cada urn homem! Cada urn ho-mem perfeito la em cima e aqui na Terra tambem. Deveser respeitado, assim como eu respeito todos, nao e? Naoe possivel ser de outro jeito. Eu estou sempre confiandoem quem devo confiar, que e no Poder Divino mesmo, nafor<;ada floresta e dos primitivos.

As Mariposas

Eainda tern uma coisa, meu filho! Eu tenho que avisarvoces mesmo! Precisa muito cuidado com esse negocioque voces estao ganhando! Muito! Mas e muito mesmo!Porque e por coisinha pouca que a gente cai e ahhh ...Acabou-se 0 homem. 0 cuidado e esse. Mulher, seja(asua. Nao queira usar mulher de ninguem, nem olhar paraela diferente, nem botar os dentes de fora nao, porque sevoce se engana, pode levar urn soquinho na vista, ne? En-tao, cuidado, meu filho! Porque a nossa luz e grande, mastambem para apagar e facii. As mariposas nao ficam dan-do rasante na chama da vela ate apaga-la? Se isso aconte-ce, acabou-se! Nunca mais! So quando nascer de novo! Eo

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isso que estou reeomendando as negradas de lei do Sui:pra todos viver numa pisada s6, para n6s veneer e para 0que estei para aeonteeer, ne? Senao ...eu nao garanto nada.Com urn poueo, ao inves de n6s passar pro lado de cima,vamos pro lado de baixo.

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CAPITIJLOV

Miscel8nia

Se nos passar para 0 outro lado, os que ficaram nesseoutro vao ver 0 livro que ficou, tal equal fizemos. Pra po-der chegar onde nos vamos? Eu nao sei pra onde nos va-mos. Eu espero e aqui mesmo! Nao tern mais pra onde irquando cada qual ja ta no seu trono! Falta so nos fazer 0

nosso! 0 hino fala, ne? Fazer como no Parafso, nao e? "NoParafso deve andar direitinho/Caminhando bem limpi-nho/Na presem;a do meu Pai." Eo isso."Eu ow;;o a Voz doDeserto/Todo mundo esteja alerta/Que eu nao sei prO.onde vail" E e mesmo, ninguem sabe nao! "Estou aqui eaqui estou/Na presem;a do Senhor/E da Sempre VirgemMaria/Vos agrader;o toda hora e todo dia/Ate no pino domeio-dia/Pai Nosso, Ave-Maria." Rapaz, a gente estandonum hinario desse, assim, bem consciente, nao e bonito?Foi 0 que 0 Ser me falou sobre esses aparelhos que ga-nham, mas ainda nao tern consciencia do que, nem doser e nem das palavras que ganhou nos hinos. Mas, ta norisco de mais adiante, urn ano ou meio, recordar de mo-mento essas palavras que 0 ser esta dizendo. Porque elenao vai chegar e falar pra quem nao esta preparado. Naoera assim que 0 Cristo falava atraves de Jesus? 0 Cristo,falava em Jesus que era aparelho de Cristo. De vez emquando 0 aparelho falava tambem por ele mesmo. Eo as-sim que ele quer que nos seja. Nao negue Ele! Nao ne-gue! Eo muito diffcil, mas a gente chega! Eo so prestar aten-<;;ao.

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Tei se cumprindo aquela palavra que 0 Ser falou atra-ves de Maria Marques: "Nova revoiw;ao/Aqui com os es-trangeiros." Voce teivendo! Vem gente do mundo inteiro.Ate agora, s6 nao veio chines. Japones, a Clara jei tei seapresentando. Depois veio aquele padre espanhoi. Ele sefoi por esse mundao. Porque ele anda correndo 0 mundotodo pra ver aonde acha os cristaos. Diz ele que achouaqui. Certo dia ele me disse que ia me apresentar 0 Cris-to. Botou as maos nos bolsos: Eu sou desta religiao aqui,e mostrou-me urn cruciffxo. Eu respondi: /sso af, 0 que e?Ele disse: /sso e Cristo. Eu digo: Esse af mesmo nao e umsanto. Ele meteu a estatua no bolso e nunca mais apre-sentou a ninguem. Por isso que eu disse que a fe e quemcura. Mesmo que a pessoa fa<;aurn rogo por urn retrato,ou uma estatua, com aquela fe que ele tern naquele re-trato, 0 ser se cond6i, ne? Eu estou e seguindo 0 MestreIrineu que disse que a Doutrina era pro mundo inteiro,"doutrinar 0 mundo inteiro".

Vamos trabalhar para os ultimos paus, que SaGos der-radeiros que envergam. Mas VaG envergar!... Essa fe eutenho em n6s. Porque se eu disser que nao tenho fe emvoc@s, e s6 tenho fe em Deus, nao dei!Tern que ter fe emDeus pra ter em mim e n6s sermos tudo uma for<;a s6!Pra nao deixar nada contra n6s, tern que ser tudo a nossofavor.

Eu sei que se esses ensinos nao VaGpra frente, nao vaivaler nada! Tenho pra mim que nao vai valer a pena ficaraf dando na cara de todo mundo. Isso nao dei certo. Emelhor ir venda direitinho 0 que e 0 mundo sagrado e 0

mundo atrapalhado, como essa hist6ria que conta quequando 0 Cristo veio ao mundo, era s6 nas carreiras, deurn lado pro outro. Todo mundo perseguindo Ele. E hojeestei a mesma hist6ria. Hoje estei a mesma hist6ria com 0

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Daime. S6 porque ele mostra os nossos defeitos e mostratambern 0 que e born. Mesmo levando uma peia, 0 ca-rnarada ainda nao acorda! E por que nao quer. Mas 0Confen nao descobre esse segredo s6 olhando pra garra-fa. Por isso vieram aqui, nos estudaram e se estudaram.Tenho certeza que nao viram nada errado e vao nos dei-xar Iibertos.

Eu sou aquele que eu fac;o tudo, mas tirai esse do ou-tro pra ver se ele "sem ele" faz alguma coisa. Sera? Elecom ele faz tudo, e ele sem ele nao faz nada. Pois e isso,meu fiIho.Tern que aprender, senao n6s nunca ganhamosurn voto. S6 damos por perdido. Chega! Por isso e quetern de amar a Deus sobre todas as coisas. E 0 pr6ximocomo a ti mesmo. Nao tendo nada a dar a ninguem, tam-bem nao posso receber. Quem nao tern, ganha, quemtern, renova.

Eu queria a maldade longe de mim a cern leguas dedistancia! Se fosse por rnim, por minha vontade, ja terntempo que tinha se acabado esse neg6cio de mal. Essascoisas todas ja tinha se ido. S6 tava 0 lado do bern, que eDeus verdadeiro! a que tern tudo e da tudo, com tantafacilidade! Se ele tern muita dificuldade, eu nao sei. Seide mim. Sei de mim, que nunca pude ter prazer nestemundo Terra. Eu sa! urn pobre daqueles, que nunca che-ga a tico. Porque quem chega rico tern tudo! Nao tern essaporcaria dessas caras feias! Ta danado de rico! Mas des sariqueza eu nao quero! Ficar ,cego, s6 me batendo por di-nheiro, pra entrar no rolo? De jeito nenhum.

"E preciso ser urn toco de luz", que aonde se va, vaicIareando tudo! Pois e, rneus fiIhos! Quem me escuta ebusca, acha. E quem s6, entra num ouvido e sai no outro,e uma penal a prazer da gente e ter esse prazer de ser.Poder dizer com conhecimento de causa: Eu Sou na Ter-

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ra como no Astral! Negocio do camarada dizer que e issoe aquilo e nao apresentar nada que preste ... Nao judiemde mim agindo dessa forma. Ando atras de paz e nao deguerra! Se nao e 0 rolo, la vem as noticias: "Olha, ai vem apolicia, botar todo mundo correndo!" Assim era no tem-po dos apostolos. E agora, hoje, nos somos os apostolos.Do mesmo jeito! Tudo naquela! Com medo de ser urn bi-cho, de ser urn diabo, com medo dos fariseus, do guarda.Nao! Vamos baixar as cabe<;:as desses caras porque os bi-chos SaGeles e nao nos.

Pois e, eu respeito todas as autoridades. la converseicom os da Federal, promotor, coronel e tudo e duvido quealgum tenha algo a dizer de mim ... Mas tern urn tipo quenao vale nada! Isso os Exus me mostraram e disseram as-sim: "Isso e uma cIasse que nao vale nada. Sao os pioresque tern dentro dessa epoca." Eles me falaram tudo! Porque entao, agora, eu you correr com medo desses pes-tes? Teve ate urn que se declarou, disse que so gostava depegar era de muito. Urn pouquinho so nao pegava nao.Mexia nao. Eu falei com eles la, igual falo aqui. Quandoeles perguntaram se eu usava isso que eles chamam dedroga eu respondi: "Eu uso e uso mesmo. Uso estes sa-cramentos divinos com sinceridade e com a pureza doque eles me mostraram. Uso para despertar meu Eu Su-perior, para me conhecer e conhecer Deus. Ta la tudo es-crito no depoimento que eu dei.

Nascer Agora!

Eo isto mesmo! Cada urn fa<;:apor onde, ne? Assumirseu cargo espiritual aqui na Terra, antes que desencarne.Porque quando voce ja desencarna sabendo aonde habi-ta, quem e, quem foi e por onde passou, tudo bem! Massem saber nada, coitado, quando volta e pior! Ai e quevem sofrer!

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Tudo ja foi dito e tudo eu to dizendo, po de fechar 0

radio do homem, porque ele vai viajar e eu tambem! Va-mos viajar tudo junto!

E a gente e Uio invinhado, ne? lnvinhado com cad a coi-sinha de nada! 0 mundo e born, meus filhos! E muitoborn! "Dizer que ta com Deus, e muito Mdl de dizer! Mascumprir seu mandamento, af e que eu quero ver!"

As vezes a gente sabe muita coisa, mas e tudo na ca-be<;a, ne? E diffcil ter 0 conhecimento! E agora e 0 tempode conhecer. Fazer esfor<;o de nascer agora! Pessoaimen-te, nascer agora. Porque 0 nascimento de agora e 0 quevale. Nao 0 que gerou esse primeiro, esse bonecao mate-rial... nao! Bonecao af tern pra danar! Cada qual mais sa-bido, sem saber de nada! Mente mais do que tudo paraganhar dinheiro! Mas nao tern 0 conhecimento.

Gra<;as a Deus eu sei quem sou e pra onde vou. Achoque eu vou e na frente, esperar por voces mais adiante.

Ell! Agora aqui esta cheio desses motores d'agua. Es-tao e aviciando a gente nisso e daqui a pouco ninguembota mais lata na cabe<;a. Nao querem mais nem carre-gar urn baide d'agua! Eu, que nao sou viciado, to caindofora! 'Vou esperar 0 Alex chegar pra tomar conta disso, deOgum. la ta com uma historia de cinco anos ainda la!Mas, 0 negocio, quem vai agraduando e os acochos, ne?Vai ficar af bem uns dois ou tres pra ajudar, viu? Trabalharpra construir uma cidade do Daime.

A Virgem Soberana ta af pra ser revelada atraves desuas plantas, seus sacramentos vivos. Agora, 0 cara fechaos olhos e so quer 0 que esta na sua propria carne! Terndois caminhos pra escolher, urn Iimpo e urn sujo. Se quer

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o de ca, tudo bern, se quer 0 outro, tudo bern, vai pra la!Quem e que deixa de ser urn homem, para ser urn bagu-lho? Quem quer ser uma mulher que vive por ai, a toque ...La tern valor de nada! Nao! Assim na Terra como no Ceu!Quem quiser ver, e s6 subir! Assim na Terra como no Ceu!Se aqui e a porquera, la e 0 mesmo jeito! Nao tern praonde ir mesmo. Nao tern saida nem entrada.

o Mestre dizia que era preciso tomar de conta e darconta. Foi assim que ele fez. E assim eu quero fazer. Comoesta Doutrina foi passada para minha mao, eu quero levarela pra frente. Nem que seja por cima de pau e de pedra.Mas tern que ser esta Doutrina. E ela mesma! Todo mun-do nao ta falando hoje da floresta, se preocupando comela? Pois e, esta Doutrina ta e dentro dela, pois dela queveio pra n6s.

Aonde ta 0 homem? Voces sabem me dizer aonde ta ahomem? Tern dias que a gente procura e nao ve ele nabase. A gente p6e 0 olho e nao ve, e s6 materia. Ele tapreso por ai em algum lugar!

o homem e uma presen<;a, e a presen<;a do Cristo, naae mesmo? Basta uma presen<;a! Onde e que esta, estapresen<;a? Onde e? Nao e em n6s? 0 Cristo esta em n6s,por dentro! Dentro do Cfrculo Infinito da Divina Presem;;a.Oh! Ele nao ta s6 aqui. 0 homem e a presen<;a de Deus,em todo 0 lugar do mundo, em todo 0 homem, material!Porque este homem, ou melhor, 0 super-homem, nin-guem ve. Cade? Precisa olhos espirituais pra ver 0 quededaro aqui... Em pouco tempo, 0 Daime tambem mos-tra. 0 cara ta venda a vida dele toda, 0 universa, tudo no

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ceu interior, meu amigo! Olha dentro de ti que tei 0 ceuestrelado que e 0 ceu do meu Espirito! Aqui estei 0 meu, 0teu, aqui estei 0 dele, tei 0 da humanidade inteira! Desdecrian<;a, a gente tei envolvido em nao sei quantas capas.Se e so areia, em areia vai terminar. E isso ai, meu filho.

Se 0 homem nao procura ser perfeito em si mesmonao encontra Deus em canto nenhum. Quem chega aquicom aquela arrogfmcia, querendo violencia ... 0 que e quenos vamos fazer? Vamos pegar nas armas tambem? Nao,temos que explicar com calma: meu amigo, isso aqui eassim. Preste aten<;ao a coisa bem direitinho. Nao podechegar, assim, no meio de uma capacidade! E meter abronca e coisa e tal. Quer ter uma prova espiritual? Tomaaqui urn pouquinho de Daime conosco e, quando sairdaqui, tu nao vai ter mais nada contra nos! Jeivai querer eestar pra cei. Porque onde e que tei Deus e em nos mes-mo. Se nao apresentarmos que somos, estamos negandoe nao vamos ganhar nada na vida! Porque agora, ou e oudeixa de ser! Quem e demonio e quem e filho de Deus,cada qual procure 0 seu rumo e 0 lado que the pertence.Essa e a questao que temos de resolver. Com muita man-sidao'e perfei<;ao ... Porque, se 0 homem nao procurar serperfeito nele mesmo, ele nao acha Deus em canto ne-nhum. Porque se tern e prova, Ele nao deixa nos. Princi-palmente aquele que quando andou nesse mundo, cha-mava-se 0 Espirito Cristo. Jesus era a materia. Hoje e 0mesmo Cristo! Camarada que for pensar que estei lutan-do com coisas diferentes, tei Iouco, nao estei prestandoaten<;ao a nada! Porque estamos lutando com 0 proprioCristo. E e uma Doutrina vinda da floresta! Ninguem vaiconhecer ela leiem Brasilia, porque e uma Doutrina vindada floresta: "Eu venho da {foresta/Com meu cantar deamor", e leivaL. Quem e que nao tern prazer nisso.

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Promessas para 0 aDO 2.000

Lembran<;as para todos e urn abra<;o acochado, que emelhor do que eu levar uma carta para voce ler. Uma lem-bran<;a, de cora<;ao, vale bem mais pro povo. Eu acreditonisso. E podem me ca<;ar la na hora de Sao loao, porquequem tiver vista, vai me ver por la.

Como diz 0 hino: "Eu vou dizer uma coisa para osmeus irmaos ouvir/E pensar em Deus do Ceu ate na horade dormir/Deus em minha cabe~a, Deus esta dentro demim/Deus em minhas costas e Deus na frente/E 0 meucaminho ..." Basta isso! Seguindo isso, pode deixar seguir,o resto caminha por si mesmo, ne? Tern aquele outro hinotambem, que pede para que nao saia da minha mente!Nao e assim? t~ meu Pai pe~o firmeza/E nao saia da mi-nha mente ..." Oh! Mas assim e born! 0 camarada ta, masnao sai mesmo! E aIi! Se eu nao sou, voces tambem naoSaG nada! Se voces SaG alguma coisa, eu tambem sou.Seja la 0 que for! S6 tenho a dizer isto. Quem quiser umavida mais perto de Deus, tome Daime! Seja padre, sejajudeu, seja quem for! Tal! Pode dizer e isto, e aquilo eaquilo outro! Olha la dentro da Escritura Sagrada, 0 quefoi que fizeram com 0 Cristo! E agora e 0 mesmo Cristo!Cada urn que venha ver ele bem de pertinho, em si mes-mo. Entao e esta a mensagem do Daime que vai para la, es6 essa! Quem queira, ta oferecendo. Tamos em 85, fie?Ai, ta pra quem queira! S6tem uns 15 anos, meu fiIho, pran6s resolver isso.

Eu tenho uma esperan<;a, e isso e uma esperan<;a viva!Nao e coisa morta, nao! E viva! Que uma horinha, quandoa gente nem pensar, entao avista. Tudo junto! Vamos prafrente, ne? E urn dia eu quero ver todos os fiIhos do Ho-mefu bem pertinho ... Tudo junto.

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Porque 0 Mestre disse: que todo aquele que se agarrarcom os raminhos verdes, esses SaD os veilidos. Vamoshomar esta capacidade de seu Eu Superior, que e Deusem n6s e tudo bem! Entao a gente vai tomando Daime eo Daime vai nos levando, nos levando, ate ele dizer: "Aquieo teu lugar." Ele ainda te pergunta: "Sois quem?" au ain-da: "Tu sabe com quantos companheiros tu conta no teuplaneta?" Eu sei, e Ele sabe, e essa sabedoria vem dele, eurn poder e uma capacidade que vem deste cip6 dasmatas. "Eu venho da floresta com 0 meu cantar de amor!"E isso! A maior coisa que sinto no meu cora<;ao, e viveraqui no meio dessas matas esperando aquilo queRaimundo Irineu Serra disse pra mim, que seria no Ama-zonas e nao no Acre. Preparar este lugar, santificar urnpovo para que Deus possa habitar nele! Entao, para queeu ir para outro canto, pra cidade?

Vamos cantando, que estei tudo ai... Rapaz, nao tern ahist6ria de uma cidade, de urn continente inteiro que sub-mergiu? Entao, pode ser que ela agora levante-se juntocom os incas! Se isso acontecesse, af a gente acreditava,ne? N6s temos que andar do jeito que os incas andaram,reparar se n6s somos uma parte deles ou nao, e se ternalguma outra coisa pelo meio. Porque tudo que era dosincas, e 0 que estei na nossa mao, a mesma coisa, naovejo ~ada diferente. Isso jeivem de longe.

as hinos ensinam e coisa boa! Leva as porquera pralonge e ensina a gente a ser urn povo! Urn povo humildee ameivel! Como tei come<;ando a ser, nao tei?E urn prumlado, outro pro outro, todos ficando meio de cabe<;a bai-xa, porque nao tern verdade em nada! Mas a gente vaiaos poucos, saindo dessa ilusao. Essa tal de politica en-tao, e cheia dos truques! E doido aquele que quer entrarem political Todos querem ser grandes. Vao aproveitandoa grandeza de voces, porque vai chegar urn tempo que agrandeza vai se acabar! Acabou-se! Essa fe eu tenho queo que e de Deus e de Deus! S6 Ele e grande e 0 resto e pra

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ficar tudo igual como na floresta: ela e toda igual, desdeos paus pequenininhos ate 0 maior que tern! Cai urn, que-bra os outros, nao tern nenhum que de urn gemido! Tudocontente! A gente precisa reparar bem como 0 mundo etao bem feito! E a gente tao abestado! Eu acho que n6s,eu nao sei... Eu ja to urn pouco velho, posso querer memudar daqui pra la antes desses dias ... pra nesse dia eu jaestar tambem no meio. Mas vai chegar urn tempo que 0

povo vai viver por eles mesmos. Viver por outras coisas.Nao mais com esse "ba ba ba" ai de fora. Nao gosto nemde ouvir conversa la de fora, pra ca, porque e sempre feia!Eu tenho fe que essa Doutrina da Virgem Soberana Maevai levantar! Nao e possivel! "Se correr apanha, se Ficarapanha, se correr vai sotrer mais ..." Ta bem! Meu Deus,eu you e ficar logo quieto!

As coisas velhas vao se acabando ... Vai renovando 0

novo e morrendo 0 velho. 0 que e que precisa ir: orgu-Iho, ciume, inveja, grandeza de querer ser, e nao deixaros outros serem nada. 0 que Deus quer e isso, que todossejam iguais, porque ja estao incomodand() Ele, com tan-ta pretensao.

'Quem s6 vive da escrita, nao vai aguentar a marreta!Vamos tratar de se preparar. Por isso you tocando a minhamissao, aquilo que me entregaram. Onde ta a semente,tern que nascer, nao e? Mas se nao for pelo vento, naonasce! Se nao tiver 0 mensageiro, especialista, pra aplicara coisa, pra esse conhecimento brotar, nao sai nada! Porexemplo: pra ficar s6 ali como alguns la do Alto Santo, 0que e que deu, ate agora? Nadal Na epoca do sufoco es-conderam ate 0 Daime. Tinha uns horn ens cheios demedo, medo de ser morto, me do disso, medo daquilo!Entao nao nascessel Aqui e pra ter coragem. Se e pramorrer, morre! Vai tomar outro corpo, mas nao mata 0

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espirito, que e pior! Muitos membros vem ate nos bus can-do a si proprios, mesmo que digam que que rem estudaro Daime, na verdade nao estao me procurando nem pro-curando ninguem. Cada urn que vem aqui esta procuran-do a si mesmo! Se nao se acha, e porque nao quer! E por-que 0 apelo do mundo e muito forte e 0 eu dele aindaesta encolhido.

Enquanto a materia nao tern 0 conhecimento daquiloque realmente esta nela a vida toda, nao renasce e vai seacabar bem apurada. 0 born e quem sente logo 0 seu Eu,se aproxima dele, muda logo de situac;ao e procura logoser urn homem limpo, tanto em carne como em espirito.Como a propria roupa de apresentar-se. Esse ai ta maisproximo de ter 0 conhecimento, do que aquele que che-ga tao enrolado com uma coisa, que 0 eu ainda ta no ven-tre da propria imagem, ne? Bate, bate, bate, bate e naonasce! Belisca, mas nao sai da cas ca. Entao, quando vaipra debaixo do chao, e urn aborto. Mas aquela pessoa quebusca ela mesma, dentro de si, busca logo 0 ceu estrela-do, como eu ... 0 ceu do meu espirito que esta cheio deestrelas! Cheio de luz! Tern uma capacidade imensa! Amateria nao e de nada, apenas e urn membro pra rece-ber e dar pros outros. Pra soltar 0 conhecimento para osoutros que querem escutar e tambem bus car. Porque sebusoa, e com luta. Nos ja tern os este bocao! Logo mais, lase vem ... Eu nao digo a voces mais coisas, porque eu que-ro e que voces venham me dizer! Nao e para eu aprenderde voces nao. E para voces dizerem e eu poder dizer:"voce ta comigo!" Mas, se so me traz besteira, voce nao tacomigo ainda nao! Nao ta nao. Eu nem quero the escutar.Escutar besteira? Nao! Conte a verdade. Me diga os pon-tos cardeais, que eu te digo, tal Ta comigo! E ai mesmoque nos podemos habitar. Mas muita besteira, disso e da-quiIo ... Tomar Daime pra dizer que recebeu do astral quetern de casar ... nao! Deixa pra la! A coisa e serial 0 ho-

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mem carnal tern que ter sinceridade e verdade no seu eu.Ou no seu ego, ne?

Recomenda~6es aos que iniciam a jomada

o Daime, do jeito que ele ta saindo pra voces la (nosuI), tando tudo correto, nao carece de muita coisa! Ele epra aqueles que estao mais ou menos, porque esses saoos que precisam. Porque la, por onde voces estao, as pes-soas que vem chegando sao as que estao mais necessita-das da Vida Eterna, ne? No come<;o 0 trabalho sempre emuita luta! Luta pra tirar aquela estopa das costas dele eele nao botar mais nada nela. 0 cara chega com a estopacheia de porcaria. 0 que 0 Daime faz primeiro e dizer praele: "Arreia isso ai, joga fora". Leva pra outro canto, meuirmao, e bota fora. Mas nao deixa pra ninguem. Se tu sairdaqui, pega eleva! 0 saco vazio. Mas e born que tu deixemesmo. Mas nao leve mais 0 que tava dentro nas tuascostas!"

Voces caprichem, caprichem pra ser homem! Mas ho-mem, mesmo! Nao e s6 homem aqui no meio, e na fren-te e atras s6 porqueira ... 0 homem tern que deixar urnrastro perfeito. Enos dias dos seruk;os voces vao ver. Naose assustem com nada. E preciso coragem, coragem mes-mol Porque ali vai aparecer coisa que voces nem espe-ram ... Quando der fe, tao vendo. Mas na perfei<;ao ta tudoseguro, como eu falei, sabem? E de la, pra la! Pra vocesde la mesmo. Porque daqui ja vai, ne? Vamos abrindo es-trada que come<;ou do Ocidente e vai no rumo do Orien-te. Vai no rumo de la pra quem for recebendo e pratican-do a coisa! Senao na hora da chegada Dele, 0 outro nemsabe pra onde vail Quem e que quer ficar rolando pelochao, no meio dos outros? Nao e feio? E ate bonito. Mas 0

sujeito na hora e quem tern vergonha de estar passandoaquilo! Mas nao e nada demais! Eu passei por isso! E meindicaram assim, que nao se incomodasse com 0 que

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houvesse, que nao era pra ter nada com boca de nin-guem! Eu entrei naquilo foi para aprender! Que de outrojeito, eu nao podia adquirir! Tinha que ser daquele jeito!Quando safa da minha Iic;ao era dando grac;a! Eu, safaprendido! E os que ficaram achando grac;a, olhando pramim porque me viram aprendendo, com certeza naoaprenderam nada!

Nosso trabalho e assim: urn irmao que ta passando laa aprendizagem dele, os outros e pra estar e segurando,ajudando cada vez mais! E aprender neles, pra fazer me-Iter pra nos todos! Se esse entrou pra ir bus car, entao osoutros tao aqui, segurando a passagem dele. Se ele acal-mar, tiver uma consciencia, bem reta, 0 atrapalho vai-seembora de repente, e ele recebe a coisa. Mas se nao terncabec;a boa, nao consegue! Termina e pegando os troc;osvelhos dos outros e nao aprende nada! Ate 0 dia que 0Daime mostrar a ele. A gente da toda a confianc;a aosmembros que entram, e por isso. Porque e muito pesado.E 0 homem ainda diz que isso e leve e suave! Agora, sevoce entra numa dessa, voce acha maneiro? Acha nada!o que passamos nao achamos maneiro nao! E pesado! Eo outro diz, mas que nada, e leve e suave! Se eu tinhauma estopa cheia em cima de mim, de tudo enquantonao era born, tinha que escavar, bater com 0 terc;ado, pralargal' a caraca velha, para poder briIhar... Ta brilhando?Ta, agora ta born! la teve uns que viram na mirac;ao tira-rem a carne dele todinha, separarem dos ossos e lavaremnum tan que d'agua, enquanto urn areava e outro olhava.Se perder essa chance, nos vai pra urn poc;o desses.

Tudo e ordem, e Lei! Nao e so essa daqui da Terra, quea gente ainda respeita, mesmo com raiva, mas respeita,ne? Mas e tambem essa outra, do astral. Essa e que e boa!Se 0 cara vacilar pega os dois ladrao. 0 medo e urn la-drao, a dlivida e 0 outro. Se teimar, faz como eu, senta no

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sal. Senta! Porque tu teimou! Mas ate que a gente apren~de.

Aos poucos, a ilusao vai enfraquecendo. Quanto maisnos temos fe em nos mesmos, e que Deus se aproximade nos! Mais perto Ele fica! Porque se nos tivermos fe emnos mesmos, estamos tendo fe no Espirito da Verdade,na For<;aSuperior! E se nos nao temos, vivemos na duvi-da e no medo, estamos em dois caminhos, no meio dosdois lados: do medo e da duvida. Nao podemos ter aindao conhecimento. Mas tamos trabalhando pra ver se ven-

'7cemos, ne.Nao ve como regula uma balan<;a? Nao ta fieI! Bota

mais urn pouquinho! Opal Bota af! Ve se ta fiel! Nao! Ain-da nao deu! Poe urn pouquinho daquela ali pra aquelaoutra ... Ai!Ah! Agora ta fiel! Nao tern coragem, menino? Anos sa Doutrina manda isso. Dar valor a todas as coisas! Eprincipalmente, cada urn a si proprio. Dar valor a si mes-mo. Pra poder dar valor a todas as coisas! Se nao tiver va-lor, nao der valor a si mesmo, como e que da valor aosoutros? Nao pode!

Coragem Espiritual

Nao sou homem para gelar em negocio de qualquerlinna. Se for pra entrar, eu entro mesmo. Se e pra des co-brir os misterios do mundo, eu to aqui pra isso! E eu seique ainda tern duas Iinhas na minha frente, pra eu desen-rolar! Porque ja vi e estou esperandoL .. Eu quero dizer avoces que muita coisa ainda vai aparecer. E a primeira vaidar sinal la na espiritualidade! Voces precisam ter certe-za, pra vencer quando a coisa chegar! Senao ...

Assanhou-se essas duas correntes: a espiritual e a ma-terial. Esta tudo assanhado. Mas la fora, e guerra de todolado. Vai haver luta! A Iinha material, coitada, comparadaa espiritual nao da nada! Basta uma trovoada de Deus ai,pra balan<;ar tudo! Ai, meu Deus! So uma! Que todo mun-

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do so faIta e morrer com medo. Eu, da natureza, nfm du-vido nada! Porque a natureza, se quiser acabar com nos,acaba com tudo! De repente, ela forma 0 estrondo e aca-ba com tudo, nao deixa nada! Ate uma praga de mutuca,de carapana, bota nos pra correr.

Nao adianta dizer eu quero isso, eu quero aquilo, queno fim tern que deixar tudo e ir embora ... Uns nao se con-formam, brigam e saem com as maos abanando ... Besta!Brigou tanto e acabou deixando? 0 que e isso? Eo igual aalguem apegado com uma caixa. Uma caixa velha queele nao da pra ninguem! Pode ate jogar fora, mas nao da!Tudo e dele! Quando morre vai embora e nao leva nada,nem a caixa! Nessa vida e a mesma coisa. 0 cara batalhapra levar 0 que nao pode e descuida de acumular 0 ver-dadeiro tesouro. Tern uma classe de espfrito que trabalhapra fazer 0 outro entrar em harmonia. Obriga ele! Eo 0 quechamam de Tranca-Rua. Quando ele passa urn sermao, eforte, testa 0 cara pra ver se ele se entrega a Deus ou nao.

Nao e mais aquele tempo da agua, que foil Foram mui-tos os espfritos que nao se renderam e voItaram a Terrade novo, e continuam por ai que nem uns bandidos, ten-do que pagar tudo enquanto estao fazendo, e 0 que fize-ram!

Essa fe eu tenho naquele homem que esta em pe, pre-sente em todo mundo! Se nao verem, e porque nao que-rem. Mas que ele esta presente, esta. Foi quem me entre-gou estas duas ervas, para trabalhar a favor da humanida-de e eu nao posso nega-Io. Querem me tirar 0 pescoc;ooutra vez? Tirem! Mas eu faIo a minha verdade, de meuconhecimento espiritual! Eo que estou fazendo aqui e urn

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bem para a humanidade pobre, coitada, que mlo tern doque viver! Eo isso que eu estou fazendo. Quem quiser, podeser desde 0 maior, 0 Presidente da Republica, ate urn po-bre coitado doente, pode vir aqui que eu recebo os doisdo mesmo jeito. Melhor que isso eu nao posso fazer, queeu sou pobre tambem, mas que eu recebi 0 meu domespirituaI, nao nego para ninguem! Pra esse banda de en-jeitados que tern onde se valer, essas plantas trazem sau-de e conforto.

As pobres das maes ficam todas agoniadas, porque vea encrenca, ne? De Daime, e de outras plantas sagradas.Eu conheci muitas: cogumelo, Sao Pedro, Santa Maria.Todas saD linhas muito serias, tern seus usos espirituais. ASanta Maria e a mais conhecida. Lit fora chamam de ma-conha. Mas e por causa dos homens que nao se respei-tam. Nem respeitam a for<;;adas ervas, nem respeita-se asi mesmo. S6 botam ela no bieo para uso de dinheiro, depeia, de confusao e 0 Diabo a quatro! Mas nao e para isso!o uso dela e pra urn conhecimento, para abrir 0 lado es-pirituaI. Foi do espiritual que eu recebi. Por isso eu estu-dei. Foi porque me entregaram; 0 Daime, as outras plan-tas.sagradas, a pr6pria floresta.

Assim e com todos n6s, a gente corre para chegar equando chega la fica que nem cachorro quando correcom medo de on<;;a.la viu como e? Ele bota pra latir: ''Au,au, au, au", mas a on<;;aja foi embora. Mas quando elaquer arrodeia, e se 0 cachorro bobear ela come ele. Comos tomadores de cha, mascadores de folha e fumadoresde maconha, com esses que nao estudam nem consa-

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gram as linhas espirituais dessas plantas, e a mesma coi-sa. Todos sao medrosos e nunca tiram a carda do pes co-c,;o.Urn bando, tanto de homem como de mulher, que s6conta coisas it toa e vive sentindo medo? au seja, 0<10 pra-ticam nada que preste, vivem no mesmo rolo, nas mes-mas agonias, diretamente como se fosse urn malfazejo.Mas eu nao fui malfazejo, nao sou urn malfazejo nem en-sino nada errado. E embora me custe a morte, nao tenhoproblema de escapar. Nao tenho medo. Se e para morrermata logo, como urn bode. au entao dependura, tira 0

couro, que nem urn carneiro. Eu somente falo a verdade,com toda a minha sinceridade.

Entao e par isso que a nossa Doutrina deveria ir parafrente. E porque ela foi uma coisa levantada no Acre, nas-ceu aqui dentro do Brasil. Nao e como as outras doutri-nas, falsas e mentirosas que entram, comedeiras do di-nheiro dos outros, acabando com a pobre humanidade edeixando os pobres tudo na miseria! E isso que eu tenhoa dizer. Que a nossa Doutrina veio diretamente do Ceupara a Terra, e estei na Terra. Que essa Doutrina leva 0 ho-mem ao conhecimento da verdade divina dele, que naoe nem dos outros, e dele mesmo! Quem quer, quer, quemnao quer fica par querer.

lei teve 0 caso de urn delegado que fazia todo tipo dedesgrac,;a e acusac,;ao, que mandavam ele fazer. Ai ele deu,uma fugida, foi leiem casa, tomou urn Daime e viu comoera a hist6ria e 0 que era preciso fazer... Olha, esse ho-mem ficou tao amigo, tao humilde que acabaram botan-do ele para fora. Caboclo sabido aquele. Para mim ele tor-nou-se urn amigo, parque eu nao tenho nenhum inimigo.

Deixa quem quiser se meter, nao tenho nada aver. S6quero estar humildemente com todo mundo. Nao queronunca pegar em arma. Deus me defenda, eu nao estoumatando nem paca pra eu comer, avalie eu matando cris-tao! Se eu fizesse isso, morria na mesma hora de arre-

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pendimento, ou enlouquecia. Matar urn semelhante deDeus, uma presen<;a? Nao, nao posso. Tambem nao que-ro que ninguem me mate, mas se for para morrer, naotenho nada a ver com isso. Nao tern jeito. Mas nao you emorrer por desgra<;a pela mao de ninguem, pois eu tenhoque deixar a materia sabendo que you deixar. Quero ser-vir ao Espirito ate quando ele quiser, quando ele nao qui-ser mais, deixa. Vai embora bus car outro aparelho novo ...Quem inventa de aprender, aprende, quem inventar denao aprender, nao aprende nao.

Pois e, 0 neg6cio e esse. Com() voce ta nessa for<;a, eque eu digo: se ja entraram, vamos ver se n6s firma. Vocestodos la do suI sabem ler, eu nao sei. S6 fico aqui naque-la, quando ando na mata e vejo pau desse tamanho, pe<;oa ele para dar uma forcinha, porque ele e mais alto doque eu, esta mais perto de Deus. E por ai.

Vem urn monte de gente sabida trazida pela erva. Umarede nao pega peixe born e peixe ruim? Pois e, junto comos bons tambem pega mentiroso, safado, bonitao que naoda conta de coisa alguma ... A Lei e reta. Bern reta. Vocesviram 0 que eu passei, nao viram? Viram! Entao, compa-dr€, se viu, ta sabendo que nao estou enganando nin-guem.

Porque, a Santa Maria; esta erva, a Santa Maria ela etao perigosa como uma mulher que tern 0 marido, e tapor tras, com falsidade, nao e? Mesmo assim, e ela. E pre-ciso voce saber com quem ta vivendo! Quem e 0 amigo equem nao e. Voce nao tern nada com ninguem que andaatras dela sem motivo. 0 uso e seu. Seu e 0 da tua mu-Iher.

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Estou dizendo que eu llClosou s6 materia! Eu andoesse mundo todo, olhando! Nao fico entrando no quartodos outros sem precisao nenhuma. Mas onde tinha queentrar pra aprender, eu entrava. Senao, eu hoje nao sabiao que sei! Sofri e ainda estou sofrendo. De ver a miseria,que ainda vem? Mas e porque nao sabem dar louvor aquem merece! Querem e matar, para ficar s6 os bichos?Os bichos nao ficam! Ou entao deixa acabar tudo. Naotern alho nem cebola.

Eu vim pro meio da floresta porque 0 Homem Perfeitoque esta perante a todo mundo mandou eu sair da CincoMil e ir para 0 Rio do Ouro, mas que la eu s6 tirava doisanos. E depois tinha que sair pra outro lugar. Nao foi nempelo meu gosto. Eles mesmo foram la dizer que as terrastinham dona e me deixaram sem nada, ate hoje nuncame deram urn tostao. E assim! E eu nao estou cobrando aninguem! Estou vivendo por minha conta. Perdi meu tra-balho de dois anos, perdi meu seringal, que foi aberto pormim. Nao me deram nem satisfac;ao. A maior luta, e 0 quequerem me dar de premio? Cadeia? Por que trato essespobres coitados com 0 que eu tenho, que sao essas plan-tas? Mas primeiro tern que despejar urn batelao cheio dedouto;r para tratar desses pobres coitados, desses beira-de-rio que estao escapando aqui dentro e vem recebercura aqui, com as ervas que Deus fez nascer!

Quem quiser ver, venha, qualquer urn pode chegar.Mas venha com vontade de se ver tambem. Na presenc;adivina e que eu quero ver 0 carat E melhor tu deixar deprosa e ir jogar os teus Exus la fora, bandido! Taf a janela!

, Cada qual jogue suas imundfcies fora, e nao fac;am comoos caes, que comem e voItam para comer 0 mesmo vo-mito! Essas sao as instruc;6es que Deus me deu e eu es-tou aqui com ele! Querem me tirar 0 pescoc;o, outra vez?Eu estou aqui para quem quiser saber se eu vivo do direi-

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to dos meus trabalhos. Prefiro nao ir la no meio daquelepovo que s6 conhece cacha~a, born uisque, boas cerve-jas e boas mulheres para passear! lsso para mim morreufaz muitos anos!

Aqui, n6s usamos essas plantas sagradas dentro dosnossos trabalhos, pra espantar 0 espirito mau, para darcalma, tirar a doidice do cara, para ele voItar a ser ele no-vamente! E pra isso que se usa isso aqui. Nao e mesmopra gente ficar andando com ela na boca, vagabun-deando.

Por mim, ela vinha presa desde que me entregaram.S6 para os trabalhos. Eu respeito a lei e 0 que as autorida-des me pediram. Mas tern outros que vivem de tomar 0

dinheiro dos pobres dos seringueiros, dos pobres rocei-ros, daqueles que se alimentam com essas plantas, parafazer melhor os seus servi~os! Ai ja nao acho direito. Se 0camarada trabalha, da conta, sabe extrair daquilo for~a econforto para ir vivendo! Enquanto nas cidades todo mun-do fuma escondido: e doutor, e filho de ministro, e todomundo!

No tempo que a gente usava, a policia sabia, nao me-xia com a gente porque ela nos respeitava e sabia que acoisa era serial Teve urn deles que ate me aconselhou queanotasse as curas todas para quando fosse a hora, apre-sentar: "Esta aqui, os que foram curados com a erva San-ta Maria." Agora, la fora, 0 que fosse pegado la fora, mes-mo sendo daqui, tinha ordem que podia meter na cadeia,porque nao era daqui. Se ele dissesse que era daqui, eraurn mentiroso!

Educa~ao pelas plantas sagradas

o mundo esta acabando todo dia. Isso de dizer que vaiacabar 0 sol, a lua, as estrelas, nao e verdade. E 0 pr6priocorpo do homem que esta acabando como todas as coi-

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sas que habitam na Terra. Por isso 0 mundo esta acaban-do e nascendo todo dia.

Agora e tarde para mudar. E tarde e mio e tarde, se 0

povo todo se unir. Existem muitos homens que fumammaconha como taxieo e que esUio largados no mundo,usando tudo quanta e tipo de taxieo. Nao e assim. Usemmas nao abusem. 0 negacio de usar e muito serio. SantaMaria ou outra planta sagrada na cabe<;a do povo que usaserio, e muito born. Quem ve, acredita muito mais rapi-do.

Conversando com 0 Mestre eu perguntei qual era amaior mira<;ao. E ele confirmou que e aquela mira<;aoquando ele entrava no Trono do Eu Sou. A coisa mais diff-cil de ver e a Virgem Soberana Mae. Porque cheio de sexona cabe<;a, ela nao aparece. Ninguem entra nela, se 0 ca-bra materialmente esta eheio de sexo. Por isso e precisodieta para tomar 0 Daime.

Tenho eneontrado muita barreira na Doutrina, mastambem eneontrei a limpeza. Uma eoisa se eria primeirola no Astral para depois apareeer aqui. Se a gente ve la ...tern que apareeer aqui, confirmando ou eontrariando nos-sos d~sejos.

Os espiritos tao no nosso meio, andando pra la e praca, eonversando, escutando 0 que se esta dizendo. Por-que eles nao SaDloucos! Loueo e a materia! Que pra gra-var as eoisas, custa tanto que sa! Pois e, meu amigo, eunao aprendi fazer urn "0" com urn eanudo. Pra ter urn"0" bem redondinho! Com eanudo ja e mais faeH, ne? Pramim e luta. Mas fazer eanoa de uma arvore, eu sei. Ja urn

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sabidao em letra, ele nao sabel Ja eu pego urn pau, fa<;ourn casco, entro dentro dele e vou-me embora pro outrolado do rio e 0 cara ... se souber nadar, vai. Se nao sabe ...nao vaL. Fica do lado de ca! Que nem a hist6ria do BudaIDizem que 0 Buda chegou e perguntou ao cara que tavala, na beira de urn rio: "Fulano, tu ja aprendeu, ja tern 0

conhecimento?" 0 outro respondeu: "Ja conhe<;o urn bo-cado." Ele disse: "Entao 0 que e que tern do outro lado?"E 0 outro: ''Ah! Nao sei. Nunca andei la." Entao 0 Budafalou: "Entao voce nao sabe de coisa nenhuma! Tava naosei quantos anos na beira de urn rio e nunca procurouconhecer 0 outro lado?" Pois e, meu compadre! As coisassao assim mesmo! A gente e que pensa que e muito sabi-do! "Mas 0 saber Deus e quem dcil" Quando cada urn sou-ber que materialmente ninguem nao e de nada, af e quevai dar valor a si pr6prio, nao e? Que a materia e s6 essacom ignorancia, coitada. Ela nao e de nada mesmo.

Essa for<;a espiritual e do Espfrito Santo e quem memanda e a Virgem Soberana Mae, que deu e entregoupara 0 Mestre Irineu, que recebeu. Tenho certeza absolu-ta que eu tambem tenho a Virgem Soberana comigo. 0ju'go e leve e a vida e essa mesmo.

Todo dia se crucifica Jesus e todo dia Ele e tirado dacruz. Quando urn tira, 0 butro bota. Tanta guerra, eu nemsei dizer nada por hora. 0 que nosso Jesus Cristo Salva-dor quer e que 0 povo se lembre 0 que Ele disse sobre aTerra. 0 que ele quer que cada urn de n6s busque. E 0

que Ele disse? Que hd muitas moradas na Casa do meuPai, e que toi preparci-las para nos. Mas para isso, 0 ho-mem deve trabalhar pra dizer Eu Sou. Declarar seu Eu In-terno, ser ao mesmo tempo consciente dele na Terra e noAstral.

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S6 existe Deus sobre todas as coisas. Pra bus car isto,botei 0 pe na estrada e tratei de cumprir os Dez Manda-mentos. Gra<;as eu dou. E saber andar e praticar os ensi-nos. Saber onde esta 0 mal e onde esta 0 bem. Saber uniro inferior com 0 superior, que eu m10 tenho nada avercom a hist6ria de ninguem. Nao e born ter 0 Satanascomo urn grande intrigado. Melhor e terminar urn reino atoa, e fazer urn s6 reino. Dos dois reinos, n6s tira urn quee positivo. Podemos nos unir sem essa guerra. Deus fezmuitas mulheres com muito pouco homem. E queremostrazer 0 homem para enxergar a luz etema. Com essa luzeu falo, e sem ela eu nao estou mais aqui. E preciso tirarurn mundo positivo.

Entrei numa visao, uma vez, em que eu via umaarvorezinha bonita ... cuida que com urn pouco a semen-te chegou por urn colombiano. Eu usei a primeira vezcomo remedio com a minha filha, que ficou boa de umaasma.

Quando me deu isso, eu nao sabia 0 que era. a ho-mem segue a linha que quer. Se e a do bern, aquilo refor-<;a0 Bern. Se 0 cara ta de besteira na cabe<;a s6 usa aqui-10pra besteira. Ate 0 dia que Deus quiser tirar ele daque-la. Mas vamos cuidar! Como pode 0 individuo ser geradopela Divindade e nao saber entrar na Lei do Bern?

Vamos saber respeitar as leis do Bern, saber respeitaras leis, saber respeitar a si mesmos. Ai estao os hinos fa-lando: "Eu sou filho de Deus/Sempre vivo no meu canto ...Quem disser que tem verdade ... Falar que estd com Deuse muito fdcil de dizer/ Mas cumprir seu mandamento/Af eque eu quero ver? 0 amor sem firmeza? t um fogo semcalor? t um pensamento fraco? t um corpo sem valor".Com pouco tempo eu fui aprendendo e ganhei. Gra<;as aDeus, ou gra<;as ao Homem que me deu. Muito alegre e

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satisfeito estou com a justi<;;a,porque maior ainda e 0 Cris-to do que quem aprendeu.

Urn homem nao trope<;;ana pedra que ve no caminho.A Luz e para a pessoa aprender e ter esta aten<;;ao. Parapoder dizer que eu e tu, tu e ele e urn so. E para nos che-gar mais perto urn do outro e se juntar, para poder dizer:a minha vida e urn foco de luz. Mas aonde esta 0 mal? 0mal e 0 mal, e 0 procedimento rebelde que traz toda essaagonia.

E dificil ser igual. Veja uma mulher dessa cidade, pormaior riqueza e maior beleza que ela tenha, ela nao e di-ferente de uma cabocla. 0 real da pessoa nao e dinheiro.Desde 0 menor ate 0 homem da barba branca, e tudoigual.

E isso que nos sentimos quando usamos as ervas sa-gradas. Se nao, 0 Eu Superior vai perdendo a Luz. E todoaquele que nao chegar a Deus, nao vera 0 reino, nao nas-cera de novo! Vamos bus car a sabedoria, desenvolver asfaculdades divinas, deixar que Deus nos desenvolva, quee por Ele mesmo ...

Aonde esta 0 segredo do homem carnal? No sexto sen-ticl.o.la 0 setimo e muito para 0 homem. Tudo isso saoconceitos para se chegar mais ligeiro. Cad a urn tern seustalentos. Quem receber urn dom, se satisfa<;;acom ele ebote para render. E preciso entender 0 significado das pa-rabolas. Senao, 0 que eu vou apresentar? Nada. Mas se euquiser, tenho competencia para receber outro tanto. Hoje,me acho diferente, tendo muito mais filhos. E terei muitomais! E que diferen<;;a tern a luz de urn para 0 outro? Pranos nao tern essa de que nao tern ninguem na Terra ounoCeu que desate este no ... Eu desato! Qualquer urn de-sata mas e preciso cuidado, e preciso conhecimento.Quando urn homem abandona a mae, vai sentir a neces-

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sidade do amor de uma mulher ... Mas tern aconteeidomuita violeneia familiar hoje em dia. Epreeiso muito cari-nho, muita uniao pra afirmar a Sagrada Familia. 0 Mestrefalou com urn sorriso nos labios. Ele prometeu que davaa quem merecesse. E Ele nao pode falar e nao fazer.

Nao podemos nos misturar com crime. No Acre e noAmazonas tern muito crime. Mas e faeil 0 povo se enten-der. E faeil nos se entender e respeitar uns aos outros comeduca<;ao. Essas plantas sagradas so ajudam a nos con-seguir isso. Com elas aumentando nossa inteligeneia edisposi<;ao de trabalhar, pro nosso bem e da humanidadenunca ha de nos arengar nem entre os vizinhos. So cuidarda obriga<;ao e ter prazer.

Fiquemos alertas, que nos somos operarios das almas.A humanidade toda ainda vai passar por nossas maos.

Sobre essas naves que falam com seres de outros pla-netas, rapaz ... Pode ate ter. Eu sei que no invisivel terntudo que tern aqui. Aqui ja tern porque ja veio criado dela. E 0 cara ja trouxe os dons de fazer e aprovar.

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Glossfuio

Alto Santo - Local onde 0 Mestre Irineu formou a sua co-munidade espiritualista, em Rio Branco(AC), nosanos 30.

Ahyauasca - Vinho das almas. Bebida utilizada em ceri-manias mfsticas pelos Incas para manter contatocom entidades e espfritos desencarnados. 0 mes-mo que Santo Daime.

Akasha (sanscrito) - Conceito que designa 0 elementomais sutH ou eter, onde esUio impressos todos oseventos ocorridos no cosmos desde a cria<;ao e quepodem ser objetos de percep<;ao clarividente.

Aparelho - Veiculo mediunico para a atua<;ao espiritual.o aparelho e a soma do corpo e da mente quandose encontram disponfveis para 0 trabalho de recep-

\ <;ao espfrita.

Armagedon - Como e cha!TIado 0 Apocalipse por algu-mas seitas protestantes.

Arquetipos - Substratos mentais primitivos que as cama-das mais arcaicas da psi que vao depositando naconsciencia humana, como fruto da sua propriaevolu<;ao. Correspondem as grandes matrizes gera-doras da cultura, religiao e moral.

Ashram (sanscrito) - Escola e/ou comunidade espiritualonde os mestres ensinam os seus disdpulos.

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Atua~ao - Manifesta<;ao mediunica. 0 medium recebe eatua em seu proprio aparelho, uma determinadaentidade espirituaI que se manifesta deixando umamensagem ou sendo doutrinada.

Baraka - 0 plano de bem-estar e entendimento espirituaIa ser aIcan<;ado.

Bezerra de Menezes (Jose) - Medico homeopata e par-Iamentar do Imperio(sec.xIX). EIe foi urn dos prin-cipais patronos do espiritismo no Brasil. Era umapessoa muito caridosa. Sebastiao Mota teve con-tactos mediunicos com eIe na epoca em que traba-Ihou com mesa espirita.

Bicho - Expressao propria dos daimistas. Seres espirituaisnegativos que acompanham, as vezes, os neofitosnos trabaIhos com 0 Santo Daime. Estao reIaciona-dos com as tendencias comportamentais dos indi-viduos.

Caboclo - Entidades mais evoIuidas da Iinha de Um-banda, reIacionadas com os espiritos dos indios.

,Ceu do Maphi - Comunidade espirituaI fundada peIo Pa-

drinho Sebastiao no ..estado do Amazonas no come-<;0da decada de 80.

Chacrona - Nome do arbusto psycotria viridis, da familiadas rubiaceas. As foIhas da pIanta misturadas comas hastes maceradas dejagube fazem a bebida San-to Daime ou ahyauasca.

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Chamada - A evoca<;ao de urn ser ou de uma determina-da falange de seres espirituais para trabalharemdentro da sessao espfrita. Pode ser feita mentalmen-te, por algum mantra ou atraves de hinos e cantos.

Cinco Mil - Localidade nos arredores de Rio Branco ondeo Padrinho Sebastiao morou e iniciou a forma<;aodo seupovo.

Circulo Esoterico da Comunhao do Pensamento - Cen-tro espiritualista criado no com~<;o deste seculocom sede em Sao Paulo ao qual durante muito tem-po foram filiados os principais Ifderes da Doutrinado Santo Daime.

Concentraf;ao - Trabalho de medita<;ao e contempla<;aorealizado nos dias 15 e 30 de cada meso Busca-sesob a for<;ado Daime e dentro do mais profundo si-lencio, uma conexao com 0 nosso Eu Superior.

Dharma (sanscrito) - A conduta correta. A<;aoadequadaem rela<;ao ao nosso papel no mundo.

Darshan (sanscrito) - Entrevista ou encontro com urnmestre espiritual que pode conceder a gra<;a ao dis-

'dpulo.

Enteogeno (do grego: entheos: Deus dentro de mim) Urnneologismo recem-criado nos meios cientfficospara designar substancias vegetais que ingeridasproporcionam uma experiencia divina.

Estrela - Casa onde saG realizados os trabalhos de curano Santo Daime.

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Eu Sou - Afirmac;;ao que remonta Ii resposta dada porDeus a Moises. No seculo XVIIIsurgiu urn livro ba-seado em afirmac;;6es do Eu Sou, atribufdo ao Con-de Saint Germain. 0 Padrinho Sebastiao apreciavamuito essa afirmac;;ao, que conhecia atraves de urnlivro de Jarge Adoum intitulado 0 Breviario de UrnMago.

Eu Superior - 0 mesmo que Eu Sou. A parte mais eleva-da (ou divina) da consciencia de si-mesmo.

Exu - Orixa do Camdomble. Ele e 0 mensageiro entre oshomens e os deuses(orixas). Na Umbanda repre-senta uma linha de espfritos pouco evolufdos quetanto podem ajudar quanta atrapalhar.

Fontenele - Interventor (especie de governador) do en-tao territorio do Acre. Era amigo do Mestre Irineu.

Hallaj - Santo sufi do seculo IX que foi torturado e martapor afirmar que ele proprio era a verdade.

Himirio - Coletfmea de hinos que sao recebidos me diu-nicamente por alguns membros do Santo Daime. 0hino e considerado uma mensagem inspirada e re-

• velada, recebida durante a mirac;;ao do Daime. Exis-tern hinos de louvares aos seres celestiais, instru-c;;6es,chamadas deentidades, pedido de conforto,cura, etc. Os hinarios sao cantados nas datas festi-vas do calendario religioso.

Homem Perfeito - 0 novo Adao de que fala a cabala ju-daica. 0 homem pleno pela presenc;;a do Eu Sou, re-nascido para a vida espiritual. 0 arquetipo divino dacriatura humana simbolizado pelo mestre Jesus.

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Iboga (Tabernate Iboga) - Planta enteogena utilizada emrituais espirituais na Africa Central. Existe uma reli-giao denominada Buite, muito conhecida no Gabao.

Imperio Juramidam - Nome dado ao Imperio Astral a queesta ligado 0 povo de Juramidam.

Jagube - Nome dado a liana (cipo) Banisteriopsis Caapi,da familia das melpigdceas, com 0 qual e feito 0

Santo Daime ou ahyauasca.

Juramidam - Nome dado a entidade crlstica que presidea Falange Espiritual do Santo Daime.

Karma (sanscrito) - A a<;ao feita par nos nesta vida e emoutras e 0 seus frutos.

Karma-Yoga (sanscrito) - A pratica de uma a<;ao com ati-tude de aceita<;ao de qualquer fruto que venha.

Logos - Expressao de urn nivel de energia e conscienciapura, plasmadora do universo e da vida. Emana<;aoDivina associada ao aspecto cristico, 0 Filho daTrindade Crista.

Macumba - Designa<;ao pejarativa dada popularmente atodas as linhas espiritualistas afro-brasileiras. Se cos-tuma dar este nome aos trabalhos de magia negra,principalmente na linha da quimbanda.

Mahatma (sanscrito) - Literalmente Grande Ser. Urn titulorespeitoso e de importfmcia atribuido a mestres es-pirituais.

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Mediunidade - Dom espiritual que apesar de conhecidodes de a antiguidade, comec;ou a ser codificado noseculo XIX,na Franc;a, por Alan Kardec, pai da Dou-trina Espirita. A mediunidade e a capacidade de ca-nalizac;ao e comunicac;ao com os espiritos desen-carnados, que se manifesta de muitas maneiras.

Mira~ao - Estado de extase visionario proparcionado pelabebida sacramental do Daime. Urn estado de cons-ciencia da mesma natureza que 0 samadhi.

Operadores - Classe de espiritos aparelhados durante aspassagens espirituais do Santo Daime. Ainda emvida fisica, 0 espirito passa par diversas provas deconhecimento que melhor 0 capacitam para 0 diada separac;ao entre a materia e 0 espirito (de-sencarne).

Peia - Processo purgativo e mimetico que as vezes ocorrecom 0 usa da bebida sacramental do Daime. Econsiderado uma limpeza ao nivel fisico e uma dis-ciplina necessaria para desbloquear resistencias ecristalizac;6es ao nivel interior.

Peiote (Lophophora williamsii) - Cacto ente6geno conhe-• cido pelos povos pre-colombianos e considerado

sagrado pel os indios americanos. Desde 0 iniciodeste seculo existe a Igreja Nativa Americana quecomunga 0 peiote em seus rituais.

Pomba-Gira - Entidade feminina ligada a dimensao ma-terial e sensual.

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Professor Antonio Jorge - Espfrito guia do Padrinho Se-bastiflO antes dele come<;;ar a trabalhar com 0Daime.

Rishis (sanscrito) - Sabios que, segundo a tradi<;;aovedica, receberao inicia<;;ao do proprio SenhorIsvara(o Criador que esta em todas as coisas)

Rio do Ouro - Nome do seringal para 0 qual 0 PadrinhoSebastiao se mudou em 1980 e onde permaneceucom seu povo ate a mudan<;;a para 0 Ceu do Mapia.

Sadhana (sanscrito) - Pratica espiritual constante e disci-plinada que 0 discfpulo recebe do mestre para al-can<;;ara meta de realiza<;;aoespiritual.

Samadhi (sanscrito) - Estado de extase em que a consci-encia permanece alem da dualidade entre oobser-vador e 0 objeto observado.

Samscira (sanscrito) - Grande oscila<;;ao entre alegrias etritezas provocada pel a identifica<;;ao com 0 mundomaterial.

Sao lrineu - Teologo e urn dos primeiros martires do cris-• tianismo. Viveu no seculo II e era discfpulo de Sao

Policarpo.

Sincronicidade - Conceito utilizado na psicologiajunguiana para explicar 0 nexo da causalidade e aintera<;;aopsfquica que une todos os fenomenos.

Soma (sanscrito) - Bebida vedica usada em rituais na In-dia antiga.

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Sufi - Escola esoterica do Islamismo que influenciou to-das as grandes correntes espiritualistas do plan eta.

Trabalho de cura - Sess6es que sao realizadas pelo San-to Daime para atendimento dos doentes e necessi-tados. Cantam-se hinos de cura pr6prios a ocasiao.Tambem sao chamados de trabalho de estrela.

Trancado - Preso por uma entidade negativa que blo-queia e/ou fecha os caminhos de uma pessoa, tra-zendo-Ihe contrariedades e sofrimentos.

Tranca-Rua - Rei dos Exus. Urn dos principais seres des-sa falange luciferica, duelou espiritualmente com 0

Padrinho e foi doutrinado.

Umbanda - Linha espiritual surgida no come<;o deste se-culo no Brasil que sincretiza elementos indigenas,africanos e espiritas cristaos.

Upanishads (sanscrito)- Parte final dos milenares textosdos Vedas que tern como tema principal a identifi-ca<;ao entre 0 individuo e 0 Divino.

Zen - Linha do budismo que floresceu a partir do seculo, Vna China com Bodhidarma e que ganhou uma fei-

<;ao definitiva com Hui-Neng, 0 sexto patriarca. Ca-racteriza-se por pregar uma tecnica de ilumina<;aoinstantanea ou satori. Sao combina<;6es entre me-dita<;ao e a reflexao da leitura de pequenos textos(koans) escritos por sabios do budismo.

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Vma tlutenticaBoa Nova paraos dias de hoje!

As palavras do Padrinho regis-tradas neste Evangelho con-

tinuam vivas e palpitantes, cum-prindo a fun~ao de sussurrar ver-dades capazes de confortar 0 nos-so cora~ao.

Creio que a publica~ao destelivro sera uma contribuic;ao espi-

° ritual significativa para muitaspessoas que deverao se inspirar

_ ~om a sua mensagem.o Padrinho Sebastiao falava °

como se adivinhasse nossos pen-samentos, respondendo as nossasapreens6es mais secretas. Ele iadireto ao assunto de uma formameio marota, mas tomando cui-dado para nao melindrar eassustar ninguem.

Este·trabalho e fruto da trans-cri~ao de fitas gravadas com a pa-lavra de Sebastiao Mota. Duranteo processO,deparav9.-meas vezescomas variac;6es de significadoscontidas na altera~ao de uma uni-ca virgula, oudiante da op~ao dealterar a sintaxe de algumas pas-sagens a fim de facilitar a com-preensao do pensamento do autordeste livro. Inicialmente trabalheidentro de uma perspectiva de fi-delidade reverencial a fala do Pa-

drinho, com receio da menor al-terac;ao que fosse. Depois com-preendi que essa perspectiva limi-tava muito 0 entendimento, pois,em muitas passagens, a meratranscri~ao literalda linguagem fa-lada era insuficiente para mostrara universalidade dos seus ensi-namentos, suas matizes, nuancese entrelinhas.

A partir desta constata~ao, op-tei por achar urn ponto de equili-brio, capaz de preservar fielmen-te a vigorosa sintaxe e 0 saborosolinguajar caboclo - com 0 qualSebastiao Mota costumava expli-car os grandes misterios da:espiri-o

tualidade.Optei por manter, sempre que

possivel, 0 fluxodo pensamentode Sebastiao Mota, sem cortes,principaimente nas palestras mai-ores. Ja os textos mais fragmenta-dos foram agrupados por temas,para simplificar a sua compreen-san e consulta.

Muitasvezes, seja quando gra-vava as palestras e conversa~6esdo Padrinho Sebastiao, ou quan-do lia e relia, mohtava e desmon-tava os textos deste livroem bus-ca de uma melhor concatena~aoe fluencia das palavras ditas peloVelho, passou pela minha cabe~aa enorme responsabilidade de or-ganizar urn Evangelho modernono final deste milenio.

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"Nasci na mata, nela mecriei. E nela estoue ndo quero sair dela ndo,de jeito algum!Foi aonde eu encontreia minha Vida Eternae ndo posso me esquecerpor um s6 momento ...A Vida Eterna e em tudo.-~ ainda transforma aquiloque e morto em vida ...o meu desejo ecada dia mais amor,mais peifeirdo nesse povo. " .

-*A sabedoria da floresta na simplicidade das palavras

de urn seringueiro capaz de criar umacomunidade espiritual (ashram) no cora<;ao da Amazonia.Urn registro autentico dos prim6rdios de uma Doutrina viva,

sintonizada com a Natureza Criadora,atual e em pleno desenvolvimento.

A sintese de conhecimentos espirituais cristaos,xamfmicos e ente6genos:

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