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Lio 1. Santificao: A vontade do Pai para nossas vidas

INTRODUO

Para muitos de ns, graa significa que Deus no liga para a nossa falta de

santidade. Muitas vezes relaxamos baseados num princpio falso que nos leva a

pensar: Bem... Deus gracioso. Ele me aceitar do jeito que eu sou. Ele no se

importar se eu cometer um pecadinho aqui e outro ali de vez em quando.

Alguns de ns, mais comprometidos, at estabelecem para si mesmos um

certo grau de santidade baseados em padres morais acima da mdia e se do por

satisfeitos consigo mesmos. O pensamento neste caso mais ou menos assim:

Ok: no sou perfeito, mas tambm no sou como as demais pessoas. Comparado

a elas eu sou um santo! Isso deve ser o suficiente para Deus.

Ainda h entre ns, os que acham que santidade sinnimo de hipocrisia.

Voc j deve ter visto um irmo ser criticado por querer ser santo. Talvez voc

mesmo tenha olhado com desconfiana uma pessoa que persegue a santidade

pessoal. Muitas vezes eles so chamados de santarres, crentes, fariseus,

etc. No sculo XVII, os crentes da Inglaterra experimentaram um avivamento que

os levou querer uma vida mais pura e uma igreja mais pura tambm. A contra

gosto deles e de forma pejorativa eles foram chamados por seus contemporneos

e opositores de Puritanos. Parece que quando vemos pessoas assim pensamos:

No possvel que algum viva dessa forma! Isso muito radical! S pode ser

hipocrisia.

Mas, independente de nossa opinio e do que pensamos sobre santidade, o

que Deus pensa o que importa. Qual a vontade de Deus para cada um de ns?

Fazendo essa mesma pregunta para o apstolo Paulo, temos a seguinte

resposta:

Pois esta a vontade de Deus: a vossa santificao, que vos abstenhais da

prostituio (1Ts 4.7, ARA)

A VONTADE DE DEUS E A NOSSA SANTIFICAO

No Antigo e no Novo Testamento fica evidente que Deus quer sejamos santos,

no de qualquer forma, mas como Ele santo. Ainda que Antigo e Novo

Testamentos tratem de dois momentos diferentes da histria da redeno, o

imperativo Sejam santos, porque eu sou santo (Lv 11.40, 45; 19.2; 1Pe 1.16) se

mantem inalterado.

2

O pai nos criou para sermos santos

J o incio da Bblia, em Gnesis, podemos ver com clareza que Deus criou o

homem para santidade. Antes de exigir que Ado e Eva fossem santos, Deus os fez

santos, sua imagem e semelhana.

Criou Deus o homem sua imagem, imagem de Deus o criou; homem e

mulher os criou. (Gn 1.27)

Criou o homem sua imagem quer dizer que Deus deu ao homem seu

carter moral para que este refletisse sua glria.

A declarao no incio da Bblia que Deus fez o homem sua imagem, de

modo que os seres humanos so como Deus, como nenhuma outra

criaturas terrena , nos diz que a dignidade particular do ser humano

que, como seres humanos, podemos refletir e reproduzir em nosso prprio

nvel de criatura os caminhos santos de Deus e, assim, atuar como seus

representantes diretos no terra. Isto o que os seres humanos so feitos

para fazer, e em certo sentido, somos humanos apenas na medida em

que estamos a faz-lo.

[...] a imagem de Deus no homem implica o homem ser moralmente

correto.1

Aprendemos que fomos criados para glria de Deus e, de fato, Ele nos criou

para sua prpria glria. A glria de Deus a expresso de sua santidade. Assim,

quando afirmamos que Deus criou o homem sua imagem e semelhana como

Ele e para O representar e afirmamos tambm que o homem foi criado para

refletir a glria de Deus, estamos dizendo que fomos criados para a santidade.

Criados para sermos como Deus.

O Pai nos redimiu para sermos santos

Infelizmente, Ado e Eva pecaram e ns tambm pecamos como eles. Uma das

consequncias da queda que a imagem de Deus em ns foi distorcida. Isso quer

dizer que deixamos de refletir sua santidade.

Mas Deus, desde que nossos primeiros pais caram, tem revelado seu

propsito redentor. Ele prometeu a Ado e Eva que enviaria um Redentor (Gn

3.15). Deste ento, o Senhor tem executado seu plano para redimir a humanidade

cada. Redimir no apenas salvar do pecado, mas tambm restaurar aquilo que o

1 Packer, J. I. Concise theology: a guide to historic Christian beliefs. Wheaton, IL:

Tyndale House, 1993.

3

pecado estragou, ou seja, o propsito de Deus na redeno que sejamos

novamente como Ele, feitos a sua imagem.

...se revestiram do novo, o qual est sendo renovado em conhecimento,

imagem do seu Criador. (Cl 3.10)

Quando fala da consumao dos tempos, onde os crentes experimentaro a

plenitude da redeno, Paulo afirma que a gloria de Deus ser revelada em ns

no para ns, mas em ns ou seja, finalmente a imagem de Deus ser

restaurada no homem. At a natureza aguarda ansiosamente por isso.

e se revestiram do novo, o qual est sendo renovado em conhecimento,

imagem do seu Criador. (Rm 8.10)

Israel foi escolhido para ser santo

Quando escolheu Israel para ser seu povo chegado, mais uma vez ficou

evidente o propsito de Deus para aquela nao. Na aliana que fez com Abrao,

Deus imps o seguinte dever ao patriarca e seus descentes:

Eu sou o Deus todo-poderoso; ande segundo a minha vontade e seja

ntegro. (Gn 17.1)

Observe que o Senhor exige do seu povo um modo de vida santo, segundo a

sua vontade.

Mas h ainda outro aspecto que nos revela o propsito de Deus quanto

santidade de Israel. Ele promete no v. 7 que ser o Deus de Israel.

Estabelecerei a minha aliana como aliana eterna entre mim e voc e os

seus futuros descendentes, para ser o seu Deus e o Deus dos seus

descendentes.

Aqui h uma relao de pertencimento. Israel tem um Deus, o Senhor, e Deus

tem um povo, Israel. Israel propriedade do Senhor. Ele foi separado de entre os

povos. Outro aspecto da santidade justamente o de ser separado, consagrado a

Deus. Assim, Deus santificou Israel para si e este deveria ser santo.

...pois vocs so povo consagrado ao Senhor, o seu Deus. Dentre todos os

povos da face da terra, o Senhor os escolheu para serem o seu tesouro

pessoal. (Dt 14.2)

4

A igreja foi escolhida para ser santa

A nova aliana em Cristo no tem um propsito diferente a antiga. O propsito

de Deus para o seu povo continua o mesmo: que este seja santo. O Senhor nos

escolheu para sermos santos e irrepreensveis perante Ele. As palavras de Paulo

em Ef 1.4 soam da mesma forma que as de Deus em Gn 1.17.

Porque Deus nos escolheu nele antes da criao do mundo, para sermos

santos e irrepreensveis em sua presena.

O propsito de em nos escolher o mesmo para o qual escolheu Israel, sermos

santos. Pedro se refere Igreja da mesma forma como Deus se referia a Israel.

Vocs, porm, so gerao eleita, sacerdcio real, nao santa, povo

exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou

das trevas para a sua maravilhosa luz. (1Pe 2.9 cf. Ex 19.6)

A relao de pertencimento igual. Somos o povo de Deus. Escolhidos de

entre os outros seres humanos para pertencermos ao Senhor cujo propsito de

que sejamos santos em sua presena. Somos a nao santa, por isso temos que

nos santificar ao Senhor.

O prprio Senhor Jesus Cristo nos ensina como devemos ser. No Sermo do

Monte ele repete as palavras de Levticos quando diz:

Portanto, sejam perfeitos como perfeito o Pai celestial de vocs. (Mt

5.48)

CONCLUSO

Deus, o Pai, quer que tenhamos sua imagem. Este seu propsito para ns.

Santificao o processo que restaura em ns a imagem de Deus, por isso nosso

devemos busc-la (HB 12.14).

Ser santo no algo a ser evitado, mas perseguido. E, uma vez que santidade

significa buscarmos ser como Deus em seu carter, nunca nesta vida atingiremos

uma medida ideal ou apropriada. Desta forma, no podemos criticar quem busca

a santificao, mas ao contrrio devemos imitar pessoas com essa atitude. Temos

um padro elevado e inegocivel, precisamos persegui-lo.

Mas no se desespere! O prprio Pai opera para que consigamos atingir o

padro de santidade que Ele almeja para ns. Ele nos enviou seu Filho e seu

Esprito a fim de tornar real nossa santificao. As prximas lies nos ensinaro

isso.

5

Lio 2. O Filho conquistou nossa Santificao

INTRODUO

Ser que pessoas, como ns, habituadas ao pecado podem ser santas?

possvel que num mundo to permissivo e de padres to baixos os crentes se

mantenham puros? possvel dizer no ao pecado?

Espero que voc tenha gastado algum tempo pensando nessas perguntas.

Ento, o que voc acha? possvel vivermos em santificao?

Muitos crentes acreditam que no. Sabemos disso pela forma como vivem,

sem qualquer compromisso com a santidade pessoal. Este sequer tentam, pois

esto convencidos de que ser santo no para mortais. Mas creio que tambm h

crentes sinceros, que depois de fracassos sucessivos, comearam a acreditar que

santificao algo impossvel.

Felizmente, no dependemos de nossas experincias para sabermos o que

real. A Bblia nos diz que a santificao possvel. Certamente, no um processo

fcil, mas possvel conforme aprendemos nas Escrituras Sagradas.

Nessa lio aprenderemos que quando Deus nos pede para sermos santos, Ele

no est pedindo algo que no possamos realizar. Que possvel ser santo, apesar

de sermos pecadores em mundo cado.

SIM, POSSVEL POR CAUSA DA OBRA CONSUMADA DE CRISTO

Ela dar luz um filho, e voc dever dar-lhe o nome de Jesus, porque ele

salvar o seu povo dos seus pecados. (Mt 1.21)

Assim como a justificao, a santificao tem seu fundamento na obra de Jesus

na cruz. Isso quer dizer que a santificao possvel porque Jesus veio ao mundo

para salvar pecadores dos seus pecados (Mt 1.21; 1Tm 1.15).

Tudo posso naquele que me fortalece. (Fp 4.13)

Ainda que Paulo tenha usado essa expresso em outro contexto, ela

verdadeira para tudo que precisamos realizar. A santificao no fica fora disso.

No posso simplesmente dizer no consigo, na verdade eu posso todas as coisas

em Cristo.

"Eu sou a videira; vocs so os ramos. Se algum permanecer em mim e

eu nele, esse dar muito fruto; pois sem mim vocs no podem fazer coisa

alguma. (Jo 15.5)

6

Outra verdade que encontramos na Bblia que quem est em Cristo produz

fruto (Jo 15). Produzir fruto outra expresso que a Escritura usa quando se

refere ao processo de santificao. Se verdade que sem Cristo no podemos

fazer coisa alguma, ento, verdade tambm que Nele podemos realizar qualquer

coisa. Assim, a santificao possvel para os que esto em Cristo.

A CRUZ E A NOSSA SANTIFICAO

O apstolo Paulo, em Romanos 6, mostra-nos como vencer o pecado e ser

santo perfeitamente possvel para os crentes em Jesus, os que esto debaixo da

graa. Nessa passagem vemos uma descrio da obra consumada Cristo na cruz e

do que ns podemos e temos que fazer a partir dela.

...considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo

Jesus. (Rm 6.10)

Esse versculo resume a inteno de Paulo nesse captulo. O par mortos para

o pecado/vivos para Deus descreve o que santificao: mortificao do velho

homem (morte para o pecado) e vivificao do novo homem (vivo para Deus).

Considerem-se a forma de Paulo dizer aos crentes de Roma que eles (e ns)

podem e precisam viver de forma coerente com a cruz, ou seja, eles podem e

devem ser santos.

O que Jesus fez na cruz que torna a santificao possvel?

Pois sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que

o corpo do pecado seja destrudo, e no mais sejamos escravos do pecado

(Rm 6.6)

O texto responde com clareza. Cristo, na cruz, crucificou com Ele nosso velho

homem. O velho homem a nossa natureza pecaminosa com todas as suas

inclinaes perversas. a mentalidade da carne que por natureza inimiga de

Deus (Rm 8.5-8). De fato, impossvel agradar a Deus e ser santo quando se vive

sob o domnio do velho homem.

Quem dominado pela carne no pode agradar a Deus. (Rm 8.8)

A velha natureza escrava do pecado e vive para satisfazer os desejos do

pecado. Esperar santidade de um no regenerado pura perda de tempo, isso

impossvel para ele.

Contudo, para ns cristos o caso completamente diferente, pois sabemos

que o nosso velho homem foi crucificado com Cristo. Na cruz nossa antiga

7

natureza foi destituda de seu domnio sobre ns. Cristo crucificou o velho

homem! No estamos mais na carne, mas no Esprito de Cristo.

Entretanto, vocs no esto sob o domnio da carne, mas do Esprito (Rm

8.9a)

Sabemos que aquilo que impossibilitava a santidade foi destrudo por Jesus na

cruz.

A cruz nos habilita a vencer o mal

Qual a finalidade da crucificao? Primeiro, para que o corpo do pecado seja

destrudo. Corpo do pecado e carne tm o mesmo significado. Segundo, no

mais sejamos escravos do pecado. Esses dois propsitos so o resultado

necessrio (fruto) da obra consumada de Cristo quando aplicada vida do cristo.

Quando em sua crucificao Jesus matou o velho homem, Ele tambm nos

libertou do domnio do pecado.

Pois o pecado no os dominar... (Rm 6.14)

Sendo assim, nesse novo estado, todo crente est habilitado a rebelar-se

contra seu antigo senhor, o pecado.

Portanto, no permitam que o pecado continue dominando os seus

corpos mortais, fazendo que vocs obedeam aos seus desejos. (Rm 6.12)

Na cruz Jesus nos habilitou a destruirmos o corpo do pecado e a vivermos

livres do pecado. Ele nos habilitou justamente porque quer que destruamos

reduzamos a nada nossa antiga natureza que era dominada pelo pecado.

Jesus foi a cruz para realizar nossa redeno, a obra que torna possvel e real a

santificao dos crentes.

Por isso, aps explicar o obra consumada de Jesus na cruz e a nossa unio com

ele, Paulo nos d o mandamento: considerem-se mortos para o pecado, mas

vivos para Deus em Cristo Jesus.

A cruz nos habilita a fazer o bem

Se de maneira negativa a cruz significa a morte do velho homem a e libertao

do pecado, positivamente a cruz significa a vida do novo homem e a escravido na

justia.

Vocs foram libertados do pecado e tornaram-se escravos da justia. (Rm

6.18)

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Positivamente vivemos para Deus, dominados pela justia. Quando a obra de

Cristo aplicada ao corao do crente, ele comea a viver por um novo sistema de

valores. Novas afeies lhe so dadas, ento, ele comea a odiar o que amava e a

amar o que antes odiava. Sua vontade libertada do pecado e gradativamente

colocada ao servio de Deus da justia. Ao crente so apresentadas as boas

obras que Deus preparou e, ento, ele comea a viver uma vida prtica de boas

obras.

Uma vez que somos habilitados para o bem, Paulo nos exorta:

Assim como vocs ofereceram os membros do seu corpo em escravido

impureza e maldade que leva maldade, ofeream-nos agora em

escravido justia que leva santidade. (Rm 6.19)

CONCLUSO

Mas agora que vocs foram libertados do pecado e se tornaram escravos

de Deus, o fruto que colhem leva santidade, e o seu fim a vida eterna.

(Rm 6.22)

O fruto da cruz a santificao dos crentes, daqueles por quem Cristo morreu.

Santidade no algo que Deus exige de ns por capricho ou algo que Ele nos pea

sem que tenhamos a real possibilidade de cumprirmos. Deus bom!

Santidade no apenas algo que Deus exige de ns, mas principalmente algo

que, como veremos na prxima lio, Deus opera em ns. Tudo que torna possvel

e real a santificao para o cristo tem seu fundamento na cruz de Cristo. O

Senhor Jesus no nos pede nada que Ele mesmo j no nos tenha dado antes.

9

Lio 3. O Esprito Santo nos santifica

INTRODUO

Santificao um processo contnuo e longo (leva a vida toda de um crente).

Ao completar sua obra na cruz, Jesus tornou possvel e real a nossa santificao e,

num certo sentido, Ele nos santificou por seu sangue. Contudo, esta santificao

precisa agora ser aplicada na vida dos cristos. Ela tem que produzir frutos no

crente. Ela foi iniciada e precisa ser completada.

Como aprendemos em Rm 6, Jesus crucificou o velho homem para que ele seja

destrudo, ou seja, o velho homem foi morto, mas precisa ser mortificado (Cl 3.5).

Fomos libertos do pecado, mas precisamos nos rebelar contra ele (Rm 6.12).

Assim, entendemos que Jesus na cruz nos deu uma nova posio diante de Deus e

do pecado mortos para o pecado/vivos para Deus agora precisamos viver de

acordo com essa nova posio. Se assim o fizermos, colheremos santidade e vida

eterna (Rm 6.19, 22).

Para completar em ns o obra consumada de Cristo na cruz, Deus nos deu seu

Esprito Santo. Sob seus cuidados, ns somos santificados. A obra de santificao

o trabalho que o Esprito Santo est realizando na vida de cada crente. Assim,

santificao uma realidade:

1. Porque o propsito do Pai para seus filhos.

2. Porque por meio da obra consumada do Filho morremos para o pecado

e vivemos para Deus.

3. Porque o Esprito Santo nos foi dado e est operando em ns a

santificao.

A SANTIFICAO REAL PORQUE O ESPRITO SANTO EST

TRABALHANDO EM NS

A santificao exigida de cada crente individualmente, mas isso no quer

dizer que estamos ss nesse processo. Nossa participao na santificao, ainda

que necessria, no a mais importante, uma vez que o principal agente dela

Esprito Santo. a ao Dele em ns que torna eficazes nossos esforos, mesmo

os mais tmidos.

de ser um ministro de Cristo Jesus para os gentios, com o dever sacerdotal

de proclamar o evangelho de Deus, para que os gentios se tornem uma

oferta aceitvel a Deus, santificados pelo Esprito Santo. (Rm 15.16)

10

escolhidos de acordo com o pr-conhecimento de Deus Pai, pela obra

santificadora do Esprito, para a obedincia a Jesus Cristo e a asperso

do seu sangue. (1Pe 1.2)

Assim foram alguns de vocs. Mas vocs foram lavados, foram

santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no

Esprito de nosso Deus. (1Co 6.11)

Mas ns devemos sempre dar graas a Deus por vocs, irmos amados

pelo Senhor, porque desde o princpio Deus os escolheu para serem salvos

mediante a obra santificadora do Esprito e a f na verdade. (2Ts 2.13)

A OBRA DO ESPRITO SANTO PASSO A PASSO

Na obra consumada de Cristo as bnos da salvao (Ef 1.3) foram

asseguradas aos eleitos. Contudo, tais bnos no seriam teis aos homens se

estas no lhes fossem comunicadas. A obra do Esprito Santo a de comunicar as

bnos da salvao queles que o Pai escolheu antes da fundao do mundo (Ef

1). Essa comunicao da obra da cruz vida do pecador chamada de aplicao

da obra da redeno.

Podemos organizar a salvao da seguinte maneira:

1. Deus Pai escolheu e predestinou para salvao alguns homens e mulheres.

E por esses o Deus Filho morreu consumando assim a redeno deles.

2. Aplicao da obra da redeno

a. O Pai providenciou a pregao do Evangelho (chamada eficaz).

b. O Esprito Santo opera na vida do pecador eleito:

i. A regenerao (novo nascimento): nova vida espiritual (Jo 1.12,13).

ii. A converso (f e arrependimento): profundo convencimento do

pecado, da justia e do juzo, dessa forma o Esprito conduz o

pecador ao arrependimento e f (At 2.37,38).

iii. Justificao: nova posio legal diante de Deus. O pecador

declarado justo (Rm 5.1).

iv. Santificao: a nova vida na prtica, onde liberto do poder do

pecado, o crente mantem uma conduta correta de vida, conforme

os padres morais de Deus.

c. Glorificao: o ltimo estgio da redeno. Na volta de Cristo

receberemos corpos perfeitos e estaremos livres da presena do

pecado.

11

Pelo que Paulo diz aos Filipenses, temos plena convico que o eleito

necessariamente ser guiado por todos esses passos do incio at o fim2.

Estou convencido de que aquele que comeou boa obra em vocs, vai

complet-la at o dia de Cristo Jesus. (Fp 1.6 cf. Rm 8.28-32)

A santificao parte dessa obra que o Esprito Santo aplica na vida dos

crentes. Ele no apenas a aplica, mas tambm a realiza em ns. Podemos dizer

que todo processo dirigido e efetivamente realizado pela terceira pessoa da

Trindade. Conquanto, ainda que o homem tenha o privilgio de cooperar com o

Esprito de Deus, s pode faz-lo em virtude da fora que o Esprito lhe comunica

dia aps dia3.

COMO O ESPRITO NOS SANTIFICA

A Bblia nos ensina que o Esprito Santo torna a santificao real para o cristo.

1. O Esprito produz santificao:

O fruto do Esprito a parte visvel da obra consumada de Cristo aplicada ao

eleito. Esse fruto o produto da nova vida no Esprito e de sua operao em

nossos coraes. Observe que no o fruto do crente, mas do Esprito produzido

no crente. Fruto do Esprito outra maneira bblica de nos referirmos

santificao (Rm 6.22).

Mas o fruto do Esprito amor, alegria, paz, pacincia, amabilidade,

bondade, fidelidade, mansido e domnio prprio. Contra essas coisas no

h lei. (Gl 5.22, 23)

2. O Esprito capacita o crente a ser santificado:

Uma vez que santificao envolve a mortificao da carne, o prprio Esprito

nos a capacidade a realizar tal obra de autonegao. Sim, somos exortados a

reduzirmos nada nosso velho homem (Rm 6.6), mas isso deve ser feito por meio

do Esprito, segundo a eficcia do seu poder.

Pois se vocs viverem de acordo com a carne, morrero; mas, se pelo

Esprito fizerem morrer os atos do corpo, vivero (Rm 8.13)

2 Certamente que estamos falando de forma ordinria, pois existem casos excepcionais

como os de crianas que morrem na infncia, deficientes mentais etc. 3 Berkhof, Louis. Teologia Sistemtica. So Paulo: Cultura Crist, 2001. p. 492.

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3. O Esprito luta contra nossos desejos carnais

Pois a carne deseja o que contrrio ao Esprito; e o Esprito, o que

contrrio carne. Eles esto em conflito um com o outro, de modo que

vocs no fazem o que desejam. (Gl 5:17)

O Esprito completamente engajado em uma guerra contra ns a nosso

favor. Quero dizer que dentro de ns o Esprito faz guerra contra nossa carne e

suas paixes pecaminosas. Ele domina nossa vontade e combate nossas

inclinaes perversas. Ele faz assim para que no cedamos ao pecado e caiamos

em misria. Desta forma, Ele realiza a parte negativa da santificao, a de

mortificao do pecado.

4. O Esprito nos torna mais parecidos com Cristo

E todos ns, que com a face descoberta contemplamos a glria do Senhor,

segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glria cada

vez maior, a qual vem do Senhor, que o Esprito. (2Co 3:18)

Santificao o processo que nos conduz a sermos semelhantes a Cristo. A

santificao restaura a imagem de Deus em ns. o Esprito Santo quem est nos

conformando a imagem de Cristo.

CONCLUSO

A santificao antes de ser uma obra do crente uma obra do Esprito no

crente. Podemos dizer que nesse processo ns somos os instrumentos do Esprito

pelos quais Ele opera nossa prpria santificao.

O Deus Trino que est operando em ns a santificao. Se Deus por ns

quem ser contra ns (Rm 8.31). No h como deter a santificao que o Esprito

de Deus est realizando em ns. A santificao no apenas possvel, ela real.

Como crentes remidos, cabe-nos desejar e perseguir a santificao.

Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem

santidade ningum ver o Senhor. (Hb 12.14)

13

Lio 4. Justificao e Santificao: Qual a diferena?

INTRODUO

A santificao uma das bnos que vm como resultado da nova vida em

Cristo. Juntamente com a justificao e a adoo, aqueles que so eficazmente

chamados, gozam, nesta vida [...] da santificao, e das diversas bnos que

acompanham estas graas ou delas procedem4. Os que esto em Cristo, como

nos ensina a Escritura, recebem Dele justia santidade e redeno.

Na vida crist, a santificao o processo que evidencia o novo nascimento ou

o chamado para salvao. Ela se enquadra naquilo que Joo Batista chamava de

frutos dignos do arrependimento (Mt 3.8) ou no que o apstolos Paulo se referiu

como boas obras que Deus preparou de antemo para que andssemos nelas (Ef

2.10). Portanto, a santificao est presente na vida de todo verdadeiramente

salvo. Ela parte visvel da salvao e a evidncia de sua existncia.

Tal a importncia desse assunto nas Escrituras Sagradas que est escrito:

sem santificao ningum ver o Senhor (Hb 12.14). O prprio Deus nos d essa

ordem, tanto do AT como NT, sede santos porque eu sou santo (Lv 11.44-45;

19.2; 1Pe 1.16).

...sem santidade ningum ver o Senhor. (Hb 12.14)

O QUE SANTIFICAO

Santificao ... Bem. Antes falarmos sobre o que santificao, vamos

estabelecer algumas diferenas, pois h muita confuso nessa rea.

Existem duas doutrinas que os crentes costumam misturar: justificao e

santificao. O bom entendimento das diferenas entre as duas nos far viver a

vida crist com mais alegria e esperana e, ao mesmo tempo, nos dar

oportunidade de vivenci-las de forma intensa.

Vamos comear pela justificao.

a) Justificao: uma declarao legal a respeito do pecador. Deus o declara

sem culpa, completamente perdoado e justificado de seu pecado. A base da

justificao a obra consumada de Cristo na cruz (Rm 5.1). O pecador no

precisa fazer nada para ser justificado, apenas deve crer em Cristo. Nada h

que precisemos fazer para sermos mais perdoados. No h necessidade disso

porque Cristo nos perdoou completamente na cruz. Dessa forma, o crente

to justificado hoje quanto o era do dia em que pela f entregou-se a Cristo.

4 Breve Catecismo de Westminster, pergunta 32.

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b) A santificao: um processo de transformao para melhor. Uma obra

moral e recriadora de Deus e visa transformar o pecador remido na

semelhana de Seu Filho, Jesus (Rm 8.29) e, ainda que seja essencialmente

uma obra de Deus operada pelo Esprito Santo, na santificao o homem

coopera, ou seja, ele mesmo um instrumento na realizao dessa obra

divina. A santificao progressiva. Quer dizer que um crente pode e deve

ser mais santo hoje do que era no incio de sua vida crist.

Santificao a graciosa e contnua operao do Esprito Santo pela

qual Ele liberta o pecador justificado da corrupo do pecado, renova

toda a sua natureza imagem de Deus, e o capacita a praticar boas

obras.5

A tabela 1 baseada no quadro explicativo elaborado por Wayne Grudem6 a

fim de mostrar as diferenas entre justificao e santificao.

Justificao Santificao

Posio legal Condio interna Uma vez para sempre Continua por toda vida Libertao da culpa do pecado Libertao do poder do pecado Obra exclusiva de Deus Ns cooperamos com Deus Perfeita nesta vida Imperfeita nesta vida Igual para todos os crentes Mais em uns que noutros

Tabela 1

A IMPORTNCIA DE SABER A DIFERENA

Saber diferenciar justificao de santificao, como j disse, nos permite viver

a vida crist com mais alegria, alm de nos conferir maior segurana a respeito de

nossa redeno.

Ns costumamos pensar que a salvao de nossas almas depende de ns

mesmos. Somos inclinados a agir como se nosso desempenho alterasse nossa

posio legal diante de Deus.

Funciona mais ou menos assim: se estamos vivendo um perodo de grande

ardor espiritual ou se somos mais assduos em nossos exerccios devocionais, ou

se estamos pecando menos, ou contribuindo mais, ou evangelizando amigos, etc.

Logo pensamos: ok! Deus est feliz comigo. Certamente Ele me ama mais agora.

5 Berkhof, Louis. Teologia Sistemtica. So Paulo: Cultura Crist, 2001. p. 489.

6 Grudem, Wayne. Teologia Sistemtica. Miami, Fl. Vida, 2007. p. 783.

15

Basta que eu continue assim e tudo dar certo. Isso o mesmo que pensar que

suas obras podem lhe salvar. Se sou mais santo, sou mais salvo.

Por outro lado, se tudo acontece ao contrrio do esperado e nossa vida

espiritual vai mal, entramos em desespero. Pensamos: bem... Talvez Deus no

oua mais minhas oraes e nem receba meu culto. Certamente o Senhor no me

ama mais e bem provvel que tenha se esquecido de mim. Mais uma vez esse

tipo de pensamento revela a entendimento errado de que meu desempenho

muda minha posio diante de Deus.

Quando somos crentes de verdade, ou seja, regenerados, convertidos e

justificados isso que exata e definitivamente somos: justificados. E nada pode

mudar isso. Decore esses textos:

Tendo sido, pois, justificados pela f, temos paz com Deus, por nosso

Senhor Jesus Cristo (Rm 5.1).

Pois vocs so salvos pela graa, por meio da f, e isto no vem de vocs,

dom de Deus; no por obras, para que ningum se glorie. (Ef 2.8,9)

A boa notcia que salvao um dom da graa de Deus. Isso significa que,

no as nossas obras, mas as de Cristo que nos salvam. Mas, fica ainda melhor, o

sangue de Jesus na cruz, no apenas suficiente para conquistar a salvao para

ns, mas para mant-la para todo o sempre. Ns temos paz com Deus por meio

de Jesus, no por meio do nosso desempenho.

... j no h condenao para os que esto em Cristo Jesus (Rm 8.1)

O desempenho de Jesus: sua vida de obedincia e sua morte substitutiva so

os mritos de que precisamos para estarmos seguros de nossa salvao. Aquele

que confiou sua vida ao Senhor Jesus deve estar seguro de sua salvao a despeito

de seu desempenho pessoal.

A santificao decorre da justificao. uma obra sobrenatural do Esprito de

Cristo, no por ns, mas em ns. Ele est nos transformando, destruindo o velho

enquanto ergue o novo. Esta obra se desenvolve em meio guerra de nossas duas

naturezas: a velha e a nova.

Pois a carne deseja o que contrrio ao Esprito; e o Esprito, o que

contrrio carne. Eles esto em conflito um com o outro, de modo que

vocs no fazem o que desejam. (Gl 5.17)

Significa dizer que, uma vez que estamos em uma guerra, muitas vezes

experimentaremos vitrias contra nossa carne, porm, infelizmente, outras vezes

16

tambm seremos derrotados e cairemos no pecado. Contudo, isso no muda o

fato de que somos salvos, pois Cristo nos salvou.

A doutrina da santificao nos ensina que devemos prosseguir buscando a

conformidade com Cristo, pois para isso fomos chamados (Ef 4.1; Fp 1.27; Cl 1.10;

1Jo 2.5-6). Mas tambm nos ensina que o pecado existe em ns e que em nossa

luta contra ele nem sempre lograremos xito. Porm, o mais importante: a

doutrina da santificao nos ensina que o prprio Deus est trabalhando em ns

atravs do seu Esprito de forma que a obra comeada chegar a termo.

Estou convencido de que aquele que comeou boa obra em vocs vai

complet-la at o dia de Cristo Jesus. (Fp 1.6)

Assim, em meio a quedas e frustaes, olhamos para Cruz e comtemplamos o

perdo completo dos nossos pecados, depois, nos levantamos e, com o Esprito

Santo a nos guiar, retomamos ao caminho que por um instante abandonamos

com a certeza de que finalmente venceremos. Deus terminar sua obra.

CONCLUSO

Podemos viver a vida crist em sua maior intensidade por duas razes pelo

menos:

Primeiro, saber que nossa posio legal diante de Deus no muda de acordo

com o nosso estado de santidade ou desempenho pessoal. A verdade mais

graciosa e confortadora para pecadores como ns que Deus nos ama apesar de

ns e nada pode mudar isso (Rm 8.31-39). Ele nos salvou para sermos santos e

no porque ramos santos.

Segundo, essa verdade confortadora tambm a mais constrangedora. Deus

nos salvou em Cristo para sermos santos para morrermos para o pecado e

vivermos para Ele (Rm 6). Assim, a aplicao da obra da cruz em nossos coraes

por meio do Esprito se torna controladora de nossas vidas e nos leva

necessariamente a vivermos para Cristo. Dessa forma, lutamos pela santidade

pessoal.

17

Lio 5. Viso Bblica de Santidade

INTRODUO

Creio que santidade, sobretudo a santidade de Deus, algo que no tem

causado interesse nos crentes ultimamente. fcil perceber isso na falta de

temor, na irreverncia, na displicncia com que tratamos das coisas de Deus e no

desinteresse pela santificao pessoal.

Mas santidade no apenas uma questo de temor, reverncia e santificao.

Estas derivam de algo maior: o amor que temos por Deus e por sua santidade e o

prazer que encontramos no fato de Deus ser santo.

Um verdadeiro amor por Deus comea com o deleite em sua santidade, e

no com um deleite em qualquer outro atributo, pois nenhum outro

atributo amvel sem isto. (Jonathan Edwards).7

Para entendermos santificao precisamos, antes, saber o que santidade.

Santidade o atributo que revestes todos os demais atributos de Deus. De fato, a

Bblia clara em afirmar que Deus santo. Ele totalmente outro e Nele no h

qualquer impureza, ou falha moral, ou injustia. O Senhor santo e, exatamente

por isso, Ele exige que seu povo seja santo.

Tributai ao Senhor a glria devida ao seu nome; trazei oferendas e entrai

nos seus trios; adorai o Senhor na beleza da sua santidade. (1Cr 16.29,

RA)

Nota: o texto a seguir baseado em um artigo extrado da Baker encyclopedia of the Bible

8 escrito por Bruce A. Demarest

9.

SANTIDADE NO ANTIGO TESTAMENTO

Principal atributo de Deus e a qualidade a ser desenvolvida em seu povo.

Santidade e o adjetivo santo aparecem mais de 900 vezes na Bblia. A principal

palavra do OT para santidade significa cortar ou separar. Fundamentalmente,

7 Ritzema, E., & Vince, E. (Org). 300 Quotations for Preachers from the Puritans.

Bellingham, WA: Lexham Press, 2013. 8 Elwell, W. A., & Beitzel, B. J. Holiness In Baker encyclopedia of the Bible. Grand

Rapids, MI: Baker Book House, 1988. p. 984985. 9 Bruce A. Demarest Ph.D., University of Manchester. Professor of Systematic

Theology, Denver Seminary, Denver, Colorado.

18

santidade um cortar fora ou separao daquilo que impuro e consagrao ao

que puro.

No AT, santidade como aplicada a Deus significa sua (1) transcendncia sobre a

criao e (2) a perfeio moral do seu carter.

Transcendncia sobre a criao

Deus santo no sentido que Ele totalmente distinto de sua criao e exerce

soberana majestade e poder sobre ela. Sua santidade especialmente

proeminente nos Salmos (47.8) e profetas (Ez 39.7), onde santidade emerge como

sinnimo para o Deus de Israel.

Deus reina sobre as naes; Deus est assentado em seu santo trono.

Farei conhecido o meu santo nome no meio de Israel, o meu povo. No

mais deixarei que o meu nome seja profanado, e as naes sabero que

eu, o Senhor, sou o Santo de Israel.

Assim, a Escritura atribui a Deus os ttulos: santo (Is 51.15); O Santo (J

6.10; Is 43.15) e O Santo de Israel (Sl 89.18; Is 60.14; Jr 50.29).

Neste ponto o temor e a reverencia devem ser despertados em ns. Embora o

Senhor nos conceda graciosamente acesso sua intimidade, Ele adverte

solenemente: A intimidade do SENHOR para os que o temem (Sl 25.14). O

profeta Isaas ao comtemplar o Senhor em sua santidade exclamou em desespero

Ai de mim! Estou perdido! Pois sou um homem de lbios impuros e vivo no meio

de um povo de lbios impuros; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exrcitos!

(Isa 6.5).

Nunca devemos nos esquecer que sempre estamos diante de um Deus santo.

Ento disse Deus: "No se aproxime. Tire as sandlias dos ps, pois o

lugar em que voc est terra santa". (Ex 3.5)

Portanto, j que estamos recebendo um Reino inabalvel, sejamos

agradecidos e, assim, adoremos a Deus de modo aceitvel, com

reverncia e temor, (Hb 12.28)

Perfeio moral do seu carter

No OT a santidade de Deus denota que o Senhor separado de tudo que

mau e contaminado.

Por isso escutem-me, vocs que tm conhecimento. Longe de Deus esteja o

fazer o mal, e do Todo- poderoso o praticar a iniquidade. (J 34.10)

19

Seu carter santo o padro de absoluta perfeio moral (Is 5.16). A santidade

de Deus sua majestade transcendente e a pureza de seu carter so

habilmente equilibrados no Salmo 99. Versos 1-3 retratam a distncia de Deus do

finito e terreno, ao passo que os versos 4 e 5 enfatizam sua separao do pecado

e do mal.

No AT, Deus demanda santidade nas vidas do seu povo. Por meio de Moiss,

Deus disse a congregao de Israel: Diga o seguinte a toda comunidade de Israel:

Sejam santos porque eu, o Senhor, o Deus de vocs, sou santo (Lv 19.2). A

santidade ordenada pela AT era dupla: (1) externa ou cerimonial; e (2) interna, ou

moral e espiritual. A santidade cerimonial do AT prescrita no Pentateuco inclua

consagrao ritual ao servio de Deus. Assim, sacerdotes e levitas foram

santificados por um processo complexo de consagrao (Ex 29), como foram os

hebreus nazireus (os separados) em Nm 6.1-21. Profetas como Eliseu (2Rs 4.9) e

Jeremias (Jr 1.5) foram tambm santificados para o ministrio especial de profeta

de Israel.

Mas o AT tambm chama ateno para o interior, aspectos moral e espiritual

da santidade. Homens e mulheres, criados imagem de Deus, so chamados para

cultivar a santidade do carter prprio de Deus em suas vidas (Lv 19:2; Nm 15:40).

O Sl 15, por exemplo, trata das exigncias ticas de Deus. pergunta: Senhor,

quem habitar no teu santurio?, o Senhor responde: Aquele que ntegro em

sua conduta e pratica o que justo, que de corao fala a verdade (1,2). Num

vis similar, Isaas representa a comunidade resgatada de Deus como povo santo,

redimidos do Senhor (Is 62.2).

SANTIDADE NO NOVO TESTAMENTO

No NT a santidade cerimonial preeminente do Pentateuco colocada como

pano fundo. Considerando que grande parte do judasmo nos tempos de Jesus

procurava uma santidade cerimonial baseada em obras (Mc 7.1-13), o NT

evidencia a tica mais do que a dimenso formal da santidade. Com a chegada do

Esprito Santo, a Igreja Primitiva percebeu que a santidade da vida era uma

realidade interna profunda que deve reger pensamentos e atitudes de um

individuo em relao s pessoas e aos objetos no mundo externo.

Mas o NT mais frequentemente discute santidade em relao aos cristos.

Crentes em Cristo so frequentemente designados como santos, literalmente

significando os santos, pois, por meio da f Deus justifica pecadores,

declarando-os santos aos seus olhos. Um pecador justificado no de forma

20

alguma moralmente perfeito, mas Deus declara os crentes sem culpa diante de

sua justia. Assim, embora os crentes de corinto, por exemplo, fossem afligidos

por numerosos pecados, Paulo podia se dirigir aos seus amigos pecadores como

aqueles que eram santificados em Cristo Jesus e chamados para serem santos

(1Co 1.2). A despeito de seus problemas os crentes de Corintos eram santos em

Cristo.

O NT, entretanto, d grande destaque sobre a realidade da santidade pratica

na experincia diria do cristo. O Deus que livremente declara uma pessoa justa

por meia da f em Cristo ordena que os crentes progridam em santidade de vida.

Nos plano de Deus, um crescimento em santidade deve acompanhar o crente.

Paulo insiste com os cristos de Roma que ofeream seus membros agora em

escravido justia que leva santidade (Rm 6.19). O livro de Hebreus insta os

crentes a lutar por santificao, sem a qual ningum ver o Senhor (Hb 12.14).

Um objetivo da vida crist, portanto, conformidade a imagem moral de Deus.

Neste sentido, Paulo exorta os crentes de feso a a revestir-se do novo homem,

criado para ser semelhante a Deus em justia e em santidade provenientes da

verdade (Ef 4.24). Deus graciosamente prov os recursos espirituais para habilitar

cristos a serem participantes da natureza divina (2Pe 1.4).

CONCLUSO

A Bblia nos revela um Deus santssimo (Is 6.1-3), completamente diferente de

sua criao (transcendente), um Deus puro de carter, moralmente perfeito que

nada tem a ver com o mal, antes o odeia. Por ser assim, Deus ordena ao seu povo

que semelhantemente a Ele sejam santos. Uma vez que Deus nos santificou por

meio do sangue de Cristo e por nos dar seu Esprito, Deus quer que nos

consagremos a Ele e nos afastemos de tudo que impuro. Deus exige de ns

emoes puras, pensamentos puros e aes puras.

21

Lio 6. A viso puritana (reformada) da santidade10 Os Puritanos escreveram muito sobre como viver uma vida santificada. Pouco

do que eles pregaram e escreveram contm qualquer coisa nica ou nova,

comparada com sua herana doutrinria. O que especial sobre a viso Puritana

da santidade sua plenitude e equilbrio, em vez da sua forma distinta.

A definio Puritana clssica de santificao bem conhecida; ns a

encontramos no Breve Catecismo de Westminster, perguntas 35 e 36:

O que santificao? Santificao a obra da livre graa de Deus, pela

qual somos renovados em todo o nosso ser, segundo a imagem de Deus,

habilitados a morrer cada vez mais para o pecado e a viver para a

retido.

Quais so as bnos que nesta vida acompanham a justificao, a

adoo e a santificao, ou delas procedem? As bnos que nesta

vida acompanham a justificao, a adoo e a santificao, ou delas

procedem, so: Certeza do amor de Deus; Paz de conscincia; Alegria no

Esprito Santo; Aumento de graa; Perseverana at o fim.

Destas duas perguntas bvio que santificao na mente Puritana envolve

todo o viver Cristo todo o processo de ser conformado imagem de Jesus

Cristo. um processo que comea no momento do novo nascimento, e continua

durante toda a vida do crente at o seu ltimo suspiro. Os Puritanos queriam ver

as pessoas crescendo vigorosamente na certeza do amor de Deus, em uma grande

paz de conscincia e numa autntica alegria no Esprito Santo. Eles diziam que o

caminho para receber estas bnos atravs da obra santificadora do Esprito.

Eles avisavam seu povo: Se voc no buscar a santificao, voc no somente

desonrar a Deus, mas tambm empobrecer sua prpria vida espiritual.

O que realmente eles queriam dizer por santificao? Aqui esto quatro

elementos da viso Puritana.

RENOVAO UNIVERSAL E MORAL

Primeiro, santificao para os Puritanos uma obra divina de renovao,

envolvendo uma radical mudana de carter. Ela brota de um corao

regenerado, que algo mais profundo do que qualquer psicanalista ou

conselheiro poderia alcanar. Deus opera no corao, e como resultado da

mudana de corao, vem um novo carter.

10

Beek, Joel. A viso puritana de santidade. So Paulo: Os Puritanos, 2013.

22

A obra de renovao (usando a linguagem Puritana) universal. Isto significa

que ela toca e afeta cada rea da vida inteira da pessoa. Paulo nos diz em 1

Timteo 4:4-5 que tudo para ser santificado - cada esfera da vida.

Pois tudo o que Deus criou bom, e nada deve ser rejeitado, se for

recebido com ao de graas, pois santificado pela palavra de Deus e

pela orao. (1Tm 4.4,5)

Santidade uma coisa interna que deve encher nosso corao, o centro de

nosso ser, e ela uma coisa externa que deve transbordar sobre cada detalhe de

nossas vidas. 1 Tessalonicenses 5:23 diz:

E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso esprito, e

alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensveis para a

vinda de nosso Senhor Jesus Cristo".

Muitos puritanos pregaram sobre este texto. Santificao para ser universal.

Mas santificao tambm moral, diziam os Puritanos. Por isto eles queriam

dizer que ela produz frutos morais. Sobre os mesmos frutos ns lemos em Glatas

5: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, f, mansido, e

temperana. Se voc perguntasse a um Puritano: o que realmente estes frutos

significam quando se combina todos juntos?. Ele diria que eles representam o

perfil moral do prprio Senhor Jesus Cristo.

Isto o que o Esprito est fazendo na santificao. Ele est moldando o crente

ao perfil de Cristo. Ele est reproduzindo as qualidades de Cristo nas vidas de Seu

prprio povo. O povo de Deus aquele no qual a "natureza de Cristo" (a soma

total de tudo que Sua vida humana era) encontra nova, embora imperfeita,

expresso. Este o conceito Puritano de santificao.

VERDADEIRO ARREPENDIMENTO

Segundo, santificao para os Puritanos consistia de arrependimento e retido

a bilateral atividade de se voltar do pecado para a obedincia. Arrependimento,

diziam os Puritanos, voltar-se do pecado, e isto uma atividade para toda a

vida. Ns devemos nos arrepender todos os dias de nossas vidas, e medida que

assim fazemos, devemos tambm voltar para a retido.

Arrependimento, eles diziam, uma obra de f. Sem o Esprito Santo no h

arrependimento. O conceito Puritano de arrependimento vai muito mais profundo

do que mero remorso, ou do dizer, "Eu sinto muito". A ideia Puritana de

arrependimento certamente comea com remorso, mas ela vai mais profundo

23

para uma mudana essencial de vida. Arrependimento um voltar real. um

odiar as coisas que se amava antes, e um amar as coisas que se odiava antes.

Arrependimento envolve mortificao e vivificao, diziam os Puritanos. Por

mortificao eles queriam dizer "colocar a espada sobre o pecado"; matar o

pecado; colocar o pecado morte, como o apstolo diz em Romanos 6. Por

vivificao eles queriam dizer tornar-se vivo para justia, e dar a ns mesmos mais

e mais para praticar e exibir o fruto do Esprito.

Da mesma forma, considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para

Deus em Cristo Jesus. (Rm 6.11)

UMA GUERRA SANTA

Terceiro, a santificao Puritana progressiva, operando atravs de conflitos.

Os Puritanos diziam que o conflito inescapvel na santificao, porque resduos

de pecados habitam no Cristo, para sua grande tristeza. Isto o engaja em uma

grande guerra e muitas batalhas (Ef 6.10-20; Rm 7.7-25). Os pecados internos

operam de dentro, diziam os Puritanos, enquanto o mundo exerce a presso

mpia exteriormente. O diabo, que exerce a funo de lder, deseja pegar aquelas

presses externas e us-las junto com as presses internas para recuperar o

territrio perdido. Assim, embora uma pessoa conquistada pelo Esprito Santo

busque expandir e ganhar o territrio da santificao universalmente em sua vida,

o diabo junto com o mundo e a velha natureza da pessoa, forma uma linha de

frente de batalha na alma. Uma guerra santa est sendo travada.

Por isso Bunyan chamou o seu livro de "A Guerra Santa". Santificao envolve

conflito comigo mesmo, com minha carne, com o mundo e com Satans. Se um

Cristo no est batalhando contra o pecado, os Puritanos diziam que essa pessoa

deveria se questionar se ela realmente ou no Crist.

Um Puritano pintou este retrato. Ele disse que ser um Cristo andar num

caminho estreito e reto. De ambos os lados deste caminho h cercas. Atrs

daquelas cercas Satans tem todos os poderes do mal ao seu dispor. Ele usa seu

exrcito de demnios, e at nossas inconsistncias internas, e nossa tendncia de

cair em precipitao. Ele usa todas aquelas coisas como dardos, e a cada passo

que damos na peregrinao espiritual ele atira atravs e por cima da cerca,

mirando nosso p, nosso corao, nossas mos, e nossos olhos. Cada passo do

caminho uma batalha.

24

Aceitando um esforo

Thomas Watson disse que o caminho para o cu uma "obra suada". H uma

batalha sendo travada, mas a obra da santificao, felizmente, avanar. A

santificao no est estagnada. Os Puritanos empregavam as palavras de Paulo

em 2 Corntios 3:18, que afirmam sermos transformados de glria em glria se

andamos no Esprito. Assim, o verdadeiro Cristo um que aceita que haver

conflitos, mas que ao mesmo tempo descansa na verdade que a vitria final sua.

Ele pode perder muitas lutas, mas a guerra ser ganha, porque ele est em Cristo.

O Esprito Santo o guiar, e ele avanar progressivamente.

E todos ns, que com a face descoberta contemplamos a glria do Senhor,

segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glria cada

vez maior, a qual vem do Senhor, que o Esprito. (2Co 3.18)

Contudo, h um empecilho oculto, diziam os Puritanos, porque o Cristo

frequentemente no capaz de ver qualquer progresso em si mesmo. Um

Puritano disse que uma mulher que espana seu mobilirio pode pensar que ela

limpou todo o p, at que a luz do sol brilhe em seu quarto revelando todo o p

remanescente. Quanto mais o Sol da justia brilha em nossos coraes, embora

possamos estar crescendo em santidade (e outros possam ver isto), veremos de

modo crescente os motivos de nosso corao.

A questo importante no : "Posso me ver crescendo mais e mais santo?,

mas: Quando eu olho para trs em minha vida, trs ou cinco anos atrs, Cristo

significa mais para mim hoje do que ento? Eu penso menos de mim mesmo hoje

do que ento? Cristo est crescendo e eu diminuindo? Estou crescendo na

apreciao de Cristo, e em minha autodepreciao?". Esta a viso Puritana de

autoexame com respeito santidade.

Outro modo Puritano de avaliar o progresso na santidade perguntar como

estamos atualmente lutando contra a tentao. Se no estamos lutando contra as

foras que pressionam nossa carne, estamos regredindo. Em ordem, portanto,

para fazer progresso o crente deve orar ao trono da graa: "Ajude-me ser forte

hoje, Senhor. Ajude-me a ser puro hoje. Ajude-me a ser justo hoje". Este o

constante desejo do Cristo que est fazendo progresso na santificao.

O SER INTERNO, PRIVADO.

Em quarto lugar, a santificao Puritana imperfeita, apesar de invencvel.

Nesta vida ela nunca completa. Nosso objetivo sempre exceder nosso alcance.

Muitas pessoas no entendem os Puritanos neste ponto. Eles pensam que eles

25

eram introspectivos, ou que eles nos levavam a uma escravido legalista, e at

mesmo uma depresso espiritual. Isto no verdade.

Os Puritanos certamente tinham um conceito profundo de pecado e de justia,

embora muitos dos seus modernos detratores tenham um terrivelmente pequeno

conceito de pecado e justia. Os Puritanos sentiam a imperfeio da santificao

deles, precisamente porque eles tinham o padro da justia de Deus diante deles.

Eles no se comparavam com o seu prximo, mas com a santa Lei de Deus. Justia

para o Puritano era motivacional no carter. O que existe dentro de voc

importante. O que voc diz reflete quem voc por dentro.

Um Puritano disse que um homem em sua privacidade, o que ele realmente

s vistas de Deus. Eles quereriam nos perguntar: O que voc pensa a respeito?

O que motiva voc? Voc est realmente motivado pelo amor a Deus? Voc est

motivado pela solidariedade do Samaritano para com os outros, amando-os,

fazendo-lhes o bem e se colocando para o benefcio e bem-estar espiritual deles?

Este o corao de uma justia Puritana. Com este alto conceito de santidade,

eles naturalmente sentiam suas imperfeies. Talvez isto em nenhum lugar seja

mais vividamente expresso do que nas perguntas e respostas do Catecismo Maior

de Westminster sobre os dez mandamentos. Leia-os se voc quiser e note quo

precisos eles so, como eles sondam o corao e como eles insistem que voc

deve amar a Deus e ao seu prximo como a si mesmo.

Quando, portanto, voc ler sobre como os Puritanos olhavam com pesar para

eles mesmos, e quando voc vir em seus dirios como eles sofriam com a sua

prpria indignidade, lembre-se que eles esto se comparando com o perfeito

Deus e com Sua santa lei. Eles eram homens e mulheres que verdadeiramente

sentiam o gemido de Paulo:

"Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus...

Miservel homem que sou! quem me livrar do corpo desta morte?"

Eles sentiam sua necessidade de fugir para Cristo todos os dias para serem

lavados novamente. E que esta a origem de toda genuna santidade. Tal

santidade invencvel. Ela nunca morrer, mas um dia ser perfeita em e com

Cristo para sempre.

26

Lio 7. Por que to difcil ser santo

INTRODUO

... com dificuldade que o justo salvo (1Pe 4.18)

Pedro diz aos cristos que eles devem estar dispostos a sofrer se quiserem

perseverar at a volta de Cristo. Ele nos exorta a vivermos uma vida moral e tica

dentro de um mundo cado, mesmo que isso cause sofrimento e lutas. Pedro nos

convoca a sofrermos como cristos (v. 16).

O justo salvo com dificuldade. Contudo essa dificuldade no diz respeito a

obter o perdo dos pecados (justificao), pois isso nos dado de graa, a

dificuldade reside no fato de que uma vez salvo temos que viver como cristos no

mundo e isso muito difcil. Mesmo que o Esprito Santo esteja operando em ns

a santificao, trabalho nosso tambm, perseverar em santidade (viver como

cristos). Isso no algo natural, mas ao contrrio, vai contra nossa prpria

natureza e contra nosso ambiente (o mundo). Assim, com dificuldade

perseveraremos at o fim em santidade.

Como temos visto a santificao um processo contnuo que durar a vida

inteiro do cristo. Esse processo no fcil, nem confortvel. Na verdade, ele muito

difcil, penoso at. Exige transformaes, disciplinas e autonegao. uma luta

contra o pecado. Como diziam os Puritanos, uma guerra santa. No podemos

esperar que as guerras sejam fceis.

A MESMA PLANTA EM UM NOVO JARDIM

Se voc j lidou com plantas, sabe como ela sofrem para se adaptar a novos

ambientes. Na minha pouca experincia com jardinagem tenho observado que

quando mais desenvolvida estiver a planta, maior ser seu sofrimento quando for

transplantada de um lugar para outro.

Um dia desses ganhei um jasmim. Ele j estava bem desenvolvido e era bem

bonito. Um irm me ofereceu aquele jasmim e eu, que h muito procurava por

um, prontamente aceitei. Ento, levei-o para casa e o plantei em meu jardim. Nos

dias seguintes ao transplante minha decepo no poderia ser maior: o jasmim foi

minguando, minguando at que se tornou um monte de galhos secos e retorcidos.

Ele no estava morto, mas o processo de adaptao no novo ambiente estava

sendo bem difcil para meu jasmim.

Agora observe o que Paulo diz:

27

Pois ele nos resgatou do domnio das trevas e nos transportou para o

Reino do seu Filho amado, (Cl 1.13)

H duas coisas que Deus faz nessa passagem:

a) Deus nos resgatou do imprio das travas:

Como apendemos em Romanos 6, Jesus quebrou o domnio do pecado em

nossas vidas. Ele nos libertou da tirania que nossa natureza pecaminosa exercia

sobre ns. isso que Paulo quer dizer com resgatou do imprio das trevas.

b) Deus nos transportou para o Reino do seu Filho Amado:

Em contrapartida, Deus nos deu um novo lugar, o Reino de Cristo. Deus nos

tirou do domnio das travas e nos transportou para o domnio de Jesus.

Este versculo nos mostra porque o processo de santificao difcil. Somos

como o meu jasmim. Estvamos muito bem adaptados ao nosso ambiente

original, mas, ento, fomos transplantados para outro lugar, infinitamente

melhor, mas estranho para ns e ao qual precisamos nos adaptar. O processo de

santificao justamente um processo de adequao nossa nova posio diante

de Deus: fomos justificados e santificados, agora temos que viver como justos e

santos. Essa nova maneira de viver exige muito esforo e perseverana. Por isso a

santificao um processo difcil.

MUDANAS SO SEMPRE DIFCEIS

Ns vivamos no mundo (o que a Bblia chama de trevas, na verdade, parecia

luz aos nossos olhos), fazendo a vontade na carne e dos pensamentos (Ef 2). Ns

pensvamos como o mundo, sentamos como o mundo e agamos como o mundo.

Nosso esquema de valores e padres morais, ticos e de comportamento eram

mundanos. No sabamos nada alm do que aquilo que o mundo nos ensinou. Em

suma, nosso ambiente era o mundo.

Mas Deus, sendo rico em misericrdia, nos deu vida (Ef 2) nos transportando

para o Reino de seu Filho Amado. Agora, precisamos deixar tudo que trouxemos

do mundo e abraar tudo que diz respeito a esse novo Reino no qual fomos

plantados. Agora temos que viver para Deus. Precisamos pensar, sentir e agir

como Cristo. Nosso esquema de valores e padres morais, ticos e de

comportamento devem ser iguais aos de Cristo.

Quero dizer que, embora Deus tenha nos tirado do reino das trevas, ns

precisamos tirar o reino das trevas de nossos coraes. Uma vez que estamos no

Reino de Cristo, precisamos trazer esse Reino para os nossos coraes. isso que

Esprito Santo quer dizer com:

28

No se amoldem ao padro deste mundo, mas transformem-se pela

renovao da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e

comprovar a boa, agradvel e perfeita vontade de Deus. (Rm 12.2)

Deus resgatou Israel do Egito, mas o Egito ainda continuava no corao de

Israel (At 7.39). A Lei foi dada a Israel para que, observando-a (santificando-se ao

Senhor), aquele povo estivesse com seu corao, no mais no Egito, mas em

Cana. A Lei lhes oferecia um novo princpio de vida completamente diferente do

Egito. Para aquele podo mudar do Egito no foi mais difcil do que mudar o estilo

de vida.

por isso que santificao to difcil: nossas razes esto em um novo solo,

mas ainda somos a mesma planta e precisamos nos adaptar ao novo solo.

Precisamos conhecer e obedecer a vontade revelada de Deus e confiar nela e, o

mais difcil e doloroso, precisamos deixar o reino das trevas.

DESPIR E REVESTIR

Quanto antiga maneira de viver, vocs foram ensinados a despir-se do

velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados

no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser

semelhante a Deus em justia e em santidade provenientes da verdade.

(Ef 4.22-24)

A dinmica da santificao essa: despir-se do velho e revestir-se novo. A luta

consiste exatamente nisso: o velho contra o novo. Duas naturezas guerreando em

ns. Contudo, algo ainda piora essa guerra: somos apegados ao velho, por isso, o

processo de deixar a antiga forma de vida sempre muito difcil.

A dificuldade reside tambm no fato de que o novo completamente novo.

No se trata de um melhoramento do velho, mas de algo radicalmente novo e

para ns desconhecido e at estranho. Naturalmente encontramos em ns um

apego ao velho e uma resistncia ao novo. Por isso mudar to difcil.

Contudo, deixar o velho e lanar mo do novo justamente o que o Senhor

quer de ns e tambm o que Ele esta fazendo em ns por meio do Esprito Santo.

Sob o poder e domnio do Esprito de Cristo ns venceremos as dificuldades e

prosseguiremos em santificao.

Parte da dificuldade ser vencida quando nos convencermos que Deus est

nos convidando a deixar o esterco do mundo a fim de ganhar Cristo.

29

Mas o que para mim era lucro, passei a considerar como perda, por causa

de Cristo. Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a

suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por

quem perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder

ganhar. (Fp 3.7,8)

Leia e medite em Mt 13.44-46, nessa passagem voc vai encontrar duas

parbolas sobre o Reino, a do tesouro escondido e a da prola preciosa. Nelas ns

aprendemos o princpio de abandonar tudo para ter o que mais precioso. Essa

deciso mais difcil para o cristo perder para ganhar mas o Esprito nos d

poder para isso.

CONCLUSO

A santificao um processo de constante mudana. A princpio o Esprito

Santo realizou uma mudana radical (no corao) em ns quando nos regenerou e

nos deu uma nova vida. Isso facilita o trabalho posterior a santificao e o

torna possvel. Mas o processo de transformao contnuo e depende tambm

de nossas decises dirias a favor da santidade. Decises que envolvem despir-se

do velho homem e revestir-se do novo. Perder para ganhar. Isso no fcil, pois

batalhas no so fceis.

Mas o Esprito nos capacita e Ele mesmo est operando em ns a destruio

do velho enquanto constri o novo. Essa nossa esperana: as dificuldades sero

superadas pelo poder o Esprito em ns.

A Blbia nos diz que a santificao tem que ser perseguida (Hb 12.14). Isso

exige esforo e dedicao. Nas prximas lies trataremos sobre o esforo para

perseguir a santificao.

...exercite-se na piedade. O exerccio fsico de pouco proveito; a piedade,

porm, para tudo proveitosa, porque tem promessa da vida presente e

da futura. (1Tm 4.7,8)

30

Lio 8. O peso do pecado

Na luta contra o pecado, vocs ainda no resistiram at o ponto de

derramar o prprio sangue. (Hb 12.4)

INTRODUO

Vocs ainda no consideraram quo grande o peso do pecado.

(Anselmo da Canturia)

Essas palavras de Anselmo da Canturia so uma grave advertncia e uma

excelente lembrana para ns cristos que perseguimos a santidade. Elas nos

fazem lembrar que muitas vezes fracassamos no processo de santificao porque

simplesmente no dimensionamos bem a fora do pecado em ns. Ns no

consideramos quo grande o seu peso.

Mais solenes ainda so as palavras do escritor da carta aos Hebreus. Ele nos

mostra quo grave a luta contra o pecado e onde ela pode nos levar: ao ponto

de derramarmos o prprio sangue. A exortao para que nos mantenhamos

firmes nessa luta, mesmo que isso nos custe a prpria vida.

Conforme o Mestre nos ensinou, segui-lo imit-lo que o mesmo que ser

santo requer a disposio para o auto sacrifcio (Mt 16.24; Rm 12.1,2). Ir at o

sangue: porque vencer o pecado significa vencer a ns mesmos. Reduzir a nada o

velho homem para que o novo possa tomar seu ligar. Somente os que calcularam

esse preo e se dispuseram a pag-lo venceram o pecado e viveram uma vida

santa (leia Hebreus 11).

Se voc espera ser santo, mas no tem a disposio de travar uma luta

sangrenta contra seu pecado, voc ainda no considerou quo grande o peso do

pecado.

LIVRES DO PODER DO PECADO, MAS NO DE SUA PRESENA

Ora, se fao o que no quero, j no sou eu quem o faz, mas o pecado que

habita em mim. (Rm 7.20)

Lemos em Romanos 6 que estamos livres do domnio (tirania) do pecado, que

no somos mais escravos dele, etc. verdade, Cristo, na cruz, nos libertou dessa

tirania medonha. Ele matou o velho homem declarou nossa libertao. Glria a

Deus pela obra consumada de Cristo.

Contudo, uma coisa no pode ser negligenciada aqui. Jesus no tirou o pecado

de dentro de ns. Estamos livres do poder do pecado, mas no da presena do

31

pecado em nossos coraes (Rm 7.22ss). Significa que lidaremos com o pecado

todos dias de nossas vidas at que morramos ou at que Cristo volte.

Observe o quadro abaixo. Ele nos ajudar a entender em que ponto da

redeno estamos e que, ainda que salvos e livres da culpa e do poder do pecado,

ele ainda est presente e, infelizmente, ativo em ns.

Justificao Livres culpa do pecado

Santificao Livres do poder do pecado

Glorificao Livres da presena do pecado Tabela 2

Mais uma vez preciso lembrar que nossa esperana e suficincia esto na

vontade de Deus e na obra consumada de Cristo (leia Fp 1.6).

E aos que predestinou, tambm chamou; aos que chamou, tambm

justificou; aos que justificou, tambm glorificou. (Rm 8.30)

Contudo, nosso ponto nessa lio este: o mal habita em mim e eu no

progredirei em santificao enquanto no reconhecer a presena e a poderosa

influncia do pecado em minha vida.

NOVAMENTE, O QUE SANTIFICAO

Sei que j ofereci aqui um ou dois conceitos teolgicos sobre santificao. Mas

para agora, precisamos olhar para santificao em relao luta contra o mal que

habita em ns, o pecado.

Eles no entendem o quanto h para vencer. Santificao significa

tornar-se santo. Ela significa ser separado moral e espiritualmente.

Significa tornar-se como Cristo11. (Terry Johnson)

As palavras de Terry Johnson definem bem santificao. Ela rdua por duas

razes: 1) por causa do que temos que deixar, quem somos, e 2) por causa do que

temos que nos tornar, como Cristo.

Imagine uma estrada. Numa extremidade dela est voc como voc est

acostumado a ser. Na outra extremidade dessa estrada, onde no se pode ver por

causa da distncia que existe entre voc e ela, est Cristo. Esta estrada a vida

crist. Durante toda nossa vida buscaremos alcanar a extremidade mais distante,

11

Johnson, Terry. A doutrina da graa na vida prtica. So Paulo: Cultura Crist, 2001. p. 98.

32

mas tendo sempre, s nossas costas, quase que ao alcance das mos, nosso antigo

eu e, sobre ns, o peso do pecado.

A santificao o desvencilhar-se desse peso a cada passo enquanto no

esforamos para continuar a caminhada em direo a Cristo com o peso que ainda

nos resta.

Portanto, tambm ns, visto que temos a rodear-nos to grande nuvem

de testemunhas, desembaraando-nos de todo peso e do pecado que

tenazmente nos assedia, corramos, com perseverana, a carreira que nos

est proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da f,

Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a

cruz, no fazendo caso da ignomnia, e est assentado destra do trono

de Deus. (Hb 12.1,2)

Por que falhamos nisso? Os prximos pargrafos nos daro a resposta. Na

verdade, eles fazem parte do livro de Terry Johnson, As doutrinas da graa na

vida prtica. J mencionado nesta lio.

LEVE A SRIO SUA PRPRIA DEPRAVAO

No podemos viver a vida crist por nossa prpria fora. Somos muito

corruptos, muito fracos e muito insensatos. Jesus e quem deve vencer a batalha.

Temos que depender humildemente da graa do Esprito Santo.

Algumas pessoas esto comento o erro de tentar viver a vida crist por sua

prpria fora e esto falhando. Talvez voc seja uma delas. Por anos voc est

tentando vencer seus pecados. Mas tem falhado. Seu temperamento est fora de

controle. Suas concupiscncias esto consumindo voc. Voc no tem pacincia.

Voc ainda ama o mundo. Muitas vezes voc indiferente a cerca das coisas de

Deus. Voc no sente responsabilidade para com o perdido. Muitas vezes voc

tem averso por estas coisas em voc mesmo. Voc que obter vitria sobre elas e

simplesmente no consegue. Voc quer ser um cristo melhor, mas parece no

ser capaz de conseguir.

As doutrinas da graa nos ajudam nisso. Leve a srio sua prpria depravao.

No seja ingnuo acerca de seu prprio potencial. Voc no pode viver a vida

crist sozinho. Se pensa que pode, voc ainda no considerou quo grande o

peso do pecado. O pecado muito forte. A depravao muito penetrante.

O que a Bblia prope na santificao s ser possvel se antes o seu corao

for transformado. Seu corao deve ser mudado primeiro. A seguir, ele deve ser

enchido com o esprito Santo. A primeira questo levantada pela falha em crescer

33

em Cristo : voc est em Cristo? Voc nasceu de novo? O Esprito Santo est

habitando em voc, esta mudando seus desejos? Isto o que invarivel e

infalivelmente o Esprito faz. Ele est? Volte aos primeiros fundamentos: voc se

deu completamente a Jesus Cristo? Ele seu Salvador e Senhor? Somente se ele

for, voc pode esperar obter sempre vitria sobre o pecado, falhas de carter e

insensatez.

Talvez voc seja um cristo. Mas tem recorrido ao Esprito Santo? A

santificao um ato de f, visto que a pessoa deve confiar em Deus para isso.

Esta confiana expressa em oraes, no estudo bblico e meditao e no uso dos

meios de graa. Porque eu creio que sou fraco e tu s forte, eu oro, Senhor,

para que me ajudes. D-me o poder e a sabedoria que necessito para servir-te.

Com base nesta orao, a pessoa ento, abre a Bblia, vai a igreja e procura a

companhia de outro crentes. Por qu? Porque cremos no que Deus diz a nosso

respeito. Somos fracos. Precisamos ter sua fora se queremos ser bem sucedidos.

Voc est fazendo isso?

CONCLUSO

Se no levarmos a srio nossa prpria depravao; se no considerarmos o

quo grande o peso do pecado, no teremos uma noo correta da dimenso

que a luta pela santificao. Corremos o perigo de nos tornarmos ou

complacentes e carnais ou fariseus.

Ao mesmo tempo em que somos chamados para lutar, somos tambm

convidados a depender de Deus e descansar Nele. Somente se estivermos em

Cristo poderemos vencer, porque Dele a vitria.

As derrotas constantes devem nos fazer pensar no que fundamental: estou

mesmo em Cristo? Se sim, tenho buscado encher-me do Esprito Santo?

REFLITA

1. Voc tem considerado quo grande o peso do pecado?

2. Medite em Hb 12.1-4 e pea a Deus que lhe d clareza sobre sua prpria depravao.

3. Voc tem buscado o Esprito Santo? Se sim, como voc tem feito isso?

4. Em Colossenses 2.6-7, Paulo nos manda permanecer em Cristo. O que voc tem feito para cumprir esse mandamento?

5. Voc tem sido fiel no uso dos meios de graa (meditao na Palavra, orao e comunho com a igreja)?

34

Por que falhamos nisso? Terry Johnson12

apresenta dois erros em nosso

pensamento que nos levam ao fracasso em nossa vida de santidade.

1) Complacncia e carnalidade: o pensamento do tipo voc no consegue

fazer isso, ento no faa. Nesta perspectiva vivemos por uma teologia

da lmpada mgica13

: um dia acordaremos e, como por encanto, seremos

santos.

2) Justia prpria e farisasmo: o segundo pensamento diverge do primeiro,

mas igualmente errado. Achamos que podemos sozinhos, por esforo

prprio lidar com todo pecado que existe em ns. Os que pensam assim

acreditam que precisam apenas de um bom modelo, Jesus, e no de um

salvador.

A Bblia nos prope um equilbrio entre a soberania de Deus e a

responsabilidade humana.

12

Johnson, Terry. A doutrina da graa na vida prtica. So Paulo: Cultura Crist, 2001. p. 99.

13 Lou Priolo em O caminho para o filho andar.

35

Lio 9. Busquem a santificao

Hb 12:14

Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem

santidade ningum ver o Senhor.

INTRODUO

Na ltima lio aprendemos que, por causa de nossa depravao, no

possvel lutar contra o pecado sozinhos. Vimos que ser santo sem Cristo e sem seu

Esprito uma tarefa que no podemos realizar. Ns no podemos buscar a

santificao sozinhos, na verdade nem deveramos tentar.

Contudo, vimos tambm que a Bblia nos prope um equilbrio: dependermos

da Trindade soberana e ao mesmo tempo sermos responsveis em nossa busca

por santidade. A santificao tambm uma responsabilidade nossa. De certa

forma, ele depende de nosso movimento em busc-la e, ainda que a eficcia e

suficincia venham do poder de Deus somente, ns somos os instrumentos

usados por Ele para nossa prpria santificao progressiva.

Ocuparemo-nos, agora, de estudarmos maneiras bblicas e prticas sobre

como buscamos a santidade e nos tornamos mais santos e consagrados a Deus.

PERSIGA A SANTIDADE

O autor da carta aos hebreus usa o verbo grego dioko, perseguir. Este termo

tem a ver tambm com: "impulsionar"; "pr em movimento rpido" (uma

carruagem, por exemplo). um verbo de movimento e que implica urgncia e

celeridade.

Agora, observe o comentrio: O verbo (grego), perseguir, que um termo

forte mais usual que buscar, conota uma perseguio sria. A intensidade

implcita ressalta a urgncia com que esta diretiva pastoral dirigida

comunidade (igreja). A nfase recai sobre o esforo cristo ativo em resposta aos

dons divinos.14

Note a ltima frase o esforo cristo ativo em resposta aos dons divinos.

Nossa santificao e consagrao, como j aprendemos, so dons da graa de

Cristo. Realizados na cruz somente. Isso quer dizer que ningum santifica-se ou

consagra-se a si mesmo a Deus. Isto simplesmente impossvel. Quem nos

santifica e consagra para Deus Cristo e Ele o fez na cruz do Calvrio. Assim,

santidade um dom da graa de Cristo.

14 Lane, W. L. (1998). Hebrews 913 (Vol. 47B, p. 449). Dallas: Word, Incorporated.

36

Hb 10:10

Pelo cumprimento dessa vontade fomos santificados, por meio do

sacrifcio do corpo de Jesus Cristo, oferecido uma vez por todas. (cf. 1Co

1.2; 6.11; Hb 2.11)

Gostaria de insistir nisto, justamente, para que voc entenda que sem Cristo

nada podemos fazer (Jo 15). impossvel ser santo sem a cruz. Sem a cruz, a

santificao apenas um fardo cujo nome real legalismo.

Agora, uma vez que voc est em Cristo e que foi santificado por Ele, voc

deve perseguir urgentemente a santificao. Uma vez que voc recebeu o dom,

voc tem que ambicion-lo em sua plenitude.

PERSEGUIR A SANTIDADE UM MANDAMENTO BBLICO

Creio que agora estamos prontos para este ponto. nosso dever como cristos

perseguir a santificao. Persegui-la nossa reponsabilidade. Lutar por ela, quer-

la e efetivamente busc-la o que nos cabe fazer. Caso contrrio, no seremos

santos.

Mais uma vez: santificao uma parte da obra de redeno na qual ns

COOPERAMOS com o Esprito Santo. No seremos santos, se no perseguirmos a

santificao.

Leia essas palavras do apstolo Paulo:

Fp 3.12 (ARA)

No que eu o tenha j recebido ou tenha j obtido a perfeio; mas

prossigo para conquistar aquilo para o que tambm fui conquistado por

Cristo Jesus.

Gosto particularmente desse texto porque ele consegue em uma frase

prossigo para conquistar aquilo para o que tambm fui conquistado dizer tudo

sobre a doutrina da santificao.

No versculo 8, Paulo fala de sua ambio ganhar Cristo e para isso ele

perdeu tudo, depois, no versculo 10, ele diz: quero conhecer Cristo:

Fp 3:10-11

Quero conhecer Cristo, o poder da sua ressurreio e a participao em

seus sofrimentos, tornando-me como ele em sua morte 11 para, de

alguma forma, alcanar a ressurreio dentre os mortos.

Paulo chama essas coisas de perfeio. Perfeio que ele ainda no atingiu,

mas que quer atingir e a qual ele no desiste de conquistar.

37

Do que Paulo est falando? De ser semelhante a Cristo em sua morte e

ressurreio. Paulo est falando sobre santidade: morte para o pecado e vida para

Deus (Rm 6). Eis porque gosto tanto do versculo 12:

a) Porque nele Paulo diz que foi conquistado por Cristo para santidade:

esse o objetivo da Redeno, que tenhamos novamente a imagem de

Deus, ou seja, que sejamos semelhantes a Cristo. Isto possvel porque,

primeiro, Jesus nos conquistou na cruz. Louvado seja Deus! Cristo me

derrotou e me conquistou para si. Ele me santificou e consagrou para

Deus.

b) Porque Paulo diz que prossegue para conquistar a santidade: aqui est

um homem cristo responsvel e determinado. Diante da obra de Cristo,

ele entende seus deveres/privilgios e no para de persegui-los. Ele sabe

que h um alvo a ser alcanado e que ainda no foi, ento, mesmo em

circunstncias adversas, ele no para, mas prossegue. Ele quer conquistar

aquilo para o que foi conquistado e efetivamente age para que isso

acontea.

Paulo nos d o exemplo de um cristo responsvel com o processo de

santificao e que demonstra sua ambio piedosa em querer conquistar aquilo

que ainda no tem: santidade.

Perseguir a santificao um mandamento bblico, por isso deixarei que a

Bblia fale por si mesma.

Levtico 20.7 (1Pe 1.16)

7 Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o SENHOR, vosso Deus.

2Pedro 1.311 (RA)

3 Visto como, pelo seu divino poder, nos tm sido doadas todas as coisas

que conduzem vida e piedade, pelo conhecimento completo daquele

que nos chamou para a sua prpria glria e virtude, 4 pelas quais nos

tm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por

elas vos torneis coparticipantes da natureza divina, livrando-vos da

corrupo das paixes que h no mundo, 5 por isso mesmo, vs, reunindo

toda a vossa diligncia, associai com a vossa f a virtude; com a virtude, o

conhecimento; 6 com o conhecimento, o domnio prprio; com o domnio

prprio, a perseverana; com a perseverana, a piedade; 7 com a

piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor. 8 Porque estas

coisas, existindo em vs e em vs aumentando, fazem com que no sejais

nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor

38

Jesus Cristo. 9 Pois aquele a quem estas coisas no esto presentes cego,

vendo s o que est perto, esquecido da purificao dos seus pecados de

outrora. 10 Por isso, irmos, procurai, com diligncia cada vez maior,

confirmar a vossa vocao e eleio; porquanto, procedendo assim, no

tropeareis em tempo algum. 11 Pois desta maneira que vos ser

amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e

Salvador Jesus Cristo.

2Corntios 7.1

Tendo, pois, amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda

impureza, tanto da carne como do esprito, aperfeioando a nossa

santidade no temor de Deus.

Apocalipse 22.1

11 Continue o injusto fazendo injustia, continue o imundo ainda sendo

imundo; o justo continue na prtica da justia, e o santo continue a

santificar-se.

CONCLUSO

Fomos santificados na cruz por Cristo para sermos santos em nossas vidas. A

santificao no um processo mgico, nem imeditato (que ocorre sem meios),

antes requer esforo e disciplina do cristo. Somos responsveis por nossa

santidade e dela o Senhor nos pedir contas.

Felizmente, no estamos ss, pois temos o Esprito Santo que nos ajuda e

torna eficazes nossos esforos e tambm temos meios providenciados por Deus

atravs dos quais podemos desenvolver a santificao em nossas vidas. Falaremos

mais desses meios nas prximas lies.

Hb 12:14

Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem

santidade ningum ver o Senhor.

Lio 1. Santificao: A vontade do Pai para nossas vidasIntroduoA vontade de Deus e a nossa santificaoO pai nos criou para sermos santosO Pai nos redimiu para sermos santosIsrael foi escolhido para ser santoA igreja foi escolhida para ser santa

Concluso

Lio 2. O Filho conquistou nossa SantificaoIntroduoSim, possvel por causa da obra consumada de CristoA cruz e a nossa santificaoO que Jesus fez na cruz que torna a santificao possvel?A cruz nos habilita a vencer o malA cruz nos habilita a fazer o bem

Concluso

Lio 3. O Esprito Santo nos santificaIntroduoA santificao real porque o Esprito Santo est trabalhando em nsA obra do Esprito Santo passo a passoComo o Esprito nos santificaConcluso

Lio 4. Justificao e Santificao: Qual a diferena?IntroduoO que santificaoA importncia de saber a diferenaConcluso

Lio 5. Viso Bblica de SantidadeIntroduoSantidade no Antigo TestamentoTranscendncia sobre a criaoPerfeio moral do seu carter

Santidade no Novo TestamentoConcluso

Lio 6. A viso puritana (reformada) da santidadeRenovao universal e moralVerdadeiro arrependimentoUma guerra santaAceitando um esforo

O ser interno, privado.

Lio 7. Por que to difcil ser santoIntroduoA mesma planta em um novo jardimMudanas so sempre difceisDespir e revestirConcluso

Lio 8. O peso do pecadoIntroduoLivres do poder do pecado, mas no de sua presenaNovamente, o que santificaoLeve a srio sua prpria depravaoConclusoREFLITA

Lio 9. Busquem a santificaoIntroduoPersiga a santidadePerseguir a santidade um mandamento bblicoconcluso